Praça do Ferreira “ícone” de Fortaleza
Eram muitas as direções do andar, do ir e do vir. Onde eu morava, se resolvesse ir para o Oeste, iria para o Pan-Americano; se fosse para o Sul-Sudeste, iria para a Casa do Português; se fosse para o Nordeste, iria para o Benfica, pela avenida João Pessoa; se fosse para o Norte, e era para onde mais eu ia, acabava indo para o Liceu, via Bezerra de Menezes e Otávio Bonfim.
Pequena ainda – no tempo que lá morei -, concentrando seu dia a dia urbano num raio também pequeno, Fortaleza, a “Loira desposada do sol”, fundada a 13 de abril de 1726, era também naqueles anos 40/50 e 60, apenas uma cidade cheia de problemas. Todos de cunhos administrativos e soluções idem.
Chegada das jangadas na Praia do Meireles
Na configuração urbana, na verdade, existiam apenas quatro grandes avenidas: a Bezerra de Menezes, iniciando a saída ou entrada para o rumo de Sobral; a João Pessoa, iniciando a entrada e a saída para os rumos de Maracanaú e Maranguape; a rua Rio Branco, iniciando a saída e a entrada para Messejana e demais municípios e estados limítrofes; e a Santo Dumont, beirando o riacho Pajeú em direção à Aldeota e as praias do Futuro e outras, ainda virgens. Era esse, sem tirar nem pôr, o croquis da cidade que hoje completa 293 anos. (JOR)
“Casa do Português” iniciou mudanças arquitetônicas em Fortaleza
“Fortaleza é um município brasileiro, construído pelos holandeses durante sua segunda permanência no local, entre 1649 e 1654. O lema de Fortaleza, presente em seu brasão, é a palavra em latim Fortitudine, que, em português, significa “força, valor, coragem”.
Está localizada no litoral Atlântico, a uma altitude média de dezesseis metros, com 34 km de praias. Fortaleza possui 313,140 km² de área e 2 643 247 habitantes estimados em 2018, além da maior densidade demográfica entre as capitais do país, com 8 390,76 hab/km². É a maior cidade do Ceará em população e a quinta do Brasil. A Região Metropolitana de Fortaleza é a sexta mais populosa do Brasil e a primeira do Norte e Nordeste, com 4 051 744 habitantes em 2017. É a cidade nordestina com a maior área de influência regional e possui a terceira maior rede urbana do Brasil em população, atrás apenas de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Fortaleza foi em 2016 a décima cidade mais rica do país em PIB e a 2ª mais rica do Nordeste, com 60 bilhões de reais. Possui, ainda, a terceira região metropolitana mais rica das regiões Norte e Nordeste. É importante centro industrial e comercial do Brasil, com o oitavo maior poder de compra municipal da nação. No turismo, a cidade alcançou as marcas de segundo destino mais desejado do Brasil e quarta cidade brasileira que mais recebe turistas de acordo com o Ministério do Turismo. É sede do Banco do Nordeste, da Transnordestina Logística e do DNOCS. A BR-116, a mais importante rodovia do país, começa em Fortaleza. O município faz parte do Mercado Comum de Cidades do Mercosul.
Orla marítima da “nova” Fortaleza
Batizada de Loira Desposada do Sol pelos versos do poeta Paula Ney, a metrópole cearense é a terra natal de brasileiros de grande renome como o ex-presidente Castelo Branco e Dom Hélder Câmara, assim como Capistrano de Abreu, Gustavo Barroso, Casimiro Montenegro Filho, José de Alencar, Karim Aïnouz, Maurício Peixoto e Rachel de Queiroz. É a capital brasileira mais próxima da Europa, a 5 608 km de Lisboa, em Portugal.” (Transcrito do Wikipédia)
Foto 5 – Estádio Municipal Presidente Vargas no Benfica
Saí de Fortaleza, exatamente há 50 anos. Saí para o Rio de Janeiro em 1969, depois de, em 1967, ter passado alguns dias para “sentir o clima e a possibilidade de uma vida nova”. Quando saí, a cidade era essa que descrevi, e praticamente eu não sabia nada da vida.
Tenho voltado à Cidade Luz poucas vezes, pois a idade já não permite mais esse “para cima e para baixo” com mais assiduidade. Vou quando me dá saudade, e quando a situação financeira permite.
O desenho que tenho é o de 50 anos atrás, com Miscelânea vendendo pastel e caldo de cana, bolachinha Ceci da Padaria Duas Nações na Rua Castro e Silva, cafezinho no Cearazinho, sessões de cinema no São Luiz e no Cine Diogo e merendas na lanchonete das lojas Romcy Magazine. Nunca esqueci o “pão d´água” (francês) comprado na Padaria Lisbonense e levado para casa no início da noite.
Nas poucas vezes que tenho ido, percebo que, da minha geração de amigos, muitos já subiram para o andar de cima, e as antigas amizades ficaram distantes.
Cachacinha na “Bodega do Antônio”, cervejinha no Caravele da avenida Luciano Carneiro, ao som do piano; feijoada no Sá Filho ou no Clube do Advogado, e o encerramento da noite com jantar no cirandinha ou no Alfredo o Rei da Peixada, são pontos fortes no cabedal da saudade.
O atual “Restaurante do Alfredo” no Meireles
Como diz o poeta, “não sei se um dia volto para lá”, pois também tenho raízes profundas em São Luís, onde cheguei há exatos 31 anos.
Para comemorar o aniversário desta cidade maravilhosa, bem que eu queria: ir ao Mercado São Sebastião, puxar uma cadeira, sentar e comer meia dúzia de atas; ir ao restaurante ao lado da Western, pedir um caldo de panelada; caminhar da Bela Vista até o Presidente Vargas para assistir o meu Vovô ganhar do Fortaleza; voltar ao Liceu e viajar no ônibus Jacarecanga; ou assistir um bom espetáculo no Theatro José de Alencar.
Como não é possível, Fortaleza, de longe, apenas te aceno fazendo o coraçãozinho do Amor, tendo consciência de que tudo isso está no passado.