Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)
Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.
O Globo quinta, 28 de fevereiro de 2019
CARNAVAL: INSCRIÇÃO PARA O CONCURSO DE FANTASIA SERPENTINA DE OURO
Inscrição para o concurso de fantasia Serpentina de Ouro vai até terça-feira
Equipe do Globo vai escolher as peças mais criativas do carnaval do Rio
O Globo
28/02/2019 - 04:30
Fantasia Jeniffer faz umas paradas, de Carlos Augusto Cherubim Jorge Foto: Foto do leitor
A inscrição pode ser feita até o dia 5 de março (Terça-feira Gorda). Basta postar no Instagram uma foto com a fantasia e as hashtags #jornaloglobo e #serpentinadeouro. O perfil do candidato na rede social deve ser aberto.
A foto precisa ser da própria pessoa que postou e mostrar toda a fantasia. Os foliões que desfilam cada dia com um visual diferente podem concorrer com mais de uma foto. “Olheiros” do GLOBO também estarão nas ruas nos dias de festa para buscar concorrentes para o concurso.
SERPENTINA DE OURO: VEJA ALGUNS INSCRITOS NO CONCURSO DE FANTASIA 2019
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Fantasia Jeniffer faz umas paradas, de Carlos Augusto Cherubim Jorge Foto: Foto do leitor
Fantasia Bird Box Brasil, de Alexandre Sattos Foto: Foto do leitor
Fantasia Miss Privilégios, de Silvia Matos de Vasconcelos Foto: DivulgaçãoFantasia Luigi & Yoshi, de Felipe de Souza Aguiar Andrade Foto: Foto do leitorFantasia Família Dollynho, de Felipe Galo e Thais Martins Medeiros Foto: Foto do leitor
Este ano, serão selecionadas dez fantasias, individuais ou de grupo. As finalistas serão divulgadas na Quarta-feira de Cinzas no site do GLOBO, para que os internautas possam votar na que mais gostou.
A votação vai até o dia 9 de março, quando os vencedores serão divulgados.
Desde a primeira edição do Prêmio Serpentina de Ouro, o GLOBO já premiou várias fantasias irreverentes e criativas. Veja:
VENCEDORES DO CONCURSO DE FANTASIA SERPENTINA DE OURO ESBANJAM CRIATIVIDADE E CRÍTICA SOCIAL
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A fantasia Camisa Che Guevara, de Alexandre Pimenta, ganhou o concurso na categoria fantasia individual em 2013 Foto: Divulgação/ Alexandre Pimenta
O Globo quarta, 27 de fevereiro de 2019
ROCK IN RIO - PARÁ POP
Rock in Rio: Dona Onete, Fafá de Belém, Gaby Amarantos, Jaloo e Lucas Estrela farão 'Pará pop'
Show que celebra o carimbó e a música paraense será no dia 3/10, no Palco Sunset
Alessandro Giannini
26/02/2019 - 19:14 / Atualizado em 26/02/2019 - 20:07
Lucas Estrela, Fafá de Belém, Dona Onete, Gaby Amarantos e Jaloo vão representar a música paraense no Rock in Rio Foto: Helena Yoshioka / Divulgação
SÃO PAULO — Pelo menos três gerações da cena musical paraense estarão reunidas no Rock in Rio, no dia 3 de outubro. É a data em que o Palco Sunset recebe o encontro “Pará Pop”, com a participação inédita no festival de nomes da região como Fafá de Belém, Gaby Amarantos, Jaloo, Lucas Estrela e Dona Onete.
A reunião é também uma exposição do espectro musical que emana do estado, que vai desde a cúmbia e o lundu até o tecnobrega e a guitarrada, passando por variações como o “carimbó chamegado”. Segundo Zé Ricardo, diretor artístico do Sunset, a dinâmica do show, que terá acompanhamento da banda de Dona Onete, terá como único limitador o tempo de uma hora de duração:
— A principal função do Sunset é provocar, apresentar coisas novas. Se o cara que estiver lá gostar, ele certamente vai procurar outras músicas parecidas ou da mesma região. É isso que queremos, porque não dá para trazer todo mundo de uma vez só — diz ele.
Xodó dos cantores e compositores paraenses, Dona Onete vai estar com 80 anos quando subir ao palco. A ex-professora de História é a mais velha do grupo, mas faz parte dos mais jovens quando se trata de medir o tamanho de trajetória na música. Ainda assim, é prolífica: tem 300 canções no currículo e um novo álbum — o terceiro — para ser lançado em maio, “Rebujo”.
— Não sei bem como eu faço — diz ela sobre seu processo criativo. — Só sei que desce alguma coisa na cabeça dessa mulher e sai.
Com quase 45 anos de carreira como cantora e compositora, Fafá de Belém é a decana do grupo e uma espécie de madrinha dos artistas mais jovens. Para ela, é uma oportunidade de colocar o Pará de volta na rota musical:
— A visibilidade do Rock in Rio vai abrir os olhos das pessoas para a nossa diversidade — prevê ela, que se diz “em pânico” com a estreia no festival.
Gaby Amarantos diz que o “Pop Pará” vai marcar seu retorno ao tecnobrega, estilo com o qual praticamente começou em 2012, com “Treme”.
— Quero mostrar um tecnobrega mais moderno, que é um estilo tecnologicamente mais avançado e pop — diz ela, que já está produzindo um álbum novo, com o título provisório de “Rabizona”. — Quem sabe não lanço no Rock in Rio mesmo.
Entre os mais jovens, Jaloo e Lucas Estrela são os representantes da porção mais pop do encontro no Sunset. O primeiro com o componente tecno, e o outro com o resgate da guitarrada, num formato mais modermo:
— Eu devo muito a todos aqui — diz Estrela. — Temos uma ligação muito forte, são minhas influências. Fui roadie da Gaby, fiz música com Jaloo, assisti a shows da Dona Onete e podia ser filho de Fafá ( que namorou o pai dele ).
O Globo terça, 26 de fevereiro de 2019
FAFÁ: NÃO É NÃO!
'Não é não': Fafá de Belém exalta campanha contra assédio durante show no Fogo e Paixão
'Ninguém solta a mão de ninguém', destacou a cantora; no final da apresentação, público gritou palavras de ordem com o prefeito Marcelo Crivella
Daniela Kalicheski
24/02/2019 - 11:45 / Atualizado em 24/02/2019 - 13:43
Fafá de Belém e a cantora Mariana Guedes no bloco Fogo e Paixão Foto: Fábio Guimarães / Agência O Globo
RIO — A cantora Fafá de Belém se apresentou no trio elétrico do bloco Fogo e Paixão. Por cerca de uma hora a cantora exaltou o brega, falou da beleza do carnaval carioca e aproveitou para lembrar a importância do respeito à campanha "Não, é não".
— O carnaval do Rio é lindo, todo mundo fantasiado em todos os lugares. No metrô, no busão e na rua. Isso é lindo, vamos seguir respeitando essa tradição.
No palco Fafá falo lembrou os milhares de foliões que é importante pular sem assediar e mandou um recado de união entre as mulheres:
— Não, é não, gente! Repeito. A gente tem que, cada vez mais, abraçar as amigas. Ninguém solta a mão de ninguém — destacou a cantora que deixou o palco para ir a um bloco em São Paulo.
Com o fim da apresentação o público entoou gritos de "fora Crivella" em revolta com o prefeito da cidade.
Público acompanha show de Fafá de Belém no Fogo e Paixão Foto: Daniela Kalicheski / Agência O Globo
O Bloco Fogo e Paixão reúne milhares de pessoas no Largo do São Francisco de Paula, no Centro. O bloco, que completa nove anos em 2019, brinca carnaval este ano com o tema "Brega é cultura, cultive com amor". A empresária do bloco, Nathalia Guimarães explica que o objetivo é reafirmar o brega:
— Queremos reafirmar a breguice e o amor. Trazemos novas músicas do repertório. Estamos ainda mais bregas — brinca.
A grande atração do Fogo e Paixão foi a apresentação de Fafá de Belém, cujo show foi acompanhado por cerca de 25 mil pessoas que pularam em volta do largo, de acordo com organizadores.
Cobrança de R$ 2 para o banheiro
Nem só de momentos alegres, porém, viveram os foliões que compareceram ao bloco. Diante de filas enormes para o alívio, Rafaela Reis foi uma das folionas que não quis esperar na fila até a sua vez. A saída foi se render a um muro, dentro de um estacionamento privado, utilizado por muitos para um rápido alívio. Ela diz que sempre vai ao Fogo e Paixão e já está acostumada a ir direto em comerciantes que cobram pelo "serviço":
— Eu já trago dinheiro trocado porque o banheiro até não fica lotado, mas aqui é mais rápido e já estou por perto.
Ruth, porém, reclama do que ela diz ser o único problema do carnaval:
— Carnaval é perrengue mesmo para ir no banheiro. Não tem problema pagar a mais pra resolver. a gente quer voltar logo — conta a jovem que não se importa em se aliviar em uma parede de um estacionamento. O local particular cobra R$ 2 por usuário.
O Globo segunda, 25 de fevereiro de 2019
OSCAR 2019: GREEN BOOK, O GUIA, LEVA O DE MELHOR FILME
Green book: O guia' leva o Oscar de melhor filme; veja os outros vencedores
'Bohemian rhapsody', com quatro estatuetas, foi o longa mais premiado; 'Roma' ganhou três
O Globo
24/02/2019 - 21:53 / Atualizado em 25/02/2019 - 02:39
Elenco e equipe de 'Green book: O guia' celebram o Oscar de melhor filme Foto: MIKE BLAKE / REUTERS
RIO - Após meses de polêmicas e trapalhadas , a 91ª edição do Oscar foi realizada na noite deste domingo, no Teatro Dolby, em Los Angeles.
"Green book: O guia" acabou ficando com o prêmio principal, o de melhor filme, enquanto "Bohemian Rhapsody" saiu como o longa mais premiado, com quatro estatuetas — incluindo a de melhor ator para Rami Malek, que interpretou Freddie Mercury.
Filme com maior número de indicações ao lado de "A favorita", "Roma" venceu três estatuetas: melhor filme estrangeiro, fotografia e direção — as duas últimas para Alfonso Cuarón.
Este ano a cerimônia foi marcada pela ausência de um apresentador. Inicialmente escalado para a função, Kevin Hart pediu demissão após tweets homofóbicos feitos por ele no passado terem vindo à tona.
Veja, em negrito, os vencedores do Oscar 2019.
Melhor Filme
"Pantera Negra"
"Infiltrado na Klan"
"Bohemian Rhapsody"
"A favorita"
"Green book — O guia"
"Roma"
"Nasce uma estrela"
"Vice"
Direção
Spike Lee, por "Infiltrado na Klan"
Pawel Pawlikowski, por "Guerra Fria"
Yorgos Lanthimos, por "A favorita"
Alfonso Cuarón, por "Roma"
Adam McKay, por "Vice"
OSCAR 2019: CONHEÇA OS VENCEDORES DAS 24 CATEGORIAS
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Melhor filme: 'Green book: O guia' Foto: MIKE BLAKE / REUTERS
Direção: Alfonso Cuarón, por "Roma" Foto: MIKE BLAKE / REUTERS
Melhor atriz: Olivia Colman, por "A favorita" Foto: VALERIE MACON / AFPMelhor ator: Rami Malek, por "Bohemian Rhapsody" Foto: KEVIN WINTER / AFPRoteiro adaptado: "Infiltrado na Klan" Foto: MIKE BLAKE / REUTERS
Roteiro original: "Green book: O guia" Foto: MIKE BLAKE / REUTERSMelhor atriz coadjuvante: Regina King, por “Se a rua Beale falasse” Foto: FREDERIC J. BROWN / AFPMelhor ator: Mahershala Ali, por 'Green book' Foto: MIKE BLAKE / REUTERSDireção de arte: 'Pantera Negra' Foto: FREDERIC J. BROWN / AFPFotografia: 'Roma' Foto: MIKE SEGAR / REUTERS
Filme estrangeiro: "Roma" Foto: VALERIE MACON / AFPLonga de animação: "Homem-Aranha no Aranhaverso' Foto: MIKE SEGAR / REUTERSFigurino: 'Pantera Negra' Foto: FREDERIC J. BROWN / AFPEdição de som: 'Bohemian Rhapsody' Foto: Frazer Harrison / AFPMixagem de som: 'Bohemian Rhapsody' Foto: FREDERIC J. BROWN / AFP
Curta de animação: 'Bao' Foto: VALERIE MACON / AFPCurta-metragem: 'Skin' Foto: MIKE SEGAR / REUTERSTrilha sonora: 'Pantera Negra' Foto: MIKE SEGAR / REUTERSEfeitos visuais': 'O primeiro homem' Foto: KEVIN WINTER / AFPMontagem: 'Bohemian Rhapsody' Foto: VALERIE MACON / AFP
Maquiagem e cabelo: 'Vice' Foto: VALERIE MACON / AFPCanção original: "Shallow", de "Nasce uma estrela" Foto: Frazer Harrison / AFPMelhor documentário: 'Free solo' Foto: KEVIN WINTER / AFPCurta-documentário: "Period. End of sentence" Foto: FREDERIC J. BROWN / AFP
Nos últimos meses, a Academia voltou atrás em pelo menos três decisões, todas baseadas na busca pela audiência. Pudera. A cerimônia de 2018 foi vista por apenas 26,5 milhões de pessoas — o menor número de todos os tempos (o recorde pertence à festa de 1998, com 57,2 milhões). Desde então, a Disney e a rede ABC, responsáveis pela transmissão, fizeram o possível para encurtar a duração do evento, acreditando que isso traria mais telespectadores . Afinal, quem aguenta ver quase quatro horas de Hollywood celebrando a si mesma? Mas as medidas foram muito mal recebidas.
— A Academia tem um dilema: ou promove uma celebração da arte cinematográfica ou alcança a tão sonhada audiência. Os dois não dá — sentencia o jornalista e colunista do GLOBO Artur Xexéo, que vai comentar o Oscar na Globo ao lado da atriz Dira Paes.
— Não há filme favorito claro. Para quem gosta de Oscar, isso é ótimo porque gera a expectativa da surpresa e torna a cerimônia mais atraente — pondera Xexéo.
Veja, a seguir, as principais controvérsias que atingiram — até a noite deste sábado — esta edição do Oscar. Com resultados imprevisíveis e depois de tantas reviravoltas, bate até uma curiosidade extra de ver.
Numa tentativa de assegurar na premiação longas vistos pelo grande público, foi criada, em agosto, a categoria de melhor filme popular.
Ninguém entendeu que critério definiria uma obra com esse perfil. E nem deu tempo de explicar, porque a instituição voltou atrás no mês seguinte , em meio a um bombardeio de críticas, segundo as quais a existência dessa nova seção menosprezava o mérito artístico de blockbusters como “Pantera Negra”.
Categorias excluídas
Alfonso Cuarón, diretor de 'Roma', foi um dos cineastas que criticaram a decisão de excluir quatro categorias da transmissão do Oscar Foto: ROBYN BECK / AFP
No dia 11, a Academia decidiu que quatro prêmios (fotografia, montagem, curta-metragem e maquiagem) seriam entregues durante os comerciais. Foi imediato: nomes de peso da indústria manifestaram repúdio à exclusão da transmissão de atividades tidas como a “alma” da arte cinematográfica. Entre os opositores, os cineastas Alfonso Cuarón , Patty Jenkins, Quentin Tarantino e Martin Scorsese. Quatro dias depois, o Oscar voltou atrás e decidiu exibir as 24 categorias.
Performances musicais
O plano era transmitir apenas as performances de duas das cinco canções indicadas: “Shallow”, de “Nasce uma estrela”, e “All the stars”, de “Pantera Negra”. Segundo o site “Deadline”, Lady Gaga considerou a medida tão desrespeitosa com os outros artistas que ameaçou cancelar sua participação.
Aos 94 anos e esbanjando fôlego, Nelson Sargento vai da Sapucaí ao Japão
Destaque no bloco Timoneiros da Viola e interpretando Zumbi na Mangueira, cantor e compositor prepara turnê no país asiático
Nelson Gobbi
22/02/2019 - 04:30 / Atualizado em 22/02/2019 - 07:42
Nelson Sargento e o violão, que o acompanha há 50 anos Foto: Gabriel Monteiro / Agência O Globo
RIO — Com seus 94 anos de vida, 70 dos quais dedicados à Estação Primeira de Mangueira, é natural que tudo relacionado a Nelson Sargento seja contado às décadas. Um exemplo é o violão que acompanha o cantor e compositor há mais de 50 anos. O instrumento foi comprado às pressas, de segunda mão, para que pudesse integrar o show “Rosas de Ouro”, organizado por Hermínio Bello de Carvalho no Teatro Jovem, em Botafogo, em 1965.
— O Elton ( Medeiros ) foi em Mangueira e deixou um recado para eu ir ao Teatro Jovem, para um trabalho. Como eu era pintor de paredes na época, achei que seria para pintar o teatro. Só quando cheguei lá soube que precisavam de mais um compositor de samba para o grupo do espetáculo. Não tinha violão, e comprei este aí, como está agora, com bandeira do Brasil e tudo — recorda Nelson Sargento. — Continuei pintando as minhas paredes, mas dali em diante fui conhecendo mais gente e comecei a me profissionalizar.
Um dos encontros proporcionados pelo espetáculo foi com outro patrimônio da música popular brasileira, Paulinho da Viola, na época com 22 anos. Os dois integravam o quinteto formado com Medeiros, Anescarzinho do Salgueiro e Jair do Cavaquinho — dois anos depois, Nelson e os demais formariam o conjunto Os Cinco Crioulos, com Mauro Duarte no lugar de Paulinho.
NELSON SARGENTO: HISTÓRIA VIVA DO SAMBA
Nelson (quarto, da esquerda para direita), com Xangô, Padeirinho, Zagaia e Babau Foto: Divulgação
Trio de bambas: Nelson Sargento, Guilherme de Brito e Monarco em 2000 Foto: Divulgação
A amizade cinquentenária será celebrada novamente neste carnaval: no domingo, o baluarte mangueirense desfilará pelas ruas de Oswaldo Cruz, às 13h, como muso do bloco Timoneiros da Viola, criado em homenagem ao portelense Paulinho. Como fôlego é o que não falta ao nonagenário, na madrugada da segunda de carnaval, dia 4 de março, ele desfilará pela Verde e Rosa representando Zumbi dos Palmares, a convite do carnavalesco Leandro Vieira.
— No Rosas de Ouro, vi aquele garoto e mandei: “Você compõe? Canta um samba seu aí”. E ele começou: “Tinha eu 14 anos de idade, quando meu pai me chamou...”. Cheguei a duvidar que a música fosse dele, mas o Jair do Cavaquinho confirmou e ainda disse que de onde saiu aquela tinha mais. O Paulinho é meu ídolo — derrama-se o mangueirense.
'O maior griô do país'
Fundador dos Timoneiros, que voltam a desfilar neste ano após uma interrupção em 2018 por falta de patrocínio, o jornalista Vagner Fernandes faz referência aos versos do clássico “Agoniza, mas não morre” para explicar a homenagem ao seu autor.
— Seu Nelson é o maior griô da país, é o narrador e a personificação da narrativa. Ele resiste e enfrenta as intempéries — enaltece Fernandes. — Como ele, o Timoneiros é do time da resistência. Pela falta de patrocínio, que afeta outros blocos, apostaram que fôssemos sucumbir. A gente agonizou, mas contrariamos o bolão de apostas. Não morremos.
A importância do cantor e compositor para a cultura negra também foi fundamental para a sua escolha como Zumbi no enredo da escola em 2019, “História para ninar gente grande”, que vai celebrar heróis populares muitas vezes esquecidos nas versões oficiais, do líder quilombola à vereadora assassinada Marielle Franco. Nelson terá a companhia de outros mangueirenses ilustres, como Alcione, interpretando a guerreira Dandara, e Leci Brandão, como Luísa Mahin, líder da Revolta dos Malês.
Detalhes de telas pintadas por Nelson Sargento: multiartista Foto: Gabriel Monteiro / Agência O Globo
— Hoje vemos tentativas de desqualificar, sem qualquer fundamento, figuras históricas como Zumbi dos Palmares. Seu Nelson vai emprestar sua dignidade e realeza para representar este personagem — comenta Vieira. — A Mangueira foi fundada quando ele tinha quatro anos. Ao entrar na avenida com esta história viva do samba, a escola já sai ganhando nota 10 num quesito que não pode ser mensurado.
A reverência à trajetória artística e pessoal não prende Nelson Sargento ao passado. Desde o ano passado, o cantor, compositor, escritor e pintor acrescentou mais uma função à lista: youtuber. Com 28 vídeos até o momento, o seu canal traz mergulhos do mangueirense em seu acervo discográfico e entrevistas com outras referências do samba, a exemplo do portelense Monarco.
A música ocupa boa parte de suas madrugadas (“Sambista nunca acorda antes das 10h da manhã, ele vai dormir nessa hora”). “Ouvidor compulsivo”, como se define, Nelson busca em canções antigas inspirações para projetos futuros, como um livro de frases ou um cordel com a história da Mangueira.
Mesmo com a limitação dos movimentos, causada pela artrose que ataca os joelhos, o cantor e compositor não planeja reduzir o ritmo. Com a intenção de lançar um disco de parcerias inéditas com Agenor de Oliveira até 25 de julho, data de seu aniversário de 95 anos, ele tem agendada para setembro uma série de shows no Japão, em sua a quarta viagem ao país.
O Globo sexta, 22 de fevereiro de 2019
CARNAVAL CARIOCA: 105 BLOCOS DESFILARÃO DE SEXTA A DOMINGO
Carnaval 2019: De sexta a domingo, 105 blocos vão tomar as ruas do Rio; programe-se
Entre as atrações, estão Céu na Terra, Suvaco de Cristo, Bloco da Preta e Timoneiros da Viola
Saulo Pereira Guimarães
22/02/2019 - 04:30
Rio já está em clima de carnaval Foto: Marcelo Carnaval / Agência O Globo
RIO - O Rei Momo ainda não está com as chaves da cidade, mas, na prática, já é carnaval no Rio. De sexta a domingo, 105 blocos vão invadir as ruas, arrastando uma multidão de foliões, mesmo sem o tempo contribuir para a folia. A probabilidade de chuva nos três dias é de 80%, segundo a previsão do Climatempo.
Nesta sexta-feira, a festa começa com os desfiles do Bloco dos Bancários, no Centro, e do Badalo de Santa Teresa. Amanhã, é preciso acordar cedo para para aproveitar o Céu na Terra, que sai às 8h do Largo dos Guimarães, em Santa Teresa. O cortejo do Chora Me Liga vai evoluir, também amanhã, a partir das 10h, pela Rua Primeiro de Março, no Centro. A via foi escolhida pela prefeitura para receber os maiores blocos da cidade. Às 18h, será a vez do Carmelitas realizar um ensaio aberto na Praça Tiradentes.
No domingo, o Cordão do Boitatá promete agitar a Rua Henrique Valadares, no Centro, a partir das 8h. Duas horas depois, será a vez de o Suvaco de Cristo animar a Rua Jardim Botânico. No mesmo horário, o Bloco da Preta desfilará na Primeiro de Março. À tarde, às 16h, o Simpatia é Quase Amor tem encontro marcado com os foliões na Praça General Osório, em Ipanema, mesmo bairro de onde sairá o Empolga às 9h, na Avenida Vieira Souto. Em Madureira, o Timoneiros da Viola voltará às atividades após não desfilar em 2018, com uma homenagem aos fundadores da Portela, e contará com a presença de Paulinho da Viola.
Mudanças no trânsito
Para ajudar a transportar quem não perde um bloco, a SuperVia vai operar com trens extras nos ramais Japeri e Santa Cruz. Os motoristas, por sua vez, devem ficar atentos às alterações no trânsito por conta dos cortejos. Vias importantes como as ruas Almirante Cochrane, Voluntários da Pátria e Jardim Botânico e as avenidas Atlântica, Lúcio Costa e Pasteur estão no roteiro dos blocos e sofrerão interdições coordenadas pela CET-Rio.
Quem pretende curtir também deve ficar de olho na previsão do tempo. As temperaturas devem variar entre 22 e 35 graus hoje, 22 e 36 graus no sábado e 23 e 37 graus no domingo, de acordo com o Climatempo. Nos três dias, as medições do instituto indicam que há grande chance de chuva.
O Globo quinta, 21 de fevereiro de 2019
BENEFÍCIOS DO OVO
Dez anos após estudo que 'absolveu' o ovo, o que sabemos sobre os benefícios do 'superalimento'
Naíse Domingues*
Há mitos, mudanças e controvérsias sobre o que é, de fato, uma alimentação saudável. Há dez anos, por exemplo, uma pesquisa mudou toalmente a maneira como os nutricionistas encaravam o ovo na dieta humana. Até então, havia ressalvas em relação ao alimento, que deveria ser consumido com moderação. Mas um estudo da Universidade de Surrey, no Reino Unido, publicado em fevereiro de 2009 no "Boletim da Fundação Britânica de Nutrição", virou esse jogo. "De vião a herói da dieta", estampou O GLOBO no título da reportagem sobre a pesquisa.
O trabalho da instituição britânica ajudou a derrubar a fama de trampolim do colesterol que tinha ovo na época, garantindo que o alimento era, na real, um forte aliado para uma dieta balanceada. Entretanto, segundo nutricionistas, muitos pacientes continuam em dúvida sobre a quantidade ideal a ser ingerida ou ainda se o produto é recomendado mesmo a quem tem problemas de coração.
- Muitas pessoas ainda têm dúvidas, perguntam se aumenta mesmo o colesterol e querem saber quantos ovos podem comer por dia. Mas, hoje, podemos dizer que o ovo está absolvido. Podemos ingerir diariamente, na quantidade indicada dentro da dieta pelo nutricionista - explica a nutricionista Aline Rodrigues, especializada em Nutrição Clínica e Controle de Qualidade de alimentos.
O alimento, que já foi considerado inimigo número 1 dos níveis de colesterol no organismo, hoje é um queridinho para quem mantém uma alimentação saudável, devido a seu valor nutritivo, principalmente para pessoas que praticam musculação e outras atividades físicas. Além de ser fonte de vitaminas e minerais do complexo B e de ômega 3, a proteína encontrada na clara do ovo, chamada albumina, auxilia na construção de massa muscular. E, ao contrário do que se acredita, a gema não deve ser descartada, pois também tem valor nutricional para esse fim.
- Uma publicação recente no “American Journal of Clinical Nutrition” indica que a ingestão de ovos inteiros, imediatamente após exercícios de resistência, gera maior estímulo à síntese de proteínas do que somente a ingestão da clara. As gemas melhoram a capacidade do corpo de utilizar a proteína nos músculos, auxiliando no aumento de massa muscular e emagrecimento - diz Aline.
O ovo fama de ser uma bomba de colesterol, proibido para quem tem problemas cardíacos ou quem precisava perder peso. A partir dos anos 1990, estudos começaram a mostrar que, na verdade, o ovo seria ótimo para uma alimentação saudável. A publicação do estudo no boletim britânico consolidou, de uma vez por todas, essa mudança na avaliação do ovo. Apesar de ser mesmo um alimento rico em colesterol, apenas uma pequena parte dessa substância é absorvida pelo corpo.
Mas por que certos alimentos têm fama tão controversa? Para Bia Rique, nutricionista e mestre em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social (IMS) da UERJ, a falta de cuidado na disseminação de informações é um fator. Segundo a especialista, um dos exemplos é a ideia de que o ovo faz mal ao coração.
- Um ovo contém 213mg de colesterol e, por isso, era considerado um alimento quase "proibido" na dieta de pacientes com doenças cardiovasculares. Se o paradigma nutricional não fosse tão métrico e quantificado, o ovo não teria tido tantas variações na sua reputação, as quais até hoje deixam o público leigo confuso - observa a nutricionista: - A obsessão por precisão nutricional torna o alimento apenas um conjunto de nutrientes. Isto leva ao surgimento de "certezas" ou expressões que caem no senso comum, como "ovos são ricos em colesterol".
A divulgação de forma equivocada de pesquisas sobre alimentos constrói imagens de vilões e mocinhos da alimentação a todo tempo. O ovo se tornou incompreendido por grande parte da população, com a disseminação de informações conflitantes sobre seus efeitos. Segundo Bia Rique, a presunção de que há alimentos milagrosos ou proibidos, muitas vezes presentes em reportagens sobre o assunto, é um problema a ser combatido.
- Laticínios e ovos já foram demonizados várias vezes ao longo da história. Outro exemplo seria a polêmica entre a manteiga e a margarina. O pavor de gorduras e comidas que possam "intoxicar" o organismo é apenas um exemplo da demonização temporária de algumas substâncias ou alimentos.
Não se pode diminuir a credibilidade das pesquisas, mas nutricionistas defendem que a divulgação desses estudos pela imprensa deve ser feita de forma responsável, sem sensacionalismo, observando seu valor acadêmico e informativo. Afinal, são essas pesquisas que promovem a coleta de dados para nortear diretrizes de para uma alimentação saudável. Segundo Ricardo Santin, diretor-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e presidente do Conselho Diretivo do Instituto Ovos Brasil (IOB), a propagação de informações precisa de embasamento teórico.
- Os trabalhos científicos têm papel preponderante. De nada seria viável fazer marketing se você não tivesse base científica de alguém que estudou muito e apresentou justificativas embasadas, sólidas.
*Sob supervisão de William Helal Filho
O Globo quarta, 20 de fevereiro de 2019
TUIUTI NA SAPUCAÍ
'Tuiuti vai para Sapucaí com alta voltagem política', diz Jack Vasconcelos
Confira entrevista com o carnavalesco da escola, que este ano novamente leva um enredo engajado à Avenida
Rafael Gado
20/02/2019 - 04:42
Jack Vasconcelos criou vampiro de faixa presidencial em 2018, e, este ano, promete mais espírito moleque Foto: Marcos Ramos / Agência O GLOBO
RIO - Depois de levar um vampiro com faixa presidencial para a Sapucaí no ano passado, a Paraíso do Tuiuti mantém a linha de enredos com alta voltagem política. É o segundo desde 2017, quando uma pessoa morreu num acidente com um carro alegórico. Carnavalesco da escola, Jack Vasconcelos adianta detalhes do desfile deste ano, sobre o bode Ioiô, eleito vereador em Fortaleza, em 1922. E, ao analisar a temática, comenta a relação que parte do público faz do personagem com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Qual será o tom do desfile?
Será um carnaval irônico, de piada e zoação, com espírito moleque. Precisamos ficar mais leves. Atualmente, todos têm verdades muito absolutas. A coisa começa a feder, por exemplo, quando chargistas são perseguidos. A própria escola, ano passado, foi muito atacada. Eu também fui, pelas redes sociais. Se você fala em coletividade, já te chamam de comunista. Calma, gente. Onde se perdeu esse trilho?
No barracão, percebe-se que a escola não recuou. Os currais de duas alegorias, por exemplo, referem-se apenas ao bode?
Representam também currais eleitorais. Um setor aborda a relação dos poderosos com o povo. Num dos carros, há esculturas de políticos com cabeça de animais. A minha favorita é a mosca. É puro Centrão (como é conhecido o bloco formado por alguns partidos no Congresso): fica ali rondando o poder.
Esse teor brincalhão e, ao mesmo tempo, crítico é mantido em todo o desfile?
O enredo,em si, é um prato cheio para o humor. O bode Ioiô chegou a Fortaleza com retirantes da seca, o que será representado no abre-alas. Antes de entrarem na cidade, essas pessoas ficavam em campos de concentração, como vou mostrar numa das alas. Mesmo nesse começo, optei por não fazer um retrato triste da seca. É algo mais sensorial, de sensação de calor, que se consegue por meio de cores e formas. Uma das inspirações é a obra do artista cearense Chico da Silva, em que os fundos dos quadros parecem um fogaréu.
Parte do público associa o bode ao presidente Lula. Há alguma relação com ele?
Pode ter. Pode não ter. O personagem é tão maravilhoso que cada pessoa faz uma leitura dele a partir de sua vivência.
Há quem veja, inclusive, um Che Guevara no logotipo do enredo...
Ioiô era um revolucionário. Na época, Fortaleza vivia um processo similar ao do bota-abaixo do Rio. Os animais tinham que ser retirados da rua. Ioiô era o único que ninguém mexia, de tão popular. Era um petulante que irritava a elite, porque lembrava a ela que não adiantava negar suas origens.
E como você conheceu essa história?
Por meio do jornalista João Gustavo Melo. Quando a presidência da Tuiuti me pediu um enredo sobre o Nordeste, achei que era o momento perfeito. Na época, ainda não havia as candidaturas das últimas eleições. Mas todo mundo já se descabelava por causa do assunto. Esse período pré-eleitoral estimulou muito. Todo aquele processo ajudou a construir detalhes do desfile.
Qual você acha que será a reação do público?
Não sei se quem aplaudiu a gente ano passado vai aplaudir em 2019 de novo. Não tem como prever.
Qual sua opinião sobre esses enredos políticos?
Falam muito em enredo político. Mas a escola ir para a rua já é um ato político. A diferença é que, ultimamente, um número maior tem falado mais claramente. Tenho mais espaço de desenvolver isso aqui na Tuiuti. É muito legal quando se percebe que as pessoas ouviram o que você quis dizer, mesmo os que te xingaram. Voltou-se a se discutir escola de samba fora de nossa bolha, o que há muito tempo não acontecia.
O Globo terça, 19 de fevereiro de 2019
A MESA ESTÁ PARA PEIXÕES INTEIROS
A mesa está para peixões inteiros
Assados ou grelhados, chegam à mesa com mais sabor
Marcella Sobral
15/02/2019 - 04:45 / Atualizado em 15/02/2019 - 11:57
A maré mudou. Saem os filés arrumadinhos no prato, entram os peixões, inteiros, com marcas da brasa e, por que não, com os olhos? Tudo pelo sabor.
— Apresentar o peixe inteiro é uma prova de frescor. Servir com pele e cabeça dá mais sabor ao preparo — diz Nello Garaventa, chef do Grado. — Ainda uso o forno a lenha para acrescentar um sabor levemente defumado ao peixe.
OS PEIXÕES QUE CONQUISTARAM OS CARDÁPIOS DA CIDADE
1 de 15
Bazzar Foto: Rodrigo Azevedo / Divulgação23 Ocean Lounge. Variedade de peixes é destaque no restaurante. Av. Vieira Souto 460, Ipanema — 2525-2525 Foto: Taru Juurikko / Divulgação
No Grado (Rua Visconde de Carandaí 31, Jardim Botânico — 3253-3101), o peixe do dia (pode ser robalo, vermelho, pargo, R$ 76) é assado inteiro sem a espinha central e servido com minilegumes e pignoles.
Grado. 'Apresentar o peixe inteiro é uma prova de frescor', diz o chef Nello Garaventa. Rua Visconde de Carandaí 31, Jardim Botânico — 3253-3101 Foto: Tomas Rangel / Divulgação
No recém-inaugurado Marea (99539-9834), quiosque do Fasano no Arpoador, o peixe grelhado servido com legumes também grelhados (R$ 148) é preparado lá mesmo, junto à areia.
No recém-inaugurado Marea (99539-9834), quiosque do Fasano no Arpoador, o peixe grelhado servido com legumes também grelhados (R$ 148) é preparado lá mesmo, junto à areia - 99539-9834 Foto: Tomás Rangel / Divulgação
Com uma vista privilegiada da orla, o 23 Ocean Lounge, no Sofitel, (Av. Vieira Souto 460, Ipanema — 2525-2525) tem uma oferta invejável de frutos do mar no menu. Destaque para o pargo grelhado com batata calabresa, azeite, alho e alecrim, papillote de legumes e cogumelos (R$ 160, para duas pessoas).
De frente para o mar, o Venga Chiringuito recebe diariamente peixes da Colônia de Pescadores do Posto 6. Av. Atlântica 3.800 — 3264-9806 Foto: Rodrigo Azevedo / Divulgação
De frente para o mar, o Venga Chiringuito (Av. Atlântica 3.800 — 3264-9806) recebe diariamente peixes da Colônia de Pescadores do Posto 6.
—Os peixes, fresquíssimos, são feitos no forno e servidos “a la plancha” com arroz ou fideo com espinafre ou verduras grelhadas (R$ 120, o quilo) — conta Fernando Kaplan, sócio do restaurante.
Na Barraca da Chiquita o tambaqui chega inteiro à mesa com arroz, salada e aipim frito. Rua Santa Clara 33, Copacabana — 2548-9144 Foto: Divulgação
Na Barraca da Chiquita (Rua Santa Clara 33, Copacabana — 2548-9144), tradicional restaurante de cozinha nordestina, o tambaqui chega inteiro à mesa com arroz, salada e aipim frito (R$ 96,90, para dois).
Especializado em cozinha Mediterrânea, o Oia serve o peixe do dia inteiro, assado com legumes tostados e vinagrete de limão. Rua Barão da Torre 340, Ipanema — 3201-6529 Foto: Rodrigo Azevedo / Divulgação
Especializado em cozinha Mediterrânea, o Oia (Rua Barão da Torre 340, Ipanema — 3201-6529) serve o peixe do dia inteiro, assado com legumes tostados e vinagrete de limão (R$ 68).
O Globo segunda, 18 de fevereiro de 2019
CARNAVAL CARIOCA: BLOCO CORAÇÃO DAS MENINAS
Bloco Coração das Meninas desfila no Centro do Rio no início da noite de domingo
Com mais de 50 anos de tradição, banda desfilou pela Rua Sacadura Cabral, no Centro
Bruno Calixto
17/02/2019 - 19:37 / Atualizado em 17/02/2019 - 20:09
Com cem ritmistas, passista, ala infantil, rainha de bateria, puxador, cavaquinho e casal de mestre-sala e porta-bandeira, o Coração das Meninas realizou seu cortejo na Rua Sacadura Cabral, seguido por homens da guarda-municipal. Foliões (que não participam fantasiados), seguiram o desfile das calçadas. Foto: Bruno Calixto
RIO - O Bloco Coração das Meninas esperou o Sol se pôr para iniciar seu 53 desfile na Saúde neste domingo, partindo do Largo São Francisco da Prainha em direção à Praça da Harmonia, no Centro, onde a agremiação nasceu.
- Somos um bloco com cara de escola de samba de comunidade, nascemos no berço da tradição e mantemos o mesmo perfil por todos estes carnavais, feito por e para os moradores da Saúde - destaca o fundador e presidente João Bororó.
Cortejo acontece ao estilo desfile de escola de samba Foto: Bruno Calixto
Com cem ritmistas, passista, ala infantil, rainha de bateria, puxador, cavaquinho e casal de mestre-sala e porta-bandeira, o Coração das Meninas realizou seu cortejo na Rua Sacadura Cabral, seguido por homens da guarda-municipal. Os foliões (que não participam fantasiados), seguiram o desfile das calçadas.
- É como ver e acompanhar um desfile de escola de samba - observa um folião que está hospedado num hotel naquela região.
O desfile durou uma hora e foi animado pelo samba-enredo que homenageia a fundação do bloco.
Estreando no grupo, a porta-bandeira Máxi Silva e o mestre-sala João Neto aproveitam a agenda para ensaiar para o desfile da escola de samba Vizinha Faladeira (grupo B) na terça-feira de carnaval.
- É muita satisfação carregar a bandeira de um bloco com mais de 50 anos. Este legado não morre quando sustentado por gente séria que gosta de samba bom. Só no Rio tem disso - ressalta Máxi.
O Globo domingo, 17 de fevereiro de 2019
COMO NASCE UM HIT?
Como nasce um hit? Autores das 20 canções mais ouvidas no Brasil hoje explicam
Ostentação e 'guerra à inimiga' ficaram no passado, termos comuns em redes sociais ganharam destaque
Leonardo Lichote e Luccas Oliveira
17/02/2019 - 04:30
O cantor Gabriel Diniz no clipe de "Jenifer", um dos grandes hits no Brasil em fevereiro de 2019 Foto: Divulgação
RIO - A namorada que chega “atrasadinha” ao encontro. A mulher que briga ao ver o ex com uma outra, “match” do Tinder. A pessoa que vivia na farra e hoje, na fossa depois de perder o amor, nem se reconhece em seu desejo de não sair de casa. O sujeito que, maltratado pela mulher, diz a ela que agora vai “pegar todo mundo” e que talvez até a beije “numa balada qualquer” sem reconhecê-la. A amante que se culpa pensando na traída. Outra amante, mas esta torturada pelo ciúme. O cara que lamenta a perda da namorada por ter cedido a uma aventura. Outro que debocha de quem ostenta “Chandon” enquanto ele só precisa do “dom” pras suas conquistas. Aquela que quando desce na pista faz tremer o chão. A que bebe, liga, transa e se arrepende. O moleque que anuncia que vai pro Baile da Gaiola “ficar de marola”.
O painel de personagens exposto acima é bem conhecido por milhões de brasileiros. Em sertanejo, funk, pagode e mesmo rap, eles desfilam nas 20 músicas mais ouvidas no Brasil hoje — segundo levantamento referente ao mês de fevereiro solicitado pelo GLOBO a Youtube, Spotify, Deezer e Crowley.
Por trás da variedade de tipos encontrados nas canções (e dos cantores famosos que as interpretam), há dezenas de compositores — muitos deles recorrentes nas paradas de sucesso, apesar de anônimos para o grande público. Responsáveis por criar essas figuras e situações, são eles que tentamapontar, nesta reportagem, os caminhos para atingir os ouvidos e corações da massa.
Sem receita, com técnica
O primeiro item da receita, segundo os entrevistados é: não há receita. Mas há técnicas. Algumas bastante prosaicas, como explica Junior Gomes, autor que aparece com duas músicas entre as 20:
— Tento focar em frases que eu vejo as pessoas postando no Instagram, por hashtags. Fico caçando as que chamam a atenção. “Notificação preferida” (gravada por Zé Neto e Cristiano, está na lista de mais tocadas) , por exemplo, eu vi alguém postando e me chamou a atenção. Pensei: “Caraca, isso dá uma música”. Eu me inspiro no que o povo posta, porque são frases que já estão na cabeça das pessoas.
Outra da lista, “Quem me dera” (Anderson Valente/ Romim Mata/ Thalison/ Walber Cassio/ Xuxinha) parte do mesmo recurso, ao transformar em verso a frase-meme “Deus me livre, mas quem me dera”. Mas há quem entenda que esse método tem seus contras, como Everton Matos, autor de “Ciumeira” e “Passa mal” (ambas na lista). Ele assina as duas com Paulo Pires, Diego Ferrari, Ray Antônio, Guilherme Ferraz e Léo Sagga (combo de compositores da empresa Single Hits, que se propõe a ser uma fábrica de sucessos).
— Tem muita gente que vê tema na internet — diz Matos. — Mas o problema é que às vezes você chega com algo que todo mundo tá falando, leva pro cantor e descobre que já chegaram três músicas pra ele sobre o mesmo tema. Gosto mais de pegar frases como “a sorte dele é que ele beija bem”, que uma amiga nossa falou e que acabou gerando “Sorte que cê beija bem” (sucesso com Maiara e Maraisa) .
Bruno Caliman — autor de hits como “Camaro amarelo” e de duas canções das 20 mais tocadas hoje, “Cobaia” e “Péssimo negócio” — tem um método mais elaborado.
— Estudei cinema, escrevo roteiro, leio muito, penso muito a construção do texto a partir da ideia de ethos e pathos de Aristóteles — conta Caliman. — Minhas músicas são quase como roteiros. Eu apresento o personagem, situo onde ele está, descrevo a cena, procuro uma perspectiva diferente. “Cobaia”, por exemplo, fala de uma relação amorosa como se fosse alguém pedindo emprego. São características das minhas canções. Mas vejo isso como um traço de um pintor, não como uma fórmula. Até porque se você copiar, não vai ter o mesmo resultado.
Graciliano e Luan Santana?
Caliman começou como compositor de jingles — chegava a cidades do interior da Bahia, compunha para os estabelecimentos locais e depois oferecia a eles suas músicas-propaganda (“Vivi disso por quatro anos”, lembra). Ele explica que a habilidade de fazer canções que “pegam” passa não só pela letra, mas pelos aspectos musicais:
— “Te esperando” (sucesso de Caliman na voz de Luan Santana) tinha um monte de acordes e dissonâncias. Mas lendo “Memórias do cárcere”, de Graciliano Ramos, percebi uma coisa. O livro tem uma parte inicial num ritmo chato, mas que depois você percebe o sentido daquilo. A primeira parte de “Te esperando” fala da vida tediosa da personagem, então refiz, pus uma melodia tediosa, repetitiva, em cima de dois acordes. E só no refrão vem o ponto de virada.
Umberto Tavares — parceiro de Jefferson Junior em “Terremoto” (dueto de Anitta e Kevinho que está no topo da lista) — também defende que arranjo e sonoridade podem ser até mais importantes do que a letra:
— O refrão de “Bang”, da Anitta, é um frase de sax. Era algo que eu percebi que estava rolando lá fora e achei que tinha tudo a ver com ela. Além disso, naquele momento o reaggaeton estava ganhando espaço no mundo, e ele fica entre 95 e 100 bpm (batidas por minuto) , bem mais lento que o funk, que é 130 bpm. Seguimos essa tendência e deu certo — lembra Tavares. — Já “Terremoto” foi feita pra Anitta e Kevinho cantarem juntos. Partimos dessa palavra, que tinha a ver com os dois, e fizemos a canção a partir daí.
Sensibilidade para perceber lacunas
A observação do mercado da música — seja as tendências internacionais, seja o comportamento do público do artista para quem se compõe — é comum a muitos dos arquitetos de hits. Autores de um dos maiores sucessos do Brasil hoje, “Jenifer”, o coletivo de compositores Big Jhows (formado por Junior Lobo, Thawan Alves, Thales Gui, Leo Sousa, Allef Rodrigues, João Palá, Fred Wilian e Junior Avellar) recorre até a estatísticas para definir seus temas. “Separada”, por exemplo, sucesso do grupo gravado por Maiara e Maraisa, foi inspirada em uma portagem sobre mulheres que cuidam dos filhos sozinhas.
Diego Barão, autor de “Atrasadinha” ao lado de Leo Brandão e Wynnie Nogueira, acredita que muitas vezes é importante identificar as tendências pra poder evitá-las:
— É bom ver onde estão as lacunas, o que não está sendo coberto. O mercado sempre quer algo novo.
Isso inclui a leitura da sociedade brasileira. Aparecem nos 20 hits códigos das redes sociais e suas implicações nas relações (“Notificação preferida”, “Status que eu não queria”), ao mesmo tempo em que o discurso da ostentação e da “inimiga” perde força.
— É fora de contexto hoje uma canção de uma mulher em competição com a outra. A batalha da fiel contra a amante (que fez sucesso no funk) hoje não teria sentido — acredita Umberto Tavares.
A rotina da composição não obedece a caprichos da inspiração. Os Big Jhows, por exemplo, trabalham com a meta de quatro músicas por dia. Vine Show — coautor de “Notificação preferida” (com Junior Gomes Thiago Alves e Samuel Alves) e “Tem o dom” (com Benicio Araujo e Jenner Melo) — resume:
— É uma linha de produção. O índice de acerto aumenta quando você tem mais material. Falam que estamos esquecendo o dom, mas vivo disso. Nos shows, vou para o meio do povo, ouvir a discussão dos namorados, as cantadinhas da balada. Costumam dizer: “você é um poeta”. Mas me considero mesmo um contador de histórias.
O Globo sábado, 16 de fevereiro de 2019
AGENDA DE BLOCOS DO RIO DE JANEIRO DESTE FIM DE SEMANA
De Imprensa a Banda de Ipanema: confira a agenda de blocos do Rio deste fim de semana
Blocos devem arrastar multidões pelas ruas da cidade
O Globo
15/02/2019 - 07:49 / Atualizado em 15/02/2019 - 19:48
Folião fantasiado curte cortejo da Banda de Ipanema, em 2018 Foto: Fernanda Dias / Agência O Globo
RIO - Milhares de pessoas devem curtir os blocos que terão cortejos neste fim de semana. Na tarde deste sábado, a Banda de Ipanema, que sairá às 17h30m na Praça General Osório. Outros blocos amados pelos cariocas como Imprensa que Eu Gamo e Carmelitas também devem arrastar foliões. Ao todo, mais de 50 blocos se apresentam em diferentes pontos da cidade, a maioria em cortejos gratuitos. Só não se diverte quem não quer.
Em razão da previsão de chuva para o sábado, os organizadores do Chá da Alice cancelaram o cortejo. Nas redes sociais, um comunicado informa que a decisão preza pela segurança de todos os envolvidos: "O Chá e a cantora Aline Wirley, convidada a puxar o trio, sentem muito, mas entendem que a segurança deve vir em primeiro lugar".
Confira a lista completa:
15 de fevereiro, sexta-feira
20h - Badalo de Santa Teresa (gratuito, no Largo das Neves, em Santa Teresa)
22h - Bloco 442 (com ingressos a partir de R$ 10, no Casarão Floresta, na Ladeira dos Guararapes 115, no Cosme Velho)
22h - Vamo ET (com ingressos a partir de R$ 15, na Ecocasa Silvestre, Rua Almirante Alexandrino 5025, em Santa Teresa)
23h - Bloco do Mug (com ingressos a R$ 10, no Espaço Bella Vista, Avenida Almirante Silvio de Noronha 301, no Aterro)
CONFIRA O TAPA-SEIO QUE BOMBOU COM ANITTA E JÁ É TENDÊNCIA NOS BLOCOS DO RIO
Pernalta com o tapa-seio no bloco Orquestra Voadora no carnaval de 2017 Fernando Lemos / O Globo
Rio de Janeiro 27/02/2017 Carnaval de Rua - Bloco Vem Cá Minha Flor Foto Márcia Foletto / Agencia O Globo Márcia Foletto / Márcia Foletto / O Globo
RI - Rio de Janeiro (RJ) - 07/01/2018 - Folioes durante o desfile do bloco "Multibloco", no Centro da cidade, abrindo o carnaval carioca. Foto Marcos de Paula / Agencia O Globo Marcos de Paula / Agência O Globo
Pernalta com o tapa-seio no bloco Vem Cá Minha Flor, no pré-carnaval de 2019 Márcio Alves / O Globo
Pernalta com flores como tapa-seio no carnaval de 2018 Felipe Grinberg / Felipe Grinberg / O Globo
Fundadora da loja Osada com várias peças do tapa-seio nos blocos de rua Reprodução/Instagram
Amanda Salles, pernalta e instrumentista com o seu tapa-seio no carnaval Reprodução/Instagram
Foliã com uma peça do tapa-seio no bloco de rua Reprodução/Instagram
16 de fevereiro, sábado
10h - Batuquebato (gratuito, no Arco do Teles 21, no Centro)
10h - Desliga da Justiça (gratuito, na Praça Santos Dumont, na Gávea)
10h - Primeiro Amor (gratuito, na Avenida Prefeito Mendes de Moraes 1250, em São Conrado)
13h - Spanta Neném (gratuito, na Ciclovia da Lagoa, em frente à saída do metrô General Osório, na Lagoa)
14h - Pink Money (gratuito, na Rua do Mercado, no Centro)
14h - Truque do Desejo (gratuito, no Arco do Teles)
14h - Te conheci na rua (gratuito, na Praia do Leme)
15h - Imprensa que Eu Gamo (gratuito, na Rua Gago Coutinho 51, em Laranjeiras)
15h - GB Bloco (gratuito, na Rua General Glicério, em Laranjeiras)
15h - Urubuzada (gratuito, na Praça Afonso Pena, na Tijuca)
16h - Carmelitas (ensaio gratuito, na Praça Tiradentes, no Centro)
16h - Panela Preta de Curicica (gratuito, na Rua João Bruno Lobo 38, em Curicica)
16h - Malandragem do Porto (gratuito, na Ladeira do Mendonça, no Santo Cristo)
16h - Bloco Seu Kuka e Eu do Grajaú (gratuito, na Praça Professor Francisco Daurea, no Grajaú)
16h - AdoroAmar e FicaComigo (ingressos a R$ 120 com open bar incluído, no Terraço Lagoon - Avenida Borges de Medeiros 1.424)
17h - Cardosão de Laranjeiras (ensaio gratuito, na Quadra do Cardosão - Rua Cardoso Junior 420, em Laranjeiras)
17h - A Febre do Samba (gratuito, na Praça Luís de Camões, na Glória)
17h - Cacique de Higienópolis (gratuito, na Rua Tamiriana 11, em Higienópolis)
17h - Vou treinar e volto já (gratuito, na Rua Martins Pena 33, na Tijuca)
17h30 - Banda de Ipanema (gratuito, na Praça General Osório, em Ipanema)
18h - Estratégia (ensaio aberto gratuito, na Pedra do Sal - Rua Argemiro Bulcão 33, na Saúde)
18h - Família Experimenta (gratuito, na Rua Presidente Vargas, na Ilha da Conceição, em Niterói)
19h - Nem Muda Nem Sai de Cima (gratuito, na Avenida Maracanã, esquina com Rua Garibaldi, na Tijuca)
20h - Bangalafumenga, New Kids On The Bloco e Que Pena, Amor (com ingressos a partir de R$ 10, no RioScenarium - Rua do Lavradio 20, no Centro)
20h - Liga de Blocos e Bandas da Zona Portuária (gratuito, na Rua Barão da Gamboa, na Gamboa)
21h - Diga Não a Monogamia (gratuito, na Pedra do Sal, Rua Argemiro Bulcão 33, na Saúde)
22h - Terreirada Cearense (com ingressos a partir de R$ 15, no CCBB, Rua Primeiro de Março 66, no Centro)
22h - Orquestra Voadora (com ingressos a partir de R$ 60, na Fundição Progresso, Rua dos Arcos 24, na Lapa)
23h - Bloco SuperBacana (com ingressos a partir de R$ 10, na Gafieira Elite, Rua Frei Caneca 4, no Centro)
16h - Tambores de Olokun (gratuito, em frente à Igreja Nossa Senhora Do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos - Rua Uruguaiana 55, no Centro)
17h - Fala Meu Louro (gratuito, na Rua Waldemar Dutra 19, no Santo Cristo)
17h - Bloco Infantil Bigodinho Esticado (gratuito, na Adriano 300, no Méier)
17h - Chinelo de Dedo (gratuito, na Rua do Mercado 23, Centro)
17h - Xodó da Piedade (gratuito, na Rua Angelina 195, em Piedade)
17h - Turbilhão Carioca (gratuito, no Blend Steak Bar - Rua Cirne Maia 29, Cachambi)
18h - Bloco do 1030 (gratuito, na Avenida dos Mananciais 1030, na Taquara)
18h - Coração das Meninas (gratuito, no Largo de São Francisco da Prainha, na Gamboa)
18h - Morto com Farofa (gratuito, na Rua Itápolis 7, em Campo Grande)
19h - Banda da Saens Pena (gratuito, na Praça Saens Pena 63, na Tijuca)
19h - Pra Se Apaixonar (gratuito, na Rua Vital 311, em Quintino Bocaiúva)
20h - Imortais (gratuito, na Praia de Piratininga, em Niterói)
O Globo sexta, 15 de fevereiro de 2019
ROCK IN RIO - ATRAÇÕES
Rock in Rio 2019 anuncia Red Hot Chili Peppers e Dave Matthews Band
Banda californiana, que veio ao festival em 2001, 2011 e 2017, será a principal atração do dia 3 de outubro; grupo de jazz-rock tocará na noite do Bon Jovi, 29 de setembro
O Globo
14/02/2019 - 21:25 / Atualizado em 14/02/2019 - 21:50
O grupo californiano Red Hot Chili Peppers Foto: Divulgação/Steve Keros
A partir de hoje, já são conhecidos seis dos sete headliners do Rock in Rio, que acontece entre setembro e outubro no Parque Olímpico: velhos habituês do festival, os Red Hot Chili Peppers estão confirmados como atração principal do dia 3 de outubro. O quarteto de Los Angeles se une a um time que já tinha, pela ordem, Drake (27/9), Bon Jovi (29/9), Iron Maiden (4/10), P!nk (5/10) e Muse (6/10, no encerramento). O festival também anunciou ontem a Dave Matthews Band como atração do dia 29, antes do Bon Jovi.
Depois de sua estreia no Brasil, no Hollywood Rock de 1993, o mesmo de Nirvana e Alice In Chains, os Red Hot Chili Peppers, do cantor descamisado Anthony Kiedis e do baixista eventualmente peladão Michael “Flea” Balzary, os Red Hot Chili Peppers levaram oito anos para voltar, o que aconteceu no Rock in Rio de 2001 — quando a Dave Matthews Band, então muito popular no país, também foi uma atração. De lá para cá, foram muitas vindas, que agora configuram uma espécie de tricampeonato, com Rock in Rio e Lollapalooza em três anos seguidos, de 2017 a 2019.
A banda americana Dave Matthews Band Foto: Divulgação
Também frequente no Brasil, a banda de rock com pitadas de jazz liderada por Dave Matthews, americano nascido na África do Sul, volta ao Rock in Rio depois de 18 anos. O grupo, que lançou em em 2018 o disco “Come tomorrow”, virá pela primeira vez sem o violinista Boyd Tinsley, que se desligou no ano passado.
