Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo domingo, 15 de setembro de 2019

JACKSON DO PANDEIRO: NO ANO DE SEU CENTENÁRIO GANHA TRIBUTO DO CASUARINA

 

No ano de seu centenário, Jackson do Pandeiro ganha tributo do Casuarina

Em temporada na Caixa Cultural, quarteto carioca apresenta espetáculo focado nos sambas escritos pelo Rei do Ritmo
 
 
 Em sua estreia discográfica, em 2005, no autointitulado Casuarina, o grupo carioca de samba encerrava o álbum com um pot-pourri de cinco músicas de Jackson do Pandeiro: “Quadro negro”, “Babá de cachorro”, “Cabo Tenório”, “Mundo cão” e “Rosa”.

Quase 15 anos depois, o agora quarteto volta a celebrar a obra do cantor e compositor paraibano, cujo centenário é comemorado neste ano. Nesta sexta (13/9), na Caixa Cultural, o Casuarina estreia o show “Cem anos do Rei do Ritmo — Casuarina canta os sambas de Jackson do Pandeiro”. A temporada, de sexta a domingo, segue também no próximo fim de semana.

 

— A gente sabia que ele receberia muitas homenagens. Por isso, resolvemos focar no seu cancioneiro como sambista, um lugar que ele sempre quis se situar de maneira veemente. Ele fazia samba com quebrada, com uma divisão muito bonita — conta o idealizador do tributo, Gabriel Azevedo (voz e pandeiro), que forma o grupo ao lado de João Fernando (bandolim e voz), Rafael Freire (cavaquinho) e Daniel Montes (violão).

Após um recorte de quase 50 músicas, Azevedo chegou às 26 faixas que compõem o roteiro.

— Ele tinha o papo de que tudo que fazia era coco, mas não era bem assim. Vamos apresentar facetas diferentes dele. Tem o Jackson mais conhecido, o engraçado, mas também o romântico e o político, como em “O trabalhador”, na qual ele toca em feridas abertas de nossa sociedade ainda hoje — diz.

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No palco, os quatro tocam acompanhados pelos percussionistas Fabiano Salek, Luiz Fernando, Renato Albernaz e Rodrigo Reis.

— Tivemos que nos adaptar, inserir o triângulo, por exemplo, coisas da música nordestina que davam aquele toque único dele ao samba. Ficou um show enxuto e dinâmico — afirma Azevedo, que planeja levar a homenagem ao resto do país. — A ideia é também levar para a Paraíba, a terra dele, que está em festa neste ano.


O Globo sábado, 14 de setembro de 2019

RECEITA: PICOLÉ DE CAIPIRINHA

 

Picolé de caipirinha para o Dia Nacional da Cachaça

POR MARIANA WEBER

 

Picolé de caipirinha

 

 

Se você pensa que cachaça é água, repense. Mas picolé ela pode ser. Como nesta receita de picolé de caipirinha que eu aproveito hoje, 13 de setembro, Dia Nacional da Cachaça, para publicar aqui no blog.

Sugiro fazer com limão e maracujá porque foram os sabores que testei, mas você pode variar com as frutas de sua preferência, ou mesmo tentar inventar outros picolés de drinques. Só não exagere no teor alcoólico, porque:

 - A gente tem a tendência de consumir o picolé mais rápido do que toma um drinque, até para evitar que o gelo derreta.

- Álcool congela a uma temperatura mais baixa que água. Se a proporção dele na mistura for alta, talvez não solidifique. (O site The Spruce Eats sugere quatro partes de água ou suco para uma parte de bebida alcoólica; foi mais ou menos isso que eu segui).

Respeitados os princípios acima, o preparo é simples. Tão fácil quanto fazer uma caipirinha. E, assim como numa caipirinha, o resultado é bem melhor quando se usa uma cachaça de qualidade.

Ah, um cuidado adicional: se você tiver criança em casa, não dê bobeira com o picolé no freezer para evitar confusões.

(Para ver outras receitas com cachaça, confira o que eu vou postar hoje no Instagram @ocadernodereceitas)

Receita


Ingredientes
200 ml de água
50 ml de cachaça boa
Suco de 1 limão ou polpa de 1 maracujá ou a fruta da sua preferência
3 colheres (chá) de açúcar (ou a gosto; prove).

Modo de preparo

Misture os ingredientes.

Coloque em formas ou copinhos e espete palitos. Se quiser, no picolé de limão acrescente fatias bem finas da fruta.

Leve ao congelador e espere firmar.


O Globo sexta, 13 de setembro de 2019

OBRAS-PRIMAS DE VIDRO E COR: OS VITRAIS DO RIO

 

Obras-primas de vidro e cor: os vitrais do Rio

Góticos, clássicos e abstratos: vitrais de diferentes estilos e épocas enfeitam edifícios históricos, igrejas e shoppings e inspiram roteiro pela cidade
 
 
Vitrais alemães decoram o foyer do Teatro Municipal com musas das artes Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
Vitrais alemães decoram o foyer do Teatro Municipal com musas das artes Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
 
 

Diariamente, quando clareia o céu da cidade, musas gregas das artes ganham vida no foyer do Municipal. Urânia, deusa da astronomia, aparece imponente na escadaria do Mast, em São Cristóvão. No Centro Cultural Justiça Federal, no Centro, uma mulher de olhos vendados surge no hall de entrada.

 

Os vitrais resistem — e nos levam ao Rio de Janeiro do começo do século XX, o Rio da Belle Époque, uma cidade que mirava tendências europeias e importava conceitos arquitetônicos para se glamorizar. A seguir, um roteiro inspirado nesta arte em extinção na cidade.

Teatro Municipal

Da Cinelândia, pouco se notam as figuras entre os pilares da fachada do Teatro Municipal. Inaugurado em 1909, o prédio tem ali seus três maiores vitrais, com 4,10m de altura e 3,20m de largura, cada. Lá dentro, as peças se engrandecem com a luz externa: deusas da dança, do drama e da música colorem o teatro.

Os vitrais do Municipal foram desenhados por Feuerstein e Fugel, dois artistas alemães de Stuttgart, e executados pela fábrica Franz Mayer, de Munique. Além das musas, há conjuntos nas escadas laterais, nas rotundas e na cúpula do foyer.

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— Todos estão no andar onde ficam os gabinetes do presidente e do governador, que tinha que ser o andar mais bonito. No vitral da cúpula do foyer, Apolo tem símbolos do zodíaco atrás da cabeça: peixes e aquário. Em uma livre interpretação, indica que o prédio representava uma nova era. O Municipal já nasceu republicano — diz Fátima Cristina Gonçalves, chefe do centro de documentação do Teatro.

 
Os três principais vitrais do Teatro Municipal, no foyer Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
Os três principais vitrais do Teatro Municipal, no foyer Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo

Um dos principais vitralistas em atividade no Brasil, Luidi Nunes, da Luidi & Gonçalves, restaurou os vitrais do teatro em 2010, e não poupa elogios às peças feitas por Feuerstein e Fugel.

— Eles eram professores de Belas Artes, e a Franz Meyer é a mais prestigiada fábrica de vitrais que já existiu. Considero os vitrais do Municipal os mais bonitos do Rio — diz.

Praça Floriano s/nº, Cinelândia — 2332-9191. Visitas guiadas: ter a sex, às 12h, às 14h30 e às 16h. Sáb e feriados, às 11h, às 12h e às 13h. R$ 20 (reversível para compra de ingresso de espetáculos).

Centro Cultural Justiça Federal

Se no teatro as alegorias dos vitrais fazem referência às artes, na antiga sede do Supremo Tribunal Federal, no Centro, o tema é, naturalmente, a justiça.

— Era comum que os desenhos dos vitrais estivessem ligados à função do local onde seriam instalados — diz Helder Viana, arquiteto e subgerente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, especialista no assunto.

Também de 1909, o edifício projetado pelo espanhol Adolfo Morales de los Rios, que abriga hoje o CCJF, tem seu principal vitral atrás da escadaria monumental, no hall de entrada. A peça é de autoria de Gastão Formenti, filho do italiano Cesare Formenti, importante vitralista da época, e traz a figura feminina representando a justiça, vendada, segurando uma espada na mão direita e uma balança na esquerda.

 
Um dos vitrais do CCJF exibe uma figura feminina representando a justiça. Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
Um dos vitrais do CCJF exibe uma figura feminina representando a justiça. Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo

Outros vitrais do espaço também evocam o tema da lei, como os que representam o jurista americano John Marshall e Justiniano, imperador bizantino do século VI. Estes últimos são de autoria do belga François Frank Urban, desenhista da Casa Conrado, de São Paulo, provavelmente a mais importante oficina de vitrais que já funcionou no Brasil.

Av. Rio Branco 241, Centro — 3261-2550. Ter a dom, do meio-dia às 19h. Grátis.

Catedral Metropolitana

Pelo estilo incomum, os vitrais da Catedral Metropolitana de São Sebastião são, talvez, os mais conhecidos dos cariocas. Estão nas quatro faixas que acompanham a cruz do teto da catedral, de arquitetura cônica, inaugurada em 1979. Os vitrais somam 4.750 m² de cores vivas e traços modernistas.

— São de Lorenz Heilmair, um alemão que, além de ter desenhado, fabricou os vidros e executou a obra — conta Helder Viana.

 

Técnica empregada nos vitrais da Catedral Metropolitana é incomum: além do uso do concreto no lugar de ligadura de chumbo, os tijolos vidros tem espessura de 2,5 cm Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
Técnica empregada nos vitrais da Catedral Metropolitana é incomum: além do uso do concreto no lugar de ligadura de chumbo,
os tijolos vidros tem espessura de 2,5 cm Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo

Segundo Luidi Nunes, os vitrais de Heilmair merecem destaque por se tratar de uma técnica diferente.

—Foram feitos com tijolos de vidro pesados, com 2,5 cm de espessura. O resto é feito em concreto — conta Luidi.

Av. Chile 245, Centro — 2240-2669. Diariamente, das 7h às 17h. Missa aos domingos, às 10h. Grátis.

Basílica da Imaculada Conceição

A igreja na Praia de Botafogo tem um dos conjuntos de vitrais mais preciosos do Rio, segundo os especialistas. São de 1891 e foram projetados pelo francês Lucien Bégule, de Lyon, sob encomenda das irmãs da Congregação das Filhas da Caridade. São 19 vitrais de temas religiosos. Uma série retrata o evangelho. Outra narra a vida de Maria. Uma composição reproduz “A primeira missa do Brasil”, pintura histórica de Victor Meirelles.

 

 
De arquitetura neogótica, Basílica da Imaculada Conceição, em Botafogo, tem conjunto de 19 vitrais datados de 1891 Foto: Ana Branco / Agência O Globo
De arquitetura neogótica, Basílica da Imaculada Conceição, em Botafogo, tem conjunto de 19 vitrais datados de 1891
Foto: Ana Branco / Agência O Globo

— É uma das igrejas neogóticas mais antigas e belas do Brasil, feita de pedra e não de concreto armado. Os vitrais são de altíssima qualidade, feitos com técnicas medievais, com vidros especiais, soprados artesanalmente — comenta Helder Viana.

Praia de Botafogo 266, Botafogo — 2551-7948. Seg a qui, das 7h às 18h40. Sex e sáb, das 9h às 18h40. Dom, das 7h às 19h40. Grátis.

Edifício Touring

 

No Edifício Touring, vitral da escadaria tem inspiração na fauna brasileira Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
No Edifício Touring, vitral da escadaria tem inspiração na fauna brasileira Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo

Ponto de embarque e desembarque portuário, o Touring, na Praça Mauá, abriga, até o dia 29, mais uma edição do Casa Cor. Projetado pelo francês Joseph Gire — o mesmo do Copacabana Palace — e inaugurado em 1926, tem, entre outros elementos art déco , vitrais de Cesare Formenti.

—Os vitrais são importantes porque, além da passagem de luz, eles adornam e trazem elementos decorativos e educativos. Os do Touring mostram a flora brasileira, com uma grande palmeira e as bromélias. O vitral na entrada retrata a chegada dos portugueses ao Brasil, com caravelas, paisagem da Baía de Guanabara e relevo do Rio de Janeiro — explica o arquiteto Mario Santos, um dos responsáveis pela escolha do local para abrigar o Casa Cor.

Casa Cor: Praça Mauá s/nº, Centro —2512-2411. Ter a sáb, do meio-dia às 21h. Dom, do meio-dia às 21h. R$ 50 (ter a sex) e R$ 60 (sáb e dom). Nesta sexta (13), durante a happy hour (das 17h às 21h), ingresso a R$ 25. Até 29 de setembro.

 

Museu de Astronomia e Ciências Afins

Urânia é a musa do Mast. Plena, descansa diante das escadarias em mármore carrara do museu, em São Cristóvão. É o principal vitral entre os sete do prédio, e também tem a assinatura de Cesare Formenti. De pé, a deusa da astronomia segura um compasso e uma luneta. Ao seu redor, signos do zodíaco.

Rua General Bruce 586, São Cristóvão — 3514-5229. Ter a sex, das 9h às 17h. Sáb, das 14h às 19h. Dom, das 14h às 18h. Grátis.

Norte Shopping

Vitral em shopping? Sim, e não é pouca coisa. O Norte Shopping tem mais de 1.200m² de vitrais no teto do segundo piso. Os conjuntos foram desenhados pelo britânico Brian Clarke, vitralista com projetos espalhados no mundo inteiro. É o primeiro abstrato da lista, e foi colocado no shopping em 1996 pela oficina Franz Meyer.

Av. Dom Hélder Câmara 5.474, Cachambi — 3315-4300. Seg a sáb, das 10h às 22h. Dom, das 13h às 22h.

Palácio Tiradentes

 

Vitral do Palácio Tiradente reproduz o céu do Rio às 9h15 do dia 15 de novembro de 1889, o chamado
Vitral do Palácio Tiradente reproduz o céu do Rio às 9h15 do dia 15 de novembro de 1889, o chamado "exato momento"
da proclamação da república Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo

Antigo Congresso Nacional (até 1960) e hoje sede da Assembleia Legislativa do estado do Rio, o Palácio Tiradentes tem em seu vitral de cúpula um simbolismo republicano. Em tons claros de azul, a composição retrata o céu do Rio às 9h15 do dia 15 de novembro de 1889, o chamado “momento exato” da Proclamação da República. Desenhado por Rodolfo Chambelland e também executado por Gastão Formenti, o vitral abobadado tem 2,5 mil fragmentos de vidro e passou por uma reforma recente, também feita por Luidi Nunes.

 

Rua Primeiro de Março s/nº, Praça Quinze — 2588-1251. Seg a sáb, das 10h às 17h. Grátis.

Real Gabinete Português de Leitura

Quem entra ali olha logo para cima. Impressiona a funcionalidade do vitral de cúpula do Real Gabinete, que ilumina o interior do edifício com pé direito triplo.

— Veio pronto de Portugal, e a parte de ferro, da Inglaterra — explica Luidi Nunes, com uma observação técnica. — Não é exatamente um vitral, pois não tem ligadura de chumbo. É de ferro fundido, com vidros coloridos.

Rua Luís de Camões 30, Centro — 2221-3138. Seg a sex, das 9h às 18h.

Outros vitrais:

Igreja Bom Pastor (Tijuca): Também fabricados pela oficina alemã Franz Meyer, são de 1907. São cerca de 50 vitrais que decoram portas e janelas da igreja, todos religiosos.

Confeitaria Colombo (Centro): De autoria desconhecida, os vitrais de cúpula da confeitaria são de 1925. Para Luidi Nunes, que fez uma réplica em menor escala no Galeão, provavelmente foram feitas pela Casa Conrado.

Casa Julieta de Serpa (Flamengo): O lugar tem vitrais importados, assinados pelo francês Charles Champigneulle, o mesmo que fez os vitrais do Palácio Laranjeiras. São de 1920.

Fluminense (Laranjeiras): O salão nobre do clube tem vitrais franceses, encomendados pelo então presidente Arnaldo Guinle em 1920 para compor a arquitetura do catalão Hypolito Pujol.

Igreja da Candelária (Centro): Os vitrais da Candelária são do final do século XIX e foram projetados pelo alemão Franz Zettler, de Munique. São de cunho religioso e necessitam de restauração por conta de vandalismo.

Museu da República (Catete): De procedência alemã, os vitrais do museu são os mais antigos da cidade. O da claraboia é de 1863, com desenho de Gustav Waehneldt.


O Globo quinta, 12 de setembro de 2019

ELZA SOARES: O BRASIL SÓ ESTÁ GRIPADO, VAI PASSAR LOGO

 

Elza Soares: 'O Brasil só está gripado, vai passar logo'

Em seu novo disco, 'Planeta Fome', cantora traça retrato de país doente, mas apontando caminhos da cura, ao lado de convidados como BaianaSystem e BNegão
 
 
Elza Soares: 'Planeta Fome' Foto: Ana Branco / Agência O Globo
Elza Soares: 'Planeta Fome' Foto: Ana Branco / Agência O Globo
 
 

RIO - Sobre a potência da base do BaianaSystem , a voz de Elza Soares rasga o ar com uma declaração sintética, carta de intenções de uma vida: “Eu não vou sucumbir”. As palavras que abrem “Libertação” (inédita de Russo Passapusso) soam como eco. Em “Mulher do fim do mundo” , de 2015, ela já tinha gritado: “até o fim eu vou cantar”. Em 2002, assumindo os versos que Chico Buarque escreveu pra ela, afirmou-se “dura na queda”. 

Os primeiros segundos de “Planeta Fome” (Deckdisc), seu novo disco, dialogam portanto com essa certeza de sobrevivência e força que sempre acompanhou Elza. E preparam terreno para o que virá em seguida: um retrato de um Brasil doente, mas que carrega nele mesmo a cura.

— Já vi o país caidinho e doente assim. Mas o Brasil só está gripado, vai passar logo — diz Elza, no estúdio da Deckdisc, onde gravou o álbum. — O remédio, o chá, o própolis dessa gripe é o povo. Já passamos por isso nos anos 1960, pra mim era uma gripe que já tinha acabado, mas ela continua. Mas o chá do povo tá fraco, o povo anda com medo, parece que botaram Lexotan na água do povo.

“É um absurdo a gente ainda ter que gritar uma letra como a de 'Não recomendado' (de Caio Prado, com versos que acusam a homofobia da sociedade brasileira), ou dizer que a mulher é importante. ”

 

Elza se supreende por ter que repisar temas que, a seu ver, deveriam estar superados:

— É um absurdo a gente ainda ter que gritar uma letra como a de “Não recomendado” (de Caio Prado, com versos que acusam a homofobia da sociedade brasileira) , ou dizer que a mulher é importante. Por isso o Brasil é motivo de chacota hoje.

“Planeta Fome” é esse lugar doente cantado por Elza no disco — e retratado por Laerte na capa. A cantora retoma a expressão que usou para responder Ary Barroso em 1953, quando ela, jovem caloura do programa do compositor e apresentador, ouviu dele a pergunta: “De que planeta você veio, minha filha?”. Ele fazia chacota com seu jeito de falar e de se vestir, que indicava sua origem pobre.

 

— A concepção desse disco começou quando dei aquela resposta a Ary Barroso — explica Elza, que termina o álbum fazendo uma referência aos Titãs, como o verso “Você tem fome de quê?”. — Naquela época, a fome era de comida. Hoje é de tudo: de respeito, de sáude, de amor. Esse país sempre viveu de amor. Cadê o amor desse país?

“Não me considero uma 'Chica Buarca', mas minhas músicas são mensagens de dor, da dor que vivi. Não preciso ler livros para contar histórias, elas estão na minha vida.”

 

Já na segunda faixa, a inédita “Menino” (composta pela própria Elza, cantada à capela), ela mesmo tenta indicar caminhos para a resposta, ou ao menos seu início. Dirigindo-se ao personagem título com ternura e voz embargada, ela diz: “Venha cá, menino/ Não faça isso não/ Sei que é muito triste/ Não ter casa, não ter pão/ Não te leva a nada/ Destruir o seu irmão/ Você representa/ O futuro da nação”.

— Na Água Santa ( bairro da Zona Norte onde ela foi criada ), via sempre garotos brigando, jogando pedras um no outro. Então fiz essa canção pensando nisso, ela é antiga à beça. Tenho muita música minha. Não me considero uma Chica Buarca , mas minhas músicas são mensagens de dor, da dor que vivi. Não preciso ler livros para contar histórias, elas estão na minha vida.

Nos seus premiados discos anteriores, “A mulher do fim do mundo” (2015) e “Deus é mulher" (2018), Elza esteve sob a produção de Guilherme Kastrup — e cercada de músicos identificados com certa cena experimental paulistana, como Kiko Dinucci, Romulo Fróes e Marcelo Cabral. Desta vez, sob a produção de Rafael Ramos, ela aparece novamente cercada de artistas mais jovens, mas de outros ares. O rap está representado por BNegão (“Blá blá blá”) e Rafael Mike (“Não tá mais de graça”). Além de BaianaSystem (que em “Libertação” tem o reforço dos arranjos de Letieres Leite e os vocais de Virginia Rodrigues), há participações de músicos como Pupillo. Pedro Loureiro canta “Me dê motivo” como música incidental em “Blá blá blá” — Pedro é empresário de Elza ao lado de Juliano Almeida, além de diretor artístico do disco. 

— Adoro cantar o verso do Rafael Mike: “A carne mais barata do mercado não tá mais de graça/ O que não valia nada agora vale uma tonelada”. Sou eu — afirma Elza, lembrando que Mike descobriu recentemente que era filho de José Baptista Ribeiro, que foi baterista na banda da cantora. — O sorriso dele é igual ao do pai.

“Não sei se vou ver um Brasil melhor. Mas tô trabalhando pra isso.”

ELZA SOARES
Cantora

 

Sucesso na voz de Tim Maia, “Me dê motivo” (de Michael Sullivan e Paulo Massadas) entra como referência à classe média que estão deixando o país (“Me dê motivo/ Pra eu ir embora”):

— Sou contra. Quando o país precisa de colo vai deixar a criança no chão? Não é só praia e futebol, não. Tem que cuidar.

Elza dá seus sermões no menino Brasil, como em “Comportamento geral”, de Gonzaguinha. Além dessa, ela gravou outra do compositor no disco, “Pequena memória de um tempo sem memória”.

— Gravei Gonzaguinha no início da carreira dele, “O gato” (em 1972) — lembra Elza. — As duas que gravei agora são duas porradas. E eu uso a minha voz pra dizer o que se cala (citação ao verso de “O que se cala”, de Douglas Germano, cancão que ela lançou em “Deus é mulher”) .

Rafael Ramos conta que Elza comandou o processo de escolha de músicas e foi voz ativa na sonoridade (“Assim que começamos, ela disse: ‘quero guitarra!’”, conta o produtor, completando que “ela respirou no cangote do disco”). Um dos compositores que ela queria no disco era Pedro Luís (“Virei o jogo”), que na reta final do disco reafirma o que ela cantou no início: “Nunca arreguei/ Quando tropecei sempre me ergui/ Já quebrei a cara/ Enfrentei as feras, nunca me rendi”.

 

— Não sei de onde tiro a força. Tem que perguntar para a força porque ela insiste em ficar em mim — diz a cantora, que parece não ter curiosidade na resposta, apenas quer seguir. — Não sei se vou ver um Brasil melhor. Mas tô trabalhando pra isso.

 Retrato musical de um país

Bernardo Araujo

Retratada em musical de sucesso, enredo da sua Mocidade em 2020, atração do Rock in Rio, Elza Soares está com tudo e não está prosa. Furiosa, talvez, como mostra desde a abertura, com “Libertação”, uma pancada com a cara do BaianaSystem — e produção e acompanhamento do próprio. A forma gutural como Elza canta “Eu não vou sucumbir” faz Russo Passapusso parecer um dos Canarinhos de Petrópolis. Apesar de ser produzida pelo trio baiano, a faixa dá uma pista de algo que aparece por todo o disco: a batucada, orgânica ou eletrônica, que emoldura a voz rascante da cantora do início ao fim.

Depois da vinheta “Menino”, o carimbó-enredo “Brasis” atualiza as tradicionais homenagens ao país, sem exaltar apenas as qualidades, mas com um amor igualmente incondicional — ou maior ainda. BNegão brilha com seu fraseado perfeito de rap em “Blá blá blá”. O Tim Maia incidental (na voz de Pedro Loureiro) com “Me dê motivo”,) acaba quebrando a levada planethêmpica da música.

 

Em versão reggae, o clássico “Comportamento geral”, de Gonzaguinha, se encaixa como uma luva no diagnóstico de um Brasil doente. O arranjo, leve, quase dançante, se contrapõe com precisão ao bico na canela que é a letra.

O conceito do disco, aliás, nem sempre joga a favor. Apesar de alguma variação na sonoridade, o tema acaba soando repetitivo em canções como a balada “Tradição”, que ecoa Benito Di Paula, “Lírio rosa” e “Não tá mais de graça”, em que ela retoma o tema de “A carne”, dizendo “A carne mais barata do mercado não tá mais de graça”. Elza e sua equipe (Rafael Ramos assina a produção), aliás, levam 10 no quesito conceito: o disco é todo bem amarradinho, em som, letra e música. Os arranjos passeiam pela MPB moderna, com rap, soul e outras levadas black misturadas.

“País do sonho” traz uma mensagem mais esperançosa, com direito a batida nervosa e homenagem ao ex-marido Mané Garrincha, antes de mais uma pancada de Gonzaguinha, “Pequena memória para um tempo sem memória”. O disco acaba bem, com a excelente “Não recomendado”, lembrando que no Planeta Fome ainda reina muita desnutrição. Em várias acepções, infelizmente.


O Globo quarta, 11 de setembro de 2019

CASO NEYMAR: POLÍCIA INDICIA NAJILA POR DENÚNCIA CALUNIOSA

 

Caso Neymar: polícia indicia Najila por denúncia caluniosa, extorsão e fraude processual

Ex-marido Estivens Alves também é indiciado por fraude processual e por divulgar material da modelo com conteúdo erótico
 
 
Neymar e Najila Foto: REUTERS e Reprodução SBT
Neymar e Najila Foto: REUTERS e Reprodução SBT

RIO — A Polícia Civil de São Paulo concluiu nesta terça-feira outros dois inquéritos relacionados à denúncia de agressão e estupro feita contra Neymar . A modelo Najila Trindade , que acusou o jogador do PSG, foi indiciada por denúncia caluniosa, extorsão e fraude processual.

Estivens Alves , ex-marido da modelo, também foi indiciado pelo crime de fraude processual e ainda vai responder pela divulgação de conteúdo erótico de Najila a um jornalista. Segundo a polícia, ele teria cometido este crime em troca de uma publicação na internet.

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O primeiro inquérito sobre o caso, que investigava a suposta agressão e o estupro foi concluído em julho. A delegada Juliana Lopes Bussacos, titular da 6ª Delegacia de Defesa da Mulher, alegou que não havia provas suficientes e decidiu não indiciar ojogador.

O inquérito foi então para o Grupo de Atuação Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica do Ministério Público de São Paulo, que manteve a decisão da delegada. A juíza Ana Paula Vieira de Moraes, da Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, aceitou o pedido da promotoria para arquivar a denúncia contra Neymar no início de agosto.

Porém, duas outras investigações ainda estavam em curso. Uma delas foi pedida pela defesa do próprio Neymar que alegou que houve denunciação caluniosa e extorsão por parte de Najila. O outro inquérito foi aberto voluntariamente pelos delegados para apurar o desaparecimento de aparelhos eletrônicos da casa a modelo.

Após a decisão da delegada Monique Lima pelo indiciamento do casal, os inquéritos, que estão sob segredo de Justiça, foram encaminhados ao Tribunal de Justiça para apreciação pelos representantes do Ministério Público e do Poder Judiciário.

Procurado, Cosme Araújo, advogado de Najila, afirmou que só iria se pronunciar após ter acesso ao inquérito policial.


O Globo terça, 10 de setembro de 2019

CINCO DICAS PARA USAR BICICLETA ELÉTRICA E PATINETE

 

Cinco dicas para usar bicicleta elétrica e patinete em sua próxima viagem

Há regras, inclusive no Brasil, para circulação dos veículos
 
 
Como usar o patinete Foto: Lars Leetaru / NYT
Como usar o patinete  Foto: Lars Leetaru / NYT

 

 
Curioso para saber qual é a das bicicletas elétricas e patinetes que se veem por aí? Há uma explosão de veículos elétricos de aluguel em cidades de todo o mundo , oferecendo boas alternativas de locomoção ao transporte público.

Essas opções, baseadas em aplicativos – a maioria com nomes simples como Lime e Bird –,  foram criadas em sua maioria para ajudar a população local na movimentação do dia a dia, mas entrar na onda do transporte elétrico parece inevitável para os visitantes também.

 
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Novas regras para uso de patinetes elétricas entram em vigor hoje na cidade do Rio

É claro que a adoção rápida desse meio não ocorre sem polêmicas ou problemas. Dois anos atrás, três empresas despejaram duas mil patinetes nas ruas de São Francisco sem licença nem permissão. Resultado: calçadas intransitáveis, cruzamentos atravancados e cadeiras de rodas impossibilitadas de usar as rampas. Sem demora, a prefeitura proibiu a operação e criou regras para integrar as bicicletas e patinetes elétricos na infraestrutura de transporte. (Paris está enfrentando problemas semelhantes depois de liberar a operação de doze empresas simultaneamente; em Nova York, a introdução de mil patinetes da Revel este ano em dois distritos já levanta questões sobre sua segurança).

A promessa universal dessas empresas – a de uma opção de transporte ecologicamente correta – também não é muito clara. Um estudo publicado em agosto na revista científica "Environmental Research Letters" concluiu que os recursos exigidos para a coleta e o carregamento das patinetes, bem como sua manufatura, não são necessariamente anulados pela "limpeza energética" de seu uso (várias companhias inclusive compram créditos de CO² para equilibrar as emissões). Apesar disso, e embora não sejam perfeitos, esses veículos são notavelmente mais ecologicamente corretos do que o carro, por exemplo, e se tornaram muito populares entre locais e turistas.

 

Pensando em dar uma voltinha de bicicleta elétrica ou patinete na próxima viagem? Veja aqui por onde começar.

