Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Marcos Mairton - Contos, Crônicas e Cordéis quarta, 04 de dezembro de 2024

VIVA A LIBERDADE! (CRÔNICA DO COLUNISTA MARCOS MAIRTON)

VIVA A LIBERDADE!

Marcos Mairton

Neste domingo, 10 de dezembro de 2023, toma posse o novo presidente da Argentina, Javier Milei.

Se dependesse da chamada mídia tradicional, pelo menos a do Brasil, estaríamos todos certos de que o comando da Argentina estaria sendo entregue à extrema direita, ao autoritarismo, quiçá ao fascismo.

A informação descentralizada e distribuída (expressão que aprendi com o youtuber anarco-capitalista Peter Turguniev) impede que hoje em dia essa versão dos acontecimentos nos seja imposta. Os meios de comunicação tradicionais já não têm o monopólio da informação.

Uma breve busca no Google é suficiente para se verificar que Javier Milei foi professor de Economia e executivo de uma grande empresa argentina. Além das referências a sua atuação como membro de uma banda de rock cover dos Rolling Stones e goleiro de um time de futebol. Somente se tornaria político em 2021, quando se elegeu deputado, vindo a ser eleito Presidente da Argentina já em 2023, aos 53 anos de idade.

Uma busca um pouco mais refinada logo revela que Javier Milei é um libertário, e que o libertarianismo passa longe do fascismo, defendendo um Estado cada vez menor, até que se torne desnecessário.

Admito que fui um pouco além de buscas no Google. Desde que Milei foi o mais votado nas primárias argentinas – chamadas PASO, sigla que significa Primarias Abiertas Simultáneas y Obligatorias – incluí nos meus exercícios de espanhol a tarefa de assistir vídeos com entrevistas de Javier Milei, além de suas participações suas em programas da TV argentina. Queria saber o que falava aquela figura que tanto incomodava comentaristas políticos do Brasil.

Daí avancei para o acompanhamento de notícias sobre a eleição na Argentina. Acabei me inscrevendo no canal de notícias LA NACIÓN, que durante a campanha contou com a participação de vários comentaristas nitidamente contrários ao governo kirchnerista de Alberto Fernández.

Para minha grata surpresa, o que descobri acompanhando essa programação foi um Javier Milei que está bem além da aparência exótica – com aquele cabelo parecido com o do Guga Chacra – e do jeito temperamental, que encerra seus discursos com um palavrão.

Em cada um de seus pronunciamentos, vi um economista que assume claramente suas posições, em defesa da redução do Estado e da condução da Argentina ao crescimento e desenvolvimento econômico com o mínimo de intervenção estatal. Um político que tem convicções bem fundamentadas, concordemos ou não com elas.

No campo moral, aproxima-se dos conservadores ao ser contra o aborto, mas o faz por ser a favor da vida, não por motivação religiosa. Também se alinha aos conservadores quanto à posse de armas, para defesa pessoal, mas se afasta na questão do casamento entre pessoas do mesmo sexo: alega ser uma questão individual; as pessoas devem ter liberdade de escolha. Não consegui identificar o que pensa sobre a descriminalização das drogas.

Mas o que mais me chamou a atenção foi o fato de Milei citar, em suas entrevistas, livros de diversos autores. Por causa dele conheci obras como “La Batalla Cultural”, do também argentino Agustín Laje, “El economista callejero”, do chileno Axel Kaiser, e “A virtude do egoísmo”, da russo-americana Ayn Rand, dentre outros. Em uma entrevista a Alejandro Fantino, logo após eleito, Milei respondeu a uma das perguntas fazendo referência à ópera “Rigoletto”, do italiano Giuseppe Verdi. Ainda não vi a ópera, mas pretendo fazer isso em breve.

Ou seja, devo reconhecer que se trata de um indivíduo culto, cujo conhecimento vai além de teorias econômicas e práticas políticas. Um tanto exótico, excêntrico talvez, mas apoiado em convicções bem fundamentadas.

Do posto em que me encontro, sempre desejo o melhor para nossos vizinhos de toda a América do Sul, independentemente de quem são os seus governantes. Tenho especial carinho pela Argentina, não apenas por causa do bife ancho e dos vinhos de Mendoza. Na verdade, tenho uma playlist que ouço com frequência, na qual se reúnem Astor Piazzolla, Mercedes Sosa, Fito Paez, Vale Acevedo e Andrés Calamaro. Este último, para minha surpresa, declarou voto em Javier Milei.

Ficamos então na expectativa, para ver se o novo presidente terá sucesso na missão de tirar a Argentina da situação difícil em que se encontra, à beira de uma hiperinflação, com graves problemas econômicos e sociais.

Por enquanto, o que sei é que Javier Milei não é o louco de extrema direita que andaram pintando por aqui. Não, não é. Ao contrário, demonstra muita lucidez, inclusive quando elege a liberdade como valor maior a orientar suas atitudes.

E, convenhamos, foi uma grande sacada terminar os discursos dizendo: “¡Viva la libertad, carajo!”.

 

Este colunista fazendo cover do argentino Andres Calamaro

 


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