Nesta semana, o Rock in Rio anunciou também as atrações do Rock District , que terá nomes como os irmãos Rogério Flausino e Sideral e o cantor Dinho Ouro Preto
O Globo quinta, 14 de fevereiro de 2019
A MARATONA DE DEBORAH SECCO
Baile do Copa, Camarote na Sapucaí e Disney: a maratona de Deborah Secco no carnaval
POR MARINA CARUSO
O carnaval nem começou e ela já se vestiu de borboleta, coelhinha, diva italiana... “Adoro essa época do ano. A gente se julga menos e fantasia mais”, diz Deborah Secco, que tem feito altas produções. Rainha do baile do Copa e musa do camarote Allegria, a atriz embarca para a Disney na Quarta-Feira de Cinzas. Vai levar a filhota para o verdadeiro reino das fantasias. “Ela adora se vestir de princesa, em especial, de Bella. Já eu, quando menina, curtia a Branca de Neve por que tinha cabelo escuro, como o meu”, relembra a agora loura platinada.
O Globo quarta, 13 de fevereiro de 2019
PÍLULA DE INSULNA
Pílula de insulina pode substituir injeção em portadores de diabetes
Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT) desenvolveram cápsula que pode ser tomada por via oral
Cápsulas de insulina podem começar a ser testadas em humanos em 3 anos Foto: NY Times
RIO e WASHINGTON - Um grupo de pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT), nos EUA, desenvolveu uma pílula que pode ser ingerida por pacientes portadores de diabetes em substituição às injeções de insulina. A inspiração para a criação da cápsula foi o formato do casco da tartaruga-leopardo, que permite que o animal consiga rolar sobre o próprio eixo. O objetivo era reproduzir a capacidade de auto-orientação do bicho para que a pílula chegasse ao estômago, uma vez que os medicamentos contendo insulina poderiam ser destruídos pelo ácido do sistema digestivo durante a ingestão.
Dentro da cápsula há uma pequena agulha que libera a insulina quando o dispositivo chega à parede do estômago. A agulha é presa a uma mola e protegida por um disco de açúcar. O dispositivo é eliminado normalmente, após a liberação da insulina, no processo de digestão.
Testes em humanos em três anos
À revista Science, os pesquisadores disseram que a cápsula de insulina já foi testada em ratos e porcos, e que a expectativa é de que os testes em humanos comecem em três anos. A descoberta ainda requer muitos testes por segurança e para garantir que não haja prejuízo ao estômago, por exemplo, mas a expectativa é de que a pílula também seja usada para outros medicamentos injetáveis, não só para a insulina.
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Rodrigo Moreira, os resultados do estudo talvez sejam vistos em cinco a dez anos:
— É algo ainda muito inicial, eles testaram para saber se a cápsula funcionava, não para saber se em pacientes com diabates ela funcionaria para baixar a glicose. Este estudo abre uma perspectiva para que outros testes sejam feitos. Caso a pílula seja válida para pacientes com diabetes, ainda seria necessário testar quantas cápsulas o paciente precisaria tomar, qual seria o custo disso para saber se o tratamento seria viável. Este é um ponto extremamente importante.
O Globo segunda, 11 de fevereiro de 2019
RAINHA DO PORTO DA PEDRA VAI MISTURAR SAMBA COM DANÇA DO VENTRE
Rainha da Porto da Pedra vai misturar samba com dança do ventre na Avenida
Rainha de bateria da Porto da Pedra, Kamila Reis mora (e dança) em Dubai há nove anos. E decidiu levar à Avenida um samba com o toque árabe da dança do ventre. “Os árabes amam o ritmo. Só não posso me apresentar de biquíni”, conta.
O Globo domingo, 10 de fevereiro de 2019
FESTIVAL GASTRONÔMICO NA AUSTRÁLIA
Festival gastronômico coloca região ocidental da Austrália no mapa
Local combina natureza, atividades ao ar livre e culinária
Besha Rodell/2019/The New York Times
10/02/2019 - 04:30
Tendas montadas para o festival Margaret River Gourmet Escapade Foto: Graham Miller/The New York Times
É fim de tarde na região de Margaret River, no estado da Austrália Ocidental. Os raios dourados do sol poente lançam um suave matiz sobre os vinhedos e são filtrados por florestas de eucaliptos. A paisagem às vezes parece europeia. As estradas que margeiam os campos de feno formam túneis atravessando bosques. De repente, surge um grupo de cangurus cinza descansando sob as árvores, ou então, após uma curva da estrada, aparece o intenso azul do Oceano Índico.
Não há dúvida de que a região reúne todos os elementos para seduzir turistas esfomeados (e sedentos). É um lugar deslumbrante, e, embora seja uma das mais recentes regiões vinícolas do mundo, já é bem robusta, com quase cem adegas. Mas está longe de ser o único paraíso produtor de vinho na Austrália, onde há muitos outros mais antigos e de mais fácil acesso. E, no entanto, o turismo em Margaret River e região está bombando, com um aumento de 37% no número de visitantes internacionais apenas nos últimos três anos.
A Austrália apostou numa estratégia de turismo voltada para a culinária, e não apenas para sua população de animais fofinhos. O centro da explosão turística na Austrália Ocidental é o Margaret River Gourmet Escape, um grande festival de vinhos e comidas.
Perth já é uma das mais distantes capitais do mundo, a cinco horas de voo de Sydney ou de Cingapura. E são mais três horas de carro entre Perth e Margaret River, a pequena cidade que dá nome à região.
Nigella já deu pinta lá
Dez anos atrás, Perth estava no auge de um período de mineração, e os hotéis lotavam. A secretaria de turismo buscava uma forma de incentivar os visitantes a viajar mais além da capital. Ao mesmo tempo, a Brand Events — conhecida pelos festivais “Sabores de...” em diversas cidades — procurava pelo mundo um lugar onde montar seu próximo grande festival gastronômico. (Depois, a Brand Events foi comprada pela IMG, empresa internacional de esportes, moda e eventos.)
O Margaret River Gourmet Escape foi inaugurado em 2011. Desde então, retorna à região todo ano em novembro. Em 2018, atraiu mais de 20 mil pessoas. O festival tem eventos espalhados pela região e consiste em jantares com degustação de vinhos, festas, sessões de autógrafos e uma “vila gourmet”, com palco para palestras e apresentações culinárias.
Uma das chaves do sucesso do festival é atrair chefs do mundo inteiro. Nigella Lawson foi a estrela em 2018. Durante o tempo que passou lá, mostrou fotos aprazíveis do evento a 1,4 milhão de seguidores no Instagram.
O festival em 2018 foi praticamente isso. Nigella vestindo um longo esvoaçante numa praia ao pôr do sol, brindando à multidão meio ébria de foliões. O mar calmo e de um azul quase metálico, a praia decorada com enormes tendas com áreas de descanso, garçons passando com travessas de camarões grelhados e belos coquetéis, e luzes cintilantes em cordéis deixando todos mais atraentes do que na verdade eram.
O Globo sábado, 09 de fevereiro de 2019
CASTELO DE EX-DEPUTADO CONTINUA À VENDA
Castelo erguido por ex-deputado federal no interior de Minas Gerais continua à venda, dez anos depois
Castelo erguido por ex-deputado federal no interior de Minas Gerais continua à venda, dez anos depois
Era uma vez um castelo. Com 12 torres, piscinas, sauna, lago particular, jardins e um campo de golfe, tudo num terreno do tamanho de 268 campos de futebol. No interior da construção, 36 suítes com hidromassagem, decoração com vários tipos de mármore, adega para 8 mil garrafas, cozinha industrial e dois elevadores. Não, este não é o início de um conto de fadas moderno. Estamos voltando a uma notícia de dez anos atrás, quando o país conheceu o nada humilde castelo da família do então deputado federal Edmar Moreira, no distrito de Castro Alves, zona rural do município de São João Nepomuceno, na Zona da Mata Mineira.
Na época em que a informação veio a público, o chamado Castelo Monalisa estava à venda, avaliado em mais de R$ 20 milhões. Uma década depois, o lugar continua à espera de um comprador. Está anunciado no site de uma imobiliária que, por telefone, confirmou a oferta do bem, mas comunicou que só informa o montante pedido pelo proprietário mediante carta de interesse de um possível comprador. Um profissional da área estimou o valor de mercado em R$ 60 milhões. O "Blog do Acervo" tentou contato com o agora ex-parlamentar, mas sem sucesso.
Em fevereiro de 2009, Moreira tomou posse como corregedor da Câmara dos Deputados e gerou controvérsia ao afirmar que parlamentares não podem investigar e punir seus colegas de Casa devido ao que ele classificou como “vício insanável da amizade”. Dias depois, ainda no início daquele mês, o "Estado de Minas" publicou uma reportagem com fotos e descrição do imóvel à venda, seguido por toda a imprensa nacional. O GLOBO estampou uma foto aérea da propriedade em sua primeira página do dia 5 de fevereiro, informando que o lugar não constava da declaração de bens do então deputado federal.
De acordo com aquela edição do GLOBO, na declaração de bens do filho de Edmar, o ex-deputado estadual Leonardo Moreira, ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Minas, em 2006, ele informava possuir um terreno na área rural de Carlos Alves no valor de R$ 3,1 milhões. Na de Edmar Moreira, aparecia um imóvel no valor R$ 17,5 mil, no mesmo distrito, em uma praça a cerca de dois quilômetros do castelo. Ainda segundo a reportagem, o então deputado federal havia declarado bens de aproximadamente R$ 9,5 milhões, incluindo ações, imóveis, veículos, aplicações financeiras e dinheiro em espécie.
Na época, Edmar Moreira dizia não ver motivo para escândalo, alegando que construiu o castelo de 1982 a 1990, antes de assumir seu primeiro mandato, em 1991, e que depois passou a propriedade do imóvel a seus filhos, Leonardo e Julio Moreira. Mesmo assim, no dia 8 de fevereiro de 2009, o parlamentar do DEM não sucumbiu à pressão da imprensa, da opinião pública e de colegas e renunciou aos cargos de corregedor e vice-presidente da Mesa Diretora da Câmara.
Em entrevista à TV Globo em fevereiro de 2009, Leonardo Moreira, na época deputado estadual, declarou que a intenção de seu pai era criar um hotel de luxo no castelo, para levar turismo de alta renda à região. Quando as obras do imóvel tiveram início, em 1982, havia o projeto de construir um aeroporto nas proximidades, o que facilitaria a chegada de voos particulares. No entanto, o terminal não saiu do papel, e as obras do castelo também ficaram inacabadas.
Em 2014, o site de notícias "G1" revelou que o imóvel continuava à venda, na época por R$ 40 milhões. Segundo um corredor ouvido pelo "Blog do Acervo", a dificuldade para vender a propriedade pode ser associada a dois fatores: uma retração no mercado de hotéis e resorts em Minas Gerais e a publicidade negativa que foi gerada em torno do castelo desde 2009.
No site "Corretores Associados", o Castelo Monalisa é descrito com detalhes, exaltando características que poderiam ser exploradas por uma empresa do ramo da hotelaria. "Reúne em seu conjunto arquitetônico mais de 36 suítes, todas equipadas com sistema central de ar condicionado e controle remoto individual em todos os ambientes. Todas as suítes dispõem de closet e sistema individual de ar condicionado possuindo design diferente uma das outras, o que torna o empreendimento totalmente diferenciado de tudo o que já foi construído no país". O texto diz ainda que "o prédio principal ainda não se encontra mobiliado e certos detalhes do acabamento ainda não foram feitos, pois na eminência de sua comercialização para a rede hoteleira, empresa ou até mesmo pessoa física, certamente o empreendedor faria a decoração interna que mais lhe aprouvesse".
O Globo sexta, 08 de fevereiro de 2019
INCÊNDIO DEIXA 10 MORTOS NO NINHO DO URUBU
Incêndio deixa dez mortos no Ninho do Urubu, centro de treinamento do Flamengo
Três pessoas ficaram feridas, uma delas em estado grave; área atingida é o alojamento onde dormem os jogadores de base, com idades entre 14 e 16 anos
Ana Carolina Torres
08/02/2019 - 07:22 / Atualizado em 08/02/2019 - 09:40
Incêndio no alojamento da base do Flamengo no Ninho do Urubu Foto: Fabiano Rocha / O Globo
RIO — Um incêndio de grandes proporções matou dez pessoas no Ninho de Urubu — centro de treinamento do Flamengo —, em Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio, na manhã desta sexta-feira. A informação foi confirmada pelo Corpo de Bombeiros. Três pessoas ficaram feridas — uma delas estaria em estado grave — e foram levadas para o Hospital municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, também na Zona Oeste. Segundo o tenente-coronel do Corpo de Bombeiros Douglas Henaut, o incêndio foi no alojamento, onde dormem os jogadores de base.
Dos dez mortos, seis eram jogadores e quatro funcionários do Flamengo. Dois dos jovens atletas estavam em período de testes, segundo um dirigente do clube.
Três jovens feridos no incêndio foram levados para o Hospital municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, também na Zona Oeste. Os feridos foram identificados como Cauã Emanoel Gomes Nuines, de 14 anos, que é de Fortaleza e está há três anos no Rio; Francisco Diogo Bento Alves, de 15, e Jonathan Cruz Ventura, também de 15.
O estado de saúde mais grave é o de Jonathan. Ele teve 40% do corpo queimado. A Secretaria muncipal de Saúde classificou o estado de saúde dele como gravíssimo e informou que o jovem será transferido para o Centro de Tratamento de Queimados do Hospital municipal Pedro II, em Santa Cruz, ainda na Zona Oeste.
O alojamento atingido pelo fogo é na parte antiga do CT, que foi recentemente reformado. O espaço ia ser desativado e demolido pelo clube.
Um bombeiro no local do incêndio Foto: Fabiano Rocha
Equipes de bombeiros continuam no local. A informação é de que o fogo já está controlado, e os bombeiros estariam numa operação rescaldo. Ainda não se sabe o motivo de o fogo ter começado.
Luto de três dias
O governo estadual vai decretar luto oficial de três dias. O secretário estadual de Esportes do Rio, Felipe Bornier, afirmou que a pasta vai dar todo o apoio e suporte para as famílias, já que muitas não eram do Rio. Bornier destacou ainda que a secretaria vai apurar o que aconteceu. Ele ainda revelou que outros secretários estaduais estão a caminho do Centro de Treinamento.
Centro é usado pela equipe de futebol e por categorias de base
O Ninho do Urubu — como ficou popularmente conhecido Centro de treinamento presidente George Helal — foi construído em 2014 e é usado pela equipe de futebol profissional do Flamengo e por suas categorias de base. O local fica numa área localizada em Vargem Grande e tem um módulo profissional, dois campos, campo de treinamento para goleiros e alojamento, entre outras estruturas.
Em 2018, foi inaugurado o novo módulo profissional — a estrutura anterior foi deixada para as categorias de base. Para o futebol profissional foi disponibilizada um novo módulo, com novos alojamentos, parque aquático, academia e mais um campo de futebol (o quinto).
Sede da Gávea atingida pelo temporal
Na noite de quarta-feira, a sede do Flamengo, na Gávea, foi atingida pelo forte temporal e ficou com um rastro de destruição. Sem luz, o local está fechado e as atividades suspensas nesta quinta-feira, para uma avaliação nas dependências.
Árvores e galhos caíram perto da área das piscinas, assim como no exterior, em algumas das entradas do clube. A força do vento e da chuva fez com que algumas delas fossem arrancadas desde a raiz, prejudicando até o acesso via a pé e de carros no interior da sede.
O Globo quinta, 07 de fevereiro de 2019
CAMILA PITANGA E BRUNA LINZMEYER PROTAGONIZAM CENAS PICANTES
amila Pitanga e Bruna Linzmeyer protagonizam cenas quentes em clipe da Letrux
POR MARIA FORTUNA
Hit dançante do disco “Letrux em noite de climão”, a música “Ninguém perguntou por você” tem clipe protagonizado por Bruna Linzmeyer e Camila Pitanga. Numa pista de dança, elas se paqueram e sensualizam. “A canção fala de um amor inventado: perfeito na imaginação e um desastre na vida real”, diz Letrux. “Ninguém pode mandar no nosso pensamento, em quem desejamos, com quem queremos fazer suruba ou ter um filho”. Para Bruna, há muitas maneiras de falar sobre ódio. “Uma delas é não falar sobre ele, mas sobre amor”. Dirigido e roteirizado por Pedro Henrique França, o clipe será lançado domingo.
O Globo quarta, 06 de fevereiro de 2019
O MELHOR DOS QUIOSQUES DO RIO, DO LEME AO RECREIO
Selecionamos o melhor dos quiosques do Rio, do Leme ao Recreio
Eles estão com ambientes charmosos, gastronomia caprichada, serviço igual ao de restaurante e drinques assinados
Lívia Breves
06/02/2019 - 04:30 / Atualizado em 06/02/2019 - 08:58
Paella de frutos do mar do Marea, quiosque do Grupo Fasano no Arpoador Foto: Ana Branco / Agência O Globo
O cenário pode ser de um mar azul em dia de Arpoador caribenho, de um pôr do sol cor-de-rosa entre as palmeiras do Leme ou ainda de ondas suaves batendo sobre a areia branquinha da Praia da Barra. Poucos lugares conseguem ter vistas tão privilegiadas para aproveitar o verão carioca quanto os quiosques. Agora, seus cardápios fazem jus à localização: há lagosta na brasa, massas artesanais, seleção de crudos, paellas, ceviches, tábuas de queijos brasileiros e um tanto mais. Fizemos uma seleção dos pontos que você precisa conhecer nesta temporada.
O Marea, quiosque do Fasano, já causava frisson antes mesmo de abrir. Levar para a areia um menu com o status do grupo deixou a cidade ansiosa. Neste verão, eles finalmente fincaram o deque nas areias do Arpoador. Logo cedo, os serviços são abertos, com opções de café da manhã e piadinas. Mas o melhor é aproveitar um almoço tardio, começando com o coquetel de camarão, vinagrete de polvo ou pasteizinhos, e seguindo com opções boas de compartilhar, como o arroz de bacalhau ou os mexilhões ao vinho branco. Para beber, além de mate da casa, kombucha e sucos, há uma seleção de drinques clássicos e novidades, como o Carioca Tonic, que leva gim, caju, hortelã e limão-siciliano. A ideia do cardápio, bolado por Rogério Fasano e Danio Braga, foi criar uma experiência que representasse o mar e fosse para todos.
Coquetel de camarao, do Marea, no Arpoador: perfeito para um fim de tarde fresco Foto: Ana Branco / Agência O Globo
— Privilegiamos os petiscos de beira-mar, os pastéis, que são bem cariocas, até as ostras, que servimos de maneira descontraída. Nossos arrozes e pratos para compartilhar chegam à mesa em panelas de ferro. Queremos mostrar um conceito novo do grupo Fasano, mais acessível, mais jovem. A carta de vinhos segue essa linha e é focada em rótulos leves e frescos, com muitos brancos e rosados frutados. Vamos mudar o cardápio de acordo com a estação, para ter sempre novidades. Quem sabe quando esfriar teremos um cassoulet de frutos do mar? — conta Danio.
Katia Barbosa levou o Aconchego Carioca para as areias do Leme. Vinagretes, ceviches e bolinhos de bobó são as apostas, mas ela avisa: para quem quiser um baião de dois, também tem.
O ceviche do quiosque do Aconchego Carioca, no Leme, ideal para acompanhar o pôr do sol colorido Foto: Ana Branco / Agência O Globo
— Pensei em um Aconchego de praia, mas não deixei de lado a cara do restaurante. Alguns pratos são exclusivos, mas outros são iguais. Inventei um mate gaseificado que está demais.
Carpaccio de polvo servido no quiosque Gávea Beach Club, que abriu no Leme; Em breve, eles abrem um espaço no subsolo no estilo taberna Foto: Ana Branco / Agência O Globo
Ali do lado, o Gávea Beach Club acaba de inaugurar seu novo ponto. Com menu mediterrâneo, criado pela chef italiana de Nápoles Jolanda Ruggiero, há massas grano duro, peixes assados no sal e um espaguete “alla nerano”, de abobrinha frita, em uma receita que ela aprendeu em Capri. Logo, logo, o subsolo (onde já funcionou até uma boate) virará a Taberna Del Mar e terá uma charcutaria típica da Espanha.
No canto direito da Praia de São Conrado, o So.Ga tem atraído uma galera que gosta de comidinhas vegetarianas. A localização privilegiada, com gramadinho e vista para a pedra, combina-se com os quitutes gostosos que o casal Sofie Mentens e Gabriel Ferrari prepara. “Bruschettões” de cogumelos e de guacamole, cuscuz marroquino, açaí adoçado com xarope de açúcar mascavo e sucos prensados são uma delícia.
O açaí adoçado com xarope de mascavo vem acompanhado porgranola, morangos e banana no So.Ga, em São Conrado, que tem gramadinho e cardápio natural Foto: Ana Branco / Agência O Globo
A mixologista Jessica Sanchez abriu um quiosque que parece a casa do Robinson Crusoé: é tudo de madeira e palha, com redes, poltronas e bancões. Ela conta que a inspiração são os bares de Tulum, no México. Os drinques, como já é de se esperar, são ponto altíssimo. Opções como o Skavurska Mule (vodca, soda de gengibre e espuma de graviola) e o Kentuck Thing (uísque, hortelã, maracujá e baunilha) confirmam a definição do Bar&Co: uma experiência de coquetelaria na praia. As comidinhas não ficam para trás: há ótimos tartares, risotos e tábuas de embutidos.
Panelinha de camarão no azeite do quiosque Bar & Co, da mixologista Jéssica Sanchez, na Barra. Ambiente de madeira inspirado nos bares de Tulum, no México Foto: Ana Branco / Agência O Globo
Móveis brancos, cortinas esvoaçantes e decoração azul fazem o Pesqueiro, no Recreio, ter jeitão de festa em Ibiza. A música eletrônica reforça o clima. Do bar, saem drinques coloridos, como o Ocean (soda de laranja vermelha, RedBull, espumante, limoncello e gim), e chamativos, como o que vem em um abacaxi. Peixes e frutos do mar são preparados na brasa e chegam da cozinha acompanhados por arroz de cúrcuma. Se você é de festa, dá para esticar até a noite.
Cardápio com muitos peixes e frutos do mar preparados na brasa são servidos no Pesqueiro, na Reserva Foto: Ana Branco / Agência O Globo
Definitivamente, foi-se o tempo em que o mate com biscoito polvilho eram as únicas opções da praia.
O Globo terça, 05 de fevereiro de 2019
COPA DO BRASIL COMEÇA HOJE
Longa, difícil e milionária: Copa do Brasil começa e mostra o tamanho do país
Torneio tem início nesta terça-feira
Thales Machado
05/02/2019 - 05:00 / Atualizado em 05/02/2019 - 06:56
Cruzeiro é o atual campeão da Copa do Brasil Foto: Marcelo Theobald / Agência O Globo
Dezesseis candidatos por vaga. Poderia ser a estatística de um difícil vestibular, ou de um concorrido concurso público, mas é a situação da Copa do Brasil, que se inicia nesta terça-feira com o confronto entre River-PI e Fluminense, às 21h30. Será um torneio de extremos em vários sentidos, a começar pela dificuldade. Os 80 times que iniciam a competição se enfrentarão em quatro fases eliminatórias, as duas primeiras com jogo únicos e as duas seguintes com ida e volta. Só cinco times sobreviverão.
Daqui a três meses, depois de 90 jogos, os classificados se juntarão ao onze já garantidos nas oitavas de final. E é aí, com a chegada dos clubes que estão na Libertadores e dos campeões da Série B, Copa do Nordeste e Copa Verde, que começam os 30 jogos que definirão o milionário campeão, que receberá, ao todo, R$ 70 milhões (se passar por todas as fases), um recorde na história de competições esportivas entre clubes no Brasil.
O extremismo também vem na premiação, e de forma parcelada: só por competir, os 80 clubes recebem cotas variadas entre R$ 525 mil e R$ 1,05 milhão, dependendo de sua posição no ranking da CBF e em que divisão estão no Brasileiro. Passar de fase já vale mais um cheque que pode ser de R$ 625 mil a R$ 1,25 milhão. Os cinco sobreviventes das quatro primeiras fases podem embolsar, até maio, R$ 5,65 milhões. Um orçamento que pode salvar o semestre de muito time grande, e ser um prêmio de loteria para clubes pequenos que consigam cumprir o tradicional papel de zebra da competição.
E o dinheiro é espalhado pelos quatro extremos do país. Se a abertura, hoje, é na nordestina Teresina, no Piauí, amanhã já tem jogo na paranaense e sulista Foz do Iguaçu, o confronto entre o estreante Foz-PR e Boa Esporte-MG. Mesmo protocolo, torneio e premiação, a 3 mil quilômetros de distância.
E pra quem quiser, tem time mais pra baixo: o Brasil de Pelotas é o clube mais ao sul do torneio (enfrenta o Atlético Tubarão-SC, fora de casa). Do outro lado da bússola está a capital de Roraima, Boa Vista, sede do São Raimundo, o clube mais ao norte. Um confronto entre os dois é quase impossível nesta edição, mas se o São Raimundo vencer o América-MG no dia 13, em casa, e o Juventude passar pelo Palmas, no Tocantins, os gaúchos terão que visitar Roraima na fase seguinte.
Rio Branco e Galvez, no Acre, e o Botafogo-PB, em João Pessoa, completam, a oeste e leste, os pontos cardeais da Copa do Brasil de 2019.
A maior viagem desta primeira fase, porém, será do Avaí. O time catarinense, promovido para a Série A em 2019, sairá de Florianópolis e terá que enfrentar o Real Ariquemes, em Ariquemes, interior de Rondônia, no dia 13. Em linha reta, são 2.484 quilômetros de distância entre as cidades.
Se um torcedor avaiano quiser ir de avião, saindo um dia antes do jogo e voltando na manhã seguinte, terá que pagar cerca de R$ 2.000 para ir e voltar. Além de caro, cansativo: conexões em Campinas e Cuiabá, e 200km de carro de Porto Velho até Ariquemes. De ônibus, dá para ir até Joinville-SC e de lá seguir para Rondônia: são dois dias e cinco horas de viagem para 90 minutos de futebol.
Há também quem viaje sem precisar. O cearense Ferroviário enfrenta o Corinthians “em casa”. Aproveitou e vendeu o mando de campo: vai jogar em Londrina, no Paraná, tentando lucrar com a bilheteria.
A bola rola nesta terça-feira e o campeão só sai no dia 11 de setembro, data da final. O caminho, definitivamente, é longo.
O Globo segunda, 04 de fevereiro de 2019
AS JOIAS ARTESANAIS E COLORIDAS DE MARIA FRERING
As joias artesanais e coloridas de Maria Frering
Neta de Carmen Mayrink Veiga, designer lança brincos, colares e anéis de prata, com banho de ouro, pedras brasileiras e bordado em ponto cruz
Marcia Disitzer
04/02/2019 - 04:30
Maria Frering Foto: Fábio Guimarães/Agência O Globo
Neta de um dos maiores símbolos de elegância do país, a saudosa Carmen Mayrink Veiga, e filha da atriz Antonia Frering, a designer de joias Maria Frering, de 28 anos, não demorou muito para encontrar no belo a sua verdadeira vocação. Arriscou-se numa faculdade de Economia, mas, ao longo do processo, percebeu que amava desenhar; seu desejo era dar vida às formas que esboçava no papel e usá-las. Quando se deu conta, estava estagiando na marca da joalheira Julia Monteiro de Carvalho, da onde saiu para criar a Voya, em parceria com Camila Cunha. A sociedade se desfez no ano passado e agora Maria entra numa nova — e colorida — fase, com o lançamento da grife que leva seu nome.
Anel criado por Maria Frering Foto: Lucas Mendes
— A coleção, batizada Estudo de Cor, tem um link com o artesanato brasileiro. As joias são de prata, com banho de ouro ou de ródio, pedras brasileiras, como citrino, ametista, topázio e granada, e bordado em ponto cruz, feito diretamente no metal, com fios de algodão egípcio — explica Maria. — Gosto do contraste do opaco dos fios com o brilho das pedras. Estudei gemologia em Nova York e sou muito ligada na energia que as pedras transmitem.
Para colocar a coleção de pé, Maria teve que “inventar” uma técnica.
— Foi um caminho difícil, precisei de parceiros que topassem o desafio. Para fazer o ponto cruz é necessário planejar cada furo no metal. Também desenvolvi forro para as joias. Dessa maneira, não é possível ver o fundo do bordado, garantindo mais durabilidade e resistência — detalha.
Colar assinado por Maria Frering Foto: Lucas Mendes
Por enquanto, é a própria designer quem borda manualmente cada peça — as joias estão à venda na multimarcas paulista Pinga, no e-commerce shop2gether e no Instagram da sua marca. Mas em breve isso vai mudar: ela planeja associar a joalheria a um projeto social.
— Quero treinar um time de artesãs cariocas que aprenda essa técnica de bordado. Mulheres que possam trabalhar em suas próprias casas e ter uma renda extra.
Dividida entre brincos, anéis e colares, a coleção desenhada por Maria traz um vibrante jogo de cores — vermelho, rosa quase lilás, verde-esmeralda e azul Klein estão na cartela —, que pode ser determinado pela cliente.
— Quando eu era mais nova, uma das salas da casa dos meus pais era amarela, rosa e azul. O tecido foi ficando velho, mas meu pai não deixava trocá-lo por ter “as cores da Maria”, já que eu era um bebê louro, de olho azul e pele meio rosada. Toda vez que deparo com esse mix, volto àquele lugar e àquele momento. Acredito que a combinação das cores pode despertar memórias.
A influência de Carmen, segundo a neta, está presente em suas escolhas:
— Minha avó, além de ter amado e conhecido profundamente o universo das joias, tinha acessórios incríveis que me chamavam muito a atenção. Ela me deu um livro que guardo com muito carinho sobre a joalheria francesa Chaumet, uma das mais antigas do mundo, que fala sobre joias afetivas.
Rosa quase lilás no brinco Foto: Lucas Mendes
Casada no civil com o executivo do mercado financeiro Lucas Câmara e mãe dos gêmeos Antônio e Emanuel, de 2 anos e 2 meses, Maria também trabalha como influenciadora digital.
— Minha ideia foi construir um público com quem eu pudesse conversar sobre assuntos de que gosto. Todo domingo, escolho e estudo um tema relacionado ao universo da joalheria e faço Stories — diz Maria, que vai realizar, em maio, um grande sonho. — Sou católica, muito religiosa e sempre quis entrar na igreja. Vamos nos casar na Igreja Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé. Estou muito emocionada.
O Globo domingo, 03 de fevereiro de 2019
DAVI ALCOLUMBRE, NOVO PRESIDENTE DO SENADO TEVE ASCENSÃO RELÂMPAGO
Novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre teve ascensão relâmpago com vitórias sobre caciques
Antes de vencer disputa com Renan Calheiros, senador do DEM já havia derrotado o grupo político de José Sarney
O Globo
02/02/2019 - 18:58 / Atualizado em 02/02/2019 - 19:03
Davi Alcolumbre agradece o apoio dos colegas na eleição do Senado Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
RIO — Apoiado pelo ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni,Davi Alcolumbre (DEM-AP) desafiou o então todo-poderoso Renan Calheiros (MDB-AL) e, após dois dias de duros embates em plenário, venceu a eleição para apresidência do Senado . Mas esta não foi a primeira vez que o senador colocou em dificuldades um cacique do MDB.
ELEIÇÃO DO PRESIDENTE DO SENADO
Senador Renan Calheiros (MDB-AL) discursa durante votação neste sábado Daniel Marenco / Agência O Globo
O senador Major Olímpio (PSL-SP) torna público seu voto durante a sessão Daniel Marenco / Agência O Globo
Senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) cumprimenta parlamentar durante sessão para eleição do presidente do Senado Daniel Marenco / Agência O Globo
Senadores Davi Alcolumbre (DEM-AP) e Katia Abreu (PDT-TO) Daniel Marenco / Agência O Globo
Sessão plenária do Senado Federal para eleição do presidente do Senado Daniel Marenco / Agência O Globo
Os senadores Simone Tebet (MDB-MS) e Davi Alcolumbre (DEM-AP) conversam no plenário Daniel Marenco / Agência O Globo
Davi Alcolumbre recebeu 42 votos, contra apenas cinco de Renan Calheiros, que abandonou a disputa durante a votação. Sua candidatura foi beneficiada pela desistência de outros senadores contrários ao emedebista - Simone Tebet (MDB-MS), Major Olimpio (PSL-SP) e Alvaro Dias (PODE-PR) anunciaram em discursos na tarde deste sábado que não concorrereriam.
Para tentar viabilizar o voto aberto para a presidência da casa - movimento considerado prejudicial a Renan Calheiros, mas que acabou derrubado pelo presidente do STF, Dias Toffoli - Alcolumbre se antecipou aos rivais e ocupou a cadeira da presidência do Senado no início da tarde de sexta-feira. Um ato aparentemente banal, sentar à cadeira garantiu o êxito da manobra que levou à aprovação de voto aberto e deu a ele o controle do Senado em um dia crucial. Uma de suas medidas foi exonerar Luiz Fernando Bandeira de Melo Filho, secretário-geral do Senado e aliado de Renan.
Por sugestão do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Alcolumbre sentou-se na cadeira da presidência às 14h45m, quinze minutos antes do início da sessão de posse dos senadores eleitos, e só abandou o posto depois das 22h15m, quando terminou a segunda e mais tensa sessão do dia. Aliada de Renan Calheiros (MDB-AL) — que tenta presidir o Senado pela quinta vez — a senadora Kátia Abreu (PDT-TO) até tentou, com apoio de outros senadores, desalojar Alcolumbre. Mas o senador do Amapá resistiu no posto até o fim.
O Globo sábado, 02 de fevereiro de 2019
BRONZEAMENTO SAUDÁVEL: SETE DICAS
Sete dicas para conquistar um bronzeado saudável
Apesar dos malefícios do sol, isso pode ser alcançado de forma sadia
Sete dicas para manter o bronzeado Foto: Shutterstock
Chega o verão e todo mundo quer ostentar uma pele bronzeada, que, apesar dos malefícios do sol, pode ser alcançada de forma sadia, segundo a dermatologista Marcella Alves, da clínica Les Peaux. Abaixo, ela dá sete dicas para aproveitar o melhor do sol.
1. Capriche no creme
Uma pele bem hidratada é o primeiro passo para conservar o bronzeado. Portanto, invista em produtos que contenham ureia, que retém umidade, e óleos vegetais, que melhoram a elasticidade. Uma dose extra de ácido hialurônico, que normalmente já é produzido pelo corpo, também deixa os tecidos nos trinques.
2. Atenção à esfoliação
O processo elimina as células mortas, promove limpeza profunda e ajuda a evitar o surgimento de manchinhas que podem aparecer com o sol. Esfolie principalmente o rosto, de duas a três vezes na semana. Isso também vai melhorar a absorção de cremes e autobronzeadores.
3. Tenha um ritual pós-praia
Se você já se perguntou se os produtos pós-sol fazem diferença, saiba que a resposta é sim. Os que prometem prolongar o bronzeado geralmente têm ingredientes como aloe vera, que acalma e hidrata a epiderme. Podem ser usados no corpo ou no rosto, após o banho.
Aloe vera para manter o bronzeado Foto: Shutterstock
4. Fique de olho no prato
Coma frutas que contenham polifenóis, como uva, maçã e pera. Esse ativo é antioxidante e anticarcinogênico, ou seja, defende a pele dos efeitos maléficos da radiação ultravioleta.
5. Ajuste a temperatura
Sempre tome banho com água fria depois da exposição ao sol. Assim como a temperatura da água interfere na saúde do cabelo, ela influencia na duração do bronzeado. A água quente desidrata e faz com que a cor desbote mais rápido.
6. Coma saladas variadas
Alimentos com betacaroteno, como cenoura, batata-doce e brócolis, estimulam a produção de melanina, o pigmento natural da pele. Também é legal tomar sucos com beterraba todo dia, semanas antes de ir à praia.
7. Relógio é amigo
Até as 10h e depois das 16h, os raios solares são mais fracos, o que diminui a chance de vermelhidão e deixa o bronzeado mais natural. Outra dica é aumentar o tempo de exposição de forma gradual. Comece indo pouquinho tempo e vá aumentando os minutos a cada dia.
O Globo sexta, 01 de fevereiro de 2019
COLHEITA DE UVAS NA SERRA GAÚCHA
EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Saiba como aproveitar a vindima, época de colheita das uvas, na Serra Gaúcha
Temporada, que vai até março, tem programação especial em vinícolas de Bento Gonçalves
Eduardo Maia
01/02/2019 - 04:30
Grupo participa de um piquenique na vinícola Laurentis, em Bento Gonçalves, durante a vindima Foto: Divulgação
A vindima, época de colheita de uvas, já começou na Serra Gaúcha. E, com ela, uma programação especial nas vinícolas do Vale do Vinhedo, região que reúne os municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul. Até 18 de março, visitantes poderão participar de atividades que remetem às tradições da colônia italiana, como retirar cachos direto dos pés e a pisa da uva. Mas programas menos típicos, como piqueniques entre os parreirais, passeios de bicicleta e sessões de cinema ao ar livre, também estão na agenda. Programação completa no sitevaledosvinhedos.wordpress.com e bento.tur.br/estacao-vindima-bento-goncalves . A seguir, alguns destaques.
Colhendo uvas no pé
O programa clássico da vindima é colher cachos diretamente do pé. Equipados com chapéus de palha, aventais, tesouras e bacias ou cestos, os turistas sentem um pouco na pele o trabalho árduo de quem retira, à mão, as uvas dos parreirais.
O programa geralmente é acompanhado por animados grupos tocando canções tradicionais italianas. O clime de festa continua até a etapa seguinte, a pisa da uva, quando, descalços, os "colonos por um dia" pisoteiam a fruta em grandes tonéis de madeira. Os pacotes geralmente incluem refeições com pratos típicos da colônia (como galeto, polenta e massas), visita às caves e degustação de vinhos. Em, em alguns casos, jantar com harmonização de vinhos.
Família participa da experiência da vindima no hotel Villa Michelon, em Bento Gonçalves Foto: Rita Michelin / Divulgação
Na vinícola Dom Cândido, em Bento Gonçalves, a programação acontece às quintas e sábados, das 9h às 15h, incluindo lanche, almoço e degustação, e custa R$ 350 por pessoa ( domcandido.com.br ).
Há também a possibilidade de fazer a colheita noturna, com auxílio de lanternas e com jantar mais degustação. No Vale dos Vinhedos, quem oferece essa experiência é a vinícola Larentis (aos sábados, a partir das 18h; R$ 250 por pessoa; larentis.com.br ).
COMO CURTIR A VINDIMA NA SERRA GAÚCHA, VEJA FOTOS
A vindima, como é chamada a época da colheita da uva, é repleta de programações especiais nas vinícolas do Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha Divulgação
A maior parte das vinícolas, hotéis, restaurantes e atrações do Vale dos Vinhedos fica em Bento Gonçalves, mas a região engloba também Garibaldi e Monte Belo do Sul Ministério do Turismo / Divulgação
Grupo participa de um piquenique na vinícola Laurentis, em Bento Gonçalves, durante a vindima Divulgação
Família participa da experiência da vindima no hotel Villa Michelon, em Bento Gonçalves Rita Michelin / Divulgação
A pisa da uva é outro momento importante da vindima tradicional, e reproduzido em muitas vinícolas e hotéis da região Divulgação
Degustações e minicursos estão entre as atrações mais concorridas das vinícolas do Vale dos Vinhedos Divulgação
Sessão de cinema na vinícola Peterlongo, em Garibaldi, um dos municípios que integram o Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha Divulgação
Passeios de bicicleta são também ótimas maneiras de conhecer os vinhedos da Serra Gaúcha, principalmente durante a época da colheita Jonatha Junge / Divulgação
Há pacotes que incluem hospedagem no local. O da Casa Valduga (duas diárias, de sexta a domingo, por a partir de R$ 4.145 por casal;casavalduga.com.br ) inclui todas as refeições, além de passeios à vinícola, a uma cervejaria e encontro com um historiador da colônia italiana. O do hotel Villa Michelon (duas diárias, de sexta a domingo, a partir de R$ 1.452 por pessoa; villamichelon.com.br ) inclui apenas a programação na vinícola, a pisa da uva e o "colación e filó", um lanche com comidas e jogos típicos dos colonos.
Piquenique
O verão é a época ideal para os piqueniques nos parreirais. Com direito a toalhas xadrez e almofadas, os piqueniques contam com garrafas de vinho e espumante, tábuas de queijos e frios, geleias, pastas e pães, além de água e suco de uva. Alguns pacotes incluem degustação e visitação às demais instalações.
Entre os estabelecimentos que oferecem essa opção estão as vinícolas Larentis (sábados, domingos e feriados, R$ 80 por pessoa;larentis.com.br ) e Cave de Pedra (diariamente, por R$ 200, para quatro pessoas; cavedepedra.com.br ), e o restaurante Leopoldina Jardim (de terça a domingo, das 12h30m às 17h30m; a cesta custa R$ 92 e serve bem duas pessoas; bebida à parte; Tel. (54) 3453-3633).
Degustações
Degustações e minicursos estão entre as atrações mais concorridas das vinícolas do Vale dos Vinhedos Foto: Divulgação
Para quem deseja se aprofundar no universo do vinho, há cursos-relâmpago em algumas vinícolas da região. Na Aurora, que funciona no Centro de Bento Gonçalves, há dois cursos que existem apenas durante a vindima. O minicurso Uvas e Vinhos combina a degustação das frutas recém-chegadas dos parreirais com as bebidas feitas a partir delas. Dura duas horas e é gratuito (segunda a sexta, às 15h30m). O outro é o Uvas e Azeites, dedicado a degustação de azeitonas e azeites e a harmonização de pastas e vinhos. Há apenas duas datas disponíveis (9 e 27 de fevereiro) e custa R$50 por pessoa. Em ambos os casos, é necessário reservar com antecedência ( vinicolaaurora.com.br ).
Na Miolo, em duas horas o visitante é apresentado ao processo de elaboração da bebida e participa de uma sessão de degustação, além de ganhar o Manual do Vinho (segunda a sábado, às 15h; R$ 90 por pessoa;miolo.com.br ).
E para colocar o conhecimento à prova, a Cave de Pedra realiza degustações às cegas. Vendados, os participantes tentam descobrir que tipos de vinhos (tintos, brancos ou espumantes) estão sendo servidos. Custa R$ 50 por pessoa e acontecem de segunda a sexta-feira.
Cinema ao ar livre
Sessão de cinema na vinícola Peterlongo, em Garibaldi, um dos municípios que integram o Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha Foto: Divulgação
Em Garibaldi, a Peterlongo harmoniza vinho com cinema. Uma vez por mês, sempre no segundo ou terceiro sábado, a vinícola exibe um filme diferente ao ar livre. No período da vindima, as obras escolhidas foram "Um ano em Champagne", documentário sobre a simbólica região francesa onde são produzidos os espumantes mais famosos do mundo, em 9 de fevereiro; e "500 dias sem ela", uma comédia romântica às avessas, no dia 16 de março.
As sessões acontecem no gramado de um jardim cercado por vinhedos no Castelo Peterlongo. A projeção é feita em HD em uma tela de 8x5 metros. Se chover, a sessão vai para o interior da vinícola. O evento conta também com um food truck e o ingresso, de R$ 40, dá direito a uma taça personalizada e pipoca ( peterlongo.com.br ).
De bicicleta pelos vinhedos
Passeios de bicicleta são também ótimas maneiras de conhecer os vinhedos da Serra Gaúcha, principalmente durante a época da colheita Foto: Jonatha Junge / Divulgação
Pedalar pelo Vale dos Vinhedos é um dos programas mais interessantes desta época do ano. Apesar de haver saídas em todas as estações, os roteiros de bicicleta durante o verão permitem apreciar as parreiras carregadas. A agência Dall’Onder desde 2014 tem o tour "Que tal de bike", com quatro roteiros diferentes pela região de Bento Gonçalves, com enfoques distintos como história, gastronomia e natureza.
O circuito "Vale dos Vinhedos", por exemplo, foca nas vinícolas e produtores da região, passando por pontos como Cogumelos da Serra, Vinícola Marco Luigi, Vinícola Larentis, Jardim Leopoldina, Casa Madeira, Vinícola Barcarola, Vinícola Pizzato, Giordani Gastronomia Cultural, Famiglia Tasca, Divino Café e Prefeitura Monte Belo do Sul. O tour, em sua versão mais leve, tem quatro horas de duração e 10km. Os pacotes variam de R$ 185 a R$ 270. Mais informações emdallonder.com.br .
O Globo quinta, 31 de janeiro de 2019
SODAS ARTESANAIS
Sodas artesanais se espalham em versões ultrarefrescantes e ganham status de bebida do verão
A mistura de frutas, xaropes e água com gás virou hit entre os mocktails
Lívia Breves
30/01/2019 - 04:30 / Atualizado em 30/01/2019 - 10:57
Soda de elderflower com água de laranjeira e limão do Tortin, no Be+Co Foto: Leo Martins. Foodstylist: Lou Bittencourt / Agência O Globo
Neste verão, o mate ficou para trás no quesito bebida sem álcool mais pedida nos bares e restaurantes. No lugar dele, uma variedade enorme de copos geladinhos com misturas de xaropes e frutas, turbinadas com muito gelo e gás, conquistou o posto de bebida refrescante da vez. As sodas cariocas têm inspiração nas italianas, mas receberam releituras bem mais frescas. Até quem vai ter uma noite entre drinques pede uma para começar. Além de ser uma delícia, ela aplaca o calor em segundos e, depois, tudo fica bem mais gostoso.
Na nova casa de carnes do Leblon, a Heat Firehouse, o bartender Marcelo Emídio preparou três opções: de maçã verde com gengibre, de hibisco com hortelã e de frutas vermelhas. Foi como uma aposta, ele não imaginava que a soda viraria tão queridinha assim. Em pouco tempo de teste, Marcelo já percebe que até os sucos perderam espaço.
Soda de maçã verde com gengibre do Heat Firehouse Foto: Leo Martins. Foodstylist: Lou Bittencourt
— É realmente uma tendência. Vejo que a soda está se multiplicando nas casas da cidade. Eu já usava como ingrediente nos drinques (o Bourbon Love Potion, por exemplo, leva uísque, morangos, limão-siciliano e a soda de hibisco) , mas agora ela tem ganhado protagonismo e já estou pensando em uma carta só de sodas para todas as casas do grupo — conta o bartender, que assina ainda os drinques do Pici, Oia, L’Atelier Mimolette e Brasserie Mimolette. — Fazemos tudo na hora e usamos o cilindro de CO² para gaseificar a bebida. Quem for fazer em casa pode usar Club Soda ou água com gás, que fica quase igual.
Ah, ele conta mais um detalhe: quase toda soda vai bem com vodca ou gim, então vira uma bebida coringa nas festas. A dica é fazer uma jarra de soda bem gelada e deixar com que o convidado turbine com o álcool que preferir.
Soda de limão com canela, maçã verde e pimenta do Tortin, no Be+Co Foto: Leo Martins
Tem quem já chame a soda “refrigerante da casa”, já que ela tomou o posto também dessas bebidas industrializadas. No Zazá Bistrô, em Ipanema, é servida uma opção feita com gengibre, xarope de tangerina e água gasosa.
— A soda artesanal é uma opção para matar aquela vontade de tomar refrigerante, sem o lado B do açúcar — opina Zazá Piereck.
No Tortin, bar do Be+Co, em Botafogo, são preparadas algumas versões: de morango com limão; de limão com canela, maçã verde e pimenta; e ainda de elderflower com água de laranjeira e limão. Todas criadas pelo mixologista Igor Renovato, que assina a carta dali.
— Eu aposto nas sodas como a bebida deste verão. Percebo um movimento bem forte ao redor delas na maioria dos bares. Elas se fortaleceram no embalo do crescimento dos mocktails, quando tivemos que criar drinques sem álcool tão bacanas quanto os alcoólicos. No Tortin, usamos água com gás nos preparos, o que só destaca que é possível fazer em casa sem ter muito trabalho — diz Igor.
No Zazá Bistrô é servido o feito com gengibre, xarope de tangerina e água gasosa. Foto: Leo Martins. Foodstylist: Lou Bittencourt
Além da água com gás, existem máquinas para preparos de refrigerantes caseiros bem legais para adquirir, bonitinhas e que podem tranquilamente dividir a bancada com a máquina de café. Um dos xaropes mais clássicos e fáceis de preparar no estilo home made é o que leva gengibre, açúcar e limão. Vai bem com tudo e já fica ótimo misturado com água com gás. Uma boa proporção é quatro partes de água com gás para uma de xarope servido em um copo com bastante gelo.
No Liga, bar em Botafogo, o bartender Laézio Lima prepara soda na frente do cliente. Tanto faz se será servida pura ou como um dos ingredientes de um drinque. Lá, há versões com todo o jeitão de soda italiana. A de grenadine com gengibre, bem vermelha, ou de Blue Curaçau com hortelã, superazul, fazem um efeito coloridão.
— Nós usamos frutas frescas para saborizar ainda mais. Uso muito maracujá, morango e tangerina — conta Laézio.
Fácil de fazer e delícia de beber.
Soda de de Blue Curaçau com hortelã do Liga Foto: Leo Martins. Foodstylist: Lou Bittencourt
RECEITAS PARA FAZER EM CASA
Xarope de gengibre:
Ingredientes: 1 xícara de gengibre descascado e picado 1 xícara de açúcar 3 xícaras de água Modo de fazer: ferva todos os ingredientes até reduzir pela metade. Deixe esfriar. Coe e coloque na geladeira.
Soda de tangerina com gengibre
Ingredientes: 200ml de Club Soda ou água com gás 50ml suco de tangerina Suco de 1 cm de gengibre espremido 5 cubos de gelo Modo de fazer: coloque as pedras de gelo em um copo. Adicione o suco de tangerina e gengibre. Finalize completando o copo com o Club Soda ou água com gás.
Soda de maçã verde e limão
Ingredientes: 2 xícaras de água 2 xícaras de açúcar 4 maçãs verdes 1 xícara de suco de limão Modo de fazer: leve o açúcar e a água em fogo baixo até o açúcar derreter. Deixe esfriar e junte o suco de limão. Inclua as maçãs cortadas em fatias fininhas e reserve em um vidro. O ideal é deixar essa mistura descansar por dois dias na geladeira. Depois, coloque no copo três colheres de sopa desse xarope e complete com gelo e água com gás.
O Globo quarta, 30 de janeiro de 2019
GOVERNO PREPARA UM PLANO B PARA A VALE
Governo já prepara um Plano B para lidar com a crise da Vale
Uma eventual troca de comando da mineradora, se a empresa for responsabilizada, já começou a ser discutida com acionistas
Geralda Doca, Jussara Soares, Karla Gamba, Bruno Rosa e Ramona Ordoñez
30/01/2019 - 04:30
Pelo menos 65 mortes já foram confirmadas em decorrência do rompimenro da barragem em Brumadinho Foto: Michel Martore / PHOTOPRESS / Agência O Globo / Agência O Globo
BRASÍLIA E RIO - Preocupado com os desdobramentos da tragédia provocada pelo rompimento da barragem da Mina do Feijão, em Brumadinho (MG), o governo já prepara um plano B para lidar com a crise da Vale. Informalmente, começou a conversar com alguns dos principais acionistas a respeito de uma eventual troca no comando da companhia e já consultou a Advocacia-Geral da União (AGU) sobre como esse caminho poderia ser trilhado. Também houve contato com a Polícia Federal sobre o andamento das investigações para identificar os culpados.
Qualquer ação efetiva só será tomada se houver indícios concretos de responsabilidade da empresa. A preocupação do Palácio do Planalto é não passar uma imagem de intervencionismo, o que vai na contramão do discurso do governo.
Nesta terça-feira, um dia depois de o presidente em exercício, Hamilton Mourão, levantar a hipótese de afastamento da diretoria da Vale, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, veio a público minimizar o episódio, embora reitere que é possível agir em caso de responsabilidade da empresa. Segundo Onyx, primeiro é preciso apurar as causas da tragédia para depois tomar providências:
- O governo tem que ter duas coisas necessárias: humildade para saber que não pode tudo e prudência para saber que o que está em jogo é, além e principalmente da vida e das segurança dos brasileiros e brasileiras, um setor econômico que é muito relevante para o nosso país.
Onyx admitiu que uma ingerência do governo na empresa seria uma sinalização ruim para o mercado:
- Não há condição de haver qualquer grau de intervenção, até porque esta não seria uma sinalização desejável ao mercado, em um país que deseja receber parceiros que possam usar essa fantástica biodiversidade que nós temos. Então, é preciso respeitar, e o governo sabe que tem limitações.
O ministro defendeu que o governo aguarde o andamento das investigações. Segundo ele, não cabe ao Estado apoiar empresa ou diretoria, mas admitiu que, em caso de falhas da mineradora, poderá convocar reunião do conselho da Vale:
- Se a investigação mostrar que há problema, que houve falha, é evidente que o governo vai exercer seu direito - disse Onyx.
Nas conversas com a AGU, o governo quis saber quais são as possibilidades legais para afastar a diretoria ou integrantes dela, considerando que a companhia foi privatizada em 1997. A União ainda detém uma classe especial de ação, a chamada golden share, que dá ao Estado poder de veto em algumas decisões, mas não na troca do comando da companhia. A saída seria trabalhar dentro do conselho para conseguir o apoio da maioria dos conselheiros da empresa. Segundo fontes que acompanham o caso, há um desconforto no conselho da companhia. A avaliação é que o que aconteceu é muito grave e exige uma ação dessa natureza.
Ações sobem 0,85%
O eventual afastamento da diretoria foi discutido em reunião ministerial nesta terça. O ministro da Justiça, Sérgio Moro, teria sido indagado se já seria possível falar em responsabilidade, mas teria afirmado que o assunto ainda está sob investigação.
Caso o governo decida, de fato, articular uma mudança no controle, o caminho mais provável seria um alinhamento com fundos de pensão ou com o BNDES.
Investidores estrangeiros são donos de 47,7% do capital da Vale. Os fundos de pensão Previ, Petros, Funcef e Funcesp são donos de 21% das ações por meio da Litel. Em seguida, aparecem BNDESPar (braço de investimentos do BNDES), com 6,7%, Bradespar, com 5,8%, e a japonesa Mitsui (5,6%). Desde a tragédia, alguns dos principais investidores mantêm rodadas de conversas, mas ainda não há uma decisão sobre o caminho a seguir.
Entre os fundos de pensão, a Previ é a que tem maior participação. Sua fatia corresponde a 80,62% da Litel, seguida de Funcef (11,50%), Petros (6,94%) e Funcesp (0,94%). O investimento da Previ na Vale corresponde a aproximadamente 25,45% do patrimônio total do Plano 1, o mais antigo.
Segundo fontes, o acidente pode interferir nos planos dos maiores fundos de pensão, que previam se desfazer de parte de seus papéis a partir de 2020. Em 2017, a Vale decidiu migrar para o Novo Mercado da Bolsa. Para isso, fez um acordo de acionistas, que previa um caminho para que a mineradora passasse a ter apenas ações ordinárias (ON, com direito a voto), sem um controlador definido. Os fundos de pensão acordaram que poderiam vender parte de seus papéis em duas etapas: a partir de 2018 e de 2020.
- Assim, os fundos estavam se programando para vender as ações em partes e de forma conjunta. Dessa forma, seria possível reduzir os investimentos em renda variável, um fator importante para equilibrar os planos de previdência - disse uma fonte do setor.
O Globo terça, 29 de janeiro de 2019
POLÍCIA PRENDE ENGENHEIROS DA VALE QUE ATESTARAM SEGURANÇA DA BARRAGEM
Engenheiros que atestaram segurança da barragem da Vale em Brumadinho são presos
Profissionais prestaram serviço à Vale, na barragem 1 da Mina do Feijão
O Globo
29/01/2019 - 07:05 / Atualizado em 29/01/2019 - 09:11
Bombeiros fazem buscas no "mar de lama" que tomou Brumadinho Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
RIO E SÃO PAULO — Cinco pessoas foram presas nesta terça-feira por ligação com a tragédia deBrumadinho (MG). Em São Paulo, a polícia deteve dois engenheiros de uma empresa terceirizada que atestou a segurança da barragem 1 da Mina do Feijão . Em Minas Gerais, a operação atingiu três funcionários da Vale responsáveis pela obra e pelo licenciamento ambiental.
Os documentos recolhidos pela polícia e os engenheiros presos em São Paulo devem ser enviados para Minas Gerais ainda nesta terça-feira.
Os dois engenheiros presos em São Paulo foram identificados como Makoto Namba e André Yum Yassuda. Os outros três alvos da operação, que ainda não tiveram os nomes divulgados, moram na região metropolitana de Belo Horizonte.