 

Encontre a opção ideal

Os aplicativos facilitam muito a vida de quem tem mais de 18 anos na hora de encontrar bicicletas elétricas e patinetes, sem o inconveniente de ter de achar uma loja de aluguel (e muito provavelmente ter de discutir preços em uma língua estrangeira). Um dos maiores nomes nesse setor, o que não é surpresa, é a Uber, que administra a Jump (bicicletas e patinetes em 32 cidades de dez países) e recentemente se uniu em parceria à Lime (patinetes em 100 cidades de 25 países). Nos EUA, sua concorrente, a Lyft, também entrou na onda das patinetes (20 cidades) e opera o compartilhamento de bicicletas em oito cidades.

Entre outros nomes estão a Bird (patinetes em mais de cem cidades), que há pouco tempo adquiriu a Scoot, de San Francisco (patinetes, bicicletas normais e elétricas, em várias combinações, em San Francisco, Barcelona e Santiago). A maioria dessas empresas tem presença nos EUA e no exterior, e está crescendo rápido; verifique a disponibilidade no site da empresa antes da viagem e baixe o aplicativo. Se já estiver cadastrado no Uber ou no Lyft, você pode acessar as bicicletas e patinetes sem precisar abrir uma nova conta.

As interfaces diferem um pouco, mas geralmente mostram onde encontrar o veículo, como destravá-lo, o alcance do dispositivo e os preços. Normalmente, ele não precisa ser devolvido em um local determinado ou estação de acoplamento, mas sim em zonas pré-designadas (deixá-lo fora dessas áreas acarreta multas). A maioria dos aplicativos permite o aluguel de um veículo por conta, com exceção das parcerias de compartilhamento de bicicleta da Lyft (a Lime também está testando a função Group Ride na Europa e na América Latina).

 

Segurança em primeiro lugar

Os aplicativos usam imagens para demonstrar como usar a bicicleta ou patinete com segurança; muitos inclusive oferecem mapas e informações específicas da cidade onde se está alugando. O Scoot exige que você assista a um vídeo de orientação antes de pegar uma de suas bicicletas elétricas (mas você também pode ir à sede, em San Francisco, para receber orientações pessoalmente, se preferir).

Todas as operadoras recomendam que, ao usar o veículo pela primeira vez, tente fazê-lo em áreas menos congestionadas. Mantenha-se nas ciclovias quando possível (a menos que esteja em um ciclomotor, que deve ser usado na faixa para automóveis). Preste atenção no trânsito.

"A tecnologia é nova, ainda há muita coisa para absorver. Temos de dividir a rua com os carros que, por sua vez, também estão aprendendo a dividir o espaço", diz Andrew Savage, vice-presidente de sustentabilidade da Lime.

Embora muitas empresas distribuam capacetes na época do lançamento, o aluguel do veículo não inclui o equipamento (com exceção das motos da Scoot e ciclomotores da Revel). Você pode procurar um nas lojas de bicicletas e serviços de aluguel, mas Morgan Lommele, diretora de políticas estaduais e municipais da ONG PeopleForBikes, recomenda levar o próprio; está crescendo o número de opções dobráveis, o que facilita muito o acondicionamento.

 

Regras de trânsito

As regras e a cultura de locomoção mudam de acordo com a cidade e o país, como também a disponibilidade de ciclovias e rotas. Lommele aconselha uma pesquisa rápida de antemão.

"Da mesma forma que você sai à procura de um bom restaurante, hotel ou concerto, dá para fazer o mesmo com o transporte. E vá com calma, prestando atenção ao que há à sua volta", ensina ela.

Além de estudar trajetos e caminhos, aprender as regras da cidade é fundamental. A pesquisa preliminar ajuda, mas Michael Keating, fundador e presidente da Scoot, tem outro conselho para quem vai se locomover por conta própria em um lugar novo: imite o pessoal local.

"Se vir que os moradores andam na ciclovia e param a bicicleta em determinado lugar, imite! E nunca dê a primeira saída na hora do rush."

Cada cidade tem suas regras, mas, no geral, é pouco provável que você possa andar de bicicleta ou patinete na calçada de qualquer lugar.

Aproveite o passeio

Um dos benefícios de explorar uma cidade nova de bicicleta ou patinete? É divertido.

"Estando de patinete ou bicicleta, se vir um lugar que lhe interesse ou algo que o atraia, é muito mais fácil parar e ir lá conferir", afirma Rachel Holt, diretora de nova mobilidade da Uber.

Keating concorda: "Quando você está viajando, a jornada em si se torna o destino. Contar com um meio divertido e versátil de ver um lugar vale toda a pena."

 

No Brasil

RIO. Por aqui, as principais capitais e outras cidades têm empresas que oferecem o serviço de aluguel de patinetes, como São Paulo, Rio, Florianópolis, Goiânia, Curitiba, Recife, Porto Alegre, Brasília, Belo Horizonte e Vitória, além dos municípios paulistas de Santos, Campinas e São José dos Campos.

Rio e São Paulo têm legislação própria para o uso do patinete, que inclui, entre outras normas, o limite máximo de velocidade de 20km/h e a proibição de trafegar nas calçadas e de caronas (cada patinete só pode comportar uma pessoa). O uso é permitido em ruas cuja velocidade máxima seja de até 40km/h e em vias fechadas ao lazer, ciclovias, ciclofaixas, faixas compartilhadas, parques e praças.

As autoridades de trânsito de Belo Horizonte, onde um homem morreu ao cair de um patinete, preparam um conjunto de regras para regulamentar o uso do veículo na cidade.

Nas cidades sem legislação específica, valem as regras do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Nesse caso, os patinetes precisam obedecer às mesmas normas dos "equipamentos de mobilidade autopropelidos" (com algum tipo de motorização). Esses veículos não podem rodar na rua, em meio aos carros e às motos, mas estão liberados nas calçadas desde que observem certos limites de velocidade.

 

Em áreas de circulação de pedestres, ciclovias e ciclofaixas, não podem passar de 6km/h. Também é obrigatório o patinete ter indicador de velocidade, campainha e sinalização noturna, dianteira, traseira e lateral ( Carolina Mazzi ).


O Globo segunda, 09 de setembro de 2019

FUNDADO EM 1887, O BAR LUIZ VAI FECHAR: MAIS UMA TRAGÉDIA NO RIO

Mais uma tragédia no Rio: fundado em 1887, o Bar Luiz vai fechar

POR ANCELMO GOIS

 

Bar Luiz fundado em 1887

 

 

A notícia de que o “Bar Luiz” iria fechar as portas caiu que nem uma bomba entre os boêmios cariocas. O bar, primeiro ponto de chope no Centro, é de 1887. Portanto, antes da libertação dos escravos e da República. Ali tem História, como lembra o antropólogo e coleguinha Paulo Thiago de Mello, autor de “Memória afetiva do botequim carioca”, em parceria com Zé Octávio Sebadelhe.

 Segue...

No período da Segunda Guerra, quando o Bar Luiz se chamava Bar Adolf, os estudantes do Pedro II invadiram o lugar para quebrar tudo, mas Ary Barroso, que almoçava lá no momento, subiu numa cadeira e explicou que o nome era em homenagem ao dono Adolf Rumjaneck, nada a ver com o líder nazista: “Ele salvou o boteco, que mudou de nome pra Bar Luiz, para evitar novas confusões.”


O Globo domingo, 08 de setembro de 2019

O QUE É PORNOGRAFIA?

 

Do beijo ao sexo explícito, estudiosos debatem o que é pornografia

Casos de censura, como apreensão de livro LGBT na Bienal, reacenderam a polêmica sobre a palavra
 
 
O que é pornografia? Foto: Arte
O que é pornografia? Foto: Arte
 
 

RIO — Em 1896, “The kiss”, de William Heise, chocou a sociedade americana com uma cena de beijo entre um homem e uma mulher. O curta-metragem, um dos primeiros filmes a serem exibidos comercialmente no mundo, foi considerado pornográfico. Afinal, beijar em público era proibido. Corta para 2019. Alegando tratar-se de material pornográfico, a prefeitura do Rio manda confiscar uma história em quadrinhos vendida na Bienal do Livro que mostra, em uma página interna, um beijo entre dois super-heróis.

LEIA MAIS: Prefeitura volta a tentar recolher livros na Bienal e público reage com protestos e beijos

Na sexta-feira, agentes da prefeitura foram à Bienal em busca de mais do que consideravam “possível material pornográfico”. A ação ocorreu um dia depois de o prefeito Marcelo Crivella pedir a suspensão da HQ “Vingadores — A cruzada das crianças”, que mostra o tal beijo de dois rapazes. A organização da Bienal respondeu que não embalaria nem colocaria advertência em nenhum livro, como queria a prefeitura, porque não considerava o conteúdo impróprio ou pornográfico.

O termo também tem sido atribuído com frequência ao cinema, como na última terça-feira, quando o ministro da Cidadania, Osmar Terra, disse ao GLOBO que “filmes brasileiros não podem ser só pornográficos”, mesmo que a Ancine afirme não fomentar filmes do tipo (procurada, a agência não quis detalhar os critérios) . Até “Bruna Surfistinha” (2011), que nunca havia sido categorizado como pornográfico, já foi usado como exemplo pelo presidente Jair Bolsonaro.

 

O fato é que o adjetivo pode ser mais complexo do que se pensa.

— Para o senso comum, o pornográfico é o que “mostra tudo”, enquanto o erótico é o “ velado”; contudo, para o estudioso do erotismo literário, essa distinção é falsa, se não moralista... — argumenta Eliane Moraes, professora de Literatura Brasileira na Universidade de São Paulo (USP), que tem pesquisas sobre as relações entre estética e erótica. — A rigor, livros como os do Marquês de Sade, Georges Bataille, Hilda Hilst ou Reinaldo Moraes são muito mais obscenos do que a pornografia comercial de uma E. L. James, autora do best-seller “50 tons de cinza”. Ou seja: o valor de um texto nunca se mede pela moralidade, mas pela qualidade estética.

Cada época tem sua visão do que é pornografia. Hoje um clássico, o “Ulisses” de James Joyce foi tachado de pornográfico por jornalistas quando foi lançado, no início do século XX. E acabou proibido em todos os países de língua inglesa.

O sociólogo Rodrigo Gerace, autor de “Cinema explícito: representações cinematográficas do sexo” (Perspectiva), concorda que a perspectiva depende do nível de conservadorismo das sociedades:

— O beijo do curta “The kiss“ foi tido como pornográfico na época, e hoje seu efeito não é o mesmo. “Garganta profunda” (1972), pornô de Gerard Damiano, tornou-se adiante um cult . Uma cena de sexo explícito tem diferentes moralidades num filme cult e numa produção da ( produtora pornô ) Brasileirinhas.

 

A tentativa de censura à HQ dos Vingadores, na Bienal, causou indignação na comunidade LGBT porque a representação em nada remetia à pornografia. Os personagens apareciam vestidos e trocavam um gesto de afeto. Os fiscais da prefeitura que apareceram para apreender livros com conteúdo “pornográfico” ou “homossexual” pretendiam lacrar ambos com um aviso de “conteúdo impróprio”, como se fossem a mesma coisa.

Para o fundador do Somos, primeiro grupo de liberação homossexual no Brasil, o escritor João Silvério Trevisan, o caso mostra que a pornografia está na “na cabeça das pessoas”.

— Muitos tentam ditar o que é pornografia em função de suas crenças religiosas e acabam ditando aquilo que querem que seja pornográfico — diz Trevisan. — E nós LGBTs somos vítimas preferenciais, sempre que eles precisam de bode expiatório. Usam essas acusações porque sabem que toda pauta LGBT é de fácil apelo.

Mas, enquanto estudiosos divergem sobre o que define pornografia, o ator e deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP), que nos anos 2000 atuou em filmes de sexo explícito, tem uma distinção mais objetiva.

— Pornografia é exatamente o tipo de filme que fiz no passado — categoriza Frota, que critica a “hipocrisia” existentes hoje no país. — Os filmes exibidos nas salas de cinema podem produzir sensualidade, cenas às vezes quentes de sexo bem fotografadas e com atores de renome se entregando aos personagens. Você assiste se quiser, há classificação indicativa. Por outro lado, você sabe quando um filme é pornográfico: tem que entrar num site e passar o cartão, é trancado. Não é qualquer pessoa que pode ver.

 

Diretor de dois filmes, “Boi neon” (2015) e “Divino amor” (2019), que ganharam a classificação máxima de 18 anos (por conter “situação sexual complexa de forte impacto”, segundo o Ministério da Justiça ), Gabriel Mascaro acredita que o rótulo não é algo a ser temido:

— A pornografia sempre esteve à frente do seu tempo. A investigação ou uso do corpo, sexo e erotismo é parte da história da arte, da indústria cultural e do consumo de massa. Grande parte dos filmes VR (realidade virtual), para assistir com um headset ( óculos 3D ), de forma interativa, tem conteúdo pornográfico. A pornografia sempre esteve na vanguarda tecnológica.


O Globo sábado, 07 de setembro de 2019

NEYMAR VOLTA À SELEÇÃO COM GOL E ASSISTÊNCIA

 

Neymar volta à seleção com gol e assistência em empate com a Colômbia

Camisa 10 ainda sofreu pênalti não marcado e trocou provocações ao fim do jogo
 
 
Neymar comemora o gol de Casemiro no empate da seleção com a Colômbia, em Miami Foto: RHONA WISE / AFP
Neymar comemora o gol de Casemiro no empate da seleção com a Colômbia, em Miami Foto: RHONA WISE / AFP
 
 

No retorno de Neymar após pouco mais de três meses, a seleção brasileira mostrou evolução no segundo tempo e ficou no empate em 2 a 2 com a Colômbia, em amistoso em Miami. Em que pese a nítida falta de ritmo, o camisa 10 fez uma assistência no primeiro tempo e também estufou as redes de Ospina. Ao fim do jogo, Neymar e Barrios trocaram provocações.

O 61º gol de Neymar em 98 jogos pelo Brasil foi fruto da melhor jogada da equipe. Philippe Coutinho lançou Daniel Alves, que, de primeira, tocou para o camisa 10 na pequena área. Bola nas redes e emoção na comemoração.

Empurrado por Sánchez, a principal estrela do Brasil ainda sofreu um pênalti não marcado aos 28 do segundo tempo.

Neymar não jogava desde 5 de junho, nos 2 a 0 sobre o Qatar, em Brasília, no primeiro amistoso no país para a Copa América. Naquela partida, ele deixou o campo ainda no início, após uma ruptura parcial do ligamento do tornozelo esquerdo.

Fora a lesão, o camisa 10 brasileiro enfrentou recentemente a frustração de não ter concretizado a saída do Paris Saint-Germain, já que negociava o retorno ao Barcelona.

Com 14 minutos de jogo, eram os colombianos os melhores em campo, com quatro finalizações (contra apenas duas da equipe de Tite).

Mas bastou um cruzamento milimétrico de Neymar para o Brasil abrir o placar. O camisa 10 cobrou escanteio da direita, e Casemiro, de cabeça, não perdoou.

A Colômbia nem teve tempo para lamentar. E precisou de apenas nove minutos para virar. Alex Sandro deu um pisão no peito de Muriel na área. A partida nem teve VAR. Mas este lance nem precisaria, de tão claro que foi. O mesmo atacante bateu o pênalti com categoria e empatou.

 

O lado esquerdo da defesa brasileira seguia dando espaço. E Muriel ampliou ao receber ótimo passe de Zapata e tocar na saída de Ederson.

Laterais avançam

A equipe de Tite tinha dificuldade de invadir a área colombiana. Na melhor chance após o gol, Richarlison entrou em velocidade, mas foi desarmado quando tentava driblar o goleiro Ospina, aos 38 minutos.

Na volta do intervalo, com os laterais indo mais ao ataque, a seleção brasileira teve o controle, embora não tivesse conseguido a virada. E o gol de Neymar no início deu novo ânimo.

A seleção brasileira teve o controle da partida no segundo tempo. Em um raro contra-ataque dos adversários, aos 42, Díaz se enrolou com a bola, na saída de Ederson, e acabou desarmado.

Se faltou pontaria para transformar a superioridade no segundo tempo em vitória, sobrou tempo para Tite fazer testes.

E terça-feira, contra o Peru, em novo amistoso, desta vez em Los Angeles, é possível que a seleção entre com caras novas.


O Globo sexta, 06 de setembro de 2019

O QUE TEM DE BOM PARA COMER NO MONDIAL DE LA BIÈRE

 

O que tem de bom para comer no Mondial de la Bière

São 18 food-trucks estacionados no Píer Mauá até domingo. Confira os destaques dos cardápios
 
 
Espírito de Porco. O sanduíche de porchetta é especialidade da casa Foto: Emily Almeida / Agência O Globo
Espírito de Porco. O sanduíche de porchetta é especialidade da casa Foto: Emily Almeida / Agência O Globo
 
 

Nem só de lúpulo vive o Mondial de la Bière , que acontece até domingo, no Píer Mauá. É preciso, também, cuidar da hidratação e da alimentação para a máquina não dar defeito. Para facilitar a sua vida lá dentro dos armazéns 2, 3 e 4, selecionamos os destaques dos cardápios dos 18 food-trucks estacionados lá dentro durante o festival.

 

Belga

XBelga (R$ 26): hambúrguer artesanal com queijo Serra do Salitre (MG), cebola caramelizada e maionese caseira de alho, no brioche tostado, P.C.Q. (R$ 23): pão, carne e queijo, batata frita (R$ 15), combo de hambúrguer e batata (R$36, XBelga e R$ 33, P.C.Q).

Belisque

Palito de mozzarela (R$ 24), tirinha de tapioca com queijo coalho (R$ 20), frango empanado(R$ 25), bolinho de feijoada (R$ 24) e coxinha de frango (R$ 20).

Caliente Cocina Mexicana

Burguer mexicano (R$ 25):200g de picanha, queijo, jalapeño grelhado, nachos e guacamole no brioche, nachos (R$ 25), burritos (R$ 22), inclusive vegano, de proteína de soja, arroz mexicano, feijão vermelho, guacamole, tomate e alface, tacos R$ 10 e quesadillas (R$ 24).

Ceviche da Fabi

Ceviche da Fabi. O taco de ceviche é uma das opções do cardápio no Mondial de la Bière Foto: Divulgação
Ceviche da Fabi. O taco de ceviche é uma das opções do cardápio no Mondial de la Bière Foto: Divulgação

Ceviche clássico (R$ 30): peixe branco marinada cítrica, cebola roxa e pimenta dedo de moça, Ceviche Trocpical (R$ 30), peixe branco, tomatinhos, manga, em marinada cítrica com cebola roxa e pimenta dedo-de-moça, camarão croc (R$ 30): camarão frito crocante com tempero especial, arroz thai (R$ 20): arroz  com frango ao curry, abacaxi e tempero thailandês, e taco de ceviche (R$  25).

Dogaria NY

Manhattan: cheddar com farofa de bacon, Brooklyn: catchup ao curry e maionese temperada,  Astoria, cebola caramelizada, maionese de bacon e cheddar  (R$ 26, cada), Bronx, chilli, maionese temperada e farofa de bacon (R$ 28), com linguiça artesanal.

Espírito de Porco

Hot pig (R$ 22): sanduíche de linguiça do Espirito de Porco, no pão francês do Talho Café, maionese, mozzarela derretida e fritas, porcheta (R$ 26): corte de lombo, costela e barriga suino desossado, temperado com ervas e especiarias mediterrâneas, assado por horas em forno lento, servido no pão francês do Talho Cafe, com molho harissa, porção de porchetta (R$ 30), Espirituoso (R$ 32): 180g de hambúrguer de copa lombo suíno, bacon crocante, lingüiça grelhada , maionese, tudo coberto com mussarela derretida servido no pão de brioche com batatas fritas .

 

Hell´s Burger

Hell’s Burguer e seus sanduíches com 200g de carne, queijo cheddar e pão macio Foto: Fabio Seixo / Agência O Globo
Hell’s Burguer e seus sanduíches com 200g de carne, queijo cheddar e pão macio Foto: Fabio Seixo / Agência O Globo

Hell´s: 180g de filé de costela, cheddar em pão com gergelim, Fifty: 180g de  blend 50% carne bovina, 50% bacon (moídos juntos), queijo cheddar em pão com gergelim, snakedog: linguiça defumada, receada com queijo, mais queijo cheddar em pão com gergelim (R$ 25, cada), Double (2 carnes - hells ou fifty), queijo cheddar em pão com gergelim, Leviatã: - uma carne de Hell´s e uma linguiça defumada, queijo cheddar em pão com gergelim(R$ 45, cada). Todos podem ter aioli e geleia de bacon.

Las Empanadas

Las empanadas. Serão sete sabores no Mondial de La Bière Foto: Divulgação
Las empanadas. Serão sete sabores no Mondial de La Bière Foto: Divulgação

Empanadas de carne, carne picante, queijo cebola, calabresa Catupiry, integral espinafre e  frango com Catupiry. Uma empanada custa R$ 10, duas custam R$ 18 e o combo com duas empanadas com uma bebida custa R$ 22).

Meza Bar

Bolinho de risoto de açafrão com queijo minas padrão e pesto de manjericão (R$ 15, com três), crocante de costela com molho de pequi (R$ 20, com quatro),  arroz jambalaya (R$ 20), com camarão, linguiça mineira e especiarias e  sanduíche crioulo (R$ 25), com carne com especiarias, maionese de gim e farofa de camarão.

Filhos D´Mãe

Primogênito: cheese burger (R$ 25), com 180gr de blend Angus  e 2 fatias de cheddar inglês, baconportado (R$ 29), 180gr de blend, cheddar inglês, bacon grelhado, farofa de bacon e cebola caramelizada,  Abestado (R$ 29): blend 180gr, queijo Monterrey jack, mix de cogumelos shiitake, Paris e funghi, e futuro burger:hambúrguer vegetariano, com Monterrey jack. As fritas saem por R$ 8.

 

Pão de Queijo Nuu

Pão de queijo artesanal, da Nuu Foto: Tomas Rangel/DivulgaçãoPão de queijo artesanal, da Nuu Foto: Tomas Rangel/Divulgação

 

Pão de queijo grande (R$ 8), pão de queijo grande e recheado (R$ 15): as opções são linguiça mineira com cebola caramelizada, porquinho derretido com goiabada barbecue, queijo de cabra tomate seco e manjericão, queijo curado epesto. Recheios doces (R$ 12): goiabada e doce de leite.

Pappa Jack

Pappa Jack. Delícia de leite, com camada dupla de doce de leite, amêndoas e gotas de chocolate belga branco Foto: Wagner Soares / Divulgação
Pappa Jack. Delícia de leite, com camada dupla de doce de leite, amêndoas e gotas de chocolate belga branco
Foto: Wagner Soares / Divulgação

Pizza  marguerita gourmet (R$ 25): folhas de manjericão fresco, mozzarella de búfala e tomate cereja temperado, gratinada com grana padano, Delicia de Leite (R$ 25): massa crocante aberta ao meio, com dupla camada de doce de leite, amêndoas e gotas de chocolate belga branco. As massa podem ser tradicional ou integral.

Vulcano

Vulcano Muuu (R$ 26, R$ 36 com batatas): costela bovina desfiada, queijo meia cura, geleia de cebola caramelizada, crispy de cebola, pao de batata-doce, hot dog (R$ 24, R$ 34 com batatas): linguiça defumada, barbecue, cream cheese, crispy de cebola.

Mondial de la Bièr 2019

Armazéns 2, 3 e 4 do Píer Mauá. Av. Rodrigues Alves 10, Praça Mauá. Sex, das 16h à eia-noite. Sáb, das 14h até meia-noite. Dom, do meio-dia às 21h. R$ 120 (quem levar 1kg de alimento paga meia). Ingressos para sábado esgotados.UW 


O Globo quinta, 05 de setembro de 2019

MONIQUE EVANS ADIA CIRURGIA PAR A VOLTAR ÀS PASSARELAS

 

Monique Evans adia cirurgia para voltar às passarelas: 'Estou muito insegura'

Ela estará com Xuxa e ex-marido, Pedrinho Aguinaga
 
 
Monique Evans Foto: Reprodução/ Instagram
Monique Evans Foto: Reprodução/ Instagram
 
 

Aposentada do mundo da moda há décadas, Monique Evans fará seu retorno às passarelas num desfile que fará uma homanagem à icônica Yes, Brazil . A apresentação acontecerá no Rio, no dia 12 de setembro. "Estou morrendo de vergonha", diz a loura, de 63 anos.

 

Monique dividirá a a cena com Xuxa Meneghel Pedrinho Aguinaga , com quem foi casada no fim dos anos 1970 e teve um filho, Armando. Pedrinho também era conhecido como o "homem mais bonito do Brasil". "Estou muito insegura porque não desfilo há séculos e estou mais velha. Tudo é grilo, mas não posso deixar de homenagear o Simāo Azulay (o fundador da marca, morto em 1988). Era um grande amigo", conta.

Monique Evans e Pedrinho Aguinaga num desfile da Yes, Brazil Foto: Arquivo pessoal
Monique Evans e Pedrinho Aguinaga num desfile da Yes, Brazil Foto: Arquivo pessoal



O tributo será feito por Patrick Doering e Thomaz Azulay, filho de Simão, na nova coleção da grife carioca The Paradise. "Quando convidei ela topou na mesma hora. Monique foi a maior musa da Yes, Brazil e do meu pai. Ela até adiou uma cirurgia para participar do desfile. Mas não é nada sério", comenta Thomaz, sem dar maiores detalhes.


O Globo quarta, 04 de setembro de 2019

XUXA VOLTA AOS TEMPOS DE MODELO

 

Xuxa Meneghel volta aos tempos de modelo e vira musa de grife carioca 

Apresentadora revela cachê dos anos 1980 e diz que ainda tem as famosas botas brancas
 
 
Xuxa para a The Paradise Foto: Miro
Xuxa para a The Paradise Foto: Miro
 
 

Dia desses, Xuxa Meneghel foi descer as escadas de casa e sentiu uma dor nas pernas. Não tinha feito exercício ou qualquer outro esforço. Veio o estalo. O incômodo físico tinha a ver com as horas trancadas num estúdio se desdobrando e contorcendo para fotografar a nova campanha da grife carioca The Paradise. Aos 56 anos, a apresentadora está mais na moda do que nunca , literalmente. Além de rosto da marca, ela também retornará às passarelas, relembrando os tempos de manequim. "Não sou mais modelo. Essa não é minha praia e não é o que eu gosto de fazer, mas não consegui recusar o convite", diz.

Sua escolha para representar a coleção não foi aleatória. Xuxa esteve pela primeira vez na passarela aos 18 anos, numa apresentação da mítica Yes, Brazil , fundada em 1979 por Simão Azulay , pai de Thomaz Azulay, que toca a The Paradise com o parceiro Patrick Doering. E a dupla está justamente homenageando o legado de Simão, morto em 1988. "Ele fazia as roupas pensando em mim; me colocava para dividir um ensaio com uma pantera... Eu topava tudo. Cheguei a interromper as gravações do'Xou da Xuxa' para desfilar para a Yes. Era um negócio meio doido, não conseguia recusar seus pedidos. Dávamos força um para o outro. Pegava looks com ele para a TV. Estávamos realmente juntos e sem qualquer tipo de interesse. Era carinho, de verdade, sem obrigações comerciais."

Xuxa para a The Paradise Foto: Miro
Xuxa para a The Paradise Foto: Miro

 

Xuxa ainda guarda as botas brancas de amarrar ("Estão duras e envelhecidas") da década de 1980 no armário e outros modelos de camurça, todos criados por Simão. "E a Sasha (sua filha de 21 anos)acabou de levar para Nova York meu robe da Yes. Estou com medo da minha menina rasgar, ela corta todos os meus panos antigos", diverte-se a apresentadora, reforçando que só aceitou estar na passarela, no dia 12 de setembro, no Rio, porque tem um Azulay envolvido na história. "Estou me achando gorda e velha, mas farei pelo Thomaz."

 

 

R$ 50 mil por mês

Quando conheceu Simão, Xuxa já tinha estrelado mais de 50 capas de revistas e namorava com o jogador de futebol Pelé. "Aos 16, comecei a trabalhar com moda. Era chamada para fotografar editorial e publicidade quase todo santo dia. Com um ano de carreira, meu rosto era bastante conhecido, mas meu nome ainda não era popular. Mas eu ganhava muita grana, não era pouca. Para desfiles internos, eu cobrava o equivalente a R$ 1 mil. Se fosse algo maior, R$ 2 mil. Por mês, eu faturava R$ 50 mil."

 

Toma lá, dá cá

Há 40 anos trabalhando com sua imagem, Xuxa brinca que as pessoas a "redescobriram". "Se raspo os cabelos, viro notícia. Se pinto os fios, comentam. Se digo que não vou fazer plástica é um ti-ti-ti... Aliás, esse negócio de não fazer plástica é a maior sacanagem. Quero fazer, sim! Só não tenho vontade agora. Sei que não estou linda e que vou precisar daqui a algum tempo. Se dependesse de muita gente, eu ainda estaria de chuquinha. Não aceitam o fato do meu envelhecimento em frente às câmeras. Se eu me olhando no espelho não gosto de muita coisa que vejo, imagina eles. Leio coisas sem noção. Escrevem que eu estou feia, velha, gorda, enrugada. Estão exagerando, achando que podem tudo. Não pedi a opinião de ninguém. É uma falta de respeito. Não entro na página dos outros para meter o pau. Então, não gostaria que fizessem isso comigo."

Xuxa para a The Paradise Foto: Miro
Xuxa para a The Paradise Foto: Miro

Ela continua: "Antigamente, era necessário enviar uma carta e ser sorteado. Agora, qualquer um entra no meu Instagram e fala comigo bem ou mal. E se eu não respondo, ainda sou xingada. Se rebato, dizem que sou rude. Mas minha mãe me ensinou que é toma lá, dá cá. Se eu ganhasse 50 centavos por cada crítica, eu iria alimentar muita instituição por aí. Já ouvi que eu tenho que aguentar porque estou há muito tempo na mídia, que compraram meus discos e que estou em tal posição por causa deles. Não falo o que quero porque fiquei velha. Sempre foi assim. Apenas não vou escutar coisas desagradáveis e ficar quieta."

 

O Globo terça, 03 de setembro de 2019

GAROTINHO E ROSINHA PRESOS

 

Operação do MP prende ex-governadores Garotinho e Rosinha

Motivo é suspeita de superfaturamento em contratos entre Prefeitura de Campos e Odebrecht, para construção de casas populares dos programas Morar Feliz I e Morar Feliz II
 
 
Rosinha (entrando no carro) e Garotinho são presos em operação do MP Foto: Reprodução
Rosinha (entrando no carro) e Garotinho são presos em operação do MP Foto: Reprodução
 
 

RIO - Os ex-governadores AnthonyGarotinho e Rosinha Matheusforam presos na manhã desta terça-feira em operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado ( Gaeco ) e da Coordenadoria de Segurança e Inteligência, órgãos vinculados aoMinistério Público do estado. Os pedidos foram feitos em razão de investigações sobre superfaturamentoem contratos celebrados entre a Prefeitura de Campos e a construtoraOdebrecht , para a construção de casas populares dos programas Morar Feliz I e Morar Feliz II durante os dois mandatos de Rosinha como prefeita (2009/2016).

