Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José Domingos Brito - Memorial domingo, 06 de abril de 2025

OS BRASILEIROS: Luiz de Queiroz (CRÔNICA DO CLUNISTA JOSÉ DOMINGOS BRITO)

OS BRASILEIROS: Luiz de Queiroz

José Domingos Brito

Luiz Vicente de Sousa Queiroz nasceu em 12/6/1849, em São Paulo, SP. Agrônomo, empresário, precursor do agronegócio, fomentador da pesquisa científica e pioneiro no ensino superior na área agricola. Doou parte de suas terras ao Governo de São Paulo afim de criar a ESALQ-Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz em Piracicaba, em 1901.

 

 

Filho de Francisca de Paula Souza e Vicente de Souza Queiroz, o Barão de Limeira, e neto do Brigadeiro Luís Antonio, um dos maiores proprietário de terras de São Paulo. Teve os primeiros estudos na Europa, para onde se mudou aos 8 anos e estudou nas escolas de agricultura de Grignon, na França e Zurique, na Suíça. Retornou ao Brasil em 1873, aos 24 anos, e herdou a fazenda Engenho d’Água, na antiga Vila de Constituição, atual Piracicaba.

Em meados da década de 1870, construiu seu palacete, em estilo parisiense, próximo ao salto do rio Piracicaba, que veio habitar após o casamento com Ermelinda Ottoni. Aproveitou o potencial hidráulico do rio para mover as máquinas da “Fábrica de Tecidos Santa Francisca” recém criada e amealhou uma fortuna com o cultivo de algodão e a fábrica de tecidos. As máquinas que geravam energia para a fábrica passaram a fornecer luz pública na cidade, muito antes da capital paulista, e promoveu a arborização da cidade.

Instalou a primeira linha telefônica da região e acolheu os primeiros grupos de imigrantes, destinados a substituir a mão de obra escrava. Como membro do Partido Republicano, presidiu a comissão abolicionista de Piracicaba e pregava abolir a escravidão em curto prazo. Assim, entrou em choque com os conservadores, liderado por Prudente de Moraes, favorável a uma emancipação gradual e com indenização aos proprietários de escravos.

Após a abolição, embarcou para a Europa e retomou o contato com a agricultura pautada na tecnologia. Ao retornar para o Brasil, mobilizou esforços para introduzir a racionalização científica da agricultura. Neste ponto surge o ideal de criar uma escola para difundir o conhecimento agrícola e treinar mão-de-obra rural qualificada. Tal ideal resultou na criação da Escola Superior de Agricultura. Sua iniciativa de transformar o que era propriedade sua em bem público, a serviço do país, foi um gesto reconhecido mais tarde com seu nome dado à escola.

Nesta época, a economia cafeeira passa a tomar a dianteira e alavancar o progresso com novas tecnologias, ampliação de estradas, incluindo as estradas de ferro, do navio a vapor e o surgimento de novas cidades. Nesse contexto surge a necessidade de se ampliar as instituições de ensino no Brasil, de modo a formar novos quadros para o sistema produtivo. Em 1889, adquiriu a Fazenda São João da Montanha, de 319 hectares com plantação de cana-de-açúcar e vários engenhos antigos. Em 1891, viajou para os EUA e Europa na busca de um projeto de edificação para sua escola e adquirir equipamentos para a usina hidrelétrica e a rede de iluminação pública da cidade. Na ocasião, contratou o arquiteto Alfred B. Hutchings para projetar a planta geral da escola em Piracicaba. Assim, foi projetado um edifício-sede para a escola e o internato, com mais de 100 quartos para acomodar os estudantes.

Em seguida contratou o professor de agricultura do Michigan Agricultural College, Eugene Davenport, para dirigir a escola por um ano. No entanto, as mudanças cambiais e o custo do frete reduziu seu capital, obrigando-o a pedir ajuda ao governo do Estado, que lhe foi negado. Para não perder todo o investimento, iniciou uma campanha em meio à opinião pública sobre a importância de seu projeto. Ao final, conseguiu a participação do Estado no projeto mediante um acordo: ele transferiu a Fazenda São João da Montanha ao poder público, em 17/11/1892, com a condição de construir a escola de agronomia, no prazo de 10 anos. Caso não ocorresse, a propriedade voltaria para suas mãos ou de sua família.

Não chegou a ver o sonho concretizado, faleceu em 11/6/1898, aos 48 anos. Dizem que a perda de sua riqueza e a negligência do Estado na construção da escola, levaram-no à depressão e à morte prematura. Três anos depois foi inaugurada a “Escola Prática de Piracicaba”, em 3/6/1901, faltando apenas pouco mais de um ano para o vencimento do acordo com o Estado. O acordo foi selado com o governador Bernadino de Campos, ressaltando o esforço da iniciativa privada em benefício da agricultura, base da riqueza do Estado. Após o acordo, se desfez de boa parte de suas posses e mudou-se para a capital, em 1894, acompanhando de longe a construção da escola e publicando artigos na Revista Agrícola.

Em 1931 a escola recebeu o nome de seu idealizador e construtor, passando a se chamar Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz-ESALQ. Em 1934, saiu da Secretaria de Agricultura e passou a integrar a USP-Universidade de São Paulo. Em 1964, Os restos mortais do casal Queiroz foram transferidos para Piracicaba e foram sepultados de frente ao edifício central da Escola, onde foi construído um mausoléu com a inscrição “A Luíz Vicente de Souza Queiroz, o teu monumento é a tua escola”. Em 2004, Marly T. Germano Perecin publicou, digamos, a biografia da ESALQ: Os passos do saber: a Escola Prática Luiz de Queiroz, pela Editora da USP.

 


Escreva seu comentário

Busca


Leitores on-line

Carregando

Arquivos


Colunistas e assuntos


Parceiros