Os presos serão ouvidos pelo MP de Minas, em Belo Horizonte. Em Minas, a operação contou com o apoio das Polícias Militar e Civil do Estado e, ainda, com atuação do Ministério Público de São Paulo (MPSP), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) daquele estado.
Em nota divulgada logo após a operação, a Vale informou que está colaborando "plenamente" com as autoridades e dando apoio "incondicional" às famílias atingidas.
O Globo segunda, 28 de janeiro de 2019
BOLSONARO PASSA POR NOVA CIRURGIA
Bolsonaro passa por nova cirurgia do intestino nesta segunda-feira
Presidente é operado para reconstruir o trânsito intestinal e retirar a bolsa de colostomia e deve ter alta em dez dias
Leo Branco
28/01/2019 - 04:30 / Atualizado em 28/01/2019 - 08:10
Bolsonaro foi submetido à avaliação clínica pré-operatória Foto: Reprodução
SÃO PAULO — O presidente JairBolsonaro passa por cirurgia no início da manhã desta segunda-feira, em São Paulo, para reconstruir o trânsito intestinal e retirar a bolsa de colostomia que foi implantada desde o atentado em setembro do ano passado, durante a campanha eleitoral. O procedimento começou por volta de 6h30 e deve terminar às 9h30.
O vice-presidente Hamilton Mourão assumiu hoje no início da manhã a Presidência. Ele será presidente interino por 48 horas. Bolsonaro pretende reassumir o cargo e despachar no hospital, quando ainda estiver internado.
A previsão é que a recuperação ocorra em até dez dias. Neste período, um gabinete provisório será montado no Hospital Albert Einstein para o presidente despachar com ministros.
De acordo com boletim médico divulgado no fim da tarde de domingo, Bolsonaro passou por uma avaliação clínica pré-operatória, exames laboratoriais e de imagem, assim que foi internado. Os resultados foram normais, de acordo com o documento assinado pelo cirurgião Antônio Luiz Macedo, pelo cardiologista Leandro Echenique e por Miguel Cendoroglo, diretor superintendente do Einstein.
COMO SERÁ O PROCEDIMENTO
Cirurgia é para retirar a bolsa de colostomia
Passo a passo
Os cirurgiões colocam de volta para dentro do abdômen a parte do intestino que estava conectada à bolsa coletora de fezes.
É feito um corte no mesmo local da primeira cirurgia para abrir o abdômen.
Intestinogrossoisolado
Intestinodelgado
Bolsa
Reto
As duas partes do intestino que estavam separadas são costuradas de volta e o abdômen é fechado.
Segundo médicos, esse tipo de cirurgia exige, no mínimo, duas semanas de recuperação
O porta-voz da Presidência da República, Otávio do Rêgo Barros, disse que o presidente ficou “muito animado” e “feliz com os resultados do exame”.Este é o terceiro procedimento cirúrgico a que o presidente é submetido desde setembro.
Gabinete provisório
Os médicos vão reconstruir o trecho do intestino rompido com a facada. Para isso, usarão suturas ou grampeadores cirúrgicos para reconectar as partes separadas do intestino grosso. A cirurgia de hoje estava marcada para ocorrer em dezembro, antes da posse, mas foi adiada devido a uma infecção.
A comitiva que acompanha o presidente inclui a primeira-dama Michelle Bolsonaro, o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno Ribeiro, o porta-voz e Eduardo Bolsonaro, filho do presidente e deputado federal eleito por São Paulo.
O Globo domingo, 27 de janeiro de 2019
CORPO DE WAGNER MONTES É VELADO NO PALÁCIO TIRADENTES
Corpo de Wagner Montes é velado no Palácio Tiradentes em cerimônia aberta
Entre as dezenas de coroas de flores enviadas para o local, chama atenção uma em nome do apresentador Silvio Santos
Renan Rodrigues
27/01/2019 - 10:12 / Atualizado em 27/01/2019 - 11:17
Corpo de Wagner Montes é velado no Palácio Tiradentes Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
RIO - O corpo do jornalista e político Wagner Montes está sendo velado no saguão do Palácio Tiradentes, sede do Parlamento fluminense, no Centro do Rio, na manhã deste domingo. No local, amigos e fãs se despedem do deputado estadual. A família, bastante abalada, não quis falar com a imprensa. Em cima do caixão, há uma bandeira da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis. Entre as dezenas de coroas de flores no local, uma chama a atenção: foi enviada pelo apresentador Silvio Santos. Montes morreu aos 64 anos, neste sábado, em decorrência de uma infecção generalizada e falência de múltiplos órgãos .
— Vim ontem e hoje. Era muito fã dele. Cheguei 14h e fiquei até 22h. Foi um apresentador muito importante para o Rio. Uma vez eu estava em um restaurante e fui falar com ele. Ele autografou a minha camisa do Brasil. Foi um bom político, vai deixar saudade — diz Édson Rosa, de 49 anos, segurando um cartaz escrito "Vá com Deus #WagnerMontes".
Coroa de flores enviada pelo apresentador Silvio Santos Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Às 13h, o corpo será transportado para o crematório do Cemitério da Penitência, no Caju, onde haverá uma cerimônia de despedida fechada para a família e amigos próximos. Wagner Montes nasceu em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, e era formado em Direito pela Universidade Gama Filho. Ele estava internado há dois meses no hospital Barra D'Or.
O presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), deputado estadual André Ceciliano, afirma que, mesmo debilitado nos últimos meses de vida, Wagner Montes contagiava a todos com sua alegria.
— Ele era muito presente, muito trabalhador e muito alegre. Companheiro valoroso, estava sofrendo muito nos últimos meses. Nas últimas vezes, ele veio de cadeira de rodas. Então ele pedia: "Dez minutos. Dez! Só dez!". Dez era o número dele — recorda, rindo, Ceciliano.
O deputado estadual Gilberto Palmares (PT) lembrou da convivência:
— Eu convivi com ele 14 anos, sempre em partidos diferentes, com orientações políticas diferentes, mas isso não impediu que a nossa relação fosse extremamente cordial. Às principais votações em defesa do servidor público a gente votou junto, do mesmo lado. As pessoas lembram do llado irreverente, lado comunicador, mas quero registrar esse fato. Votamos muitas vezes do mesmo lado contra o processo de privatização do estado.
A apresentadora Sônia Lima, no adeus ao marido Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Bastante emocionada, aos prantos durante a cerimônia, a feirante Mara Lima de Oliveira, de 55 anos, não esconde a tristeza no adeus ao ídolo:
— O ano de 2019 começou horrível. Gostava muito do trabalho dele. Era fã. Uma pessoa que vai fazer muita falta. Ele era uma pessoa muito boa em tudo o que ele fazia. Vai fazer falta em tudo — afirma Mara.
Wagner ganhou notoriedade ao apresentar noticiários policiais, de cunho popular, no rádio e na televisão. Com pitadas de humor, adotava o bordão "escraaacha". Em 2018, foi eleito deputado federal pelo PRB com 65.868 votos para um mandato que iria até 2022. Ele já havia atuado na Alerj de 2007 a 2018, passando por partidos como PDT e PSD. Nas eleições de 2010, obteve 528.628 votos, tendo sido o candidato mais votado.
Wagner Montes na Alerj, onde atuou como deputado estadual Foto: Alerj
A morte de Wagner Montes gerou comoção no meio político. O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, decretou três dias de luto oficial na cidade. "Hoje, há em cada olhar uma lágrima, em cada lar uma oração e em cada coração um voto de pesar e de saudade, pelo falecimento do líder, servidor do povo e amigo de todos, Wagner Montes que a morte nos arrebatou inesperadamente", disse o prefeito, por meio de nota enviada à imprensa.
"É com profundo pesar que recebemos a notícia do falecimento do deputado federal, Wagner Montes (PRB). Somos solidários aos familiares e amigos neste momento difícil", diz a nota da direção do PRB do Rio.
Carreira de jornalista há mais de 40 anos
Montes começou sua carreira como jornalista em 1974 na Super Rádio Tupi e, em 1979, tonou-se apresentador do programa "Aqui e Agora", da TV Tupi. Ele trabalhou por 17 anos no SBT, emissora na qual participou do "O Povo na TV" e como jurado do "Show de Calouros". Atuou nas rádios Record e América, em São Paulo, e na Manchete, no Rio, e na Rede CNT. Em 2003, migrou para a TV Record e apresentou os programas "Verdade do Povo", "Cidade Alerta Rio", "RJ no Ar" e "Balanço Geral".
RELEMBRE A VIDA DE WAGNER MONTES
Wagner Montes nasceu em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense Agência O Globo
Apresentador ficou nacionalmente conhecido por conta da participação em programas de TV como o "Aqui Agora" a partir do fim da década de 1970 Michel Filho / Agência O Globo
Montes passou também por partidos como PDT e PSD Marcelo Carnaval / Agência O Globo
Em 2007, o deputado fez homenagem ao então comandante da PM, Coronel Ubiratan Ângelo, com a entrega da Medalha Tiradentes Fernando Quevedo / Divulgação
Em 1981, apresentador amputou a perna direita após acidente com um triciclo em Ipanema Anibal Philot / Agência O Globo
Nas Eleições de 2010 , obteve 528.628 votos, tendo sido o candidato mais votado Ivo Gonzalez / Agência O Globo
Em 2018, foi eleito deputado federal pelo PRB com 65.868 votos para um mandato que iria até 2022 Custódio Coimbra / Agência O Globo
Wagner Montes no comando do programa Cidade Alerta, na TV Record Carlos Ivan / Divulgação
Montes começou sua carreira como jornalista em 1974 na Super Rádio Tupi e, em 1979 Divulgação
Em 2003, migrou para a TV Record e apresentou os programas "Verdade do Povo", "Cidade Alerta Rio", "RJ no Ar" e "Balanço Geral", todos com foco no Rio de Janeiro Rodrigo Becker / Divulgação
Primeiro vice-presidente da Alerj na legislatura que foi de 2015 a 2018, Montes chegou a presidir o parlamento fluminense na ausência de Jorge Picciani (MDB). Porém, não chegou a se manter na presidência por motivos de saúde Armando Paiva/Raw Image / Agência O Globo / Agência O Globo
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— Eu trabalhei com ele em "O Povo na TV", um programa que ajudava muita gente. Eu era auxiliar de serviços gerais. A memória que fica é de uma pessoa de valor, com humanidade, que sempre gostou das coisas certas, de carinho e do respeito pelo ser humano. Vim desejar que ele descanse em paz — diz, emocionado, Reginaldo Reis, de 55 anos.
Nas eleições de 2006, Montes se afastou da TV para concorrer a uma vaga na Alerj. Foi o terceiro mais votado, pelo PDT, com mais de 100 mil votos. Em fevereiro de 2007 inaugurou a coluna semanal "Escraaaacha!", publicada às sextas-feiras no jornal "Meia-Hora".
Primeiro vice-presidente da Alerj na legislatura de 2015 a 2018, Montes chegou a presidir o parlamento fluminense na ausência de Jorge Picciani (MDB), ex-presidente da Casa que está em prisão domiciliar. Ele não chegou a se manter na presidência por motivos de saúde.
Em 1981, Montes sofreu um acidente com um triciclo e precisou amputar a perna direita. Para se locomover, usava uma prótese. Montes deixa a mulher, a atriz e apresentadora Sônia Lima, de 59 anos, e dois filhos — um, fruto do relacionamento com Sônia; outro, fruto de um relacionamento de um ano com a Miss Brasil de 1983, Cátia Pedrosa.
O Globo sábado, 26 de janeiro de 2019
BARRAGEM: PARENTES FAZEM VIGÍLIA
Parentes fazem vigília na madrugada em busca de desaparecidos
"Acho que a sirene caiu e foi levada pela lama", diz vítima da tragédia em Brumadinho
Cleide Carvalho, enviada especial
26/01/2019 - 06:12 / Atualizado em 26/01/2019 - 08:30
Parentes fazem vigília na madrugada em busca de desaparecidos 25/01/2019 Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
BRUMADINHO (MG) — Doze horas já haviam se passado desde o rompimento da barragem da mina do Córrego do Feijão e a dona de casa Sonia Roza de Fátima Silva, 63 anos, ainda chorava sem notícia do filho numa cadeira da Estação Conhecimento de Brumadinho , um centro esportivo, educativo e cultural mantido pela Fundação Vale e que se tornou ponto de referência para quem buscava notícia de desaparecidos ou um teto para se abrigar. O engenheiro Alexis Adriano da Silva, 41 anos, trabalha na mina e visualizou o whatsapp pela última vez às 12h15 de sexta-feira, pouco antes da tragédia, mas não respondeu ao pedreiro que cuidava da reforma do apartamento onde mora com a mãe e os dois filhos pequenos, de 3 e 6 anos de idade, em Belo Horizonte. Depois disso, não viu mais qualquer mensagem.
Alexis havia ficado viúvo há exatos três anos. A mulher dele, mãe dos dois meninos, morreu no parto do filho mais novo. Desde então, Sonia ajuda a tomar conta dos netos.
— Ele tinha voltado das férias na quarta-feira - repetia Sonia, inconformada.
— É essa hora que a gente sente que não pode fazer nada. Só esperar. Ele chegava em Belo Horizonte todo dia às 18 horas. Vinha de carro uma parte e depois pegava o ônibus da mineradora. Hoje ele não pegou o carro, reboquei - conta José Maria Silva, o pai de Alexis.
Era 1h40m deste sábado quando uma das funcionárias que faziam o cadastramento dos desabrigados chegou com uma lista na mão. Rapidamente foi cercada por um grupo de pessoas. Sem ter o que falar, a mulher entrou rapidamente na sala. Imediatamente, começaram os rumores: a lista não tinha novidade alguma. Era a primeira - e única - lista de pessoas encaminhadas a hospitais que havia sido distribuida logo após a tragédia, por volta de 1h30 de sexta.
— O único lugar que eu não fui foi no Hospital João 23, em Belo Horizonte. Em todos os outros lugares que dizem ter informação eu já fui - diz, nervosa, Sirlene Januário.
O filho dela, Rangel do Carmo Januário, de 22 anos, trabalhava no escritório da mina há um ano.
— Falaram que ia tocar sirene, alarme, mas não tocou nada. Acho que a sirene caiu e foi levada pela lama - dizia Maria Aparecida dos Santos, 44 anos.
Com a filha de 9 anos, A.C., Aparecida, como é chamada, repetiu muitas vezes a história de como ela correu com a filha para a parte mais alta quando ouviu o estrondo e viu a nuvem de fumaça e lama tomar conta da Fazenda Engenho Novo, onde mora e trabalha há cerca de 13 anos. Ali, afirma, não sobrou nada da fábrica onde ela debulhava milho para fazer fubá e canjiquinha. Antes de fazer alimento, a fazenda produzia cachaça. Com a morte do patriarca da fazenda, relembra Aparecida, o atual patrão, um dos herdeiros, decidiu mudar de ramo.
Jose Maria Medeiros ajudou a resgatar com vida uma mulher do meio da lama Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
Junto com o marido, José Maria Medeiros, 40 anos, Aparecida ajudou a resgatar uma vizinha que havia sido tragada pela lama. Medeiros diz que a jovem, de uns 20 e poucos anos, saiu viva e foi levada pelos bombeiros para um hospital. Embora a sirene não tenha funcionado, Medeiros disse que valeu o treinamento feito há cerca de oito meses para a comunidade, onde aprenderam o que fazer caso a barragem rompesse. Fugir para o alto.
A jovem resgatada teve sorte.
— Ficaram lá debaixo da lama o marido dela, o Toninho; a irmã dela, Pamela, e um menininho de uns dois anos, filho dela - lamenta Medeiros.
Ainda sem ter para onde ir, já que a casa foi soterrada, Medeiros tentava acalmar e proteger a mulher enquanto tomava café preto e comia um pão sem manteiga servido por volta de meia noite a quem estava por ali. Filas de ônibus ainda aguardavam para levar as famílias para hoteis a serem pagos pela mineradora.
GALERIA DE FOTOS: BARRAGEM SE ROMPE EM BRUMADINHO, NA GRANDE BH
Equipe dos Bombeiros de Minas socorre vítima do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho Reprodução / TV Record /
Vítimas cobertas de lama são resgatadas por helicóptero do Corpo dos Bombeiros de Minas Gerais em Brumadinho Reprodução / TV RecordVítimas cobertas de lama são resgatadas por helicóptero do Corpo dos Bombeiros de Minas Gerais em Brumadinho Reprodução / Agência O GloboVítimas cobertas de lama são resgatadas por helicóptero do Corpo dos Bombeiros de Minas Gerais em Brumadinho Reprodução / Agência O GloboMoradores observam a dimensão da tragédia em Brumadinho WASHINGTON ALVES / REUTERS
Socorristas trabalham na área do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, em Minas Uarlen Valerio / O Tempo / Agência O Globo / Agência O Globo
— Eles ensinaram a gente as rotas de fuga e foi pra lá que eu corri. Deram também um kit com um colete e umas burundangas lá. Mas imagine se eu volto para pegar? Se eu voltasse para pegar até documento, tinha ficado lá na lama - conta Aparecida.
Sem sirene, foram os gritos dos vizinhos e do filho que tiraram de casa Rosiane Cordeiro da Conceição, 46 anos, e o marido Domingos Bento Silva, 62 anos.
— Deus foi misericordioso. O Domingos vai todo dia pescar lá embaixo na lagoa. Hoje não foi. Se tivesse ido não estava vivo. A lagoa virou lama. Não existe mais o Còrrego do Feijão - diz Rosiane.
A dona de casa Sonia Roza de Fátima Silva aguarda notícia do filho, um engenheiro que voltou de férias na quarta-feira e entava na barragem no momento do acidente Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
Entre os vários Silva do povoado do Córrego do Feijão - calculam os moradores que haviam ali pelo menos 200 casas - estava Anael José da Silva, 34 anos, a mulher, Marineide Santos, e três sobrinhos - de 9, 11 e 15 anos - e uma calopsita comprada há 15 dias pela família - ainda não se sabe se macho ou fêmea, mas, na falta de um nome, batizada pelas crianças de Priscila. A casa deles ficou ilhada pela lama, mas não foi tragada.
Anael, que trabalha numa das minas do complexo de Paraopebas, que reúne outras além das minas da Vale, diz que a mina do Córrego do Feijão estava desativada há cerca de três anos e que havia voltado recentemente a ser operada.
— Essa pilha da barragem era seca, tinha já até mato que nasceu em cima dela. Mas isso engana. Por baixo era lama - afirma Anael.
Apesar do risco de viver perto das barragens, ele não havia notado nada que pudesse levar a prever que tudo iria ruir. Marineide se surpreende com a velocidade com que tudo foi abaixo.
— Eu ouvi um barulho tipo trovão e vi poeira, mas que era rejeito voando pra todo lado. Estava na pia da cozinha e em menos de um minuto a lama já estava do lado de casa. Chamei meus sobrinhos e saímos correndo. A fiação de luz caiu tudo. Foi um piscar de olhos.
O Globo sexta, 25 de janeiro de 2019
SOU MORENA, DIZ TENISTA NAOMI OSAKA
Sou morena', diz tenista Naomi Osaka sobre polêmica com propaganda de miojo
Atleta japonesa negra, que está na final do aberto da Austrália, foi representada com pele clara em anime da Nissin
O Globo
25/01/2019 - 09:38 / Atualizado em 25/01/2019 - 10:36
Naomi Osaka no Aberto da Austrália Foto: GREG WOOD / AFP
— Eu sou morena, isso é bem óbvio — disse Naomi nesta quinta-feira no Aberto da Austrália.
Quarta melhor no ranking mundial, ela disputa nesta sexta-feira a final do campeonato de tênis.
A propaganda da Nissin, criada para o mercado japonês e que viralizou em redes sociais, foi retirada do ar. E a companhia divulgou um pedido de desculpas “por não ter sido sensível o suficiente”.
Na campanha publicitária, Naomi, que é filha de pai haitiano e mãe japonesa, é a personagem principal de um anime criado pelo famoso artista Takeshi Konomi, criador do “Príncipe do tênis” um mangá popular no Japão.
A tenista Naomi Osaka, filha de pai haitiano e mãe japonesa, é representada nos desenhos com a pele bem mais clara e os cabelos apenas ligeiramente ondulados Foto: Montagem AFP/Reprodução Youtube
Naomi afirmou que a Nissin se desculpou diretamente com ela.
— Não acredito que eles tenham feito isso de propósito, com o objetivo de embranquecimento ou nada parecido. Mas acho que, da próxima vez que quiserem usar a minha imagem de alguma forma, acredito que deverão conversar comigo antes — comentou ela.
Naomi já experimentou situação similar antes, segundo informações da BBC. Em setembro de 2018, ela foi desenhada pelo cartunista australiano Mark Knight como uma mulher de pele branca e cabelos louros, o que desencadeou uma polêmica que se arrastou por semanas.
Aos 21 anos, Naomi foi a primeira japonesa a ganhar um torneio Grand Slam de simples, ao derrotar a americana Serena Williams na final do US Open de 2018. E é querida no país justamente por ter desafiado uma tendência nacional de valorizar a homegeneidade étnica do país.
Naomi nasceu no Japão, filha de pai meio haitiano e meio americano e de mãe japonesa. Ela se mudou para os Estados Unidos aos 3 anos de idade e, em muitas entrevistas coletivas, prefere responder às perguntas em inglês, por não ter fluênca suficiente em japonês. Mas sempre declarou sua paixão por mangás e filmes japoneses. Ela é a quarta no ranking mundial de tênis.
A discussão sobre identidade de raça em Japão aumentou nos últimos anos, sobretudo após Ariana Miyamoto, uma japonesa com origens afro-americanas, ter ganhado o concurso de Miss Universo Japão em 2015. Ariana aproveitou a fama para levantar discussões sobre a aceitação dos “hafus”, como são conhecidos no país os japoneses mestiços.
O Globo quinta, 24 de janeiro de 2019
DICAS PARA TORNAR SEU CARNAVAL SUSTENTÁVEL
Confira sete dicas para tornar o seu carnaval sustentável
Do copo ecológico ao bloco que se preocupa com o material das fantasias, é possível brincar sem agredir o meio ambiente
Giulia Costa*
24/01/2019 - 08:17
Carnaval de Rua: Bloco Vagalume faz parceria com a COMLURB para conscientizar foliões sobre lixo nas ruas Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
Quanta poluição cabe num bloco de carnaval? Todo ano milhões de pessoas tomam as ruas na maior festa a céu aberto do país, mas a quantidade de foliões é proporcional ao volume de lixo. A prefeitura do Rio coleta diariamente dez mil toneladas de resíduos em toda a cidade. No carnaval de 2018, foram coletadas 1.076 toneladas de detritos nos blocos, bailes de rua, Sambódromo e entornos em apenas dez dias de festa.
A produção excessiva de lixo não é um problema só para o meio ambiente, mas também atrapalha o conforto de quem quer aproveitar a festa num espaço limpo. Além disso, os resíduos nas ruas e esgotos sobrecarrega a equipe de limpeza urbana, uma situação que pode levar um tempo mais longo do que o feriado para se resolver. Na hora de curtir a folia gerando menos impacto ambiental, vale a pena resgatar aquela fantasia de outros carnavais e aproveitar estas sete dicas sustentáveis.
Brilhe com glitter biodegradável
É possível fazer purpurina em casa com materiais biodegradáveis Foto: Bárbara Lopes / O Globo
Glitter e purpurina são acessórios indispensáveis nas produções de carnaval. Estão presentes dos pés à cabeça dos foliões, mas essas micropartículas de brilho são prejudiciais à natureza, em especial à vida marinha. O glitter é feito basicamente de plásticos, metais e químicos que não podem ser reciclados e levam muito tempo para se decompor. Além disso, o seu tamanho minúsculo torna quase impossível a filtragem pelo sistema de tratamento de esgoto. Assim, ele vai do seu corpo direto para os oceanos, se tornando mais um agravante da poluição por“microplásticos”, que afeta drasticamente o ecossistema.
É possível continuar brilhando no carnaval sem poluir o meio ambiente. Muitas marcas já produzem glitter biodegradável a partir de materiais naturais, como o pó de mica. Também é possível fazer o seu próprio glitter ecológico em casa, utilizando sal ou gelatina vegetal.
Faça seu próprio confete ecológico
Furador de papel transforma folhas secas em confete para o carnaval Foto: Reprodução: Instagram
Outra coisa que sempre tem nas festas de carnaval são os confetes e serpentinas, que no fim das contas são, literalmente, plástico e papel jogados no chão. Mais uma vez temos um problema de desperdício e produção de mais lixo desnecessário. Se você não abre mão de festejar com confete, uma alternativa é produzir o seu próprio utilizando papel reciclado ou melhor ainda, folhas e flores secas. Tudo que você precisa é de um furador de papel para produzir confetes biodegradáveis.
Invista em protetor solar vegano
A preocupação com a natureza deve ir muito além da produção de lixo. A indústria de cosméticos gera grandes impactos ambientais, mas os produtos dela são indispensáveis em alguns casos, como para se proteger do sol no carnaval. A época mais quente do ano exige menos roupa, o que torna necessário protetor solar para evitar danos à pele. É possível optar por aqueles que não prejudicam o meio ambiente e os animais. Marcas inovadoras de produtos veganos e cruelty free vendem protetores solares que além de não poluir ainda colorem a pele para incrementar os looks de carnaval.
Prefira as latinhas
Latas de alumínio são altamente recicláveis e esse processo consome apenas 5% de energia elétrica Foto: Pixabay/Pixabay
No carnaval não pode faltar bebida. Trocar as garrafinhas de vidro ou de plástico por latas de alumínio é uma forma mais sustentável e conveniente de matar a sede. As latinhas são as mais indicadas para eventos ao ar livre porque são altamente recicláveis e, quando descartadas corretamente, podem voltar às prateleiras do mercado em apenas 60 dias.
Leve seu copo e canudo reutilizáveis
Canudos de inox podem ser uma alternativa aos descartáveis Foto: Rodrigo Azevedo / O Globo
Melhor do que produzir pouco lixo é produzir lixo nenhum, por isso, a melhor alternativa para se refrescar na folia é levar seu próprio copo e ficar com ele até o final. Já existem no mercado marcas especializadas em copos ecológicos que fazem parceria com festas de carnavalpara a não utilização de descartáveis. Além de não fazerem mal ao meio ambiente, os copos reutilizáveis são divertidos e descolados.
Os canudos plásticos descartáveis foram proibidos no Rio (a natureza agradece), mas na hora de tomar uma água de coco ele pode fazer falta. Por isso, a melhor opção é adquirir um canudo reutilizável e levá-lo com você não só no carnaval, mas no ano todo. Existem modelos de vidro, alumínio e bambu, de diferentes tamanhos e diâmetros. Muitos deles acompanham um acessório de limpeza e de armazenagem para facilitar o transporte.
Leve uma mochila para guardar o lixo
A quantidade de lixo acumulado nas ruas e calçadas durante o carnaval é enorme, aumentando a chance de entupir bueiros e causar enchentes. Uma atitude muito simples mas que pode fazer grande diferença é levar um recipiente para guardar o seu lixo. No tumulto dos blocos lotados muitas vezes é difícil encontrar uma lixeira, mas você pode guardar o lixo para ser descartado de forma correta ao invés de jogado na rua.
Blocos sustentáveis
Blocos de rua do Rio querem conscientizar foliões sobre poluição Foto: Ana Branco / Agência O Globo
Vale a pena ficar de olho na programação desse carnaval porque tem muitos blocos de rua com uma pegada sustentável e que se preocupam com a quantidade de lixo produzido pelos foliões. O Bloco Sargento Pimenta deixou de usar materiais que ficavam aos montes no chão após o desfile, como ventarolas e panfletos. Nos últimos eventos, o bloco fez parcerias com ONGs de catadores de lixo e de reciclagem, e segundo a responsável Nathália Trajano, isso deve se repetir em 2019.
O Suvaco de Cristo faz uma parceria com a ONG Divinas Axilas para produzir fantasias e acessórios para o desfile do bloco, além de customização de camisetas utilizando matérias reciclados.
O Galpão das Artes Hélio G. Pellegrino, da Comlurb, promove uma oficina que ensina a fazer bolsas a partir do reaproveitamento de banners encontrados no lixo. Elas serão usadas por voluntários que desfilam no bloco Vagalume, treinados para conscientizar os foliões sobre o descarte correto de latinhas, garrafas e demais detritos produzidos durante a passagem do bloco.
*Estagiária sob supervisão de Renata Izaal
O Globo quarta, 23 de janeiro de 2019
MORRE O ATOR CAIO JUNQUEIRA, UMA SEMANA APÓS ACIDENTE DE CARRO NO ATERRO
Morre o ator Caio Junqueira, uma semana após acidente de carro no Aterro
O Neto de 'Tropa de elite' foi levado ao Hospital Miguel Couto, mas não resistiu aos ferimentos
O Globo
23/01/2019 - 09:37 / Atualizado em 23/01/2019 - 10:06
O ator Caio Junqueira Foto: Gustavo Stephan / O Globo
RIO — O ator Caio Junqueira morreu nesta quarta-feira, aos 42 anos, após ser vítima de um acidente de carro no Aterro do Flamengo , Zona Sul do Rio, na semana passada. O intérprete do policial Neto do filme "Tropa de elite" (2007) foi levado para o Hospital Miguel Couto. A Secretaria de Saúde do Rio confirmou o falecimento.
Na quarta-feira passada, dia 16, Caio, de 42 anos, dirigia sozinho pelo Aterro do Flamengo, em direção ao Centro da cidade, quando perdeu o controle do carro, que subiu o meio-fio, bateu numa árvore e capotou. Com duas fraturas expostas, seria operado hoje, mas os médicos decidiram esperar um pouco.
Na segunda-feira o quadro de saúde do ator chegou a se estabilizar, mas os médicos esperavam controlar uma febre alta para realizar uma cirurgia na mão dele, que havia sofrido fraturas no acidente.
Caio era filho do ator Fábio Junqueira (1956/2008) e irmão de Jonas Torres, conhecido como o Bacana da série "Armação ilimitada" (1985/1988). Aos 9 anos, Caio deu os primeiros passos na carreira artística na série "Tamanho família" (1985/1986), da extinta Rede Manchete.
RELEMBRE IMAGENS DA CARREIRA DE CAIO JUNQUEIRA
Em 2007, o ator participou do filme 'Tropa de elite', no qual interpretou o aspirante Neto Gouveia Reprodução / Divulgação
Caio (à direita) posa ao lado de André Ramiro e Wagner Moura, seus colegas de elenco em 'Tropa de elite', em 2007 Fábio Rossi
/ Agência O GloboEm 2013, o ator participou da minissérie 'José do Egito', da Record Divulgação / Record
Caio Junqueira como Gaspar em 'Desejo proibido', de 2007 João Miguel Júnior / TV Globo
Em 2009, no seriado 'A lei e o crime', o ator interpretou o personagem Romero Munir Chatack / Record
O ator posa para O GLOBO durante a turnê de divulgação de 'Tropa de Elite', em 2007 Hudson Pontes / Agência O Globo
Ao lado de Rocco Pitanga no filme 'Seja o que Deus quiser!', de 2003 Ching C. Wang / Divulgação
O ator em sua casa no Leblon, em reportagem do GLOBO de 2001 Luís Alvarenga / Agência O Globo
O ator caracterizado como seu personagem em 'Um anjo que caiu do céu', novela de 2001 Cristiana Isidoro / Divulgação
Em 1998, ao lado da atriz Cássia Linhares, durante gravação da novelinha 'Malhação' Carlos Ivan / Agência O Globo
Ao lado de Marcos Palmeira, o ator calvagou pela Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para divulgar o filme 'Buena sorte'. Os dois estrelaram juntos o longa-metragem de Tânia Lamarca em 1997 Sergio Marques / Agência O Globo
Caio posa ao lado do também ator Jonas Torres em 1997. Os dois são bisnetos do poeta Jorge de Lima e participaram de leituras em homenagem ao escritor Camilla Maia / Agência O Globo
O gosto pela profissão revelado na infância se consolidou na adolescência quando o ator estreou na Globo, em 1990. Neste ano, emendou dois trabalhos na emissora: a minissérie "Desejo" e a novela "Barriga de aluguel". Quatro anos depois, fez sua segunda novela, "A viagem", seguida pelas séries "Engraçadinha" (1995), "Hilda Furacão" (1998) e "Chiquinha Gonzaga" (1999).
Na década seguinte, Caio também fez vários trabalhos na Globo, entre eles a novela "O clone" (2001) e a minissérie "Um só coração" (2004). Um ano depois, o ator fez o remake de "Escrava Isaura", na Record TV, onde protagonizou "Ribeirão do tempo" (2010) e atuou em obras bíblicas como "José do Egito" (2013) e "Milagres de Jesus" (2014).
O cinema também ocupou espaço de destaque na trajetória profissional de Caio. O ator atuou em grandes sucessos nacionais, entre eles "O que é isso companheiro" (1997), "Central do Brasil" (1998), "Abril despedaçado" (2001), "Zuzu Angel" (2006) e "Tropa de elite" (2007). As peças de teatro "Os justos" (2005) e "Hamlet" (2008) também estão no currículo de Caio.
O Globo segunda, 21 de janeiro de 2019
RECEITAS DE SALADAS
Uma boa salada combina leveza com muito sabor, e a Fatouche é a melhor prova disso.
Marcada por sua textura crocante, a receita de origem árabe leva especiarias que saltam ao paladar, como záttar, sumac e essência de romã. Confira todos os detalhes no vídeo abaixo.
O Globo domingo, 20 de janeiro de 2019
GISELLA AMARAL: GLAMOUR PARA AJUDAR O PRÓXIMO
Gisella Amaral: ícone da sociedade carioca usou o glamour para ajudar o próximo
Incansável filantropa, falecida na última terça-feira, ela foi um dos maiores nomes da noite da cidade
Bruno Astuto
20/01/2019 - 04:30 / Atualizado em 20/01/2019 - 09:15
Gisella Amaral, em 2006 Foto: Ana Branco / Agência O Globo
Chamar Gisella Amaral de socialite é pouco, muito pouco. Uma das maiores articuladoras e empreendedoras filantrópicas do Rio de Janeiro, era uma monumental estrategista na difícil arte de fazer com que quem tinha muito dividisse com quem tinha pouco. Durante toda sua vida, dedicou-se incansavelmente a angariar fundos para entidades de assistência a idosos, crianças, deficientes, mães solteiras, igrejas, ambulatórios, a lista é imensa. Num dado momento, não muito tempo atrás, chegou a atender 39 instituições ao mesmo tempo, à frente do movimento que criou, o SorRio. A quem lhe indagava como poderia contribuir, ela tirava da manga seus três “B”s: “de bolso, para quem pode fazer doações financeiras; de braço, para quem está disposto a trabalhar nos meus eventos beneficentes; e de boca, para levar uma palavra de conforto e ânimo aos asilos e orfanatos”. Quando lhe perguntei por que, afinal, ela nunca teve uma entidade para chamar de sua, a resposta foi precisa: “Eu não teria conseguido deixar ninguém de fora”.
A agenda intensa de compromissos, às vezes 14 no mesmo dia, entre sociais, familiares e filantrópicos, era solucionada da seguinte forma: ela montou um camarim no carro, que chamava “meu escritório”, para ir trocando de roupa entre um evento e outro, e passava só um lápis preto. “Nunca pintei boca, cabelo ou unhas, mas meus olhos são pequenininhos, ninguém merece”, justificava-se, às gargalhadas. A silhueta, a mesma da vida inteira, era mantida com ioga, pilates e duas mil braçadas, às vezes às onze da noite, na piscina do Copacabana Palace. Afinal, nenhuma academia, que absurdo, estava aberta nesse horário.
Com a irmã mais velha, Sônia (a caçula, Monica, era 19 anos mais nova), Gisella formava na infância a dupla das “meninas do castelinho”. O pai, Alfredo da Rocha Amaral, construiu para mãe das meninas, Vivi, uma pequena réplica de um castelo numa rua sem saída de Copacabana, a General Barbosa Lima. Com 5, 6 anos, Gisella já subia o morro, escondida com a babá, para levar balas e bombons às crianças da favela. “Comia uns dois para enganar, e guardava o resto; ficava revoltada porque elas não tinham as mesmas gostosuras que nós”.
Gisella Amaral, em 1977 Foto: Paulo Rocha / Divulgação
Em março de 1964, numa festa na casa de Maria da Glória Chagas, Gisella, que trabalhava voluntariamente como enfermeira instrumentadora num ambulatório, conheceu o paulista Ricardo Amaral, jornalista e reconhecido boêmio. O papo começou com uma discussão política, os dois em campos adversos, e acabou unindo os opostos — ma non troppo , afinal era o encontro de dois Amarais. Começaram a namorar e se casaram um ano depois, com Gisella passando a assinar Gisella Maria Amaral do Amaral. “Ele nasceu nove meses depois de mim, uma gestação. Digo pretensiosamente que Ricardo foi feito para mim”, disse-me Gisella numa entrevista. “Somos completamente diferentes, mas nos amamos como se fôssemos um para o outro.”
Gisella, então com 25 anos, consultou três estilistas para o vestido: Guilherme Guimarães, Dener e Maria Augusta Teixeira, com vitória da última, num modelo de veludo branco. O casamento aconteceu no Outeiro da Glória, <QL>e a noiva chegou com três horas de atraso, porque o Rolls Royce que a levava não entrava na ladeira. Eterna obcecada por monocromáticos, soltou 20 pombinhos com laçarotes azuis no pescoço para combinar com os azulejos da igreja. Da união vieram dois filhos: Rick e Bernardo, que lhe daria três netas. Para as bodas de ouro, Gisella planejou algo bem romântico: cerimônia no mesmo Outeiro, no mesmo horário, tendo como convidados os filhos, as netas, Wilson, seu fiel secretário, sua massagista e duas secretárias. E muitos, muitos padres, todos de batina dourada, ao que Ricardo reagiu: “Parece uma escola de samba”. Detalhe: ela não deixou ninguém cortar o bolo, porque o doaria a uma instituição de caridade.
Na época do casamento, Gisella nem sonhava que se tornaria a rainha-consorte da noite carioca. Aos poucos, ao longo dos 30 anos seguintes, Ricardo foi construindo um império de casas noturnas que incluiu ícones como Sucata, Papagaio, Mamão com Açúcar, o lendário Hippopotamus no Rio, em São Paulo e em Salvador, Resumo da Ópera, Banana Café, o Club A, em Nova York, o Le 78, em Paris, além da pizzaria Gattopardo.
Gisella Amaral e Carmen Mayrink Veiga Foto: Nadja Sampaio / Divulgação
Diversas gerações debutaram na pista dança em seus endereços, mas o casal jamais foi visto requebrando o esqueleto. “Era apenas a acompanhante, nunca me meti nos negócios dele. Ficava com os amigos no bar, para evitar que alguém de porre me puxasse para dançar”, contou Gisella. Quando seu grupo ia embora, ela voltava para casa, às vezes fazia ginástica de madrugada, depois tomava uma chuveirada, ia para a cama ler os jornais do dia e esperar Ricardo. E ainda acordava cedo para levar os meninos para a natação e o judô.
De todas as casas de Ricardo, a preferida da mulher foi o Le 78, em Paris. Na inauguração, a polícia francesa teve de jogar gás lacrimogênio para dispersar a multidão que se aglomerava na porta para entrar. Na época, as maisons francesas disputavam a primazia de vestir Gisella para as muitas festas para as quais ela era convidada. Certa vez, numa dessas, ela e Madame Fauchon, dona da delicatessen Fauchon, estavam com o mesmo vestido, na mesmíssima cor. Gisella foi até a concorrente e disse: “A sua roupa você pagou; a minha eu peguei emprestada. Então vamos descer a escadaria de braços dados”. Os fotógrafos, claro, fizeram a festa.
Num outro evento, no Castelo de Versalhes, a maison Dior lhe emprestou uma roupa, que Gisella achou com cara de princesa e Ricardo, de noiva. E não eram mesmo as duas coisas? O modelito seria o vestido do casamento civil da Caroline de Mônaco, que a princesa acabou não usando. Grifes à parte, Gisella dizia que sempre se vestiu com o que achou bonito, e ponto. “Nunca tive fidelidade por costureiro nenhum; só pelo meu Amaral, com quem me casei virgenzinha”. Uma curiosidade: ela cursou brevemente Jornalismo na PUC-Rio e chegou a escrever matérias de saúde para a Vogue Brasil, uma delas sobre os benefícios do coco.
— A Gisella foi uma pessoa fantástica que estava sempre pronta para ajudar os outros. Ao mesmo tempo, tinha uma personalidade boêmia. Ela era companheira para tudo — relembra Katia Vita, que durante mais de uma década foi directrice do Hippopotamus.
Gisella no livro 'In the spirit of Rio', de Bruno Astuto Foto: Antonio Guerreiro
Para a comadre e amiga Kiki Garavaglia, uma das qualidade de Gisella era aliar a atividade filantrópica à vida boêmia:
— Era a minha melhor amiga. A gente brigava de colocar <QL>o dedo na cara uma da outra e, dois minutos depois, perguntava: “Vai querer sorvete ou não vai?”. Passamos noitadas juntas, tivemos filhos juntas. Todo o mundo achava que o Ricardo era o boêmio, mas a boêmia era ela. Era capaz de usar uma roupa black-tie às quatro da tarde. “Estou pronta para uma festa”, dizia. Por 40 anos, trabalhamos juntas <QL>na Casa São Luiz para a Velhice; era sempre ela quem ligava para pedir o que fosse necessário.
Na proporção do glamour, surgiram alguns revezes. Aos 16 anos, numa viagem cultural à Itália, Gisella caiu dentro do vulcão Vesúvio e teve de ser resgatada por bombeiros. Mais tarde, já casada com Ricardo, sofreu um acidente de carro que lhe custou um edema cerebral e enxaquecas terríveis durante dois anos. Em 1981, uma queda de cavalo na Bahia a levou ao coma por dez dias, a oito meses inconsciente e um longo processo de recuperação que durou oito anos. Teve que reaprender tudo: objetos, animais, conceitos, apenas reconhecia os filhos, o marido e o pai. Durante um tempo só falava francês, um pouquinho de italiano, e com as plantas, que, como não lhe respondiam, levavam-na aos prantos.
Ricardo, que estava no Hippo na hora do acidente, conseguiu que ela embarcasse num voo internacional vindo da Europa, que, por coincidência, estava trazendo Chico Buarque. O acidente saiu no “Jornal Nacional”, e os fotógrafos já estavam esperando na saída, avisados de que não poderiam disparar os flashes, porque ela não suportaria a luz. “Ninguém deu bola para o Chico, que depois brincou comigo que é uma maravilha viajar com Gisella doente, porque ninguém tira foto”.
O humor com que lembrava essa época duríssima foi também sua ferramenta para enfrentar uma nova batalha. No começo dos anos 2000, Gisella surgiu nos salões da sociedade carioca com a vasta e bela cabeleira completamente raspada. “Estou me recuperando de um câncer”, dizia ela, com todas as letras, antes de nos consolar, passando as mãos nos nossos rostos apreensivos. E perguntava: “Mas por que você está triste?”
— Gisella segurou a doença lindamente, não escondeu nada de ninguém nem ficou se lamentando. Estava sempre para cima — relembra a relações-públicas Tânia Caldas. — Ela era muito bem intencionada, mas não era boba. Tinha uma sabedoria inacreditável.
Ricardo e Gisella Amaral Foto: Miguel Sá
Gisella, que já havia retirado vários nódulos antes, descobriu a doença na véspera da Páscoa, em exames de rotina, antes de partir para uma viagem aos Estados Unidos. Ela levou os resultados para o Memorial Hospital, em Nova York, onde recebeu o diagnóstico: um tumor maligno na mama esquerda.
A primeira medida depois da notícia foi correr para a Igreja de Saint Patrick. “Olhei para Nossa Senhora e agradeci muito, porque não foram meus filhos nem meu marido que estavam passando por aquilo. Depois, saí para almoçar com uma amiga e passamos um fim de tarde ótimo. Marquei uma consulta e a operação para a segunda-feira seguinte, no Brasil. E descobriram outros três tumores, que os americanos não haviam detectado”.
Para a primeira sessão de quimioterapia, chegou atrasada, pois tinha passado horas a fio no cabeleireiro, onde fez as unhas, uma limpeza de pele e deu um retoque básico no penteado. Quando contou o motivo do atraso a Ricardo, a essa altura aflitíssimo, ouviu dele: “Gisella, você é tão irresponsável, que não tem medo nem de quatro tumores”.
Todas essas anedotas eram contadas como se tudo se tratasse de uma simples cirurgia de canal — Gisella acabou criando um novo paradigma no enfrentamento da doença. Abriu mão de turbantes e perucas, e incrementou ainda mais os acessórios e as bijuterias — nunca usou joias, “em respeito aos pobres”, segundo ela. “Fora um anel de Nossa Senhora, um crucifixo de São Bento, minha aliança e uma obturaçãozinha de ouro”. No máximo, quando os cabelos voltaram, ralinhos, comprou um aplique de uma índia velha americana em Nova York, “para fazer charme”.
Sempre listada entre as mais elegantes do Brasil, consagrou-se, depois do câncer, como ícone da moda, a bordo de seus looks monocromáticos e lenços amarrados no corpo à moda oriental. Aos 75 anos, topou posar para a campanha da grife de roupas Eva, de olho no cachê que seria revertido para suas entidades. Um dia, sugeri a ela que abrisse uma conta no Instagram, para divulgar suas ações, ao que ela respondeu: “Se a sua mão estiver ocupada com o celular, é uma a menos para ajudar a quem precisa”.
Durante oito anos, ministrou palestras no Brasil todo sobre sua experiência e se engajou em campanhas de prevenção. Quando a doença voltou, na forma de vários tumores, os quais chamava “inquilinozinhos”, não perdeu o ânimo. Pouco antes de morrer, estava num restaurante no Leblon erguendo um brinde à vida. “Aos médicos cabe prescrever tratamentos, remédios, operações, exames. A nós, levantar o espírito”, ensinava. “Lutei com alegria, uma palavra que está escrita na Bíblia mais de três mil vezes”.
Gisella com Ricardo e as três netas na Feijoada do Amaral de 2017 Foto: Reprodução
— Tive um encontro marcante com Gisella, em 2009. Num desfile realizado no Copa, sentei-me ao lado dela. De repente, ela me convidou para ir a uma missa no Mosteiro de São Bento — conta Andréa Natal, diretora-geral do Copacabana Palace. — Disse a ela que adoraria ir e levar a minha mãe, que tinha tido um câncer. Ela indicou seu oncologista e nos passou o contato dele. Tempos depois, quem precisou do médico fui eu. Durante todo o meu tratamento, ela me mandou presentes, um colar, uma rosa branca, uma caixa de costura.
Católica fervorosíssima, grande arrecadadora para o Banco da Previdência, contava que, quando pequena, tinha visões e acordava com pressentimentos, “até de mortes e coisas maravilhosas”. Aliás, ela foi uma das primeiras adeptas no Rio da meditação transcendental, que ajudou a popularizar.
— Credito grande parte do meu pequeno sucesso a Gisella, que foi minha madrinha, me inseriu na sociedade carioca e também me apresentou a nomes internacionais, como o cineasta David Lynch — diz Klebér Tani, maior nome da prática no Rio. — Ela começou a praticar meditação há 20 anos. Acreditava na vida em todos os sentidos, tanto dentro do planeta Terra como em outro patamar. Quem conheceu Gisella ganhou um prêmio na vida.
Gisella Amaral, em 1973 Foto: Divulgação
Só não digam aquela frase-clichê “Gisella descansou”, porque descansar era tudo que ela detestava — não por acaso, Ricardo a chamava “Duracell”. Enquanto recebia a extrema-unção no hospital, fazia planos com a amiga Clara Magalhães, que cantaria no dia seguinte no seu velório. Prefiro imaginar Gisella atribuladíssima, em sua “viagem de expansão, de volta para casa”, como certa vez ela definiu a morte. Olhando para trás, fico pensando: como conseguia estar em todos os lugares, à moda dos anjos: aniversários, galas, Paris, favelas, o restaurante da hora, à cabeceira da amiga doente e do mais perfeito incógnito que precisava de uma doação de cadeira de rodas para deixar o hospital, tudo num dia só? Os atrasos eram épicos, à exceção de missas e enterros, mas, durante anos, desconfiei de que houvesse várias Gisellas, uns clones espalhados por aí.
O Globo sábado, 19 de janeiro de 2019
MORRE MARCELO YUKA, FUNDADOR DA BANDA RAPPA
Músico Marcelo Yuka, fundador do Rappa, morre aos 53 anos
Baterista e ativista carioca ficou paraplégico após ser baleado num assalto 18 anos atrás
O Globo
19/01/2019 - 00:43 / Atualizado em 19/01/2019 - 08:47
Marcelo Yuka Foto: Divulgação
RIO - O compositor, baterista e ativista carioca Marcelo Yuka, fundador do Rappa, morreu, às 23h40 desta sexta-feira, aos 53 anos, em decorrência de um acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico. Ele estava internado no hospital Quinta D’Or, em São Cristóvão, e na madrugada do dia 4 de janeiro entrou em coma induzido.
Lutas, outras, escancaradas também nas letras que escreveu para a banda carioca de reggae-rock O Rappa , em que tratava das questões brasileiras como desigualdade social e racismo em canções como “A feira”, “Minha alma (A paz que eu não quero)” e “O que sobrou do céu”, nos anos 1990. Conseguiu, junto com os seus companheiros de banda, fazer o ativismo chegar ao rádio, à TV e às grandes plateias — enfim, ao mainstream.
A TRAJETÓRIA DE MARCELO YUKA EM IMAGENS
Com o pai e a mãe, no início da década de 1970 Divulgação
Em 1986, em Belford Roxo, com a sua primeira banda KMD-5. Uma das fotos publicadas na autobiografia "Não se preocupe comigo", de 2014 DivulgaçãoEm 1998, com os integrantes do Rappa Agência O Globo / Guto CostaEm 1998, comemoração no camarim quando O Rappa recebeu o disco de ouro pelas vendas de Lado B Lado A DivulgaçãoCarro de Marcelo Yuka em 9 de novembro de 2000. Músico foi baleado na Rua Andrade Neves, na Tijuca, ao tentar escapar de marcha ré de uma falsa blitz feita por bandidos Alaor Filho
Saída de Marcelo Yuka, do hospital São José, em 2 de dezembro de 2000. Ele foi baleado no dia 9 de novembro Custódio CoimbraSessões de watsu, com Marcelo Nabuco, no longo tratamento para aumentar sua mobilidade DivulgaçãoMarcelo Yuka com o amigo e produtor Tom Capone, falecido em 2004 DivulgaçãoMarcelo Yuka lança CD com nova banda, o FURTO, em 2005 Camilla Maia / Agência O Globo
Marcelo Yuka com Marcelo Freixo (Psol), de quem foi candidato a vice na eleição para a prefeitura do Rio, em 2012 Carlos Ivan / O Glob
Yuka foi um dos fundadores do Rappa em 1993, e permaneceu na banda até 2001, pouco após ficar paraplégico. A saída teve tons de amargura. Ele dizia que tinha sido “tirado da banda 50% por ganância, 50% por poder”. A partir de então, o Rappa (então liderado por Marcelo Falcão; agora parado) e Yuka seguiram caminhos diferentes.
Marcelo Yuka e a banda F.UR.T.O. Foto: Divulgação
Sem poder mais tocar bateria por conta do problema de saúde, a composição virou seu principal ofício. Fundou a banda F.UR.T.O. (Frente Urbana de Trabalhos Organizados), que gerou ainda uma ONG epônima, com a qual lutou em prol das pesquisas com células-tronco.
O acidente e o ativismo que Yuka liderou após ficar paraplégico foram também o foco do documentário “No caminho das setas”, lançado em 2011. O filme da diretora Daniela Broitman foi premiado pela melhor montagem no Festival do Rio daquele ano.
Mas era do livro “Não se preocupe comigo”, lançado em 2014 com Bruno Levinson, que Yuka sentia especial orgulho, por retratar de forma completa sua trajetória. Ao longo de 224 páginas, a autobiografia aborda lembranças dos bailes de subúrbio, dos contatos com a turma do reggae na Baixada Fluminense nos anos 1980 (o nome Yuka veio quando integrava o grupo KMD5), passando pelo encontro casual e marcante com o traficante Marcinho VP no alto do Morro Santa Marta durante um evento de hip-hop, pelas lembranças tristes da saída do Rappa e pela amizade com personalidades como o poeta Waly Salomão (1943-2003), o delegado Orlando Zaccone e o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL).
O Globo sexta, 18 de janeiro de 2019
CASO QUEIROZ: DESGASTE PARA BOLSONARO
Decisão sobre caso Queiroz é desgaste para Bolsonaro, analisam colunistas
Ministro do STF suspendeu, a pedido do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), as investigações do MP do Rio
O Globo
18/01/2019 - 04:30 / Atualizado em 18/01/2019 - 08:58
Fabrício Queiroz foi assessor de Flávio Bolsonaro por mais de dez anos Foto: Reprodução / Facebook
RIO - Colunistas do GLOBO, Merval Pereira e Bernardo Mello Franco analisaram em suas colunas desta sexta-feira as consequências jurídicas e arepercussão política dasuspensão das investigações do caso Queiroz . A pedido da defesa de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), senador eleito e filho do presidente Jair Bolsonaro, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, interrompeu as investigações do Ministério Público do Rio (MP-RJ) até que o relator do caso, Marco Aurélio Mello, se posicione após o recesso do Judiciário.
Merval Pereira
O grave nesse caso do senador eleito Flávio Bolsonaro é que atinge o combate à corrupção, base da candidatura vitoriosa de seu pai, o presidente Jair Bolsonaro. Além de estar envolvido de maneira direta na movimentação atípica do motorista Fabrício Queiroz, pois sua mulher recebeu depósitos dele em sua conta, Jair Bolsonaro vê um de seus filhos tentando escapar de uma investigação criminal que pode desvelar a raiz da corrupção política brasileira.
Há entendimento generalizado, que poderia ou não ser confirmado nessa investigação, de que parlamentares de maneira geral, seja em que nível for, com raras e honrosas exceções, financiam suas campanhas e suas vidas pessoais ficando com uma parte do salário de seus funcionários. Ou às vezes nomeando funcionários fantasmas.
Não precisou do cabo nem do soldado. Na terceira semana de governo, o Supremo Tribunal Federal forneceu o primeiro alívio à família Bolsonaro. O ministro Luiz Fux mandou parar a investigação sobre Fabrício Queiroz, o motorista de R$ 1,2 milhão.
O pedido foi de Flávio Bolsonaro, o filho mais velho do presidente. Na semana passada, ele disse que não era investigado e que não tinha “nada a ver” com os rolos do ex-assessor. Dias depois, pensou melhor e pediu socorro ao Supremo. Fux matou no peito e chutou a bola para o mato.
Os promotores investigavam as movimentações financeiras atípicas, descritas em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), do policial militar da reserva Fabrício Queiroz, ex-assessor parlamentar de Flávio e amigo de Jair Bolsonaro desde 1984. Entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, a conta bancária do funcionário - que atuava como motorista e segurança de Flávio na Alerj - movimentou R$ 1,2 milhão.
Ao STF, Flávio argumentou que possui foro privilegiado, uma vez que foi eleito senador nas últimas eleições. Porém, em março de 2017, esteve ao lado do pai em um vídeo em que Jair Bolsonaro fez pesadas críticas à prerrogativa de foro para os congressistas. Merval destaca que a ação de Flávio vai contra o combate à corrupção, uma das principais bandeiras da campanha vitoriosa de seu pai à Presidência. Bernardo, por sua vez, crê que a paralisação da apuração não irá cessar o desgaste político causado pelas denúncias.
O Globo quinta, 17 de janeiro de 2019
OSCAR 2019 - FILMES ESTRANGEIROS
Oscar 2019: Categoria de filmes estrangeiros é a mais forte em anos
Pela primeira vez, um longa não falado em inglês pode levar a principal estatueta
Fabiano Ristow
17/01/2019 - 04:30 / Atualizado em 17/01/2019 - 08:10
“Cafarnaum” (Líbano). Prêmio do Júri em Cannes, o drama dirigido por Nadine Labaki está em cartaz. Fala sobre um menino que tenta sobreviver nas ruas de Beirute após fugir dos pais abusivos Foto: Divulgação
RIO - Algo inédito pode ocorrer no dia do Oscar, 24 de fevereiro: a entrega do troféu de melhor filme a um longa em língua estrangeira — “O artista”, vencedor de 2012, era francês, mas mudo. A maioria dos especialistas em premiações de cinema prevê a vitória do mexicano “Roma” na categoria principal.
Mas o favoritismo do épico preto e branco de Alfonso Cuarón é só um exemplo de como o grupo de obras não faladas em inglês é um dos mais fortes em anos. Os cinco finalistas serão anunciados só na próxima terça-feira, mas a lista dos nove pré-indicados, divulgada em dezembro, já mostra como o cinema produzido fora de Hollywood impressionou em 2018.