 
 
O ex-governador Garotinho é preso em operação do MP e da Coordenadoria de Segurança e Inteligência Foto: Reprodução TV Globo
O ex-governador Garotinho é preso em operação do MP e da Coordenadoria de Segurança e Inteligência
Foto: Reprodução TV Globo

 LEIA : Construídas pela Odebrecht, casas ligadas a Garotinho não têm porta, telhado e janela

Garotinho e Rosinha foram presos em seu apartamento, no Flamengo, na Zona Sul do Rio, e levados para a Cidade da Polícia, no Jacaré, na Zona Norte da cidade, onde chegaram por volta de 7h40min. Além deles, outras três pessoas são alvo da operação: Sérgio dos Santos Barcelos, Ângelo Alvarenga Cardoso Gomes e Gabriela Trindade Quintanilha.

Garotinho e Rosinha irão para o Instituto Médico Legal (IML) e, em seguida, serão levados para Benfica. Ainda não há definição sobre qual será o destino final do casal: a decisão cabe à Secretaria de Administração Penitenciária (Seap). Os ex-governadores não irão prestar depoimento à polícia nesta terça-feira. Cumprirão apenas os procedimentos comuns necessários à entrada no sistema carcerário. Garotinho e Rosinha devem ser os primeiros a deixar a Cidade da Polícia, antes dos demais suspeitos presos.

A ação é baseada na delação premiada de dois executivos da Odebrecht homologadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Leandro Andrade Azevedo e Benedicto Barbosa da Silva Junior afirmaram que a construtora foi favorecida em concorrências superfaturadas avaliadas em R$ 1 bilhão para construção de cerca de 10 mil moradias. De acordo com o MPRJ, o superfaturamento nos contratos foi da ordem de R$ 50 milhões.

 
A ex-governadora Rosinha Garotinho é levada pelos agentes do MP Foto: Reprodução TV Globo
A ex-governadora Rosinha Garotinho é levada pelos agentes do MP Foto: Reprodução TV Globo

São duas as concorrências detalhadas pelo Ministério Público na ação. Em outubro de 2009, a prefeitura de Campos e a Odebrecht firmaram o contrato 306 (Morar Feliz I) para a construção de 5 100 unidades habitacionais e a urbanização de seus respectivos loteamentos com pagamento inicial de R$ 357 milhões, além dos aditivos.

Estudos técnicos do MP-RJ apontam superfaturamento neste contrato na ordem de R$ 29,1 milhões. No Morar Feliz II, feito após a reeleição de Rosinha, o MP-RJ aponta que o contrato 85, que previa a construção de 4.574 unidades por R$ 476 milhões, foi superfaturado em R$ 33,3 milhões. 

Com as prisões desta terça-feira, são quatro os ex-governadores do Rio presos: Rosinha, Garotinho, Pezão e Cabral.


O Globo segunda, 02 de setembro de 2019

BURACO SHOW ESTÁ DE VOLTA

 

Buraco Show está de volta com musical burlesco 'Estranhas'

Depois de seis temporadas no Buraco da Lacraia, grupo vai ocupar o Vizinha 123 em todas as segundas de setembro
 
 
Simone Mazzer, Pedroca Monteiro, Letícia Guimarães, Elber Inácio e Sidnei Oliveira: o elenco de 'Estranhas' Foto: Thiago Sacramento / Divulgação
Simone Mazzer, Pedroca Monteiro, Letícia Guimarães, Elber Inácio e Sidnei Oliveira: o elenco de 'Estranhas'
Foto: Thiago Sacramento / Divulgação
 

É festa no cabaré: a turma do Buraco Show está de volta. Desta vez com “Estranhas”, novo espetáculo que estreia hoje, no Vizinha 123, em Botafogo, onde o grupo se apresentará todas as segundas-feiras de setembro.

 

 

A pegada é a mesma, climão burlesco, música e muito humor, mas com algumas novidades. Agora, o elenco formado por Simone Mazzer, Pedroca Monteiro, Letícia Guimarães, Eber Inácio e Sidnei Oliveira leva para o palco um show ao vivo — antes, as canções eram mostradas via karaokê. Eles interpretam cerca de 15 músicas com o auxílio da dupla Anti-Art, formada por Arthur Martau e Antônio Fischer-Band.

— Eles têm 20 anos, são nossos bebês. E são uma orquestra sinfônica, tocam baixo, guitarra, teclado, bateria, bandolim e sampler — diz Éber Inácio, um dos atores do grupo, que assina coletivamente a direção do espetáculo.

No repertório, hits consagrados do cancioneiro popular, como “Bandoleiro”, música marcada na voz de Fafá de Belém, e “Jeito sexy”, do grupo Fat Family. Além de uma curiosa e inusitada lista “alternativa”.

— Vamos cantar também as músicas mais bizarras do Brasil. Mas não posso adiantar quais são — brinca Élber.

Já se vão sete anos desde que o grupo estreou o “Buraco da Lacraia dance show”, na boate Buraco da Lacraia, na Lapa, e de lá para cá fez outras cinco temporadas. A partir de hoje, a casa é nova, mas o mesmo desbunde continua.

 

—Partimos para um novo ciclo. Vamos ser estranhos em outro buraco. A gente fala sobre o que é ser estranho, tiramos proveito dessas músicas divertidas do nosso repertório para mostrar a beleza que existe em ser estranho — diz o ator.

Onde: Vizinha 123. Rua Henrique de Novaes 123, Botafogo (99999-8633).Quando: Seg, às 20h. Até 30 de setembro. Quanto: R$ 20 (somente em dinheiro). Classificação: 18 anos.


O Globo domingo, 01 de setembro de 2019

SÔNIA BRAGA: CABELO BRANCO COMBINA COMIGO

 

Cabelo branco combina mais comigo', diz Sonia Braga

Às vésperas de fazer 70 anos, estrela de ‘Bacurau’ diz que é pé no chão, comenta o Brasil de hoje e, há três décadas nos EUA, quer mais trabalhos em português:
 
'Língua é pátria'
 
 
Sonia Braga Foto: Anette Alencar
Sonia Braga Foto: Anette Alencar
 
 

RIO — Faltava pouco para a pré-estreia de “ Bacurau ”, segunda-feira (26), e Sonia Braga não saía do saguão do Cine Odeon, no Centro do Rio. Cumprimentava todo mundo com um selinho. Foi assim com o amigo Daniel Filho. E com o funcionário da limpeza, que lhe pediu uma selfie.

— Sou muito simples. Só estou vestida assim porque tenho respeito às cerimônias, mas gosto mesmo é da minha calça normal — diz a atriz, usando um vestido preto que contrasta com seus cabelos, agora branquíssimos. No peito, um colar com pingente em forma de Brasil.

 Ao sentar-se no sofá do hall do cinema para esta entrevista, Sonia troca o scarpin de salto 15 pelo chinelo que saca de uma bolsa de pano. Pede desculpas pela voz rouca. Na véspera, havia estado na manifestação pró-Amazônia , na Praia de Ipanema. Aliás, diz que ficou surpresa com a “reação fraca” da plateia quando gritou “salvem a Amazônia!” ao microfone do Odeon, assim que o elenco subiu ao palco para apresentar o filme de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles . No longa, vencedor do Prêmio do Júri em Cannes e em cartaz no Brasil desde quinta-feira (29), ela dá vida à médica Domingas, mulher sem papas na língua e importante figura da cidadezinha de Bacurau.

Aos 69 anos, Sonia falou por uma hora e meia sobre a carreira e o país que deixou há 30 anos para morar nos EUA — primeiro, em Los Angeles, em seguida, em Nova York, onde vive há duas décadas. Depois, esticou no tradicional bar Amarelinho, ao lado do cinema, onde fez questão de chamar os garçons pelo nome.

 

Como se sente às vésperas de fazer 70 anos, em junho?

Do mesmo jeito de quando fiz 50. Aprecio bastante, queria ter chegado aqui com outras condições de cultura, que às vezes me faltam. Acho que poderia ter formação acadêmica. Mas, depois de 50 anos fazendo o que eu faço, criei uma academia própria. Tenho vontade de conhecer muitos lugares do mundo, aí começou a me dar aquela ansiedade de “não vai dar tempo”. Então, tive uma ideia fabulosa: vou acreditar em reencarnação! Vou escolher cinco lugares ótimos para ir nesta vida e, quando reencarnar, vou aos outros.

E os cabelos brancos?

Quando fiz “Aquarius” ( 2016) , a gente já queria deixar branco. Tentamos, mas ficou meio rosa, aí a gente pintou porque não dava tempo de esperar. Agora, o da Domingas ficou vermelho, é o que acontece quando a gente tenta descolorir cabelo preto, a tinta agarra. Você não sabe o que é não ter que pintar o cabelo, é uma libertação, um símbolo de liberdade. Primeiro que faz mal, né? Eu sou vegana, tudo que faço é saudável, me protejo. Não estou dizendo que jamais volte ao cabelo negro, porque não suporto peruca... Mas, se você me vir de cabelo preto, é porque há uma razão muito especial. Acho que o cabelo branco combina mais comigo.

 

Há 30 anos fora do país, você encontrou novos rumos na carreira com “Aquarius” e “Bacurau”. Que impacto esses personagens, que lutam por justiça social, tiveram em você?

Nunca parei de falar das questões do Brasil, talvez de uma maneira errada até, por não ter uma formação acadêmica, política. Sabe quando essa consciência aconteceu na minha vida? Quando meu pai morreu, eu tinha 8 anos, e minha mãe, dona de casa, ficou com sete filhos e sem um tostão, em São Paulo. Nos mudamos para a periferia, ela virou costureira e alugou uma padaria. Eu, que até então, estudava em colégio de freira e tinha aula de piano, passei a carregar lenha para botar no forno da padaria, fui para colégio público e vi a vida como ela é. As freiras ofereceram que eu voltasse a estudar no colégio delas. Aí, no meio da aula de religião, eu perguntei: “Irmã, se todo mundo é igual por que não tem uma criança negra na escola?” Não tenho como olhar uma criança pobre e não pensar sobre o processo dela até chegar à rua e pedir esmola.

Antes de “Aquarius”, você estava há 20 anos sem fazer cinema brasileiro...

Estava nos EUA, com a intenção de estudar fotografia. A experiência em “Aquarius” foi incrível, ficamos morando a alguns metros da locação, conheci pessoas, trocamos WhatsApp. Sou do tempo do telegrama. Quando saí do Oscar, chegou um telegrama para mim ( em 1986, “O beijo da mulher aranha”, de Hector Babenco em que ela atua, concorreu a melhor filme, direção, roteiro adaptado e ator, categoria vencida por William Hurt ). Imagina hoje? Não ia dar para acompanhar as mensagens. Quando a gente foi pra Cannes ( onde a equipe do filme protestou contra o impeachment de Dilma Rousseff ), foi uma loucura! Voltei e tive que bloquear metade dos meus seguidores, porque falaram coisas horríveis para mim. Não sabia que esse tipo de insulto poderia sair de um brasileiro para outro. Não entendo essas agressões a mim. Sempre fui simples, quis o bem.

 

Qual é o lugar do Brasil na sua vida hoje?

Meu coração tem a noção de que língua é pátria. Ser atriz e não fazer mais filmes e novelas em português me faz falta. Fui para os Estados Unidos de férias ( em meados dos anos 1980 ), antes de fazer um filme que estava certo no Brasil. Como não faço dois trabalhos ao mesmo tempo, havia dito “não” a todos os outros que tinham me oferecido. Só que o filme furou, resolveram fazer com outros atores. Eu estava em Nova York desempregada. Como tinha grana na época, resolvi ficar e estudar inglês. Aí começamos a divulgação de “ O beijo da mulher aranha ”, veio o Oscar, fui integrar o júri de Cannes... Enfim, iam me convidando, eu, aceitando. Sempre com a ideia de “quando me chamarem para trabalhar no Brasil, eu vou”. Aí, o Paul Mazursky me chamou para o filme “Luar sobre parador”. Fiz “The Milagro Beanfield War”, do Robert Redford, e “The rookie”, do Clint Eastwood, Comecei a fazer TV lá também. Para o Brasil, não me chamaram. Mas eu estava aberta...

E de olho no Brasil?

Tenho essa consciência do mundo, do planeta Terra. Desde os anos 1960, quando vi uma foto da Nasa com o nosso planeta do tamanho de uma bolinha de gude... Era a época dos Beatles... Falo para essa geração que me olha torto quando não sei mexer no celular: “Ah, você não estava no lançamento do LP dos Beatles, não foi hippie... Fuma maconha agora...”.

 

Você ainda fuma maconha?

Não, parei. Ficava muito paranoica. Mas sou a favor.

Como foi ver a “Bacurau” com os moradores de Barra, povoado onde o foi filmado?

Incrível. Quando rodamos o filme, vi que lá não tinha nem posto de saúde. A porta da escola estava caindo, nós é que consertamos. Não dava para deixar aquele lugar sem alertar as autoridades, como fiz em um post no Facebook. A governadora ( Fátima Bezerra ) e o prefeito ( Alexandre Petronilo ) foram assistir com a gente, assumiram um compromisso. Precisamos deixar coisas boas pra trás. As pessoas viajam em suas férias para Fernando de Noronha e só deixam lixo!

De uns tempos para cá, os artistas vêm sendo criticados por usarem leis de incentivo. Como vê isso?

Lembra o Caetano no Festival da Canção ( em 1968 ) gritando: “É essa juventude que quer tomar o poder?” As pessoas pensam: “Ah, vocês são artistas, pessoas ricas que moram no exterior e vêm aqui dizer o que a gente tem que fazer.” Antes de ser atriz, sou trabalhadora. As pessoas não compreendem a arte como uma profissão. Acho que a maioria dos artistas também não diz a palavra “trabalhador”, sabe? Fui a Brasília ( em 1980 ) com Betty Faria, Nelson Pereira dos Santos e Luiz Carlos Barreto falar com Figueiredo ( João Figueiredo, presidente do Brasil entre 1979 e 1985) sobre a importância da Embrafilme e dos direitos autorais conexos. Depois, os dubladores fizeram greve por três anos por melhores condições de trabalho. Olha a resistência, a união que tínhamos! Quando vejo os ataques aos artistas, penso: “Será que é porque a gente não resistiu?”

 

No filme, a população de Bacurau é consciente, luta por seus direitos. Como seria seu Brasil ideal?

Um país digno para todos, o Brasil que está na Constituição, em que todos são iguais, têm três refeições por dia, moradia e agricultura sem agrotóxico. Como chegamos ao ponto de ver criança na rua e fechar o vidro de medo? O Brasil nunca foi ok, resolvido. Mas quando vejo direitos conquistados com luta sendo destruídos e um presidente defendendo tortura, não entendo. Entendo menos ainda as pessoas que votaram nele.

No Festival de Gramado, você dedicou sua personagem a Marielle Franco. Por quê?

Conheci Marielle num debate sobre violência na época da Intervenção Militar no Rio. Fiquei impressionada. Ela contava o que estava acontecendo e dizia: “O importante é que a gente continue vivo.” Quinze dias depois, vem a notícia de sua morte quando filmávamos “Bacurau”. Não que minha personagem seja parecida com ela, o coração é que é. É gente que quer fazer o bem para o outro, que se preocupa com sua comunidade. Marielle estava presente ali comigo, achei que era justo dedicar aquele tempo que passei no sertão a ela.

 
 Você fez o filme “Amazônia em chamas”, sobre Chico Mendes (de 1994), esteve na manifestação pró-Amazônia, no Rio, domingo passado. Como está a repercussão do assunto entre seus amigos estrangeiros?

Eles me mandaram mensagens perguntando se eu e minha família estávamos bem. Sabiam que eu estava em São Paulo quando o dia virou noite. A imagem lá é: “O Brasil está pegando fogo, a Amazônia vai acabar depois de amanhã”. A reação do exterior não é porque estão preocupados com o Brasil, mas pelo impacto da Amazônia no clima do mundo, por saberem que vão morrer antes do que esperavam.

O que sentiu ao ver que tinha pouca gente na manifestação?

Podia estar mais cheio. Como poderia ter sido mais alta a resposta aqui no Odeon quando gritei “salvem a Amazônia”. Está sendo forte, para mim, estar no meu país. Eu vinha de Recife, cheguei ao Rio, e me jogaram no meio da rua, aí, pá, segurei aquela faixa escrito “Amazônia” e comecei a sentir um negócio difícil de descrever. O Caetano ( autor de "Tigresa", música dedicada a ela, que namorou o compositor nos anos 1970 ) estava ao meu lado, ele cantou. Não há o que te prepare para esse nível de emoção. Gente, estão destruindo a Amazônia!

 

Acha que a questão foi partidarizada, passou a ser encarada por alguns como bandeira de “esquerda”?

Não sei. A gente só pode pedir, falar, avisar... Não podemos exigir ou cobrar nada de ninguém. Em 1968, eu ia a passeatas com a minha primeira diretora de teatro, Heleny Guariba. Naquele momento, no Brasil, teve isso, um grupo de pessoas que desbundou. Uns saíram, outros ficaram na guerrilha. Heleny ficou, e é uma das desaparecidas políticas. Tenho que conviver com isso ( a voz embarga ). Quando você vê que ela deu a vida... porra! ( chora ).


O Globo sábado, 31 de agosto de 2019

SASHA MENEGHEL DE BIQUÍNI EM SUA ESTREIA OFICIAL COMO MODELO NA PASSARELA

 

Sasha Meneghel surge de biquíni em sua estreia oficial como modelo na passarela

Ela agora é contratada da Way Model
 
 
 

O Globo sexta, 30 de agosto de 2019

CENTENÁRIO DE JACKSON DO PANDEIRO É CELEBRADO NO CIRCO VOADOR

 

Centenário de Jackson do Pandeiro é celebrado no Circo Voador

Moyseis Marques, Alfredo Del-Penho, João Cavalcanti e Pedro Miranda comandam o show, com participação de João Bosco
 
 
Moyseis Marques, Alfredo Del-Penho, João Cavalcanti e Pedro Miranda Foto: Sabrina Mesquita / Divulgação
Moyseis Marques, Alfredo Del-Penho, João Cavalcanti e Pedro Miranda Foto: Sabrina Mesquita / Divulgação
 
 

Neste sábado (31/8), no dia de seu centenário, Jackson do Pandeiro ganha uma homenagem de luxo no Circo Voador. Comandado por Moyseis Marques, Alfredo Del-Penho, João Cavalcanti e Pedro Miranda — amigos, parceiros e integrantes do grupo bissexto Segunda Lapa —, o show relembra sambas, cocos, forrós e xotes do Rei do Ritmo.

 

— Fechamos entre 30 e 40 canções. De cor, sei cantar umas 60. Vai ser um baile, mesmo. Mas foi um trabalho prazeroso, porque ele foi importantíssimo para a formação musical de nós quatro — diz.

No palco, os músicos são acompanhados por Thiago da Serrinha (percussão), João Rafael (baixo) e Kiko Horta (sanfona). O espetáculo ainda conta com participação especial de João Bosco.

— Ainda vamos definir o que faremos com o João, que é uma espécie de interseção dos quereres da gente. Somos todos muito fãs dele, quase tietes — brinca o cantor e compositor. — Ele conviveu com o Jackson, tem muitas histórias para contar sobre ele.

 

 

O roteiro conta com clássicos como “Sebastiana” e “Cantiga do sapo”. Mas há também espaço para temas menos conhecidos.

— Escavamos pérolas como “Mulher que virou homem” e “Forró de Surubim”, crônicas incríveis e anacrônicas, mas que também dialogam com os dias de hoje — comenta.

De acordo com Cavalcanti, a ideia do tributo é jogar luz sobre a enorme obra deixada por Jackson, apresentando-a, assim, a um novo público:

— Ele deixou rastros muito fundamentais na maneira de interpretar, numa nacionalização das idiossincrasias do Nordeste, mas não é uma figura tão claramente identificável como o Luiz Gonzaga. É preciso sublinhar sua importância e as pegadas que ele deixou para as gerações seguintes — analisa. — Mergulhei na obra dele como poucas vezes mergulhei no cancioneiro de um compositor e intérprete-autor como ele.

Onde: Circo Voador. Rua dos Arcos s/nº, Lapa — 2533-0354. Quando:Sáb, às 22h. Quanto: R$ 100 (quem levar 1kg de alimento paga meia-entrada) . Classificação: 18 anos.


O Globo quinta, 29 de agosto de 2019

FERNANDA DINIZ: ATRIZ DE MALÉVOLA JÁ FOI ELENCO DE APOIO EM MALHAÇÃO

 

Atriz de 'Malévola', Fernanda Diniz já foi elenco de apoio em 'Malhação'

Amazonense acordou durante dois meses e meio à 1h para rodar filme de Hollywood
 
 
Fernanda Diniz Foto: Divulgação
Fernanda Diniz Foto: Divulgação
 
 

Entre junho e agosto do ano passado, a atriz amazonenseFernanda Diniz , de 34, caia da cama no começo da madrugada para encarar uma sessão de cinco horas de cabelo e maquiagem e se transformar numa das "criaturas" do filme "Malélova - Dona do mal" , que estreia nos cinemas brasileiros em 18 de outubro. "O carro da produção passava na minha casa às 1h30(ela acordava 30 minutos antes) e seguíamos direto para o set. Usava o longo tempo de preparação para meditar. Às vezes, ficava fofocando com as meninas da beleza. Cinco mulheres trançavam os meus cabelos. Era uma estrutura gigante", diz a atriz.

 Sem poder dar muitos detalhes do longa, Fernanda conta que as filmagens aconteceram em Londres e que Michelle Pfeiffer , uma das estrelas da história ao lado de Angelina Jolie , atraía todos os olhares nos bastidores. "Os meninos ficavam embasbacados com ela. Era uma sensação sempre”, relembra a moça, que chegou a integrar o elenco de apoio de "Malhação" em 2000. "Aos 10 anos, minha família trocou Manaus pelo Rio. Na praia, muitos olheiros de agências me paravam para perguntar se eu não gostaria de ser modelo. Aceitei, mas meu sonho era atuar."
 
 
Fernanda Diniz Foto: Divulgação
Fernanda Diniz Foto: Divulgação

 

Aos 16, mudou-se novamente — agora para Portugal . Na Europa, depois de concluir o Ensino Médio, concentou sua energia na moda. Com 1,75m e curvilínea, Fernanda fez sucesso no mercado comercial, protagozinando campanhas de biquíni e lingerie em países como Alemanha, França e Itália. "Não era uma menina que fazia desfiles; não estava dentro do padrão das passarelas. Teria que perder as curvas, mas não queria. Gosto de comer."

De olho nas oportunidades do mercado brasileiro, a amazonense fechou com um agente no país e não descarta a possibilidade de atuar numa novela. "Se for algo legal, gostaria de estar no projeto. Mas faço planos a curto prazo. Levo tanto 'não´, assim como outros atores, que mantenho os pés no chão. De 50 testes que faço, pego dois trabalhos. E isso não muda mesmo fazendo filmes de destaque", comenta Fernanda, que se divide entre Lisboa e Londres e namora um produtor britânico de documentários. "Mas estou pronta para quando as oportunidades chegarem."


O Globo quarta, 28 de agosto de 2019

MAIS COUVE-FLOR, POR FAVOR!

 

Mais couve-flor, por favor (em 16 versões)

POR MARIANA WEBER

Versátil, bonita, gostosa. Não é todo vegetal que pode se gabar de tantos adjetivos, mas a couve-flor pode. Tanto que virou modinha, estão aí os gráficos de buscas do

Muito desse interesse vem de quem busca dietas sem glúten, sem carne, sem (ou quase sem) carboidratos — e aí dá-lhe pizza com massa de couve-flor, hambúrguer de couve-flor, torta low carb de couve-flor, risoto com arroz de couve-flor, purê de couve-flor.

Não tenho nenhuma dessas restrições, mas gosto de couve-flor mesmo assim. E sei que é necessário reduzir o consumo de carne (como nos lembra a Amazônia queimando para virar pasto).

Por isso, e porque de julho a outubro é a melhor época para comprar couve-flor, resolvi reunir ideias de preparos que em que ela é protagonista. São receitas que a valorizam sem tentar transformá-la em um sucedâneo de arroz ou carne moída, porque tenho antipatia por comidas que imitam outras comidas (embora deva confessar que outro dia comi um ótimo “risoto” de couve-flor).

1. Couve-flor inteira no forno

 

Couve-flor assada inteira no forno

 

 Gosto do visual da couve-flor assada inteira no forno e fatiada na hora de servir. Sem contar que é fácil demais de preparar.

Ingredientes
Couve-flor
Azeite
Páprica (doce ou picante, ao gosto do freguês)
Limão
Alho picado
Pimenta-do-reino
Sal

Modo de preparo
Misture todos os temperos e esfregue na superfície da couve-flor.
Coloque a couve-flor em uma assadeira e leve ao forno a 220º C até dar uma tostadinha (se o forno tiver grelha superior, vale a pena usar).

 

2. Couve-flor na chapa com manteiga de alho, limão e salsinha

 

Couve-flor com manteiga de sardinha

 

 Não tem segredo. O que tem é manteiga, alho e salsinha, uma combinação que fica bem com couve-flor tostada e com quase tudo (ok, exagero, mas só um pouquinho).

Ingredientes
1/2 couve-flor
3 colheres (sopa) de manteiga
2 dentes de alho picados
1 colher (sopa) de salsinha
1 colher (sopa) de suco de limão
Sal

Modo de preparo
Corte a couve-flor como se estivesse fatiando pão.
Derreta a manteiga e misture aos demais ingredientes.
Leve as fatias de couve-flor a uma chapa bem quente. Deixe tostar um pouco de um lado, depois vire.
Jogue a manteiga por cima das fatias.

 

3. Penne com couve-flor, tomatinhos e crocante de pão

 

Massa com couve-flor

  

Para comer com os olhos, vale a pena usar uma massa colorida.

Ingredientes
1/2 couve-flor
200 gramas de tomates pequenos (cereja, sweet grape ou outro)
250 gramas de mezze penne tricolore ou outra massa colorida
Azeite
Sal
Pimenta-do-reino
Vinagre balsâmico
Ervas (alecrim, manjerona ou outras)
Miolo de pão amanhecido
Manteiga
Alho
Salsinha

Modo de preparo
Corte a couve-flor em pedaços pequenos (2 ou 3 cm).
Coloque em uma assadeira a couve-flor e os tomatinhos e tempere-os com azeite, sal, pimenta-do-reino, vinagre balsâmico e erva.
Asse os vegetais em forno pré-aquecido a 220º, até os tomatinhos murcharem e a couve-flor ficar levemente tostada. Reserve, sem desprezar nada do caldo que se forma.
Faça a farofa: em uma assadeira, leve ao forno miolo de pão esmigalhado coberto com pedacinhos de manteiga de salsinha (mistura de manteiga, alho picado e salsinha picada; veja na receita anterior).
Cozinhe a massa.
Misture a massa cozida aos vegetais.
Sirva com a farofa crocante e mais salsinha picada por cima.

 

4. Couve-flor com sardella caseira da chef Ana Soares 

 

Couve-flor com sardella

 

A chef da rotisseria Mesa III, em São Paulo, preparou essa receita para comemorar o aniversário da Carlos Pizza, ano passado. Na ocasião, ela contou que lembrava com gosto da couve-flor assada com farofa de pão preparada pela mãe. Também sugeriu na hora, de cabeça, uma porção de ideias apetitosas para a preparar o vegetal (o que eu listo a seguir).

Ingredientes
1 couve-flor
1 pimentão vermelho
4 tomates italianos
2 colheres de alcaparras
1 colher de salsa picada
4 filetes de anchovas
1/2 colher (café) de pimenta calabresa
1 dente de alho
50 ml de azeite de oliva extra virgem
50 gramas de amêndoas torradas e salgadas

Modo de preparo da couve-flor
Lave e corte a couve-flor em 6 partes. Coloque no forno alto com um pouco de azeite e sal. Asse até dourar.

Modo de preparo da sardella
Asse o pimentão até queimar. Coloque-o em um prato fundo coberto com filme plástico, deixe esfriar e retire a pele.

Corte os tomates ao meio e asse até que a casca esteja dourada.

Pique o pimentão e os tomates até formar um molho e acrescente as alcaparras, a salsa, as anchovas, a pimenta calabresa e o alho devidamente picados. Tempere com azeite e sal a gosto. Na hora de servir, finalize com as amêndoas picadas.

 

Outras ideias da chef Ana Soares para preparar couve-flor:

5. Couve-flor assada servida com molho pesto.
6. Couve-flor cozida no macarrão. Basta branquear (cozinhar rapidamente na água fervente, em seguida mergulhar em água com gelo) e, quando a massa estiver cozida, misturar junto com manteiga.
7. “Bife” de couve-flor — corte o vegetal em lâminas e toste na frigideira como se fossem bifes vegetarianos.
8. “Bife” de couve-flor à milanesa — corte em lâminas e prepare como bife à milanesa.
9. Salada de couve-flor com azeites aromáticos. Fica gostoso jogar umas sementinhas por cima.
10. Salada de couve-flor com lentilha.
11. Couve-flor tostada com tahine.
12. Couve-flor tostada com coalhada fresca e bastante hortelã.
13. Couve-flor assada inteira e servida com aioli (espécie de maionese com alho).
14. Couve-flor tostada coberta de farofa de pão e parmesão.
15. Fusilli com creme de gorgonzola, couve-flor tostada e farofa de pão.
16. Fritada de couve-flor, com flores bem visíveis.


O Globo terça, 27 de agosto de 2019

BOLSONARO DIZ QUE SÓ ACEITA AJUDA DO G7 SE MACRON RETIRAR INSULTOS

 

Bolsonaro diz que só aceita ajuda do G7 se Macron retirar declarações

Nesta segunda-feira, a Secretaria de Comunicação Social do Palácio do Planalto havia confirmado oficialmente que o Brasil iria rejeitar a oferta
 
O presidente Jair Bolsonaro Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS
O presidente Jair Bolsonaro Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS
 
 

BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira que só aceitará discutir o recebimento da  oferta de US$ 20 milhões dos países do G7 para ajudar no combate às queimadas na Amazônia se o presidente da França, Emmanuel Macron, voltar atrás em sua afirmação de que Bolsonaro mentiu para ele e desistir de discutir a internacionalização da Amazônia.

