EM DOIS MIL E DEZESSETE
Mote de Geraldo Amâncio
Eu não faço previsão
Pois isso não me compete
Mas vai sofrer a nação
Em dois mil e dezessete.
Do roubo que a Globo fala
A mídia toda reflete
Eu quero ver quem se cala
Em dois mil e dezessete.
A Dilma foi impichada
Cassada virou manchete
Está fora de jogada
Em dois mil e dezessete.
E com Eduardo Cunha
A cassação se repete
O que ele não supunha
Em dois mil e dezessete.
Chegou a vez de Calheiros,
Que briga feia promete
E será um dos primeiros
Em dois mil e dezessete.
Sei que Lula e outros tantos
Vão para o reino celeste
Canonizados e santos
Em dois mil e dezessete.
"
Xilogravura de Maércio Siqueira
A mulher tem que ter peito
Para reger a sua vida
Na luta do dia a dia
Deve ser mais combativa
Chega de submissão
Basta de tanta agressão
Reagir é a saída.
1
Nos novos tempos não cabe
Uma Maria das Dores
Sempre dizendo amém
Engolindo dissabores
O momento é de atitude!
De viver com plenitude
E rever os seus valores.
2
Sei que Eva foi à luta
Sem esperar por Adão
Dispensou o paraíso
Mudou a situação
Para poder procriar
Fez a tal cobra fumar
E o homem entrar em ação.
3
Pandora mimo divino
Enviada a Epimeteu
Sendo mulher curiosa
Logo desobedeceu
Liberou tudo que tinha
Dentro da sua caixinha
Só a esperança prendeu.
4
Vamos mudar nossa história
Nela vamos botar fé
Sem sofrer feito Maria
Mãe do rei de Nazaré
Buscando ter igualdade
Contudo sem a maldade
Que se serviu Salomé.
5
Porém pra seguir em frente
Devemos sempre pensar
Em jamais ser submissa,
Respeitar o nosso par,
Conviver em união,
Sem aturar agressão
E amor próprio cultivar.
6
Tomemos em nossas mãos
As rédeas de nossas vidas
Pois saem de nossos úteros
Vidas que são concebidas
Somos nós que as criamos
Se conceitos repassamos,
Temos que ser aguerridas.
7
Ao seu filho dê limites
No momento de educar
Nunca permita que ele
Com você venha a gritar
Firmeza na educação
Só modela o cidadão
Que acostuma a respeitar.
8
Não podemos nos curvar
Pois temos capacidade
Chorar sobre o travesseiro
Não é mais nossa verdade
Ter sonhos assassinados
E destinos comandados
Hoje foge a realidade.
9
Do homem, sei que não temos
A mesma força braçal
Mas temos astúcia e manha
Que já é um bom sinal
Pra conduzir nossa história
Varrendo a luta inglória
Da era patriarcal.
10
Uma parcela de culpa
Nos cabe na violência
Somos nós que suportamos
Abusos, tenham ciência!
Não devemos nos calar
O certo é denunciar
Já chega de obediência.
11
Vamos seguir bom exemplo
O da Maria da Penha
Na luta pela mulher
Um bom papel desempenha
Possui voz essa guerreira
Que sem medo de barreira
Da coragem tem a senha.
12
Não foi só chorar as mágoas
Não foi só chorar sua dor
Encetou luta ferrenha
Contra seu vil agressor
Que resultou numa lei
E contemplou sua grei
Dando fim ao: Sim Senhor!
13
Contudo não basta apenas
Ter uma lei pra mulher
Pois para ser aplicada
Cumplicidade requer
Em caso de agressão
Lute pela punição
Se ser respeitada quer.
14
Nunca deixe a violência
Contaminar sua vida
E faça a sua denuncia
Se você for agredida
Não seja benevolente
Com esse tipo de gente
De atitude descabida
15
Não se deixe intimidar
Ao fazer o seu BO.
Daquele que lhe agride
Não tenha um pingo de dó
Aqui fica minha deixa
Não retire sua queixa
Nunca dê ponto sem nó
16
Quando uma relação
Começa a se desgastar
Quando a incompreensão
For permanente num lar
Quando tudo for insulto
Não acalore o tumulto
É hora de se mandar.
17
Tudo começa em palavras
Depois vem o palavrão
Chega a violência física,
Com sopapo e empurrão
Se a mulher não tiver manha
É maltratada e apanha
E termina num caixão.
18
Muitas dessas agressões
Ocorrem dentro do lar
Motivadas por ciúmes,
É o que se ouve falar
Também drogas e bebidas
Geralmente consumidas
Fazem tudo se agravar
19
No ambiente de trabalho
Não se sinta intimidada
Abra a boca denuncie
Caso seja assediada
Pois ninguém leva vantagem
E ceder uma chantagem
É trabalhar humilhada.
20
E em caso de estupro
Praticado por quem for
Demonstre sua coragem
Mesmo com nojo e pavor
Faça o retrato falado
Se conhecer o tarado
Cadeia no estuprador.
21
Mulher viva a sua vida
Sem se ater a preconceito
Orientação sexual
Só a você diz respeito
Ninguém precisa aceitar
Porém tem que respeitar
Porque esse é seu direito.
22
Nestes versos eu não falo
Do homem que tem moral
Mas de um ser desprezível,
Que foge do natural
Do homem inconsequente
Praga de farta semente
Que brota espalhando o mal.
23
Não vamos nos omitir
Não podemos fraquejar
A luta é permanente
Vamos nos reeducar
Nos livrar da sujeição
Aprender nova lição
Pra poder nos igualar.
24
A musa muito obrigada
Por ter sido companheira
Não sou mulher de motim
Também não sou encrenqueira
Contudo vou confessar
O mastro vou levantar
Para içar nossa bandeira.
NÃO BATA NA MULHER, ELA TEM PODER
*
Não posso chamar de homem
Um cabra que bate em mulher.
Peço perdão ao jumento,
Mas é um jegue qualquer.
Não vale o que a gata enterra
Só presta debaixo da terra
Se é que a terra quer.
*
Não entendo uma mulher
Que por si perde o respeito
Que apanha do marido
Pra largá-lo não tem peito
Que amor próprio não tem
Humilha-se vai além
Pra não perder o sujeito.
*
E se o covarde é preso
Por causa de agressão
A Besta paga fiança
E o liberta da prisão
Por medo ou por cegueira
Vive uma vida inteira
Debaixo de opressão.
*
A paixão duma mulher
Jamais deve ser maior
Do que o seu amor próprio
Pois não tem nada pior
Do que viver humilhada
Maltratada e massacrada
Numa condição menor.
*
Nós temos mil maneiras
De acabar com a covardia
Covardes são confiantes
Essa é nossa garantia
A mulher tem sua manha
Sua astúcia é tamanha
Homem algum desconfia.
*
Versos e foto de Dalinha Catunda