— Acompanho o Oscar há anos e nunca fiquei tão envolvido com a categoria de filme estrangeiro como agora. A lista é estelar — avalia Erik Anderson, fundador do Awards Watch, um dos principais sites dos EUA especializados em premiações de cinema. — A seleção prova ainda que Cannes é o festival mais importante para alavancar filmes estrangeiros.
Ele se refere ao fato de que seis dos nove pré-indicados estrearam na mostra francesa, em maio, incluindo o vencedor da Palma de Ouro, o japonês “Assunto de família”, de Hirokazu Kore-eda; e do Prêmio do Júri, o libanês “Cafarnaum”, de Nadine Labaki ( que estreia nesta quinta-feira no Brasil ).
Na época, a presidente do júri, a atriz Cate Blanchett, disse que a seleção dava “voz aos chamados ‘invisíveis’, destituídos, desalojados e desiludidos”. E premiou ainda “Ayka”, do Cazaquistão (melhor atriz para Samal Yeslyamova), e “Guerra Fria”, da Polônia (melhor diretor para Pawel Pawlikowski). O sul-coreano “Em chamas”, de Lee Chang-dong, saiu com o prêmio dos críticos (Fipresci), enquanto o colombiano “Pássaros de verão”, de Cristina Gallego e Ciro Guerra, abriu a Quinzena dos Realizadores.
De Veneza veio o alemão “Never look away”, de Florian Henckel von Donnersmarck, além de “Roma”, o vencedor do Leão de Ouro. Completa a lista o dinamarquês “Culpa”, melhor filme pelo júri popular em Sundance.
OSCAR 2019: OS NOVE FILMES ESTRANGEIROS QUE DISPUTAM UMA VAGA
“Roma” (México). Considerado a obra-prima de Alfonso Cuarón, conta a história de uma empregada doméstica durante os anos 1970. Disponível na Netflix Alfonso Cuarón / Divulgação
“Pássaros de verão” (Colômbia). O longa tem como codiretor Ciro Guerra, de “O abraço da serpente” (2015). Sem previsão de lançamento Divulgação
“Ayka” (Cazaquistão). Dirigido por Sergei Dvortsevoy, o longa gira em torno de uma mãe tentando criar o filho. Estreia dia 8 de abril Divulgação
“Culpa” (Dinamarca). Thriller de alta potência, o longa de Gustav Möller venceu o prêmio de melhor filme em Sundance pelo júri popular. Fala sobre um ex-policial que tenta salvar uma mulher sequestrada. Em cartaz Divulgação
“Cafarnaum” (Líbano). Prêmio do Júri em Cannes, o drama dirigido por Nadine Labaki está em cartaz. Fala sobre um menino que tenta sobreviver nas ruas de Beirute após fugir dos pais abusivos Divulgação
“Assunto de família” (Japão). O vencedor da Palma de Ouro aborda um grupo de marginalizados sobrevivendo em um casebre. Está em cartaz Divulgação
“Never look away” (Alemanha). Filme de Florian Donnersmarck competiu em Veneza. Sem data de estreia Divulgação“Em chamas” (Coreia do Sul). O filme de Lee Chang-dong, que parte de um triângulo amoroso para um mistério, pode dar ao país sua primeira indicação. Está em cartaz - Divulgação
"Guerra Fria" (Polônia). Prêmio de melhor direção em Cannes. O cineasta Pawel Pawlikowski, de "Ida" (2013), versa sobre o romance entre duas pessoas completamente diferentes Divulgação
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— É um ano raro em que dois filmes, “Roma” e “Guerra Fria”, estão sendo considerados em outras categorias. A explicação está, em parte, na sua distribuição pela Netflix e Amazon, respectivamente — afirma Daniel Montgomery, editor do “Gold Derby”, o mais respeitado site americano de apostas do Oscar. — Essas plataformas, além de promoverem seus longas, abriram um mercado para filmes antes relegados a cinemas de arte.
O que a maior parte dos filmes tem em comum é o fato de agradarem tanto público quanto críticos. Ao contrário de edições anteriores, não houve controvérsia quando a Academia pinçou os nove títulos dos 87 elegíveis. Ano passado, por exemplo, a ausência do francês “120 batimentos por minuto”, tido como um dos favoritos, deixou muitos críticos boquiabertos.
— Além disso, os filmes que os países escolheram para representá-los no Oscar de fato tiveram destaque. Esse primeiro filtro na corrida pelo troféu também costuma provocar polêmica. Não foi o caso dessa vez — diz o jornalista e colunista do GLOBO Artur Xexéo.
Nancy Tartaglione, editora do site especializado “Deadline”, reforça a tese. Para ela, o mais surpreendente na lista de pré-indicados é justamente o quão pouco surpreendente ela é. “Em contraste com edições passadas, a categoria está sendo composta por filmes que os analistas já esperavam”, escreveu ela.
Antes mesmo da divulgação da chamada “shortlist”, Diane Weyermann, presidente do comitê encarregado de selecionar os indicados a melhor filme estrangeiro, já havia sinalizado como a tarefa estava particularmente difícil nesta edição, que ela chamou de “excepcionalmente forte”.
— É preciso ficar atento aos filmes que estão ganhando atenção do mundo ao longo do ano. A Academia claramente fez o dever de casa — diz Ilda Santiago, diretora do Festival do Rio, que em novembro trouxe sete dos nove pré-indicados. — Esses longas relevam histórias humanistas que evocam as diferentes realidades dos países.
Para o crítico Guy Lodge, da revista “Variety”, a shortlist atual reflete “uma Academia em transição, com um contingente de cinéfilos mais novos e aventureiros tomando o poder”. Nos últimos anos, a instituição convidou membros mais diversos para compor o quadro de votantes.
— Muitos dos novos integrantes são internacionais, o que certamente vai casuar impacto significativo no resultado. Essas pessoas costumam sentar e de fato assistir aos concorrentes antes de votar — conclui Erik Anderson.
O Globo quarta, 16 de janeiro de 2019
MORRE A SOCIALITE GISELLA AMARAL
Morre a socialite Gisella Amaral, aos 78 anos
Um dos maiores nomes da sociedade carioca, ela lutava contra o câncer desde 2003
O Globo
15/01/2019 - 17:25 / Atualizado em 16/01/2019 - 07:55
Gisella Amaral, em 2013 Foto: Fábio Seixo / Agência O Globo
Morreu na tarde desta terça-feira, Gisella Amaral, um dos maiores nomes da sociedade carioca. Internada desde sábado no Hospital Pró-Cardíaco, ela lutava contra o câncer desde 2003. Apesar da doença, ela nunca perdeu a fé e a alegria de viver.
Dona de uma agenda de telefones poderosa, em 2013, Gisella convenceu amigas da alta sociedade a hospedar de peregrinos a bispos durante a Jornada Mundial da Juventude, além de ter conseguido 18 helicópteros emprestados para o transporte de cardeais. Mesmo diante da devoção católica e do envolvimento em causas sociais, ela não tinha nada de carola. Gostava de dizer que não é preciso estar ajoelhada na igreja ou falar de Jesus o tempo todo para demonstrar fé. Tratava da mesma forma do porteiro ao Presidente da República. Sempre animada, chegava a ir a três eventos numa só noite, entre jantares, aniversários, lançamentos.
Gisella Amaral, aos 40 anos, com o mesmo corte de cabelo que usava até hoje Foto: Agência O Globo
Gisella não usava joias, além da aliança de casamento e um anel no dedo mindinho, com a imagem da Medalha Milagrosa, que ganhou de presente de uma amiga. Formada em Enfermagem, Gisella trabalhou como instrumentadora até a véspera do casamento com o empresário Ricardo Amaral. Nunca gostou de ser chamada de socialite. Dizia que era empresária social, já que trabalhava em prol de 39 entidades de filantropia. Uma delas é a Casa São Luiz para a Velhice, no Caju, onde esteve presente por mais de 40 anos.
Gisela com o marido, Ricardo Amaral, no Copacabana Palace Foto: Agência O Globo
Aos 41 anos, sofreu uma queda de cavalo em Itaparica, na Bahia, ficou em coma e teve de reaprender tudo na vida. Ela contava que só reconhecia filhos, marido e pai. Na década passada, enfrentou o câncer quatro vezes. Além da força e da fé na vida, a elegância de Gisella Amaral era outra de suas marcas registradas. Em 2016, pela primeira vez, posou como modelo para a grife Eva. Foi a musa da campanha de inverno da marca. Usava maxibijuterias e uma vasta cabeleira grisalha. Gostava de Guy Laroche, Givenchy e Gianfranco Ferré, mas usava tanto grifes quanto roupas compradas numa lojinha de bairro.
Uma das muitas mulheres que tinha Gisella como referência de estilo é a ex-modelo Luiza Brunet, que a conheceu no início dos anos 1980.
— Eu costumava ir regularmente ao Hippopotamus (boate carioca comandada por Ricardo Amaral nos anos 1980, frequentada pelas maiores personalidades do Brasil) , e a gente acabou criando uma amizade muito grande — relembra Luiza. — Ela sempre foi uma inspiração, era extraordinariamente elegante, tinha uma classe incrível. Compartilhar momentos com ela foi um presente para a vida toda. Ela me ensinou muito sobre generosidade, sobre ser pró-ativa e ter fé na vida.
A relações públicas Tânia Caldas, que relembra a personalidade solidária de Gisella, de quem foi amiga por 50 anos.
— Ela era muito carinhosa e excelente amiga dos amigos. Foi uma grande companheira.
O professor de meditação transcendental Kléber Tani credita a ela o seu sucesso.
— A gente se conheceu há 20 anos quando ela começou a praticar meditação transcendental. Gisella me inseriu na sociedade carioca, foi uma espécie de madrinha. Encarou a doença com muita elegância.
O produtor executivo Claudio Gomes descreve a amiga.
— Gisella foi uma das melhores pessoas que conheci na vida. Era desprovida de preconceito, caridosa de alma e tinha um excelente humor. Apagou-se uma luz na Terra e acendeu uma no céu.
Gisella deixa o marido, Ricardo Amaral, com quem estava casada há mais de 50 anos, os filhos, Rick e Bernardo, e três netas, Maria Júlia, Mariana e Maria Fernanda.
Gisella Amaral Foto: Fábio Seixo / Agência O Globo
O velório será nesta quarta-feira, a partir das 11h, na Paróquia São José da Lagoa. Às 13h, será celebrada a missa de corpo presente. Gisella será cremada, às 16h, em uma cerimônia fechada para a família, no Caju.
O Globo terça, 15 de janeiro de 2019
QUER DAR VOLTA AO MUNDO? VEJA DICAS E LIÇÕES DE QUEM JÁ FEZ A VIAGEM
Quer dar a volta ao mundo? Veja dicas e lições de quem já fez a viagem
Carioca Rafael Lisboa passou por locais como Japão e Austrália
O Globo
15/01/2019 - 04:30
Rafael Lisbôa e as amigas embarcaram em uma viagem de volta ao mundo Foto: Rafael Lisbôa/Arquivo Pessoal
RIO - O carioca Rafael Lisbôa tinha 36 anos e se viu pronto para um sonho antigo: dar uma volta ao mundo. Com duas amigas, que "também trocaram a estabilidade na carreira para conhecer o planeta", ele embarcou no dia 20 de abril de 2017 para uma jornada de 365 dias, que passaria por 30 países nos cinco continentes.
Junto com Juliana e Elisa, suas companheiras na jornada, ele planejou todo o trajeto de acordo com o orçamento que cada um possuía. Foram 70 voos, por exemplo, e sempre com a bagagem máxima permitida: 23kg, o que demandou "bastante planejamento".
A jornada começou em Nova York, nos Estados Unidos e seguiu até Tóquio, passando por locais como Jamaica, Cuba, Namíbia, Ruanda, Líbano, Israel, Rússia, Espanha, Croácia, Marrocos, Islândia, China, Nepal, Camboja, Vietnã, Laos e Austrália, entre outros.
"O mundo é do tamanho da vontade e do orçamento de cada um. No nosso caso, juntamos as economias, pesquisamos bilhetes aéreos em promoção, compartilhamos quartos em albergues, usamos casas de conhecidos e desconhecidos, comemos em mercados e biroscas. Uma viagem com dinheiro contado e sem luxo, e, ao mesmo tempo, a experiência mais rica da nossa vida".
Ficou interessado? Sonha com uma viagem como essa? Confira o relato, as dicas e as lições que Rafael contou ao Boa Viagem.
Contrariando previsões
"Dar a volta ao mundo nunca pareceu algo possível, menos ainda provável. Voei pela primeira vez aos 23 anos e viajei ao exterior com 25. Tirar um tempo para desbravar todos os continentes, atravessar oceanos, mergulhar em culturas variadas, conhecer gente de sotaques tão diferentes sempre soou utópico, uma aventura para quem ainda é muito jovem ou um capricho de quem é muito rico. Uma empreitada que talvez até faça sentido para um cidadão comum que mora em um país com economia estável, moeda forte e oferta abundante de empregos. Mas, contrariando todas as previsões, eu e duas amigas, já com quase 40 anos, que, em duas décadas como jornalistas e engenheira, acumulamos olheiras, cabelos brancos, boas experiências profissionais, mas nenhuma fortuna, nos lançamos no mundo, sem amarras, por um ano.
Minhas duas companheiras de viagem, Juliana e Elisa, haviam decidido trocar a acomodação de suas carreiras estáveis pela excitação de uma jornada transformadora ao redor do planeta. E eu, que, com o fim das Olimpíadas, concluíra um ciclo de longos anos de trabalho intenso na comunicação da cidade do Rio e seus grandes eventos, resolvi embarcar junto na ousadia delas. Tendo estudado relações internacionais na Universidade de Columbia, em Nova York, e na Fundação Getúlio Vargas, achei que era a oportunidade de vivenciar o mundo para além das salas de aula e dos livros acadêmicos.
Preparativos para rodar o planeta
Antes de cair na estrada, porém, foi preciso resolver questões práticas: roteiro, bagagem, vacinas. O quebra-cabeça de países a serem visitados deveria levar em conta o perfil de cada um nós, que formávamos um trio bem heterogêneo. Elisa, que é uma amante da natureza, adora explorar paisagens remotas e ter contato com todo tipo de animal. A preferência da Juliana é por sítios históricos, manifestações culturais, experiências antropológicas. Já eu sou um apaixonado por cidades e tudo o que a vida urbana, na sua pluralidade e intensidade, pode oferecer, inclusive à noite e de madrugada.
Tóquio, uma das cidades visitadas na viagem de volta ao mundo Foto: Rafael Lisbôa/Arquivo Pessoal
Definir a nossa lista de destinos foi, então, um exercício de paciência e flexibilidade, uma prévia do espírito de negociação permanente que o mochilão pelo mundo demandaria de nós. Conciliar vontades tão diferentes obviamente deu trabalho, mas a grande vantagem foi nos forçar a embarcar na ideia do outro e vivenciar situações que nunca haviam sido cogitadas. E, assim, graças a essa combinação de gostos distintos, cada um nós visitou países que jamais estiveram na lista de prioridades e se surpreendeu com sensações e experiências inimagináveis.
Fechados os países do nosso tour, faltava definir o roteiro. E, para isso, usamos dois critérios: clima e passagem aérea de volta ao mundo. Para economizar espaço na mala, que deveria ter apenas 23 kg por causa das limitações na maioria dos voos, escolhemos seguir o verão. Construímos nosso cronograma de modo que visitaríamos os países sempre na estação mais quente. Isso significaria menos roupas para carregar, mais possibilidades de programas ao ar livre e de interação com a população local. E comprovamos in loco que os mais diferentes lugares e povos, em qualquer canto do planeta, costumam desabrochar sob a luz do sol.
Comprar um bilhete de volta ao mundo nos ajudou também a organizar o nosso ano sabático. As principais alianças de companhias aéreas possuem esse tipo de passagem, que se baseia, no geral, nas mesmas regras: o viajante deve seguir um mesmo sentido no globo, passar obrigatoriamente por um determinado número de continentes e oceanos e retornar ao local de origem no período de até um ano. Na nossa pesquisa, descobrimos que o máximo de destinos que essa modalidade de ticket aéreo permitia era 16 – número insuficiente, óbvio. Definimos os 11 trechos mais longos, marcamos as datas (que poderiam ser alteradas sem custo) e os demais deslocamentos seriam adquiridos individualmente, conforme a viagem fosse acontecendo. Ou seja, havia um planejamento macro, mas uma liberdade imensa para encurtar ou prolongar nossas estadias, alterar o nosso roteiro e adaptar nosso mochilão.
Para seguir de vez para o aeroporto rumo ao mundo, marcamos antes uma consulta gratuita no Centro de Medicinas para Viajantes da UFRJ. O serviço, que é oferecido no campus da Praia Vermelha, foi fundamental para nos orientar sobre os riscos e cuidados de cada lugar que visitaríamos. Dona de uma rara paciência, a infectologista Karis Rodrigues listou as vacinas e remédios a que deveríamos ter acesso para não sermos vítimas das doenças endêmicas de cada país.
Lições da jornada
Roteiro definido, vacinas em dia, bilhete na mão, uma mala de apenas 23 kg (e muito desapego), teve início, enfim, a nossa jornada. Passados exatos 365 dias, foram mais de 30 países, cinco continentes, 70 voos, 30 ônibus, 18 trens, barcos, vans, tuk-tuk e camelo.
No caminho, encontramos muitos como nós, com origens e motivações diversas. Compreendemos logo que rodar o planeta é mais comum e mais possível do que se tem ideia. É menos uma questão de dinheiro e mais de disponibilidade. E aí está a primeira lição que aprendemos: o mundo é do tamanho da vontade e do orçamento de cada um. No nosso caso, juntamos as economias, pesquisamos bilhetes aéreos em promoção, compartilhamos quartos em albergues, usamos casas de conhecidos e desconhecidos, comemos em mercados e biroscas. Uma viagem com dinheiro contado e sem luxo, e, ao mesmo tempo, a experiência mais rica da nossa vida.
A segunda lição é que o mundo é muito maior do que as nossas expectativas. Existem bem mais de sete maravilhas. Nem a lista da Unesco, com 1.092 patrimônios da humanidade, dá conta de tantas belezas espalhadas. Não importa se o país é grande ou pequeno, rico ou pobre, tem sempre algo de apaixonante. É difícil escolher um lugar favorito. O nosso mochilão foi um conjunto de experiências inesquecíveis. Um em infinitos recortes possíveis no planeta, que incluiu nadar com leões-marinhos em Galápagos, caminhar com gorilas em Uganda, explorar a natureza selvagem da Cratera de Ngorongoro, dormir sob o céu estrelado do Saara e ver o dia nascer na duna mais alta na Namíbia.
O templo Bayon, em Siem Reap, no Camboja Foto: Rafael Lisbôa
A nossa volta ao mundo contou com a imponência dos Himalaias, o perfume das cerejeiras do Japão, a mistura de fogo e gelo da Islândia, o vermelho do Outback australiano e o azul turquesa das praias croatas e tailandesas, o gosto do hummus libanês e do curry indiano. Teve Petra, Muralha da China, Taj Mahal, templos do Laos e do Camboja, mesquitas do Marrocos, igrejas da Rússia. Testemunhamos as múltiplas demonstrações de fé no Oriente Médio e na Índia e também as transformações em andamento em Cuba, África do Sul, Ruanda e Vietnã.
A terceira e mais importante das lições é que, apesar do seu gigantismo e diversidade, o mundo se revelou menor e mais parecido do que jamais imaginamos. É um quintal de casa com oceanos no meio. Por trás de cores e sabores tão distintos, existem traços comuns que tornam tudo muito familiar.
A religiosidade é um desses aspectos universais. Os pontos turísticos mais famosos são, em geral, templos religiosos. Toda e qualquer sociedade, da mais primitiva à mais moderna, tem tentado responder ao mesmo questionamento: de onde viemos e para onde vamos? E a fé de cada povo, utilizada para explicar o inexplicável desde sempre, cria narrativas distintas, com regras e deus (ou deuses) próprio. Ao percorrer o mundo e ter contato com múltiplos credos, porém, é possível perceber que, mesmo diferentes e por vezes rivais, essas doutrinas fazem parte de uma mesma essência que une espiritualmente o planeta.
O fascínio pela água é outro elemento que se reproduz. É natural que, para as civilizações mais antigas, organizar-se em torno de uma fonte de água potável era a diferença entre sobreviver ou não. Mas ainda hoje, nas cidades mais urbanizadas, todos querem morar perto da água: lagos, rios, cachoeiras, praias. É lá que as pessoas se reúnem nas folgas, inclusive nos cantos mais frios do planeta.
Tasmânia, na Austrália Foto: Rafael Lisbôa/Arquivo Pessoal
O pôr do sol é mais uma unanimidade que ultrapassa fronteiras. Não importa o idioma, aquele espetáculo de cores fala por si só e atrai os olhares em qualquer lugar. Aplaudir o pôr do sol no Arpoador é mais global do que se pensa. Na praia, no deserto, na geleira, entre arranha-céus, todos param para contemplar o sol se despedir, ainda que aquele fenômeno se repita diariamente.
Provavelmente nada é tão universal quanto a família. Nenhuma instituição é mais forte. Independentemente do formato e do arranjo, família é mesmo tudo igual. Somos seres sociais, existimos a partir da relação com o outro. São os vínculos pessoais que nos conectam com o exterior, seja nas paisagens gélidas e solitárias da Sibéria ou na confusão de cidades populosas como Tóquio. E são essas ligações afetivas que fazem qualquer viajante compulsivo - como eu, com carimbo de 55 países no passaporte - querer sempre voltar para casa, sabendo, claro, que um novo encontro com o mundo é questão de tempo".
O Globo segunda, 14 de janeiro de 2019
DESTINOS MAIS PROCURADOS POR BRASILEIROS
Conheça os destinos mais procurados por brasileiros no começo do ano
Mineiros, paulistas e cariocas buscam destinos no Nordeste, segundo pesquisa
O Globo
14/01/2019 - 04:30 / Atualizado em 14/01/2019 - 08:51
Fortaleza é uma das cidades no Brasil mais procuradas pelos usuários do buscador Kayak Foto: Marcos Moura / Prefeitura de Fortaleza/Divulgação
RIO - O Nordeste continua sendo a menina dos olhos dos paulistanos, mineiros e cariocas para as férias de verão. Pelo menos, é o que mostra a pesquisa do Kayak, que listou os destinos mais procurados dos brasileiros em seu site no começo de janeiro. Lisboa, Miami e Orlando também continuam sendo muito procuradas.
Na compilação nacional, São Paulo é o destino mais pesquisado, seguido pelo Rio, Fortaleza, Salvador e Recife. Lisboa é o primeiro destino internacional buscado pelos brasileiros, na frente de Miami e Orlando.
O estudo foi realizado no último dia 3 de janeiro, com saídas dos aeroportos de São Paulo, Rio, Porto Alegre, Belo Horizonte, Brasília, Salvador e Fortaleza. Da capital paulista, Salvador e Recife são as cidades mais buscadas nacionalmente e Miami e Lisboa, as mais procurados para fora do país.
Do Rio, São Paulo, Fortaleza e Salvador aparecem na frente. Internacionalmente, cariocas buscam por Orlando e Lisboa. De Belo Horizonte, Porto Seguro, na Bahia, desperta o maior interesse, seguido por São Paulo e Rio. Fora do país, Lisboa aparece em primeiro lugar.
São Paulo, Rio e destinos internacionais
Moradores de Porto Alegre e de Brasília escolheram o Rio e Janeiro como primeiro opção em suas buscas. Já os soteropolitanos e os cearenses têm São Paulo como destino para a próxima viagem.
A busca por destinos internacionais também cresceu, principalmente de saídas de São Paulo, Rio e capitais nordestinas.
- É importante lembrar que em 2019 não teremos tantos feriados emendados como no ano passado, o que pode estimular viajantes e famílias a planejarem uma viagem mais longa para as férias - comenta Eduardo Fleury, do KAYAK.
O Globo domingo, 13 de janeiro de 2019
FARAH DIBA, ÚLTIMA IMPERATRIZ DO IRÃ
Aos 80 anos, a última imperatriz do Irã, Farah Diba, lança livro de arte e conta sobre os 40 anos de exílio
Em entrevista ao editor Bruno Astuto, ela falou ainda de futebol, Rio e saudade
Bruno Astuto, de Paris
13/01/2019 - 04:30 / Atualizado em 13/01/2019 - 08:25
Farah Diba, a última imperatriz do Irã, fotografada em seu apartamento em Paris Foto: Iude Richele
Em 16 de janeiro de 1979, o avião que levava o xá do Irã, Mohammed Reza Pahlvevi, e sua mulher, a imperatriz (ou xabanu) Farah Diba, fez o percurso entre Teerã e Assuã, no sul do Egito. Receberam-nos o então presidente, Anuar Sadat, sua mulher e sua filha, agindo como se tratasse de uma visita de Estado qualquer. Mas aquela foi apenas a primeira parada de muitas (como Marrocos, Bahamas e México) que marcariam o exílio eterno do casal imperial e de seus quatro filhos. No dia 1º de fevereiro, qualquer esperança de voltar ao poder se esvaiu, com o retorno a Teerã do aiatolá Ruhollah Khomeini, que deu início à Revolução Islâmica. O novo líder exigiu a volta imediata do xá, para que ele fosse julgado, e a devolução de cerca de US$ 36 bilhões que ele teria supostamente tirado do Irã. Além disso, ameaçou com represálias qualquer país que acolhesse a família imperial — quando o presidente americano Jimmy Carter autorizou o xá a se tratar de um câncer num hospital em Nova York, a resposta veio na forma da invasão da embaixada dos Estados Unidos em Teerã, onde estudantes mantiveram 52 pessoas reféns durante 444 dias. O xá acabou se asilando novamente no Egito, e ali morreria em 27 de julho de 1980, aos 60 anos. Até hoje, a viúva visita seu túmulo anualmente.
Quatro décadas depois do início dessa longa viagem, Farah Diba me recebe em sua bela e ampla cobertura em Paris, de frente para o Rio Sena. Duas vezes por ano, no outono e na primavera, ela se muda para Washington, onde vivem seu filho Reza Ciro, a nora e três das quatro netas, incluindo Nour, a princesa-herdeira. Nas últimas duas décadas, ela passou por outras terríveis provações: dois de seus filhos, Leila e Ali Reza, suicidaram-se, respectivamente aos 31 anos, em 2001, e aos 44, em 2011.
O motivo do nosso encontro é o lançamento de “Iran Modern: The empress of art” (Assouline), um livro monumental que reúne a coleção de arte moderna e contemporânea que ela começou a amealhar no final dos anos 1960 para construir o que hoje é o Museu de Arte Contemporânea de Teerã (TMoCA). Trata-se de um dos mais importantes acervos do gênero fora da Europa e dos Estados Unidos, com obras de Vincent Van Gogh, Claude Monet, Edgar Degas, Pablo Picasso, Mark Rothko, Marc Chagall, Jackson Pollock, Georges Braque, Cy Twombly, Joan Miró, Roy Lichtenstein, Alexander Calder e Henry Moore, só para citar alguns. Na capa, figura um dos famosos retratos de Farah realizados por Andy Warhol. A publicação, que pesa nove quilos, começou a ser organizada quatro anos atrás, quando a consultora de arte Viola Raikhel-Bolot e a escritora Miranda Darling, ambas australianas, propuseram a ideia à imperatriz. Elas também estão filmando um documentário sobre a vida de Farah Diba.
O Globo sábado, 12 de janeiro de 2019
NEY MATOGROSSO REVIRA O PASSADO
Crítica: Ney Matogrosso revira o passado e acende novas luzes em show com clima político
Em 'Bloco na rua', cantor reforçou com vigor as mensagens de canções da MPB dos anos 1970
Silvio Essinger
12/01/2019 - 08:24
Ney Matogrosso no palco: temas de Chico Buarque, Rita Lee e Sergio Sampaio Foto: Marcos Hermes/Divulgação
RIO — Não há muito segredo nos shows das encarnações pop de Ney Matogrosso. E o que ele estreou na noite de sexta-feira no Vivo Rio, onde fica por duas semanas, não se afasta muito em termos musicais do anterior "Atento aos sinais", com o qual ele excursionou sem descanso por cinco anos. A banda até era a mesma, aquela liderada pelo tecladista Sacha Amback, com destaques para a bateria de Marcos Suzano, o baixo de Dunga e a guitarra de Maurício Negão — a base para que o cantor, surpreendentemente vigoroso aos 77 anos de idade, exibisse o corpo e seus traje cintilante, dançasse e fizesse caras e bocas. Nada disso faltou a "Bloco na rua". Mas havia algo diferente e gritante: a necessidade de expressar uma inquietação política, num repertório que veio, em grande parte, daquela produção MPBística dos anos 1970 que se esforçava para dizer muito falando pouco.
Com o movimento de despir-se de uma máscara, Ney abre o show cantando a marcha-rancho "Eu quero é botar meu bloco na rua", de Sergio Sampaio, trilha de um carnaval do sufoco, na qual o cantor sublinhou, lânguido, toda a desesperada alegria da canção. "Jardins da Babilônia", da Rita Lee em tempos rock de Tutti Frutti, deu prosseguimento ao papo sobre a importância de se ter festa em meio à luta — e os acomodados que se incomodem com a insistência do cantor e não se calar. Em "O beco", dos Paralamas do Sucesso, o tempo fechou um bocadinho mais, embora tenha sido só para introduzir as malemolências ácidas de "Álcool" (do DJ Dolores) e de "Já sei", de Itamar Assumpção (um daqueles compositores de que Ney Matogrosso não desgruda).
A primeira grande surpresa do "Bloco na rua" foi a de mais um clássico setentista, o "Pavão Mysteriozo", relido com muita psicodelia moderna, dissonâncias e uns toques bombásticos que amplificaram a grande mensagem: a de que "eles são muitos mas não podem voar". Em seguida, uma nova luz também foi lançada, de forma muito feliz, só que sobre uma canção recente: "Tua cantiga". Um dos maiores intérpretes de Chico Buarque de todos os tempos, Ney pegou a música, pôs balanço latino e dela extraiu toda uma nova gama de sentidos, muito mais pecaminosos do que se desconfiava — momento de deleite do show, que foi em frente terno, romântico e, é claro, um bocado venenoso com "A maçã" de Raul Seixas.
Cantor iniciou show abrindo figurino como se tirasse uma máscara Foto: Marcos Hermes/Divulgação
Mas a noite também foi de lados B, como no resgate das angustiadas "Postal do amor" e "Ponta do lápis" que o cantor gravara com Fagner em 1975. Ou em "Tem gente com fome", canção censurada dos seus Secos & Molhados, e a "Corista de rock", outra da Rita fase Tutti Frutti. A elas, ofereceram-se como contraponto "O último dia", de Paulinho Moska, com batidão de funk, uma "Sangue latino"glam rock e a inédita "Inominável", de Dan Nakagawa, que se insinua como futuro hit, encerrando a primeira parte do show com um arrepiante coro. No bis, Ney não fez a menor questão de esfriar os ânimos, levado o público à catarse com um "Como dois e dois" (de Caetano Veloso, sucesso com Roberto Carlos) em voz e piano, um militante "Coração civil" (de Milton Nascimento) e um "Feira moderna"(Lô Borges, Beto Guedes e Fernando Brant) como se deve cantar. Não fosse a falta de pressão do som do Vivo Rio, a voltagem desse bloco/trio elétrico de Ney Matogrosso teria colaborado para carregar muito mais gente em seu cortejo.
O Globo sexta, 11 de janeiro de 2019
ROTEIRO DE ACARAJÉS PARA MATAR SAUDADES DA BANIA
Um roteiro de acarajés para matar saudades da Bahia
Onde comer os bolinhos de feijão-fradinho no Rio para viajar sem sair do lugar
Marcella Sobral
10/01/2019 - 08:32 / Atualizado em 10/01/2019 - 09:39
Quitéria Foto: Samuel Antonini / Divulgação
Dando uma rolada básica no Instagram a impressão é que quase todo mundo que você conhece está na Bahia. Daí para bater aquela vontade de comer acarajé é um like. Para ninguém ficar de olho grande na comida de ninguém, aqui está um roteiro com alguns dos bolinhos mais gostosos feitos em terras cariocas.
Bar do Horto
Bar do Horto. Os acarajés são servidos com vatapá, camarão e vinagrete Foto: Divulgação
No clima tranquilão do Bar do Horto os acarajés são servidos com vatapá, camarão e vinagrete (R$ 46).
Bar do Horto: Rua Pacheco Leão 780, Jardim Botânico (3114-8439).
Casa Omolokum
Casa de Omolokum tem festival de acarajé no domingo Foto: Ana Branco / Agência O Globo
Segundo domingo do mês é dia de Festival de Acarajé. As cem primeiras pessoas que chegarem vão poder se esbaldar nos bolinhos de feijão-fradinho com os recheios de vatapá de bacalhau, camarão, peixe, abobrinha com alho-poró e caruru. Por R$ 50, come-se à vontade, das 13h às 17h.
Casa Omolokum: Rua Argemiro Bulcão 51, Ladeira da Pedra do Sal
Quitéria
Quitéria. O cardápio anuncia: a porção com três miniacarajés como na Bahia Foto: Samuel Antonini / Divulgação
O cardápio anuncia: a porção com três miniacarajés como na Bahia (R$ 29). E eles são preparados de forma tradicional e servidos com vatapá, caruru, vinagrete e camarões fritos no azeite de dendê. Ideal para degustar antes ou depois de um mergulho na Praia de Ipanema.
Quitéria: R. Maria Quitéria 27, Ipanema (2267-4603)
Rayz Ipanema
O acarajé faz parte do bufê de comida baiana do Restaurante Rayz, em Ipanema, aos sábados Foto: Divulgação
Na dúvida entre feijoada ou comida baiana?Aos sábados você pode ter os dois no bufê do Restaurante Rayz, em Ipanema. E, claro, o acarajé faz parte do menu. O valor fixo é de R$ 48,90, do meio-dia às 16h.
Rayz: Rua Prudente de Morais 416, Ipanema (2522-0627).
Sabores de Gabriela
Acarajé do Sabores de Gabriela Foto: Berg Silva / Divulgação
A porção (R$ 52, com 4) de acarajé vem separada e cada um monta (ou não) do jeito que quiser.
O Globo quinta, 10 de janeiro de 2019
IBAMA ANULA MULTA AMBIENTAL APLICADA A BOLSONARO
Ibama anula multa ambiental aplicada a Bolsonaro por pesca irregular
Decisão foi tomada pelo órgão em dezembro, após parecer da Advocacia-Geral da União
Marco Grillo e Catarina Alencastro
09/01/2019 - 17:51 / Atualizado em 10/01/2019 - 07:24
Bolsonaro em área de acesso proibido em Angra Foto: Divulgação
RIO E BRASÍLIA — A superintendência do Ibama no Rio anulou uma multa ambiental de R$ 10 mil que havia sido aplicada em 2012 ao presidente Jair Bolsonaro por pesca irregular em Angra dos Reis, na Costa Verde. A decisão foi tomada em 20 de dezembro, quando ele ainda não havia assumido a Presidência, após um parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) sustentar que Bolsonaro não teve direito à ampla defesa no processo.
A informação foi publicada pelo jornal “Folha de S. Paulo” e confirmada pelo GLOBO. O processo já havia passado pela primeira e pela segunda instâncias julgadoras do Ibama, que decidiram pela manutenção da multa. Em ambos os casos, Bolsonaro recorreu. Quando o caso chegou à AGU para a inscrição da dívida ativa, o órgão considerou que não estavam fundamentadas as decisões em duas instâncias do Ibama, e que Bolsonaro não teria tido a chance de apresentar sua defesa.
Com a decisão, o caso voltará a ser analisado em primeira instância e haverá novo julgamento, ampliando a possibilidade de recursos. O padrão nos casos de aplicação de multas ambientais é que o Ibama siga a recomendação da AGU, o que aconteceu no processo relativo ao presidente. A decisão foi comunicada formalmente a Bolsonaro em ofício enviado pelo superintendente substituto do Ibama no Rio.
O presidente foi flagrado por fiscais em 25 de janeiro de 2012 em um bote dentro da Estação Ecológica de Tamoios, em Angra — a presença é proibida no local. Ele foi fotografado por um agente do Ibama com uma vara de pescar. Na defesa apresentada, o presidente alegou que estava no aeroporto Santos Dumont na hora da multa — Bolsonaro, no entanto, cita a data em que o auto de infração foi lavrado, em março, não o dia em que a conduta foi flagrada, em janeiro. A demora entre o flagra e o registro formal aconteceu porque o presidente se recusou a apresentar os documentos, o que foi comunicado pelos agentes no processo.
Em nota, o Ibama afirmou que a "AGU avaliou em despacho emitido em 07/12/2018 que as decisões de 1ª e 2ª instâncias seriam nulas por falta de fundamentação e devolveu os autos do processo ao Ibama". De acordo com o instituto, o entendimento foi acompanhado pela Superintendência do Rio.
Em março de 2016, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou por unanimidade a denúncia por crime ambiental apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF).
Presidente do Ibama exonerada
A presidente do Ibama, Suely Araújo, foi exonerada ontem após críticas do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles , e do próprio Bolsonaro a um alto contrato do órgão para aluguel de caminhonetes para a fiscalização de crimes ambientais. Bolsonaro já reclamou em várias ocasiões da chamada "indústria das multas" ambientais. Salles, por sua vez, diz que há muitos autos de infração e que poucos resultam em punição efetiva. Nos próximos dias deve assumir o Ibama o procurador Eduardo Bim, indicado por Salles para o posto.
O Globo quarta, 09 de janeiro de 2019
QUEM NÃO ADORA AQUELE SABOR DEFUMADO?
Quem não adora aquele sabor defumado? A técnica aparece até em drinques e sobremesas
Chefs contam com o que combina e ainda ensinam várias maneiras de como fazer em casa
Lívia Breves
09/01/2019 - 04:30 / Atualizado em 09/01/2019 - 08:58
Berinjela defumada e maçaricada no missô e cachaça com maionese de wasabi, amendoim no melado e folhas tostadas do .Org Foto: Tomás Rangel
Tem um quê de pirotecnia. E isso já poderia ser o suficiente para pedir um prato que leva uma defumação à mesa. Quem não quer um momento “uau” antes mesmo da primeira mordida? Mas, além do fator estético, há o motivo original disso tudo: o sabor. O processo de defumar concentra o gosto, deixa tudo mais salgadinho e muitas vezes ainda com uma crostinha boa.
No menu recém-lançado por Tati Lund, do .Org, na Barra, a berinjela defumada e maçaricada no missô e cachaça com maionese de wasabi, amendoim no melado e folhas tostadas mostra que os vegetais também combinam bastante com a técnica. O prato já é um dos preferidos da temporada.
— A fumaça enaltece o sabor dos ingredientes. Qualquer vegetal pode ser defumado, mas invisto nos que têm sabor intenso e são mais carnudos, como a berinjela. Estou testando uma receita nova de um ceviche quente com folhas tostadas que está ficando bem legal. Levar a fumaça à mesa sempre surpreende, as pessoas ficam um pouco hipnotizadas — diz Tati.
A burrata do Ino, em Botafogo, virou figurinha frequente no Instagram. Talvez seja a entrada mais postada da casa. O motivo certamente passa pela defumação a frio que é feita ali, na frente do cliente. A bolota de queijo fresco cremoso temperada com pesto genovês chega em uma redoma de vidro enfumaçada e ainda ganha uma bisnaga de azeite espetada para ser colocada aos poucos. O chef Marcelo Laskani conta que faz uma defumação leve, para não perder a característica do cru.
Burrata com pesto do Ino: virou um dos clássicos da casa por conta da fumaça à mesa Foto: Tomas Rangel
— A burrata é delicada, não pode passar por um processo agressivo. Eu coloco a fumaça na cúpula imediatamente antes de levá-la para a mesa. Fica um sabor bem suave para ela manter sua acidez natural. Os clientes adoram, sentem que fazem parte do processo de produção do prato. Tanto que é a entrada que virou nossa marca registrada — conta o Marcelo, que, na casa de São Paulo, onde serve o menu confiança, prepara mais opções fumês. — Atum fresco, cogumelos, peixe branco... Uso bastante. Vou oferecer mais opções com a técnica, que é antiquíssima, no Ino do Rio a partir de janeiro, quando passarei uma temporada reformulando o cardápio. Penso em fazer defumação quente com cascas de cítricos, que adoro, como laranja-baía e limão, e ervas secas, como alecrim, tomilho e sálvia.
Até a batata frita pode ganhar um sabor a mais por conta da fumacinha. No Érico, na Barra, a que leva receita da casa chega com a casquinha crocante e rodeada por uma nuvem branca.
— Queria fazer algo defumado que não fosse a carne. Escolhi a batata frita por ela ser queridinha por todos: o prato passeia livremente por veganos, vegetarianos e carnívoros — conta a chef Janine Sad.
Os drinques não ficam de fora. Taças, copos e que tais também são finalizados dentro da cúpula de vidro. Sabores amarguinhos ganham destaque, mas ainda há opções refrescantes para quebrar alguns tabus.
No Garoa Bar Lounge, no Leblon, o mixologista Igor Renovato coloca algumas opções defumadas na carta. Para dar intensidade de aroma e sabor às receitas, ele utiliza uísque defumados. O Bitter Mix leva soda artesanal de grapefruit, mix de amargos como bourbon, vermute, Fernet e Campari, além de ser finalizado com o especialíssimo uísque escocês Lagavulin Islay 16 anos, que tem notas de madeira, chocolate, pimenta e caramelo.
Bitter mix do Garoa Bar Lounge leva soda artesanal de grapefruit, mix de amargos, uísque e fumaça Foto: Rodrigo Azevedo
— Outra forma de preparar o drinque é defumando o copo com casca de macieira. Nesse caso, a fumaça provocada pela madeira entra no lugar do uísque. Apesar de levar mais tempo para preparar, o defumador dá um efeito muito bacana por causa do impacto visual da fumaça — explica Igor.
Também há fumaça no balcão do L’Atelier Mimolette, em Ipanema. O mixologista Marcelo Emídio é quem prepara o drinque Mise en Scène, batizado assim por todo ar dramático que ele traz. Defumado com madeira de macieira à mesa, a opção leva bourbon, cointreau, redução de mel com gengibre, soda arsenal de pêssego e ainda é servida em um copo de metal.
— Ao contrário do que se espera de um coquetel defumado, ele é um drinque refrescante e frutado. Escolhi ingredientes que conversam muito bem e uma madeira de árvore frutífera — comenta Marcelo.
FAÇA EM CASA
No fogão
Em uma panela (melhor ser antiguinha), coloque um pouco de carvão, acenda e deixe que ele libere a fumaça. Feche a panela para a fumaça não escapar. Depois, coloque o ingrediente que deseja ali dentro, desligue o fogo e deixe por alguns minutos, para que o sabor defumado seja absorvido.
Com grade ou escorredor
Coloque o carvão vegetal em brasa em uma panela e os alimentos em cima da grade ou do escorredor de metal. É um ótimo método para preparar vegetais.
No forno
Em uma assadeira, coloque o carvão e algumas ervas e feche-a com papel alumínio. Ligue o forno a 250°C e coloque a assadeira na grade de baixo. Quando a fumaça começar a ser liberada, coloque o alimento para ser defumado.
Com fumaça líquida
Basta colocar algumas gotas antes de começar o preparo. Combina muito com carnes e peixes, como salmão. Os vegetarianos usam muito em tofus e berinjelas assadas.
O Globo terça, 08 de janeiro de 2019
DE GRACE KELLY A RITA HAYWORTH, AS PLEBEIAS AMERICANAS NAS REALEZAS
De Grace Kelly a Rita Hayworth, as plebeias dos EUA nas realezas
Célebres atrizes e socialites se casaram com príncipes e passaram a integrar famílias reais
Grace Kelly e Rainier III: fim trágico Foto: jfklibrary.org
WASHINGTON/LONDRES - A atriz Meghan Markle, que vai se casar com o príncipe Harry da Inglaterra no ano que vem, será a mais nova americana a entrar para uma família real. Conheça os perfis de outras cinco mulheres americanas que se tornaram princesas ou rainhas:
Grace Kelly
A atriz Grace Kelly estava no auge de uma brilhante carreira em Hollywood quando desistiu da profissão para se casar com o príncipe Rainier III de Mônaco, em abril de 1956. Grace Patricia Kelly nasceu em 12 de novembro de 1929 na Filadélfia, Pensilvânia, a terceira de quatro filhos de uma família irlandesa católica rica.
Ela estreou no cinema em 1951, em "Horas Intermináveis", e alcançou a fama no ano seguinte ao lado de Gary Cooper em "Matar ou Morrer". Kelly foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por "Mogambo" em 1953, e ganhou o Oscar de Melhor Atriz no ano seguinte por "Amar é Sofrer".
Mas Kelly talvez seja mais conhecida por seus papéis em três filmes de Alfred Hitchcock - "Disque M para Matar", "Janela Indiscreta" e "Ladrão de Casaca". A atriz abandonou sua carreira completamente quando se casou com o príncipe Rainier. Eles tiveram três filhos: Caroline, Albert (príncipe soberano de Mônaco) e Stephanie.
Kelly morreu em setembro de 1982, quando sofreu um derrame cerebral enquanto dirigia em uma estrada de Mônaco. Ela perdeu o controle do veículo e este caiu em um penhasco.
Wallis Simpson
Wallis Simpson e o príncipe Edward em 1935 Foto: Reprodução
A americana Wallis Simpson tinha se divorciado duas vezes quando se casou com o rei britânico Edward VIII. Esta união o levou a renunciar à coroa, em dezembro de 1936.
Bessie Wallis Warfield nasceu em 19 de junho de 1896 em Blue Ridge Summit, Pensilvânia. Seu pai morreu pouco depois do seu nascimento. Warfield se casou com um aviador naval americano, Win Spencer, em 1916, divorciou-se dele em 1927 e se casou com o executivo Ernest Simpson no ano seguinte.
Ela se envolveu com o então príncipe Edward em 1934. Sua relação com uma divorciada americana foi desaprovada pela família real e pela classe política da Grã-Bretanha. Edward se tornou rei em janeiro de 1936, mas abdicou em dezembro desse mesmo ano e se casou com Simpson - "a mulher que eu amo" - em junho de 1937. Edward e Simpson foram nomeados duque e duquesa de Windsor. Edward morreu em 1972, e Simpson, em 1986. Eles não tiveram filhos.
Rita Hayworth
Rita Hayworth e o príncipe Aly Khan em 1952 Foto: Arquivo/Los Angeles Times
A atriz Rita Hayworth se casou com o príncipe Aly Khan - filho de Aga Khan III, o então líder espiritual dos muçulmanos ismaelitas - em 1949, após a ruptura de seu casamento com o ator-diretor Orson Welles.
Hayworth nasceu Margarita Carmen Cansino, em 17 de outubro de 1918 no Brooklyn, Nova York. Depois de se mudar para Los Angeles, quando adolescente, ela fez pequenas participações em vários filmes, antes de adotar o nome artístico Rita Hayworth e passar ao estrelato.
Apelidada "Deusa do Amor" pela revista Life, ela apareceu ao lado de Fred Astaire no filme "Ao Compasso do Amor", de 1941, e em outros sucessos, incluindo "Gilda", no qual ela fez uma cena de strip-tease que foi vista como escandalosa no momento.
Em 1949, grávida, Hayworth se casou com Aly Khan. Ela deu à luz uma filha, a princesa Yasmin Aga Khan, em dezembro daquele ano. Ela se divorciou de Aly Khan em 1953, após um casamento tumultuado, e se casou mais duas vezes.
Hayworth sofreu de mal de Alzheimer em seus últimos anos de vida, e morreu em Nova York em maio de 1987.
Rainha Noor
A rainha Noor visita a Freer Gallery of Art em 1985 Foto: Divulgação / Smithsonian
A Rainha Noor da Jordânia se casou com o rei Hussein em 1978, tornando-se a quarta e última esposa do líder do Reino Haxemita.
Lisa Najeeb Halaby nasceu em 23 de agosto de 1951 em Washington, em uma proeminente família árabe-americana cristã. Seu pai era o chefe executivo da companhia aérea Pan American e também dirigia a Administração Federal de Aviação.
Graduada da Universidade de Princeton, Halaby se casou com o rei Hussein em junho de 1978, convertendo-se à religião muçulmana e se tornando a rainha Noor Al-Hussein. Eles tiveram quatro filhos.
Desde a morte do rei, em 1999, a rainha Noor tem atuado em atividades filantrópicas e no movimento de não proliferação nuclear.
Hope Cooke
Hope Cooke, rainha de Sikkim Foto: United States Library of Congress
A socialite nova-iorquina Hope Cooke se casou com o príncipe herdeiro do minúsculo reino de Sikkim, no Himalaia, em 1963, em uma história da vida real que foi comparada ao musical de Rodgers e Hammerstein "O Rei e Eu".
Cooke nasceu em 24 de junho de 1940 em São Francisco. Sua mãe, uma piloto, morreu em um acidente de avião quando Cooke tinha apenas dois anos, e ela foi criada por seus avós em Nova York.
Ela conheceu Palden Thondup Namgyal, o príncipe herdeiro viúvo de Sikkim, em 1959, durante uma viagem à Índia quando era estudante universitária. Eles se apaixonaram e se casaram em 1963, e ela se tornou rainha consorte quando seu marido ocupou o trono, em 1965.
Sikkim foi anexado pela Índia em 1973, e Cooke retornou aos Estados Unidos com seus dois filhos. Ela se divorciou do marido em 1980, e morreu dois anos depois.
O Globo segunda, 07 de janeiro de 2019
LUTADORA DE UFC REAGE A ASSALTO NO RIO
Lutadora do UFC reage a assalto no Rio e domina ladrão com socos, chute e mata-leão
Polyana Viana conta que bandido tentou roubar seu celular
O Globo
07/01/2019 - 07:47 / Atualizado em 07/01/2019 - 08:57
Polyana e o ladrão dominado por ela Foto: Reprodução
RIO - A lutadora brasileira Polyana Viana, do UFC, reagiu a um assalto na noite do último sábado em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, e dominou o ladrão que tentava roubar o seu celular.
Segundo reportagem do site "MMAjunkie", Polyana estava esperando um Uber na porta do condomínio em que mora quando foi abordada pelo bandido.
"Quando ele viu que eu tinha percebido a presença dele, ele estava bem perto de mim. Ele me perguntou as horas. Eu disse, mas vi que ele não foi embora. Então pus o celular na minha cintura. Aí me me disse: 'Me passa o celular. Não tente reagir, estou armado'. Ele pôs a mão sobre o que parecia ser uma arma, mas percebi que estava maleável. Ele estava bem perto de mim. Foi quando pensei: se é uma arma, ele não terá tempo de sacá-la. E dei dois socos e um chute. Ele caiu e o detive com um mata-leão", explicou a lutadora.
O bandido usou uma arma de papelão Foto: Reprodução
O ladrão foi mantido dominado com uma chave de braço até a chegada a polícia. A "arma" era feita de papelão.
A última luta da brasileira pelo UFC aconteceu em em 4 de agosto, em Los Angeles. Na oportunidade, ela foi derrotada pela americana JJ Aldrich. Polyana tem um cartel de 10 vitórias e duas derrotas no MMA.
Cartaz da última luta de Polyana Foto: Reprodução/ Instagram(polyanaviana)
O Globo domingo, 06 de janeiro de 2019
SEIS VERSÕES DE ROSCA DE REIS
Seis versões da rosca de reis para manter a tradição
Bolo é uma homenagem a aparição dos Reis Magos ao menino Jesus
Marcella Sobral
27/12/2018 - 09:17 / Atualizado em 04/01/2019 - 13:41
A massa da rosca de reis (R$ 69,90) da The Bakers é semifolhada Foto: FILICO / Divulgação
Seis de janeiro. Temos uma notícia boa e uma ruim. A ruim é que a data, de acordo com a tradição, é dia de desmontar a árvore de Natal. A boa é que neste mesmo dia, ainda segundo os costumes, é dia de Bolo de Reis, ou Rosca de Reis, em homenagem a visita de Belchior, Gaspar e Baltazar, os três Reis Magos, ao meninos Jesus. Por aqui, algumas casas fizeram suas versões da iguaria apra celebrar a data.
Empório Farinha Pura
Rosca de Reis do Farinha Pura Foto: Frederico de Souza - F I L I C O / Divulgação
A massa doce é coberta por frutas cristalizadas, castanha, açúcar e passas, e ainda é coroada por uma medalha da Sagrada Família para completar a tradição (R$ 54,90). A regra é clara: quem ficar com o pedaço da medalha, será o responsável pelo bolo do próximo ano.
Empório Farinha Pura: R. Voluntários da Pátria 446 - Loja 1, Botafogo (3239-8000).
Kurt
A Rosca de Reis do Kurt tem brinde dentro do bolo Foto: FILICO / Divulgação
Seguindo a tradição, a rosca de reis do Kurt tem um brinde dentro do bolo. Dizem que quem pegar este pedaço vai ter sorte durante o ano, e também fica responsável pelo doce do ano seguinte. Ah, sem querer entrar em polêmicas logo nos primeiros dias de 2019, a versão da confeitaria tem passas no recheio, cobertura de açúcar e canela (R$ 95).
Kurt: Rua General Urquiza 117 – loja B, Leblon (2294-0599).
Lecadô
Lecadô. Dois sabores da rosca de reis, chocolate e frutas cristalizas, com gotas de chocolate e nozes. Foto: Divulgação
Como sorte não tem dia certo para chegar, a Lecadô fará fornadas especiais da rosca de reis (R$ 19,90) durante todo o mês de janeiro. São dois sabores: chocolate e frutas cristalizas, com gotas de chocolate e nozes.
Talho Capixaba. A Galette de Rois é feita com massa folhada Foto: Rodrigo Azevedo / Divulgação
Com sotaque francês, a Galette de Rois é feita com massa folhada, com recheio a base de amêndoas (R$ 68), também servida na ocasião.
Talho Capixaba: Av. Ataulfo de Paiva 1022, Leblon (2512-8760).
The Bakers
A massa da rosca de reis (R$ 69,90) da The Bakers é semifolhada Foto: FILICO / Divulgação
A massa da rosca de reis (R$ 69,90) da The Bakers é semifolhada e coberta por uma calda açucarada, e decorada com nozes, passas e damasco. Quem será o sortudo que vai encontrar a supresa escondida no bolo?
The Bakers: Rua Santa Clara, 86 - Copacabana. Telefone 3209-1212
Venga
Venga! O Roscon de Reyes feito artesanalmente na casa será vendido apenas até domingo Foto: Anna Staneck / Divulgação
O roscon de reyes (R$ 78) é um pão doce artesanal é feito com farinha italiana, ovos manteiga e leite, e decorado com abacaxi, passas, gojiberry, amêndoas, e laranja, morango, cereja desidratados na casa. Ele sera vendido apenas até domingo.
Calor no Rio: fila na cachoeira do Horto e guarda-chuva para proteger do sol em Santa Cruz
Mais uma vez, bairro da Zona Oeste marcou a maior temperatura da cidade
Gilberto Porcidônio
05/01/2019 - 04:30 / Atualizado em 05/01/2019 - 09:08
Banhistas fizeram fila para aproveitar queda d'água no Horto; temperatura máxima chegou a 39,4 graus em Santa Cruz Foto: Márcia Foletto / Agência O GLOBO
RIO — Um dia depois de atemperatura ter batido um recorde, alcançando 41,2 graus em Santa Cruz —os termômetros não chegavam a tanto desde outubro de 2015 —, o calor não deu trégua no Rio. Na sexta-feira, o dia já amanheceu abafado, levando cariocas e turistas a correr para a orla, tradicional ponto de encontro do verão, e a lotar as cachoeiras da cidade. Nas do Horto, chegou a ter fila de gente buscando um espacinho para se refrescar na água.
A doméstica Sandra Lima contava como é difícil enfrentar o verão na região:
— Me dá uma leseira, uma vontade de só ficar no ar... Se pudesse, nem saía de casa — dizia.
O soldador José Fernandes, que, no dia a dia já enfrenta um calorão, contou que, nas horas de folga, não quer saber de temperaturas altas. Prefere investir no ar-condicionado, mesmo que se assuste com a conta de luz depois.
— Eu chego a tomar três banhos por dia e caio direto no quarto com ar-condicionado ligado, sem nem me enxugar. Não quero nem ver a conta de luz depois! — brinca.
Nem sempre dá para manter o bom humor com as altas temperaturas. Na emergência do Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes, alguns pacientes esperavam atendimento porque tiveram queda de pressão e mal- estar causados pelo calor.
No local, que está sem ar-condicionado e sem água nos bebedores, pacientes se queixavam da falta de infraestrutura. Parentes dos doentes foram obrigados a levar ventiladores para tentar aliviar um pouco o calor nas enfermarias.
A designer de sobrancelhas Tatiane Faria, que chegou na sexta-feira à unidade com a sobrinha de 3 anos, com pneumonia, disse que a temperatura superava os 40 graus.
— O pior é que eles não dão satisfação, não dizem se o ar vai voltar a funcionar, ou não. Só me pediram para trazer ventilador de casa — disse Tatiane, revoltada.