Nesta segunda-feira, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) do Palácio do Planalto havia confirmado oficialmente que o Brasil iria rejeitar a oferta do G7 .

— Primeiramente, o senhor Macron tem que retirar os insultos que faz a minha pessoa. Ele me chamou de mentiroso. Depois, pelas informações que eu tive, a nossa soberania está em aberto na Amazônia. Para conversar ou aceitar qualquer coisa com a França, que seja com as melhores intenções possíveis, ele vai ter que retirar essas palavras — disse Bolsonaro, na saída do Palácio da Alvorada, acrescentando depois: —Primeiro retira, depois oferece, daí eu respondo.

Questionado sobre o fato do Palácio do Planalto ter divulgado a informação de que o governo recusaria o dinheiro, Bolsonaro disse:

— Eu falei isso? Eu falei? Jair Bolsonaro falou?

Ao longo do dia desta segunda-feira, interlocutores do presidente afirmaram que se a oferta feita pelos países ricos fosse condicionada a alguma contrapartida ou exigisse um monitoramento na aplicação de recursos a tendência era pela recusa. No anúncio feito por Macron, parte dos recursos, destinados ao reflorestamento, estava vinculada a um trabalho com ONGs, por exemplo.

No final da tarde desta segunda, após uma reunião no Ministério da Defesa entre Bolsonaro e alguns de seus ministros, o porta-voz Otávio do Rêgo Barros disse que a decisão caberia ao Ministério das Relações Exteriores. Pouco depois, em publicação nas redes sociais, o chanceler Ernesto Araújo — que também participou da reunião  — sinalizou que o governo poderia não aceitar a oferta anunciada pelo presidente francês.


O Globo segunda, 26 de agosto de 2019

G7 EVITA CONFRONTO COM BOLSONARO - MACRON ISOLADO

 

G7 evita confronto com Bolsonaro e cita soberania dos países amazônicos

Postura agressiva defendida por Macron foi minoria e a falta de adesão a suas posturas levaram a 'um mínimo denominador comum'
 
 
Presidente francês Emmanuel Macron ao lado de Donald Trump, durante reunião do G7. Na foto, a chanceler federal alemã Angela Merkel, o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, o premier britânico Boris Johnson, o presidente do Conselho Europeu Donald Tusk, o primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte e o premier japonês Shinzo Abe Foto: POOL / REUTERS
Presidente francês Emmanuel Macron ao lado de Donald Trump, durante reunião do G7. Na foto, a chanceler federal alemã Angela Merkel, o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, o premier britânico Boris Johnson, o presidente do Conselho Europeu Donald Tusk, o primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte e o premier japonês Shinzo Abe Foto: POOL / REUTERS

 

BIARRITZ, França — Após o segundo dia de debates do encontro entre os líderes dos países do G7(Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha, Japão, Itália e Canadá), o presidente da França,Emmanuel Macron , afirmou que o grupo concordou em ajudar os países atingidos pelas queimadas na Amazônia “o mais rápido possível”, sem dar detalhes nem prazos, evitando confrontos com o presidente Jair Bolsonaro.

 

Macron utilizou o termo “convergência” para se referir ao consenso alcançado e assegurou que, “respeitando a soberania, nós devemos ter um objetivo de reflorestamento”. O anfitrião da cúpula realizada em Biarritz que termina hoje afirmou, ainda, que “há contatos” sendo feitos pela França “com todos os países da Amazônia” para disponibilizar “meios técnicos e financeiros”.

— A importância da Amazônia para esses países e para a comunidade internacional é tão grande em termos de biodiversidade, oxigênio e luta contra as mudanças climáticas, que precisamos contribuir com a restauração — disse Macron. 

A decisão de aceitar ou não a ajuda do G7, contudo, é política e dependerá exclusivamente do presidente brasileiro. Em sua cruzada contra Bolsonaro e ameças sobre o entendimento entre Mercosul e UE, o presidente da França enfrentou resistências por parte dos governos do Reino Unido e Alemanha. A intermediação de Angela Merkel, que impôs um tom conciliador nas conversas, foi crucial, afirmaram especialistas ouvidos pelo GLOBO.

— Merkel deixou claro que o confronto direto dificilmente ajudaria, ela sabe que isso só serviria para fortalecer a narrativa do presidente Bolsonaro e justificar posturas nacionalistas e teses de que o Brasil está sob ataque externo — opinou Oliver Stuenkel, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV), afirmando que “existe uma compreensão por parte de muitos países europeus de que a questão de Amazônia é de longo prazo”.

 

Stuenkel acredita, ainda, que o debate sobre o acordo entre Mercosul e UE está longe de terminar e sua efetiva implementação ainda é um dos principais desafios do governo Bolsonaro em matéria de política externa:

— A tensão não acabou, a crítica a Bolsonaro continua sendo útil para Macron.

Macron isolado

Os analistas ouvidos pelo GLOBO coincidiram em apontar que em Biarritz o presidente francês foi minoria e a falta de adesão a suas posturas iniciais levaram a “um mínimo denominador comum”.

Sua atitude contrastou com a adotada no final da semana passada, quando Macron assegurou que as queimadas na Amazônia eram uma “crise internacional” e chegou até mesmo a condicionar a aprovação por parte de seu país do acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia (UE), argumentando que o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PSL), mentira sobre seus compromissos com o meio ambiente. 

Para Mauricio Santoro, professor de Relações Internacionais da Uerj, "o presidente da França ficou isolado e em relação à Amazônia conseguiu-se alcançar apenas um mínimo denominador comum":

— Macron encontrou um ambiente menos receptivo do que esperava. Sua declaração expressa preocupação pela Amazônica, mas não se fala em ameaças e sim em abertura para o diálogo e a cooperação. É uma oportunidade para o Brasil. 

Segundo fontes de governos que participaram do encontro, os países do G7 escolheram Macron para liderar os trabalhos de cooperação com os países afetados pelas queimadas na Amazônia. Os primeiros contatos começarão nos próximos dias.

 

Bolsonaro não comenta

Bolsonaro, por sua vez, não comentou o pronunciamento do presidente francês. Semana passada, o chefe de Estado acusara Macron de usar “um tom sensacionalista” para se referir à Amazônia “apelando até para fotos falsas”. Quem respondeu a Macron foi o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Com ironia, o ministro disse no Twitter que o presidente francês poderia começar pagando os “US$ 2,5 bilhões de crédito do Brasil pendentes desde 2005”.

Uma câmera de TV que filmava os líderes do G7 à mesa, antes do início de mais uma rodada de discussões, flagrou uma conversa lançada pela chanceler alemã Angela Merkel sobre um eventual contato com o presidente Bolsonaro. “Anunciei que vou ligar para ele (Bolsonaro) na próxima semana, para que não tenha a impressão de que estamos agindo contra ele”, disse a chanceler. “É, acho que isso é importante”, concordou o premier britânico, Boris Johnson. Macron acrescentou: “Sim. Nós ligaremos para ele?”. “Sim, eu ligarei para ele”, concluiu Merkel, antes que um segurança interrompesse a filmagem.

Pouco depois, Bolsonaro postou o vídeo em seu perfil no Twitter, acompanhado de um comentário: “Desde o princípio busquei o diálogo junto aos líderes do G7, bem como da Espanha e do Chile, que participam como convidados. O Brasil é um país que recupera sua credibilidade e faz comércio com praticamente o mundo todo”. O anúncio francês de que não ratificará o acordo comercial entre o Mercosul e a UE enquanto o governo brasileiro não se prontificar a respeitar as exigências do Acordo de Paris sobre o clima, não teve, ontem, novas repercussões. Pelo menos, não externamente de parte de Macron. A iniciativa francesa não recebeu o apoio esperado dos demais países da UE, que preferem manter o pacto comercial dissociado da atual disputa ambiental com o Brasil.


O Globo domingo, 25 de agosto de 2019

CENTENÁRIO DE JACKSON DO PANDEIRO (NO PRÓXIMO DIA 31) É FESTEJADO

 

Centenário de Jackson do Pandeiro é celebrado com discos, filme e shows

Fundamental para a MPB, cantor e compositor paraibano redefiniu parte do Nordeste para o resto do Brasil
 
 
Jackson do Pandeiro durante apresentação ao vivo Foto: Mario Luiz Thompson / Divulgação
Jackson do Pandeiro durante apresentação ao vivo Foto: Mario Luiz Thompson / Divulgação
 
 

RIO — Jackson do Pandeiro tinha — na performance de palco, na temática das canções — um apelo popular inegável, apoiado em humor e ritmo. Era pleno daquilo que costumamos chamar de “brasilidade” — como poucos foram antes e depois. Isso já seria motivo suficiente para celebrarmos seu centenário, que se completa no próximo dia 31. Mas essa é só sua face mais evidente.

A efeméride traz discos que evidenciam esse legado. O pesquisador Rodrigo Faour, que em 2016 editou na Universal (com Alice Soares e Maysa Chebabi) a caixa “O Rei do Ritmo”, prepara novo resgate, agora pela Sony:

— Estou cuidando da reedição de discos de Jackson por Columbia e CBS — adianta Faour, cuja edição de seu programa “MPB com tudo dentro” (no YouTube) dedicada a Jackson está entre as de maior audiência. — Era um intérprete impressionante, que nunca cantava duas vezes a mesma música da mesma forma. 

Outra homenagem é “Jackson — Na batida do Pandeiro”, documentário de Marcus Vilar e Cacá Teixeira que traz entrevistas inéditas com Almira Castilho e Geraldo Correa, ex-mulher/parceira e amigo de infância do músico.

No mês de seu centenário, O Globo vai à Paraíba atrás da história e do legado do Rei do Ritmo, que gravou cerca de 140 discos
No mês de seu centenário, O Globo vai à Paraíba atrás da história e do legado do Rei do Ritmo, que gravou cerca de 140 discos

Há quem diga, por exemplo, que o canto revolucionário de João Gilberto carregava suas lições de divisão rítmica.

— João falava sempre de seu suingue especial — conta Geraldo Azevedo, que tocou com Jackson na década de 1970 e gravou em 2007, com Alceu Valença, “Já que o som não acabou”, que compôs em homenagem ao mestre.

 

Fronteiras abertas

O dueto com Alceu não foi acaso. Os dois bateram na porta de Jackson para convidá-lo a cantar com eles, no Festival Internacional da Canção de 1972, “Papagaio do futuro”, de Alceu.

— Ele não gostava de cabeludos, associava-os à Jovem Guarda, que, segundo ele, estava acabando com a música brasileira — lembra Alceu. — Perguntou o que desejávamos, expliquei que gostaríamos da participação dele na música. Ele estranhou. Quando disse que era um coco, uma embolada, ele arregalou os olhos, ainda desconfiado, e pediu que cantasse. Bati palmas e fui: “Estou montado no futuro indicativo/ Já não corro mais perigo/ Nada tenho a declarar”. Aos poucos Jackson foi mudando de semblante. Animado, gritou: “Venham ouvir isso aqui. Esses dois cabeludos não são cabras safados, não”.

Influente para a geração de nordestinos que injetou novos elementos em gêneros da região, Jackson era ele próprio um artista de fronteiras abertas. Silvério Pessoa, que em discos como “Cabeça feita” e “Micróbio do frevo” prestou tributo ao paraibano, lembra que ele nunca foi preso a estilos.

— Luiz Gonzaga era o Rei do Baião, Capiba era identificado com o frevo, Tom Jobim com a bossa nova... Jackson, não — avalia Silvério. — Gravou forró, baião, coco, samba, foxtrote, pontos de umbanda, música de carnaval, frevo... Os discos de Jackson poderiam estar na mesma prateleira de outros que ampliaram fronteiras, como Miles Davies, Frank Zappa, Bob Dylan, Led Zeppelin. Ele redimensionou o forró, estendendo-o.

Nesse sentido, Silvério identifica nele uma proximidade com os tropicalistas:

— Ele chegou a usar artefatos de couro, como Luiz Gonzaga, mas pouco. Assumiu uma coisa mais urbana, próxima do pop, da psicodelia. “Chiclete com banana” é isso: dá pistas da conexão da música brasileira com a americana, é ao mesmo tempo uma crítica e um convite ao diálogo.

Ao gravar “Chiclete com banana”, em 1972, Gilberto Gil deixou claro que havia já ali muito do ideário antropofágico tropicalista. Gil observa que Jackson é fruto de um cruzamento de brasis que explodiu na Tropicália:

— É um dos maiores amores que eu tenho — diz o baiano. — É um artista que nasce no cruzamento entre a vida rural brasileira e o mundo urbano de cidades de porte médio, como Campina Grande.

Tradução do nordeste

João Bosco — que em 1995 gravou “Forró em Limoeiro” e antes, em 1984, já havia feito um tributo ao Rei do Ritmo com “Bate um balaio ou Rockson do Pandeiro” — vê uma relação de complementaridade entre Jackson e Gonzaga. Ele lembra que o paraibano e o pernambucano foram os maiores responsáveis por projetar um imaginário nordestino para o resto do Brasil — equivalente ao que Caymmi fez com a Bahia:

 

— São artistas distintos, mas se complementam na forma como traduziram o Nordeste com sabedoria e criatividade.

Seja como pré-joãogilbertiano ou pré-tropicalista, como divulgador da tradição nordestina ou ampliador dessa tradição, Jackson chega ao centenário mantendo a relevância. Como Lenine (outro que prestou sua homenagem a ele, com “Jack soul brasileiro”) define, sem exagero:

— Jackson foi e é um dos pilares da música popular brasileira contemporânea.


O Globo sábado, 24 de agosto de 2019

RECEITA DE QUIBE CRU DE CARNE DE PORCO

 

Jefferson e Janaína Rueda ensinam receita de quibe cru de carne de porco no Rio Gastronomia

Sucesso no Instagram, o casal posou para fotos com o público no Auditório Senac 
 
 
Jefferson e Janaína Rueda, da Casa do Porco, ensinaram a receita de quibe cru de porco, servido no restaurante Foto: Adriana Lorete / Agência O Globo
Jefferson e Janaína Rueda, da Casa do Porco, ensinaram a receita de quibe cru de porco, servido no restaurante
Foto: Adriana Lorete / Agência O Globo
 
 

Quebrar o tabu. A carne de porco crua foi tema de uma das aulas mais disputadas do Rio Gastronomia, com Janaina e Jefferson Rueda, da Casa do Porco Bar. Com o Auditório Senac lotado, a dupla preparou um quibe com lombo de porco curado no sal e pimenta. Neste ano, o cozinheiro entrou para a lista dos melhores restaurantes do mundo, na 39 posição, segundo a revista britânica The Restaurant.

 
 
Casa do Porco no Rio Gastronomia: o quibe cru de porco Foto: Adriana Lorete / Agência O Globo
Casa do Porco no Rio Gastronomia: o quibe cru de porco Foto: Adriana Lorete / Agência O Globo

 - Ainda há muito trabalho pela frente para desmistificar o risco da carne de porco crua. Os nossos porcos são abatidos em frigorífico e passam por inspeção sanitária. Isso faz toda a diferença. Para tudo, as pessoas precisam saber a procedência. Ainda falta muita informação sobre a carne de porco, não só no Brasil, mas em outros países. Essa é uma missão pra mim - defendeu Jefferson.

Logo no início da aula, o chef exibiu um vídeo mostrando todo o processo de criação e abate dos porcos. Segundo ele, o quibe faz parte da memória afetiva de sua família, já que era servido nos almoços de domingo na casa da avó.

- Sou de São José do Rio Pardo, no interior de São Paulo, onde a maior migração foi italiana e árabe. Sempre comia quibe no almoço de domingo na casa da minha avó. Mas não era de carne de porco crua. Naquela época, era inconcebível pensar nessa receita -  explicou.

Janaína defendeu o não desperdício dos alimentos, desde vegetais orgânicos às partes do porco.

- Quando você cria um animal e consome de cabo a rabo, você está contribuindo para a sustentabilidade no mundo. Quando você escolhe apenas uma parte, faz desperdício. Nós somos culpados quando escolhemos errado. Com os orgânicos, podemos usar as cascas e todas as partes - sinalizou Janaína Rueda.  

 


Sobre a premiação no 50th Best, Rueda destacou que a cliente cresceu bastante nos últimos meses com filas de espera de até seis horas.

- Fico muito feliz. Me passa um filme na cabeça desses 25 anos de carreira, por tudo que já passei. É uma honra poder levar o nome do Brasil junto a tantos outros cozinheiros que admiro tanto, com Rafa Costa e Silva, Helena Rizzo e Alberto Landgraf. Quero envelhecer e voltar a andar de cueca. Digo isso porque quero fazer as coisas com calma - brincou Jefferson.

O público recebeu provinhas no final da aula e aprovou o prato, sem preconceito - e sem filas.

- Acompanhamos o casal Rueda pelo Instagram e temos curiosidade em conhecer o restaurante. Aproveitamos a oportunidade de comer sua comida no Rio Gastronomia. Foi legal conhecer o que faz possível comer a carne crua. Achei uma delícia -  elogiou a internacionalista Maíra Abreu. 

Sobre a participação pela segunda vez no Rio Gastronomia, Jefferson elogiou o modelo do evento.

- Desde a primeira vez nos chamou atenção o respeito, o carinho que o Rio Gastronomia tem com a cozinha brasileira. Acho que poderia ser um modelo a ser seguido por qualquer cidade no mundo -  elogiou Jefferson. 

Receita

Quibe cru  suíno (Porção 24g/Rendimento: 80 porções )

1kg Lombo curado Picado

- 500g de trigo hidratado

- 300g de cebola picada

- 16g pimenta síria em pó

- 10g Sal refinado

- 50g hortelã picado

- 50g de salsa picada

- 20g de ciboulette

- Azeite a gosto

 

Preparo:

Hidratar o trigo com água quente por 01 hora.

Misturar todos os ingredientes

 Realizado pelo GLOBO com apresentação do Sesc RJ e do Senac RJ, o evento tem patrocínio master de Santander e patrocínio de Stella Artois, Pão de Açúcar, Coca-Cola e Vivo. O Rio Gastronomia tem ainda o apoio de Azeite Andorinha, Naturgy, Gosto da Amazônia, Unimed-Rio, Amázzoni Gin, Magnésia de Phillips Tabs e Água Pouso Alto, Orfeu Cafés Especiais como Café Oficial e parceria com Sindicato de Bares e Restaurantes (SindRio).


O Globo sexta, 23 de agosto de 2019

FRIENDS: A AMIZADE MAIS LONGEVA DA HISTÓRIA DAS SÉRIES

 

'Friends': a amizade mais longeva da História das séries

PATRÍCIA KOGUT

 
 
 
 
Elenco de 'Friends' (Foto: Divulgação)
Elenco de 'Friends' (Foto: Divulgação)

 

Está chegando a hora de apagar as velinhas. “Friends”, a sitcom que marcou a televisão e é até hoje adorada por milhões no mundo inteiro, completará 25 anos em 22 de setembro. Entre os mil festejos, está previsto o lançamento de “Generation friends”, de Saul Austerlitz. O escritor faz revelações inéditas sobre os bastidores (todo mundo que viu “Friends” acha que sabe tudo sobre a série, mas ainda há muito o que contar) . O “Entertainment weekly” (EW.com) publicou trechos do livro.

 

Há detalhes curiosos. Por exemplo: inicialmente, a produção seria estrelada por sete amigos, e não seis, como acabou acontecendo. Executivos da NBC cogitaram convocar um ator mais velho: isso atrairia o público maduro. A ideia ganhou força, mas acabou descartada. O projeto chegou a ser batizado de “Friends like us”. Os produtores tiveram só dois meses para escalar o elenco e, acredite, Jennifer Aniston (Rachel) por pouco não fez parte da equipe. Houve muitas dúvidas ainda quanto à representatividade. Como a comédia se passava no Village, em Nova York, uma corrente defendia que ela deveria refletir o caráter multicultural da cidade e ter um ator negro e outro, asiático. Mas isso não se concretizou. Os perfis dos personagens também foram sendo adaptados. Monica(Courteney Cox) era mais durona no desenho inicial.

O que faz com que tantos anos mais tarde (o último episódio foi ao ar em 2004) “Friends” siga interessando? Talvez seja seu tema central: a amizade. Talvez seja a nostalgia, que acaba perdoando todos os defeitos de uma produção.


O Globo quinta, 22 de agosto de 2019

DRAUZIO VARELLA: NA HORA EM QUE VOCÊ DESISTE E DIZ AGORA CHEGA

 

Drauzio Varella: 'Na hora em que você desiste e diz agora chega, você ficou velho'

Médico defende restrição alimentar, vida intelectual e exercícios como caminho para vida longa e saudável
 
 
Drauzio Varella em seu consultório: 'Não quero me aposentar' Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
Drauzio Varella em seu consultório: 'Não quero me aposentar' Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
 
 

RIO — São 16 livros publicados, incontáveis palestras, participações em programas de televisão, artigos em jornais e, mais recentemente, vídeos no YouTube e podcasts. Aos 76 anos, o oncologista mais pop do país não pensa em pendurar os estetoscópios. Ao longo de mais de quatro décadas de prática médica, auxiliou em seu consultório gerações de pacientes que precisaram lidar com os aspectos positivos e negativos do envelhecimento. Nesta entrevista ao GLOBO, o médico conta como enfrenta a passagem do tempo e aponta caminhos para uma vida longa e produtiva.

 

Em maio, o senhor completou 76 anos. Como encara o envelhecimento?

Eu nunca encarei. Comecei a correr quando tinha 50 anos e corro maratona até hoje. Acho que isso me fez muito bem. Primeiro porque tenho pressão e glicemia normais. Em hipótese alguma levo minha idade em consideração. As besteiras que tinha que fazer fiz adolescente e não tenho vontade de repetir agora. Você não pode chegar a uma fase da vida e dizer ‘preciso ir devagar porque estou com idade avançada’. Vai ficar com essa idade que você está projetando. Não quero me aposentar. Quero trabalhar, criar coisas novas, estou empenhado em diversos projetos. Você precisa ter essa necessidade, essa inquietação. Se está vivo, mesmo com limitações físicas, pode continuar brilhando. Na hora em que você desiste e diz ‘agora chega’, você ficou velho.

 

Gostaria de ultrapassar a barreira dos 100 anos?

Não tenho nenhuma preocupação com isso. Todos queremos viver muito, mas não a qualquer preço. Inclusive, a gente deveria ter direito de decidir, enquanto é lúcido e tem saúde, até que ponto quer estar vivo. Com sorte, será assim no futuro. Na hora em que eu confundir minha mulher com um par de sapatos, não reconhecer meus filhos e netos, ou quando perder controle dos esfíncteres, não quero mais. Isso tem que ser um direito do cidadão. Muita gente enfrenta velhices humilhantes. Gente que foi brilhante e vira um vegetal, manipulado por outros. Acho que essa questão do envelhecimento tem limites. Não sei qual vai ser o meu. Tomara que seja 110 anos. Mas pode ser daqui a seis meses ou dois anos.

 

Envelhecer é inevitável, mas ainda tem conotação negativa para muita gente. Por que é preciso mudar essa concepção?

Em primeiro lugar, é preciso definir o que é velhice. No passado, uma pessoa de 50 anos era considerada velha. Machado de Assis se refere muitas vezes, nos seus contos, a velhos dessa idade. Eu tenho uma nota de um jornal de Manaus do começo do século XX escrita assim: ‘Caminhão atropela velhinha de 40 anos’. O conceito muda com o tempo. A expectativa de vida vem aumentando. E, além disso, as pessoas envelhecem com mais saúde hoje. Não quer dizer que envelheçam bem. Temos muito a melhorar.

O que o senhor costuma dizer aos seus pacientes que têm medo da velhice?

Digo sempre que a alternativa é pior. Bem pior. É curioso, porque todo mundo quer viver muito. Mas as pessoas começam a envelhecer e a reclamar da velhice. É um absurdo. Na verdade, houve uma mudança de paradigma. Como era o modelo das gerações anteriores? Um ‘velho’ de 50 anos se aposentava e ouvia dos médicos que deveria fazer repouso. Quanto menos esforço fizesse, mais saúde teria. Na realidade, é o oposto. Essa mudança de perspectiva fez toda diferença. Na hora em que começamos a considerar o movimento, a atividade física, passamos a ver pessoas com idade avançada e condições de saúde que não nos permitem chamá-las de velhas.

 

A chave para longevidade, então, é evitar o sedentarismo?

O corpo humano evoluiu para o movimento. Aqueles que se movimentavam mais, corriam mais, subiam melhor nas árvores, tiveram vantagens na evolução. Depois da Segunda Guerra Mundial, passamos a ter, pela primeira vez na história da humanidade, a oportunidade de subsistir comendo à vontade. E sentados o dia todo. Você imagina um sedentário na época das cavernas? Morreria antes da adolescência, sem deixar descendentes. Agora, a gente pode passar os dias assim. Para envelhecer bem, você precisa se convencer de duas coisas básicas. Primeiro: não dá para comer tudo o que oferecem. Segundo: não dá pra passar o dia sentado. É preciso brigar contra a natureza humana. Nunca fomos treinados para conter o apetite. Pelo contrário, quando você tinha acesso aos alimentos, comia o máximo possível. Quando conseguia, ficava parado para não desperdiçar energia. É algo ancestral. Por isso é tão difícil fazer exercícios e comer com parcimônia.

Ainda vale a pena rever hábitos antigos aos 60, 70?

É fundamental. O cigarro é o exemplo típico. Você pega um homem que fumou a vida inteira e para aos 70 anos. Em três meses, a bronquite crônica associada ao cigarro desaparece e ele começa a respirar melhor, a sentir-se melhor. Em qualquer idade você vai se beneficiar da mudança de hábitos. Com a atividade física, a mesma coisa. Uma pessoa sedentária de 70 anos que comece a fazer exercícios leves vai estimular a hipertrofia dos músculos, a circulação sanguínea.

 

Existem maneiras de evitar o envelhecimento do cérebro?

Quanto mais usamos o cérebro e aprendemos coisas novas, mais fortalecida será a memória. Nos últimos anos, diversos trabalhos científicos mostraram com clareza que atividade física, dieta sem exageros, com quantidades menores de gordura e maiores de vegetais, além da manutenção da atividade intelectual, especialmente a leitura, previnem e retardam o desenvolvimento do mal de Alzheimer. Mesmo que haja predisposição genética.

O Brasil está preparado para lidar com o prolongamento da longevidade?

Nem o Japão está. É um problema sério por lá, onde a população idosa é enorme e existem muitas políticas públicas. Nas famílias pequenas, a questão é quem para de trabalhar e cuida dos velhos com Alzheimer. Muitas vezes, sai mais barato para o governo pagar os filhos para cuidar da mãe do que institucionalizá-la. O Brasil está longe de estar preparado para isso.


O Globo quarta, 21 de agosto de 2019

ISABEL HICKMANN FALA SOBRE CIRURGIA DO FILHO

 

Isabel Hickmann fala sobre cirurgia do filho: 'Há um mês e meio de sorriso novo'

Modelo conta que Francisco não precisa mais usar fita e que não para de sorrir
 
 
Francico, o filho de 9 meses da modelo Isabel Hickmann Foto: Arquivo Pessoal
Francico, o filho de 9 meses da modelo Isabel Hickmann Foto: Arquivo Pessoal
 
 

Mãe coruja, a modelo Isabel Hickmann vem compartilhando com seus seguidores nas redes sociais cada o momento do filho Francisco, de 9 meses. Na noite desta quarta-feira, postou um clique do menino todo sorridente. "O melhor sorriso que você verá na sua timeline hoje ou amanhã... Futuro do presente, a vida bela como ela deve ser!", escreveu a top.

 
Francico, o filho de 9 meses da modelo Isabel Hickmann Foto: Arquivo Pessoal
Francico, o filho de 9 meses da modelo Isabel Hickmann Foto: Arquivo Pessoal

 

Chico passou por uma cirurgia delicada em julhoi para corrirgir o lábio leporino e fenda palatina (fissuras que atingem o lábio e o céu da boca). Em entrevista exclusiva à ELA Digital, Isabel conta que o rebento está "100%". "Ele está lindo mesmo, há um mês e meio de sorriso novo. Ainda precisamos fazer alguns procedimentos para cicatrização, mas está tudo ótimo", comenta a modelo. "Faço massagem para diminuir a fibrose e estimular a musculatura. Ele não gosta muito, mas está muito tranquilo."

Francico, o filho de 9 meses da modelo Isabel Hickmann Foto: Arquivo Pessoal
Francico, o filho de 9 meses da modelo Isabel Hickmann Foto: Arquivo Pessoal

 

Ela dá mais detalhe: "Durante um tempo, Chico precisou usar uma fita no rosto incentivar o  crescimento de pele no prolábio. É um alívio não termos mais que usá-la. Fora que ele está mamando e comendo melhor cada dia mais. Está crescendo também, o que ajuda bastante", entrega. "Chico sorri da hora que acorda até a hora de dormir. E sorri para todo mundo na rua. É um querido."


O Globo terça, 20 de agosto de 2019

RESTAURANTES E TRUCKS

 

Restaurantes e trucks estreantes no Rio Gastronomia 2019

Saiba quais são e oque eles estão servindo no evento no Píer Mauá
 
Bar Kalango. Rabanada com tapioca e doce de leite Foto: Eduardo Almeida / Divulgação
Bar Kalango. Rabanada com tapioca e doce de leite Foto: Eduardo Almeida / Divulgação
 
 

Eles acabaram de chegar, mas já estão fazendo o maior sucesso. São quiosques, bikes e food-trucks que estão estreando nesta edição do Rio Gastronomia. Além de apresentar duas especialidades para o público do Rio Gastronomia, maior evento do gênero no país, os novatos no evento têm a chance de estar lado a lado com veteranos, como o Grupo Irajá, Gero, Belmond Copacabana Palace, Lasai, Gruta de Santo Antônio.

O Grupo 14Zero3  é uma das participações fresquinhas deste ano, e leva dois de seus sete restaurantes para o Pier Mauá: Oia Cozinha Mediterrânea e o Heat Firehouse.

