Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Maxixe quarta, 15 de junho de 2022

MAXIXE, INVENÇÃO BEM BRASILEIRA
MAXIXE, INVENÇÃO BEM BRASILEIRA

Raimundo Floriano

 

 

Maxixeiros

 

                        O Maxixe é Dança urbana, surgiu nos forrós do bairro Cidade Nova e nos cabarés da Lapa, no Rio de Janeiro (RJ), por volta de 1875.

 

                        Estendendo-se aos clubes carnavalescos e aos palcos dos teatros de revista, enriqueceu-se com grande variedade de passes e figurações: parafuso, saca-rolha, balão, carrapeta, corta-capim, etc. Dançado inicialmente ao ritmo de tango, havaneira, polca ou lundu, só nos fins do século XIX as casas editoras o consideraram gênero musical com essa qualificação.

 

                        Primeira dança genuinamente brasileira, do ponto de vista musical, resultou da fusão do tango e da havaneira pela rítmica, da polca pela andadura, com adaptação da síncopa afro-lusitana.

 

Três ilustrações daqueles tempos pioneiros do Maxixe

 

                        Foi num baile da famosa sociedade carnavalesca Estudantes de Hieldeberg que um dançarino apelidado Maxixe – daí o nome do ritmo –, com a desenvoltura que o Carnaval propicia, dançou exageradamente um choro, dando-lhe tais toques de audácia que logo o tornaram admirado e divulgado. Daí por diante, o Maxixe seria dança preferida dos foliões das sociedades de maior liberalidade.

 

                        Combatido como licencioso e imoral, nem por isso perdeu o Maxixe o prestígio que o levaria dos salões aos palcos. A revista teatral teve no Maxixe o prato indigesto mas trivial dos seus maiores sucessos. Foi o teatro que o fez conhecido no Brasil.

 

                        No início do século XX, o Maxixe alcançou grande êxito nos palcos europeus, sendo apresentada com requintes coreográficos pelo dançarino Antônio Amorim Diniz, o Duque, tendo como parceiras a atriz brasileira Maria Lino, e depois as francesas Arlette e Gaby, em Paris, França, e Londres, Inglaterra, em 1914 e 1922, o qual o trouxe de volta para aqui exibi-lo em reuniões elegantíssimas e no Teatro Trianon, no Rio de Janeiro.

 

                        Confundido por historiadores com o tango espanhol e a habanera cubana, distingue-se, entretanto, desses gêneros pelo caráter lúbrico e lascivo da dança, pela sincopação, pela vivacidade rítmica e pela utilização frequente da gíria carioca, quando cantado.

 

                        Como sói acontecer a cada novidade que surge, o Maxixe teve crítica acirrada, tanto a favor, quanto contra. Houve uma época no Rio de Janeiro em que a se a Polícia flagrasse salões onde se estivesse a dançar o Maxixe, prendia todo mundo!

 

Grandes intérpretes e divulgadores do Maxixe

 

                        O crítico Antônio Torres, inimigo do Carnaval Carioca, assim se referiu ao Maxixe no final do século XIX: “Diversão que não fatiga, não alegra a mocidade. Explica-se, destarte, a sedução do Maxixe sobre o brasileiro, povo moço. As distensões musculares dos membros inferiores; os movimentos quase arrítmicos; os passos acelerados pela cadência lesta da canalhesca música afro-americana; o desregramento da atitude fecunda em imprevistos; a possibilidade de ostentar aos olhos de tanta gente uma mulher em posições pouco plásticas e muito equívocas; tudo isso nos encanta ao mesmo tempo que satisfaz o ruído de ostentação. A nossa ausência de bom gosto enquadra-se admiravelmente dentro da canalhice bárbara do Maxixe. Se se perdessem todos os monumentos históricos do Brasil atual, bastaria a cópia de um Maxixe e a fotografia de um carro carnavalesco para que se reconstituísse a nossa fisionomia reles”.

 

Maxixe: “mulher em posição pouco plástica”

 

                        E arremata: “O Maxixe dá bem a idéia das nossas baixas tendências musicais e coreográficas”.

 

                        O cronista português João Chagas assim se expressou, em 1897: “O brasileiro vai aos bailes dançar o Maxixe. Mas o Maxixe é como o “can-can”, o “chaut”, uma dança banida dos lares, por indecorosa. Então, o brasileiro vai aonde sabe encontrá-la, e se não é em bailaricos pagos a mil-réis a entrada, é nos bailes das sociedades carnavalescas que o procura. De resto, o Maxixe, como os jogos clandestinos, dança-se por toda a parte, com exceção, já se vê, dos lares onde esboçá-lo, sequer no movimento de uma mazurca, é praticar um ato da mais revoltante indecência. Os pares enlaçam-se pelas pernas e pelos braços, apóiam-se pela testa num quanto possível gracioso movimento de marrar, e, assim, unidos, dão a um tempo três passos para adiante, três passos para trás, com lentidão. Súbito, circunvoluteiam, guardando sempre o mesmo abraço, e, nesse rápido movimento, dobram o corpo para a frente e para trás, tanto quanto o permite a solidez dos seus rins”.