Segundo o site G1, a falta de ar-condicionado se repete em enfermarias do Hospital Getulio Vargas, na Penha.
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O Globo sexta, 04 de janeiro de 2019
HELÔ PINHEIRO DÁ CAMBALHOTAS NA PISCINA DO COPA
Helô Pinheiro dá cambalhotas na piscina do Copa para lentes de Martin Parr
POR MARINA CARUSO
Helô Pinheiro deu cambalhotas na piscina do Copacabana Palace para as lentes de Martin Parr, o fotógrafo inglês que é o último grito da moda. “Ele disse que a maior emoção do dia foi estar ao meu lado”, contou a Garota de Ipanema à revista “Vogue” de janeiro.
Fã de Tom Jobim e bossa nova, Parr foi só elogios à Helô: “Virou uma senhora muito chique”, disse. Responsável pelas campanhas da italiana Gucci, o fotógrafo, que prefere clicar gente comum do que modelo, pirou no Rio. “Tudo é interessante: a atmosfera, o caos e até mesmo a chuva”. Então, tá.
O Globo quinta, 03 de janeiro de 2019
WILLEM DAFOE FILMA NOS LENÇÓIS MARANHENSES
Willem Dafoe começa a produzir longa ambientado nos Lençóis Maranhenses
Com direção da mulher do ator, Giada Colagrande, 'Tropico' terá Sonia Braga, Seu Jorge e Morena Baccarin no elenco
Fabiano Ristow
02/01/2019 - 16:40 / Atualizado em 03/01/2019 - 09:05
Willem Dafoe nos Lençóis Maranhenses, onde buscou locações para o filme 'Tropico' Foto: Divulgação
RIO — Willem Dafoe tem uma conexão conhecida com o Brasil. Atuou em palcos paulistanos e cariocas em 2014, com o espetáculo surrealista “A velha”, de Robert Wilson, um dos principais nomes do teatro de vanguarda nos EUA. A ocasião levou ao encontro do ator com Hector Babenco, com quem trabalharia no último longa do diretor, “Meu amigo hindu” (2015).
Agora, o americano de 63 anos se dedica ao seu maior projeto com DNA brasileiro. Ele passou o Natal em São Luís do Maranhão buscando locações para o longa “Tropico”, que vai produzir e protagonizar. Com filmagens previstas para abril e estreia em dezembro, será dirigido pela sua mulher, a italiana Giada Colagrande.
— Minha relação com o Brasil pode parecer casual, mas nasce de uma paixão de mais de 15 anos, quando conheci Seu Jorge nas filmagens de “A vida marinha com Steve Zissou” (2004), de Wes Anderson. A gente até gravou o clipe de “Tive razão” — lembra Dafoe, em entrevista exclusiva ao GLOBO na véspera do réveillon no restaurante de um hotel do Leblon, usando bermuda e chinelos e parando de vez em quando para tirar selfies com fãs.
Parecia à vontade, mas não quis desviar o foco de sua mulher, com quem está casado desde 2005. Mais de uma vez pediu que Giada respondesse por ele. Os dois se conheceram após Dafoe ficar fascinado com o primeiro longa dela, “Aprimi il cuore” (2002). Um amigo os apresentou e “outras coisas acabaram acontecendo”, ri o ator, enquanto toma café da manhã diante de uma vista panorâmica da praia. Desde então, trabalhou em todos os filmes da italiana, a quem atribui até mesmo seu conhecimento de cinema e música brasileiros. Em 2011, estiveram no Festival do Rio para apresentar a sessão de “Amor obsessivo” (2010).
— A verdade é que minha cultura cinematográfica é muito pobre. Eu venho do teatro. Minhas referências estrangeiras eram filmes europeus. Voltava das filmagens de “Meu amigo hindu”, e ela me mostrava filmes brasileiros, não só porque estávamos hospedados aqui, mas também para conhecer os atores com quem poderíamos trabalhar no futuro — diz Dafoe.
A TRAJETÓRIA DE WILLEM DAFOE E PASSAGEM PELO BRASIL
O ator Willem Dafoe, a Diretora Giada Colagrande (de camisa vinho) e a produtora Nathalia Scarton (vestido florido) posam num hotel do Rio. Ator e cineasta vieram passar Natal e ano novo no Brasil Brenno Carvalho / Agência O Globo
Willem Dafoe e Gilberto Gil Jantam no restaurante Pérgula, em Copacabana Reprodução / Gilda Mattoso / InstagramWillem Dafoe durante o réveillon em Copcabana Marta Szpacenkopf / O GLOBOWillem Dafoe (centro) no set de 'A última tentação de Cristo' (1988), de Martin Scorsese DivulgaçãoWillem Dafoe no filme 'A sombra do vampiro' (2000), que lhe rendeu uma indicação ao Oscar Divulgação
Willem Dafoe como o Duende Verde em 'Homem-Aranha' (2002), de Sam Raimi DivulgaçãoWillem Dafoe no filme 'Amor obsessivo' (2010), dirigido pela sua mulher, a italiana Giada Colagrande. Longa foi exibido no Festival do Rio DivulgaçãoMikhail Baryshnikov e Willem Dafoe no espetáculo 'A velha', de Robert Wilson. Peça foi encenada em São Paulo e Rio Lucie Jansch / Divulgação
No elenco de “Tropico”, que já assegurou distribuição nacional pela Pandora Filmes, estão confirmados nomes como Sonia Braga, João Miguel, Seu Jorge e Morena Baccarin — a brasileira radicada nos EUA que estrelou as séries “Gotham” e “Homeland”, pela qual foi indicada ao Emmy. Ela também está escalada para a terceira temporada de “Sessão de terapia” (Globoplay) .
Descrito como um noir ambientado nos Lençóis Maranhenses, em meio a uma comunidade indígena, o projeto mistura suspense e romance para tratar de identidade e sincretismo religioso. Conta a história do espião Raymond Sanz (Dafoe), contratado para investigar um caso de má gestão em uma empresa do Nordeste brasileiro.
Ele se envolve com as gêmeas Olivia e Lucia (papel duplo de Morena Baccarin), esta casada com um empresário americano e possível alvo de investigação do protagonista. O conflito de interesses se agrava quando o espião descobre que as duas são filhas de seu chefe. Paralelamente, as irmãs mantêm uma relação com um centro espiritual comandado pela sacerdotisa Cora (Sonia Braga).
Com roteiro de Barry Gifford, parceiro de David Lynch em “Coração selvagem” (1990) e “Estrada perdida” (1997), o filme partiu do desejo de Giada de rodar um noir inspirado em clássicos dos anos 1940, como “A dama de Shanghai” (1947), de Orson Welles, “Gilda” (1946), de Charles Vidor, e “A carta” (1940), de William Wyler.
— Queria que a trama se passasse num lugar com histórico colonial e exótico para os padrões americanos e europeus — afirma Giada. — Cogitei o Pelourinho, na Bahia, mas quando vi imagens dos Lençóis Maranhenses fiquei impactada. Eu queria uma terra sagrada que proporcionasse um elemento mágico e espiritual, e o Brasil tem uma mistura enorme de religiões e filosofias europeias e africanas.
Por que a premissa despertou o interesse de Willem Dafoe? Ele apenas quer estar disponível para os projetos da mulher, responde. Atualmente em cartaz em “Aquaman”, o americano é conhecido por atuar tanto em blockbusters (como “Homem-Aranha”, de Sam Raimi), e obras autorais. Já recebeu três indicações ao Oscar e, no domingo, disputa o Globo de Ouro pelo papel de Van Gogh na cinebiografia “No portal da eternidade”, de Julian Schnabel, que estreia em 7 de fevereiro.
Sobre escolhas profissionais, o ator desconversa.
— Não fiz TV, ainda tenho filmes interessantes para fazer e, para ser honesto, não é o momento de falar disso — diz, sobre a possibilidade de fazer séries, como outros colegas de Hollywood. — Estou menos preocupado com a carreira e mais em trabalhar com quem eu gosto.
O Globo quarta, 02 de janeiro de 2019
115 MIL PESSOAS NA FESTA DA POSSE
Público disputa água, enfrenta filas e passa por quatro revistas por medida de segurança
Apoiadores de Bolsonaro precisam de 5 horas e meia para acompanhar todos os momentos da posse
Vinicius Sassine
01/01/2019 - 20:45 / Atualizado em 01/01/2019 - 20:56
Público faz fila para pegar água, durante posse de Bolsonaro Foto: Vinicius Sassine
BRASÍLIA — Os apoiadores de Jair Bolsonaro que quiseram assistir às distintas cerimônias da posse do novo presidente da República viveram um verdadeiro dia de cão em razão do forte e restritivo esquema de segurança implantado na Esplanada dos Ministérios. A decisão dos ministros de Bolsonaro que cuidaram da posse foi cortar a presença de ambulantes; o porte de água pelas pessoas; a livre circulação pelos amplos espaços da Esplanada. O resultado foi uma disputa por água nos abarrotados pontos de distribuição, a impossibilidade de uso dos pouquíssimos banheiros químicos e uma retenção das pessoas nos quatro pontos de revista obrigatória por agentes de segurança. Além disso, uma multidão ficou presa em cercadinhos, impossibilitada, por exemplo, de voltar para casa, em razão dos sucessivos bloqueios para a passagem de comitivas.
Para estar em todos os atos da posse abertos ao público — o desfile de Bolsonaro em carro aberto, a partir da Catedral Metropolitana de Brasília; a chegada ao Congresso e a posterior revista da tropa em frente ao Parlamento; o desfile em carro aberto até o Palácio do Planalto; e a transferência de faixa seguida do discurso ao público na Praça dos Três Poderes — foi necessário gastar cinco horas e 20 minutos, tempo contado a partir da presença na Rodoviária do Plano Piloto, conforme constatado pela reportagem do GLOBO.
Tudo ficou bloqueado a partir da Rodoviária, que fica no começo da Esplanada dos Ministérios, o que obrigava um périplo por diferentes pontos de bloqueio e revista. Os atos em si da posse estiveram compreendidos num intervalo de tempo de duas horas e meia. Assim, foram necessárias quase três horas a mais para que as pessoas estivessem nos pontos por onde Bolsonaro passou.
Pouco antes da linha da Catedral, no canteiro central da Esplanada dos Ministérios, havia a primeira revista. Ali, as pessoas eram obrigadas a deixar garrafas de água, sacolas que não fossem transparentes e outros objetos vetados pelo esquema de segurança, como guarda-chuvas, bolsas, mochilas e garrafas de vidro. Em segundos, policiais militares apalpavam os bolsos dos apoiadores de Bolsonaro e liberavam a passagem. Estavam permitidas apenas sacolas transparentes, com o porte de lanches, por exemplo.
Na altura da Catedral, os apoiadores de Bolsonaro que compareceram à posse – 115 mil pessoas, segundo o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República – enfrentaram a primeira fila gigantesca. Bandeiras e faixas foram usadas para proteção do sol escaldante. Vinte e duas filas foram formadas por 11 aberturas em toldos dispostos no canteiro central. A reportagem precisou ficar 44 minutos na fila para passar por um detector de metais móvel. A agente de segurança fez uma revista pela frente e por trás. Questionou o que era o carregador do aparelho de celular e liberou a passagem.
— Vamos perder a posse aqui nesse sol quente – protestaram alguns apoiadores de Bolsonaro, em meio aos tradicionais gritos de "Eu vim de graça" e "A nossa bandeira jamais será vermelha".
— Não tem PT aqui não. Deixa todo mundo entrar — gritaram outros.
Um cartaz neste ponto de revista trazia um lembrete mais incisivo do que as mensagens distribuídas anteriormente à população. Estavam proibidas armas de fogo, "dispositivos neutralizantes", "objetos pontiagudos" e "ferramentas de trabalho". Um outro cartaz fazia um alerta sobre objetos "esquecidos" que poderiam ser, na verdade, artifícios terroristas.
A essa altura, já havia uma fila enorme para uso dos banheiros químicos e por um copo de água. Sem vendedores ambulantes e sem poder portar uma garrafa de água, a dependência era exclusiva dos pontos de distribuição de água pela empresa de saneamento do Distrito Federal. Saciar a sede foi uma dificuldade para milhares de apoiadores do presidente. O mesmo ocorreu com as necessidades fisiológicas básicas.
Já quase na frente do Congresso, os eleitores de Bolsonaro poderiam optar por dois pontos de revista. Um dava acesso ao gramado em frente ao Legislativo. O outro, à lateral do Parlamento e ao caminho em direção à Praça dos Três Poderes. Mais uma vez, as pessoas se viram em meio a uma confusão e a uma profusão de filas, sob um sol escaldante. O primeiro ponto contava com apenas duas passagens por detectores de metais. As filas se prolongaram a perder de vista. O segundo ponto foi repentinamente fechado, o que gerou protestos e gritos de "libera, libera, libera".
O bloqueio só foi reaberto 55 minutos depois. Neste intervalo, Bolsonaro fez o primeiro desfile em carro aberto, ovacionado aos gritos de "mito" dos apoiadores que, por aquele momento, esqueceram que estavam numa fila. Os agentes de segurança decidiram abrir as grades de quem se dirigia à lateral do Congresso. A revista seguiu apenas para quem se dirigia ao gramado em frente ao Parlamento.
— Se eu soubesse que ia ser essa loucura, eu não tinha vindo — disse uma apoiadora do presidente, enquanto se dirigia à Praça dos Três Poderes.
O período que Bolsonaro ficou dentro do Congresso — uma hora e meia — foi o mais entediante para os apoiadores que estavam do lado de fora. Não havia um telão, ouvia-se apenas a ressonância do que era retransmitido num telão na Praça dos Três Poderes, a alguns metros dali. O desânimo e o cansaço já eram notórios.
Depois de uma rápida revista de tropas em frente ao Congresso, Bolsonaro seguiu ao Planalto para subir a rampa e para receber a faixa presidencial, os gestos mais simbólicos da posse. Às 16h50, as pessoas que estavam nas imediações do Congresso seguiram para a praça, que fica em frente ao parlatório do Palácio do Planalto. Exatos 19 minutos separaram a saída do presidente do Congresso e o início do discurso, já com a faixa no peito. A última revista foi bem mais flexível, diante da correria das pessoas. Bastava retirar os celulares dos bolsos, colocá-los ao lado dos detectores de metal e ocupar um espaço na praça.
— O capitão chegou — gritaram os apoiadores de Bolsonaro.
Mesmo com a proibição de fogos de artifício, houve apoiadores que conseguiram entrar com fumaça colorida, nas cores verde e amarela, um claro indício do afrouxamento da vistoria no espaço mais importante da posse. Às 17h20, Bolsonaro pronunciou o último "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos". As pessoas partiram em retirada. Ainda em tempo de ficarem presos em dois cercadinhos, à espera da passagem de comitivas intermináveis.
O Globo terça, 01 de janeiro de 2019
A POSE, BOLSONARO DEVE EXPLORAR COMBATE À CORRUPÇÃO
Na posse, Bolsonaro deve explorar combate à corrupção e enxugamento da máquina pública
Quando realizar o juramento perante o Congresso Nacional, por volta de 15h, Bolsonaro se tornará o 38º presidente do Brasil
Jussara Soares, André de Souza e Jailton de Carvalho
01/01/2019 - 04:30 / Atualizado em 01/01/2019 - 09:17
O presidente eleito, Jair Bolsonaro 28/10/2018 Foto: MAURO PIMENTEL / AFP
BRASÍLIA — Após encerrar uma sequência de quatro vitórias do PT nas urnas, o presidente eleito, Jair Bolsonaro , fará na tarde de hoje, no primeiro discurso como chefe de Estado, um chamamento à união dos brasileiros e dirá que há esperança de dias melhores. Ele também fará defesa da austeridade na administração pública.
Quando realizar o juramento perante o Congresso Nacional, por volta de 15h, Bolsonaro se tornará o 38º presidente do Brasil. Terá sob seu comando um país com mais de 200 milhões de habitantes, brasileiros de diferentes crenças, posições políticas e visões de comportamento. Para falar a todos pela primeira vez, o presidente preparou dois textos.
O primeiro será lido na presença de deputados, senadores e presidentes dos Poderes constituídos, que farão parte da mesa na sessão solene de posse no plenário da Câmara de Deputados. O segundo discurso será dirigido ao público, na Praça dos Três Poderes, logo após receber a faixa presidencial de seu antecessor, Michel Temer (MDB).
Os pronunciamentos foram preparados nos últimos dias pelo próprio Bolsonaro, com a ajuda do futuro ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, e dos três filhos políticos, Flávio, eleito senador pelo Rio, Eduardo, reeleito deputado por São Paulo, e Carlos, vereador no Rio de Janeiro.
Considerado o auxiliar mais próximo do novo presidente, Heleno também foi o responsável por dar forma final aos pronunciamentos de Bolsonaro logo após a vitória no segundo turno da disputa presidencial. O general ainda ajudou a escrever o discurso da cerimônia de diplomação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no dia 10 de dezembro.
Enquanto recebia familiares e apoiadores na Granja do Torto, ontem à tarde, o presidente aproveitou para fazer ajustes finais nos textos. Até o chanceler Ernesto Araújo, que comandará a política internacional, foi consultado. Uma das principais preocupações de Bolsonaro é passar uma mensagem clara à comunidade internacional, de normalidade institucional.
Promessas de campanha
De acordo com interlocutores, não há previsão de que Bolsonaro faça um pronunciamento de improviso, mesmo quando se dirigir à nação no parlatório do Palácio do Planalto. No Congresso, os presidentes eleitos costumam fazer uma exposição mais formal e política. Já ao público em geral, o tom tende a ser mais emotivo. Por outro lado, alertam auxiliares de Bolsonaro, a se julgar pelo estilo do novo presidente, não será surpresa se fugir ao roteiro que ele mesmo determinou.
O Globo segunda, 31 de dezembro de 2018
XÓ, RESSACA!
Ressaca das festas de fim de ano: o que fazer antes e depois
Nutricionista dá dicas para amenizar e combater os efeitos do excesso de comida e bebida
Vitor Seta*
31/12/2018 - 04:30 / Atualizado em 31/12/2018 - 09:53
A ressaca pode ser prevenida com uma dieta saudável no dia da festa Foto: Pixabay
As festas de fim de ano são ambientes propícios para exageros: o clima de celebração e a reunião em família ou entre amigos pedem aquela mesa farta, seja de comidas ou de bebidas. Nesse meio, quem opta por consumir bebidas alcoólicas deve tomar cuidado com uma velha conhecida — a ressaca.
O estado de 'sobrecarga' do corpo é causado pela intoxicação — a absorção e a metabolização — do álcool no organismo, gerando sintomas como dor de cabeça, tontura, náuseas, entre outros. Não há um remédio para o problema, mas existem formas de amenizar e combater seus sintomas, como explica a nutricionista Cristiane Kovacs, autora do livro "Manual de Sobrevivência - Ressaca".
Segundo Cristiane, a principal dica para evitar o problema é não fazeer jejum antes de iniciar o consumo de álcool. Esse jejum, explica, não é necessariamente de um dia, mas de algumas horas antes da ingestão.
— O jejum pode acelerar cada vez mais o processo de intoxicação pelo álcool e o processo de metabolização no organismo — conta. A dica para as horas anteriores à festa é focar em legumes e verduras, além da hidratação do corpo.
— Quanto mais hidratada, menos a pessoa vai sentir os efeitos. Quanto mais o rim trabalhar, melhor — indica a nutricionista. Ela elaborou um planejamento básico de alimentação ao longo do dia da festa. Nesse planejamento, o foco é uma alimentação leve com uma quantidade idal de macronutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras de fontes boas). Confira:
CAFÉ DA MANHÃ
Para o café da manhã, a dica é uma alimentação saudável e rica em líquidos. A especialista indica um cardápio com duas fatias de pão, geleia ou azeite (fonte boa de gordura), café com leite e uma fruta.
— Pode ser utilizado um suco de frutas natural, mas o ideal é a própria fruta — recomenda.
LANCHE DA MANHÃ
A recomendação é se hidratar. A nutricionista sugere um suco de mix de frutas.
ALMOÇO
A refeição deve conter arroz, feijão, salada verde, uma fonte de proteínas (carne de frango, peixe ou bovina). Alimentos excessivamente gordurosos, como feijoada, frituras de imersão e carnes gordas devem ser evitados para não sobrecarregar o fígado.
Cuidados durante as festas de fim de ano podem evitar a ressaca
Para além da alimentação nas horas anteriores, a nutricionista enumerou sete dicas que podem ajudar a fugir da ressaca no momento da festa. Conheça:
- Saber seu limite e beber com moderação
- Manter-se hidratado, ingerindo quantidade de água equivalente à de álcool
- Não misturar bebidas
- Manter-se alimentado, especialmente se beber durante algumas horas
- Consumir alimentos ricos em carboidratos e proteínas
- Beber sucos integrais, com concentração de carboidratos e frutose alta. Os recomendados são os sucos de uva, maçã, laranja e melancia
- Alimentar-se de forma saudável antes de começar a beber e incluir alimentos fontes de proteína e carboidratos, como iogurtes, frutas e cereais
A ressaca veio. E agora?
Se não houve jeito, e a ressaca chegar na manhã seguinte, não há motivo para desespero. A nutricionista Cristiane traz dicas e receitas que podem amenizar os sintomas. A primeira delas é beber muito líquido e evitar o consumo de café.
— Se você estiver acostumado a beber café, melhor evitar. A caféina é diurética — explica ela, que recomenda o consumo de água, água de coco, suco natural ou isotônicos.
A especialista conta que não há medicamentos que curem a ressaca ou acelerem o metabolismo do etanol no corpo. Não há, também, um tempo padrão para que o organismo elimine a substância, já que o processo pode ser influenciado pelo estado nutricional, por condições clínicas ou até por peso excessivo.
A respeito da alimentação no dia da ressaca, o recomendado é o consumo de frutas frescas ou secas, peito de frango, arroz, batata, abóbora e alimentos mais pastosos em geral, além de chá, frutas naturais e água de coco. Alimentos ricos em vitamina C também auxiliam na metabolização do etanol.
Algumas infusões podem ser consumidas para aliviar certos sintomas. Infusão de boldo auxilia na desintoxicação do fígado, enquanto a de gengibre diminui as náuseas e a de canela normaliza o ciclo de glicose.
Por fim, a nutricionista deixa três receitas de sucos desintoxicantes que podem ajudar no processo. Confira:
SUCO ANTIOXIDANTE 5 cenouras 1/2 maçã 1 colher de sopa de gengibre Um punhado de salsa 300 ml de água Modo de fazer: bater no liquidificador e coar
SUCO REVITALIZADOR 1 talo de agrião 1 talo de salsão 1 colher de chá de salsinha 1 maçã 300 ml de água Modo de fazer: bater no liquidificador e coar
SUCO DIURÉTICO 250 ml de Água de coco 2 fatias de abacaxi 4 folhas de hortelã 1 fatia pequena de gengibre gelo Modo de fazer: bater no liquidificador e coar
*Estagiário, sob supervisão de Renata Izaal
O Globo domingo, 30 de dezembro de 2018
DICAS DE MAQUIAGEM
Maquiadores dão dicas para preparar uma pele bonita para a noite da virada
Tons de rosa e coral são algumas das apostas dos profissionais
Júlia Amin e Lívia Neder
29/12/2018 - 04:30
O maquiador Kris Moser usou tons de rosa, uma tendência, segundo ele, para fazer a make na modelo Chay Carvalho: brilho e leveza Foto: Divulgação/Gabriela Andrade
NITERÓI — Não tem jeito, a cada virada de ano a preparação do look para a noite de Réveillon se torna um verdadeiro ritual. Desde a escolha da cor da roupa e da peça íntima, pensando em seu significado, passando pelo penteado e por acessórios, até a maquiagem para a festa da virada, que é um item de destaque na produção, capaz de iluminar até mesmo o visual mais discreto.
Para arrasar na comemoração e receber 2019 com o pé direito e com make exuberante, o maquiador Kris Moser, do Squasso Centro de Beleza, em Niterói, dá algumas dicas valiosas, apostando no brilho na dose certa. Uma delas é caprichar na preparação da pele antes de receber a maquiagem. Na hora da escolha da paleta, ele indica tons mais claros para o interior dos olhos e tons mais escuros para a área externa, realçando e aumentando o olhar. Para quem curte o delineado de gatinho e tem medo de se arriscar fazendo sozinha em casa, a sugestão é o delineador de canetinha, riscando de fora para dentro.
Kris utilizou uma sombra cremosa com glitter em tom rosa claro para iluminar o olhar sem pesar o semblante. Com delineador de canetinha, ele fez o risco de fora para dentro Foto: Divulgação/Gabriela Andrade
— As noites de Réveillon costumam ser bem quentes, então é preciso preparar a pele e utilizar um primer que segure a maquiagem a noite toda. Como estamos no verão, e nessa época as pessoas costumam estar mais bronzeadas, sugiro uma maquiagem mais leve, porém com o brilho que pede a ocasião. Apostei em tons de rosa, que vêm com força total, e no iluminador nessa make de inspiração — explica Kris.
Robson Peres, do Werner Downtown, na Barra, também afirma que a preparação com primer é essencial, pois ajuda a prolongar o efeito dos outros produtos que serão aplicados. Um truque na hora de limpar bem a pele é lavá-la com água gelada, para fechar os poros. A base matte, por exemplo, é a mais indicada para a estação, já que é bem sequinha e evita que a pele fique oleosa. Para os olhos, Peres aposta no tom coral. Quem quiser prolongar o efeito do batom, o maquiador indica usar lápis de boca.
Para uma produção mais leve e clean, Robson esfumou levemente o canto externo dos olhos da modelo Stefany Monteiro e dispensou os cílios postiços. Ele indica uma pincelada de sombra ou iluminador no canto interno Foto: Divulgação
— Como é verão, use uma base matte um tom acima da sua pele, e alie ao pó bronzeador para um visual bem verão. Em seguida, aplique o iluminador nos pontos estratégicos: têmporas, ossinho do nariz, testa e no “v” da boca. Nos olhos, por exemplo, o coral pode ser usado como sombra, fica mais sofisticado e fica ideal para looks de festa — resume Peres.
O Globo sábado, 29 de dezembro de 2018
BARTENDERS REVELAM QUAIS DRINQUES VÃO BOMBAR NO VERÃO
Bartenders revelam quais drinques vão bombar no verão
Alex Mesquita, William Barão, Igor Renovato e Renato Tavares falam sobre as bebidas da estação
Júlia Amin
29/12/2018 - 04:30
Cardápio interativo. Os novos drinques do Bar Garoa são preparados com rum, cachaça ou vodca Foto: Divulgação
RIO — Nesta época do ano é sempre assim: o Rio passa dos 40 graus. Portanto, nada melhor do que um drinque geladinho para refrescar. A pedido do GLOBO-Zona Sul, bartenders e mixologistas revelam suas apostas para a coquetelaria durante a estação mais quente do ano.
Para Alex Mesquita, do Espaço 7zero6, é o momento de aproveitar o frescor do vermute bianco e do espumante rosé. Um clericot com duas frutas de base, segundo ele, é uma ótima pedida. A bebida do momento, no entanto, é o rum. Um mojito saborizado ou um frozen daiquiri são, portanto, boas sugestões. Embaixador global da Cachaça Leblon, ele afirma que embora ainda não seja o ano da cachaça, ela também vem ganhando mais espaço na coquetelaria — a expectativa é de que reine nos copos em aproximadamente dois anos.
Clericot. Bebida com duas frutas de base do 7zero6 Foto: Divulgação/dhani accioly borge
— Nosso país tem muitos biomas e todo tipo de fruta, precisamos aproveitar. Essa diversidade nos proporciona uma variação incrível de sabores com a mesma base alcoólica — afirma Mesquita, que deu mais de 400 treinamentos este ano sobre como usar a cachaça em coquetéis.
William Barão aponta a coquetelaria Tiki como a queridinha do momento. De influência polinésia, o estilo é frutado, aromático, leva especiarias e muito gelo. Tem apresentação divertida e sabores latinos. Pode ser de cachaça ou rum e conter xaropes artesanais mais cítricos. Sua carta no Beef Bar está repleta destas opções, como o Bem Zen, com rum envelhecido, licor de cereja, cítricos, ginger e Ale artesanal.
Rum envelhecido, licor de cereja e cítricos, do Beef Bar Foto: Divulgação/Tomás rangel
Igor Renovato e a equipe do Garoa Bar apostaram em um cardápio interativo em formato de leque, que os clientes podem levar para amenizar o calor. Eles criaram quatro opções, que levam rum, cachaça ou vodca. Para o Be+Co, em Botafogo, Renovato optou por combinações cítricas nas quais o gim nacional é o protagonista.
O consultor Renato Tavares, responsável pela carta da Churrascaria Palace, garante que os simple mix gaseificados também vão bombar. São drinques mais simples, com dois ou três ingredientes. Assim como Mesquita, ele também aposta no rum. As duas opções são fáceis de beber e combinam bem com o fim de tarde nos quiosques da orla. A simplicidade da execução é o ponto alto para os estabelecimentos com pouco espaço e muitos pedidos.
— Como em quase tudo, a coquetelaria também se volta para o passado, e drinques clássicos, como Aperol Sprotz, Moscow Mule e gim tônica reaparecem fortes. Aliás, o gengibre sai do Moscow Mule e vai para muitos coquetéis. Também aposto no limão e na mistura de mate com maracujá — resume Tavares.
O Globo sexta, 28 de dezembro de 2018
OS MELHORES DA TV BRASILEIRA EM 2018
Os melhores da TV brasileira em 2018
PATRÍCIA KOGUT
Tatá Werneck c
omanda o 'Lady night' (Foto: Gianne Carvalho/Multishow)
Quem não se divertiu com Tatá Werneck e seu “Lady night” é ruim da cabeça ou doente do pé. A atração do Multishow voltou ao ar com a força de antes e até mais. Foi um dos destaques de um ano muito frutífero para a televisão.
Alexandre Nero e Patricia Pillar em 'Onde nascem os fortes' (Foto: Estevam Avellar/TV Globo )
“Onde nascem os fortes”, gravada no Sertão, reeditou a feliz parceria de George Moura e José Luiz Villamarim. Encantou com uma história envolvente e grande elenco. “Assédio”, de Maria Camargo, dirigida por Amora Mautner e com Antonio Calloni no papel do grande vilão, chegou ao Globoplay mostrando que a televisão brasileira é capaz de competir com os maiores produtores do mundo. Adriana Esteves brilhou na série e também em “Segundo Sol”.
A
driana Esteves (Foto: GLOBO/João Cotta)
O futebol da Copa foi bonito, mas o estúdio de vidro da Globo na Rússia representou um show à parte. Pedro Bial reforçou a importância do seu programa com ótimas entrevistas e encerrou com uma edição histórica sobre a Tropicália. O “Profissão repórter”, de Caco Barcellos, se manteve ardido. A GloboNews teve grandes momentos com seu noticiário político quente, a cobertura completa das eleições e as mesas de debate. Sem falar na produção de documentários de alta qualidade que só fez crescer do ano anterior para cá. O “Quebrando o tabu”, do GNT, fez jus ao seu título e pôs na roda discussões delicadas, como o aborto.
Renata Vasconcellos e Galvão Bueno na Copa da Rússia (Foto: Reprodução)
Há dez edições no ar e depois de Britto Júnior e Roberto Justus, “A fazenda” encontrou seu apresentador. Marcos Mion reúne as qualidades que faltavam a seus predecessores. É carismático e domina o show. Que venha mais em 2019.
Pedro Bial e Paulinho da Viola (Foto: TV Globo/Fabio Rocha)
O Globo quinta, 27 de dezembro de 2018
DUDA ALMEIDA, A IT GIRL DA CIDADE DE DEUS
Duda Almeida, a 'it girl' da Cidade de Deus
POR MARINA CARUSO
Descoberta em 2017 durante um reality show promovido por uma marca de beleza, a modelo Duda Almeida é, na visão de experts da moda, forte candidata a it-girl carioca de 2019. Nascida e criada na Cidade de Deus, a jovem de 22 anos tem estilo próprio e força para combater o preconceito. “Tem gente que me olha torto por causa do cabelo ou porque moro numa comunidade”, diz. “Não estou nem aí”. E nem precisa. Se em um ano de carreira Duda entrou para uma das agências de modelo mais importantes do mundo e virou embaixadora de uma gigante da beleza, imagina onde ela vai parar...
O Globo quarta, 26 de dezembro de 2018
DEZ FILMES E SÉRIES SOBRE GASTRONOMIA
Dez filmes e séries sobre gastronomia que você não pode perder
De documentários à ficção, passando por séries sobre chefs: uma lista em que a comida é a protagonista
Renata Izaal
25/12/2018 - 04:30 / Atualizado em 25/12/2018 - 14:04
Cena do filme "Chocolate", de Lasse Hallstrom, com Juliette Binoche e Johnny Depp Foto: Divulgação
Dia de Natal, um feriado inteiro para passar em casa curtindo o dolce far niente. Como essa festa acontece em torno da mesa - tanto na ceia do dia 24 quanto no almoço do dia 25 -, que tal um entretenimento que também passa pela gastronomia. Mesmo quem não é gourmand de carteirinha vai gostar da lista que sugerimos abaixo. São dez filmes, documentários e séries que têm a comida como personagem principal. São todos de dar água na boca, fazer salivar dar fome mesmo. Aproveitem! É um banquete para os olhos e a alma.
A festa de Babette
Se há um clássico do "cinema gastronômico" é o filme de Gabriel Axel. Baseado em conto da escritora dinamarquesa Isak Dinesen, acompanha a chegada da francesa Babette a um vilarejo escandinavo. Ela trabalha na casa das duas filhas de um pastor luterano recém-falecido. Depois de anos de serviço, ela recebe a notícia de que ganhou na loteria em seu país natal. Com o dinheiro, ela prepara um banquete que os moradores do lugar jamais esquecerão.
Como água para chocolate
O filme do mexicano Alfonso Arau também é baseado em uma obra literária. Em "Como água para chocolate", escrito por Laura Esquivel, Tita e Pedro se apaixonam, mas são proibidos de se casar pela mãe dela. Para ficar perto de seu amor, Pedro se casa com Rosaura, irmã de Tita. A história se desenrola em meio a pratos que saem da cozinha de Tita, gerando desejo, lágrimas e amor nos comensais.
Comer, beber, viver
Antes de fazer sucesso nos Estados Unidos, Ang Lee filmou em seu país natal, Taiwain. "Comer, beber, viver" conta a história do chef de cozinha Chu e suas três filhas. A vida da família gira em torno das relações amorosas das três mulheres e dos jantares de domingo preparados por Chu. Um daqueles filmes que mostram a importância dos encontros à mesa para a força dos laços afetivos.
Chocolate
Juliette Binoche vive a protagonista no filme de Lasse Halstrom. Recém-chegada a um vilarejo francês, ela abre uma loja de chocolates, causando apreensão na população controlada com mão de ferro pelo prefeito. Aos poucos, os doces feitos por ela conquistam a todos, suavizam comportamentos e ajudam a criar laçõs afetivos - inclusive para a protagonista, que inicia um relacionamento com o cigano vivido por Johnny Depp.
Chef's table
A série da Netflix está em sua quinta temporada, mostrando as ideias, o trabalho e a criatividade de alguns dos mais importantes chefs do mundo. Do italiano Massimo Bottura ao mexicano Enrique Olvera. Na segunda temporada, há um episódio dedicado ao brasileiro Alex Atala. O sucesso de "Chef's table" é tanto que há uma temporada dedicada aos chefs franceses. "Chef's table - France" traz episódios com Alain Passard, Michel Troisgros, Alexandre Couillon e Adeline Grattard.
Jiro: dreams of sushi
Jiro Ono tem 85 anos e comanda um pequeno restaurante em Tóquio. Seus sushis são tão especiais que ele se tornou uma lenda da cozinha, pela qualidade de sua comida e o perfeccionismo em seu trabalho. Comensais e chefs fazem reservas com meses de antecedência para conhecer seu restaurante. O documentário acompanha o trabalho do chef e do filho com quem divide a cozinha.
Julie & Julia
Meryl Streep vive Julia Child, a americana apaixonada por cozinha que, depois de temporada parisiense, ensinou seus conterrâneos o amor pela boa mesa - e as técnicas necessárias para cozinhar também. No filme, as receitas de Julia inspiram a nova-iorquina Julie Powell a encarar um desafio gourmet.
Ratatouille
A receita originária da Provence batiza uma animação em que Rémy, um rato que vive em Paris, sonha ser chef. Ele ajuda um rapaz sem talento culinário a recuperar a reputação de um restaurante, uma parceria que leva dupla a muitas aventuras.
Os sabores do palácio
O filme mostra a trajetória de Hortense Laborie, cujas receitas caseiras a levaram ao posto de chef do presidente da França. O filme é baseado na história de Danièle Mazet-Delpeuch, que durante dois anos, foi chef de François Miterrand no Palácio do Eliseu. No decorrer do filme, vamos o preparo de diversos pratos da cozinha francesa. Um deleite.
Tampopo - os brutos também comem espaguete
Nesse filme japonês dos anos 80, Tampopo é a dona de um restaurante que sonha dominar o preparo do rámen. Para isso, ela é orientada por Goro, um motorista de caminhão que se mostra um especialista no assunto.
O Globo terça, 25 de dezembro de 2018
ANO NOVO: CINCO DESTINOS INTERNACIONAIS PREFERIDOS PELOS CASAIS
Ano Novo: conheça os cinco destinos internacionais preferidos dos casais
Orlando e República Dominicana são alguns deles
O Globo
25/12/2018 - 04:30 / Atualizado em 25/12/2018 - 08:21
Casal passeia em Cancún, no México Foto: Divulgação/Icasei
RIO - O Ano Novo é uma das épocas preferidas para viagens em casal. É o que afirma uma pesquisa do site e consultoria especializado em casamentos, Icasei. Ainda está sem destino para 2018? Confira os cinco preferidos dos casais brasileiros para se inspirar.
1. Cancún, no México.
A famosa cidade mexicana, banhada pelo Mar do Caribe, é o local mais procurado por casais para o Ano Novo, principalmente para passar a lua de mel, segundo a pesquisa. Um dos motivos é a abrangente oferta de resorts all inclusive, além das belas paisagens e a possibilidade de mergulhar, nadar com golfinhos, entre outras.
2. Punta Cana, República Dominicana
Há algum tempo que Punta Cana figura na lista dos locais preferidos dos casais brasileiros para passar a lua de mel. Agora, a cidade é também um dos pontos de preferência para celebrar o Ano Novo. Também no Caribe e repleta de resorts all inclusive, as águas cristalinas do local têm rendido popularidade entre os nacionais.
3. Orlando, Flórida
Os parques temáticos da Disney e Universal atraem não apenas famílias com crianças, mas também casais. Passar o reveillón ao lado de Mickey e Minnie ou descendo em uma montanha-russa? Só estando lá para escolher. A cidade ficou em 3º lugar dos destinos mais procurados por eles para as celebrações de fim de ano.
4. Buenos Aires, Argentina.
A capital argentina tem vasta oferta gastronômica e cultural e, para o Ano Novo, também oferece celebrações no dia da virada. A curta distância do Brasil e o câmbio favorável também explicam a alta procura pelo destino.
5. Nova York
Sempre presente na lista das mais procuradas pelos brasileiros, Nova York também atrai casais para comemorar a passagem de ano. Seja pela famosa bola do Times Square ou o passeio no Central Park, espetáculos na Broadway e vasta oferta gastronômica, cultural e de compras, a Big Apple nunca cansa.
O Globo segunda, 24 de dezembro de 2018
BRASILEIROS TROCAM FÉRIAS NO EXTERIOR POR RIO E PRAIAS DO NORDESTE
Com incerteza, brasileiros trocam férias no exterior por Rio e praias do Nordeste
Na alta temporada, vendas de viagens devem crescer de 18% a 20% na comparação com o verão passado
Glauce Cavalcanti
24/12/2018 - 04:30
Vai dar praia. As areias de Ipanema já têm forte movimento de banhistas: com dólar nas alturas, os brasileiros vão aproveitar o Ano Novo no Rio de Janeiro e as férias de janeiro no Nordeste Foto: Agência O Globo
RIO - Em um fim de ano marcado pela trajetória de alta do dólar e pela transição para um novo governo, o brasileiro escolheu passar o réveillon e as férias de verão no Brasil. O Rio de Janeiro subiu ao posto de destino mais procurado para o Ano Novo, enquanto cidades do Nordeste, como Salvador, Fortaleza e Maceió, despontam como escolha para janeiro, afirmam empresas do setor de turismo. Com isso, o segmento doméstico vai responder por 60% das vendas de viagens nesta alta temporada, segundo a Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav). A previsão é de aumento de 18% a 20% em vendas na comparação com o verão passado.
— No fim de 2017, sete entre os 15 destinos mais buscados eram internacionais, incluindo os dois primeiros. Este ano, há apenas quatro destinos no exterior na lista e apenas a partir da sexta posição. É efeito da alta do dólar, mas também mostra a prudência do viajante brasileiro diante da incerteza relativa ao início de 2019 — explica Eduardo Fleury, à frente do Kayak no Brasil.
Vantagem na América do Sul
O Decolar.com também tem o Rio entre os destinos mais buscados para o réveillon, além das férias no Nordeste como a vedete do verão.
— Sempre que há uma instabilidade do real frente ao dólar, deixando a moeda americana em um patamar mais alto, os destinos nacionais crescem frente aos internacionais, assim como os sul-americanos, na comparação com Europa e EUA — diz Alexandre Moshe, diretor-geral do portal.
Confira uma prévia da estação que começou na sexta-feira, de A a Z
O Globo sábado, 22 de dezembro de 2018
PRAIA NOTURNA VIRA HÁBITO NO RIO
Praia noturna vira hábito no Rio: cresce a turma que espera o 'segundo sol' chegar
Ir à praia de noite (e até de madrugada) passa de modismo a hábito antes mesmo do verão, que começou nesta sexta
Diego Amorim e Letícia Gasparini
22/12/2018 - 04:30 / Atualizado em 22/12/2018 - 07:02
Crianças brincam com bolhas de sabão no calçadão do Arpoador, depois do pôr do sol: boa iluminação faz com que o trecho seja muito procurado Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
RIO - Sexta-feira, primeiro dia do verão. A cena soa banal. Um dos termômetros do Leme marca 29 graus. Turistas e cariocas lotam os quiosques. A areia está cheia de banhistas. A brisa dá um refresco. A água do mar, cristalina e calma, reflete o céu estrelado. Estrelado? É isso. O mesmo totem que registra a temperatura “testemunha’’ o horário: 0h25m. Tendência nas últimas estações, ir à praia de noite deixou de ser um modismo e fincou o pé na areia como um hábito, que muitas vezes vara a madrugada.
— Está muito quente para ficar trancado no apartamento. Chamei os amigos, e viemos juntos para cá, sem hora para ir embora — justificou o motorista de aplicativo Hudson Lemos, de 37 anos, que levou mulher e dois filhos do Estácio para Copacabana, depois das 23h.
A troca do sol pela lua deixa a praia diferente. Nas areias, a ausência de comerciantes faz com que cadeiras deem lugar a um maior número de cangas e toalhas, que, somadas a mochilas, podem ser transformadas em camas improvisadas. Para facilitar na hora da cervejinha à beira-mar, um grupo de amigos da Tijuca levou uma mesa para as areias do Leme.
Cariocas e turistas ficam nas prais até mais tarde Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
É proibido proibir
Proibido entre 8h e 17h, o clássico e tradicional altinho tem reinado no trecho de areia próximo ao mar durante as madrugadas. Mas nem tudo muda tanto no mundo. No Arpoador, caixinhas portáteis reverberam em alto e bom som versos de Anitta, Wesley Safadão e Diogo Nogueira.
— Aproveitamos o horário permitido e a falta de sol — diz o profissional autônomo Luciano Amaro, de 26 anos, morador de Laranjeiras.
Além daqueles que querem fugir do calor dentro de casa, a praia noturna é espaço para os mais variados perfis de banhistas: moradores da Zona Sul que decidem dar aquela esticada após o trabalho; turistas que não querem perder nem um minuto de seu tempo no Rio de Janeiro; e também famílias que moram em outras regiões do estado.
— Somos de Belford Roxo, na Baixada, e viemos para ficar até o fim do dia seguinte. Quem trabalha conseguiu uma folga. Juntamos o que tínhamos nos armários, colocamos dentro das mochilas e saímos para “farofar’’, mas sem o frango assado. E o que não tinha em casa, compramos no mercado — afirma a cabeleireira Marília Marques, de 36 anos, que levou sanduíches, biscoitos e até macarrão.
Quem não leva de casa, gasta. O comerciante Adriano Cavalcanti, de 36 anos, trabalha desde 1992 num quiosque do Arpoador. Segundo ele, a praia cheia após o pôr do sol aumentou seu movimento em cerca de 70%:
Praia do Arpoador tem ficado cheia à noite Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
— De dia tem os barraqueiros, que vendem bebidas e acabam ficando com quase todo o público na areia. À noite eu consigo lucrar bem mais. A hora de ganhar dinheiro é essa.
Maria Célia da Rocha embarcou na oportunidade: trabalha de dia em sua pensão e vende sanduíches na praia durante a noite:
— Estou aqui há duas semanas, e o movimento está cada vez maior. O Brasil está em crise, e decidi aproveitar o verão, que atrai muita gente.
Arpoador e Leme, com maior iluminação, são as mais procuradas. Segundo a Guarda Municipal, a segurança é feita em turnos durante a madrugada. A PM informa que atua 24 horas na orla. Amanhã, o Rio começa a sentir os primeiros efeitos da chegada de uma “frente fria’’ (a temperatura máxima deve ficar na casa dos 35 graus), com nebulosidade e possibilidade de chuvas. Nada que atrapalhe uma boa praia noturna.
O Globo sexta, 21 de dezembro de 2018
SEU JORGE, HERMILA GUEDES E NARUNA COSTA ESTRELARÃO SÉRIE DA NETFLIX
Seu Jorge, Hermila Guedes e Naruna Costa estrelarão série da Netflix
ANNA LUIZA SANTIAGO
Seu Jorge, Hermila Guedes e Naruna Costa (Foto: Reprodução e TV Globo)
Seu Jorge vai estrelar uma série da Netflix. Ele fará par com Hermila Guedes. “A facção”, com direção de Pedro Morelli, está sendo gravada em São Paulo. O cantor vive um presidiário, líder de uma facção criminosa.
Naruna Costa, atriz que também tem uma carreira na música, será a irmã de Seu Jorge na trama. Advogada honesta, ela será obrigada pela polícia a se tornar informante e trabalhará contra o irmão. Ao se infiltrar no grupo criminoso, a personagem passará a questionar seus próprios valores sobre justiça.
A produção, em oito episódios, é desenvolvida pela O2 e tem previsão de estreia em 2019.
O Globo quinta, 20 de dezembro de 2018
O RETORNO DE MARY POPPINS
O retorno de Mary Poppins' une fantasia, esperança e toque contemporâneo
Longa, que estreia nesta quinta-feira, tem Emily Blut no papel-título e Lin-Manuel Miranda como coprotagonista
Bernardo Araujo e Eduardo Graça
20/12/2018 - 04:30
Emily Blunt e as crianças de "O retorno de Mary Poppins" Foto: Agência O Globo
RIO - Lá pelos idos de 2015, Emily Blunt recebeu um telefonema de Rob Marshall, diretor com quem tinha trabalhado no filme “Caminhos da floresta” (2014, versão para as telas do clássico musical “Into the woods”), com uma proposta indecente: estrelar uma continuação de “Mary Poppins”, monolito do cinema de 1964 que trazia ninguém menos do que a rebelde noviça Julie Andrews no papel da babá voadora. A conversa com Marshall (famoso por filmes como “Chicago” e um dos volumes da franquia “Piratas do Caribe”) era simples: a atriz inglesa de 35 anos embarcava no projeto com que o diretor sonhava desde que tinha visto o filme original, na infância, ou ele partiria para outra.
— Só faremos se for com você — deu, delicadamente, o ultimato.
O resto, como o mundo já sabe, é história, que se conclui nesta quinta-feira com a estreia de “O retorno de Mary Poppins”, em que a babá de nariz empinado volta à casa da família Banks para dar uma força ao recém-viúvo Michael (Ben Whishaw), um bancário sem um tostão que tenta, com a ajuda da irmã, Jane (Emily Mortimer), criar os pequenos Anabel, John e Georgie.
— Emily Blunt é Mary Poppins — diz Marshall. — Eu me apaixonei por ela em “Caminhos da floresta”. Para fazer Mary você precisa ser uma grande atriz e entender a especificidade do personagem, uma mulher durona, mas, ao mesmo tempo, repleta de humanidade, e capaz de fazer rir. O humor dela é fundamental. E ela também tem que saber dançar e cantar. E também queria que ela fosse britânica, pronto, falei. É uma mulher iconicamente britânica. Se não fosse a Emily, não saberia o que fazer.
Depressão e Brexit
Como se vê, foi pequena a pressão nos ombros da atriz — que só cantou profissionalmente em “Caminhos da floresta”. Antes, tinha arranhado um violoncelo nos tempos de escola, na Inglaterra. Diferente do original, passado na década de 1910, o novo filme acontece nos anos 1930, como no livro da australiana (também radicada na Inglaterra) P.L. Travers. O que significa que Londres é ainda mais cinza do que o normal, mergulhada em uma crise econômica decorrente da Grande Depressão de 1929. Isso encontra um paralelo na vida real: quando o processo começou, em 2015, o Reino Unido ainda não tinha promovido o referendo que decidiu por sua saída da União Europeia — o Brexit, em discussão até hoje.
— Mary Poppins surgiu em 1934, logo após a Grande Depressão — conta Marshall. — A ideia é de uma mulher, uma figura mágica, tentando trazer alegria e deslumbramento para uma família e uma sensibilidade juvenil para os adultos, que perderam a capacidade de se conectar com o mágico por conta das dificuldades da vida real.
Além de Emily — que conseguiu, no meio de todo o projeto, uma licença-maternidade para se dedicar a Violet, sua segunda filha com o ator americano John Krasinski, nascida em julho de 2016 —, Marshall escalou outra estrela em ascensão do mundo do entretenimento, mas vindo de outro extremo: Lin-Manuel Miranda, autor e astro do consagrado musical “Hamilton” (antes, ele já tinha chamado a atenção com “In the Heights”), diretamente da Broadway (e de sua origem porto-riquenha) para a Londres estilizada da Disney. Ele interpreta Jack, o acendedor de lampiões amigo de Mary.
— Lin traz para o filme um quê fundamental de contemporaneidade — elogia o diretor. — Ele tem uma pureza, que, como o personagem, é essencial para fazer par com a Mary de Emily. Também é muito significativo ele ter decidido que este seria seu primeiro projeto depois de “Hamilton”. O filme se passa em 1934, mas foi feito em 2018. O personagem é um homem do povo. Lin entende isso como ninguém.
O Globo quarta, 19 de dezembro de 2018
MARIE LAFAYETTE, ESTILISTA QUE VESTIRÁ MICHELLE BOLSONARO
Marie Lafayette, estilista que vestirá Michelle Bolsonaro na posse: 'Minha superstição é carregar a Bíblia'
POR MARINA CARUSO
Marie Lafayette, estilista que assinou o vestido de Noiva de Michelle Bolsanaro, em 2013, será também responsável pelos looks que a futura primeira-dama e sua filha Laura, de 9 anos, usarão no dia da posse do presidente Jair Bolsonaro.
Na semana passada, Marie, de 37 anos, recebeu a coluna para um bate-papo em seu ateliê de alta costura, em Botafogo.
Como foi vestir Michelle Bolsonaro para o casamento, em 2013?
Foi legal. Fizemos o vestido em três meses, o que é relativamente pouco para noivas. O vestido foi super inovador, tinha um tule ilusión, aquele que parece uma segunda pele, com cristais Swarosky e um detalhe floral de renda nas costas. Michelle é clássica, discreta.
Gosta de tons neutros?
Gosta de tons noutros e também de um pouco de cor. É clássica, mas é um pouco eclética. Na verdade, ela mantém esse estilo da conscientização...
O que é estilo da conscientização?
Conscientização da realidade que o país vive, da nossa situação econômica, é uma pessoa muito bacana. Ela tem uma forma “sencilla” (simples, em espanhol) de se vestir, sem ostentação.
Qual é o modelo do vestido da posse? O tecido? A cor? Você não pode contar nada?
Posso te contar algo muito mais legal. A gente está com uma parceria muito bacana. As roupas da posse e outras, mais para frente, quando tivermos com um acervo legal, vão fazer parte de um bazar beneficente, tipo um leilão, sabe? Ela vai escolher as instituições de caridade. Uma coisa diferenciada, uma coisa sustentável...
Quantos vestidos de noiva você faz por mês?
Atualmente, faço entre 10 e 12, mas cheguei a fazer 40. É que agora, além de me dedicar ao atelier de alta costura, estou montando uma linha de prêt-à-porter. Estou até namorando um espaço em Ipanema para essa linha nova. Além disso, pretendemos expandir para São Paulo e para o Sul.
Qual é a sua formação?
Fiz uma especialização em Madri, na Espanha. Depois, fiz Esmod (tradicional escola de moda) em Paris. Ali aprendi muito do meu ofício. Roupas de princesa, noiva, coquetel, robe de soirée, robe denuit. Aí, quando voltei para o Brasil, comecei a fazer algo diferenciado, que ninguém fazia aqui: réplicas de vestidos de noivas em Barbies, e deu muito certo. Peguei casamentos que tiveram muito destaque na mídia, como o da Lívia Rossi e o da Fernanda Pontes, e tenho contratos assinados até setembro de 2020.
Mais difícil do que fazer vestido de noiva, só mesmo fazer o de uma primeira-dama, né?
É (risos). A noiva tem que estar impecável no álbum da família...
E a primeira-dama tem que estar bem na foto de uma nação.
É muita responsabilidade. Às vezes, demoro á dormir pensando nisso. Mas Deus escreve coisas na nossa vida. Eu já estava sendo preparada por Ele...
Você tem mandinga, ritual de proteção?
Não, há alguns anos, fui tocada por Deus e virei evangélica. Minha superstição é só carregar a Bíblia. Tenho uma na cabeceira da minha cama e outra aqui no ateliê. A gente combate as coisas através da oração. Deus tem propósitos na nossa vida, ele começou a me tocar quando contratei uma babá evangélica e parei de ver TV, há dois anos. Não vejo nem minhas roupas que saem nas novelas. Essa babá foi colocando salmos e louvores para a gente ouvir e isso me mudou. Deus escreve algumas coisas na nossa vida...
Como assim?
Quando eu tive a oportunidade de fazer o vestido dela, em 2013, eu já estava sendo tocada por Ele. Isso mudou muito minha conscientização. Tem certas coisas que estão predestinadas.
Quais foram suas referências de estilo?
Tudo partiu muito mais de uma conversa entre a gente do que de um estilo específico. Farei os dois looks dela, da posse e do jantar, e o da filha deles (Laura, de 9 anos) também
Eles agora são um casal histórico.
Michele Obama ou Carla Bruni? Que primeira-dama combina mais com você?
Carla Bruni é bem classuda. Mas eu gosto mesmo da Kate Middleton e da Grace Kelly. Grace Kelly é minha paixão, meu amor eterno, uma referência de estilo.
Você vai nesse caminho?
Outro dia um jornalista foi no meu Instagram, pegou uma foto minha e disse que o vestido dela era de florzinha. As pessoas distorcem demais as coisas.
Vai ser de florzinha?
(Silêncio). Não. De florzinha, não.
O Globo terça, 18 de dezembro de 2018
GABRIEL MEDINA É BICAMPEÃO MUNDIAL DE SURFE
Gabriel Medina é bicampeão mundial de surfe
Brasileiro conquista o título com desempenho incrível e vitória em Pipeline
Renato de Alexandrino
17/12/2018 - 20:56 / Atualizado em 17/12/2018 - 22:47
Gabriel Medina mostrou mais uma vez muito talento em Pipeline Foto: Ed Sloane / Divulgação WSL
O título mundial de surfe pertence mais uma vez ao Brasil. Quatro anos depois de ter feito história ao se tornar o primeiro brasileiro campeão mundial, Gabriel Medina voltou a conquistar a taça, e novamente em Pipeline, no Havaí, a onda mais icônica do circuito.
O título veio com uma vitória emocionante sobre o sul-africano Jordy Smith nas semifinais. O rival iniciou bem, com notas 8,50 e 7,33, mas Medina reagiu e arrancou uma nota 9,10 em uma longa onda surfada para a direita. Com 16,27 pontos, o paulista de 24 anos superou os 15,83 de Jordy. Nos segundos finais, ainda na água, Medina recebeu os abraços de Kelly Slater e Julian Wilson, que já estavam prontos para a próxima bateria.
Ao chegar na areia, mais festa. Carregado por amigos, Gabriel Medina deu um longo abraço no padrasto e na mãe, aos gritos de "bicampeão".
- Nem tenho palavras. Estou muito feliz de ver minha família orgulhosa de mim, é isso que me faz buscar o melhor. Significa tudo. Trabalhei muito esse ano, foi um ano intenso, mas valeu à pena - comemorou o brasileiro.