- É uma oportunidade única para interagirmos com o público do maior evento de gastronomia do Brasil. O evento movimenta muita a cena carioca, é animador ver a nossa cozinha ser exaltada e os consumidores se aproximando de produtores, chefs, dos donos de restaurantes -  comemora o chef-executivo Elia Schramm - A expectativa é alta, esperamos encontrar nossos clientes e apresentar nossos pratos para novas pessoas.

Conheça as estreias para fazer check-in nesta edição

Chez Claude

Chez Claude. Prato Rio Gastronomia de Claude Troisgros custa R$ 20 Foto: Divulgação
Chez Claude. Prato Rio Gastronomia de Claude Troisgros custa R$ 20 Foto: Divulgação

Claude Troisgros já participou algumas vezes do Rio Gastronomia. Mas com a comida do Chez Claude é a primeira vez. No quiosque do chef-celebriade, estão a minilinguiça com cebola e farofa panko (R$ 20), peixe oriental com arroz e quinoa (R$ 28) e o  bolo de chocolate (R$ 15).

Heat Firehouse

Conhecida por seus cortes indecentes, a casa de carne comandada por Elia Schramm servirá picanha fatiada com fritas (R$ 42), Heatburguer (R$ 29),  Heatfries com barbecue de Jack Daniel’s (R$ 20).

Kalango Bar

Bar Kalango. Rabanada com tapioca e doce de leite Foto: Eduardo Almeida / Divulgação
Bar Kalango. Rabanada com tapioca e doce de leite Foto: Eduardo Almeida / Divulgação

Emerson Pedrosa e Katia Barbosa levam a cozinha nordestina para o Pier Mauá. Sonho de macaxeira com carne de sol e nata (R$ 20) e a rabanada de broa de milho com creme de tapioca, doce de leite e flor de sal (R$ 18) marcam presença no quiosque.

 

Kō Bā Izakaya

 


Kō Bā de porco no pão de vapor Foto: Tomás Rangel / Divulgação
Kō Bā de porco no pão de vapor Foto: Tomás Rangel / Divulgação

O conceito de boteco japonês chega pela primeira vez ao evento. Para deixar o público por dentro deste tipo de comida, os três chefs ficam no quiosque dando explicações sobre os pratos. No cardápio vai ter sunomono de camarão (R$ 20), sanduíche de porco à milanesa em pão de miga (R$ 25), barriga de porco cozida em saquê e shoyu adocicado (R$ 30).

 

Mamma Jamma

 Dá para comer sozinho, mas é bom compartilhar para poder experimentar mais sabores de pizza. Em tamanho individual, as opções são margherita (R$ 24) e linguiça (R$ 22),  caponata de berinjela (R$ 12), e o sabor excludivo para o evento,  carbonara (R$ 20). Para completararancini com calabresa (R$ 15, duas unidades) e brownie de Nutella (R$ 9).

Oia

 Outro quiosque sob o comando de Elia Schramm é o Oia, com sabores gregos e do mediterrâneo. As sugestões por lá são o gyro de frango ou de porco (38), porknachos (R$ 20), feta popcorn com mel grego (R$ 28), calamari frito crocante (R$ 35), arroz mar&montanha (R$ 49).

Teva

Os tacos de jaca do Teva Foto: Divulgação
Os tacos de jaca do Teva Foto: Divulgação

 O restaurante que nasceu em Ipanema e acabou de chegar em São Paulo, dá uma paradinha Píer Mauá para apresentar ao grande público um surpreendente cardápio 100% vegetal e orgânico. São irresistíveis o espaguete de pupunha com cogumelos (R$ 20), o taco de jaca verde (R$ 12), e o  bolinho de baião de dois com tofu defumado (R$ 10).

Food-trucks e bikes

Costelas:

Para beliscar, a pipoca de porco (R$ 20), feita com barriga suína crocante, já é um sucesso no evento, e ainda tem coxinha de costelinha suína (sem farinha) com barbecue de goiabada (R$ 25, 5 unidades). Na ala dos sanduíches, todos no brioche, as pedidas são costela de boi com pasta de alho e bacon crocante (R$ 38) e costela de porco thai com barbecue de goiabada e alho torrado (R$ 36). Os recheios viram cobertura das bruschettas (R$ 26, 5 unidades).

 

Curadoria

 

Curadoria. Classic burger está no cardápio Foto: Tomás Rangel / Divulgação
Curadoria. Classic burger está no cardápio Foto: Tomás Rangel / Divulgação

 

Depois de chegarem ao Be+Co, em Botafogo, os desejados sanduíches da Curadoria, na Barra, também estão no Rio Gastronomia. Difícil é escolher qual comer: o sanduíche de pastrami (R$ 29), ou o classic burger (R$ 27). Tem também o  KFC (R$ 20), três coxinhas no molho coreano.

 

Marchezinho

Os sanduíches na focaccia de ragu de shiitake com queijo de cabra  (R$ 20), rabada desfiada com ervas (R$ 25 ) polvo grelhado (R$ 27) são de seguir com os olhos na área externa do Píer.

Tutto Nhoque

 Preparem os celulares para o stories no Instagram. Os nhoques coloridos também têm direito a  topping raclete (R$ 10), no evento. Os sabores são batata-roxa, batata-baroa com ragu de linguiça ou tradicinal (R$ 30). Se quiser uma entradinha antes, tem bruschetta (R$ 15).


O Globo segunda, 19 de agosto de 2019

VALORIZAÇÃO DO ARTESANAL

 

‘Valorizar o artesanal ao invés do industrial é uma revolução’, diz produtor de gim

Criadores do premiado Amázzoni Gin falaram sobre a crescente qualidade das bebidas e da coquetelaria brasileira
 
 
 
 

Um dos lugares mais concorridos do Rio Gastronomia desde a edição passada, o bar Rio Coquetelaria oferece drinques preparados com Amázzoni Gin, produzido artesanalmente no interior do estado. No Auditório Santander lotado, os sócios Alexandre Mazza e Arturo Isola receberam as bartenders Jessica Sanchez, do Vizinho Gastrobar, e Adriana Pino (SP), para preparar drinques, degustar gim e falar sobre o mercado nacional. 

- Nos últimos seis anos tivemos um aumento de marcas chegando ao Brasil, somado ao boom de destilarias nacionais produzindo em larga escala -, analisou Jessica - Quanto  mais bebidas de qualidade, melhores drinques e, consequentemente, mais exigente os consumidores ficam. Isso é bom pra todo mundo, todos passam a produzir melhor. 

Segundo Arturo, o Brasil hoje conta com 74 marcas de gim registradas, o que impulsionou a coquetelaria e até o mercado de tônicas artesanais, por exemplo. Prova de que o público brasileiro está ávido por novidades é que eles acabam de lançar seu segundo rótulo, o Amázzoni Rio Negro, com com 51% de graduação alcoólica (o primeiro tem 42%). 

- A receita só leva botânicos frescos. Tem muito zimbro, semente de coentro e casca de limão siciliano. Usamos a oleosidade da castanha-do-pará para amaciar a potência da bebida na boca -, explica Mazza. 

No mercado desde junho, o novo rótulo já conquistou o almejado Double Gold Medal, da San Francisco Spirit Awards. Ano passado, a marca foi laureada com o Word’s Best Craft Producer of The Year, pelo World Gin Awards, em 2018, em Londres. “Brasileiro acha que importado é melhor, mas estamos mudando isso”, comemorou Mazza. 

 

O encontro da coquetelaria com a comida continua na a partir de quinta-feira, quando começa a segunda semana do evento. Destaque para a aula “A importância dos ingredientes”, no sábado, 22. Na ocasião, os sócios do Amázzoni Gin dividem o Auditório Santander com o chef Thomas Troisgros, do Olympe, vencedor na categoria de melhor francês. 

- Vamos dar spoiler: Thomas Troisgros vai usar na comida os mesmos botânicos que usamos no gim. É a prova de que a união da comida com a gastronomia dá certo - disse Arturo.

Realizado pelo GLOBO com apresentação do Sesc RJ e do Senac RJ, o evento tem patrocínio master de Santander e patrocínio de Stella Artois, Pão de Açúcar, Coca-Cola e Vivo. O Rio Gastronomia tem ainda o apoio de Azeite Andorinha, Naturgy, Gosto da Amazônia, Unimed-Rio, Amázzoni Gin, Magnésia de Phillips Tabs e Água Pouso Alto, Orfeu Cafés Especiais como Café Oficial e parceria com Sindicato de Bares e Restaurantes (SindRio).


O Globo domingo, 18 de agosto de 2019

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

 

Violência doméstica prejudica profissionais e empresas

Estudos mostram que a mulher agredida falta mais, tem menos concentração e fica menos tempo no mesmo emprego
 
 
 Morghana Linares foi agredida pelo marido durante anos. Ela ainda luta para manter a guarda dos filhos Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
Morghana Linares foi agredida pelo marido durante anos. Ela ainda luta para manter a guarda dos filhos
Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
 
 

RIO - A primeira agressão veio quando a filha Sofia, hoje com 6 anos, ainda era um bebê. Um soco direto no olho foi a reação do marido ao saber que a mulher tinha falado com vizinhos sobre os filhos dela do primeiro casamento.

- Como eu ia esconder isso? Esconder meus filhos? Uma vizinha viu e chamou a polícia. Ele foi preso em flagrante, mas liberado por ter residência e emprego fixos. O casamento continuou. Ele dizia que ia mudar, me dava rosas, perfume. Minha mãe falava que toda mulher passa por isso, que o importante é ter as contas pagas e comida em casa - lembra Morghana Soares, de 32 anos, que fez mais de dez boletins de ocorrência em 11 anos de casamento.

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Mãe de cinco filhos, Morghana escondia as agressões. Tinha vergonha, o que a levava a faltar ao trabalho na Avon, onde é operadora de produção. O absenteísmo é uma das consequências da violência doméstica, que afeta não só a atividade profissional das mulheres, mas também a produtividade das empresas.

 Dois estudos sobre o tema, um do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e outro da Universidade Federal do Ceará e do Instituto Maria da Penha, mostram que a mulher agredida falta mais, tem menos concentração e poder de decisão e fica menos tempo no mesmo emprego.

 

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Ao investigar como o trabalho afeta a relação da mulher com o parceiro, o economista Daniel Cerqueira, do Ipea, concluiu que, entre as mulheres que estão no mercado, 52% já foram agredidas contra 24,9% entre as que não trabalham. Com o cruzamento de dados do IBGE, o estudo concluiu que as mulheres casadas que trabalham têm menos chance de serem agredidas que as empregadas que estão separadas:

- Mais de um milhão de mulheres são agredidas por ano, 79% delas têm filhos. Não conseguimos saber se a mulher já era agredida antes de separar e isso provocou a separação e as agressões continuaram ou se a violência começou após a separação. O que os dados mostram é que só a autonomia financeira não é suficiente para impedir agressões. Temos que nos antecipar ao problema, com educação de gênero para quebrar a estrutura patriarcal e dar medidas protetivas.

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Salário até 15% menor

Para Wânia Pasinato, socióloga e também autora do estudo, a renda permite que a mulher negocie uma vida mais segura:

— Ela faz concessões, como o marido controlar a renda.

No acompanhamento que o professor José Raimundo Carvalho, da Universidade Federal do Ceará, faz desde 2016 com 10 mil mulheres do Nordeste, 17% das vítimas de agressão relataram entregar parte ou todo o salário para o marido. Entre as que não são agredidas, 10% fazem isso.

 

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A aceitação ou não de um emprego também é afetada pela violência. Entre as que sofreram abusos, 23% desistiram do emprego por pressão do marido. Entre as que não sofrem violência, 9%.

- A mulher se concentra menos, dorme pior, perde poder de decisão, fica mais estressada, o que reduz a produtividade.

O reflexo aparece no tempo no emprego. As vítimas ficam quase cinco anos no mesmo emprego, contra mais de seis anos das que não sofrem:

- A mulher agredida falta ao trabalho 18 dias por ano. O custo disso para economia é de R$ 1 bilhão por ano, com 15 milhões de dias perdidos e o salário delas é de 12% a 15% menor. O setor privado está muito acanhado e também precisa se responsabilizar pelo combate à violência, que custa caro ao setor produtivo.

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A vida de Morghana começou a mudar quando chegou com o braço quebrado no trabalho, na Avon. A médica percebeu a violência e a encaminhou para psicólogos, advogados, apoio financeiro e o acionamento da polícia para impedir a aproximação do agressor.

A Avon criou o instituto há dois anos, após a morte de duas funcionárias. Mafoane Odara, gerente do Instituto Avon, concorda com o professor José Raimundo sobre a falta de ação das empresas:

- Cerca de 20% das faltas das mulheres são pela violência, que caem 70% quando são atendidas. Quando começamos, havia 18 denúncias, hoje são dez casos por mês. Oferecemos prevenção, acolhimento e suporte para a mulher começar de novo. O primeiro passo é treinar a equipe:

- Marcas no pescoço podem indicar estrangulamento, que a mulher corre risco de vida e deve ser tirada de casa.

Mafoane avisa que no fim do mês será criada coalização com mais de 70 grandes empresas que vão se comprometer a implantar programas semelhantes ao da Avon.  Morghana ainda luta na Justiça para ter a guarda dos filhos.


O Globo sábado, 17 de agosto de 2019

GASTRONOMIA: SEGREDOS PAR AO CEVICHE PERFEITO

 

Chef peruano Javier Ampuero ensina os segredos para o ceviche perfeito

Primeira atração internacional desta edição Rio Gastronomia fez o público viajar pelo país andino no Auditório Senac
 
 
Chef peruano Javier Ampuero ensina os segredos para o ceviche perfeito Foto: Adriana Lorete / Agência O Globo
Chef peruano Javier Ampuero ensina os segredos para o ceviche perfeito Foto: Adriana Lorete / Agência O Globo
 
 

Primeira atração internacional do Rio Gastronomia, o chef peruano Javier Ampuero fez o público viajar pelo país andino no Auditório Senac, na noite desta sexta-feira, no primeiro dia de Rio Gastronomia. Sucesso na TV e professor do Le Cordon Bleu Lima, o cozinheiro ensinou três receitas:  um ceviche amazônico de pescado com banana servido sobre uma casca de cacau, polvo com azeitonas e galinha com pimentão.

- O Peru tem cinco mil anos de gastronomia. São influências dos negros, árabes, chineses, japoneses, espanhóis, além dos monges dos conventos. Temos muitos ingredientes e história, por isso nossos sabores são tão marcantes - destacou Javier, que estagiou com Alex Atala no D.O.M. em 2014.


Para fazer o ceviche perfeito, o chef garantiu que não é preciso muito esforço.

- O segredo para um bom ceviche é o pescado fresco, uma boa cebola roxa, um limão muito ácido, um picante e sal. São 5 elementos. Para controlar a acidez, é necessário colocar mais sal e cubos de gelo - explicou.

Realizado pelo GLOBO com apresentação do Sesc RJ e do Senac RJ, o evento tem patrocínio master de Santander e patrocínio de Stella Artois, Pão de Açúcar, Coca-Cola e Vivo. O Rio Gastronomia tem ainda o apoio de Azeite Andorinha, Naturgy, Gosto da Amazônia, Unimed-Rio, Amázzoni Gin, Magnésia de Phillips Tabs e Água Pouso Alto, Orfeu Cafés Especiais como Café Oficial e parceria com Sindicato de Bares e Restaurantes (SindRio).


Quatro perguntas para Javier Ampuero:


Como foi sua experiência estagiando com Alex Atala, no D.O.M?

 
Conheci o Atala em Lima, durante o Festival Mistura. Trabalhei com ele no evento e tomei coragem para escrever uma carta, pedindo o estágio. Ele me respondeu dizendo que sim.  A experiência foi incrível, intensa, trabalhava 12 horas diariamente. Aprendi muito dos produtos típicos e emblemáticos do Brasil. Mandioca, pirarucu, cachaça, espirulina (alga), além de todos os cítricos (laranjas, limões, tangerinas).

Tive ainda a sorte de encontrar com Mara Salles, do restaurante Tordesilhas. Estive com ela conversando muito sobre a comida caseira, guisados, farofas, banana à milanesa, arroz com brócolis. Trabalhar em São Paulo foi uma experiência incrível.

Quando vem ao Brasil o que gosta de fazer?


Adoro a carne brasileira e gosto de comer em churrascarias. Também adoro a comida caseira, do dia a dia. 


O que falta ao Brasil para atingir projeção internacional na gastronomia?


O Brasil já tem projeção, muitos sabem o que é a feijoada, a cachaça. Mas o Peru tem 5 mil anos de gastronomia. São influências de diversas culturas e ainda a colonização espanhola, que ajudou a difundir a nossa cultura pelo mundo. Pelo Brasil ser amazônico, acredito que o interesse pela comida autentica brasileira está crescendo. 

 


Como define a sua cozinha?


Uma cozinha simples, equilibrada, de muita paciência. Faço comida que precisa cozinhar por muito tempo, uma cozinha histórica. Por isso, estou dedicado 100% em ensinar no Cordon Bleu. 


O Globo sexta, 16 de agosto de 2019

CINCO CIDADES PARA APRECIAR O BARROCO

 

Maestro indica cinco cidades para apreciar o barroco no Brasil

A lista é de Felipe Prazeres, que se apresenta no festival ‘Baroque in Rio’
 
 
Teto do Mestre Ataíde Foto: Divulgação
Teto do Mestre Ataíde Foto: Divulgação

RIO - Do dia 30 até 2 de setembro, o festival “ Baroque in Rio ” vai invadir a cidade com uma programação que homenageia o barroco, estilo artístico que ganhou solo fértil no país . Segundo os organizadores, o evento ocuparálocais históricos no Rio de Janeiro com o encontro de músicos franceses e brasileiros, com diversas apresentações gratuitas.

 

Durante o evento, o maestro Felipe Prazeres apresentará concertos de Bach, ao lado de Marco Catto, Marcus Ribeiro e Rodrigo Favaro. O artista selecionou cinco cidades para admirar a arte barroca nacional.

O maestro Felipe Prazeres Foto: Divulgação
O maestro Felipe Prazeres Foto: Divulgação

Ouro Preto

“A Igreja São Francisco de Assis, de 1766, é uma das principais do barroco mineiro, projeto do Aleijadinho, de quem também possui diversas esculturas. O teto da igreja, de Mestre Ataíde, evidencia a intensa atividade musical: exibe anjos que tocam violas, flautas e outros instrumentos musicais. Já tive a oportunidade de tocar nessa igreja, e a acústica é espetacular. Na cidade, também destaco o Museu da Inconfidência, que abriga o Panteão dos Inconfidentes.”

Tiradentes

“A Igreja Matriz de Santo Antônio é um ícone do estilo. A construção começou em 1710 e foi finalizada em 1752. É belíssima, com muito ouro. Em frente a ela fica o relógio de sol, construído em pedra sabão e outro atrativo da época. O órgão da igreja, transportado de Portugal para o Brasil em 1788, é um dos mais importantes instrumentos históricos do país, em perfeitas condições de uso após minucioso restauro.”

São João Del Rey

“A viagem de Tiradentes até São João del-Rei, com o trem da Maria Fumaça, também é uma viagem no tempo. A estação é bem conservada, e dá para imaginar um pouco como era a cidade na época colonial.”

 

Paraty

Fachada da Casa de Cultura, em Paraty Foto: Divulgação
Fachada da Casa de Cultura, em Paraty Foto: Divulgação

“A Igreja de Santa Rita não tem um estilo barroco rebuscado, mas o charme está na simplicidade, com diversos elementos do barroco-rococó. Na igreja, funciona o Museu de Arte Sacra de Paraty. Outros destaques são a Casa da Cultura, que fica num imóvel construído no século XVIII, e o Chafariz do Pedreira, todo em mármore branco, de 1851, para abastecer de água a cidade.”

Olinda

Paróquia do Carmo Foto: Matti Blume/Creative Commons
Paróquia do Carmo Foto: Matti Blume/Creative Commons

“A cidade tem vários representantes da época. A Igreja de São Sebastião, de 1686, é uma delas, de estilo rococó. A Paróquia do Carmo, a primeira igreja da Ordem dos Carmelitas da América Latina, também. Ela tinha o maior sino da cidade, mas que foi retirado pelos holandeses para transformar em armamento. Por fim, não dá para sair sem passar pela Basílica e pelo Mosteiro de São Bento, construções das mais bonitas da cidade. A talha dourada no altar é linda. E vale a pena ouvir o cântico do ofício divino.”


O Globo quinta, 15 de agosto de 2019

MARIDO DE DEBORAH SECCO, HUGO MOURA, FALA SOBRE SEXO

 

Adoro fazer e incentivo sempre’, diz Hugo Moura, marido de Deborah Secco, sobre sexo

Ator também conta que pretende adotar uma criança e que só oito pessoas estiveram em seu casamento com a atriz
 
 
Hugo Moura Foto: Vinicius Mochizuki
Hugo Moura Foto: Vinicius Mochizuki
 
 
 

Em 2014, o baiano Hugo Mouradesembarcou no Rio de mala e cuia. Queria extravasar sua criatividade de alguma maneira e acreditava que teria mais oportunidades para deixar aflorar seu lado artístico na Cidade Maravilhosa. Começou pela indústria da moda e pagou cursos de interpretação com a grana que ganhou como modelo comercial — ele passou longe das passarelas com seu 1,76m. O esforço foi recompensando e, aos 28 anos, ele contabiliza sete peças teatrais no currículo. “Acredita que muita gente só levou a sério essa história quando estreei na televisão, na novela ‘Segundo o sol’ ? Aí perceberam que atuação é meu plano A”, conta Hugo, no ar em “Malhação: toda forma de amar”. “Mal tive férias entre um projeto e outro. E achei isso ótimo. Não gosto de ficar à toa em casa. Amo trabalhar.”

 No Rio, Hugo conheceu também Deborah Secco e as coisas nunca mais foram as mesmas. Casou-se de papel passado com a atriz, com quem tem uma filha, Maria Flor, de 3 anos. A impressão é que o duo está numa lua de mel permanente. “Eu me empenho reconquista-lá diariamente.”
 
Hugo, Deborah e Maria Flor Foto: Reprodução/ Instagram
Hugo, Deborah e Maria Flor Foto: Reprodução/ Instagram

 

A seguir, o ator fala sobre paternidade, sexo, vida de modelo e casamento.

Pernas grossas

“Virar modelo foi o jeito que encontrei de chegar ao meu objetivo, que era viver de arte. Deu certo e consegui me manter no Rio graças a esse trabalho. Apesar de ser baiano, era tido no meio fashion como o típico carioca. Talvez pelo meu bronzeado. Mas não era chamado para fazer desfiles. Achavam que eu era baixo, minhas pernas eram grossas...”

Salvador-Rio

“Tenho saudade de Salvador. Conhecia todas as ruas da minha cidade. Às vezes, me sinto numa bolha no Rio. Circulo pela Barra da Tijuca e Zona Sul. Mas não recuso convites de amigos que moram em outras áreas. Quero andar por tudo que é canto.”

Hugo Moura Foto: Reprodução/ Instagram
Hugo Moura Foto: Reprodução/ Instagram

 

Mulher mais jovem na ficção

“Em ‘Malhação’, meu personagem se envolve com uma garota mais jovem. Ou seja: a arte não imitou a vida (Deborah tem 39 anos). Fiquei desesperado e notei que estava me julgando. Atuar é um exercício de autoconhecimento; é se livrar das amarras sociais.”

 

Sim, sim, sim!

"Deborah e eu nos casamos em novembro de 2015, numa cerimônia discreta somente para a família. Foi uma delícia. Todos os convidados cabiam numa mesa de jantar de oito lugares. Tomamos a decisão de nos unir oficialmente dois ou três meses depois de nos conhecermos. Foi muito rápido. Não tinha razão para esperar e estamos juntos até hoje."

Hugo e Deborah Foto: Reprodução/ Instagram
Hugo e Deborah Foto: Reprodução/ Instagram

 

Diálogo é o segredo

"Lá atrás, prometemos um ao outro que iríamos conversar sobre tudo, que teríamos um diálogo aberto. E casamento é isso: uma conquista diária. No nosso caso, é fácil. A sintonia é fina; queremos sempre nos reconquistar. Não precisamos de muitas manobras para isso."

Sexo sempre

"Sexo é uma coisa que todo mundo pratica, mas que ainda é tratado como tabu. Não falamos tanto como deveríamos. São pudores sociais. É a tal da culpa cristã. É algo realmente maravilhoso. Adoro fazer e incentivo sempre. Se a pessoa não gosta, está fazendo errado ou com o parceiro errado. Estou há algum tempo com a Deborah e nossa relação só melhora. Nós nos conhecemos e nos entendemos bem. É do mesmo jeito, mas de uma maneira diferente."

Hugo e Maria Flor Foto: Reprodução/ Instagram
Hugo e Maria Flor Foto: Reprodução/ Instagram

 

Pai de menina

"Brinco de boneca e de comidinha, jogo bola e 'luto' muay thai com a Sol. Faço o que minha filha quer, sem julgamentos. Precisamos desse lado lúdico em nossa vida de adulto. Ela é muito tranquila, completamente diferente de mim. Fui uma criança inquieta, me mexia toda hora. Às vezes, Sol quer ficar deitadinha, assistindo a algum filme. Até estranho."

 

Bebê a bordo?

"Estamos tendo uma discussão sobre aumentar a família no momento. Quero que nosso segundo filho seja adotado; Deborah, o terceiro."


O Globo quarta, 14 de agosto de 2019

PSICÓLOGOS DEBATEM HÁBITO DE BEIJAR FILHOS NA BOCA

 

Psicólogos debatem hábito de beijar filhos na boca

Prática pode causar confusão na mente das crianças, segundo alguns especialistas, enquanto outros defendem que a 'maldade' está nos olhos de quem vê
 
David Beckham e Harper Foto: John Walton - PA Images / PA Images via Getty Images
David Beckham e Harper Foto: John Walton - PA Images / PA Images via Getty Images
 
 

Todos os dias, a imagem de uma mãe dando um "selinho" na boca da filha invade a casa de uma legião de brasileiros. No retrato que aparece na abertura da novela "Por amor", reprisada na faixa "Vale a pena ver de novo", ninguém menos do que Regina Duarte , a eterna namoradinha do Brasil, dá um afetuoso beijo em sua filha, Gabriela . Exibido pela primeira vez em 1998, o folhetim de Manoel Carlos já foi reprisado algumas vezes sem que a fotografia suscitasse debates. Mas muita coisa mudou nos últimos anos, e fotos em que pais aparecem beijando seus filhos na boca andam motivando discussões acaloradas nas redes sociais, enquanto psicólogos se dividem sobre o tema.

 Um dos casos mais recentes envolveu a atriz Adriane Galisteu , que recebeu críticas nos comentários da foto de um selinho entre o marido, o empresário  Alexandre Iódice , e o filho,  Vittorio ,  de 9 anos. "Aqui a gente dá muito beijo mesmo, aqui a gente não se desgruda, aqui não temos preconceito, aqui só é bem-vindo quem ama", ela respondeu a um dos seguidores que criticaram a imagem.

Mais de duas décadas depois de "Por amor" estrear em horário nobre, Gabriela faz coro à colega de profissão. No seu caso, ela considera o uso da foto com a mãe na abertura da novela um momento marcante: "Adoro lembrar dele. Essa foto representa o puro afeto que eu e ela temos uma pela outra".

 


 

 

A troca de bitocas, aliás, foi transmitida entre as gerações. "O selinho é e sempre foi liberado aqui em casa. Ele não é nada além de muito amor entre nós", diz referindo-se aos filhos, Manuela, de 12 anos, e Frederico, de 8, frutos de seu casamento com o fotógrafo Jairo Goldfuss.

Para a atriz, críticas como as que foram feitas à Adriane Galisteu não fazem o menor sentido. "É inacreditável sexualizar e criticar um gesto tão afetuoso entre mães, pais e filhos. Cada família tem o seu modo de ser. É apenas uma forma carinhosa de lidar. Será que essas pessoas se impressionam também com a quantidade de ódio e violência na TV aberta?", questiona.

Gabriela e Regina Duarte trocam um selinho na abertura de
Gabriela e Regina Duarte trocam um selinho na abertura de "Por amor" Foto: Reprodução

A prática divide opiniões entre profissionais. Para o psicólogo clínico Ailton Amélio, professor aposentado da USP, o tal beijo pode causar problemas posteriores. "Na fase adulta ou na juventude, as pessoas podem vir a adquirir conceitos que as levem a condenar retroativamente o que aconteceu durante a infância. Podem se sentir violadas e ter raiva dos pais, por exemplo."

No cenário internacional, o debate também é quente. Em novembro do ano passado, o ex-jogador de futebol britânico David Beckham foi muito criticado na internet por dar um selinho na filha Harper, de 7 anos. Sem se importar com a repercussão, ele repetiu o gesto carinhoso em junho deste ano, durante um jogo da Copa do Mundo Feminina . Jogador de futebol americano e marido de Gisele Bündchen, Tom Brady também já foi clicado algumas vezes dando um selinho em seu filho Benjamin.

A discussão acontece, segundo Ailton, porque o beijo é um comportamento cultural, naturalizado de diferentes maneiras em cada sociedade. Como ele lembra, há países em que o beijo na boca entre dois homens como cumprimento é rotineiro e desprovido de carga sexual, diferente do que acontece no Brasil, por exemplo.

Tom Brady e o pequeno Benjamin Foto: Jamie Squire / Getty Images
Tom Brady e o pequeno Benjamin Foto: Jamie Squire / Getty Images

A psicóloga clínica infantil Maria Luiza Bustamante, professora aposentada do instituto de psicologia da Uerj, é ainda mais incisiva ao comentar o assunto: "É errado e não deve ser feito". Ela justifica a opinião com o fato de o beijo na boca ser uma prática muito sexualizada na cultura ocidental. "Não podemos prever as consequências desses beijos, já que tudo vai depender da relação entre pais e filhos. Mas há um alto risco de causar confusão na mente da criança. Na nossa cultura, o beijo na boca é erotizado. Na bochecha, não."

 
Já o psicólogo e pesquisador da comunicação humana da UFMG Cláudio Paixão, doutor em Psicologia Social, não considera o hábito condenável. "Tudo vai depender de como se dá a troca de afeto na família. Se o selinho é naturalizado, não vejo como algo prejudicial. O problema, muitas vezes, está na interpretação de terceiros, que têm um olhar maldoso", discorre ele, acrescentando uma ponderação: "Devemos lembrar que uma pessoa pode pegar na mão de outra munida de uma conotação sexual muito maior do que a de um beijo na boca".

