Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo terça, 29 de abril de 2025

QUEBRANTO E ESPINHELA CAÍDA (CRÔNICA DO COLUNISTA JOSÉ DE OLIVEIRA RAMOS)

QUEBRANTO E ESPINHELA CAÍDA

José de Oliveira Ramos

Erva milagrosa na mão da Benzedeira

 

Você já se sentiu vítima de “olho gordo”?

Não?!

Nem sabe o que é?

Pois, há quem garanta que, no mundo, existem pessoas que vivem de se preocupar com a vida dos outros. Não. Isso não é “coisa de vizinhos” que não convivem bem. Tem quem só viva bem, sabendo do desacerto da vida dos outros.

Não existe Psicologia que tenha explicações convincentes para isso. E, por conta disso – a falta de explicações plausíveis – ficam adjetivando, mentindo para satisfazer “seus clientes” e faturar a “sessão de descarrego” do bolso do incauto.

A partir dessa incerteza, o assunto cai na “janela” das crendices populares. Agora, nos últimos vinte anos entrou nessa extensa lista, a “depressão”. E isso tem lotado os consultórios e a indústria farmacêutica vem ganhando muito dinheiro, fabricando remédios para “depressão”.

Tenho parentes próximos que costumam dizer que, o melhor remédio para “depressão”, é ter o que fazer, é uma carteira profissional assinada e um bom salário. Vão mais longe, e garantem que, na roça, com uma enxada nas mãos e capinando, ninguém sofre de depressão.

Leia a seguir uma coisa muito interessante:

Quebranto e Mau-Olhado: Segundo o Dicionário Houaiss da língua portuguesa, quebranto é estado de torpor, cansaço, languidez, quebrantamento; suposta influência maléfica de feitiço, por encantamento à distância; efeito malévolo, segundo a crendice popular, que a atitude, o olhar etc. de algumas pessoas produzem em outras.

Nos antigos dicionários portugueses era registrado apenas como desfalecimento, prostração, quebramento de corpo.

Universalmente conhecido, o mau-olhado é o mal de ojo, na Espanha; mal-occhio, para os italianos; evil eye para os ingleses e mati, para os gregos.

Na Grécia existe, inclusive, o famoso olho grego, um talismã contra a inveja e o mau-olhado, que funciona também como um símbolo da sorte e é um poderoso instrumento contra energias negativas. Normalmente é feito de vidro, na cor azul, sendo usado como pingentes em pulseira, colares e tatuagens.

No Brasil, o quebranto está sempre relacionado ao feitiço e, a influências maléficas, sendo considerado uma doença causada pelo mau-olhado, também conhecida como quebrante.

Sabe-se que as pessoas transmitem energias positivas e negativas. As que possuem irradiação positiva ou benéfica são as de bons olhos e as que, ao contrário, irradiam energias negativas ou maléficas, são as responsáveis por causarem maus-olhados ou quebrantos.

Em alguns locais é feita uma distinção: considera-se quebranto quando afeta o ser humano e mau-olhado quando afeta plantas e animais.

São diversos os sintomas de quem é vítima do quebranto: olhos lacrimejantes, moleza por todo o corpo, tristeza, bocejar constante, espirros repetidos, inapetência. No caso dos animais, ficam tristes, parados e encorujados. As plantas vítimas de mau-olhado murcham sem motivo e rapidamente, às vezes da noite para o dia ou vice-versa, dependendo de quando foram atingidas pelas irradiações maléficas.

Segundo a crença popular, nem sempre o quebranto vem de alguém invejoso. Aliás, o quebranto mais difícil de cortar provém de não invejosos. É preciso benzer e defumar com a palha de alho no brasido manso (brasa com um pouco de cinza por cima); nove dias seguidos é o prazo religioso das novenas. (ARAÚJO, 1979, p. 189). (Lúcia Gaspar – Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco)

Benzedeira. Esse é o nome de quem tem “resolvido alguns problemas” tratados na cidade grande por Psicanalistas e Psicólogos. Mas, “benzedeira” não tem consultório nos grandes edifícios, não tem secretária nem atende pelo SUS. Mas ainda pode ser encontrada nos distantes povoados dos municípios brasileiros.

Se é verdade que a Benzedeira resolve o problema, não nos cabe discutir aqui. É uma questão de “fé”. Mas, como “de grátis” tem quem tome até injeção na testa, não é difícil testar e tentar. E você sequer precisa levar o galhinho de arruda. É como se fora uma luva descartável ou algo que esteja contaminado, depois de uma benzedura para tirar quebranto e outros que tais, o galho murcho é jogado fora. Quando o olho é muito gordo, o galhinho murcho é incinerado.

Mas, vamos além. Existe alguém que acredite mesmo que exista o “olho de seca pimenteira”. Não acreditamos no efeito positivo em maus olhados, maus fluidos ou algo que, apenas mentalmente, consiga resultados evocando a maldade.

Quem é do interior, não gosta muito de peixe frito, de tortas de peixes ou mariscos. Gosta mesmo é de peixe cozido, com caldo, para ser bebido depois. E esse é um dos benefícios da pimenta malagueta, eficiente para quem tem problemas cardíacos e não tão eficiente para quem sofre com as hemorroidas.

Duas pimentas malaguetas (retiradas as sementes) esmagadas no fundo do prato recebendo duas conchas de caldo de peixe – há quem acrescente rodelas de bananas prata – acaba sendo melhor que o próprio almoço de cozidão de peixe. E não tem efeito colateral.

A folha da pimenteira, esquentada numa colher com azeite de coco ou banha de galinha caipira, “suga” (ou “chupa”, como dizem os da roça) furúnculos e tumores. Mas, nunca se soube que essa maravilha sirva para quebranto, mau olhado ou espinhela caída. Tampouco que seja eficiente contra “depressão”.


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