Na decisão, Medina continuou seu show, e ainda conseguiu uma pequena revanche. Quando foi campeão em 2014, o brasileiro perdeu a final do Pipe Masters para o australiano Julian Wilson. Nesta segunda, quis o destino que o adversário fosse novamente Wilson. Medina não quis nem saber de 'ressaca de campeão' e foi com tudo em busca da vitória. Com notas 9,57 e 8,77, derrotou o australiano e venceu pela primeira vez em Pipeline.
Gabriel Medina chegou ao Havaí na liderança do ranking, com uma confortável vantagem de quase cinco mil pontos sobre os dois surfistas que ainda estavam na briga - o australiano Julian Wilson e o compatriota Filipe Toledo. Os dois precisavam de um desempenho quase perfeito no Havaí, atingindo no mínimo a final, para ficar com o título. Ou seja, Medina talvez nem precisasse avançar muitas baterias em Pipeline, bastando apenas com o tropeço dos seus perseguidores.
Filipinho deu adeus à briga na terceira fase em Pipeline, derrotado por Kelly Slater - que encheu o brasileiro de elogios . Julian Wilson, porém, fez o seu papel e foi avançando. Conseguiu uma vitória apertada sobre o francês Joan Duru e chegou às semifinais.
VIRADA INCRÍVEL NAS QUARTAS
Se fosse preciso escolher um momento decisivo para representar a conquista, seria impossível não pensar na bateria de quartas de final, contra o americano Conner Coffin. Medina começou mal e viu seu rival pegar duas boas ondas em poucos minutos. Contra as cordas, o brasileiro iniciou seu espetáculo. Primeiro, desceu uma esquerda em um belo tubo e, não contente, acertou um incrível aéreo. Pressionado, vibrou muito, com socos no ar. Nota 9,43. Logo depois, Medina encontrou uma onda ainda melhor, agora para a direita, para um tubo longo e difícil, do tipo que só pode ser completado pelo mais talentoso dos surfistas. Os juízes reconheceram o feito com um 10 unânime.
- Ele (Conner) começou muito bem, é um cara perigoso. Eu estava acreditando até o fim, sabia que precisava de duas ondas. Na onda nota 10 minha prancha tremeu quando estava dentro do tubo, mas escapei - revelou o brasileiro.
Ao contrário do que vinha ocorrendo nas últimas temporadas, quando tinha resultados fracos na primeira metade do ano para depois arrancar na reta final, Medina foi mais regular. A primeira etapa, na Gold Coast australiana, foi a única em que o brasileiro não passou da terceira fase. Na segunda, em Bells Beach, já alcançou as semifinais. Constante, teve ainda três quintos lugares antes de mostrar que 2018 seria, de fato, seu ano.
A primeira vitória da temporada veio nas tubulares esquerdas de Teahupoo, no Taiti, onde Medina já havia vencido em 2014 e costuma sempre ter bons resultados. Na sequência, outra vitória, agora nas ondas artificiais do Surf Ranch, na Califórnia. A liderança do ranking, porém, só foi conquistada no evento seguinte, quando chegou às semifinais na França e viu Filipe Toledo perder prematuramente. Outra semifinal, em Portugal, deixou o brasileiro praticamente com a mão na taça.
O Globo segunda, 17 de dezembro de 2018
MORRE NOS ESTADOS UNIDOS ODILE RUBIROSA, AOS 81 ANOS
Morre nos Estados Unidos Odile Rubirosa, aos 81 anos
Ela foi amiga de grandes personalidades do jet-set, como os Kennedy e os Onassis
Bruno Astuto
16/12/2018 - 14:25 / Atualizado em 16/12/2018 - 15:34
Odile Rubirosa, em novembro de 1970 Foto: Antônio Nery/ O Globo
Morreu na quarta-feira (12), aos 81 anos, em New Hampshire, nos Estados Unidos, a socialite, pintora e ex-atriz francesa Odile Rodin. Uma das figuras mais queridas e trepidantes do Rio nos anos 1970, ela foi a quinta e última mulher do grande playboy internacional Porfirio Rubirosa, que morreu em 1965 num acidente de carro na França, deixando-a viúva.
Odile Rubirosa na capa da revista "O Cruzeiro" Foto: Reprodução
Durante os anos em que viveu no Rio, dava festas nababescas em seu apartamento no Edifício Chopin, em Copacabana, sempre vestida por um de seus estilistas preferidos, Guilherme Guimarães. Amiga de grandes personalidades do jet-set, como os Kennedy e os Onassis (Odile chegou a namorar Alexandre, filho do armador grego Aristóteles Onassis), ela costumava receber com festas memoráveis estrelas internacionais que passavam pela cidade, como os atores Alain Delon e Marisa Berenson e o cantor Rod Stewart.
Odile na capa da "Paris Match" Foto: Reprodução
Dona de uma beleza felina e imbatível, a loura, Odile Marie-Josèphe Léonie Bérard, nascida em Lyon, adotou o sobrenome nome artístico Rodin por causa da beleza de seu corpo, comparado por escritores franceses dos anos 1950 às esculturas de Auguste Rodin. Odile atuou em dois filmes: “Futures Vedettes” (1955), com Brigitte Bardot, e “Si Paris nous était raconté (1956), com Danielle Darrieux.
Odile e Porfírio Rubirosa Foto: Reprodução
Em 1987, Odile casou-se pela terceira vez, com o guitarista americano James “Jim” Moss, que conheceu no Rock in Rio de 1985. Nos anos 1990, eles se mudaram para Visconde de Mauá, inaugurando um novo estilo de vida para a francesa, que deixara as noitadas e as festas para trás. No lugar das boates que tanto adorava, Odile abriu uma casa de chás e passou a se dedicar a um novo hobby, a pintura.
Odile, em 1997 Foto: Marcelo Carnaval/ O Globo
– Eu e Jim paramos juntos de beber. Eu tinha pesadelos, e minha família, que é de médicos, ficou supresa como consegui isso sem precisar me internar – contou ela em entrevista a ELA em 1997.
Odile, em 1963 Foto: Arquivo/ O Globo
No início dos anos 2000, Odile e o marido deixaram o Brasil para morar numa casa em Lee Rock, no estado de New Hampshire, Estados Unidos. Há três semanas, ela se internou num hospital para tratar de um câncer. Foi-se uma das estrelas mais divertidas e incandescentes de um Rio inesquecível.
O Globo domingo, 16 de dezembro de 2018
SÉRIES BRASILEIRAS APOSTAM EM DISTOPIA, COMÉDIA E BIOGRAFIAS PARA O ANO QUE VEM
Séries brasileiras apostam em distopia, comédia e biografias para o ano que vem
Entre as estreias, estão 'Shippados', '3%', 'Sessão de terapia' e 'Santos Dumont'
Bernardo Araujo e Fabiano Ristow
16/12/2018 - 04:30 / Atualizado em 16/12/2018 - 07:45
Julia Rabello e Rafael Queiroga em cena de 'Shippados', série assinada por Alexandre Machado e Fernanda Young Foto: Divulgação
RIO — Em termos de ambição, o Brasil também não está de brincadeira. As séries nacionais previstas para 2019 prometem projetos grandiosos: de biografias de personalidades históricas a uma ficção científica reconhecida internacionalmente.
Cercada de expectativa, “Shippados” apresentará, com olhar cômico, a união de um casal obcecado por aplicativos de relacionamento. Projeto idealizado por Alexandre Machado e Fernanda Young, a produção estrelada por Tatá Werneck e Eduardo Sterblitch é um dos principais destaques da Globoplay para o próximo ano. Julia Rabelo e Rafael Queiroga também estão no elenco.
Na mesma plataforma, outra novidade chama atenção: escrita por Marcos Nisti e Estella Renner — e dirigida por Carlos Manga Jr. —, “Aruanas” reunirá as atrizes Débora Falabella, Leandra Leal, Taís Araújo e Camila Pitanga numa história sobre a rotina de ativistas ambientais no Amazonas.
Outra promessa é a volta da emocionante “Sessão de terapia”, do GNT. A quarta temporada vai trazer Morena Baccarin (“Homeland” e “Gotham”) em seu primeiro papel na TV brasileira. Ela vai atuar ao lado de Selton Mello, que também assina como diretor.
Cena de 'Santos Dumont — Mais leve que o ar', da HBO Foto: Divulgação
Na Netflix, “3%”, a tal ficção reconhecida internacionalmente, foi a primeira série original brasileira do serviço de streaming a fazer sucesso no mundo todo. A trama acompanha jovens separados entre o Continente, habitado pelos pobres, e o Maralto, onde vive uma parcela privilegiada da população. Na segunda temporada, porém, revelou-se que há uma outra área, chamada Concha.
Outra aposta da empresa é “Coisa mais linda”. Ambientada no fim dos anos 1950, seguirá os passos de Maria Luiza (Maria Casadevall), uma mulher conservadora que decide transformar a propriedade de seu marido no Rio em um clube de bossa nova. A série tem direção de Caito Ortiz, Julia Rezende e Hugo Prata — que também está envolvido em outra aguardada atração: “Elis — Viver é melhor que sonhar”, da Globoplay. Esta integra a programação especial de verão que a plataforma exibe a partir de 8 de janeiro, junto com “10 segundos para vencer”.
81 lutas, 2 derrotas
As duas, aliás, foram criadas a partir de filmes de 2016. “Elis” trazia a atriz Andreia Horta no papel de Elis Regina. Sucesso na tela grande, a obra ganhou mais cenas e um formato documental para sua versão em série.
— A história é narrada a partir de uma entrevista da Elis — diz o diretor Hugo Prata. — Nós pegamos diversos depoimentos dela ao longo da vida e filmamos uma entrevista fictícia, que é o fio condutor da trama.
Uma nova personagem também aparece exclusivamente na série: Rita Lee, vivida por Mel Lisboa, que já a tinha encarnado no teatro.
— As duas não se conheciam, mas a Elis foi visitar a Rita na cadeia quando soube que ela tinha sido presa — conta Mel. — É um momento emocionante.
“10 segundos para vencer” conta a história do pugilista Éder Jofre, campeão mundial dos pesos pena e galo nas décadas de 1960 e 70, com um cartel impressionante de apenas duas derrotas em 81 lutas, nenhuma delas por nocaute.
— Ele nunca ouviu os 10 segundos da contagem — lembra o ator Daniel de Oliveira, que vive Éder.
Na versão desdobrada, a história ganhou cerca de 25 minutos de cenas inéditas, que mergulham mais fundo na vida de Jofre e em sua ascensão, comandada com mão de ferro pelo pai, o argentino José Aristides, conhecido por Kid Jofre (vivido por Osmar Prado).
Saindo do universo musical e voltando ainda mais no tempo, a HBO vai trazer a história de Santos Dumont em “Mais leve que o ar”, ainda sem data de estreia. Com direção de Estevão Ciavatta e Fernando Acquarone, a minissérie de seis episódios vai trazer João Pedro Zappa na pele do pai da aviação.
O Globo sábado, 15 de dezembro de 2018
HÁ 100 ANOS, MULHERES VOTAVAM PELA PRIMEIRA VEZ
Na Grã-Bretanha, sufragistas conquistam o direito ao voto e inspiram feminismo
Há 100 anos, movimento liderado por Millicent Fawcett e Emmeline Pankhurst obtia conquista para mulheres. Pioneiras abriram caminho para novas lutas por igualdade
No dia 14 de dezembro de 1918, as mulheres britânicas saíram de casa para votar pela primeira vez em eleições gerais. O fato foi a efetivação de uma conquistas obtida meses antes: em seis de fevereiro daquele ano, após seis décadas de uma incansável campanha que provocou um efeito cascata em diferentes países, elas conquistaram o direito de ir às urnas. Determinadas a enfrentar a intolerância de uma sociedade que as considerava lunáticas, as sufragistas criaram o que viríamos a conhecer como a primeira onda do feminismo. E hoje, em meio ao renascimento das lutas feministas, o centenário dessa conquista ganhou um sentido mais amplo. Assim a jornalista Claudia Sarmento iniciava a reportagem sobre o movimento sufragista, publicada na capa do Segundo Caderno do GLOBO em 27 de janeiro de 2018.
— É quase impossível não ligar a campanha das sufragistas aos movimentos globais contemporâneos, como o #MeToo e a Marcha das Mulheres — compara a pesquisadora Rose Capdevilla, especialista em estudos de gênero da Open University e coeditora da publicação acadêmica “Feminism & Psychology”. — Ambos, passado e presente, são expressões de cidadania ativa por parte de quem não se vê representado pelas estruturas de poder dominante, o que pode ser diretamente atribuído ao gênero. Na virada do século XX, a maior parte da sociedade não entendia por que mulheres queriam votar.
Pioneira da luta sufragista, Millicent Fawcett lutou pelos direitos da mulher num tempo em que se acreditava que o cérebro feminino, como desenhou um cartunista inglês da época, era feito para pensar em vestido, chapéu, casamento, bebê, cachorro e bombom. Ela criou, ainda no século XIX, a maior organização pela defesa do sufrágio e fez campanha para que as universidades inglesas aceitassem alunas. Num mundo de leis escritas por homens, encabeçou uma batalha pacífica e viu militantes presas, internadas em hospícios e espancadas. Em 1918, o voto foi aprovado apenas para eleitoras acima dos 30 anos e com certas condições sociais. Millicent esperou mais uma década para celebrar a inclusão de todas as mulheres.
Foi uma batalha longa e de várias frentes, uma delas liderada por outro ícone do movimento, Emmeline Pankhurst, a líder da ala mais radical das militantes, conhecidas como suffragettes — apelido resgatado agora para definir mulheres do século XXI que perderam o medo de erguer a voz contra desigualdades que persistem.
— O movimento #MeToo denunciou o comportamento patriarcal de homens poderosos. As mulheres envolvidas nas campanhas atuais pela igualdade são as suffragettes do nosso tempo — compara Elaine De Fries, coordenadora do Centro Pankhurst, em Manchester, fundado na casa onde Emmeline viveu com as filhas, e que abriga um museu e uma organização de apoio a vítimas de violência doméstica. O #MeToo é um movimento criado na internet para denunciar assédio sexual no meio cinematográfico de Hollywood.
A Grã-Bretanha programou uma série de comemorações para celebrar o legado das sufragistas. Para ativistas e instituições que fazem campanha pela igualdade de gênero, o mais importante é se debruçar sobre as lições deixadas por aquelas primeiras militantes feministas, que se vestiam de branco, verde e roxo — já demonstrando o aspecto político que a moda pode incorporar.
Diversas manifestações utilizaram outras cores, como mostraram as estrelas vestidas de preto no Globo de Ouro de 2018, e as causas se expandiram — das denúncias de assédio à briga contra o gap salarial. Entre as sufragistas e as feministas contemporâneas houve ainda uma revolução sexual ao longo do século XX. Mas as ligações persistem.
A ativista Lisa Clarke, porta-voz de uma campanha contra a objetificação da mulher nos populares tabloides britânicos, aponta convergências entre a sua briga e a que as mulheres do passado travaram. Lisa integra o coletivo No More Page 3, que fez pressão contra a publicação de fotos de mulheres de topless na página três do tabloide “The Sun”, o mais vendido do país. Considerada sexista, a prática se arrastou por 44 anos, mas acabou abolida em 2015, após as ativistas reunirem centenas de milhares de assinaturas de protesto.
— Temos uma enorme dívida com as sufragistas — reconhece ela. — Primeiro, aprendemos que é preciso muita força e ativismo implacável para conseguir mudanças. Segundo, é importante lembrar que mulheres de todas as classes sociais e raças lutaram pelo sufrágio, mas só uma parte conquistou esse direito em 1918. As operárias e mulheres mais pobres tiveram que esperar mais dez anos. Portanto, a mensagem é que nem todos os avanços beneficiam imediatamente todas. Ainda estamos aprendendo como unir e apoiar as que são afetadas por discriminações e intolerâncias múltiplas. Todo avanço importa, mas podemos maximizar o impacto se incluirmos mais mulheres nas nossas vitórias — observa a feminista, que defende abordagens diversas para impulsionar transformações, como as sufragistas fizeram.
Para ela, ser uma feminista no século XXI não é diferente do que era no início do século XX: lutar pela igualdade de direitos, de representatividade e de oportunidades. Os tempos eram outros, mas a resistência de Millicent, Emmeline e milhares de heroínas anônimas serviu de molde para o que viria nas décadas seguintes em diferentes pontos do planeta.
A disputa ideológica entre as sufragistas lideradas por Millicent Fawcett, que defendiam métodos constitucionais de pressão sobre as autoridades britânicas, e as suffragettes, que pregavam a desobediência civil e sofreram maior repressão, mostra que o feminismo que saiu vitorioso em 1918 não seguia apenas uma linha de pensamento. Era diverso dentro de um mesmo objetivo, como continua a ser um século depois. Mas a união que se formou entre mulheres que arriscaram tudo, entre família e empregos, também ficou como lição.
— Elas se juntaram e lutaram por algo no qual acreditavam. As sufragistas nunca desistiram, pressionando o Parlamento, escrevendo para deputados, fazendo um trabalho importante que não ganhava as manchetes. Já as suffragettes partiram para a ação direta e chamaram mais atenção — explica Gilliam Murphy, curadora da Women’s Library, que guarda o maior acervo sobre a história das mulheres no Reino Unido, na London School of Economics (LSE). — Mas o fato mais poderoso foi a solidariedade entre as mulheres demonstrada em eventos como as grandes manifestações pelo voto, semelhantes às marchas femininas que vimos em janeiro de 2017, após a posse de Trump.
Quando as sufragistas britânicas começaram a fazer campanha, mulheres nem sequer costumavam sair às ruas desacompanhadas em cidades como Londres. Tampouco podiam lutar pela guarda dos filhos. Autoridades espalharam a crença de que, se elas pudessem participar da vida política, o caos se instalaria nos lares da Inglaterra eduardiana, e famílias seriam destruídas. Vivida no cinema por Meryl Streep no filme “As Sufragistas” (2015), Emmeline Pankhurst cansou de ser ignorada, rachou o movimento e partiu para a clandestinidade convocando as militantes a fazer barulho, apedrejando vidraças, incendiando caixas de correio e se acorrentando às grades de prédios públicos, entre outras táticas. As detidas — e foram mais de mil — faziam greve de fome e eram alimentadas à força. Até que a Primeira Guerra eclodiu e não havia clima para uma guerrilha urbana.
— As sufragistas enfrentaram muitos obstáculos e derrotas. Mas persistiram. Seu triunfo nos faz acreditar que tudo é possível. Em 2018, estamos num ponto de ruptura. Mulheres, meninas e seus aliados do sexo masculino estão juntos para rejeitar a misoginia, a violência e o sexismo. Mas há aqueles que gostariam de voltar o relógio do tempo e desfazer avanços. A verdade é que a igualdade não virá por conta própria. Temos que continuar a brigar até chegar à geração que impulsionará as mudanças — acredita Sam Smethers, executiva-chefe da Fawcett Society, organização inspirada no legado de Millicent, que luta pela igualdade de direitos na Grã-Bretanha, onde 52% das mulheres dizem ter enfrentado assédio sexual no trabalho, por exemplo, segundo pesquisa divulgada em 2017.
Em fila. Escoltadas por homens, "suffragettes" fazem manifestação pelo direito ao voto
na Grã-Bretanha 1908 / Reprodução
O Globo sexta, 14 de dezembro de 2018
KENDALL JENNER DESBANCA GISELLE
Kendall Jenner lidera a lista de modelos mais bem pagas do mundo em 2018
Gisele Bündchen saiu do segundo lugar em 2017 para quinto em 2018
O Globo
14/12/2018 - 10:10 / 14/12/2018 - 10:27
Kendall Jenner Foto: DANIEL LEAL-OLIVAS / AFP
O reinado de Gisele Bündchen na lista de modelos mais bem pagas do mundo parece ter realmente chegado ao fim. Pelo segundo ano, ela foi desbancada por Kendall Jenner, de 23 anos, que ganhou US$ 22,5 milhões (cerca de R$ 88 milhões) no período de junho de 2017 a junho de 2018. As informações são da revista "Forbes".
A queda de Gisele nesse ano, no entanto, foi mais intensa do que em 2017, quando ficou em segundo lugar. Dessa vez, ela ocupa a quinta posição, com faturamento de US$ 10 milhões (aproximadamente R$ 40 milhões).
Gisele: quinta modelo mais bem paga do mundo Foto: Pascal Le Segretain / Getty Images
O segundo lugar de 2018 ficou com a americana Karlie Kloss (US$ 13 milhões). Em terceiro, Chrissy Teigen (US$11,5 milhões) seguida de Rosie Huntington-Whitely, que ganhou praticamente o mesmo valor.
Confira abaixo a lista completa:
1. Kendall Jenner - US$22,5 milhões
2. Karlie Kloss - US$13 milhões
Karlie Kloss: segunda modelo mais bem paga de 2018 Foto: Dimitrios Kambouris / Getty Images for Glamour
3. Chrissy Teigen - US$11.5 milhões
3. Rosie Huntington-Whitely - US$11.5 milhões
5. Gisele Bündchen - US$10 milhões
5. Cara Delevingne - US$10 milhões
7. Gigi Hadid - US$9,5 milhões
8. Bella Hadid - US$8,5 milhões
8. Joan Smalls -US$8,5 milhões
10. Doutzen Kroes - US$8 milhões
O Globo quinta, 13 de dezembro de 2018
AS PEÇAS QUE SE DESTACARAM EM 2018
As peças que se destacaram em 2018
Selecionamos os 10 melhores espetáculos apresentados no Rio neste ano, que foi marcado (sim, mais uma vez!) pela crise do Municipal e pelo debate de temas como colorismo e identidade
Macksen Luiz e Patrick Pessoa
13/12/2018 - 07:12 / 13/12/2018 - 08:27
"Grande Sertão: Veredas" no CCBB Foto: Divulgação
RIO — A montagem do clássico "Grande sertão: veredas", encenado por Bia Lessa no foyer do CCBB, e a volta do mítico "‘O rei da vela" por José Celso Martinez Corrêa, foram alguns dos destaques de 2018, ano em que os palcos abordaram questões como identidade, gênero e censura. As peças foram selecionadas com votos dos críticos Patrick Pessoa e Macksen Luiz.
As melhores peças de 2018
'Grande sertão: veredas'
Luiza Lemmertz e Caio Blat em "Grande Sertão: Veredas" Foto: Divulgação
Bia Lessa transformou o foyer do CCBB numa grande instalação cênica para apresentar ali a sua adaptação para o palco do romance épico de Guimarães Rosa. A saga de Riobaldo, interpretada com paixão pelo elenco liderado por Caio Blat, conjugou a força poética do texto a uma encenação vigorosa e com imagens arrebatadoras construídas pelos corpos dos atores.
'O rei da vela'
José Celso Martinez Corrêa em 'O Rei da Vela', d Foto: Jennifer Glass / Divulgação
Cinquenta anos depois da encenação original no Teatro Oficina, em São Paulo, José Celso Martinez Corrêa trouxe à Cidade das Artes sua remontagem para o romance de Oswald de Andrade. O país já não era o mesmo daquele que vivia sob uma ditadura, mas a criatividade, a iconoclastia, e o talento do diretor ao contar “a vida, paixão e morte de um burguês brasileiro” sobreviveram, intactos, no espetáculo que ainda recuperou os primorosos cenários de Hélio Eichbauer.
'Preto'
Grace Passô e Renata Sorrah em 'Preto' Foto: Nana Moraes / Divulgação
Em época de debates sobre identidade e lugar de fala, a Cia Brasileira de Teatro estreou no CCBB uma peça contundente. Com direção de Marcio Cruz e elenco espetacular, que incluía Grace Passô (foto) e Renata Sorrah, “Preto” partia de uma situação ficcional — a conferência pública de uma mulher negra — para abordar racismo, a condição do negro no país, construção e desconstrução de identidades, imagens sociais e estereótipos.
'Cérebrocoração'
Mariana Lima em 'CérebroCoração' Foto: Fernando Young / Divulgação
Primeira incursão de Mariana Lima na dramaturgia, a peça que ocupou o palco do Oi Futuro com direção de Renato Linhares e Enrique Diaz costurava ficção e realidade, razão e emoção, delírio poético e discurso científico, num veículo perfeito para a atuação densa e envolvente da atriz.
'A invenção do Nordeste'
'A invenção do Nordeste', do Grupo Carmin Foto: Rogério Alves / Divulgação
O Grupo Carmin, de Natal, apresentou no Teatro Sesi Firjan esta peça exemplar do teatro-documentário brasileiro. Uma questão aparentemente simples — qual será, afinal, a essência do nordestino? —, se desdobrava, diante do espectador, de modo irônico, inteligente e bem-humorado, em diferentes registros de atuação conduzidos pela diretora Quitéria Kelly: tragédia, comédia, teatro épico, dança contemporânea.
'A última aventura é a morte'
Peça A última aventura é a morte Foto: Simone Rodrigues / Divulgação
Dirigido por MIguel Vellinho, o novo espetáculo da Cia Pequod subverteu as noções de palco e plateia para promover uma reflexão vigorosa sobre dramas coletivos da História. O espectador se deslocava pelo ambiente do CCBB numa experiência imersiva e intensa, que reunia teatro, cinema, artes visuais e manipulação de bonecos.
‘Traga-me a cabeça de Lima Barreto’
Hilton Cobra em 'Traga-me a cabeça de Lima Barreto' Foto: Divulgação
Um congresso de eugenistas brasileiros vai dissecar o cérebro de Lima Barreto para descobrir como um cérebro de raça “inferior” poderia ter produzido tantas obras literárias. A ótima premissa do texto de Luiz Marfuz, dirigido por Fernanda Júlia, foi veículo para Hilton Cobra ( brilhar como o escritor redivivo no palco do Centro Cultural da Justiça Federal no espetáculo que ecoava como um grito contra o racismo.
'Domínio público'
Maikon K em "Domínio público" Foto: Humberto Araujo / Divulgação
Vítimas de episódios de censura, os performers Wagner Schwarz, Renata Carvalho, Maikon K e Elisabeth Finger se reuniram neste espetáculo que estreou no festival Panorama para propor uma outra maneira de relação com a arte. Como ponto de partida, diferentes abordagens de uma obra icônica da cultura odcidental: a “Mona Lisa”.
‘Elza, o musical’
Cena do musical "Elza" Foto: Leo Aversa / Divulgação
O musical de Vinícius Calderoni mirou na emoção da plateia para narrar a trajetória de uma vida repleta de situações-limite, mas também de sucesso e riso. No palco do Teatro Riachuelo, dirigidas por Duda Maia, sete atrizes representaram Elza Soares, no espetáculo que ainda tinha um trunfo poderoso: o repertório da cantora.
‘A ordem natural das coisas’
Beatriz Bertu e João Velho em 'A ordem natural das coisas' Foto: Dalton Valério / Divulgação
O ator Leonardo Netto escreveu e dirigiu este seu segundo espetáculo, que aborda o quanto de controle se tem sobre a própria vida e a interferência do outro sobre ela. O texto bem estruturado e sem desperdício chamou a atenção da crítica
O Globo quarta, 12 de dezembro de 2018
JUIZ ORDENA QUE ATRIZ PORNÔ PAGUE US$300 MIL A TRUMP
Juiz ordena que atriz pornô pague US$ 300 mil a Trump
Advogado de Stormy Daniels, que afirma ter feito sexo com o presidente na década passada, vai recorrer da decisão
O Globo
11/12/2018 - 23:25 / 12/12/2018 - 07:51
Atriz pornô Stormy Daniels, durante o Adult Video News Awards em Las Vegas, em janeiro Foto: Ethan Miller / Agência O Globo
WASHINGTON — Nesta terça-feira, um juiz federal americano ordenou que a atriz pornô Stormy Daniels pagasse quase US$ 300 mil ao presidente Donald Trump para cobrir os honorários de seus advogados em uma ação de difamação que foi rejeitada.
O juiz S. James Otero “ordena que o autor pague à defesa US$ 293.052,33 relativos às horas e custos dos advogados, e sanções”, disse a sentença.
Em outubro, Otero rejeitou um processo por difamação que Daniels, cujo nome verdadeiro é Stephanie Clifford, apresentou após Trump dizer em abril que a atriz inventou ter sido vítima de ameaças para silenciar sua suposta relação com o presidente.
Daniels mantém outro processo aberto contra Trump sobre a nulidade de um acordo de confidencialidade que ela assinou para manter silêncio sobre um suposto caso entre os dois entre 2006 e 2007.
Este processo, que foi indeferido por Otero, refere-se a um tweet de Trump após Daniels fazer um retrato falado de um homem que a teria ameaçado em Las Vegas para que não falasse sobre seu suposto caso com o presidente. Trump disse que ele era um “homem inexistente” e que a história era uma “fraude total” e parte de fake news sobre ele.
O juiz Otero reiterou na terça-feira que esse tuíte era “uma hipérbole retórica e que, portanto, era uma opinião protegida”.
O advogado do presidente, Charles Harder, explicou em um comunicado enviado à AFP que o valor corresponde a “75% das taxas totais” além de US$ 1.000 “em sanções contra Daniels por ter entrado em uma reivindicação sem mérito”. Segundo Harder, essa decisão, junto com a decisão anterior que rejeitou o caso de difamação, “constitui uma vitória total para o presidente e uma derrota total para Stormy Daniels”.
Michael Avenatti, advogado de Daniels, chamou Harder e Trump de “desonesto” e avisou que sua cliente não terá que pagar um centavo.
“Se Stormy tem que pagar US$ 300 mil a Trump no caso de difamação e Trump tem que pagar US$ 1,5 milhão no caso de acordo de confidencialidade, como esta pode ser uma vitória de Trump?”, ele escreveu no Twitter.
O Globo terça, 11 de dezembro de 2018
DEZ ATRAÇÕES IMPERDÍVEIS DO MAIOR NAVIO DE CRUZEIRO
Dez atrações imperdíveis do maior navio de cruzeiros no Brasil
MSC Seaview tem mais espaço ao ar livre que qualquer outra embarcação do tipo
Eduardo Maia
11/12/2018 - 04:30
Popa do MSC Seaview, onde estão a piscina do deque 7 e a Ponte dos Suspiros, com piso transparente Foto: Eduardo Maia / O Globo
SANTOS - "Um navio projetado pensando no Brasil". O CEO da MSC Cruzeiros, Gianni Onorato, pode ter usado de um certo exagero latino ao falar sobre o MSC Seaview durante a abertura oficial da temporada brasileira do navio, no último dia 6, em Santos. Mas as palavras condizem bem com o espírito solar da embarcação para 5,3 mil passageiros, a maior dedicada ao turismo a navegar por águas brasileiras.
Com uma proporção de áreas ao ar livre maior que qualquer outro grande navio de passageiros, a família Seaside, da qual o Seaview é o segundo representante, foi, de fato, projetada para explorar zonas quentes e ensolaradas, como o Caribe, o Mediterrâneo e, claro, o litoral brasileiro.
Um longo calçadão que circunda o casco no oitavo deque, assim como uma piscina na parte traseira, no deque 7, aproximam ainda mais o passageiro do mar. Assim como as amplas janelas envidraçadas inundam o interior do navio de luz natural. Seja pelo tamanho, seja pelo projeto inovador, o Seaview é a principal atração da recém-aberta temporada nacional de cruzeiros . A seguir, listamos dez atrações imperdíveis a bordo do navio.
1 - Passarelas transparentes
Passageira do MSC Seaview caminha sobre a Ponte dos Suspiros, uma passarela suspensa a 40 metros de altura com piso de vidro Foto: Eduardo Maia / O Globo
Caçadores da selfie perfeita já elegeram seu lugar favorito a bordo do MSC Seaview: a Bridge of Sighs ("Ponte dos Suspiros"), a estrutura mais famosa dos dois navios da classe Seaside. A passarela, com piso transparente, fica no deque 16, a 40 metros de altura, e se sustenta sobre um vão na parte traseira do navio. Abaixo dela, os banhistas na piscina Sunset Beach Pool, no deque sete, parecem formiguinhas tomando margueritas e mojitos em volta de uma poça d'água. A vista é impactante, sobretudo nos momentos de navegação. Para quem tem medo de altura, é um desafio a mais. E para a experiência ficar completa, pegue o elevador panorâmico que trafega justamente entre os deques 7 e 16.
Como se a Ponte dos Suspiros não fosse suficiente, o navio tem outra passarela transparente. A Infinity Bridge ("Ponte do Infinito") fica em uma das laterais e também permite ao passageiro "caminhar sobre o céu", só que mais perto da água. Ela é parte integrante da próxima inovação da classe Seaside presente nesta lista.
2 - Um calçadão "à beira-mar"
O calçadão que circunda quase todo o navio é ótimo lugar para fazer refeições ao ar livre Foto: Eduardo Maia / O Globo
Oficialmente a pista que circunda quase todo o navio no deque 8 é chamada de "promenade". Mas, enquanto o Seaview estiver circulando entre Santos e Salvador, até abril, o termo correto deveria ser calçadão. Uma ampla pista que chega a uns cinco metros de largura, ideal para as caminhadas diárias, momentos de contemplação e até refeições ao ar livre (o principal bufê do navio tem acesso a essa área, com mesas e cadeiras).
A volta só não é de 360 graus porque ela não chega exatamente à proa do navio, onde fica a ponte de comando, e o calçadão na altura do spa é exclusivo para quem compra um day use, como veremos a seguir.
3 - Spa com vista para o mar
As cabines do spa na área externa são outra inovação do projeto da classe de navios Seaside, à qual pertence o MSC Seaview Foto: Eduardo Maia / O Globo
Todo navio tem um spa a bordo. Mas, no Brasil, apenas no Seaview é possível fazer tratamentos ao ar livre. São quatro cabanas na área externa do Aurea Spa, justamente na área do calçadão do deque 8 que é bloqueada ao passageiros em geral. Há ainda, no outro lado do casco, uma pequena piscina com hidromassagem, acessível apenas a quem comprou um day use na área termal - esta, aliás, tem uma sala coberta com gelo que é difícil encontrar em outros navios de cruzeiro.
O spa é anexo à academia, que também é maior que na média dos navios, com 870 metros quadrados. Além das tradicionais bicicletas ergométricas de frente para os janelões que dão vista para o mar e equipamentos bastante modernos de musculação, pilates e treino funcional, chama a atenção uma área com barra e espelho para a prática de exercícios de balé.
4 - Uma piscina na popa
A Sunset Beach Pool fica no deque 7 e é a piscina ao ar livre mais baixa em todos os grandes navios de cruzeiro Foto: Eduardo Maia / O Globo
São cinco as piscinas do MSC Seaview. A mais famosa já é a Sunset Beach Pool, que fica na popa do navio (ou seja, na parte de trás), no deque 7. O acesso a ela se dá por escadas a partir do calçadão do deque 8 ou pelo elevador panorâmico que chega à Ponte dos Suspiros. Ou seja, ela está conectada com duas das principais inovações do projeto. O grande diferencial aqui é a proximidade com o mar. Nenhum outro transatlântico desse porte tem uma piscina num deque tão baixo.
Quase sempre as piscinas ficam no topo do navio, nos deques mais altos, como é o caso da Panorama Pool, no 16º andar. Cercada por uma ampla área cheia de espreguiçadeiras, que ajuda na contabilidade de metros quadrados ao ar livre do navio, ela é a mais agitada do Seaview, com atividades que vão de festas noturnas às aulas de dança que todo navio de cruzeiro que se preze oferece. Se a ideia é algo mais tranquilo, dê preferência à piscina do Jungle Lodge, cujo teto retrátil abre em momentos de sol e fecha quando escurece, esfria, venta ou chove. Ou seja: é a piscina ideal para relaxar enquanto o navio estiver ancorado em Santos, seu porto de operações no Brasil.
5 - O átrio "infinito"
Músicos se apresentam no bar do átrio do MSC Seaview, que vai do deque 5 ao 8 e permite vista para o exterior do navio Foto: Eduardo Maia / O Globo
O salão central do navio é o primeiro ambiente interno em que o passageiro pisa assim que embarca. E por isso costuma resumir o estilo proposto para aquela embarcação. No do MSC Seaview não é diferente. O ambiente foi projetado para que mesmo dali o viajante aviste o mar ou o céu, o que não é comum. Janelões laterais inundam a área com luz natural e as superfícies espelhadas e a altura do salão, que sobe por quatro andares, ampliam o espaço real do ambiente.
No átrio, que fica no deque 5, funciona um bar com um pequeno palco para música ao vivo e apresentações de DJs. Três telões de alta definição, um em cima do outro, dão ajudam a compor um visual ainda mais futurista, junto com o jogo de luzes, que vai mudando ao longo do dia. Isso sem falar nas escadas com degraus ornamentados com cristais Swarovski, uma tradição dos navios mais recentes da companhia italiana, muitos com histórico no Brasil, como o Preziosa e o Fantasia (este, aliás, baseado no Rio nesta temporada).
6 - Estrelas Michelin que navegam
Entrada do Ocean Cay por Ramón Freixa, o restaurante especial com cardápio assinado pelo chef dono de duas estrelas Michelin Foto: Eduardo Maia / O Globo
O valor do bilhete inclui dois bufês (abertos para cinco refeições) e dois restaurantes a la carte (para o jantar), ambos com cardápio internacional. No entanto, quem quiser variar o sabor pode reservar uma mesa nos três restaurantes de especialidades presentes no deque 16, com destaque para o Ocean Cay por Ramón Freixa. Como o próprio nome indica, o restaurante dedicado aos frutos do mar tem menu assinado pelo chef espanhol, dono de duas estrelas Michelin pela casa que leva seu nome em Madri. Não deixe de provar o robalo assado ao sal de alecrim, o sanduíche de salmão ou a vieira a la gallega com presunto ibérico.
Outro chef celebridade a bordo é Roy Yamaguchi, japonês com um pezinho no Havaí, dono de uma coleção respeitável de restaurantes. No MSC Seaview, o espaço idealizado por ele conta com três cozinhas com propostas distintas: a fusion, com seu toque nipo-havaiano; o sushi bar, com peças bem sofisticadas; e a teppanyaki, com pratos quentes sendo preparados na chapa na frente do cliente. Vale o show. O complexo conta ainda com o Butcher's Cut, típica steak house no estilo americano, com cortes expostos em uma vitrine e boa carta de vinho. Quer opção para a sobremesa? Avance ao próximo item.
7 - Fábrica de chocolate em alto-mar
Doces da Venchi, tradicional fábrica de chocolates italiana que tem loja dentro do Seaview Foto: Eduardo Maia / O Globo
Apesar de atualmente estar sediada na Suíça, a MSC Crociere nasceu e se criou na Itália e esse DNA está presente em quase todos os cantos de seus navios. No Seaview, um aspecto più dolce dessa herança está na grande loja da chocolateria Venchi, uma das mais tradicionais da Itália. Em diversos momentos do dia é possível acompanhar a fabricação ali mesmo, no deque 6, de doces, como bombons e barras, ou estruturas mais extravagantes de chocolate, apenas para exibição. Estamos num navio de cruzeiros, não se esqueça. Se o clima pedir um sorvete, há ainda uma gelateria da marca em frente à Sunset Beach Pool. Mas é bom lembrar: tanto os chocolates quanto os sorvetes são pagos à parte. E em dólar!
8 - Bons drinques com vista
Passageira aproveita a vista da Baía de Guanabara de dentro do Seaview Lounge, um dos bares com vista do navio da MSC Foto: Eduardo Maia / O Globo
Sim, o MSC Seaview tem muito espaço ao ar livre. Mas tem hora em que preferimos o conforto do ar condicionado e um ambiente mais tranquilo para apreciar um drinque, uma cerveja ou mesmo um chá. Para esses momentos corra para os bares e lounges localizados no deque 8, o mesmo do "calçadão à beira-mar". O mais elegante deles é o Seaview Lounge, um ótimo ponto para se apreciar a saída do navio do porto (a passagem pela Baía de Guanabara, por exemplo, rende imagens inesquecíveis).
A carta de drinques contempla os clássicos. Escolha seu preferido e se acomode num dos confortáveis sofás para curtir a vista e, dependendo, a música ambiente - eventualmente há apresentações ao vivo ali, o que não necessariamente é uma boa notícia para quem quer paz.
9 - Um pouco de adrenalina
Tomar um Cosmopolitan apreciando o mar sentado em um sofá confortável ao som de bossa-nova parece um pouco entediante para você? Então vá até o deque 20 para experimentar a tirolesa que desliza sobre boa parte da parte superior do navio (US$ 9 por volta). A descida não é tão rápida quanto os mais radicais poderiam desejar, pelo contrário. Seus 105 metros de comprimento são percorridos em uma velocidade ideal para apreciar o visual.
Um andar abaixo da plataforma da tirolesa estão as entradas para os dois toboáguas do navio, ambos com trechos transparentes e que se projetam para fora da embarcação. Um deles, com 112 metros de comprimento, tem música e iluminação especial dentro do tubo.
10 - Strike no balanço da maré
Quer outro desafio? Que tal tentar um strike durante com o navio balançando em alto-mar? As duas pistas de boliche em tamanho real estão entre as atrações in door mais populares do Seaview. Há diversas modalidades de jogos, então não se acanhe em pedir uma dica ao tripulante responsável por essa área. A não ser que você seja um especialista na arte de derrubar pinos com uma esfera maciça, claro. Uma dica de quem esteve lá: jogue a bola mais para a direita, para que ela acerte em cheio os pinos do meio.
A mesma área dos jogos conta com um simulador de Fórmula-1, uma coqueluche no segmento de navios de cruzeiros, e um cinema 4D, que na verdade é uma espécie de videogame 3D com cadeiras que se mexem e pistolas para matar zumbis virtuais. Diversão garantida para as longas noites a bordo.
Eduardo Maia viajou a convite da MSC Cruzeiros.
O Globo segunda, 10 de dezembro de 2018
FESTA DA FILHA DO HOMEM MAIS RICO DA ÍNDIA
Pré-casamento da filha do homem mais rico da Índia reúne de Beyoncé a Hillary Clinton
Cantora também se apresentou na celebração
O Globo
10/12/2018 - 07:56 / 10/12/2018 - 08:43
Beyoncé na união dos indianos Isha Ambani e Anand Piramal Foto: Beyonce.com
Você sabe que estará na melhor festa da sua vida quando, na lista de convidados, está o nome de Beyoncé. A cantora americana foi uma das estrelas presentes na união dos indianos Isha Ambani e Anand Piramal. Isha vem a ser a filha do homem mais rico da Índia, Mukesh Ambani.
A cantora teve papel de destaque na celebração, que, na verdade, é considerada como um pré-casamento: fez um show especial para os noivos, em Udaipur. Segundo a imprensa internacional, a núpcia acontece mesmo na próxima quarta-feira.
Beyoncé na Índia Foto: Beyonce.com
A cantora americana fez questão de usar um modelito de um estilista local, Abu Jani Sandeep Khosla. Também não perdeu a oportunidade de fazer um ensaio fotográfico para suas redes sociais.
Beyoncé na união dos indianos Isha Ambani e Anand Piramal Foto: Beyonce.com
Além de Queen B, a lista tinha nomes que mostram o poder de fogo do pai da noiva. Hillary Clinton, que foi candidata à presidência dos Estados Unidos pelo partido Democrata na última eleição, esteve por lá e posou com a noiva.
A noiva, Isha Ambani (à esquerda), foi cicerone de Hillary Clinton no Swadesh Bazaar Foto: HANDOUT / REUTERS
Hillary também posou com o pai da noiva Mukesh Ambani, que é presidente da Reliance Industries, um conglomerado industrial que tem empresas de petróleo, energia e entretenimento.
Hillary Clinton com Mukesh Ambani e Nita Ambani Foto: HANDOUT / REUTERS
Quem também passou por lá foram os recém-casados Nick Jonas e Priyanka Chopra. A atriz indiana acaba de entrar na lista feita pela revista "Forbes" das cem mulheres mais poderosas do mundo.
Priyanka Chopra e Nick Jonas Foto: AMIT DAVE / REUTERS
O Globo domingo, 09 de dezembro de 2018
FLÁVIA ALESSANDRA E O SÉTIMO GUARDIÃO
Flávia Alessandra diz que temia rejeição do público à sua personagem em 'O Sétimo Guardião' e fala do casamento de 12 anos com Otaviano Costa
Logo nos primeiro capítulos de "O Sétimo Guardião", o público se surpreendeu quando Rita de Cássia (Flávia Alessandra) descobriu que o marido, o delegado Machado (Milhem Cortaz), gosta de usar calcinhas. A atriz conta que ela e seu colega de elenco estavam apreensivos com a reação dos telespectadores à história:
- Eu e Milhem ficamos com medo de sofrer algum tipo de rejeição do público, mas, até o momento, só recebemos comentários positivos dos fãs. Outro dia uma telespectadora escreveu que esse é o casal que mais se ama na história. Acho que faz sentido, porque eles têm uma cumplicidade única.
A relação, porém, enfrentará momentos conturbados, já que Machado não aceita o fato de a mulher sonhar em aparecer tomando banho seminua num filme. Em cenas que irão ao ar em breve, o policial inclusive vai flagrar Rita sendo filmada por Leonardo (Jaffar Bambirra).
- Acho que ele vai acabar dando o braço a torcer no decorrer da trama e os dois ficarão felizes juntos. Não vejo o Machado como um personagem machista. Ele teve o choque inicial com essa ideia e está enciumado. Mas creio que eles construíram uma relação sólida e de muita confiança - opina Flávia.
Acostumada a ensaiar com os colegas antes das gravações, Flávia combinou com Milhem de gravar sem qualquer preparação prévia:
- Ele é um ator muito caxias, assim como eu, e chega com o texto na ponta da língua. Como nunca tínhamos trabalhado juntos, as cenas sempre rendem reações surpreendentes e improvisos que têm dado muito certo.
Segundo ela, até mesmo as cenas mais quentes, normalmente mais delicadas de fazer, estão sendo executadas de forma tranquila:
- O momento mais difícil até agora foi a primeira cena que fizemos. Quando entrei no estúdio e o vi usando aquela tanguinha, foi um choque. Mas logo descontraímos.
Desde o início de "O Sétimo Guardião", os telespectadores têm feito brincadeiras na internet sobre a aparência jovem de Flávia e também de Carolina Dieckmann e Leticia Spiller. De acordo com os comentários nas redes sociais, elas mergulharam na fonte mística de Serro Azul.
- Não tem nenhuma fonte mágica ou segredo na minha aparência. Me cuido bem, mas não tenho obsessão pela beleza eterna. Além disso, acho que dei sorte com uma boa genética.
O Globo sábado, 08 de dezembro de 2018
MÉDIUM ACUSADO DE ABUSO SEXUAL
Médium João de Deus é acusado de abuso sexual: leia na íntegra os relatos de seis vítimas
Casos teriam acontecido entre 2010 e fevereiro de 2018, dentro do ‘hospital espiritual’ mantido pelo médium, em Abadiânia (GO)
POR HELENA BORGES E CRISTINA FIBE
/ atualizado
Doze mulheres denunciaram terem sido sexualmente abusadas por João Teixeira de Faria, médium conhecido como João de Deus. Famoso pela realização de “cirurgias espirituais”, ele já atendeu desde a apresentadora americana Oprah Winfrey até o ex-presidente Lula, passando pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso.
No programa que foi ao ar ontem de noite, a produção do “Conversa com Bial”, na TV Globo, relatou que dez mulheres se dizem vítimas de João de Deus, das quais quatro também foram ouvidas por O GLOBO.
Esta reportagem traz essas quatro denúncias e duas novas, exclusivas. Os seis relatos documentados por escrito, que o leitor do GLOBO tem acesso na íntegra abaixo, datam de 2010 a fevereiro deste ano. Os textos são longos e detalhados. Eles foram colhidos ao longo de três meses de investigação. Todos passaram pela aprovação das seis vítimas, das quais cinco pediram sigilo de identidade.
O último capítulo desta matéria é a resposta enviada pela assessoria de João de Deus exclusivamente para O GLOBO.
Denúncias revelam padrão de ação
As denúncias revelam um processo sistemático e padronizado. As mulheres contam que foram desacompanhadas à Casa de Dom Inácio, o “hospital espiritual” mantido pelo médium em Abadiânia (GO). Todas tinham entre 30 e 40 anos no momento em que relatam terem sofrido os abusos. Elas dizem que o médium, durante os atendimentos ao público — quando estaria incorporado por uma entidade espiritual — indicava que deveriam encontrá-lo após o encerramento da sessão.
Sempre colocadas como últimas na fila de espera para o atendimento pessoal, entravam em um escritório que dava acesso à sala de cirurgias. Neste momento, ficariam no local apenas o médium e a paciente. Com a porta trancada e as luzes apagadas, seriam tocadas nos seios pelo líder espiritual de 76 anos, e/ou ordenadas a tocá-lo no pênis, parte de uma “limpeza espiritual”.
Por videoconferência, a holandesa Zahira Lieneke afirma ter sido estuprada em 2014. Ela foi a única vítima a autorizar a publicação de seu nome. Também é a única que conta ter sido penetrada por João.
Assessoria chama denúncias de "fantasiosas"
A assessoria de João de Deus afirma que as acusações são “falsas e fantasiosas”, questiona o motivo pelo qual as vítimas não procuraram as autoridades e afirma que “a sala em questão é pública, qualquer um tem acesso a ela e jamais fica trancada”. A assessoria ainda afirma que a situação “é lamentável, uma vez que o Médium João é uma pessoa de índole ilibada”.
As vítimas contam que não procuraram a polícia logo após os abusos pelo mesmo motivo que pedem para suas identidades serem protegidas: medo de serem perseguidas.
Essa não é a primeira vez que João Teixeira de Farias é acusado de crimes sexuais. Ele já foi acusado de sedução de menor, atentado ao pudor, contrabando de minério e até por assassinato. Em nenhum dos casos o médium foi julgado culpado.
“Quatro anos atrás, quando eu estava em um dos meus momentos mais vulneráveis, viajei para Abadiânia para ver o mundialmente conhecido 'curandeiro' chamado João de Deus. Vi muitos vídeos sobre seu trabalho no YouTube, li dois livros e assisti atentamente à entrevista de Oprah com ele. Então organizei uma viagem de cinco semanas a Abadiânia.
Chegando à Casa de Dom Inácio, você entra em uma longa fila de atendimentos. João, incorporado por uma entidade, te dá um máximo de três desejos. Um dos meus foi curar meu trauma sexual. A 'entidade' me disse, então, que eu deveria voltar ao fim da sessão para conversar pessoalmente com João, sem ele estar incorporado.
Esperei junto a outras mulheres que formavam uma pequena fila do lado de fora de seu escritório, aos fundos da casa onde as crirugias são feitas, todas aguaradavam para a 'consulta' individual. Fui a última. Assim que entrei, a equipe de staff saiu. Fiquei sozinha com ele.
Ele me perguntou por que eu estava ali. Respondi que queria curar meu trauma sexual. Ele assentiu, se levantou e me pediu para ficar em sua frente, de costas para ele.
Ele tocou meu corpo. Me cheirou.
Cheguei ali impressionada com esse homem. Acreditava que ele faria um milagre. No entanto, durante aquela 'consulta' algo se apoderou de mim: o sentimento de que ele era um homem sujo. Mas continuei ali, mantendo a fé em seus poderes de cura.
Ele me levou para seu banheiro, em um espaço dentro do escritório. Me colocou em frente ao espelho e me perguntou o que eu via. Eu não entendi o que ele queria dizer. 'Ehm, eu?', respondi.
Posicionado atrás de mim, ele pegou minha mão e a colocou em seu pênis. Eu congelei. 'O que está acontecendo?', pensei. Ele então me moveu para fora do banheiro. De volta ao escritório, se sentou em uma grande poltrona e me colocou de joelhos em sua frente. Novamente, colocou minha mão em seu pênis e, colocando sua mão sobre a minha, me fez masturbá-lo. Disse para eu sorrir e me 'sentir alegre'. Eu só sentia repulsa.
Estava congelada pelo pânico. Minha mente seguia girando, continuamente repetindo a pergunta 'que p*rra é essa?'.
Enquanto isso, ele falava sobre energia e meus chacras. Eu acreditava em milagres. 'Meu trauma desaparecerá com isso?', me perguntei, em silêncio.
Ele ejaculou. Disse para eu dar a ele uma toalha e me mandou lavar as mãos. Quando voltei ao escritório, ele me deu pedras preciosas como um presente. Me sentei no sofá, congelada. Me sentia tão suja enquanto olhava para aquelas pedras... Então uma das funcionárias da Casa chega e olha para mim com uma expressão de raiva e de desconfiança. Tudo que eu quero dizer é 'SOCORRO', mas estava muda. 'Que m*rda é essa?', de novo, eu penso.
Eventualmente, eu consigo levantar e sair. Lembro de ouvi-lo dizendo: 'você é sempre bem vinda aqui'.
Eu ainda levaria alguns dias antes de voltar à Holanda.
Depois disso, ganhei privilégios especiais na Casa. Todo dia eu entrava nas salas de cura, sentava em uma das cadeiras grandes e ali permanecia por oito horas com os olhos fechados. Durante essa meditação, sentia como se as doenças dos outros passassem através de mim: tossia, quase vomitei várias vezes, me senti comovida. Senti a dor e o coração do povo. Tenho fé que ajudei as entidades a curar outras pessoas. Senti que estava fazendo algo importante.
Em outro dia, em seu escritório, não sei por que entrei lá novamente... ele me puxou violentamente para o banheiro. Enfiou a língua na minha boca. Me virou. Puxou minhas calças e me penetrou por trás. Ele ejaculou. Depois me deu uma toalha.
Meu pensamento foi: 'O que aconteceria se eu engravidasse? Sentia um total e completo congelamento.'
Quando estava fora daquele lugar, eu confiei na mulher que eu havia conhecido por lá e que comecei a namorar. Quando estávamos longe, dois meses depois, contei o que aconteceu. Nós duas nunca voltamos a nos falar.
Eu tenho medo até agora."
37 anos, Rio Grande do Sul
"Demorei alguns anos para processar e falar sobre o que aconteceu. Cheguei a pensar em divulgar meu nome, mas sabemos que a pessoa de quem estamos falando é bem poderosa. Foi em 2010, eu tinha um conhecido que já frequentava a casa e tive acesso direto ao médium. Desde a primeira vez que eu o tinha visto, eu me senti mal e via como ele tratava mal alguns dos funcionários, mas o lugar era muito pacífico e tinha uma energia forte. Eu ia para a corrente e ajudava muito nas cirurgias, sentia uma energia especial ali.
Na terceira vez em que fui, fui sozinha. Fiquei uma semana e, em um desses momentos, num dos últimos dias, ele comentou durante um atendimento que ele queria 'me ajudar' e que era para eu ir ao encontro dele por volta das 6 horas da manhã no dia seguinte. Entrei na sala, ele falava que eu estava com os chacras bloqueados, principalmente com o chacra da sexualidade.
Ele se sentou na poltrona, pediu que eu sentasse ao lado. Ele estava com uma camisa branca, pegou a minha mão, colocou-a no peito dele e começou a respirar fundo. Sentia que ele estava tentando me hipnotizar. Eu fiquei tão abismada que congelei. Ele foi descendo a minha mão. Senti uma pele úmida e enrugada tocar a minha mão. Abri os olhos e notei que era o pênis dele. Levantei na hora, indignada e cheia de raiva, me perguntando porque aquilo estava acontecendo comigo. Saí da sala e voltei para a sala da corrente, me sentei para rezar e processar o que aconteceu. Cinco minutos depois, ele me chamou de volta.
Já cheguei com cara de quem não gostou. E ele começou a explicar que estava incorporado, inconsciente, durante aquele momento. Eu sabia que aquilo era balela. Ele pegou um cristal e me deu. A pedra é enorme, um cristal transparente enorme.
Quem passa por isso fica calada porque a gente sente tanta vergonha de pensar no que passou que não tem nem para quem falar. Se eu não tivesse medo dos riscos, até publicaria meu nome, mas já ouvi tantos relatos que não sei como ainda não o pegaram. Deve tentar calar muita gente. Mas sei que foi abuso sexual no meu caso, o cara pegou a minha mão e colocou no pênis dele contra a minha vontade. Óbvio que foi abuso."
35 anos, São Paulo
"Em 2015 eu fui pela segunda vez à cidade de Abadiânia (GO) buscar ajuda para diversos problemas de saúde meus e de familiares. Quando entrei na fila para passar com a entidade, faltavam mais ou menos umas seis pessoas na minha frente. Ele me viu e, a partir daí, não tirava o olho de mim. As pessoas que paravam em sua frente, ele fazia sinal com a mão para que fossem logo. Na minha frente tinha uma senhora que provavelmente tinha um câncer, pois estava careca. Na sua vez, ela ajoelhou, agradecendo fervorosamente, e ele praticamente a empurrou para que fosse logo. Então foi minha vez.
Ele pegou na minha mão e perguntou no que poderia ajudar. Eu disse que tentaria resumir mas que, no geral, era depressão. Não me sentia pertencente a esse mundo, tinha pensamentos suicidas... então ele falou para eu 'falar com o médium João' em sua sala.