O Globo terça, 13 de agosto de 2019

DICAS DE DEFUMAÇÃO

 

Chef da Curadoria dá cinco dicas de defumação

Especializada em charcutaria, casa faz sua estreia nesta edição do Rio Gastronomia
 
 
Sanduíche de pastrami da Curadoria Foto: TomasRangel / Divulgação
Sanduíche de pastrami da Curadoria Foto: TomasRangel / Divulgação
 
 
 

O sanduíche de pastrami é o cartão de visitas da Curadoria, casa especializada em charcutaria e que faz sua estreia no Rio Gastronomia, que acontece entre os dias 16 e 18 e 22 e 25 de agosto, nos Armazéns 3 e 4 do Píer Mauá . Apesar da montagem simples, alguns cuidados  garantem um resultado final mais saboroso. É o que ensina Diogo Teixeira, que começou fazendo a receita de brincadeira para os amigos e agora não tem como tirá-la do cardápio. Para quem pretende ir além e se aventurar no mundo da defumação, ele dá algumas dicas:

 

 Curadoria. Uma tábua de charcuterie de primeira: bacon, pastrami, lombo, picles e molhos Foto: TomasRangel / DivulgaçãoCuradoria. Uma tábua de charcuterie de primeira: bacon, pastrami, lombo, picles e molhos Foto: TomasRangel / Divulgação

 

  • Boa parte da gordura do peito bovino deve ser removida, porém deve-se preservar pelo menos 15% da gordura da peça que, ao final do processo, ainda haja umidade suficiente.
  • Não é necessário muito fogo para a defumação: dois pedaços de carvão em brasa já são suficientes.
  •  Prefira sempre madeiras frutíferas e sem nenhum tipo de tratamento
  • Qualquer erva lenhosa (alecrim e louro, por exemplo) pode ser colocada na defumação. Mas, cuidado com a mistura de sabores.   Capim limão é um ótimo meio termo entre o carvão e a madeira, uma vez que ajuda a defumação a pegar de vez.
  •  Sempre hidrate a madeira em pedaços pequenos e de pelo menos 6 horas.Sanduíche de Pastrami - CURADORIA.jpeg

Aprenda a fazer o sanduíche de pastrami da Curadoria

Ingredientes

  • 60g de queijo meia cura
  • 120g pastrami (peito bovino defumado)
  • 1 unidade de pão de leite ou suíço
  • 2 colheres de maionese
  • 10g de picles
  •  30g de mostarda Dijon
  •  30g de mostarde Ancienne

Modo de preparo

  • Misturar as duas mostardas e reservar
  • Torrar levemente o interior do pão
  • Na banda inferior do pão, colocar maionese, dispor o pastrami e o queijo.
  • Maçaricar ou gratinar até o queijo derreter.
  • Na banda superior do pão, colocar mostarda e picles
  • Juntar ambas as partes e servir imediatamente. 

O Globo segunda, 12 de agosto de 2019

COMO MELHORAR A ALIMENTAÇÃO SEM VIRAR VEGETARIANO

 

Como melhorar a alimentação sem virar vegetariano

Segundo ONU, a dieta diária ideal seria composta por 300 gramas de verduras, 200 de frutas, 200 de cereais integrais, 250 de leite integral e apenas 14 gramas de carne vermelha
Prato equilibrado é o ideal, segundo relatório da ONU. Foto: Marcos Ramos / 31/01/2019
Prato equilibrado é o ideal, segundo relatório da ONU. Foto: Marcos Ramos / 31/01/2019
 
 
 

GENEBRA — O relatório da ONUsobre mudanças climáticas , publicado nesta quinta-feira (8), oferece dicas sobre como mudar hábitos alimentares e ajudar a combater o aquecimento global mesmo sem necessariamente se tornar vegetariano .

— Alguns regimes alimentares necessitam de mais solo e água e produzem mais emissões que outros — resumiu um de seus copresidentes, Jim Skea, ao apresentar o resumo do informe.

O documento elaborado pelo IPCC salienta, por exemplo, os benefícios de uma alimentação variada e balanceada. "Dietas equilibradas à base dealimentos de origem vegetal, como aquelas baseadas em cereais secundários [outros que não os principais, como o arroz e o trigo], leguminosas, frutas e verduras, oleaginosas e sementes, e alimentos de origem animal produzidos em sistemas resistentes, sustentáveis e com baixas emissões de gases de efeito estufa, apresentam grandes oportunidades", informa o relatório.

Esta perspectiva evoluiu ao longo das diferentes versões redigidas nos últimos meses. A versão final é fruto de um consenso político, após a análise do texto pelos Estados.

Confira:

O IPCC recomenda uma dieta em particular?

Este grupo de cientistas da ONU se encarrega de guiar as decisões que os Estados adotam sobre a questão climática. "O IPCC não formula recomendações sobre os regimes alimentares", explicou Skea.

 

"O que indicamos, com base em testes científicos, é que alguns deixam uma menor pegada de carbono".

O grupo não recomenda adotar uma dieta vegetariana (sem carne ou peixe) e menos ainda vegana (sem nenhuma proteína animal), ao contrário do que alguns meios afirmaram antes da publicação do relatório. Essa alegação foi baseada em uma citação truncada do texto, omitindo a passagem sobre "alimentos de origem animal produzidos em sistemas resistentes, sustentáveis e com baixas emissões de gases de efeito estufa".

A carne é uma questão central?

Pesquisas científicas precedentes concluíram que a produção de carne, por meio da pecuária intensiva, tem mais impacto ambiental que a de outros alimentos. "É evidente que reduzir a demanda de carne é uma forma importante de diminuir o impacto ambiental do sistema alimentar", recordou nesta quinta-feira (08) o especialista britânico, Alan Dangour, em reação a um estudo simultâneo ao informe do IPCC.

Mas o relatório da Plataforma Intergovernamental de Ciência e Política sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), publicado no início de maio, não recomendava diretamente comer menos carne. A formulação foi suavizada em relação à versão preliminar, um sinal provável da hostilidade de alguns países produtores de carne.

 

Como se alimentar no futuro?

O IPCC segue o mesmo caminho de recomendações recentes ao falar de cereais, verduras e oleaginosas. Em janeiro, um informe realizado em conjunto pela revista médica The Lancet e pela ONG Fondation EAT recomendava uma "transformação radical": reduzir pela metade o consumo mundial de carne vermelha e de açúcar e dobrar o de frutas, verduras e oleaginosas.

Segundo estes especialistas, a dieta diária ideal seria composta de 300 gramas de verduras, 200 de frutas, 200 de cereais integrais, 250 de leite integral e apenas 14 gramas de carne vermelha, ou seja, dez vezes menos do que um filé tradicional. As proteínas seriam obtidas da carne de ave, do peixe, dos ovos ou das oleaginosas.

Como se adaptar em cada país?

Estas mudanças variariam em função do país. A contribuição de proteínas animais às vezes é insuficiente nos países pobres, mas abundante nos países ricos da Europa e da América. Além disso, os hábitos alimentares também diferem.

"As práticas de produção locais e os costumes culturais influenciam na hora de escolher alimentos", lembrou Jim Skea. O informe da The Lancet levou em conta este parâmetro e estabeleceu "faixas de ingestão recomendadas por grupos de alimentos" para uma ingestão diária total de 2.500 calorias, a serem adaptadas localmente segundo "a cultura, a geografia e a demografia".


O Globo domingo, 11 de agosto de 2019

QUENTIN TARANTINO: ERA UMA VEZ EM HOLLYWOOD

 

'Era uma vez em... Hollywood', de Tarantino, faz retrato de uma cultura atingida pela tragédia

Longa traz Leonardo DiCaprio e Brad Pitt, além de Margot Robbie no papel de Sharon Tate, vítima de Charles Manson
 
 
Margot Robbie como Sharon Tate em 'Era uma vez em Hollywood', de Quentin Tarantino Foto: Divulgação
Margot Robbie como Sharon Tate em 'Era uma vez em Hollywood', de Quentin Tarantino Foto: Divulgação
 
 
 

RIO — Como sugere o título, “Era uma vez em... Hollywood” , o nono filme de Quentin Tarantino , que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, é como um conto de fadas. Ou uma carta de amor a uma Los Angeles ensolarada, onde estrelas da indústria, então dominada por um punhado de grandes estúdios, podiam aparecer de repente na bilheteria de um suntuoso cinema de rua, diante de letreiros que ostentavam sucessos que virariam clássicos.

 

Mas tudo se passa no ano de 1969, marcado por transformações culturais — e uma tragédia tão chocante que minou toda uma filosofia de vida baseada na paz e no amor. É nesse contexto que se encontra Rick Dalton. Ator de meia-idade, vivido por Leonardo DiCaprio , ele está em franco declínio profissional diante de uma nova geração de astros que desponta e dos derradeiros suspiros da glamorosa Era de Ouro de Hollywood, prestes a dar lugar a um novo modelo de produção.

Quentin Tarantino tinha apenas 6 anos em 1969, mas a efervescência cultural da época não lhe saiu da memória:

 

— A TV ou o rádio estavam sempre ligados. O cinema era passatempo extremamente popular. Estávamos sempre em contato com algum tipo de mídia. Mesmo criança, percebia a existência de uma cultura jovem e hippie que, embora parecesse fenômeno novo, estava mudando a sociedade aos poucos.

A única companhia de Rick, além do álcool, é Cliff Booth ( Brad Pitt ) — dublê de corpo, motorista, faz-tudo e amigo do chefe. A relação entre eles é o coração do filme, para muitos o mais agridoces e emotivo da carreira do diretor americano de 56 anos.

 

Mas “Era uma vez...” é um mosaico de uma época, e, dessa forma, sua narrativa passeia sem compromisso também por cenários daquela Hollywood idealizada. Há festas em mansões frequentadas por Steve McQueen (Damian Lewis), sets de filmagem onde um arrogante Bruce Lee (Mike Moh) gaba-se de suas habilidades físicas, e esquinas ocupadas por hippies pedindo carona. Toda a recriação de época é potencializada pela direção de arte de Nancy Haigh, indicada ao Oscar por sete filmes (venceu com “Bugsy”, de 1991).

 

Brad Pitt e Leonardo DiCaprio em 'Era uma vez em Hollywood', de Quentin Tarantino Foto: Divulgação
Brad Pitt e Leonardo DiCaprio em 'Era uma vez em Hollywood', de Quentin Tarantino Foto: Divulgação

 

Sobre os hippies paira uma constante tensão. Foi um grupo de seguidores do movimento, afinal, que, em 9 de agosto de 1969, sob o comando do falso guru Charles Manson , assassinou, entre outros, a atriz Sharon Tate , casada com o diretor Roman Polanski e grávida de oito meses e meio. A matança traumatizou Hollywood, manchou a cultura hippie às vésperas do Festival de Woodstock e até hoje inspira filmes e livros.

Tratamento dado às mulheres vira polêmica

Tarantino já repetiu várias vezes que “Era uma vez...” não é um filme “sobre” o caso. Mas está tudo lá (ou quase). Margot Robbie vive Sharon, Damon Herriman interpreta Manson, e Rafal Zawierucha encarna Polanski.

— Para mim, a maneira como Manson se aproximou de homens e mulheres e conseguiu fazer com que eles se submetessem a suas ideias ainda parece um mistério insondável — observou o diretor, no Festival Cannes, onde o filme fez sua estreia mundial, em maio. — Mas esse mistério em torno de sua figura também explica o fascínio da mídia por ele. Por mais que você aprenda a respeito da mente de Manson, tudo sobre ele fica mais obscuro. Esse desconhecimento é o que causa frustração.

 
 

Como contraponto ao evento brutal, existe no filme uma evidente homenagem à figura de Sharon Tate, retratada como a personificação da doçura e inocência. É também ao redor dessa personagem que gira a maior polêmica do longa, alvo de críticas desde Cannes, onde foi exibido em competição 25 anos após “Pulp fiction” (1994) levar a Palma de Ouro.

Na ocasião, uma jornalista questionou Tarantino sobre os poucos diálogos dados a Margot durante as quase três horas de duração do longa. Irritado, o diretor foi ríspido (“Rejeito a sua hipótese”, rebateu, encerrando o papo). Desde então, porém, o debate sobre como Tarantino trata as mulheres em “Era uma vez...” — e em seus outros filmes — se intensificou.

Para Aisha Harris, do “New York Times”, Margot “entra e sai do filme como uma gazela num documentário sobre a natureza”, sem muito a fazer a não ser sorrir enquanto caminha em câmera lenta, como figura decorativa. A revista “Time” analisou toda a filmografia do realizador e concluiu que só 27% dos diálogos são ditos por mulheres. E Roy Chacko, do jornal “The Guardian”, sentenciou: “É hora de cancelar Quentin Tarantino".

Até o momento, não colou: “Era uma vez...” mantém uma taxa de aprovação de 85% no agregador de críticas “Rotten tomatoes”. Talvez pelo final surpreendente ( não, não vamos contar ). Nas bilheterias, o resultado também é bom. A estreia, aliás, foi a melhor da carreira de Tarantino. O filme faturou US$ 41 milhões em sua abertura nos EUA .


O Globo sábado, 10 de agosto de 2019

RICHARD GERE LEVA ÁGUA E COMIDA PARA IMIGRANTES NO MEDITERRÂNEO

 

Richard Gere leva água e comida a imigrantes resgatados no Mediterrâneo

Ator conversou com resgatados e alertou sobre ações humanitárias
 
 
Richard Gere pediu às autoridades ajuda para abrigar imigrantes que aguardam liberação para desembarcar na Europa Foto: HO / AFP
Richard Gere pediu às autoridades ajuda para abrigar imigrantes que aguardam liberação para desembarcar na Europa Foto: HO / AFP
 
 
 

O ator Richard Gere visitou, nesta sexta-feira, um barco de resgate com 121 imigrantes que estava encalhado no Mar Mediterrâneo . A estrela de Hollywood foi até a embarcação da ONG Open Arms para levar água e outros suprimentos para as pessoas a bordo, que esperam há oito dias a autorização para atracar em algum porto na Europa.

 

Em um vídeo postado na internet, Gere pediu ajuda às autoridades internacionais para abrigar os migrantes.

— A coisa mais importante para essas pessoas é poder chegar a um porto livre, sair do navio, estar em terra e começar uma nova vida — disse o ator. — Ajudem essas pessoas, nossos irmãos e irmãs.

Os migrantes, incluindo 32 menores de idade, foram resgatados na última quinta-feira pela organização não governamental cuja sede fica em Barcelona, na Espanha. O navio está em águas internacionais, perto da ilha italiana de Lampedusa, mas o destino deles ainda é incerto, já que tanto a Itália quanto Malta rejeitaram os pedidos de desembarque.

Ator conversou com resgatados e alertou sobre ações humanitárias
Ator conversou com resgatados e alertou sobre ações humanitárias

O Globo sexta, 09 de agosto de 2019

FESTIVAL GASTRONÔMICO NA SERRA GAÚCHA

 

Festival gastronômico reunirá chefs de todo o Brasil na Serra Gaúcha, em agosto

Garibaldi Gastrô chega à 3ª edição com ênfase nos ingredientes do Rio Grande do Sul
 
 
Os chefs que participarão do Garibaldi Gastrô comandarão oficinas e assinarão jantar de encerramento na Maria Fumaça Foto: Augusto Tomasi / Divulgação
Os chefs que participarão do Garibaldi Gastrô comandarão oficinas e assinarão jantar de encerramento na Maria Fumaça
Foto: Augusto Tomasi / Divulgação
 
 
 

RIO - U ma cozinha construída no final do século XIX, com um forno a lenha de três metros de largura e duas grandes caldeiras, será um dos palcos da terceira edição do Garibaldi Gastrô, evento que promete animar a Serra Gaúcha nos dias 15 e 16 de agosto. Nos dois dias, a programação terá oficinas de gastronomia, degustações guiadas e um jantar assinado por chefs consagrados como o uruguaio Martin Lavecchia e o confeiteiro Lucas Corazza, do programa “Que seja doce”, do GNT. No encerramento, o menu, harmonizado com os vinhos da região, será servido dentro dos vagões da Maria Fumaça, ao som de um repertório de jazz comandado por artistas locais.

 

Destino, no Rio Grande do Sul, dos amantes da boa mesa e dos vinhos finos, Garibaldi recebe pelo terceiro ano a grande festa gastronômica, agora com a participação inédita do Hotel Mosteiro São José, que abre pela primeira vez os seus aposentos para um evento do gênero. O hotel, que guarda importantes capítulos da história da Serra Gaúcha, desde a chegada dos imigrantes italianos à região, é comandado pela mão rigorosa das irmãs de São José, da congregação homônima, que surgiu na França, em 1650.

— Nós fomos ao hotel, nos apresentamos às irmãs, trocamos vivências, e assim nasceu a ideia de usar a cozinha do mosteiro como palco para as oficinas do evento. Boa parte dos chefs participantes nem desconfia de que haverá essa experiência única, de cozinhar num forno de mosteiro, a lenha, com caldeiras que têm a missão de aquecer a água utilizada em diversas funções. Será especial — detalha Rodrigo Bellora, chef e proprietário do premiado Valle Rústico, restaurante no Vale dos Vinhedos, líder local do movimento slow food e o nome por trás da concepção do evento.

 
Um dos pratos preparados especialmente para a edição de 2018 do Garibaldi Gastrô Foto: Augusto Tomasi / Divulgação
Um dos pratos preparados especialmente para a edição de 2018 do Garibaldi Gastrô Foto: Augusto Tomasi / Divulgação

Presidente da Associação Garibaldi Gastrô, que reúne 15 empresas, entre estabelecimentos comerciais, restaurantes e hotéis da região, Bellora é personagem ativo nas ações que visam a divulgar o turismo e a gastronomia locais.

— Trata-se de um evento sem fins lucrativos e sem patrocínio fixo, concebido para divulgar a cultura local de apreciação da boa mesa e do que é produzido aqui mesmo, na Serra Gaúcha, com ingredientes das nossas raízes gastronômicas.

O tema deste ano, “Na Brasa”, norteará as aulas e promete inspirar vários pratos com esse tipo de cozimento, produzidos por um time de chefs aclamado pelo público. Estão confirmadas oficinas de pães, bar, cafés e de gastronomia autoral com chefs como o gaúcho Marcelo Schambeck, além do próprio Bellora. São mais de 20 profissionais convidados a partilharem seus conhecimentos, entre chefs, bartender, barista e sommeliers.

Na sexta, na estação férrea de Garibaldi, os visitantes serão recebidos com uma grande mesa de antepastos. O jantar de encerramento, que terá assinatura dos 20 profissionais participantes, será servido com a Maria Fumaça parada na plataforma e, após a sobremesa, o trem sairá para um passeio noturno até Carlos Barbosa, de onde retorna a Garibaldi.

A edição passada do Garibaldi Gastrô foi focada em ingredientes locais; em 2019, chefs explorarão o tema
A edição passada do Garibaldi Gastrô foi focada em ingredientes locais; em 2019, chefs explorarão o tema "Na brasa"
Foto: Augusto Tomasi / Divulgação

O pacote de oficinas e degustações inclui refeições durante as aulas (um coquetel na quinta à noite e café da manhã, mais almoço na sexta). Com ingressos vendidos à parte, o jantar na Maria Fumaça inclui as bebidas e o passeio noturno. Todas as vagas são limitadas.

 

— O café da manhã da sexta-feira será todo abastecido com produtos locais, com matéria prima colhida da horta do mosteiro. Bolos, pães e geleias artesanais são produzidos pelas próprias irmãs. E o almoço que antecede ao passeio será comandado pelos próprios chefs, sem garçons profissionais, contando apenas com a ajuda de estagiários de gastronomia das universidades próximas, que atuarão como auxiliares. No jantar, depois da sobremesa, faremos o passeio noturno de locomotiva, uma experiência de contemplação, um espetáculo à parte — finaliza Bellora, conhecido, em seu trabalho no Valle Rústico, por lançar novo olhar sobre ingredientes não usuais da alta gastronomia, como o pinhão, e por fortalecer o vínculo com os pequenos produtores, incentivando-os.

Serviço

Quando. Oficinas e degustações dias 15 (quinta) e 16 (sexta). Jantar na Maria Fumaça na sexta, às 20h.

Onde. Hotel Mosteiro São José (Rua Buarque de Macedo 3.590, Garibaldi).

Quanto . Oficinas a R$ 200 por dia (estudantes e idosos pagam meia entrada). Jantar na Maria Fumaça a R$ 220 com bebidas incluídas.

Onde comprar. Eventize ( garibaldigastro.eventize.com.br ). Tel.: (54) 3462-2755.


O Globo quinta, 08 de agosto de 2019

TOM ZÉ GANHA BIOGRAFIA ITALIANA

 

Tom Zé ganha biografia italiana com prefácio de David Byrne

Livro do jornalista Pietro Scaramuzzo será lançado em outubro na Itália. Autor negocia com editoras brasileiras
 
Tom Zé ganha biografia Foto: divulgação/André Conti
Tom Zé ganha biografia Foto: divulgação/André Conti
 
 
 

RIO - Numa visita ao Brasil, na casa dos 20 e poucos anos, o jornalista italiano Pietro Scaramuzzo ouviu pela primeira vez a canção “Frevo (Pecadinho)”, de Tom Zé : “Esta noite não quero saber de conselho/ Esqueça, deixe pra lá/ Me arranja um pecado”. A malícia buliçosa do ritmo pernambucano e a letra que suplica por um pecadinho, no diminutivo carinhoso, aguçaram a sua curiosidade sobre quem teria escrito aquilo.

 

— Gostei do “Pecadinho” como ideia de libertação — conta o jornalista de 37 anos.

“Astronauta libertado” (como escreveu Tom Zé em “2001”), Scaramuzzo assina a primeira biografia do compositor : “Tom Zé, l'ultimo tropicalista” (ADD Editore), que será lançada no dia 2 de outubro (por enquanto, apenas na Itália, mas “estamos paquerando editoras brasileiras”, adianta o autor). O prefácio é de David Byrne , o responsável por ter tirado o baiano do ostracismo no início dos 1990.

— Na biografia, você vê, como me disse Rita Lee, “o cara que chegou do planeta Sertão, se encantou com o desvario da Pauliceia, misturou macaxeira com gasolina, e incendiou o panorama musical” — diz Scaramuzzo.

 

Pietro Scaramuzzo, autor da biografia italiana de Tom Zé, ao lado de David Byrne, que assina o prefácio do livro Foto: Divulgação
Pietro Scaramuzzo, autor da biografia italiana de Tom Zé, ao lado de David Byrne, que assina o prefácio do livro Foto: Divulgação

LEIA MAIS: Tom Zé lembra como foram entrevistas com Scaramuzzo

Por que Tom Zé?

Escrevo sobre música brasileira numa revista na Itália chamada “Musica jazz” e no site Nabocadopovo.it. Quando marquei a primeira entrevista com ele foi para esses projetos. Tom Zé me recebeu na casa dele e, antes que eu pudesse fazer a primeira pergunta, ele já estava me explicando as teorias sobre o tropicalismo. A complexidade teórica que ele me mostrou ia muito além da música, alcançando conceitos filosóficos, literários que pertenciam a um universo cultural até então desconhecido por mim. Por curiosidade, senti a necessidade de pesquisar mais. Quando vi tinha tanto material que talvez desse um livro.

 

Por que o título “L'último tropicalista”?

O título se refere à época de seu ostracismo, vi o artista como o remanescente, aquele que mantinha conceitos e linguagem que o movimento propunha na época. Conceitos que incluem o antropofagismo da cultura musical internacional e a preservação das raízes culturais brasileiras. É o famoso “misturar chiclete com banana”. Na música de Tom Zé esta mistura insólita é constantemente presente e se renova a cada disco.

Como foi a pesquisa?

Procurei conteúdo jornalístico brasileiro e internacional que citava Tom Zé, vídeos de entrevistas e performances, entrevistei Caetano Veloso, David Byrne, Gilberto Gil, Rita Lee, Arto Lindsay, Luiz Tatit, Washington Olivetto, Zé Miguel Wisnik, entre outros. Quase que diariamente, por 12 meses, consultei o acervo mais importante e completo, que é a memória dele. Tive a oportunidade de ler as cartas que Byrne e Tom Zé trocaram e de dar uma olhada no álbum de família de Tom Zé, o que tornou familiares a mim personagens do livro.

“Um dia, na gravadora, Tom Zé convenceu os artistas a soprar umas canetas que tinha cortado em diferentes comprimentos para obter diferentes sons. O experimento impressionou a todos, Byrne inclusive, pelo resultado harmônico inesperado”

PIETRO SCARAMUZZO
Biógrafo de Tom Zé, sobre as histórias pitorescas que coletou do artista

 

O que descobriu sobre ele?

Tom Zé, o ser humano, que vem antes do artista. No livro você vai conhecer Antônio José, seu nome de batismo, criança medrosa e acanhada. Vai poder apreciar as relações dele com a família em Irará e a cumplicidade profunda entre Tom Zé e Neusa, sua esposa. Tem anedotas sobre a experiência americana dele, que me foram contadas em primeira mão por David Byrne e mostram de um lado a simplicidade dele como ser humano e, de outro, a genialidade de um artista refinado.

 
O músico Tom Zé, em sua casa, em São Paulo Foto: Marcos Alves/9-9-2016 / Agência O Globo
O músico Tom Zé, em sua casa, em São Paulo Foto: Marcos Alves/9-9-2016 / Agência O Globo

 

Que tipo de anedotas?

Um dia, na gravadora, Tom Zé convenceu os artistas que estavam lá a soprar umas canetas que ele tinha cortado em diferentes comprimentos para obter diferentes sons. O experimento, que inicialmente causou estranhamento, acabou impressionando a todos, Byrne inclusive, pelo resultado harmônico inesperado.

Em que medida as letras de Tom Zé são reveladoras?

Foi imprescindível partir das letras para desenhar alguns momentos da vida dele. “Os doidos de Irará” tem basicamente a Irará que ele viveu. “Mãe solteira” foi composta para a irmã dele. Quando falo do disco “Correio da Estação do Brás”, inspirado na imigração nordestina para São Paulo, é evidente que tem muito das vivências de Tom Zé como nordestino imigrante.

“Acho que Tom Zé oferece uma linguagem musical universal. Como diz Byrne, a sua música poderia ser feita por um cara de Berlim, ou de Nova York”

PIETRO SCARAMUZZO
Biógrafo de Tom Zé, sobre o interesse que o artista desperta fora do Brasil

 

Em que difere o Tom Zé que você conhecia antes do livro e do que conhece hoje?

Antes eu o via como um artista genial. Após esse trabalho, além da genialidade vejo o homem doce, frágil, às vezes ansioso, enérgico, agudo, inspirador. E é esse Tom Zé que gostaria que quem lesse a biografia conhecesse também.

Um americano, David Byrne, foi o responsável por tirar Tom Zé do ostracismo. Um italiano publica agora sua primeira biografia. Por que você acha que os estrangeiros têm um olhar especial sobre Tom Zé?

 

Porque, como dizem vocês, a grama do vizinho é sempre mais verde. Brincadeiras à parte, acho que Tom Zé oferece uma linguagem musical universal. Como diz Byrne, a sua música poderia ser feita por um cara de Berlim, ou de Nova York.


O Globo quarta, 07 de agosto de 2019

RECEITA DO PUDIM DE LEITE PERFEITO

 

Chef ensina a receita do pudim perfeito no Rio Gastronomia

Aula de Fred Barros, do Le Vin, acontece no primeiro dia de evento no Píer Mauá
 
 
Le Vin. O pudim perfeito do chef Fred Barroso Foto: Divulgação
Le Vin. O pudim perfeito do chef Fred Barroso Foto: Divulgação

 

 

 
 

Se tem uma comida nessa vida capaz de selar a paz ou declarar guerra, certamente é o pudim. De um lado, os defensores do furinho. Do outro, os que preferem o doce lisinho.  Para hastear a bandeira da paz, o chef Fred Barroso, do Le Vin, vai dar uma aula no Rio Gastronomia sobre uma das sobremesas mais amadas dos brasileiros.  Este ano, o evento acontece ntre os dias 16 e 18 e 22 e 25 de agosto , os Armazéns 3 e 4, no Píer Mauá.Garanta já o seu ingresso.

 

Leia também: Rio tem loja especializada em pudim

A aula "Fred Barros e o pudim perfeito do Le Vin" acontece no primeiro dia do evento, 16 de agosto, às 19h30, no Auditório Santander. Para participar, é preciso fazer a inscrição no local uma hora antes do encontro.

Para deixar a regressiva do evento mais saborosa, o chef ensina aqui a fazer o pudim perfeito.

Chef Fred Barroso vai ensinar a fazer o pudim perfeito Foto: Wagner da Silva Soares / Divulgação
Chef Fred Barroso vai ensinar a fazer o pudim perfeito Foto: Wagner da Silva Soares / Divulgação

 

  • Ingredientes para o pudim:

8 gemas

80g de açúcar

1 lata de leite condensado

1 lata de leite comum (a mesma medida do leite condensado)

1 lata de creme de leite (a mesma medida do leite condensado)

  • Ingredientes para o caramelo: 

250g açúcar

80ml água

limão

  • Modo de preparo do pudim:

Em um tigela coloque as gemas e o açúcar. Misture bem.

Em seguida, junte todos os ingredientes líquidos e misture tudo até ficar homogêneo.

Deixe descansar por, no mínimo, quatro horas.

Depois asse em banho-maria, numa forma caramelizada, a 120 graus (depende do forno).

Deixe, no mínimo, por uma hora na geladeira antes de desenformar.  

  • Modo de preparo do caramelo:

Em uma panela, coloque o açúcar, a água e gotas de limão.

Leve ao fogo baixo até obter o caramelo.

Em seguida, coloque o caramelo na forma.


O Globo terça, 06 de agosto de 2019

BRUXISMO: DOENÇA AFETA MILHÕES DE BRASILEIROS E PREJUDICA O SONO

 

Bruxismo, que custou R$ 157 mil a Feliciano, afeta milhões de brasileiros e prejudica o sono

A doença, caracterizada pelo hábito de ranger ou pressionar os dentes durante o sono, atinge entre 8% e 12% da população, especialmente crianças
 
O deputado Pastor Marco Feliciano, solicitiou reembolso de R$ 157 mil por tratamento de bruxismo. A foto foi realiada após reunião da Bancada do PSC, em 2013 Foto: Givaldo Barbosa / Agência O Globo
O deputado Pastor Marco Feliciano, solicitiou reembolso de R$ 157 mil por tratamento de bruxismo.
A foto foi realizada após reunião da Bancada do PSC, em 2013 Foto: Givaldo Barbosa / Agência O Globo
 
 
 

RIO — O bruxismo caiu na boca do povo depois da notícia de que o deputado Pastor Marco Feliciano(Podemos-SP) solicitou à Câmara um reembolso de R$ 157 mil para cobrir gastos referentes a um tratamento odontológico.

