Yvonne Primerano Mascarenhas nasceu em 21/7/1931, em Pederneiras, SP. Química, professora e pesquisadora, pioneira na fundação do Instituto de Física e Química de São Carlos-IFQSC/USP, em 1956, e primeira mulher a ocupar uma cadeira no Departamento de Física da Escola de Engenharia de São Carlos-EESC/USP. É pioneira, também, na área de estudos da cristalografia no Brasil.
Aos 10 anos mudou-se para o Rio de Janeiro, onde cursou o ensino médio no Colégio Mello e Souza e graduou-se em Química, em 1953, na Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil (atual UFRJ). No ano seguinte graduou-se em Física pela Universidade do Estado da Guanabara (atual UERJ). Em 1956 mudou-se para São Carlos, SP, junto com seu marido, o renomado físico-químico Sergio Mascarenhas, um dos fundadores da UFScar-Universidade Federal de São Carlos. O casal abraçou o desafio de tornar a cidade num centro de referência internacional em pesquisa de materiais.
Em 1958 foi contratada para lecionar na Escola de Engenharia de São Carlos-EESC O interesse pela cristalografia surgiu ainda no colégio, quando verificou a forte correlação existente entre a estrutura cristalina e as propriedades dos materiais. Após um estágio no laboratório de cristalografia da Universidade de Pittsburgh decidiu se aprofundar nesta área. De volta ao Brasil, retornou à EESC e defendeu a tese de doutorado: Determinação de estruturas cristalinas por difração de raios X: estudo do formato manganoso bi-hidratado. Em seguida foi trabalhar como pesquisadora na Universidade de Princeton, com apoio da Comissão Fulbright e professora visitante no Instituto Politécnico Nacional, do México, em 1967.
Pouco depois criou o grupo de estudos de cristalografia do IFQSC/USP, mantendo contatos com outros cristalógrafos do exterior. Mais tarde fundou, junto com outros pesquisadores, a Sociedade Brasileira de Cristalografia, em 1971, e presidiu a entidade em diversas ocasiões. Neste ano obteve o título de livre-docente pela EESC e foi, professora assistente na Harvard Medical School, entre 1972 e 1973, e no Birkbeck College da Universidade de Londres, entre 1979 e 1980. Seu grupo de pesquisa foi um dos centros mais importantes em Cristalografia Química e Biologia Estrutural da América do Sul. Entre seus feitos, destaca-se a colaboração que resultou na determinação da estrutura cristalina da oxitocina e de toxinas de veneno de cobras.
A partir de 1981, foi professora titular do IFQSC, onde permaneceu até sua aposentadoria compulsória, em 2001, sem se desligar das atividades de pesquisa e ensino. Em 1998 foi agraciada com a Ordem Nacional do Mérito Científico e em 2001 ingressou na Academia Brasileira de Ciências. Em 2013 foi homenageada com o título de pesquisadora emérita do CNPq. Foi uma das 12 cientistas a receber o prêmio “IUPAC-2017 Distinguished Women in Chemistry or Chemical Engineering Award”, da União Internacional de Química Pura e Aplicada.
Além da orientação de inúmeras dissertações e teses, publicou cerca de 200 artigos em revistas especializadas; coordena um grupo de trabalho sobre cristalografia no Instituto de Estudos Avançados da USP; uma agência de difusão científica no portal Ciência Web e continua ministrando aulas no Instituto de Física de São Carlos/USP. Apreciadora e interessada em música, apoiou o curso de iniciação musical, destinado aos alunos da EESC, na Fazenda Monte Alegre, na década de 1970. No início dos anos 90, coordenou o movimento de música erudita da Fundação Theodoreto Souto.
Recebeu várias condecorações, prêmios e homenagens, além das já citadas: homenageada pela Sociedade Brasileira de Química-SBQ, com a Medalha Simão Mathias, por sua contribuição ao desenvolvimento da Química (1998); eleita Mulher do Ano pela União Cívica Feminina de São Carlos – Câmara Municipal de São Carlos (1999); indicada para integrar o Conselho Consultivo do Projeto Universidade Aberta à Terceira Idade, USP (2002); Homenagem durante sessão solene do Ano Mundial da Física, Câmara dos Deputados (2005); Prêmio Joaquim da Costa Ribeiro (2021), da Sociedade Brasileira de Física (SBF) e 5º Prêmio Carolina Bori Ciência & Mulher (2024).