Fui feliz da vida. 'Que legal poder ter ajuda assim tão de perto', pensei. Mas, por diversas vezes, não pude ser atendida. Hoje eu agradeço por isso, porque assim vi cenas estranhas acontecerem: ele tratando mal pessoas que o esperavam, o filho dele trazendo bolos de dinheiro e ele colocando no bolso... Isso me intrigava, mas eu estava confiante. No último dia, consegui passar na sala dele, no horário de almoço.
Quando entrei, ele perguntou o que me trazia ali e eu disse poucas palavras. Na verdade ele nem ouviu, já pediu para eu ficar em pé, disse que iria fazer uma limpeza em mim. Fiquei de costas para ele e ele passava a mão no meu tronco, dizendo que estava limpando os chacras.
Até aí eu pensava que tudo bem. Era um ser tão divino, nada a ver eu desconfiar. Foi quando ele me virou, pediu que colocasse a mão na barriga dele e fizesse um movimento, como se fosse uma massagem. Pensei que também tudo bem. Se o super médium João de Deus pediu, beleza.
Ele me pedia pra olhar nos olhos dele, mas eu não conseguia. Fiquei de olhos fechados, talvez porque algo dentro de mim estava muito desconfortável com aquilo tudo. Então ele colocou o pênis para fora e falou, segurando meu braço: 'Olha como você me deixa'. Disse que tinha sonhado comigo, que me viu nos sonhos.
Eu estava em estado de torpor, algo não me deixava me mover. Parece coisa de filme, mas eu estava hipnotizada.
Ele continuou com uma lorota: 'Nos conhecemos de outras vidas, nós temos uma história'. Eu dei uma risada sem graça e disse: 'Eu considero você como um pai'. Não conseguia me mover.
Nisso, pessoas batiam na porta que ele havia trancado. Ele sentou e pediu que eu abrisse a porta. Então entravam pessoas pra agradecer, o pessoal que trabalhava na casa vinha com questões, e eu pensava: 'agora vou embora'.
Falava pra ele: 'vou sair, você fica à vontade'. Ele dizia pra eu sentar, eu obedecia. Pediu almoço para mim, almocei com ele. Pediu pra eu trancar a porta. Eu fui lá e tranquei! Algo em mim sabia que não estava certo, mas eu só conseguia obedecer.
Ele então falou que iria fazer a limpeza de novo. Nisso eu falava dos meus problemas de saúde, da minha família... e ele mal respondia.
De novo, o pênis, a lorota: 'Nos conhecemos' e 'Quando você volta aqui de novo?'.
Então ele pegou minha mão para eu 'ver como ele estava por mim'. Meu marido estava lá fora, ele falava para eu não contar nada.
Pessoas batiam à porta, ele mandava eu abrir, eu dizia, 'vou te deixar a vontade'. A fila pra falar com ele estava enorme. Ele não deixava, me mandava sentar, eu sentava. Ele me falava o quanto eu era corajosa, o quanto eu era forte. Eu ficava de olhos fechados.
No final, ele me presenteou com uma esmeralda. Já estava na hora do atendimento começar. Ele falou para eu ir pela porta que ele ia para o centro. Ele me falou: 'Queria te ver como te vi no sonho'.
Na sala da corrente, sentei numa cadeira na frente. Ele entrou, falou como um macho querendo impressionar sua presa. Falou um monte de coisas. Eu estava anestesiada. Queria sair, mas algo me segurava. Era tão confuso que no fim eu pensava que estava louca por pensar mal dele. Ele segurou bem forte minha cabeça, pensei: 'nossa, ele está me ajudando'.
Quando vinha uma entidade, pedia pra falar comigo. Dizia que me protegia, que cuidava de mim e que não era pra eu comentar com ninguém o que ocorria ali. Me chamou nas cirurgias. Eu segurava a bandeja, ele enfiava coisas no nariz das pessoas, sempre com um ar de macho alfa, me mostrando seus feitos.
Eu tinha comentado que sentia muita dor no joelho, pedi para ele fazer a cirurgia em mim. No meio do palco, ele falou que nunca iria me cortar, que eu estava curada. Um show. Pessoas de muletas, que ele jogava no chão, e a pessoa entrava na sala sem muleta. Sempre me mostrando, querendo me mostrar tudo. Isso foi no domingo.
Somente na quarta-feira, já em casa, eu acordei. Não dá pra explicar como ele fez isso, como ele me segurou na energia e me deixou em torpor. Só sei que fiquei alguns dias nesse estado. Quando acordei, foi porque uma voz gritou bem alto dentro de mim: 'Acorda!'.
Tinha uma foto dele no meu criado mudo. Na hora eu queimei. Tudo o que tinha dele eu dei ou joguei fora, inclusive a esmeralda.
Logo em seguida ele foi internado para retirar um câncer. Como ele não se cura? Precisa de médicos? Eu só desejava que ele morresse. E que morresse com muita dor. Ele não morreu. Está aí pra ser feito justiça, aqui na Terra. A justiça tem que ser feita."
36 anos, São Paulo
"Entre 2010 e 2011 meu sogro ficou muito doente e falaram pra minha sogra sobre o João de Deus. Fui duas vezes lá e fiquei durante o fim de semana. Em uma delas a 'entidade' pediu para que eu participasse no dia seguinte como 'assistente' na cirurgia espiritual. Como não soube muito o que isso significava, não encontrei o lugar onde deveria ir e acabei perdendo a hora.
Na outra vez, quando passei pela 'entidade', ele pediu que eu esperasse o João de Deus do lado de fora da sala dele, que ele queria falar comigo. Fui.
A sensação era um pouco de medo, ao mesmo tempo me sentindo levemente especial, e uma ponta de esperança de ouvir algo bom em relação ao meu sogro. Para minha surpresa, só havia mulheres na fila. Novas e de boa aparência. Isso me deixou bastante intrigada e me fez reparar nisso todos os dias e todas as vezes que estive lá. Sempre igual.
Que eu lembre, entrei duas vezes na sala dele: uma com meu sogro e uma sem ele. Nas duas vezes me senti bem incomodada, travada. João de Deus é uma figura que não causa nenhuma simpatia.
Quando entrei sozinha, ele disse que seria eu que curaria meu sogro e que, por isso, ele teria que fazer um trabalho comigo. Me levou para um corredor escuro dentro da sala dele, onde tinha um colchão encostado na parede. Me colocou de costas pra ele e começou a tocar em mim de forma que fiquei bem desconfortável.
Ele encostou em meus seios e na minha barriga. Lembro que me senti extremamente incomodada com aquela situação. Fiquei tensa e não consegui falar nada, mas peguei uma grande antipatia dele e deixei de acreditar naquilo.
Não comentei com meus sogros, pois ir ao João de Deus era algo que trazia muita esperança para eles e não queria cortar essa energia. Comentei apenas com a minha mãe quando cheguei em casa.
Lembro que fiquei me questionando o tempo todo se aquilo havia tido más intenções ou não. Fiquei com medo de ser perseguida caso levantasse esse assunto em algum lugar, pois ele de alguma forma faz bem a tantas pessoas, provavelmente ninguém acreditaria em mim.
Algumas vezes cheguei a pesquisar na internet se alguma mulher já havia relatado situação parecida, mas nunca encontrei nada. Ao ver recentemente um post no Facebook, me senti à vontade para me abrir.
Só espero que ele pague pelo que fez com tantas mulheres que passaram por lá. Ele, que se aproveitando de sua posição, abusou fisicamente delas com o pretexto tão sagrado da cura. Que ele pague na justiça por tudo que cometeu."
40 anos, Paraná
“Fui seis vezes a Abadiânia. A primeira em 2015, a última este ano. Fiquei muito animada porque estava conseguindo obter resultados positivos em vários aspectos relacionados a uma doença crônica, com a qual convivo há muitos anos. E este foi o principal motivo pelo qual fui à Abadiânia: visitar a Casa Dom Inácio de Loyola, através do médium João de Deus.
Depois dos atendimentos naquela manhã, eu entrei na fila para falar com o médium João em uma sala onde são realizados os atendimentos individuais. Ele pediu insistentemente para eu ser a última do atendimento, na fila. Quando entrei, ele trancou a porta e me perguntou se preferia a luz acesa ou apagada. Falei que não sabia o que era melhor. Ele insistiu e eu, por fim, disse que preferia acesa.
Naquele momento comecei a relatar várias situações da minha vida, conforme ele ia perguntando e a conversa prosseguia.
Ele me pediu para ficar de pé e passar a mão na minha barriga. Depois, pediu que eu virasse de costas. Na sequência, que eu passasse a mão na barriga dele, que estava sentado numa poltrona e pedia constantemente que eu ficasse com os olhos fechados. E começou a falar como deveria passar a mão. Às vezes eu abria os olhos e ele pedia para eu fechá-los. Pedia para respirar fundo e contar até nove.
Enquanto isso, ia me perguntando quantas vezes eu tinha ido à Casa, se eu estava sozinha, quando eu ia embora da cidade, se seria a última vez que aquela situação aconteceria. Eu não entendia a intenção dos questionamentos.
Uma hora eu abri os olhos rapidamente, insegura, e percebi que a camisa dele estava meio aberta. Ele foi guiando a minha mão e, de repente, senti algo encostar na parte de baixo da minha mão: era o pênis dele. Eu tirei a mão, me assustei. A última coisa que você quer acreditar é que um líder espiritual está te abusando.
Então ele disse: 'eu sei muito bem o que estou fazendo e que isso seria considerado assédio, eu não sou louco'. Dizia que estava me livrando das energias negativas, me tirando da solidão. Em um determinado momento, disse que não era mais a entidade ali, que era o homem.
Colocou a mão por dentro da minha blusa e tocou rapidamente debaixo dos meus seios. Quando eu abri os olhos, ele estava com o pênis parcialmente para fora. Fiquei extremamente assustada, tensa e enojada. Meu coração batia acelerado. Depois de tudo, me disse: 'Não conte para ninguém o que aconteceu. Não conte para ninguém que eu te ajudei'.
Após, disse que ia me dar um presente. Me deu um livro e pediu a algumas pessoas, que estavam do lado de fora da sala, para que dessem depoimentos para mim de como a vida delas havia melhorado. Naquela manhã me denominou 'Filha da Casa'.
Saí em choque, atordoada. Como estava sozinha, não sabia para quem contar. Minha ficha foi caindo aos poucos. Fui conversar com um conhecido que era terapeuta, que também estava em Abadiânia naquele período. Ele que me falou que eu tinha sofrido abuso sexual. Ele sabia de outros casos. Depois entrei em contato com outras mulheres e descobri que havia inúmeras histórias. Nunca mais voltei e levei tempo para me recuperar da dor e da decepção.”
38 anos, São Paulo
"Fiz uma série de viagens a Abadiânia. Na primeira delas fiz a cirurgia espiritual e voltei para casa. Eu tinha um problema de saúde e, vinte dias depois de ter ido à Abadiânia pela primeira vez, refiz meus exames e alguns dos meus índices estavam dando como se fossem perfeitos. Nenhum médico sabia explicar, então comecei a correlacionar.
A partir da terceira vez, nem pensava mais no meu problema, mas sim como uma cura espiritual, um lugar que me fazia bem. As pessoas comentavam que dava para ver que eu estava muito envolvida, porque eu levava pessoas, eu me sentia muito bem.
Todas as vezes em que eu ia, a entidade (o médium supostamente incorporado) falava comigo. Mas, um dia, a entidade pediu que eu falasse com o médium. Eu não fui sozinha, o que o deixou muito irritado. Ele me pediu que voltasse em alguns dias para pedir por outra pessoa. Então fui, levei fotos e coisas da pessoa pela qual eu queria pedir. Novamente, a entidade me disse 'vá falar com o médium'. Fiquei sem entender.
Tem uma sala ao lado da sala de cirurgia, uma porta azul. Eu estava do lado de fora dessa porta, em uma fila de pessoas que se forma ali, esperando o atendimento do médium. Mas a sessão da tarde já estava próxima e com certeza não daria para todos serem atendidos. Ele abriu a porta, apontou para mim e disse 'venha'. Logo que entrei, um voluntário fez um gesto dizendo que os atendimentos tinham sido encerrados, as pessoas se afastaram. Eu fui a última.
Logo que entrei, quis abordar o assunto da outra pessoa pela qual eu queria pedir. Mas, na hora em que pisei dentro da sala, ele perguntou se eu estava sozinha. Quando respondi que sim, ele apagou a luz e trancou a porta com a chave. Logo de cara falou: 'Minha filha, para a sua vida andar eu preciso destravar algumas coisas'. Eu argumentei que não tinha ido ali para falar de mim, mas ele me ignorou. Tirou da minha mão tudo que eu tinha trazido, como se não tivesse a menor importância. Me chamou em um canto da sala, que é bem pequena e tem duas poltronas. Esse canto tem como um banheiro, onde tem uma pia e um box de vidro.
Ali ele ficou de costas para a pia e pediu para eu ficar de costas para ele. Ele repetia 'vem aqui', 'vem mais perto'. E eu pensando que se chegasse mais perto iria encostar nele. Então, ainda assim, tentei ficar o mais longe que conseguisse. Aquilo me gerou um incômodo muito grande, eu comecei a chorar.
Ele disse 'eu preciso te passar energia' e colocou a mão levemente entre meus dois seios, por cima da roupa. Depois colocou a mão em cima da coxa, por cima da roupa. Ele repetia que precisava me passar energia 'ou sua vida não vai destravar'. Eu fiquei nervosa, chorava, soluçando, aos prantos, de desespero. Ele dizia que era para eu parar, 'assim eu não dou conta', repetia. Dizia que precisava fazer aquilo.
Naquele momento eu queria sair dali, mas tive muito medo. Medo que ele me fizesse mal, afinal de contas é uma pessoa muito poderosa, tanto no campo espiritual quanto físico.
Ainda comigo de costas para ele, ele pegou minha mão, puxou para trás e colocou na barriga dele, logo abaixo do umbigo. Pedia que eu girasse nove vezes a mão. E mandava que eu fizesse três perguntas. Eu achava tudo estranho e pensava 'isso não faz sentido'.
Então ele começou a dizer que eu era médium, que eu já tinha trabalhado com ele em outras vidas, dizendo que com minha fé e mediunidade eu ia fazer mil coisas e que ainda trabalharíamos muito juntos.
Nisso, mandou eu virar de frente. Eu soluçava de tanto chorar. Até que, para piorar a situação, ele disse: 'olha, calma, eu não estou com tesão, mas preciso fazer isso para te curar'. E eu pensei: 'Meu Deus, esse homem, para estar falando isso, é porque está pensando em algo, mesmo'. Ele estava com uma camisa azul, de manga curta e botão. Quando virei de frente, a camisa estava aberta. Aquilo me deu um pânico. Pensei: 'Estou trancada aqui com um cara de setenta e tantos anos de idade… o que é isso?!'.
Aí ele pegou de novo meu dedo e colocou embaixo do umbigo dele, e falava para eu virar a mão nove vezes. Tudo era nove vezes.
Ele tinha como um buraco abaixo do umbigo, que a pele afundava. Eu só rezava para Deus me tirar dali.
A gente passou, nessa pia, uns quarenta minutos. Depois disso, ele viu que eu estava bem irritada. Aí perguntou se eu queria parar. Fiz um gesto de positivo e ele se afastou de mim. Pensei comigo: 'Graças a Deus, acabou essa tortura'. Ele começou a fechar a camisa.
Quando finalmente achei que tinha terminado, fui na direção da porta, mas ele se meteu no meu caminho. Quando olho, ele está com a calça aberta. Olhei aquilo e fiquei absolutamente transtornada. Não acreditava que aquilo estava acontecendo. Foi quando, de fato, caiu a ficha.
Ele olhou para mim, pegou minha mão e simplesmente colocou no pênis dele. Puxei de volta, tirando. Ele pegava e colocava no pênis dele de novo. Eu não sei quantas vezes isso aconteceu. Novamente, ele falava 'Nove vezes'. Eu estava em pânico e não raciocinava. Não conseguia reagir e sair dali. Uma hora, quando mais uma vez ele colocou minha mão no pênis dele, ela ficou melada. Eu não fiquei fazendo movimento, só puxava minha mão de volta e ele colocava lá, forçadamente.
Todo esse tempo eu estava em prantos. E ele visivelmente estava irritado com isso.
Aí ele me pegou pelo punho, me levou até a pia e lavou a minha mão.
Saindo dali, ele me levou para a sala de cirurgias (só havia uma porta de vidro com uma cortina entre onde estávamos e a sala), onde muitas pessoas o esperavam.
Lá, ele levantou minha mão, na frente de todos. Eu completamente suada e com uma cara de desespero. E ele disse 'vocês estão todos operados'. Eu, que já tinha estado naquele lugar outras vezes, me senti extremamente violentada.
Fique imaginando o quanto aquelas pessoas, que estavam ali pelos mesmos motivos que eu, tampouco podiam imaginar o que acontecia nos intervalos do atendimento. Pior, teve um voluntário que claramente percebeu o que estava acontecendo e nada fez.
Depois fui entender que aquilo é muito mais comum do que se imagina, e que muitos voluntários da Casa sabem o que acontece por ali. Mas as pessoas se calam. Eu queria pedir ajuda, mas não tinha a quem pedir.
Nunca mais voltei lá. Permaneci em silêncio até agora porque, do mesmo jeito que eu tive a cura, fiquei achando que com o poder que ele tem também poderia me fazer o mal.
Segundo, eu não conseguia raciocinar o que tinha acontecido, permaneci em choque. É muito difícil acreditar que, no lugar onde você busca sua espiritualidade, você pode ser abusada. É uma experiência horrível, inenarrável, que vou ter que lidar para o resto da vida."
O que diz a assessoria de João de Deus
“A situação trazida, além de ser fantasiosa, é lamentável, uma vez que o Médium João é uma pessoa de índole ilibada. Tal situação é muito grave. Se estivéssemos falando no âmbito Jurídico, para que uma situação se caracterizasse como criminosa, a parte lesada teria que demonstrar a materialidade do ocorrido. Neste caso em especial a vítima está do lado oposto, uma vez que fatos alegados e não provados são fatos inexistentes. Há um nítido cerceamento de defesa, onde a busca da verdade real não está sendo averiguado pelo veiculador desta situação. Situação esta que é temerosa, uma vez que a forma escolhida pelas supostas vítimas não foram verificadas e investigadas, tendo em vista que não se sabe a razão ou qual objetivo que visa atingir. A imprensa precisa antes de acusar, ter provas. Exemplo: Ela verificou qual é a condição destas pretensas vítimas? Qual a razão deste tipo de atitude? Porque as supostas veiculadoras de uma situação falsa e fantasiosa não procuram as autoridades competentes neste tipo de situação. Embora falsas, porque procuraram a mídia, neste caso a imprensa. No caso o Jornalismo tem que ter cautela, pois cabe a ela zelar pelo que é veiculado, uma vez que o alicerce do jornalismo está na credibilidade do que traz a público. Se houver, por parte do jornalismo, uma irresponsabilidade, ela estará denegrindo a imagem de quem realmente é a vitima em notícias trazidas por palavras de pessoas vazias e sem credibilidade, apenas para satisfazer o próprio ego sem saber a extensão do que uma inverdade pode causar. A sala em questão é pública e qualquer um tem acesso a ela e jamais fica trancada, é livre para o entra e sai das pessoas, é aberta a todos. A imprensa investigativa, em conformidade com os fatos narrados, deveria averiguar primeiro a sua fonte e credibilidade da mesma. Uma vez que está sendo atingido a honra e imagem de uma pessoa pública conhecida mundialmente, e muito respeitada, pergunto o que as motivam? Estas pessoas não só estão prejudicando ao médium João, mas milhares de pessoas que precisam de cuidados na casa de Dom Inácio, além de elas mesmas serem prejudicadas, em razão do que foi dito, da índole cristalina do Médium João. Pergunto novamente, porque não procuraram a delegacia ou o Ministério Público, e se não o fizeram, qual a razão desta omissão?”
O Globo sexta, 07 de dezembro de 2018
FALCÃO, O MAIOR NOME DO FUTSAL DE TODOS OS TEMPOS
Relembre momentos da carreira de Falcão, maior nome do futsal de todos os tempos
Falcão saúda a torcida no Rio, durante jogo contra a Ucrânia, na Copa do Mundo de Futsal de 2008,
vencida pelo Brasil | Alexandre Cassiano/Agência O Globo
Para boa parte da torcida e da crítica, Falcão foi o maior jogador de futsal de todos os tempos. Aos 41 anos, o ala encerra a carreira nesta quinta-feira, defendendo o Sorocaba, contra o Corinthians, na decisão da Liga Paulista de Futsal, na cidade do interior de São Paulo. Uma carreira de 24 anos, iniciada em 1994, que inclui 10 clubes, todos do Brasil, e duas décadas de serviço à seleção brasileira. Com a amarelinha, foi decisivo para a conquista de duas Copas do Mundo: 2008 (Brasil) e 2012 (Tailândia), além da medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio. Essas glórias fazem parte de sua galeria de mais de 100 títulos.
Paulista, Alexandre Rosa Vieira herdou do pai, João Eli Vieira, o apelido de Falcão. Ele era conhecido pela semelhança física com o ex-jogador Paulo Roberto Falcão, do Internacional e da seleção brasileira e, na época, o filho, que sempre o acompanhava, era chamado de "Falcãozinho". Aos poucos, o astro vinha dando pistas de que a carreira se aproximava do fim. Em 2012, anunciou que se aposentaria da seleção, mas mudou de ideia para disputar o Mundial de Colômbia, o seu quinto, quatro anos depois.
A eliminação precoce, nas oitavas de final, para o Irã, nos pênaltis, teve sabor amargo: foi a pior campanha da história da seleção brasileira na competição. Embora tivesse, aos 39 anos, marcado 10 gols em quatro jogos, o ala canhoto decidiu se aposentar de vez da seleção. No fim da partida, foi ovacionado pelos rivais, que se uniram para levantá-lo em quadra, em um gesto de reverência. Na partida anterior, o camisa 12 marcou quatro gols na vitória por 15 a 3 sobre Moçambique. O feito o transformou no maior artilheiro da história das Copas do Mundo, superando a marca de 43 gols do também brasileiro Manoel Tobias. Terminou a competição com 48. Ao todo, com a camisa do Brasil, foram 401.
O sucesso nas quadras provocou um dos poucos momentos delicados na carreira de Falcão: a tentativa de fazer carreira no futebol de campo. Em 2005, foi contratado pelo São Paulo, onde conquistou o Campeonato Paulista, mas não teve espaço com o técnico Emerson Leão, que não fora consultado para a contratação do jogador e o considerava "atleta do presidente". Com apenas seis jogos oficiais, e só um como titular, decidiu voltar aos ginásios.
Falcão está no Sorocaba desde 2014 e, também no clube, vinha reduzindo seu ritmo. Não era mais titular no time do técnico Ricardinho, que procurava preservar o experiente atleta para os momentos mais decisivos. Na atual temporada da Liga Nacional de Futsal, participou de apenas 11 dos 24 jogos e não marcou gols.
O Globo quinta, 06 de dezembro de 2018
SARGENTO LOTADO NA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA É PRESO POR DESVIAR MUNIÇÃO
Sargento lotado na Presidência da República é preso por desvio de munições
Ele é apontado como um dos líderes de uma organização criminosa que remetia munições de uso restrito a morros cariocas, especialmente para o Comando Vermelho
Renata Mariz
05/12/2018 - 20:33 / 05/12/2018 - 20:36
Munições apreendidas durante a operação Foto: Divulgação
Ele é apontado como um dos líderes de uma organização criminosa que remetia munições para fuzil, de uso restrito, a morros cariocas, especialmente para o Comando Vermelho. Na casa de Gonçalves, os policiais encontraram munições de calibre 5,56 mm e 9 mm e granadas de luz e som. Os investigadores recolheram também caixas vazias de projéteis com registro dos lotes. Essa informação será cruzada com dados de munições apreendidas no Rio de Janeiro.
O GSI informou em nota que, no curso das investigações da Polícia Civil de Brasília, "não foram encontradas munições desviadas deste Gabinete". Destacou ainda que o bombeiro militar "não apresentou qualquer indício que pudesse colocar os seus atos sob suspeita, dentro ou fora das atividades profissionais" durante o período em que ficou no GSI. O órgão ressaltou que "não admite desvios de conduta de qualquer natureza" dos servidores.
O bombeiro militar manteve 382 chamadas telefônicas com outro investigado, apontado no inquérito como um dos intermediários das negociações, no período de 3 de janeiro a 19 de agosto de 2018. É uma média de três ligações a cada dois dias.
Além do bombeiro, mais quatro pessoas foram alvo de mandado de prisão na Operação Fogo Amigo. Dois já estavam presos no Rio de Janeiro: Eduardo Vinícius Brandão e William Sebastião Pessoa. Mesmo assim, eles precisam ser notificados, uma vez que as novas ordens de detenção podem evitar que saiam do presídio caso o prazo da prisão atual vença.
As investigações começaram a partir da prisão de Eduardo e William, com o apoio da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme) da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Eduardo foi flagrado em fevereiro deste ano ao tentar retirar 1.529 balas de fuzil de uma transportadora de cargas, no Rio. Em junho, William teve o mesmo destino ao ser flagrado na BR-040 com 1.390 projéteis escondidos em um carro de passeio.
A origem das munições acendeu o sinal de alerta dos investigadores: tinham sido compradas pela Polícia Militar do DF e Comando do Exército, segundo informou aos investigadores a empresa fabricante, que marca todos os projéteis vendidos a órgãos de segurança pública por determinação do Estatuto do Desarmamento. A partir dessas informações repassadas pela polícia do Rio, onde os dois homens continuam presos, os investigadores de Brasília aprofundaram as apurações, chegando aos demais suspeitos.
O esquema ocorria desde pelo menos 2017, segundo as investigações. "É possível constatar a atuação de uma organização criminosa responsável pelo desvio de munição comprada pelo Estado para posterior revenda para facções criminosas instaladas no Rio de Janeiro, em especial o Comando Vermelho", aponta o inquérito, observando ainda que os grupos "travam uma guerra urbana no estado do Rio, que ironicamente está sob intervenção militar".
O objetivo da operação Fogo Amigo é desbaratar, a partir do material apreendido e depoimentos dos alvos de prisão, outras conexões da organização criminosa, sobretudo dentro dos órgãos oficiais de onde a munição vem sendo desviada. Um dos suspeitos que atualmente está solto, Luís Pino, já foi preso por receptação de carro roubado.
O "modus operandi" do grupo era variado. Eles já tentaram enviar munição ao Rio dissimulada em pacotes por meio de empresas de transporte rodoviário de cargas. Outra estratégia é aliciar "mulas", ou seja, pessoas para levar o material até o ponto de entrega. As investigações mostraram que a mulher de Eduardo atuava no esquema após a prisão do marido, no início do ano.
Foi ela quem acionou William, em meados deste ano, oferecendo R$ 2 mil para que ele levasse, dentro de um Fiat Stilo, mais de 1,3 mil projéteis de uso restrito para o Rio de Janeiro. Conforme planejado, segundo o inquérito, um motorista de Uber o encontrou próximo à chegada ao estado e colocou uma garota de programa no carro de William, na tentativa de que um casal levantasse menos suspeitas. O condutor do Uber, então, foi na frente, fazendo as vezes de guia até o local da entrega das munições.
Antes disso, porém, uma blitz da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Duque de Caxias, flagrou as caixas de munição debaixo do banco de trás do carro e dentro do painel da frente. William e a mulher que o acompanhava foram presos. Com o compartilhamento das provas desse caso pela Justiça do Rio, a polícia de Brasília conseguiu avançar nas investigações, culminando na deflagração da operação desta quarta-feira.
O Globo quarta, 05 de dezembro de 2018
IATE DE EIKE BATISTA VAI A LEILÃO
Iate de Eike Batista vai a leilão por R$ 18 milhões
Embarcação tem capacidade para 22 pessoas, sendo 21 passageiros e um tripulante, e tem quatro quartos, sendo duas suítes – uma delas, com sauna e closet
RIO — Um iate do empresárioEike Batista será leiloado no próximo dia 13 de dezembro, às 13h, na sede da Justiça Federal do Rio. O lance mínimo é de R$ 18 milhões . A ordem para que a embarcação fosse a leilão foi do juiz Marcelo Bretas, responsável por julgar os casos da Lava-Jato no Rio. Em julho deste ano, o magistrado condenou o empresário a 30 anos de prisão e ao pagamento de uma multa de R$ 53 milhões.
Caso o iate não receba lances no primeiro certame, um segundo leilão será realizado no dia 18 de dezembro, também às 13h. Nesse caso, o valor mínimo para a compra passa a ser de R$ 14,4 milhões.
A embarcação tem capacidade para 22 pessoas, sendo 21 passageiros e um tripulante, e tem quatro quartos, sendo duas suítes – uma delas, com sauna e closet. Há ainda três cabines para viagens de longa duração, sendo duas para tripulantes e uma para o capitão; cozinha decorada em aço escovado. Além disso, o iate conta com sistema de som MP3 e vídeo, TV LCD de 67 polegadas na sala e TVs menores em outros ambientes; espaço para guardar dois jet-skis.
IATE DE EIKE BATISTA VAI A LEILÃO POR R$ 18 MILHÕES
No iate, há ainda três cabines para viagens de longa duração, sendo duas para tripulantes e uma para o capitão; cozinha decorada em aço escovado Reprodução
De acordo com o edital do leilão, a embarcação não vem sendo utilizada para navegação, por ter sido apreendida antes por determinação da 3ª Vara Federal Criminal. Por esse motivo, a Capitania dos Portos não emitiu o documento de autorização para navegação dos anos de 2016, 2017 e 2018. As taxas e impostos estão em dia.
Eike chegou a ser preso na Lava-Jato, em janeiro do ano passado.
O Globo terça, 04 de dezembro de 2018
RECEITAS DOM BACALHAU - CHEF ÁLVARO ANDRÉ DA COSTA
Chef Álvaro André da Costa, do Tasca Filho d’Mãe, na Barra, aposta em cardápio mais despojado
O chef Álvaro André Costa está há três meses na Tasca Filho D’Mãe e fez alterações no menu
Jacqueline Costa
04/12/2018 - 04:30 / 04/12/2018 - 08:43
O chef Álvaro André, da Tasca Filho D'Mãe, Foto: Emily Almeida / Agência O Globo
RIO — O chef Álvaro André da Costa está há três meses no restaurante português Tasca Filho d’Mãe. Antes de sua chegada, o estabelecimento, que acaba de completar dois anos no Vogue Square, tinha opções bem mais clássicas no cardápio.
— Este é um boteco português. Com a minha chegada, trouxe uma proposta mais despojada e que condiz com as opções de uma tasca. No novo cardápio, incluí muitos petiscos, como a coxinha de bacalhau (R$ 8, a unidade; ou R$ 30, quatro unidades) e camarões no espeto enrolados em bacon (R$ 42). Isso trouxe um novo leque de clientes. Hoje, atendo tanto a família que vem em busca dos clássicos quanto os mais jovens que buscam apenas petiscos — diz o neto e bisneto de portugueses, fiel guardião de um caderno de receitas que pertenceu à sua bisavó, nascida em Évora.
Militar da Força Aérea Brasileira, Costa conta que só decidiu se dedicar à gastronomia aos 40 anos.
— Percebi que a aposentadoria se aproximava e decidi fazer outra faculdade. Vi a gastronomia como uma possibilidade de unir um hobby a uma nova profissão — lembra Costa, que, logo após se formar, passou dois meses trabalhando em restaurantes de Nova York.
O Globo segunda, 03 de dezembro de 2018
TRÊS RECEITAS PARA O NATAL, DE ALEXANDRE HENRIQUES, DA GRUTA DE SANTO ANTÔNIO
Alexandre Henriques, da Gruta de Santo Antônio, ensina três receitas para o Natal
No cardápio, bolinho de bacalhau com queijo Serra da Estrela, bacalhau à lagareiro e pastel de natas com Nutella
Priscilla Aguiar Litwak
02/12/2018 - 04:30 / 02/12/2018 - 07:00
Segredo. Alexandre Henriques diz que o pulo do gato é adaptar receitas tradicionais portuguesas ao nosso paladar Foto: Divulgação / Marcelo de Jesus
NITERÓI — A seção Toque de Chef, já famosa em outros cadernos dos Jornais de Bairro, será publicada no site GLOBO-Niterói, de hoje ao dia 23, sempre aos domingos, com o passo a passo de receitas para o Natal. Serão menus completos, com entrada, prato principal e sobremesa. E quem estreia a boa-nova é o premiado chef Alexandre Henriques, da Gruta de Santo Antônio. O filho de Dona Henriqueta ensina a preparar um trio português de respeito: bolinho de bacalhau com queijo Serra da Estrela, bacalhau à lagareiro e pastel de natas com Nutella.
Antes de assumir a cozinha ao lado da mãe e se tornar um profissional estelar, Alexandre foi, aos 15 anos, guitarrista de uma banda de blues. Ele dividia seu tempo entre os ensaios, um estágio como programador de vinhetas numa rádio — o salário era ingressos para shows — e ajudando Dona Henriqueta no restaurante da Ponta D’Areia. Aos 22 anos, durante uma viagem à Europa, um primo português lhe deu um conselho:
— Ele disse “Você tem a faca o queijo na mão, não pode deixar essa oportunidade passar”. Então mudei meu modo de pensar e comecei a estudar (para ser chef).
O que veio depois, quase todo mundo já sabe: ele ficou craque na cozinha e, carismático, passou a frequentar programas de TV; criou uma canal no YouTube; e só de Prêmio Água na Boca, promovido pelo GLOBO-Niterói, já levou 19.
O Globo domingo, 02 de dezembro de 2018
MORO VAI INVESTIGAR A ORIGEM DE R$174 BILHÕES QUE ESTAVAM NO EXTERIOR
Moro vai investigar a origem de R$ 174,5 bilhões que foram regularizados
Dinheiro estava no exterior sem registro na Receita Federal e foi regularizado graças a programas de incentivo editados por Dilma Rousseff e Michel Temer
Thiago Herdy
02/12/2018 - 04:30 / 02/12/2018 - 08:00
O futuro Ministro da Justiça Sergio Moro participa do Simpósio Nacional de Combate à Corrupção na FGV Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
SÃO PAULO — A gestão do futuro ministro da Justiça, Sergio Moro, quer investigar a origem dos R$ 174,5 bilhões que pertencem a brasileiros, estavam no exterior sem registro na Receita Federal e foram regularizados graças a dois programas de incentivo editados nos governos de Dilma Rousseff e Michel Temer.
As medidas promoveram a anistia de crimes como evasão de divisas e sonegação fiscal, mediante mera declaração de posse dos valores e de sua licitude, sem que houvesse qualquer tipo de análise sobre a origem dos recursos ou da capacidade econômico-financeira de seus beneficiários.
O plano de Moro é incrementar a integração entre a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e unidades de inteligência financeira, em especial o Conselho de Atividades Financeiras (Coaf), para verificar o uso dos valores por organizações criminosas — tanto aquelas com atuação violenta, como tráfico de drogas e armas, quanto as envolvidas em crimes de colarinho branco. Essas condutas não estão anistiadas pela lei.
Criado em janeiro de 2016 para aumentar a arrecadação federal, o Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária (Rerct) permitiu que brasileiros declarassem recursos mantidos no exterior mediante pagamento de 30% do valor ao governo na forma de tributos e multa. Em 2017, uma nova fase do programa foi lançada. Nas duas edições, 27 mil contribuintes e 123 empresas declararam valores que resultaram em promessa de pagamento de multa de R$ 52,6 bilhões.
A lei que formalizou o programa proibiu a abertura de investigação tendo a declaração como único indício de crime, com o intuito de incentivar adesão e evitar autoincriminação, um direito constitucional.
No entanto, a perspectiva da equipe de Moro é destravar essa barreira a partir de outros caminhos investigatórios, em especial aqueles oferecidos pela integração do Coaf aos órgãos de investigação criminal e o cruzamento de bases de dados que hoje operam isoladas umas das outras.
Desde que aceitou ir para o governo a convite de Jair Bolsonaro (PSL), Moro solicitou a transferência do Coaf do ministério da Fazenda para o da Justiça. Naquele momento, o ex-juiz já pensava no nome de quem o ajudaria a otimizar a atuação da unidade de inteligência financeira: o auditor fiscal Roberto Leonel Lima, chefe da área de investigação da Receita Federal em Curitiba e cérebro do órgão na atuação na Lava-Jato do Paraná. Relatórios de evolução patrimonial e movimentações financeiras e fiscais produzidos pela equipe liderada por Lima ajudaram a revelar desvios de mais de R$ 40 bilhões na Petrobras.
O auditor foi convidado a integrar a equipe de transição do governo Bolsonaro. Na sexta-feira, foi oficialmente anunciado como futuro chefe do Coaf, com atuação ampliada.
A função do órgão é detectar qualquer operação financeira acima de R$ 10 mil e informar autoridades financeiras e policiais, para que verifiquem indícios de atividades ilícitas. Transações como a repatriação de valores no âmbito dos programas dos governos Dilma e Temer também serão alvo do Coaf. Por exemplo: contribuintes que declararam valores, trouxeram-nos para o país e repassaram a terceiros serão alvo de investigação caso não exista lastro econômico a justificar a posse dos recursos.
O Globo sábado, 01 de dezembro de 2018
SAIBA COMO REDUZIR AÇÚCARES E CARBOIDRATOS DA ALIMENTAÇÃO
Saiba como reduzir açúcares e carboidratos da alimentação
Para especialistas, o primeiro passo para uma dieta mais saudável é priorizar comida de verdade, reduzindo o consumo de industrializados
Madson Gama*
30/11/2018 - 04:30 / 30/11/2018 - 10:35
Bolo de leite com um toque cítrico de limão, recheado com doce de leite e açúcar de confeiteiro no topo. Foto: CLAUDIO AZEVEDO / CLAUDIO AZEVEDO
RIO — Nos próximos quatro anos, as indústrias de alimentos, de refrigerantes e de bebidas não alcoólicas devem reduzir, em mais de 140 mil toneladas, a quantidade de açúcar adicionado em diferentes categorias de produtos. Só os biscoitos devem ter uma redução de 62,4%. É o que estabelece um acordo fechado entre as empresas e o governo federal nesta semana. O primeiro passo para uma alimentação mais saudável, porém, pode partir de uma atitude individual. Segundo especialistas, o consumo desenfreado de açúcar pode causar doenças como diabetes e obesidade. Por isso, entenda a importância da mudança de hábitos alimentares e saiba como fazê-la.
Açúcares
De acordo com especialistas, o açúcar é um alimento pobre, sem qualquer nutriente e que oferece nada mais que calorias. A nutricionista Clarissa Godoy afirma que a sacarose, que é o açúcar refinado utilizado no dia a dia, e saúde não combinam.
— O açúcar refinado deve ser evitado, porque está associado não só ao ganho de peso, mas a todas as doenças crônicas. A sacarose também é extremamente inflamatória, e a gente sabe que que é em ambientes inflamatórios que as doenças acontecem, sejam neurológicas, seja um câncer — explica.
Thalita Fialho, professora de nutrição da Faculdade Arthur Sá Earp Neto/Fase, diz que, mesmo os açúcares menos refinados, como o demerara e o mascavo, não devem ser adotados na alimentação diária. Eles são mais recomendados para uma eventualidade.
— Independentemente do tipo de açúcar, é açúcar. Sendo menos refinado ou não, ele pode ir levando à hiperglicemia (glicose elevada) e causando os efeitos do excesso, como a diminuição da expectativa de vida — opina.
Para a nutricionista Luiza Marina, o ideal seria que o hábito de evitar açúcar fosse ensinado desde o início da vida.
— O problema é que, desde criança, as pessoas se habituam a adoçar tudo, e estranham o verdadeiro sabor dos alimentos sem adição de nada, como um café puro — opina.
Segundo Ana Carolina Feldenheimer, professora de nutrição da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), quando o assunto é ingerir menos açúcar, a regra de ouro é reduzir o consumo de alimentos industrializados, como refrigerantes e sucos de caixinha, priorizando os alimentos naturais. Outra estratégia é analisar a tabela nutricional.
— Olhar os rótulos é muito importante. Alguns iogurtes têm mais açúcar que refrigerante. Se o primeiro ingrediente da tabela nutricional for açúcar, esse é o ingrediente que mais tem no alimento. Até certos produtos aparentemente salgados comprados nos mercados levam açúcar para ficar mais atrativos — esclarece.
Para quem deseja fazer uma reeducação alimentar, a nutricionista e professora de bioquímica da Unisuam Ana Cláudia Mariano explica que não precisa começar com uma mudança radical.
— O ideal é ingerir a menor quantidade possível de açúcar, reduzindo aos poucos, com metas semanais, até acostumar o paladar. Para quem não consegue, existem alguns tipos de adoçantes, como o Xilitol. Mas o ideal é não usar adoçante — orienta.
DE OLHO NO RÓTULO: APRENDA A IDENTIFICAR O AÇÚCAR
Conheça também alimentos com grande teor de açúcar
Os ingredientes do rótulo estão em ordem decrescente, ou seja, do ingrediente em maior quantidade para o de menor quantidade. A atenção deve ser redobrada com alimentos que contenham como primeiros ingredientes qualquer tipo de açúcar. Veja exemplos:
1 Fatia de bolo de chocolate (60g) =6,8 colheres de chá de açúcar (34g)
2 a 3 unidades de biscoito recheado (30g) =2 colheres de chá de açúcar (10g)
2/3 de xícara de cereal matinal de milho (30g) =2 colheres de chá de açúcar (10g)
1 copo de néctar de uva (200ml) =5 colheres de chá de açúcar (25g)
1 lata de refrigerante de 380ml =7,4 colheres de chá de açúcar (37g)
1 sachê de suco em pó (25g) =3,6 colheres de chá de açúcar (18g)
Fonte: Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC)/ Nutricionista Luiza Marina
Carboidratos
As nutricionistas defendem que, de forma geral, os carboidratos não devem ser evitados, mas consumidos com moderação, já que ele representa um importante nutriente. A ressalva é com relação à qualidade dele. Isso porque existem os carboidratos simples — como pão francês, biscoito, açúcar refinado, farinha branca e arroz branco — e os complexos, representados basicamente por alimentos integrais. O que diferencia os dois é a velocidade de absorção pelo organismo, o que vai influenciar, principalmente, na quantidade de gordura abdominal.
— O carboidrato simples é rapidamente absorvido pelo organismo, gerando um pico de glicemia (açúcar) no sangue. Isso faz com que o hormônio insulina seja liberado em grande quantidade para retirar esse excesso de açúcar da corrente sanguínea. O pico de insulina está diretamente relacionado com o acúmulo de gordura corporal — explica Luiza Marina.
Os carboidratos complexos são os mais recomendados, mas sem deixar de lado a moderação. Por serem alimentos ricos em fibras, vitaminas e minerais, eles são digeridos mais lentamente e não demandam alta liberação de insulina.
— Quais seriam as melhores opções de carboidratos? Os tubérculos: batata-doce, aipim, inhame e batata-baroa; as frutas, uma excelente fonte de antioxidantes; assim como arroz integral e outros grãos, como grão de bico e feijão. Esses são carboidratos do bem — diz Clarissa Godoy.
Sobre o consumo de carboidrato à noite, as especialistas orientam evitar, mas dizem que o que mais impacta na saúde e na estética é a quantidade total consumida durante todo o dia.
*Estagiário sob supervisão de Renata Izaal
O Globo sexta, 30 de novembro de 2018
PARA CELEBRAR O DIA DO SAMBA NO DOMINGO
Batucada de bamba: Um roteiro de rodas de samba em alta pelo Rio
Inspirados no Dia do Samba, comemorado no domingo, listamos dez rodas que estão fazendo sucesso pela cidade
Ricardo Ferreira
30/11/2018 - 06:00 / 30/11/2018 - 08:41
"O cara que vai para a roda se sente parte do grupo. A garotarada está muito ligada na velha guarda, e isso é bom", diz Moacyr Luz, guru das rodas no Rio Foto: Alexandre Cassiano / Agência O Globo
Os cavacos choram o ano inteiro pelas ruas e esquinas da cidade num dos mais genuínos encontros cariocas: a roda de samba. Da Barra a Madureira, diferentes gerações de músicos reúnem fãs da causa reverenciando mestres e abrindo espaço para o novo, fazendo a roda girar.
Aproveitando o Dia do Samba, celebrado neste domingo, montamos um roteiro com dez rodas que estão em alta pelo Rio. Sem pretensão de ranquear e com a licença de inúmeras rodas consagradas, traçamos um recorte de onde estalam os tamborins, do sambão tradicional ao pagode moleque, onde a moçada aplaude e pede bis.
— Acho que desde que surgiu o Samba do Trabalhador em 2005, esse jeito de fazer roda de samba cresceu bastante. O carioca sacou a importância disso, o cara que vai para a roda se sente parte do grupo. A garotarada está muito ligada na velha guarda, e isso é bom — diz Moacyr Luz, uma espécie de guru de rodas de samba no Rio.
Samba do Peixe
“A gente faz um peixe!”, disse o dono da Toca do Baiacu, na Rua do Ouvidor, quando um time de músicos despretensiosamente planejava começar uma roda de samba em frente ao bar, há cerca de um ano e meio.
O Samba do Peixe, na Rua do Ouvidor, acontece em um domingo "surpresa" por mês Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo
— O (Eduardo) Gallotti é louco por peixe. Fizemos a primeira, as pessoas começaram a vir, e se tornou essa coisa fora do controle. Criamos um monstro — brinca Chico Alves, uma das vozes do grupo, que promove o samba em um domingo “surpresa” por mês, divulgado no Facebook.
— A gente tem um lance bem bacana, que são as diferentes formações musicais minha, do Gallotti e do Ernesto (Pires). Isso gera uma mistura legal para a roda. Cada edição é uma surpresa — diz Alves.
O repertório adotado pela roda inclui lados B, clássicos de bambas como Mauro Duarte, Roberto Ribeiro e Roque Ferreira e sucessos que estão na boca do povo. Além de Alves, Gallotti e Ernesto Pires, participam do grupo Thiago Pratinha, Anderson Balbueno, Guilherme Pecly e Paulo Maudonet.
Samba do Bilhetinho
A galera que começou o Bilhetinho pulou de bar em bar, em Botafogo, até se consolidar no Fuska Bar, no Humaitá. Os integrantes chegaram a ser quase expulsos de um deles porque o barulho incomodava uma vizinha .
O Samba do Bilhetinho, no Humaitá, é composto por 17 músicos Foto: Alexandre Cassiano / Agência O Globo
— Um dia a gente estava fazendo um partido-alto e juntou uma galera de capoeira em volta, com umas meninas. Quando elas foram embora, deixaram dois bilhetes para gente com telefones — conta Murillo Sabino, um dos percussionistas, explicando o batismo do grupo.
Com 17 músicos, o Samba do Bilhetinho, toda quinta, a partir das 19h, é uma das quatro rodas que animam o boteco na esquina da Rua Visconde de Caravelas com a Capitão Salomão. O samba é acústico, com muitos vocais, e privilegia sambas de terreiro, partido-alto e sambas de escolas como Salgueiro, Mangueira, Portela e Império Serrano.
Cozinha Arrumada
Há cerca de um ano é o grupo Cozinha Arrumada que dá o tom das sextas-feiras no Bar dos Irmãos, no Catete, a partir das 21h. Liderado pelo cantor e cavaquinista João Borsoi, o Cozinha lota o trecho em frente ao número 371 da Rua Pedro Américo com um repertório de samba “mais pagodeado”, como explica Borsoi, na linha do grupo Fundo de Quintal e de João Nogueira.
— É um clima de noitada, com pessoas de todas as idades. A gente faz algumas coisas que fogem do roteiro tradicional das rodas, como uma versão pagodeada de uma música do Black Alien, por exemplo — diz o músico.
Outra grata surpresa é a inserção de um trombone de pisto nas mãos de Antônio Neves, que também cuida da percussão ao lado de Lucas Videla, Marcos Antônio e Cadinho Caramujo. No violão, Daniel Ganc completa a mesa.
Além do samba no Bar dos Irmãos, o Cozinha Arrumada também toca na Praça Cardoso Fontes, junto ao Armazém Cardosão, em Laranjeiras, todo segundo sábado do mês, e no restaurante Santa Pizza, em Santa Teresa, todo domingo.
Projeto Criolice
Presente na Arena Fernando Torres, no Parque de Madureira, todo terceiro domingo do mês, às 15h, o Criolice ultrapassou a roda de samba e se tornou um projeto consolidado que reúne, em média, segundo a organização, 1.500 pessoas. Além da música, tem feira de artesanato com cerca de 20 expositores e uma parte gastronômica com quitutes como acarajés, churrasquinhos e caldos.
O Crioliceacontece todo terceiro domingo do mês, em Madureira Foto: Divulgação
— O projeto nasceu da necessidade de se fazer uma roda com mais profissionalismo, com músicos mais empenhados e comprometidos, com um repertório de qualidade. A maioria das expositoras são mulheres que antes estavam desempregadas e hoje fazem do projeto parte seu sustento — conta Vander Araújo, um dos coordenadores do Criolice.
A mesa conta com 11 músicos, e o repertório vai de sambas clássicos de Candeia a novos compositores, como Nego Alvaro.
Samba Independente dos Bons Costumes
Um israelense que aprendeu violão no Acre, um músico de fanfarra, um mestre de bateria: a variedade de bagagens do grupo moldou o repertório eclético do Samba Independente dos Bons Costumes, que ocupa a Fundição Progresso, toda quinta-feira, em rodas que rolam até 4h da matina (entrada gratuita até as 22h, e R$ 10, depois).
O Samba Independente dos Bons Costumes nasceu na Praça Tiradentes, há quatro anos, no Dia de São Jorge Foto: Alexandre Cassiano / Agência O Globo
— Quem disse que a gente não pode fazer uma versão instrumental de Caymmi, passando por um BaianaSystem, dialogando com Dona Ivone Lara, partindo para Luiz Gonzaga e depois terminar com axé? — diz Vandro Augusto, intérprete do SIBC, que foi criado há quatro anos, no dia de São Jorge.
O cantor também falou sobre a "responsabilidade" de quem faz rodas de samba.
— O samba é uma ferramenta política, social, uma ferramenta transformadora que tem uma capacidade de comunicação absurda. O samba é uma entidade, é grandioso. A gente respeita o samba, respeita os mais velhos que vieram atrás. Ao sentar numa roda, você carrega uma responsabilidade muito grande. É muito importante a gente ter sempre isso em mente — afirma.
Gloriosa
Há quatro anos, no terceiro domingo de cada mês, a roda de samba comandada pelo craque Paulão 7 Cordas dá um charme a mais à Feira da Glória, a partir das 16h. Com frequência, há participações surpresa de sambistas que pintam por lá. Este domingo, Dia do Samba, tem edição extra, e, além da Gloriosa, tocam Sambastião e Pagode do Time de Crioulo.
A Gloriosa nasceu do bloco Arteiros da Glória Foto: Vinicius Manhães
— Tocamos uns dois ou três choros, o resto é samba. A Gloriosa nasceu do Bloco Arteiros da Glória. Hoje é misturada, vem bastante gente da área e alguns músicos de peso aparecem de vez em quando — conta Paulão.
Casa de Marimbondo
A cuíca de Byron Prujansky e a flauta transversa de Cauã Waismann são alguns diferenciais das rodas promovidas pelo grupo Casa de Marimbondo no Bar da Nalva, na Rua Sílvio Romero, na Lapa, nas noites de sexta, às 21h30m. A casa costuma ficar cheia e sobra gente na calçada, mas perto o suficiente para cantar junto as músicas conhecidas.
Casa de Marimbondo: lotação no Bar da Nalva, na Lapa Foto: João Serra / Divulgação
— O grupo surgiu de um encontro de amigos que a música e o samba uniram. Buscamos manter viva a cultura do samba de rua carioca com roda e povo cantando junto. O repertório passa por grandes compositores — diz o violonista Vitor Goes, citando Dona Ivone Lara, Candeia, Wilson Moreira e Martinho da Vila entre as inspirações.
Rodas do Vaca Atolada
No número 533 da Avenida Gomes Freire, coração da Lapa, o bar Vaca Atolada abriga rodas de samba de terça a sábado, a partir das 19h, mas o xodó da casa é Margarete Mendes, que faz do Caldeirão do Vaca Atolada (no segundo sábado e na terceira sexta-feira do mês) um sucesso.
As rodas de samba no Vaca Atolada acontecem de terça a sábado Foto: Alexandre Cassiano / Agência O Globo
— Eu não passei pela Lapa, eu sou a Lapa. Para ficar na Lapa tem que ter sabedoria. Fico muito satisfeita de ter um público jovem muito forte — diz a cantora, que coloca divas do samba no repertório, como Jovelina Pérola Negra, Dona Ivone Lara e Clara Nunes.
Samba da Gávea
É quase um samba privê, num espaço para apenas 50 pessoas, o restaurante Da Casa da Táta (Rua Manoel Ferreira 89). Chegando cedo, porém, é possível garantir um bom lugar perto dos músicos, entre eles nomes como Alfredo Del-Penho, Luís Felipe de Lima e João Cavalcanti, que se reúnem, há cerca de um ano, toda segunda-feira, às 20h, com ingresso a R$ 30.
É recomendável chegar cedo no Samba da Gávea para ficar perto dos músicos Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo
— É uma proposta diferente, mais intimista, acústica. É também um espaço em que nós e compositores amigos apresentam músicas novas— diz Del-Penho.
Na Linha do Mar
A Barra não é lá um berço de bambas, mas faz algum tempo que o morador do bairro não precisa cruzar o túnel para encontrar boas rodas. Uma delas é a do grupo Na Linha do Mar, que anima os domingos no Brewteco da Av. General Guedes da Fontoura, em pleno burburinho da Olegário Maciel, no Baixo Barra.
A galera do Na Linha do Mar agita os domingos no Brewteco Foto: Divulgação
Antes mensal, o samba já está marcado para todos os domingos de dezembro a fevereiro.
— Tocamos muita coisa dos mestres Cartola, Noel Rosa, Dorival Caymmi, Paulinho Viola e Chico Buarque, entre outros, além de Fundo de Quintal e Zeca Pagodinho, e coisas dos anos 80. Na primeira vez em que tocamos tinha só uma mesa assistindo. Agora, é sempre casa cheia — conta Júnior, o cavaco da roda na Barra.
O Globo quinta, 29 de novembro de 2018
PERSONALIDADES DE VÁRIAS ÁREAS DECLARAM AMOR AOS LIVROS
A convite do GLOBO, personalidades de várias áreas fazem declarações de amor aos livros
Iniciativa sucede o desabafo sobre a crise do editor Luiz Schwarcz, que convocou leitores nesta terça-feira
O Globo
29/11/2018 - 04:30
Grafite de Tinho, um dos grandes nomes da arte de rua brasileira, sobre livros Foto: Divulgação/Galeria Movimento
RIO — Em desabafo sobre a crise, editor Luiz Schwarcz convocou leitores a mostrar seu amor pelos livros . A convite do GLOBO, personalidades de várias áreas escreveram sobre o assunto e se declaram a seguir:
Leticia Novaes, cantora e compositora
Letícia Novaes em Letrux Foto: Divulgação / Antonio Brasiliano / Divulgação / Antonio Brasiliano
"Livro:
Tenho relação de profundo amor contigo desde "A Curiosidade Premiada", que minha mãe me deu e guardo até hoje, que benção, que presente. Livros me revelaram um mundo novo de possibilidades: um segredo, gosto, tesão, medo, um jeito diferente até mesmo de escrever. Só amo escrever por que amo ler e assim é a roda da fortuna. Minha vida é melhor por conta de todos os livros que já li (talvez um ou dois, não, risos), e queria eu ter mais tempo para ler tudo, todos os clássicos, todas as pessoas que conheço. Só posso agradecer e torcer para que sua trajetória seja perene. Um beijo da Letícia"
Joyce Moreno, cantora e compositora
Joyce Moreno, em estúdio para regravar disco de 1968 Foto: Bárbara Lopes / Agência O Globo
"Minha relação com os livros vem desde a infância, lendo Monteiro Lobato, tudo que caía na minha mão. Aprendi a ler sozinha, porque tinha muita curiosidade pelos livros, sempre foram um objeto de desejo. Tenho cartão de fidelidade em todas as livraris que frequento no Rio e sempre que estou numa cidade estranha a primeira coisa que procuro é uma livraria próxima. Quando fiz 12 anos minha mãe me deu de presente a obra completa de Machado de Assis, caí naquelea leitura e por aí foi. Tenho escritores do meu coração na Turquia, Japão, Israel. Não imagino a vida sem livros. Uma vida sem livro pra mim é inimaginável, igual a uma vida sem música."