 

                        E conclui o valoroso português: “Dança-se com doçura e dança-se com frenesi. Os maxixeiros de paixão dançam-no com frenesi, incessantemente, e nem a fadiga nem o calor os vence. Quando cessam de dançar é dia, e ainda não estão saciados. Não me pareceu que o Maxixe fosse dança excessivamente culta, mas, como dança licenciosa, é de se lhe tirar o chapéu”.

 

                        Aqui, duas as mostra desse brasileiríssimo ritmo, com Pixinguinha e Sua Gente nos ma parte instrumental, com arranjos desse grande compositor.

 

Pixinguinha e Sua Gente 

 

                        Do primeiro LP, em versão instrumental, Maxixe de Ferro, composto em 1904, José Nunes, Arranjo de Pixinguinha, com Pixinguinha e Sua Gente, em gravação original: 

 

                        Do segundo, Gavião Calçudo, de Pixinguinha e Cícero de Almeida, composto em 1929, na interpretação de Almirante, acompanhado por Pixinguinha e sua gente, em gravação original: 

 

                        Também desse LP, Patrão, Prenda Seu Gado, de Donga, João da Baiana e Pixinguinha, composto em 1932, com Almirante e Pixinguinha e sua Gente gravação original

 

De outros elepês: 

                        Gosto Que Me Enrosco, de Sinhô, gravação de Gilberto Alves, composto em 1929, acompanhado por Altamiro Carrilho e Sua Bandinha:

 

                        Jura, composto em 1929, de Sinhô, com Altamiro Carrilho e sua Bandinha:

 

 


Maxixe quinta, 04 de junho de 2020

VAMOS DEIXAR DE INTIMIDADE, MAXIXE, COM JOÃO NOGUEIRA

 

 


Maxixe sábado, 18 de novembro de 2017

TOCAR NA BANDA, MAXIXE, COM ADONIRAN BARBOSA

 


Maxixe quarta, 08 de novembro de 2017

NÃO FAÇO FÉ CONTIGO, MAXIXE, COM OS DEMÔNIOS DA GAROA

Não Faço Fé Contigo, maxixe de Tuyú e Remnato Cauchioli, com Os Demônios da Garoa:

 


Maxixe segunda, 17 de outubro de 2016

MAXIXE, INVENÇÃO BEM BRASILEIRA

MAXIXE, INVENÇÃO BEM BRASILEIRA

Raimundo Floriano

 

Maxixeiros

 

                        O Maxixe é Dança urbana, surgiu nos forrós do bairro Cidade Nova e nos cabarés da Lapa, no Rio de Janeiro (RJ), por volta de 1875.

 

                        Estendendo-se aos clubes carnavalescos e aos palcos dos teatros de revista, enriqueceu-se com grande variedade de passes e figurações: parafuso, saca-rolha, balão, carrapeta, corta-capim, etc. Dançado inicialmente ao ritmo de tango, havaneira, polca ou lundu, só nos fins do século XIX as casas editoras o consideraram gênero musical com essa qualificação.

 

                        Primeira dança genuinamente brasileira, do ponto de vista musical, resultou da fusão do tango e da havaneira pela rítmica, da polca pela andadura, com adaptação da síncopa afro-lusitana.

 

Três ilustrações daqueles tempos pioneiros do Maxixe

 

                        Foi num baile da famosa sociedade carnavalesca Estudantes de Hieldeberg que um dançarino apelidado Maxixe – daí o nome do ritmo –, com a desenvoltura que o Carnaval propicia, dançou exageradamente um choro, dando-lhe tais toques de audácia que logo o tornaram admirado e divulgado. Daí por diante, o Maxixe seria dança preferida dos foliões das sociedades de maior liberalidade.

 

                        Combatido como licencioso e imoral, nem por isso perdeu o Maxixe o prestígio que o levaria dos salões aos palcos. A revista teatral teve no Maxixe o prato indigesto mas trivial dos seus maiores sucessos. Foi o teatro que o fez conhecido no Brasil.