A doença é caracterizada pelo hábito de ranger ou apertar os dentes durante o sono. A tensão muscular pode provocar dores de cabeça e nos músculos do rosto, desgaste e amolecimento dos dentes.

 

Nos casos mais graves, podem ocorrer também problemas ósseos, na gengiva e na articulação da mandíbula. A doença também afeta a qualidade do sono por provocar microdespertares durante a noite.

O bruxismo acomete entre 8% e 12% dos adultos no Brasil. Nas crianças, o número pode chegar a 20% e até 5% dos idosos, segundo Cibele Dal Fabbro, vice-presidente da Associação Brasileira de Odontologia do Sono.

A doença não tem cura, e os episódios podem ser agravados pelo estresse.

— O objetivo do tratamento é aliviar a tensão exagerada na musculatura – explica Daniela Fernandes, especialista em ortodontia da Clínica Reference Smile.

Por isso, terapia psicológica ou acompanhamento psiquiátrico também são indicados para tratar a causa dos desequilíbrios emocionais que agravam a doença.

Na maioria das vezes, a pessoa só descobre que é portadora de bruxismo se alguém presenciar o ranger dos dentes enquanto ela dorme ou quando procura assistência médica ou odontológica com os sintomas já instalados.

A placa miorrelaxante é o tratamento mais recorrente para bruxismo e custa a partir de R$ 2 mil. O aparelho odontológico está disponível no Sistema Unificado de Saúde (SUS) Foto: Fábio Rossi / Agência O Globo
A placa miorrelaxante é o tratamento mais recorrente para bruxismo e custa a partir de R$ 2 mil. O aparelho odontológico está
disponível no Sistema Unificado de Saúde (SUS) Foto: Fábio Rossi / Agência O Globo

Como noticiado no último sábado (3), Marco Feliciano solicitou um reembolso em abril de R$ 157 mil à Câmara dos Deputados para cobrir gastos referentes a um tratamento odontológico. 

Em justificativa apresentada à Câmara, o parlamentar argumentou que precisava corrigir um problema de articulação na mandíbula e fixar coroas e implantes na boca. O tratamento seria decorrente de complicações e dores crônicas associadas ao bruxismo.

Tratamentos incluem placa e botox

O tratamento mais comum é a placa miorrelaxante, um molde de acrílico no formato da arcada dentária do paciente, usada durante o sono para proteger os dentes, a gengiva e os ossos da tensão da mordida.

A placa custa a partir de R$ 2.000 e está disponível no Sistema Único de Saúde.

A toxina botulínica também é usada para amenizar os sintomas do bruxismo. Segundo Daniela, a aplicação em músculos do rosto reduz a potência da contração da musculatura. O método custa a partir de R$ 1.500 e varia conforme a quantidade de toxina a ser aplicada.

Proteína butolínica pode ser usada para o tatamento do bruxismo Foto: Bia Guedes / Agência O Globo
Proteína butolínica pode ser usada para o tatamento do bruxismo Foto: Bia Guedes / Agência O Globo

 

Em estágio avançado da doença, podem ser necessários procedimentos mais invasivos, como os que teriam sido feitos pelo deputado Marcos Feliciano.

— Em casos severos, o bruxismo leva à fratura dos dentes e o paciente pode necessitar de implantes, próteses e coroas. Esse tipo de tratamento é o mais caro e o valor pode chegar a mais de R$ 100 mil — explica Daniela.

Esses procedimentos estão disponíveis em faculdades de odontologia ou cursos de especialização na área de dor ou estética odontológica que prestem atendimento à população.


O Globo segunda, 05 de agosto de 2019

RIO GASTRONOMIA OCUPA PÍER MAUÁ EM AGOSTO

 

Diversão à mesa: Rio Gastronomia ocupa Píer Mauá em agosto

 
 
Aulas com chefs, quiosques de restaurantes premiados e shows são algumas das atrações
 
 
Rio Gastronomia ocupa o Píer Mauá em agosto Foto: Leo Martins / Agência O Globo
Rio Gastronomia ocupa o Píer Mauá em agosto Foto: Leo Martins / Agência O Globo
 
 

Talheres em mãos, hora de começar a brincadeira de gente grande. Entre os dias 16 e 18 e 22 e 25 de agosto, os Armazéns 3 e 4, no Píer Mauá, vão ser o playground mais gostoso da cidade durante a 9ª edição do Rio Gastronomia. Os ingressos já estão à venda pelo site oficial . Realizado pelo GLOBO com apresentação do Sesc RJ e do Senac RJ, o evento tem patrocínio master de Santander e patrocínio de Stella Artois, Pão de Açúcar, Coca-Cola e Vivo. O Rio Gastronomia tem ainda o apoio de Azeite Andorinha, Naturgy, Gosto da Amazônia, Unimed-Rio, Amázzoni Gin, Magnésia de Phillips Tabs e Água Pouso Alto, Orfeu Cafés Especiais como Café Oficial e parceria com Sindicato de Bares e Restaurantes (SindRio).

Entre uma conversa e outra, uma provinha nos sabores de 18 restaurantes, 14 food-trucks, e seis bikes. Uma oportunidade de experimentar a comida de casas premiadas a preços acessíveis, como o Lasai, de Rafa Costa e Silva, e o Chez Claude, de Claude Troisgros. A visita a Feira de Sabores, com o que há de mais interessante na produção artesanal no estado, e na Feira de Cachaças, com alambiques selecionados, é obrigatória.

E, para fechar cada dia, shows e festas animam a área externa junto à Baía de Guanabara . A programação terá apresentações de Alceu Valença, Sandra de Sá e rodas de samba de Jorge Aragão e Arlindinho.

 

 

Destaques desta edição

  • Aulas:
Chef Thiago Castanho prepara uma das receitas publicadas no livro 'Cozinheiros em ação': broa de fubá e banana assada na folha de bananeira Foto: Divulgação/Leo Feltran
Chef Thiago Castanho prepara uma das receitas publicadas no livro 'Cozinheiros em ação': broa de fubá e banana
assada na folha de bananeiraFoto: Divulgação/Leo Feltran

Já estão confirmadas as presenças de Thiago Castanho (Remanso do Bosque/PA), Elia Schramm (Posì), Tomas Troisgros (Olympe), Jefferson e Janaína Rueda (Casa do Porco/SP), Alberto Landgraf (Oteque), Bruno Katz (Nosso), entre outros. A inscrição é feita no local, uma hora antes.

  • Papo de Cozinha:

Será na área de convivência e não precisa de inscrição. Participam, entre outros, Manu Zappa (Prosa na Cozinha) ,Ísis Rangel (Sabores de Gabriela) e João Diamante (Na Minha Casa).

  • Restaurantes e food-trucks:

A lista de restaurantes que terão um posto avançado nos armazéns inclui Chez Claude, Oia, Nolita, Naga, Ko Ba Izakaya, Teva Vegetal, Gero + Trattoria e o quiosque Marea, Lasai, Grupo Irajá (Irajá, Formidable, Cozinha Artagão, Azur e Al Fresco), Ateliê Benoliel, Talho Capixaba, Mamma Jamma, Barsa, Gruta de Santo Antônio, So.Ga Beach, Aconchego Carioca e Gosto da Amazônia. Entre os food-trucks, os estreantes Curadoria e Tutto Nhoque, e os veteranos Ceviche da Fabi e Cogu.

Arlindinho é um dos shows da edição deste ano do Rio Gastronomia Foto: Alexandre Teles Menezes / Divulgação
Arlindinho é um dos shows da edição deste ano do Rio Gastronomia Foto: Alexandre Teles Menezes / Divulgação

 

  • Shows: Alceu Valença abre os trabalhos e faz o primeiro show, no dia 16, sexta-feira. No dia 18, tem Arlindinho. Na semana seguinte, tem Jorge Aragão (dia 22 ) e Sandra de Sá (dia 23).
  • Feiras: A Feira de Cachaça do Rio reúne os principais alambiques artesanais do estado. E a Feira de Sabores oferece delícias de pequenos produtores.

Ingressos

  • Venda: Exclusivamente através do site riogastronomia.com. Neste segundo lote, o valor do ingresso para os dias 16 (sexta), 17 (sábado), 18 (domingo), 22 (quinta), 24 (sábado) e 25 de agosto (domingo) é R$ 45. Para o dia 23 (sexta), R$ 35. Também há combos promocionais. O Combo Coca-Cola #melhorjuntos, para os dias 16 (sexta), 17 (sábado), 18 (domingo), 22 (quinta), 24 (sábado) e 25 de agosto, custam R$ 144 (4 ingressos). E para dia 23 de agosto(sexta): R$ 112 (4 ingressos).

 

  • Descontos: Assinantes de O GLOBO, Editora Globo e Valor Econômico ganham um ingresso na compra de outro para um dia de evento.Alunos Senac RJ têm 50% de desconto na compra de 4 ingressos para 1 dia. Associados e colaboradores Sesc RJ ganham 30% de desconto na compra de 4 ingressos para 1 dia. Clientes Santander Mastercard que comprarem os ingressos com o cartão ganham 30% de desconto em até 2 bilhetes para 1 dia. Clientes Vivo Valoriza têm 30% de desconto em até 2 ingressos para 1 dia.

O Globo domingo, 04 de agosto de 2019

BRASIL, TRENS E SAFÁRIS - BATE-PAPO COMA QUENIANA LUPITA

 

Brasil, trens e safáris: um bate-papo sobre viagens com a atriz Lupita Nyong'o

Vencedora do Oscar, artista queniana fala sobre seu lado turista
 
 
A atriz Lupita Nyong’o, fotografada em Austin, Texas, no último mês de março Foto: Roger Kisby / The New York Times
A atriz Lupita Nyong’o, fotografada em Austin, Texas, no último mês de março Foto: Roger Kisby / The New York Times
 
 
 

Quando o produtor Simon Fuller procurou Lupita Nyong'o para saber se ela estaria interessada em ser a narradora de seu novo projeto – um documentário sobre vida selvagem dirigido por John Downer –, a atriz queniana nascida no México ficou intrigada, mas, depois de assistir a dois episódios, aceitou o convite.

Nyong'o sabia que esses programas podem ser triviais e repetitivos, contando a mesma história de vida dos animais na natureza. Entretanto, "Serengeti" se destacou pela atenção especial dada a espécimes específicos e seu dia a dia, o que pode incluir brigas dentro do próprio clã, a busca por parceiros e a luta pela sobrevivência quando o inimigo/predador está pronto para atacar.

Filmado em uma reserva na Tanzânia ao longo de dois anos, o programa parece mais uma série dramática do que um documentário, mas é exatamente por isso que chama a atenção. Acompanha a rotina de vários animais do parque, inclusive Kali, uma leoa exilada do próprio bando que luta para criar os filhotes sozinha; Bakari, um babuíno que tenta reconquistar a afeição de uma fêmea que se encantou por um rival; e Zalika, uma hiena que se tornou cabeça do clã muito antes do que esperava. O ator britânico John Boyega é quem narra a versão britânica, que estreou no BBC One este mês.

Ao longo de seis episódios, o público tem a chance de conhecer melhor os animais "de sua própria perspectiva", como descreve Nyong'o, e se envolver em suas jornadas e experiências, da mesma forma que acaba cativado por personagens humanos de outras séries e filmes.

 

Com estreia nos EUA marcada para agosto, no Discovery Channel, Nyong'o contou ao "The New York Times" por que aceitou narrar o documentário e quais são seus destinos de viagem favoritos.

P: Tem alguma viagem interessante marcada para breve?

R: Infelizmente, não, mas tenho muita vontade de ir ao Brasil, que não conheço ainda.

P: Para onde você gosta de viajar?

R: Adoro o México e Nova Orleans, e amo meu país. A África Oriental é incrível. A vida inteira fiz safáris e a cada vez a experiência se torna mais grandiosa, mais fascinante, mais maravilhosa. Nunca perde o encanto e nunca é a mesma coisa. Na verdade, o tempo meio que para, porque você acorda cedo e sai somente para observar, procurar, ouvir.

P: Tem alguma coisa imprescindível para as suas viagens?

R: Essa pergunta é difícil. Colírio.

P: Alguma dica de cuidado com a pele nas viagens?

R: Protetor solar é essencial, mas também acho superimportante encontrar produtos que não sejam tóxicos para o mundo em que vivemos. Tenho sempre comigo óleo de calêndula, maravilhoso para queimaduras, arranhões e ferimentos. Tive uma insolação brava e ele me aliviou em apenas uma noite. É sensacional. Acho que é outra coisa que não posso deixar de levar.

 

P: Há alguma coisa especial que goste de fazer sempre que viaja?

R: Adoro viajar para explorar a natureza. Prefiro lugares como monumentos naturais ou algum lago. Gosto de observar, de uma boa caminhada. Visitei o Grand Canyon há pouco tempo e foi sensacional. Aí está outro lugar que faz a gente se sentir pequenininho. É de dar nó na cabeça. Ajuda a lembrar quanto somos insignificantes.

P: Qual é seu meio de transporte favorito?

R: Adoro trem porque dá para você ver bem o interior – e o barulho que faz, tchug, tchug, tchug. Você vê o mundo ali passando na sua frente, aquela enormidade de terra. É bem pitoresco.

P: O que exatamente a atraiu em "Serengeti"?

R: Depois de ver os dois primeiros episódios, fiquei apaixonada pelo projeto do Simon e já tinha sido fisgada. Foi muito legal porque aprendi muita coisa sobre animais específicos. Você desenvolve uma relação com eles e descobre como funciona a dinâmica da espécie, do clã. É como se vocês criassem uma relação pessoal.

Já assisti a vários documentários desse tipo, mas nunca vi nenhum que tivesse sido narrado por africanos, quanto mais mulheres. Ser as duas coisas e poder contar essa história é legal demais.

 

P: O que há de diferente nesse documentário em relação aos outros?

R: A novidade aqui é que o público passa muito tempo com "personagens" muito particulares, tem a chance de ver as coisas do ponto de vista do próprio animal, e acho que é por isso que acaba virando uma história sua. E quando digo isso é porque me identifico muito com o que representa e porque significa muito. É uma história inclusiva.

P: O que você diria a alguém que se mostrasse curioso em relação ao documentário, mas que não fosse lá muito chegado em animais, nem conhecesse bem o Serengeti?

R: Cada um na sua, acho. Mas também é superimportante reconhecer que não é a natureza que precisa de nós, mas o contrário.


O Globo sábado, 03 de agosto de 2019

LUIZ GONZAGA - HÁ TRINTA ANOS, MORRIA O REI DO BAIÃO

 

'Minhas músicas são protestos para que governantes olhem para o Nordeste': Resgatamos uma entrevista com Luiz Gonzaga, 30 anos após sua morte

 

 
Luiz Gonzaga toca em Pernambuco, durante visita do Papa João Paulo II, em 1980

O cantor e compositor Luiz Gonzaga foi um dos maiores reponsáveis por disseminar a música e a cultura nordestina pelo país. Autor de clássicos como "Asa branca", "Xote das meninas" e "Olha pro céu", o Rei do Baião faleceu no dia 2 de agosto de 1989, aos 76 anos. Para marcar os 30 anos do filho mais famoso de Exu, no interior de Pernambuco, o Blog do Acervo resgatou uma entrevista exclusiva concedida pelo músico ao antigo GLOBO-Leopoldina. A conversa foi publicada em 31 de junho de 1985, após um show no Pavilhão de São Cristóvão, no Rio, local hoje chamado de Centro de Tradições Nordestinas Luiz Gonzaga

Seis grupos já tinham se apresentado no sábado quando Tito Santos, um dos mestres de cerimônia da noite, chamou ao palco do Pavilhão de São Cristóvão o homenageado especial do Forró in Rio: "Com vocês, o Rei do forró, Luiz Gonzaga." Sob os aplausos delirantes, entra em cena o mais famoso sanfoneiro do Brasil. Calça vermelha, camisa branca, capa de couro e chapéu de nordestino, Luiz Gonzaga avisa que não está muito bom: uma bronquite e uma "lombeira" causada pela viagem que acabara de fazer de volta do Pará, para onde tinha ido na véspera.

 

Na mesma viagem, mas em Fortaleza, Luiz Gonzaga canta e toca sanfona diante de João Paulo III
 

Mas, aos primeiros acordes de sua sanfona prateada, a plateia foi tomada pelo ritmo marcado do forró de Luiz Gonzaga. Ninguém se importava com a voz rouca e cansada do sanfoneiro, nem com as falhas na acústica do Pavilhão. Mesmo sentado em seu banquinho ("Eu sou um velhote e já não aguento ficar de pé durante todo o show"), e cercado pelo balé das "Forró girls", Gonzagão se destacava e abraçava com sua música todo o Pavilhão. Minutos antes de contagiar toda a plateia, Luiz Gonzaga falou de seu papel político no Brasil, de suas esperanças na Nova República, de sua preocupação com o Nordeste e da pouca atenção que os grandes centros dão aos sanfoneiros e à música dos "matutos" que cantam a realidade do Brasil Rural.

Veja mais fotos da carreira de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião

Como se sente o rei do forró em mais um show para angariar fundos para o Nordeste?

Estou aqui no Forró in Rio como um profissional. Não me sinto inteirado dessa causa porque não participei dessa promoção e não conheço as pessoas que estão promovendo este show. Faço votos que colha bons resultados, mas depois de 40 anos encabeçando movimentos pelo Nordeste e de tantas decepções ao perceber que os resultados nunca chegavam lá, não quero me envolver mais nesse tipo de promoções. Já sofri muito com isso e agora resolvi trabalhar pelo nordestino lá mesmo, no Nordeste. Isso não significa que eu esteja duvidando das intenções desse Forró in Rio.

 

Luiz Gonzaga toca ao lado do filho Gonzaguinha, durante gravação de especial

Descartadas as festas beneficentes como forma de ajudar os nordestinos carentes, em que se resume seu trabalho em favor de seus conterrâneos?

Meu trabalho é político. Como sanfoneiro, faço política com minha sanfona. Minhas músicas são protestos e advertências para que os governantes olhem para o Nordeste. É preciso que o Brasil tenha consciência do que é o sertão. Através da música, nós, os sanfoneiros, tentamos falar dos problemas da nossa terra e das carências da nossa gente.

O senhor tem esperanças de que a Nova República modifique esse quadro?

Estou muito confiante no governo do Presidente Sarney. Ele, pelo menos, já nos deu um bom sinal de que está preocupado com os problemas do Nordeste e de seu povo, ao anunciar a aplicação de Cr$ 3 trilhões para recuperar a economia e restaurar as áreas nordestinas devastadas pelas enchentes. Acho que neste governo o Nordeste finalmente vai ter vez.

 

Luiz Gonzaga posta para foto em setembro de 1970

 E a cultura nordestina, vai conseguir sair de sua terra natal e ganhar os grandes centros?

Duvido muito. Acho muito difícil mudar isso. O forrozeiro e o sanfoneiro no Brasil são profissionais sem oportunidade de trabalho. Nós nos sentimos marginais porque os grandes centros como o Rio, por exemplo, não têm identificação com a nossa cultura rural, matuta, de roça. Com isso, nossa música raramente é tocada nas rádios cariocas. Mas, por outro lado, os sanfoneiros também são perseguidos no Nordeste porque lá só são valorizados os que tiveram sucesso nos centros. O cara da terra, que fica lá, acaba desprestigiado, porque "se fosse bom, estava nas capitais". Como, para fazer sucesso no Nordeste, tem que ter uma temporada de sucesso aqui, e como aqui ninguém dá vez à cultura dos nordestinos, os pobres dos sanfoneiros ficam no meio do mundo sofrendo. Eu, que sou um sanfoneiro bem-sucedido, não posso contar com os grandes centros. Se você reparar, aqui no Rio só deve ter uns dois forrós, e mesmo assim só na periferia, porque os do Centro da cidade são perfumaria, fachada pura. Você veja só uma coisa: eu sou o criador da música "Asa branca", não sou? Pois bem, aqui no Rio tem uma casa com esse nome, uma gafieira, e eu nunca fui convidado a cantar lá. É uma casa de luxo, com orquestra boa e tudo. Mas forró não tem. O forró representa uma outra cultura que não interessa ao Rio. Agora, por exemplo, que é mês de festa junina, de música caipira, eu já estou com 20 contratos fechados lá na minha terra, mas aqui não me foi oferecido nenhum. Os meus discos de ouro, quem me dá é o Nordeste. Enquanto eu vendo 100 mil discos em Pernambuco, aqui no Rio a faixa de vendagem cai para 10,20 mil

O senhor acha que o recém-criado Ministério da Cultura, embora ainda sem programa, poderia impulsionar a cultura nordestina no sentido de criar uma estratégia que dê mais espaço para ela nos grandes centros?

Sem dúvida, acho que o Ministério da Cultura poderia resolver esse problema de discriminação cultural contra o Nordeste. Mas, infelizmente não creio que a ideia do ministério vá vingar. Acho que vamos ficar mesmo é com uma secretaria e, aí a autonomia do titular vai ser bem menor.


O Globo sexta, 02 de agosto de 2019

ALERTA CONTRA SARAMPO NO RIO

 

Alerta contra sarampo no Rio: principal preocupação é vacinar adultos jovens

Governo estadual lança medidas por conta da proximidade com São Paulo, que passa por um surto da doença; crianças de 1 ano a adultos de até 49 anos devem receber a tríplice viral
 
 
Tríplice viral protege contra sarampo, caxumba e rubéola Foto: Márcio Alves / Agência O Globo
Tríplice viral protege contra sarampo, caxumba e rubéola Foto: Márcio Alves / Agência O Globo
 
 
 

RIO - Ao acender o alerta contra o sarampo , a Secretaria estadual de Saúde tem como principal preocupação fazer com que pessoas entre 15 e 49 anos que não tenham recebido duas doses da vacina tríplice viral compareçam às unidades básicas de saúde para colocar a imunização em dia.

— No ano retrasado, o Rio fez uma campanha de imunização contra o sarampo para crianças de até 5 anos que atingiu 95%. Agora, nossa maior preocupação são adultos jovens — diz Alexandre Chieppe, médico da Secretaria estadual de Saúde, acrescentando que o atual esquema vacinal com duas doses da tríplice viral só foi implantado no início da década de 1990.

O Rio entrou em estado de alerta contra o sarampo, nesta quinta-feira, por causa da proximidade com São Paulo, que vive um surto da doença, com 663 registros desde o início do ano . A Secretaria estadual de Saúde pretende imunizar todas as crianças a partir de 1 ano de idade e adultos até 49 anos que não estiverem em dia com a vacina tríplice viral, cuja primeira dose é aplicada aos 12 meses. O reforço acontece, com o acréscimo da imunização contra catapora (tetraviral), entre os 15 meses e 4 anos de idade.

Quem não tiver sido imunizado adequadamente deverá tomar agora duas doses da tríplice, com intervalo de 30 dias, caso tenha entre 5 e 29 anos. Entre 30 e 49, basta uma dose.

O Rio já teve confirmados este ano 13 casos da doença, todos em Paraty. No ano passado, foram 20 casos notificados.

— Há algum tempo, temos observado surtos na Europa e nos Estados Unidos. Há dois anos, a doença voltou a aparecer no Norte do país, trazida por imigrantes venezuelanos. Agora, há um surto em São Paulo. Pela proximidade com o Rio e a grande circulação de pessoas entre os dois estados, estamos alertando a população que não está com a vacinação em dia. Para quem tem dúvida se foi ou não vacinado, a recomendação é a imunização — afirma Chieppe.

 

Segundo a Secretaria estadual de Saúde, em 2018, o Rio alcançou 95% de cobertura vacinal para o público-alvo.

A vacinação dos adultos também é fundamental para proteger bebês com menos de 1 ano de idade.

— Como a tríplice viral só é aplicada aos 12 meses, a precaução se dá em evitar o contato da criança com pessoas doentes, e quem convive com esse bebê deve estar com as duas doses da vacina em dia — explica o médico.

Outra medida a ser realizada pela secretaria é a distribuição de panfletos informativos em rodovias, terminais ferroviários, metrô, BRTs e aeroportos do Rio. O material reforçará a importância de se vacinar e os sintomas — os principais são mal-estar geral, febre, manchas pelo corpo, tosse e coriza.

As complicações mais comuns do sarampo são infecções respiratórias, otites, diarreias e doenças neurológicas. Essas complicações geralmente se instalam na fase da doença em que há manchas no corpo e podem deixar sequelas, como diminuição da capacidade mental, cegueira, surdez e retardo do crescimento. A doença pode levar à morte adultos e crianças.


O Globo quinta, 01 de agosto de 2019

PAN-AMERICANO: GINÁSTICA BRASILEIRA

 

O que o Brasil pode levar de seu desempenho recorde no Pan para o Mundial de Ginástica?

Modalidade comemora conquistas em Lima e mostra força para competição mais importante da temporada
 
 
Chico Barretto conquistou o ouro nesta quarta-feira Foto: Luis ROBAYO / AFP
Chico Barretto conquistou o ouro nesta quarta-feira Foto: Luis ROBAYO / AFP
 
 
 

A ginástica brasileira encerrou sua participação no Pan de Lima ostentando números consideráveis. Subiu 11 vezes ao pódio, com quatro ouros, quatro pratas e três bronzes, na melhor campanha do país na modalidade no evento. No total, igualou-se a Rio-2007, mas supera aquele desempenho em relação às medalhas conquistadas. Há 12 anos, foram quatro ouros, duas pratas e cinco bronzes.

— Estamos colhendo frutos de muito trabalho. A preparação foi pesada, difícil. E temos procurado melhorar a qualidade das séries — disse Barretto, que ontem levou mais um ouro, em dobradinha com Arthur Nory na barra fixa (Flávia Saraiva, com o bronze no solo; e Caio Souza, com a prata nas barras paralelas, completaram o dia).

 

Considerando que, há 20 anos, em Santo Domingo, na República Dominicana, os brasileiros conseguiram apenas três medalhas, a evolução é nítida. Ainda mais se a análise for sobre o time masculino. Naquela ocasião, todos os pódios foram das mulheres. Em Lima, a campanha brasileira foi capitaneada pelos homens, com oito conquistas (quatro ouros e quatro pratas).

É sempre importante ressaltar que o Pan não possui o nível de concorrência que os brasileiros encontrarão no Mundial de Stuttgart-ALE, em outubro, que vale vaga para Tóquio-2020. Mas eles levarão para a competição avanços significativos. Um deles é o preparo emocional para lidar com uma competição de alta visibilidade e no formato olímpico, em que os atletas ficam hospedados em uma vila.

 

— O Pan serve também para os atletas participarem de uma competição diante de um público grande e de toda a expectativa gerada para eles — destaca o coordenador-geral da Confederação Brasileira de Ginástica Henrique Motta.

Tão importante quanto foi o patamar das notas. Ainda que a avaliação dos jurados varie de torneio para torneio, as pontuações podem ser consideradas altas.

— Principalmente em barras, porque é um aparelho em que os jurados canetam (descontam pontos) bastante. E vimos que tiramos nota de nível mundial — comentou Nory. — Os Jogos Pan-Americanos são vistos. A presidente da federação internacional (de ginástica) estava aqui. A gente chega com outra cara para o Mundial. Mas temos que seguir trabalhando.

De todas as medalhas conquistadas, três mereceram o destaque do coordenador. O ouro de Barretto no  cavalo e a dobradinha de Caio Souza e Nory no individual geral. O primeiro, por mostrar evolução num tradicional ponto fraco do Brasil. O segundo, por se tratar de uma prova que exige domínio de todos os aparelhos.

Devido ao amplo leque de opções entre os homens, a comissão técnica utilizará a etapa de Praia Grande-SP para definir a equipe que participará do Mundial. Já as mulheres passam por situação oposta e lutam contra os desfalques. Se terão a volta de Jarde Barbosa, poupada no Pan, a presença de Rebeca Andrade já está descartada.


O Globo quarta, 31 de julho de 2019

BOLSONARO DIZ QUE NÃO MUDARÁ P JEITO DE SER

 

Bolsonaro diz que, mesmo após ataques, não vai mudar seu jeito de ser

Em conversa exclusiva com O GLOBO, Bolsonaro confirma que continuará falando à parcela da população mais conservadora e à direita, a primeira a aderir à sua candidatura
Presidente Jair Bolsonaro Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS
Presidente Jair Bolsonaro Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS
 
 
 

BRASÍLIA —O presidente Jair Bolsonaro tem um recado claro: ele não vai mudar. A repercussão negativa, e até críticas de aliados, a suas declarações nos últimos dias, com ataques a governadores do Nordeste e contestação de dados históricos da ditadura militar , estão longe de fazê-lo repensar o próprio comportamento. Em conversa exclusiva com O GLOBO, Bolsonaro confirma que continuará falando à parcela mais conservadora da população, a primeira a aderir à sua candidatura .

 
inRead invented by Teads— Sou assim mesmo. Não tem estratégia. Se eu estivesse preocupado com 2022 não dava essas declarações — afirmou Bolsonaro, ao ser questionado se as falas recentes são planejadas ou apenas resultado de impulsividade.

O presidente recebeu a reportagem em seu gabinete no terceiro andar no Palácio do Planalto após a cerimônia em que lançou um amplo processo de flexibilização de segurança e saúde do Trabalho. Depois de uma curta entrevista coletiva com jornalistas, Bolsonaro estava subindo a rampa que liga o Salão Nobre ao seu gabinete quando foi abordado pela reportagem, que pediu uma conversa com ele. Imediatamente, sem ouvir seus auxiliares da área de comunicação, pediu que os seguranças liberassem a repórter para acompanhá-lo.

LEIA : 'E você acredita em Comissão da Verdade?', questiona Bolsonaro

Planos para o garimpo

A conversa não pôde ser gravada. Na entrada do gabinete, os celulares tiveram que ficar guardados. Entretanto, Bolsonaro, que havia dito que não daria entrevista, emprestou a própria caneta Bic. Assim, suas declarações poderiam ser anotadas corretamente.

Como o encontro não estava previsto, a conversa, que durou 15 minutos, foi interrompida três vezes pelo ajudante de ordens para lembrá-lo que existiam outros dois compromissos à espera. Bolsonaro, mesmo com o alerta, deixou a conversa fluir e falou de vários assuntos, mesmo os incômodos. Afirmou que a imprensa o persegue, mas que não se importa mais.