Milton Hatoum, escritor
Milton Hatoum: primeiro livro de uma nova trilogia Foto: Marcos Alves / Agência O Globo
"O que não encontrei na vida, descobri nos livros. A leitura me levou a margens desconhecidas, onde a gente tem necessidade de indagar e pensar sobre coisas essenciais do mundo e dos seres. Neste tempo sombrio, que anuncia o colapso do humanismo, o livro é uma das nossas poucas esperanças. Só um sistema totalitário conceberia um mundo sem livros. No grande silêncio da leitura habitam os sonhos, a vertigem, o êxtase, os sentimentos e o conhecimento humanos. O livro é um objeto mais duradouro e mais belo do que o mais puro diamante."
Renata Carvalho, atriz, diretora e fundadora do Movimento Nacional de Artistas Trans
"Oi, meus amores,
Amores no plural mesmo, não me levem a mal, mas foram tantos, e ainda os são, e quero que sejam mais, muito mais.
Não pensem que seja leviano de minha parte, mas tenho um carinho especial por cada um deles, tá certo que uns devorei ferozmente, e outros foi difícil de engolir.
Renata Carvalho na peça "O Evangelho segundo Jesus, Rainha do Céu" Foto: Luciana Pires Ferreira / Divulgação
Mas amo-os em suas diferentes formas, tamanhos, espessuras, texturas e cheiros... Não importa,toco cada um de forma diferente, gosto de senti-los.
Não achem que foi fácil, mas para cada um dei a atenção devida, mesmo naqueles dias que você não está a fim de fazer nada, lá estava eu com ele ou eles. E era em qualquer lugar, eu particularmente prefiro na minha casa, na cama, entre um cigarro e outro, mas eles são tentadores e estão em todos os lugares, difícil resistir.
Sei que sou eu e sempre fui eu que fui atrás de vocês, mas precisava encontrar em vocês pelo menos um que contasse a nossa história. E não me venham com desculpas esfarrapadas, vocês falam sobre tudo e todo mundo, por quê de nós não?
E agora que querem te calar? Quem vai contar as nossas histórias?
Estão destruindo, queimando e deteriorando as universidades, museus, escolas, laboratórios... É natural que chegariam em vocês. São vocês que nos provocam, nos alimentam, nos ensinam, nos transformam e nos libertam.
Podem te queimar em praça pública, te censurarem, te proibírem... mas vocês resistirão... sempre resistiram... Somos imorríveis, meus amores.
Com todo amor."
Raphael Vidal, agitador cultural
"Prezada Odisseia,
Vinte anos se passaram. Lembro de ter entrado naquela garagem da Zona Norte cheia de livros, com os olhos desistentes, em sua busca. Perguntei pro pedreiro que guardava livros achados na rua se você estaria por lá. Eu precisava te conhecer. Mas não tinha como pagar por isso. Dei sorte. Entre milhares, encostei em sua capa, abri suas folhas empoeiradas. E a levei pra mim. Pelo tempo que eu quisesse. Nem precisei dizer meu nome.
Raphael Vidal Foto: Juarez Becoza
Vinte anos se passaram. Fiz faculdade de Filosofia, virei editor, escritor, cozinheiro e dono de bar. Fiz minha própria odisseia. Mas nunca esqueci da sua. Hoje há uma biblioteca igualzinha àquela da garagem na Casa Porto. Outros como eu no passado podem pegar o livro que desejar sem nem dizer o nome. Só peço o mesmo que me pediram: ler.
É o que pode nos salvar.
Até daqui a vinte anos.
Agradeço por existir,
Aquele abraço!"
Lenine, cantor e compositor
Lenine Foto: Flora Pimentel / Divulgação
"Querido parceiro,
Te escrevo pela saudade que me acomete, e que me impõe a reiterar a importância fundamental que você tem na minha formação.
Os romances e aventuras, que através de você pude viver e experimentar, a poesia e a prosa que deram direção e sentido a meu caminho sonoro, por tudo isso tenho um debito gigante contigo.
Não imagino um mundo sem você e aproveito para desejar vida longa e prospera pra tu e pros teus.
Cheiro"
Jr. Tostoi, guitarrista e produtor musical
Jr. Tostoi Foto: Leo Aversa/Agência O Globo
"A primeira vez que te vi, estava no colo de minha mãe, e ela mesmo me amamentando não te deixava de lado. Alguns anos depois ainda era muito pequeno pra te alcançar nas prateleiras. Quando finalmente aprendi a ler, me apaixonei. Te paquerava desde sempre. O amor que minha mãe tinha por você, passou pra mim. Até hoje sou apaixonado e te carrego pra todos os lugares.
Sou ciumento mesmo que te deixe com amigos queridos por pouco tempo. Essa paixão carregarei pra sempre."
Mailson Furtado Viana, escritor vencedor do Prêmio Jabuti
O escritor Mailson Furtado Viana, que ganhou o Jabuti Foto: Divulgação/Estúdio Wtf
"Comecei leitor ainda menino, folheando livros perdidos de meus pais, e daí a paixão que se estendeu, rastreou e explodiu sem ter pra quê em minha adolescência pela descoberta de autores e livros que ainda hoje pra mim os descubro, e me puseram de pé onde hoje estou. Nesse período veio os primeiros sonhos com livros - o de ter uma biblioteca, essa que pudesse ter tudo o que procurasse, e daí o vício incondicional de comprar (livros), de ter qualquer que seja a obra (hábito que mantenho mais feroz ainda hoje), e por conseguinte veio a escrita, a literatura (independente), que me faz buscar acreditar mais ainda, sempre.
No entanto é duro abrir jornais que pra além das páginas policiais que noticiam tragédias, outra como a que o mercado editorial e do livro passa. Ver livrarias fechando portas, editoras diminuindo catálogo, meu deus! é quase que um punhal carne adentro daqueles que acreditam que o Brasil pode sim ser maior e mais bonito através da arte, das letras, como eu insisto em acreditar, e acredito!
Wisnik: reflexão que deu origem ao livro nasceu quando Wisnik visitou Itabira e viu que o Pico do Cauê, presença central na poesia de Drummond - Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
“Nos livros as palavras ficam guardadas num freezer cheio de calor. Uma estante pode ter alimento para a vida inteira. A leitura de quem lê com amor ativa esse calor. Esse calor ativa o leitor. Nos livros os mundos se oferecem, mas ainda não estão prontos. Só quem lê é que realiza o livro. Os livros são muitos. Cada é cada um. Concordam e discordam, não é isso que importa. Assim como se abrem e se fecham em suas mãos, podem abrir ou tentar fechar a sua cabeça e o seu coração, a sua alma e o seu espírito. Mas nenhum decretará o ponto final. A existência de livros aumenta vida, faz as pontas e os pontos se tocarem, faz os pólos passarem pela terceira margem, faz a gente ser gente. Além disso, os livros acontecem no silêncio, no precioso silêncio, no necessário silêncio. A seu modo, ler é escutar o sopro do pensamento, ouvir a concha do ruído do mar. Deixar-se ocupar pela existência do outro, habitar a existência do outro, sem a paranoia de que o outro ocupe o seu lugar.”
Bia Lessa, diretora teatral
Os livros são o que os homens poderiam ser.
"Acho que foi Borges que disse que o livro nos escolhe. Muitos ali na prateleira, outros nas mãos dos amigos, e quando vemos um deles pula diante de nos. Comigo é exatamente assim, esse jogo entre a escolha recíproca acontece como magica. Chegam a mim, quase misteriosamente, os livros necessários, que me apontam caminhos, me tiram do rumo e me transformam por completo. Acima das linguas ergue-se a linguagem escreveu Thomas Mann, nas primeiras paginas de O Eleito, obra que me foi dada por Haroldo de Campos e que me levou a realizar meu primeiro filme Crede+mi. Essa linguagem que faz de cada livro “o” livro, que encontra na forma o seu próprio conteúdo, e que passa adiante, para todo o sempre, o que um dia foi rascunho. Essa pequena caixa fechada com uma capa, geralmente com atrativos, como quem diz me escolhe, e que dentro encontramos letras organizadas de forma a criarem sentidos. Falar de livros. Começo pela Hanna Arendt “sabemos que vamos morrer, mas sabemos que não nascemos para morrer. Nascemos para continuar”. Essa constatação de que passamos para o outro nossa trajetória - os livros são a concretização desses diálogos infinitos, com incomensuráveis possibilidades de associações.
SC Rio de Janeiro, RJ 30/08/2017 TEATRO - A diretora Bia Lessa vai estrear uma adaptação de Grande Sertão Veredas. Foto Guito Moreto / Agência O Globo
Entre ler um Grande Sertão: veredas ao lado do Homem sem Qualidades de Musil, passando por Clarice Lispector e indo para Verdade Tropical de Caetano, ou fazendo o movimento inverso, começando pelo Caetano e indo direto para Musil. Livros que conforme a ordem que o lemos se constroem de forma diferente dentro de nós.
Uma constelação de relações entre linguas e linguagens que vamos costurando durante nossa vida. Um jogo de dados. Galáxias, que vamos formando ao nosso redor e que se transformam em nossas próprias produções.
Rosa. “o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam, verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra montão”construção e desconstrução continua. Criando uma espécie de O Vôo da Madrugada, onde solitários, como somos todos, vamos amparando nossos escombros. Com o tempo, a seleção do que escolhemos ler, se confunde com nós mesmos. Nesse jogo infinito, sem regras rígidas, num labirinto de possibilidades, os homens, através dos livros, travam uma ligação unica construindo um tempo e um espaco próprio. As vezes penso que os livros sao o que os homens poderiam ser.
Não tem mais não, como diz Mario de Andrade como uma afirmação/negação do que foi e o que está por vir".
Tony Bellotto, músico e escritor
Tony Bellotto escolheu autores: livro faz parte de série internacional Foto: Divulgação
"Querido Pedro Páramo, sinto saudades daqueles dias que passamos juntos na ilha de Santorini, na Grécia. Foram dias intensos em que a vida vibrava no vento, no céu azul e no silêncio do mar Egeu.
No entanto, naqueles dias, você me falava do mundo dos mortos e dos tristes trópicos em que vivemos, você e eu.
Apesar de toda aquela vida que exuberava na Grécia, foram nas tuas visões da morte que eu enxerguei melhor a vida.
Não desapareça."
Marco Lucchesi, presidente da Academia Brasileira de Letras
Marco Lucchesi Foto: Fernando Lemos / Agencia O Globo
"O livro é um exercício de emancipação. Uma janela para a liberdade. A leitura de Clarice causa arritmia. Machado é uma comunidade de destino. E Guimarães Rosa desata um terremoto. Porque o livro é a pátria da possibilidade. Casa do ainda-não. De janelas abertas para o Outro. Subo e desço as ladeiras do Rio. Bato às portas das escolas públicas, sobretudo no limite das regiões conflagração. Os livros representam, ao mesmo tempo, uma bandeira de paz, um gesto solidário e silencioso. Um horizonte para a cidadania. E mando livros e mais livros para as escolas das unidades socioeducativas e prisionais. Procuro abarrotá-las de livros infinitos, como disse um poeta argentino, de modo que não haja mais lugar para os detentos, transformando as carceragens em vastas bibliotecas, mantidas por uma legião de leitores, a formar um longo poema de amizade entre os homens."
Marina Lima, cantora e compositora
"Eu adoro ler. Adoro ler romances, biografias, poesia. Comecei a ler quando tinha uns 10, 11 anos nos Estados Unidos, porque não gostava de morar lá. A leitura aplacava um pouco uma angústia que eu sentia de estar morando fora do Brasil. A leitura me fazia bem. Eu achava um universo onde eu cabia. E não era nos Estados Unidos, era na leitura e na minha imaginação.
A cantora Marina Lima Foto: Divulgação
O primeiro livro que eu li que foi um grande impacto pra mim foi "O vermelho e o negro", de Stenshal. Por conta desse livro, fui ler um tratado que ele fez sobre o amor, que se chama "Do amor", é inteligentíssimo. Gosto muito de ler biografias e livros sobre música. Livros de entrevistas também. Quando acaba um grande livro é como se eu estivesse me despedindo de um amigo, é uma tristeza danada.
Poesia eu adoro ler. No Brasil, quem eu mais gosto é Drummond, que me impressiona, me encanta, me deixa louca. Com o surgimento da internet, ainda com 24h e pouco tempo pra distribuir, deu uma balançada no meu tempo disponível pra leitura. Acabei ficando muito tempo online, e não gosto de ler online. Gosto de ler no livro. Agora, há alguns anos, consegui organizar meu dia-a-dia e voltei a ler. Graças a Deus."
Simone Mazzer, cantora
"Querido livro,
coisa louca esse mundo, né? Por tantos motivos me mantive longe de você, sem te conhecer, por muitos anos. Eu não lia. Só na escola e, confesso, quando era obrigada. E ainda uns livros que os adultos achavam que eram bons pra gente. Mas, na boa, eu não curtia. Naquela época, nada daquelas histórias me pegava. Não naquela idade, daquela forma. Não tava pronta pra entender "Vidas secas", "O ateneu", "O cortiço", "Viuvinha", "Os cinco minutos". Não entrava na minha cabeça rock inglês daquele momento. Mas depois isso muda. Eu amava aquela coleção "Para gostar de ler". Isso era ótimo. Mas foi bem depois de a gente ter sido apresentado oficialmente. Eu comecei a te curtir bastante, juro.
"Meninos sem pátria" foi o primeiro que me chamou pra um outro mundo. Eu pouco me lembro da história, lembro bem pouca coisa, mas lembro da sensação de querer ler mais e mais e mais... Pra saber onde é que aquela história ia me levar. "Feliz ano velho", por exemplo, me mostrou que eu gostava de ler, que era possível ler um livro inteiro em dois dias. E sem ler o resumo! Eu fiquei fãzoca do Marcelo naquela época. Descobri que ler podia ser o momento mais legal do dia. Mais do que ficar na escada do prédio brincando sozinha. Mais do que ver TV o dia inteiro. Tão legal quanto ouvir música, assistir ao "Sítio do Picapau Amarelo", andar de patins, jogar vôlei. Um tempo depois, aí sim, eu entendi que tinha passado pela ditadura, porque naquela época não falava disso nas escolas em Londrina. Aí eu me aproximei definitivamente de você.
Comecei a cantar, a fazer teatro. E foi aí que eu aprendi muita coisa e conheci muitos artistas geniais e suas expressões nas artes. Graças a você. Eu fui levada a obras que só conhecia de ouvir falar. Shakespeare, Sófocles, Nelson Rodrigues, Will Eisner, Platão, Paul Auster. E aí todo um universo se abriu. Música, artes plásticas, filosofia, física, teatro fotografia, cinema, história, mitologia, tudo. Tava tudo ali. Era só ler.
Simone Mazzer Foto: Divulgação
Muito obrigada por ter sido esse cara tão importante na minha formação artística, na minha formação como cidadã. O que seria de mim sem "Grade sertão: veredas"? Sem "Cem anos de solidão"? Sem a biografia da Billie? Sem "O homem e seus símbolos", do Jung? Sem "O universo numa casca de noz", do Stephen Hawking? Sem "O som e o sentido", do Wisnik? Sem Fernando Pessoa e todos os outro eus dele? Sem "O anjo pornográfico", do Ruy Castro? Sem os poemas de Mauricio Arruda Mendonça, da Florbela Espanca? Sem o "Crossroads", do Furio Lonza? Sem Hilda Hilst? Sem a poesia de Alexandre Guarnieri? E tantos outros de você que me inspiraram e me deram luz e ainda me dão luz nessas trevas todas que aparecem vez ou outra.
Cara, você é mágico. E daqui do meu mundinho espero e torço para que você nunca desapareça de nossas vidas. E das de quem está vindo aí. Apesar de todo o esforço que essa gente grande do famoso mercado faz pra acabar com você, torço pra que apareça cada vez mais gênios, com espaço, com mercado pra produzir seus contos, romances, fantasias, poemas, cantos, toda essa mágica que nos mantém vivos e pensantes.
Eu deixo um "não" bem grandão pra esses seres sem luz que insistem em queimar você pelo mundo até hoje. Um monte de gente que não suporta a ideia de nos ver pensando e agindo por conta própria, nos querendo massa de manobra ignorantes e mais fáceis de manipular. Eu quero que você saiba que isso é sim uma declaração de amor. mas é mais do que tudo um profundo agradecimento. Muito obrigada por estar do meu lado há tanto tempo.
Com muito amor (mesmo que às vezes você fique empoeirado na estante, meio amareladinho, com algumas orelhas e todo rabiscado),
Simone Mazzer"
Paulinho Moska, cantor e compositor
Paulinho Moska: disco tem parcerias com Carlos Rennó, Zélia Duncan e Zeca Baleiro Foto: Gustavo Miranda / Agência O Globo
“O livro é a casa das palavras. Quando abrimos sua porta/capa e entramos nessa casa com nossa leitura somos levados a criar em nosso pensamento a imagem de cada uma dessas palavras, formando as frases e os sentidos que nossa imaginação é capaz de construir. O cérebro necessita desse exercício, dessa prática, desse estímulo para se desenvolver. Nosso espírito se alimenta dessas imagens do pensamento. Os livros se alimentam uns dos outros, através de nós. A leitura de um livro é como um mergulho profundo no oceano da aventura da vida, a verdadeira transcendência. A cada página carinhosamente virada com as mãos subimos mais um degrau dessa escada infinita da alma.
Eu queria ser um livro, para ser manuseado e lido nas minhas entrelinhas, nas minhas vírgulas, nos meus pontos de interrogação e exclamação. Ser os personagens, as paisagens, as histórias, as palavras em si. Todo livro é um livro de poesia.
E eu queria ser a poesia de um livro.”
Jacques Fux, escritor
"Aos seis anos de idade, desesperadamente apaixonado por uma coleguinha de sala que não sabia meu nome e minhas dores, escrevi-lhe, como último e único recurso, uma carta de amor. Ridícula.
Anos depois, ainda jovem e sem nenhum tato com esses seres encantadores, estranhos e com olhos de jabuticaba, transformei a carta em poema, desobedecendo os precisos conselhos do poeta. Fui desprezado por cair no banal. Toleima.
Jacques Fux chegou a fazer piadas em sua participação na Flip Foto: Ana Branco / Agência O Globo
E na minha adolescência, vivendo dias de spleen, me imaginando um Tristão com o desejo quixotesco de sentir o sabor de alguma Isolda – e impossibilitado de tal façanha – encontrei conforto na autocomiseração onanista. Fábula.
Mas eu nunca estive sozinho. Os livros, os famigerados autores, as carrolianas histórias e cabalísticas ficciones se misturavam e se metamorfoseavam em mim. Eu era um pouco de Pessoa, Machado, Rilke, Rosa, Baudelaire, Cervantes, Roth, Joyce, Carroll, Borges, Kafka, Lispector, Drummond, e eles se tornavam muito de mim. E esse desmesurado afeto se transformou numa necessidade de fazer, e ser, parte. Epifania.
É piegas declarar amor aos livros? É asneira ainda achar que o livro transforma? É estupidez romântica dar batalha para preservar a letra e continuar penetrando surdamente no reino das palavras?
Não. Por isso espero despertar desses momentos tão agitados."
Alceu Valença, cantor e compositor
"A leitura sempre foi um hábito na minha família, desde os tempos em que morávamos na Fazenda Riachão, no agreste de Pernambuco. Minha avó materna era uma grande leitora de clássicos e isso me influenciou bastante. Para ela, uma vírgula fora de lugar era uma ofensa imperdoável.
Ainda menino, estudei num colégio de padres em Garanhuns. Como eu era meio arisco, de vez em quando recebia punições. Só que eu gostava das punições porque o castigo era passar horas lendo os clássicos na biblioteca. Então, por bem ou por mal, a literatura sempre foi algo presente em minha vida.
Alceu Valença Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo
Meu tio Geraldo Valença era poeta dos grandes, com livros publicados. Cheguei a musicar um de seus poemas, “Junho”, uma canção de que me orgulho muito. Aos poucos, conheci a poesia de Fernando Pessoa e de Drummond, as crônicas de Rubem Braga e Gilvan Lemos, que também era nosso parente. E havia os poetas que viviam no Recife, como Ascenso Ferreira e Carlos Pena Filho, nosso vizinho na rua dos Palmares.
Na Faculdade de Direito do Recife, me interessei pela Filosofia. Li bastante os gregos, mas gostava sobretudo de Ortega y Gasset, com quem aprendi que “eu sou eu e as minhas circunstâncias”. Através do contato com a Filosofia, fui selecionado para um curso de férias na universidade de Harvard por conta de um texto que escrevi sobre marxismo e religião. E minha música possui diversos exemplos de diálogo com a literatura. Cervantes, Pessoa, Jorge Amado, Rubem Braga, Mario Quintana, entre outros, têm trechos de suas obras citadas em canções minhas.
Recentemente, lancei um livro de poemas, “O Poeta da Madrugada”, inspirado pelas noites insones que passo em Lisboa. O prefácio é de um dos maiores escritores lusófonos atuais, o angolano José Eduardo Agualusa, cuja obra deveria ser ainda mais difundida por aqui.
Torço para que o Brasil retome urgentemente o amor pelo pensamento."
Gabriela Amaral Almeida, cineasta
Meu sonho ainda é ter uma biblioteca intergalática
"Não tenho memória do primeiro livro que li na vida porque “lia” antes mesmo de aprender a ler. Meu pai dizia que era o segredo das pessoas inteligentes, ler. Lembro da minha coleção do Mundo da Criança, encadernada em vermelho, cujas páginas eu comia (sentido literal: do verbo comer mesmo) porque ainda não era alfabetizada. E dos livros de Julio Verne do meu pai. Lembro também do mundaréu de títulos da casa da minha avó, onde iam parar todos os livros que já não cabiam nas estantes das casas de meus tios (eu tinha/tenho oito tios). Os livros estavam por toda parte: nas estantes, em cima de armários, escondidos em caixas de papelão amontadas em quartinhos e até nos banheiros. Sidney Sheldon, Robert Louis Stevenson, Agatha Christie, José Lins do Rego, toda a Coleção Vaga-Lume, toda a coleção Para Gostar de Ler, Machado de Assis, Stephen King. Tudo junto e misturado. Todas as casas tinham a sua estante-de-livros. Ler era das raras atividades que ninguém ousava interromper: “ah, tá lendo? Então deixa”.
A diretora Gabriela Amaral Almeida Foto: Marcos Alves / Agência O Globo
Na minha estante-de-livros principal – que fica, obviamente, na sala – estão livros lidos e esquecidos, livros lidos e relidos, (muitos) livros ainda a serem descobertos. Geralmente, quem me visita pela primeira vez acaba gastando um tempinho olhando os volumes, descobrindo pontos de conexão – “você também gosta disso?!” –, descobrindo tesouros – “isso existe?” – e, por que não, me zoando – “que gosto, o seu, credo!”. Ainda é através dos livros, de suas histórias mas também da sua materialidade, que eu me relaciono com o mundo.
Da minha estante, puxo um livro que, acredito, me marcou profundamente: os contos completos de Flannery O’Connor (no Brasil, editados num único volume pela já extinta Cosac Naify). Localizo no índice o conto “Um homem bom é difícil de encontrar”, o meu preferido dela. É inevitável não cheirar as páginas passando (um vício). O conto narra a história de uma família americana – pai, mãe, duas crianças (menino, menina, chatos) e uma avó cheia de racismo dentro dela –, que atravessam os Estados Unidos rumo às férias que nunca vão ter porque, desgraçadamente, topam com um fugitivo da lei. O Desajustado. Grifei apenas uma frase, lá para o fim do texto, que diz assim: “Seria até boa mulher”, o Desajustado disse, “se a cada instante de sua vida houvesse alguém nas cercanias para lhe dar um tiro”.
Releio: “se a cada instante de sua vida houvesse alguém nas cercanias para lhe dar um tiro”. A frase me atinge. No peito, um tiro, como deve ter pretendido a autora quando a escreveu. Fecho o livro, a frase ecoando na minha cabeça. Devolvo o livro à estante. Algumas partículas de poeira dançam no ar. Todas as partes moles e minúsculas e sensíveis do meu corpo vibram. Eu estou viva.
Meu sonho ainda é ter uma biblioteca intergalática."
Roberto Menescal, músico
"NÃO DÁ PARA VIVER SEM MÚSICA, ASSIM COMO NÃO DÁ PARA VIVER SEM LIVRO!!!
Só pude entender alguns detalhes da vida de meu super amigo-parceiro Paulo Coelho ao ler agora seu recente lançamento "Hippie", mesmo tendo convivido 40 e poucos anos com ele.
Menescal toca violão no jardim de sua casa, na Barra Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
Achava que conhecia razoavelmente bem o Pop Star artista Lobão, mas só ao acabar de ler “50 anos à mil” pude desfrutar de sua louca, divertida e inacreditavel vida até aqui, um dos melhores livros que li, graças a minha curiosidade que procura também o que não está ao meu redor.
E o “Raul que me contaram”? Trabalhei ligado à Raul Seixas durante vários anos como meu contratado nos tempos da gravadora Polygram, mas só através desses delicioso livro, pude conhecer profundamente um universo imenso que desconhecia.
Outro artista com quem trabalhei e que sempre me fascinou, Rita Lee, através de sua biografia descobri sua vida mágica, emocionante o que aumentou em muito minha admiração por esta pessoa, aliás ontem comprei seu mais recente lançamento, “FavoRita”.
Hoje tenho consciencia que sem tudo que li, minha vida teria sido bem vazia. Sou um cara de muita sorte e muito feliz por ter tido um aprendizado incrivel através dessa coisa magica que é O LIVRO!"
Aniela Jordan, produtora teatral e gestora cultural do Imperator – Centro Cultural João Nogueira
Aniela Jordan, produtora de musicais Foto: Fernando Lemos / O Globo
“Não consigo imaginar uma vida fértil sem leitura. Ler é cor, é vida, é imaginação! Ler constrói o nosso mundo interior e aprimora o ser humano”
Gustavo Pacheco, diplomata e escritor estreante
Os livros têm vida
Saindo de uma livraria com ele, digo:
– Sempre que saio de uma livraria, sinto o coração apertado.
– Por quê, papai?
– Porque imagino os livros tristonhos dizendo: "ei, não vai embora, volta aqui, não me deixe!"
Gustavo Pacheco estreia uma coluna semanal no site de ÉPOCA Foto: Maria Mazzillo
Ele me olha, faz beicinho e começa a chorar. Perplexo, pergunto o que está acontecendo.
O Globo quarta, 28 de novembro de 2018
ÁRVORES GIGANTES QUE SOBREVIVERAM NA MATA ATLÂNTICA
Levantamento inédito mostra as árvores gigantes que sobreviveram na Mata Atlântica
Novo livro mostra as grandes remanescentes da floresta que já foi um dos maiores biomas brasileiros
Cesar Baima
27/11/2018 - 08:00 / 27/11/2018 - 09:26
Fileira de jequitibás-rosa centenários de grande porte no Parque Estadual do Vassununga, interior de São Paulo:aglomerações de grandes árvores assim eram comuns na Mata Atlântica original Foto: Cassio Vasconcellos / Editora Olhares/Cassio Vasconcellos
RIO – Quando os portugueses chegaram no Brasil, em 1500, deram de cara com uma floresta luxuriante, densa e diversa, com árvores que facilmente passavam dos 40 metros de altura. Era a Mata Atlântica, um dos maiores biomas brasileiros, que então se espalhava por mais de 1,3 milhão de quilômetros quadrados, ou cerca de 15% do território do país. Hoje reduzida a menos de 13% desta cobertura, distribuída em aproximadamente 245 mil fragmentos, pouco resta de sua exuberância original, praticamente desconhecida da população atual. E foi para preencher esta lacuna que o botânico e paisagista Ricardo Cardim liderou o projeto do livro “Remanescentes da Mata Atlântica: as grandes árvores da floresta original e seus vestígios” (Ed. Olhares), com lançamento previsto para esta terça-feira, dia 27.
Maior árvore documentada do bioma em termos de massa, possivelmente um jequitibá-rosa ( Cariniana legalis ), estima-se que tinha um tronco com 6,20 metros de diâmetro e 19,50 metros de circunferência a 1,30 metro do solo, com sua copa provavelmente alcançando uma altura de mais de 40 metros. Supostamente localizada na região de Campinas, era uma árvore famosa, alvo de diversos fotógrafos na época da virada do século XIX para o XX. Apesar disso, seu destino é desconhecido e não há outros indícios de sua existência além das fotos antigas.
Registro do Jequitibá do Brejão, maior árvore documentada da Mata Atlântica Foto: Reprodução / Editora Olhares
— As pessoas veem os remanescentes da Mata Atlântica nas cidades, como a Floresta da Tijuca, e no interior e imaginam que eles são representativos da floresta intacta, mas muitas vezes não passam de uma sombra da floresta original — conta Cardim. — Apesar de 60% a 70% da população brasileira hoje viver em áreas que eram da Mata Atlântica, não nos é ensinado nas escolas como era esta floresta original, nem temos um museu ou qualquer outro lugar que conte sua história. Então eu tinha esta curiosidade muito grande de saber como era esta floresta, qual era o tamanho de suas árvores, sua distribuição e verificar se os remanescentes atuais são de algum modo parecidos com a Mata Atlântica que nossos antepassados conheceram entre o fim do século XIX e início do século XX.
Assim, as gigantes do livro não estão só no passado. Boa parte da obra é focada na busca de grandes árvores que sobreviveram à destruição da Mata Atlântica — processo que também é documentado por imagens desoladoras que integram um capítulo à parte —, registradas em uma série de expedições realizadas por Cardim com o também botânico Luciano Ramos Zandoná e o fotógrafo Cássio Campos Vasconcellos, nas quais percorreram mais de 12,5 mil quilômetros em visitas a algumas das principais áreas de remanescentes da Mata Atlântica do país.
Queimada da Mata Atlântica para cultivo de café em meados do século XX: na Bahia e no Espírito Santo talvez não se tenha aproveitado mais do que 3% da madeira Foto: Reprodução/Editora Olhares
— Já tivemos muitas árvores gigantes na Mata Atlântica, e felizmente ainda temos algumas, que evidenciam o muito que a gente perdeu — diz. — Elas são as últimas testemunhas dos tempos de exuberância do bioma, árvores com séculos de vida. São seres especiais que cresceram antes dos ciclos de desmatamento, antes da destruição da floresta.
Gigantes que dificilmente serão substituídas
Gigantes estas que, uma vez mortas, dificilmente terão substitutas, já que são resultado da competição em uma floresta densa e contínua que praticamente não existe mais, lamenta Cardim.
— Se a gente plantar uma semente de um jequitibá desses agora, mesmo se esperarmos muitos anos ele não vai chegar no tamanho do antigo Jequitibá do Brejão porque não tem ambiente para isso. Será como uma árvore de praça, de copa baixa e tronco curto — explica. — Árvores gigantes como essas precisam de muita competição e uma floresta madura, com topos de 40 metros como era a floresta original, para crescerem tanto. É um ambiente que praticamente não existe mais.
Mas a continuidade da floresta não é necessária só para o crescimento de novas gigantes. Segundo Cardim, as mortes recentes de dois jequitibás centenários na Bahia sugerem que a reconexão dos fragmentos da Mata Atlântica, para além de uma importante estratégia de preservação, é fundamental para a sobrevivência destas últimas grandes árvores do bioma. Exemplo disso é a atual árvore mais alta conhecida do bioma, um jequitibá localizado pelos pesquisadores na região de Ubatã, na Bahia. Apesar de sua copa alcançar espantosos 64 metros de altura, é uma árvore “magrinha”, com um tronco de apenas 2,5 metros de diâmetro, longe dos mais de seis metros do Jequitibá do Brejão e dos estimados até oito metros que atingiam outras gigantes em tempos idos.
Jequitibá na região de Ubatã, na Bahia: árvore de 64 metros é a mais alta encontrada pelos pesquisadores, mas 'magrinha' se comparada com suas antigas "irmãs" Foto: Cassio Vasconcellos / Editora Olhares
— Temos a oportunidade de fazer a ponte entre a Mata Atlântica que nossos antepassados viram e a que as futuras gerações terão acesso — defende. — Mais que reconectar a floresta, precisamos aproximar as pessoas dela. Só estar debaixo de uma árvore de 22 andares de altura emociona mesmo o coração mais duro. É difícil ficar indiferente frente a uma gigante dessas. Acho que esta é a principal contribuição de nosso livro: formar uma linha de pensamento de como foi a floresta original, como ela foi destruída, se transformou e o que sobreviveu, traçando um caminho para restaurar a Mata Atlântica em harmonia com a atividade humana.
O Globo terça, 27 de novembro de 2018
TOFFOLI CONFIRMA JULGAMENTO DA SEGUNDA INSTÂNCIA APÓS O CARNAVAL
Toffoli confirma julgamento da segunda instância após o carnaval: 'é tema de penitência'
Ministro pretende anunciar todos os casos que serão analisados pela corte com seis meses de antecedência
Paulo Celso Pereira
27/11/2018 - 01:30 / 27/11/2018 - 08:12
Presidente do Supremo Tribunal Federal(STF), Dias Toffoli Foto: Jorge William / Agência O Globo
BRASÍLIA — Em evento na noite desta segunda-feira, promovido pelo site Poder 360, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli , confirmou que o julgamento da ação que discute a execução da pena a partir da condenação em segunda instância será entre março e abril . O tema pode atingir diretamente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que começou a cumprir pena em Curitiba após a condenação pelo Tribunal Regional Federal.
— Esse é tema para a Quaresma, é tema de penitência, (pra ser julgado) entre o carnaval e a Semana Santa. Conversei com o Marco Aurélio e ele autorizou a colocar na Quaresma.
O ministro prometeu ainda conversar nos próximos dias com o ministro Alexandre de Moraes para definir a data de julgamento de outro processo polêmico que ficará para o próximo ano: a possibilidade de a corte descriminalizar o porte de drogas para consumo pessoal.
Durante a gestão da presidente Carmen Lúcia, a pauta passou a ser divulgada com antecedência de até um mês. Agora, o objetivo de Toffoli é definir até o fim do ano quais julgamentos serão realizados ao longo de todo o primeiro semestre.
— Minha ideia agora é fazer a pauta para o primeiro semestre inteiro do ano que vem. Aí a imprensa e as empresas poderão fazer análises e nós como juízes saberemos quais são as consequências (das decisões). Porque, às vezes, na melhor das boas vontades, a gente erra. Se você administra uma pauta com antecedência, vai permitir que a própria sociedade, que a academia, universidades, pesquisadores possam nos trazer subsídios —
O Globo segunda, 26 de novembro de 2018
PALMEIRAS É CAMPEÃO BRASILEIRO
Palmeiras vence o Vasco em São Januário e é campeão brasileiro de 2018
Time paulista tem trabalho contra o cruz-maltino, mas conquista o décimo título da Série A
O Globo
25/11/2018 - 19:03 / 25/11/2018 - 20:15
Deyverson, ao centro, fez o gol da vitória do Palmeiras sobre o Vasco Foto: Marcio Alves
Chega de adiamentos. O título de campeão brasileiro de 2018 tem um dono: o Palmeiras. Com uma campanha de respeito, de um time que alcançou a 22ª rodada seguida sem perder, a equipe paulista faturou pela décima vez o troféu mais importante do país. A confirmação se deu neste domingo, com a vitória sobre o Vasco, por 1 a 0, com um gol do atacante Deyverson.
Para o vascaíno, um sentimento paradoxal de saber que o placar ainda o mantém sob ameaça de rebaixamento, mas, ao mesmo tempo, sepulta as pretensões do maior rival, o Flamengo.
Assim, o jogo contra o Vitória, na rodada final, será de festa para os palmeirenses. Já o Vasco visitará o Ceará, em Fortaleza.
Quando o imponente alviverde surgiu no gramado de São Januário, já se sabia que a tarde poderia ser histórica. A vantagem de cinco pontos sobre o principal perseguidor dava a responsabilidade que trazia consigo a ansiedade para acabar com qualquer ameaça matemática ao título.
Por conta disso, explica-se a dificuldade de dar fluência ao jogo, sobretudo porque o Vasco não economizou esforços, segurando-se enquanto deu. Mas depois de um primeiro tempo truncado, o talento de Dudu abriu um clarão na defesa vascaína. O passe daquele que tem tudo para receber os louros de melhor jogador da competição deixou Willian muito bem posicionado para escorar em direção ao meio da área. Lá, a bola encontrou o atacante Deyverson, que fez o gol da confirmação do título.
O Globo domingo, 25 de novembro de 2018
ERIKA JANUZA FALA DA RETA FINAL DA DANÇA DOS FAMOSOS E DO ATAQUES RACISTAS NA INTERNET
Erika Januza fala da reta final da 'Dança dos famosos' e dos ataques racistas que vem sofrendo na internet: 'Quero encontrar os responsáveis'
GABRIELA ANTUNES
Erika Januzza (Foto: Elderth Theza / Thz Imagens)
Depois de quatro meses de competição, Erika Januza é uma das semifinalistas da "Dança dos famosos", quadro do "Domingão do Faustão". O pasodoble é o próximo ritmo da disputa:
- É bem técnico. Como não tem relação com a nossa cultura, há umas posições que não estamos acostumados a fazer e achamos estranhas. É o caso do jogo com os braços.
Na última rodada, a atriz ficou em sexto lugar e correu o risco de deixar o programa.
- Eu estava apreensiva. Mas a minha competição é comigo mesma, não com os outros participantes. Somos muito amigos, então, no momento das apresentações, minha vontade que todos se saiam bem. Não tem o clima negativo de disputa. Nem comemorei quando vi que tinha continuado no quadro, porque outros três casais deixaram o programa - conta ela, que tem dificuldade para lidar com a emoção. - O corpo já age automaticamente e vai absorvendo as informações. Mas não consegui vencer o nervosismo.
Musa das escolas de samba Vai Vai, de São Paulo, e Grande Rio, do Rio, a atriz começará sua preparação para os desfiles logo depois do programa.
- Assim que acabar, vou passar a investir na musculação. Todo ano penso: 'Por que não malhei bem o ano todo para não precisar correr atrás do prejuízo perto do carnaval?'. Mas não adianta. Ainda vêm as festas de fim de ano e não tem como deixar de comer um pouco mais. Vou me esforçar para estar bem nos desfiles. Gosto de me cuidar, mas sem loucuras.
Recentemente, Erika revelou que está recebendo ofensas racistas em suas redes sociais e por e-mail. Ela decidiu registrar ocorrência na Delegacia de Repressão a Crimes de Informática:
- Já vinha lendo ofensas nas redes sociais e, de umas três semanas para cá, passei a receber também por e-mail. Já foram uns 20, de remetentes diferentes, mas que, pelo teor, parecem vir da mesma pessoa. Juntei tudo e levei à delegacia. Fui muito bem atendida pelos policiais e também estou contando com a ajuda de um advogado, que irá acompanhar o processo para mim. Meu desejo é encontrar os responsáveis e mostrar que eles que não podem se esconder atrás de nomes falsos na internet.
A atriz espera incentivar outras pessoas a denunciarem casos de racismo:
- Acho que falar e mostrar que fiz a denúncia ajuda os outros a enxergarem que é possível. Muita gente acha que é mais fácil para os famosos. Mas o crime é o mesmo para todos. A delegacia está aberta a qualquer cidadão. Peço que as pessoas tenham coragem e denunciem. Quem tem que temer é aquele que comete o crime.
Erika Januza na 'Dança dos famosos' (Foto: Reprodução / Instagram)
O Globo sábado, 24 de novembro de 2018
MOURÃO DEVE ASSUMIR A PRESIDÊNCIA POR DUAS SEMANAS EN JANEIRO
Mourão deve assumir a Presidência durante duas semanas após cirurgia de Bolsonaro
Presidente eleito terá de ficar pelo menos cinco dias hospitalizado e cerca de dez dias em casa
Jussara Soares
24/11/2018 - 04:30 / 24/11/2018 - 08:24
O vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão 13/11/2018 Foto: Jorge William / Agência O Globo
SÃO PAULO — Com o adiamento da cirurgia do presidente eleito,Jair Bolsonaro , para depois da posse no dia 1º de janeiro, o vice-presidente eleito, generalHamilton Mourão , deverá assumir a Presidência por pelo menos duas semanas, tempo médio para recuperação da operação de retirada da bolsa de colostomia. A cirurgia foi adiada após Bolsonaro passar por exames na sexta-feira, que indicaram inflamação do peritônio (membrana da parede do abdome). Inicialmente, a nova cirurgia estava prevista para 12 de dezembro, com tempo suficiente para a recuperação total antes da posse.
O Globo sexta, 23 de novembro de 2018
CUBANOS DEIXAM BRASIL ÀS PRESSAS, DIVIDIDOS ENTRE A VONTADE DE FICAR E A SAUDADE DA FAMÍLIA
Cubanos deixam Brasil às pressas divididos pela vontade de ficar e a saudade da família
Profissionais relatam ter recebido mensagens curtas da entidade que gerencia o programa
Vinicius Sassine, enviado especial
23/11/2018 - 04:30 / 23/11/2018 - 06:58
A medica cubana Kenia Flores se prepara para deixar o Brasil Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
TERESINA DE GOIÁS — A vida damédica Kenia Flores Perez, de 35 anos, ganhou outro ritmo a partir do meio desta semana – um ritmo indesejado por ela. No fim da tarde de quarta-feira, Kenia terminou de empacotar suas coisas. À noite, participou de uma festa de despedida, regada a música sertaneja. Acordou cedo na quinta e recebeu a visita de moradores da pacata Teresina de Goiás, de 4 mil moradores. O policial apareceu, a vizinha apareceu, a dona da casa ficou o tempo inteiro ao lado. Num clima quase fúnebre, deu um longo abraço no secretário de Saúde da cidade. Às 10h, rumou para Brasília, a 280 quilômetros do município. Foi direto para um hotel, e passou as últimas horas no Brasil esperando o voo que a levaria para Cuba , nesta sexta.
As decisões sobre o destino dos médicos cubanos foram comunicadas em e-mails curtos, disparados diretamente aos profissionais, sem passar pelos secretários de saúde. Os contatos foram feitos pelos cubanos que estão à frente da área responsável na Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) no Brasil, entidade que gerencia os contratos do Mais Médicos, e pelo próprio governo cubano.
Kenia foi pega de surpresa. Seu contrato venceria somente no fim de 2019. Por e-mail, foi avisada da necessidade de voltar a Cuba. Primeiro, informaram a ela que era preciso estar num hotel em Brasília após as 14 horas de quinta. Depois, a informação repassada foi para ela chegar ao hotel antes do meio-dia. E assim foi feito.
A outra médica cubana que fazia atendimentos em Teresina, Mabel Hernandez Gonzalez, deixou a cidade antes de Kenia. Foi uma saída ainda mais apressada, sem chances de despedida dos pacientes e da comunidade local. As médicas são adoradas pelas pessoas – não há um único relato contrário à atuação profissional das duas. Mabel foi a Brasília para o voo a Cuba antes mesmo de Kenia.
O improviso e a pressa no retorno surpreenderam o secretário de Saúde do município, Josene Pereira Lopes. Ele planejava uma festa de despedida para as duas. Conseguiu fazer a festa apenas para uma delas. A música sertaneja não abafou a frustração e a tristeza das pessoas que foram à despedida.
Kenia não disfarçava a frustração em ter de antecipar o encerramento de um contrato previsto para durar até o fim do ano que vem. A médica já estava adaptada ao Brasil, à pequena comunidade onde vivia e trabalhava. Parcelou o pagamento da compra de diversos móveis, que ficaram para trás. Empacotou o que foi possível, seguiu para Brasília sem saber se conseguiria despachar todos os seus pertences.
A medica cubana Kenia Flores Perez se despede de moradores de Teresina de Goias Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
A experiência no Brasil é a segunda dela no plano internacional. Antes, trabalhou como médica em Maracaibo, na Venezuela, entre 2008 e 2011. Voltou para Cuba e, desde novembro de 2016, atendia pacientes de uma das regiões mais pobres e isoladas do Centro-Oeste brasileiro, onde raramente um médico se dispõe a morar na cidade. Encontrou um Brasil diferente do que ela via nas novelas brasileiras transmitidas em Cuba.
– Aqui existe demasiada desigualdade social. É muito diferente do que eu via nas telenovelas brasileiras. Eu tinha outra noção. Deveria existir o básico em saúde e educação. Mas na zona rural, onde está uma comunidade quilombola, quase todos são analfabetos, por exemplo – diz Kenia.
Segundo a médica, o primeiro ano no Brasil - de busca por aceitação dos moradores da cidade - foi o mais difícil. O segundo ano foi de adaptação completa. Por isso o sentimento de frustração, diante da decisão repentina comunicada por e-mail.
Kenia voltará para sua cidade, Las Tunas, e reencontrará a filha de sete anos, que ficou com os pais. Ela planejava uma visita da filha e dos pais ao Brasil, plano que não foi possível em razão do alto preço das passagens aéreas.
A médica, apesar da contrariedade com o retorno apressado, não critica o modelo adotado para os cubanos no Mais Médicos. Por outro lado, ela critica a posição de Bolsonaro em relação aos profissionais de Cuba que vieram ao Brasil. O presidente eleito já disse mais de uma vez que os médicos cubanos oferecem atendimento inferior ao oferecido por brasileiros, e lançou dúvidas até mesmo sobre serem médicos de fato.
– Ele nos depreciou, mas é a população que vai sentir os efeitos, principalmente da Amazônia, indígenas, quilombolas, que nunca tiveram atendimento médico. Nós não viemos ao Brasil enganados. Assinamos um contrato – afirma Kenia.
O fato de ficarem apenas com uma parte do dinheiro repassado a Cuba pelo Mais Médicos também é minimizado pela médica:
– O governo não pega o dinheiro para eles, mas usa em equipamentos, em saúde, em educação.
Kenia descarta pedir asilo no Brasil e não vê possibilidades de um visto de residência, uma vez que não há facilitadores como ter se casado com um brasileiro. Ela voltará a trabalhar na mesma unidade básica de saúde onde atuava em Las Tunas antes de se mudar para o Brasil. Receberá 1.550 pesos cubanos, ou cerca de 60 dólares. No Brasil, recebia R$ 3 mil (788 dólares) dos R$ 11,8 mil destinados a cada profissional do Mais Médicos.
– Pode parecer pouco, mas em Cuba todos trabalham. Na minha casa, por exemplo: meu pai é professor, minha cunhada é médica, meu irmão trabalha numa estatal de exploração de níquel.
Depois das despedidas que foram possíveis, um carro levou Kenia e uma colega médica que atuava em Cavalcante, cidade vizinha, para Brasília. Os consultórios dela e da outra médica cubana de Teresina de Goiás estão fechados.
O Globo quinta, 22 de novembro de 2018
MICHELLE BOLSONARO: MEU MARIDO É UM PRÍNCIPE
Michelle Bolsonaro diz que todos os rótulos sobre o marido vão cair
Futura primeira-dama conta que já brigou com marido pela forma como ele fala
Frederico Lima
21/11/2018 - 20:43 / 22/11/2018 - 08:03
Futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro 21/11/2018 Foto: José Cruz/Agência Brasil
BRASÍLIA — Futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro disse, em entrevista à Rede Super de Televisão, divulgada nesta quarta-feira, que brigou com o marido "muitas vezes" pela maneira como "ele colocava as palavras". Ela diz que, na Presidência da República, todos os "rótulos" sobre Jair Bolsonaro vão cair.
— Todos esses rótulos vão cair por terra, porque ele não é essa pessoa, meu marido é um príncipe — disse, em referências às críticas que ele recebeu durante a campanha.
Michelle diz que orou para que Bolsonaro tenha sabedoria.
— Eu creio que seja o momento que o Senhor está nos dando para mostrar quem é o Jair Bolsonaro. O coração quebrantado... Já errou? Já errou. Quem nunca errou? Ele tem 63 anos, teve uma educação totalmente diferente da minha. Temos uma diferença de idade grande, mas está amadurecendo, está crescendo. Esse é o momento para ele crescer. Esse é o momento para ele ter sabedoria, discernimento para falar. Sempre orei. "Senhor dá sabedoria para o meu marido".
E completou:
— Acha que eu concordo? Concordo com ele em 99%, mas não concordava com a forma como ele falava, como ele colocava as palavras. Isso me feria também. E muitas vezes, eu briguei com ele, e lembrava: "Olha que você tem um pastor, você tem uma família e, graças a Deus, não é pela força também, né". O Senhor preparou esse momento, com todos os detalhes, quebrantou ele primeiro, todas aquelas orações que a gente teve para que ele tivesse esse momento.
Segundo Michelle, Bolsonaro "é uma pessoa totalmente diferente dentro de casa".
— Eu falo para ele: "Você é um personagem fora de casa, eu até gostaria que você fosse um pouquinho assim dentro de casa, tivesse um pouquinho mais de energia. Mas ele é uma pessoa extremamente com o coração lindo.
A futura primeira-dama diz que o marido terá dificuldade de deixar o Rio de Janeiro.
— Ele ama praia, ama liberdade e não pode mais. Ele quebra todos os protocolos de segurança. Vamos nos mudar pra Brasília após o Natal. Para o Bolsonaro, vai ser mais complicado. Ele ama essa cidade (Rio de Janeiro) de paixão.
A primeira-dama Marcela Temer recebe a visita de Michelle Bolsonaro, no Palácio do Planalto Foto: Carolina Antunes / PR
Michelle relembrou o atentado sofrido por Bolsonaro, em Juiz de Fora (MG), durante a campanha presidencial:
— Eu parti para Juiz de Fora tranquila, mas, quando eu cheguei na UTI, eu olhei e falei: "Senhor, ele não merecia estar nessa situação". Mas eu nunca tive medo de perdê-lo. O senhor tem controle e eu me apeguei. O quadro dele era para morte. A intenção era para matar. O Jair levantava as mãos para os céus sempre.
O Globo quarta, 21 de novembro de 2018
POLÍCIA FEDERAL INVESTIGA DUAS AMEAÇAS CONTRA BOLSONARO
Polícia Federal investiga duas ameaças contra Bolsonaro
Vídeos mostram homens armados falando em atirar no presidente eleito
Jailton de Carvalho
21/11/2018 - 04:30 / 21/11/2018 - 07:58
O presidente eleito Jair Bolsonaro Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo
BRASÍLIA — O serviço de inteligência da Polícia Federal(PF) investiga duas novasameaças surgidas na internet contra o presidente eleito, Jair Bolsonaro . Dois vídeos que circulam nas redes sociais mostram homens armados fazendo ameaças e falando em atirar contra Bolsonaro.
“Subestimar este tipo de ameaça diária contra todo brasileiro e tratá-los como vítimas é combustível do caos em nosso país. Bandido no Brasil deita e rola em cima de nossas leis e da Justiça! Se Deus quiser, isso acabará em breve!”, escreveu o vereador.
Num dos vídeos, um homem exibe uma submetralhadora em direção a uma rua escura e, sem mostrar o rosto, faz ameaças. No outro vídeo, um homem segura duas pistolas e diz: “Bolsonaro, tu vai entrar na bala”. Ele está de frente para a câmera e mostra o rosto, sem qualquer receio de ser reconhecido.
A PF está tentando identificar e localizar os autores das ameaças. Para os agentes, tudo indica que são bandidos de alguma facção criminosa.
Um dos objetivos da investigação será descobrir se as declarações fazem parte de um plano de ataque ou se seriam meras bravatas de criminosos em busca de fama.
Antes dos tuítes do vereador, o futuro ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, disse ao GLOBO que foi informado sobre um suposto plano de ataque terrorista a Bolsonaro. O general não forneceu mais detalhes do caso nem disse quais as providências tomadas. O assunto foi tema de reuniões na PF e na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Em meio às questões de segurança, o presidente eleito avalia ir no domingo a São Januário, onde o Vasco receberá o Palmeiras pelo Campeonato Brasileiro. Apesar da vontade do vencedor da última disputa presidencial, a equipe de segurança ainda tenta demovê-lo da ideia, lembrando os riscos envolvidos em uma operação desse tipo. Depois de sofrer o ataque a faca, em setembro, Bolsonaro passou a usar colete à prova de balas em todos os deslocamentos.
Polícia Federal investiga duas ameaças contra Bolsonaro Foto: Reprodução
O Globo terça, 20 de novembro de 2018
CONCEIÇÃO EVARISTO: NOVO LIVRO
Conceição Evaristo, celebrada por usar suas experiências de mulher negra na escrita, lança novo livro
Escritora acredita que, após sua candidatura, autores negros se sentirão mais à vontade para disputar eleição da ABL
Bolívar Torres
20/11/2018 - 04:30 / 20/11/2018 - 07:42
A escritora Conceição Evaristo lança 'Canção para ninar menino grande' Foto: Leo Martins / Agência O Globo
RIO — Desde que explodiu como uma das mais celebradas autoras do país, Conceição Evaristo tem sido tão solicitada que demorou dois anos e meio para terminar seu novo livro, “Canção para ninar menino grande” (Editora Unipalmares). Vencedora do Prêmio Jabuti em 2015, com a reunião de contos “Olhos d’água”, e do Faz Diferença/Literatura, do GLOBO, em 2016, a autora mineira virou a atração mais desejada de nove entre dez festivais literários do país, deu palestras pelo mundo e teve sua candidatura lançada à Academia Brasileira de Letras.
Na semana passada, no Rio, ela deu palestra na Aliança Francesa, participou do Festival Mulheres do Mundo, ministrou oficinas de escrita e viajou para a 6ª Festa do Conhecimento, Literatura e Cultura Negra (Flinksampa), em São Paulo, onde é homenageada e lança “Canção para ninar...”.
Entre um compromisso e outro, posou para O GLOBO na esquina da Rua da Conceição com Rua Júlia Lopes de Almeida (a grande autora carioca que foi barrada na ABL após participar ativamente da sua fundação) e subiu até o Morro da Conceição. Reconhecida durante a caminhada, foi parada por fãs, recebeu convites para cafés e pedidos de selfie... Houve até um grupo que desceu do táxi antes do fim da viagem para que ela pudesse voltar para casa.
Com toda essa moral, Conceição diz estar curiosa para saber como o público irá receber seu novo livro. Isso porque o romance — quinta obra de ficção da autora— pode soar um pouco diferente aos leitores habituados à escrita dela. Conhecida por colocar suas experiências pessoais e subjetividades de mulher negra nas histórias, a autora parece concentrar-se agora num personagem masculino.
Um pequeno ‘twist’
Fio Jasmim é um ferroviário negro que coleciona mulheres por onde passa. Machista, é o tipo de sujeito que escolhe uma mulher para casar e trata as outras como “brincadeiras”. Há, porém, um pequeno twist . A figura de Jasmim se desenha pela lembrança de suas amadas. E, se a princípio pode parecer que a masculinidade está no centro da história, logo se vê que é o contrário. O que faz Jasmim existir como personagem é justamente o olhar que essas mulheres têm sobre ele. Suas capacidades de vocalizar as marcas deixadas pelo Don Juan irresponsável.
— O homem acaba ficando no centro da cena, mas só porque está sendo falado pelas mulheres — argumenta Conceição. — Esse homem é, na verdade, extremamente só. Ele se vê despido no centro da cena e logo percebe-se que são as mulheres que estão no comando, que definem o espaço que o homem tem na vida delas. As mulheres mostram-se mais fortes do que ele.
Capa do novo livro de Conceição Evaristo Foto: Divulgação
Como se vê, as coisas são mais complexas do que parecem. E o próprio Jasmim, com suas fragilidades, foge do estereótipo de cafajeste. Ao fazer amizade com uma mulher lésbica, questiona sua relação com o sexo oposto e tem seu momento de desconstrução.
Diversidade na ABL
A interseção entre racismo e machismo é outro ponto importante de “Canção para ninar menino grande” . “A única hora em que homem negro está par a par com o homem branco é a hora em que ele exerce o seu machismo”, cita Conceição Evaristo.
O Globo segunda, 19 de novembro de 2018
ROBERTO CASTELLO BRANCO SERÁ O NOVO PRESIDENTE DA PETROBRAS
Roberto Castello Branco será novo presidente da Petrobras
Ex-diretor da Vale e do BC, ele foi indicado por Paulo Guedes e já aceitou o convite
O Globo
19/11/2018 - 07:52 / 19/11/2018 - 08:59
Roberto Castello Branco foi indicado ao presidente eleito Jair Bolsonaro pelo futuro ministro da Economia, Paulo Guedes Foto: Arquivo - Agência O Globo
RIO - O economista Roberto Castello Branco será o novo presidente da Petrobras, informou a equipe de Jair Bolsonaro nesta segunda-feira. Ex-diretor do Banco Central e da Vale, el foi indicado ao presidente eleito Jair Bolsonaro para o cargo pelo futuro ministro da Economia, Paulo Guedes. Segundo a nota, Catello Branco aceitou o convite.
Economista, com pós-doutorado pela Universidade de Chicago, Castello Branco já ocupou cargos de direção no Banco Central e na mineradora Vale, fez parte do Conselho de Administração da Petrobras e desenvolveu projetos de pesquisa na área de petróleo e gás.
Atualmente é diretor no Centro de Estudos em Crescimento e Desenvolvimento Econômico da Fundação Getúlio Vargas. O atual presidente da Petrobras, Ivan Monteiro, permanece no comando da estatal até a nomeação do novo presidente, disse a Petrobras em nota.
Castello Branco fazia parte do time de especialistas que participava das discussões com Guedes durante a campanha.