 

                        No início do século XX, o Maxixe alcançou grande êxito nos palcos europeus, sendo apresentada com requintes coreográficos pelo dançarino Antônio Amorim Diniz, o Duque, tendo como parceiras a atriz brasileira Maria Lino, e depois as francesas Arlette e Gaby, em Paris, França, e Londres, Inglaterra, em 1914 e 1922, o qual o trouxe de volta para aqui exibi-lo em reuniões elegantíssimas e no Teatro Trianon, no Rio de Janeiro.

 

                        Confundido por historiadores com o tango espanhol e a habanera cubana, distingue-se, entretanto, desses gêneros pelo caráter lúbrico e lascivo da dança, pela sincopação, pela vivacidade rítmica e pela utilização frequente da gíria carioca, quando cantado.

 

                        Como sói acontecer a cada novidade que surge, o Maxixe teve crítica acirrada, tanto a favor, quanto contra. Houve uma época no Rio de Janeiro em que a se a Polícia flagrasse salões onde se estivesse a dançar o Maxixe, prendia todo mundo!

 

Grandes intérpretes e divulgadores do Maxixe

 

                        O crítico Antônio Torres, inimigo do Carnaval Carioca, assim se referiu ao Maxixe no final do século XIX: “Diversão que não fatiga, não alegra a mocidade. Explica-se, destarte, a sedução do Maxixe sobre o brasileiro, povo moço. As distensões musculares dos membros inferiores; os movimentos quase arrítmicos; os passos acelerados pela cadência lesta da canalhesca música afro-americana; o desregramento da atitude fecunda em imprevistos; a possibilidade de ostentar aos olhos de tanta gente uma mulher em posições pouco plásticas e muito equívocas; tudo isso nos encanta ao mesmo tempo que satisfaz o ruído de ostentação. A nossa ausência de bom gosto enquadra-se admiravelmente dentro da canalhice bárbara do Maxixe. Se se perdessem todos os monumentos históricos do Brasil atual, bastaria a cópia de um Maxixe e a fotografia de um carro carnavalesco para que se reconstituísse a nossa fisionomia reles”.

 

Maxixe: “mulher em posição pouco plástica”

 

                        E arremata: “O Maxixe dá bem a idéia das nossas baixas tendências musicais e coreográficas”.

 

                        O cronista português João Chagas assim se expressou, em 1897: “O brasileiro vai aos bailes dançar o Maxixe. Mas o Maxixe é como o “can-can”, o “chaut”, uma dança banida dos lares, por indecorosa. Então, o brasileiro vai aonde sabe encontrá-la, e se não é em bailaricos pagos a mil-réis a entrada, é nos bailes das sociedades carnavalescas que o procura. De resto, o Maxixe, como os jogos clandestinos, dança-se por toda a parte, com exceção, já se vê, dos lares onde esboçá-lo, sequer no movimento de uma mazurca, é praticar um ato da mais revoltante indecência. Os pares enlaçam-se pelas pernas e pelos braços, apóiam-se pela testa num quanto possível gracioso movimento de marrar, e, assim, unidos, dão a um tempo três passos para adiante, três passos para trás, com lentidão. Súbito, circunvoluteiam, guardando sempre o mesmo abraço, e, nesse rápido movimento, dobram o corpo para a frente e para trás, tanto quanto o permite a solidez dos seus rins”.

 

                        E conclui o valoroso português: “Dança-se com doçura e dança-se com frenesi. Os maxixeiros de paixão dançam-no com frenesi, incessantemente, e nem a fadiga nem o calor os vence. Quando cessam de dançar é dia, e ainda não estão saciados. Não me pareceu que o Maxixe fosse dança excessivamente culta, mas, como dança licenciosa, é de se lhe tirar o chapéu”.

 

                        Aqui, duas as mostra desse brasileiríssimo ritmo, com Pixinguinha e Sua Gente nos ma parte instrumental, com arranjos desse grande compositor.

 

Pixinguinha e Sua Gente 

 

                        Do primeiro LP, em versão instrumental, Maxixe de Ferro, composto em 1904, José Nunes, Arranjo de Pixinguinha, com Pixinguinha e Sua Gente, em gravação original: 

 

                        Do segundo, Gavião Calçudo, de Pixinguinha e Cícero de Almeida, composto em 1929, na interpretação de Almirante, acompanhado por Pixinguinha e sua gente, em gravação original: 

 

                        Também desse LP, Patrão, Prenda Seu Gado, de Donga, João da Baiana e Pixinguinha, composto em 1932, com Almirante e Pixinguinha e sua Gente gravação original

 

De outros elepês: 

                        Gosto Que Me Enrosco, de Sinhô, gravação de Gilberto Alves, composto em 1929, acompanhado por Altamiro Carrilho e Sua Bandinha:

 

                        Jura, composto em 1929, de Sinhô, com Altamiro Carrilho e sua Bandinha:

 

 


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