 

— O dia que não apanho da imprensa eu até estranho — disse, rindo.

Hiperativo, o presidente revelou que acorda antes das 4h e começa disparar mensagens de WhatsApp a ministros e assessores. Alguns deles, contou, ganharam direito a toques especiais no celular: são os quatro ajudantes de ordens, que têm um alerta diferente para que Bolsonaro possa atendê-los o mais rapidamente possível.

Na defesa da exploração de áreas de garimpo pelo país, disse ter encomendado estudo ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, para criar “pequenas Serras Peladas” no Brasil, que poderiam ser exploradas tanto por grupos estrangeiros como por povos indígenas.

— Mas a fiscalização seria pesada. E índio também poderia explorar — promete.

Ao ser questionado a respeito de suas declarações sobre Fernando Santa Cruz , pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Bolsonaro voltou a se justificar, dizendo que a entidade atuou para que não se chegasse aos “mandantes da sua tentativa de assassinato”. Ele insiste que a quebra de sigilo telefônico de um advogado de Adélio Bispo de Oliveira daria um novo rumo à história. A medida não foi adotada por um recurso da Ordem. Bolsonaro disse que não recorreu da decisão da Justiça, que classificou seu agressor como inimputável porque, ao ser enquadrado como portador de Transtorno Delirante Persistente, Adélio estará agora em “prisão perpétua”.

 

— Porque eu ganharia (o recurso). Ele responderia por tentativa de homicídio. No máximo em dois anos estaria na rua. Agora, pela insanidade mental, é prisão perpétua.

Bolsonaro esquivou-se novamente de comentários aprofundados sobre o massacre no presídio de Altamira, no Pará, onde 58 detentos morreram, dos quais 16 foram decapitados, a maior carnificina em cadeias desde a registrada no Carandiru (SP) em 2001. Ele justificou que queria evitar “polêmica”.

— Já disse pela manhã na porta do Alvorada. Você estava lá? Pergunte às vítimas dos facínoras. Pergunte para elas o que acham, não vou criar polêmica — respondeu, confirmado com seus auxiliares o número total de vítimas.

O presidente disse que está conversando com grupos estrangeiros para transformar a Baía de Angra dos Reis, onde tem uma casa e chegou a ser multado no passado por pesca ilegal, no que ele vem chamando de “Cancún brasileira” . Segundo ele, empresários estão dispostos a investir “bilhões”, que gerariam empregos na região.

— Não vou dizer (quais são esses grupos). São conglomerados de países — afirmou, sinalizando, em seguida, que investidores de Emirados Árabes, Japão e Israel já teriam demonstrado interesse.

 

O desempenho no exterior de Eduardo Bolsonaro, seu filho deputado federal, é o assunto que mais o deixa, visivelmente, satisfeito. Para o presidente, cabe aos senadores aprovarem Eduardo como embaixador do Brasil nos Estados Unidos, mas ele está certo que o elogio feito nesta terça-feira pelo presidente americano , Donald Trump, o ajudará a conquistar os votos.

— A decisão é do Senado. Acho que a declaração do Trump hoje ajuda — disse.

Bolsonaro confirmou que está em franca aproximação com o presidente da Bolívia, Evo Morales, como visto durante a Cúpula do Mercosul, em Santa Fé, na Argentina, há duas semanas. Disse que o mandatário boliviano sorriu para ele, o que não tinha acontecido nem mesmo quando esteve em sua posse em janeiro. Afirmou ainda que os dois países buscam aproximação e que Morales demonstrou interesse em comprar um avião KC-390 da Embraer.

Quem manda

Questionado se a mudança de Morales não demonstra um caráter pragmático, que se adapta de acordo com as circunstâncias, Bolsonaro defendeu o boliviano.

— Não. Como eu disse hoje, todo mundo evolui — conta Bolsonaro, que usou Morales como exemplo para defender a sua tese contra as reservas indígenas. — Se na Bolívia um índio pode ser presidente, por que aqui tem que ficar confinado em uma uma área?

 

Nos quase 15 minutos de conversa, Bolsonaro deixou claro que quem manda é ele. O presidente tem uma agenda nesta quarta-feira de manhã em Anápolis (GO). A reportagem questionou, então, se ele pararia, como já vez em outra ocasião, para almoçar com caminhoneiros em uma rodovia. Um assessor disse que não, mas Bolsonaro o interrompeu:

— Não está previsto, mas, se tiver algo, eu aviso e muda na hora — justificou, confirmando que dá trabalho à equipe que cuida de sua proteção, subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

Bolsonaro encerrou a conversa quando os participantes da próxima reunião, incluindo o ministro Jorge Oliveira (Secretaria-Geral), entraram no gabinete.

Secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten pediu que fosse feita uma foto da conversa.

— Não precisa. Não vou constrangê-la — disse o presidente, recebendo de volta a caneta Bic emprestada à repórter.


O Globo terça, 30 de julho de 2019

FILHO DE MUSSUM RELEMBRA O PAI

 

"Se Mussum estivesse vivo o mundo estaria, pelo menos, mais divertido", diz filho do humorista dos Trapalhões, 25 anos após morte do ator

 

 

Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum, em foto tirada no dia 13 de junho de 1979

  *Bernardo Falcão

Centenas de fãs, amigos e parentes foram ao Cemitério de Congonhas, São Paulo, para se despedir do querido humorista Antônio Carlos Bernardes Gomes, conhecido no Brasil todo como Mussum, do quarteto Os Trapalhões. Após décadas proporcionando risadas com seu inesquecível personagem, o ator e músico morreu precocemente, aos 52 anos, no dia 29 de julho de 1994. "O Brasil perdeu um pouco de alegria", disse o colega Renato Aragão, o Didi. "Os Trapalhões estão ficando pequenininhos e mais tristes", lamentou Manfried Sant'Anna, o Dedé, referindo-se também à perda de Mauro Faccio Gonçalves, o Zacarias, quatro anos antes.

 Mussum sofria de problemas cardíacos e, no dia 13 de julho, foi submetido a um tranplante de coração, mas morreu semanas depois, por complicações derivadas da cirurgia. Hoje, 25 anos depois, o jeito malandro de seu personagem continua vivo, e não raramente circulam pelas redes sociais memes usando a imagem do humorista ou seu jeito de falar, terminando qualquer palavra com "is" ("Forévis", "cachacis", "bebadis"). Um dos filhos do comediante, o empresário Sandro Gomes é dono da cervejaria Brassaria Ampolis, dona de rótulos como Cacildis, Biritis, Forévis, em referência aos bordões do pai, cujo personagem não escondia a paixão pela bebida, que ele chamava de "biritis" ou "mé". Em conversa com o Blog do Acervo, Gomes, que tinha 17 anos quando Mussum morreu, falou sobre memórias de infância e sobre o legado do humorista.

 

Sandro Gomes é um dos sócios da Ambrassaria Ampolis, cervejaria criada em homenagem ao pai

 

Quais são as suas melhores memórias com o seu pai?

Sem dúvidas, a forma que ele tratava as pessoas, a forma de ele conversar e ser uma pessoa tão querida por todos. As pessoas adoravam receber meu pai nos lugares e trocar uma ideia com ele, pedir opinião. Ele era um imã. Era impressionante, não conseguia ficar sozinho em lugar nenhum. Era ele chegar em algum lugar que alguém já puxava a cadeira, "Posso sentar aqui um pouquinho?". Era uma pessoa essencialmente do bem, uma pessoa de energia muito boa.

 

Destaque de algumas fotos de Mussum ao lado de seus filhos e sua família

 

Como era o Mussum no âmbito familiar?

Ele era o Antônio Carlos, em alguns momentos ele era o Caco, o apelido dele dado por amigos mais chegados e familiares. Ele era de carne e osso como qualquer pai e qualquer marido. Então, cobrava muito os filhos em relaçao ao estudo e ao trabalho. Cobrava muita responsabilidade da gente. Ele era muito preocupado em dar para os filhos as oportunidades que ele nao pôde ter na vida. Era uma pessoa genial, um cara extremamente carinhoso, muito brincalhão, do bem. Mas, na hora da briga, também era um "sai de baixo". Cada um corria para um lado. 

 

Mussum ao lado de sua mulher Neila Gomes do filho Sandro Gomes

 

Como era a sua rotina em família, o que você lembra de fazer nas horas vagas com ele? 

Meu pai era uma pessoa que viajava muito, trabalhava igual doido fazendo shows pelo país todo, viajando de carro, avião, ônibus, com o pessoal. Ele curtia muito Angra dos Reis, era a fuga dele para desestressar. Chegava em casa, pegava a gente e "vambora viajar pra Angra". A gente brincava que era o descanso do guerreiro, porque era o lugar em que ele realmente relaxava. Ficava de short e descalço, passeando de barco. Ele amava viajar.

 

Os Trapalhões Renato Aragão, Mussum, Dedé Santana e Zacarias, em 4 de outubro de 1979

 

O que você mais admirava no seu pai?

Ele era extremamente justo. Assumia tudo. Os acertos e os erros. Não gostava de injustiça, de ser passado para trás. Ele se declarava como uma pessoa tão aberta e disposta a conversa que não aceitava ser traído. Recebia muitas ligações de amigos e até mesmo em casa pedindo a opinião dele justamente por isso, por confiar nele, sabendo que ele falaria a verdade doa a quem doer. Era uma pessoa extremamente confiável. Sempre foi muito amigo de todos. Dificilmente a gente conseguia sentar no restaurante nós quatro, em família. Era questão de tempo até sentar um, sentar dois, e quando a gente via o jantar tinha se tornado uma reunião de 20 pessoas, todo mundo trocando ideia e conversando. Ele nunca ficava de bico, de cara fechada com essas situações. Sabia muito bem a posição dele, o que ele representava.

 

Os Originais do Samba em foto tirada no Rio de Janeiro, em 26 de janeiro de 1971

 

 

E quem era o Mussum na música? Na sua opinião, ele era mais músico que humorista ou mais humorista que músico?

Ele era um músico que se tornou humorista e acabou tendo talento para fazer as duas coisas muitíssimo bem. Mas, o humor estava mais no sangue dele, na minha opinião. É dificil dizer. Ele era muito estudioso da música também. Por exemplo, ele que trouxe um banjo da Rússia e apresentou pro Almir Guineto aprender a tocar. Então, ele fazia tão bem as duas coisas e era um cara tão sério e reponsável com aquilo que ele se propunha a fazer, que seria injusto eu falar que ele era mais músico do que humorista ou vice-versa. O documentário dele, inclusive, fala isso. As pessoas sabem que ele era um ótimo humorista, mas poucos conheceram o talento dele como músico. Ele era muito regrado e não aceitava erro. Se desse qualquer coisinha de errado em um show, eles já estavam no dia seguinte ensaiando. 

 

Mussum durante apresentação com o grupo Os Originais do Samba

 

 Apesar de terem se passado 25 anos, Mussum ainda resiste no imaginário do brasileiro como uma figura positiva, alegre, etc. Por que você acha que isso se mantém depois de tanto tempo?

Ele era único. Eu estava há um tempo atrás treinando uma equipe para um quiosque da cervejaria no shopping Rio Sul que inaugura nesta segunda-feira (hoje). Um dos meninos que foram treinados para trabalhar lá tem 20 anos de idade e estava conversando comigo como se conhecesse o Mussum, batendo papo sobre o que ele sabia, sobre o que ele conhecia, etc. Óbvio que hoje a gente tem tudo na internet, e isso ajuda bastante, mas mostra como o Mussum era único, como ele era muito querido, sabe? O garoto nasceu cinco anos depois da morte do meu pai e mesmo assim o admira. Isso não tem preço.

 

Mussum durante a gravação de uma esquete para o programa Os Trapalhões, em 4 de outubro de 1979

O que Mussum diria se soubesse desse carinho das novas gerações por ele?

Era assim que meu pai gostaria de ser lembrado. Toda vez que eu converso com alguém e tocam no nome do Mussum é como se um sorriso já viesse à mente. Você sorri sem perceber e se lembra de alguma história engraçada ou de algum quadro dos "Trapalhões" que ficou marcado. Eu estou rodando o Brasil inteiro por causa do lançamento das cervejas, e é impressionante como sempre encontro alguém que conheceu, tirou foto ou bateu papo com ele. Em Belo Horizonte, um cara veio falar comigo: "Caramba, eu conheci seu pai em 1970 e poucos, e a gente ficou tomando cachaça num bar e conversando por horas". Sempre tem uma história dessas.

 

Os Trapalhões em apresentação no Rio de Janeiro, um ano após a morte de Zacarias, em 28 de Novembro de 1991

 

Apresentação dos Trapalhões para a chegada do Papai Noel no Maracanã, em 9 de dezembro de 1978

 

 25 anos sem Mussum. O Brasil, de uma maneira geral, está mais careta?

Eu, pessoalmente, acho que as coisas estão um pouquinho exageradas. É preciso achar um meio termo. Eu acho que o Mussum não pensaria diferente. Todo exagero é ruim. Óbvio que todos nós sabemos desses novos tempos e de todos os aspectos importantes em que a sociedade mudou, mas acho que precisamos de um meio termo também. O mundo hoje está um pouquinho careta, sim, não há como negar. Mas é claro que se ele estivesse aqui com a gente ele se adequaria ao mercado. É isso. Você se adequa ao mercado ou muda de carreira. Não adianta ficar dando murro em ponta de faca. Mas sabemos também que se o Mussum estivesse vivo o mundo estaria bem melhor, ou pelo menos mais divertido.

 

 Mussum durante gravação dos Trapalhões na TV Globo, no Rio de Janeiro, em 4 de outubro de 1979

 

 

 

 

Desfile da escola de samba Estação Primeira de Mangueira com o enredo "Atrás da verde e rosa só não vai quem já morreu" : humorista Mussum à frente da ala de baianas, em 13 de fevereiro de 1994

 

 

De todas as cervejas — Biritis, Cacildis, Ditriguis e Forévis —, qual você acha que seu pai mais gostaria e por quê?

Eu acho que a Cacildis (Premium Lager) certamente seria a do dia a dia. Nos outros rótulos a gente não quis ir no chute, tentamos ir na pegada do que ele curtia. Óbvio que na época não existiam essas cervejas especiais que existem hoje, porém a Forévis (Session IPA) seria uma que ele curtiria bastante também e a Ditriguis (Witbier) ele estaria curioso para provar. A Biritis (Vienna Lager) é uma cerveja mais gourmetizada que, como bom cozinheiro, ele também se interessaria. 

 

Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum, em foto tirada no dia 08 de março de 1988

 Daqui a 25 anos, como você espera que seu pai seja lembrado?

Espero que ele seja lembrado da mesma maneira que é visto hoje, com a ajuda da internet. É uma pessoa que só fez o bem, e é por isso que, mesmo após 25 anos, parece que ele se foi mês passado. A ideia da cervejaria também foi uma forma de eternizar o trabalho e a figura do Mussum. É uma forma de ter meu pai ao meu lado todos os dias, até porque eu respiro a marca e vivo em função dela. 


O Globo segunda, 29 de julho de 2019

MORRE A ATRIZ RUTH DE SOUZA, AOS 98 ANOS

 

Ruth de Souza teve trajetória marcada por pioneirismo e luta contra o preconceito

Ícone negra do teatro, da teledramaturgia e do cinema brasileiros, atriz morreu neste domingo (28), aos 98 anos
 
A atriz Ruth de Souza em 2018, posando para retrato durante uma entrevista ao GLOBO Foto: Leo Martins / Agência O Globo
A atriz Ruth de Souza em 2018, posando para retrato durante uma entrevista ao GLOBO Foto: Leo Martins / Agência O Globo
 
 
 

Dona Ruth de Souza, dama da teledramaturgia, do teatro e do cinema brasileiros, morreu numa manhã de domingo em que mulheres negras, suas herdeiras,marchavam sob o sol de Copacabana contra o racismo, por direitos. Estava internada com pneumonia havia uma semana, no Hospital Copa D’Or, no mesmo bairro. Partiu aos 98 anos, reconhecida e reverenciada por seus pares. Foi uma grande atriz. Foi uma grande atriz brasileira. Foi uma grande atriz negra brasileira. Foi uma grande atriz negra e ativista contra o preconceito racial no Brasil.

 

Filha de um agricultor e de uma lavadeira, nascida em 12 de maio de 1921 no Engenho de Dentro, subúrbio carioca, desbravou territórios até então inimagináveis para uma artista negra. Apaixonou-se pelo cinema ainda menina; foi atrás do sonho. Nos anos 1940, integrou-se ao Teatro Experimental do Negro, fundado por Abdias do Nascimento (1914-2011), ator, dramaturgo, escritor, artista plástico, ativista e político. Em 1945, tornou-se a primeira atriz negra a se apresentar no palco do Teatro Municipal, que frequentava desde muito jovem com ingressos que ganhava das patroas da mãe. Lá, onde participou da encenação de “O Imperador Jones”, do americano Eugene O’Neill, será velada nesta segunda-feira, das 10h às 16h. O sepultamento será no Cemitério São João Batista, Zona Sul do Rio.

 

‘Abriu todas as portas’

Pioneira é a palavra que melhor define Ruth de Souza. Como lembrou a atriz Taís Araújo em post numa rede social, ela veio antes de Chica Xavier, Léa Garcia e Zezé Motta: “Ela abriu todas as portas, ela escancarou essas portas”. Em 1947, foi premiada como atriz revelação na montagem de “O Filho Pródigo”, de Lúcio Cardoso (1912-1968). Estreou no cinema um ano depois. Na década de 1950, bolsista da Fundação Rockefeller, passou temporada nos Estados Unidos, onde estudou e pesquisou artes cênicas na American National Theater and Academy, na Karamu House e na Universidade de Harvard.

 

Participou de produções dos três principais estúdios brasileiros: Atlântida, Maristela Filmes e Vera Cruz. Com Sabina, personagem de “Sinhá Moça” (1953), foi a primeira brasileira indicada ao Leão de Ouro do Festival de Veneza. Disputou com Katherine Hepburn e Michele Morgan; perdeu para Lili Palmer. Atuou em radionovelas e nos teleteatros de Tupi e Record. Na TV Globo, foi a primeira negra a protagonizar uma novela, “A cabana do Pai Tomás” (1969).

Por duas vezes, em 1961, no teatro, e em 1983, numa minissérie, encarnou a escritora Carolina Maria de Jesus , autora de “Quarto de despejo – Diário de uma favelada”. Fez mais de 40 novelas, 33 filmes, dezenas de peças. Nunca deixou de denunciar a falta de oportunidades para artistas negros, confinados a papéis de escravizados, subalternizados ou coadjuvantes. No último carnaval, foi enredo da Acadêmicos de Santa Cruz, escola da Série A. Atravessou a Marquês de Sapucaí altiva e animada, sob a chuva.

Exerceu o ofício por mais de 70 anos. Nunca deixou de atuar. Participou este ano da série “Se eu fechar os olhos agora” , adaptação do romance de Edney Silvestre para a TV. Há duas semanas, esteve no set de “Tentáculos”, série com produção de Lui Mendes e direção de José Frazão, como lembrou Zezé Motta em post de despedida no Instagram.

O segredo do sorriso

A comoção pela morte da atriz inundou as redes. Artistas de gerações tão diferentes quanto Milton Gonçalves e Ícaro Silva; o cineasta Joel Zito Araújo e Lázaro Ramos; Flávio Bauraqui, Juliana Alves, Françoise Forton, Fabio Assunção lamentaram a partida.

Ruth de Souza tinha como marca o sorriso terno, franco, constante. De tão frequente, intrigava. O segredo eu descobri no privilégio de um tête-à-tête, em 2017, num encontro organizado pela então vereadora Marielle Franco em homenagem à atriz e à escritora Conceição Evaristo, na Câmara dos Vereadores do Rio. Ao posar para a enésima foto, olhar brilhante, dentes reluzentes, ela me segredou: “Alface. Eu digo alface e o sorriso aparece”. Nas seis letras de uma hortaliça trivial, o truque de uma atriz imensa, agora ancestralizada.

Dona Ruth de Souza não teve filhos biológicos. Mas deixou órfãs gerações de artistas brasileiros que hão de manter vivos seu legado, sua memória.


O Globo domingo, 28 de julho de 2019

ALIMENTOS QUE AJUDAM A AMENIZAR OS SINTOMAS DE ARTRITE E REUMATOIDE

 

Conheça os alimentos que ajudam a amenizar os sintomas de artrite reumatoide

 
O tratamento da doença é feito com remédios, exercícios físicos e mudança no cardápio
 
 
Sardinha é rica em ômega 3. Foto: Pixabay
Sardinha é rica em ômega 3. Foto: Pixabay
 
 
 

“Sentia muitas dores nas costas e articulações. Tenho artrite reumatoide. Ganhei muito peso e assim as dores nas articulações pioraram muito. Por isso, procurei uma nutricionista para perder peso. Descobri que, além de ajudar a emagrecer, existem alimentos que podem melhorar a dor da artrite’’. O relato é de Rosane Alves, de 60 anos, que foi apresentada a uma alimentação específica que a ajudou a amenizar os sintomas da doença. ‘‘Mas não é de um dia para o outro”, destacou.

 

A artrite reumatoide é uma doença crônica, autoimune e inflamatória. O tratamento é baseado em remédios contra a dor, como analgésicos e anti-inflamatórios. Fisioterapia, exercícios e terapia ocupacional também são indicados para fortalecer as articulações. Mas a alimentação pode contribuir para reduzir os sintomas, que são incapacitantes.

De acordo com a nutricionista Ana Paula Moura, há diversos alimentos que podem contribuir para amenizar as dores articulares.

— Um dos mais conhecidos é a couve. Por ser rica em cálcio e magnésio, minerais que, juntamente com a vitamina D, dão sustentação aos ossos, a couve é um dos vegetais mais recomendados para aliviar dores e inflamações nas articulações — diz a especialista.

A doença é desencadeada quando uma pessoa com predisposição genética entra em contato com algum fator ambiental capaz de ativar o sistema de proteção. O corpo começa a produzir anticorpos que atacam as próprias articulações.

— Temos mitos que cercam as pessoas com artrite reumatoide, como o consumo de glúten e lactose, que pensam ser alimentos inflamatórios. Só recomendamos a retirada destes itens caso a pessoa tenha alguma restrição, como a doença celíaca — explica Lícia Mota, coordenadora da Comissão de Artrite Reumatoide da Sociedade Brasileira de Reumatologia.

 

Inclua no cardápio

  • Sardinha, atum, salmão e arenque: São ricos em cálcio, atuam na sustentação óssea, são fonte de ômega 3 e têm propriedade anti-inflamatórias naturais, aliviando as dores
  • Azeite: Rico em antioxidantes, que protegem o organismo dos radicais livres e consequentemente de desenvolver outras doenças reumáticas
  • Abacate e linhaça: Fonte de ômega 3 e anti-inflamatório natural
  • Aveia: Rico em vitamina E e possui ação antioxidante
  • Castanha-do-pará, nozes e avelã: São ricos em zinco e possuem propriedades antioxidantes que potencializam a imunidade
  • Alho: Rico em alicina, composto anti-inflamatório e imunomodulador
  • Batata-doce: Rica em vitamina A , que fortalece o sistema imunológico
  • Brócolis: Rico em cálcio, como a couve
  • Banana: Rica em triptofano, precursor da serotonina, que melhora o humor. Quanto mais bem-estar, melhor é para os pacientes que sentem dor
  • Manga: Rica em betacaroteno e ácido gálico, potentes antioxidantes
  • Chá-verde: A epigalocatequina do chá verde já é estudada como um bom controlador das doenças reumáticas: como anti-inflamatório e pela diminuição do edema das articulações
  • Pimenta: Anti-inflamatório natural potente, aliviando as dores
  • Cereais integrais: Ricos em fibras, melhoram a função intestinal, eliminando mais substâncias nocivas ao organismo

O Globo sábado, 27 de julho de 2019

JOGOS PAN-AMERICANOS

 

O maior desafio do Pan 2019: empolgar os peruanos

Feriadão da Independência e rodízio de carros nas principais ruas de Lima têm atraído mais a atenção da população da capital
 
Empolga? Cerimônia de abertura dos Pan, realizada ontem no Estádio Nacional, teve referências à cultura peruana e show de fogos de artifício Foto: PEDRO UGARTE / PEDRO UGARTE/AFP
Empolga? Cerimônia de abertura dos Pan, realizada ontem no Estádio Nacional, teve referências à cultura peruana e show de fogos de artifício
Foto: PEDRO UGARTE / PEDRO UGARTE/AFP
 
 
 

Uma cerimônia com diversos elementos fazendo referência à cultura do Peru, incluindo até cavalos de uma raça típica do país, abriu na noite desta sexta os Jogos Pan-Americanos de Lima. Com o início oficial do evento, fica a expectativa para que as competições esportivas passem a despertar a atenção da população.

 

Em Lima, praticamente em todas as casas e edifícios se vê a bandeira do Peru. Pode parecer um nacionalismo incentivado pelo Pan, mas não há relação com o evento, e sim com as “Festas pátrias”, nome dado às comemorações pela Independência do país. Elas ocorrem nos dias 28 e 29, domingo e segunda, mas o feriadão já começou ao meio-dia de sexta, para que a população possa viajar para suas cidades de origem ou relaxar em destinos turísticos.

Os Jogos Pan-Americanos, em si, parecem não ser importantes para os peruanos. Ao menos até agora. Embora a imprensa local trate o evento com destaque (divide as manchetes com a eleição para a mesa diretora do Congresso, a ser realizada neste sábado), a população ainda não comprou a ideia. A campanha peruana do vice-campeonato na Copa América mobilizou mais pessoas. Durante os jogos da equipe de Paolo Guerrero, as ruas de Lima eram tomadas por torcedores a caminho de restaurantes, bares e, principalmente, praças onde telões transmitiam os jogos ao vivo.

Em razão das Festas pátrias, as ruas de Lima estão tomadas por bandeiras do Peru Foto: Rafael Oliveira
Em razão das Festas pátrias, as ruas de Lima estão tomadas por bandeiras do Peru Foto: Rafael Oliveira

Não por acaso, o presidente peruano Martín Vizcarra, quem abriu oficialmente os Jogos durante a cerimônia, escreveu em sua conta oficial no Twitter que "#Lima2019 é uma realidade". Em 2017, parte do Congresso e até mesmo da população defendia que o país abrisse mão de sediar a competição. O motivo era o estrago causado pelas chuvas torrenciais no norte do país. Naquele momento, ganhou força o argumento de que o Governo deveria direcionar todos os seus recursos para reparar os danos sofridos pelos moradores daquela região. Queriam, então, que o dinheiro destinado à organização do evento fosse remanejado.

 

Passados dois anos, o movimento contrário ao Pan perdeu força. Alguns políticos que defendiam o "não" ao evento até estiveram no Estádio Nacional do Peru durante a abertura oficial. Entre a população, no entanto, se a má vontade com a competição acabou, o que ficou parece ser apenas indiferença.

'Pico y paro'

Na última quinta-feira, a Plaza Mayor, a mais importante da cidade, estava fechada. É lá que foi posto o letreiro “Lima”, onde turistas e mesmo moradores podem tirar fotos no clima dos Jogos. O motivo do fechamento não tinha nada a ver com o esporte: próximo ao local, um grupo de motoristas de ônibus realizava uma manifestação. As linhas que dirigiam perderam a permissão para circular no Centro, e eles foram às ruas protestar. Para evitar que chegassem à praça, onde estão localizadas as sedes do governo nacional e da prefeitura, policiais cercaram os acessos. O que era para ser um local de fotos e de alegria, tornou-se um espaço vazio e frio.

A Plaza Mayor fechada ao público na véspera da abertura oficial do Pan Foto: Rafael Oliveira
A Plaza Mayor fechada ao público na véspera da abertura oficial do Pan Foto: Rafael Oliveira

O trânsito, aliás, virou motivo de insatisfação da população. Não o caos tradicional do tráfego, que parece não incomodar os limenhos, mas a política batizada de “pico y paro”: um rodízio de placas nas principais ruas da cidade, como o que já ocorre em São Paulo. O resultado, num primeiro momento, foi de aumento dos engarrafamentos e da insatisfação do povo, em especial dos taxistas e demais profissionais que trabalham com transporte.

 

É neste cenário que os Jogos surgem. Seu maior desafio é atrair a população e fazer com que os esportes olímpicos mobilizem os peruanos tanto quanto Guerrero e cia. Mas isso apenas a partir de terça-feira. Até lá, o protagonismo é exclusivo das “Festas pátrias”.

Neste sábado, o Brasil pode conquistar suas primeiras medalhas, nas maratonas feminina e masculina, a partir das 10h30. A ginástica artística feminina e o boxe estreiam. O Sportv 3 e Record News transmitem.

O repórter viaja a convite da PromPerú.

 


O Globo sexta, 26 de julho de 2019

INVASÃO DE CELULARES

 

Mesmo após confissão, PF não vê caso encerrado e aguarda laudos sobre invasão de celulares

Além das perguntas já respondidas pela PF nos últimos três dias, restam questões ainda não solucionadas que indicam o que ainda falta ser descoberto ou divulgado
 
 
Walter Delgatti Neto, um dos presos pela Operação Spoofing, confessou ter atuado nos ataques cibernéticos Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
Walter Delgatti Neto, um dos presos pela Operação Spoofing, confessou ter atuado nos ataques cibernéticos
Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
 
 
 

RIO — Apesar de o principal suspeito dos ataques hacker preso,Walter Delgatti Neto , tenha admitido em depoimento ser autor de invasões à contas de aplicativos de mensagens e telefones de autoridades, a Polícia Federal está longe de encerrar as investigações sobre o caso. A PF entende que ainda é necessário aguardar os laudos periciais e checar alguns dados para concluir a apuração.

Além das perguntas  já respondidas pela Polícia Federal nos últimos três dias,  restam questões ainda não solucionadas que indicam o que ainda falta ser descoberto ou divulgado, uma vez que o procedimento corre sob sigilo estabelecido judicialmente.

A PF ainda não informou se há informações concretas sobre se houve mandantes das invasões. Além dos  R$ 100 mil apreendidos pela PF na Operação Spoofing,   o que se sabe sobre as finanças dos suspeitos, até agora,  é que Gustavo Henrique movimentou R$ 424 mil que que entre abril e junho do ano passado e Suelen, por sua vez, movimentou R$ 203 mil entre março e maio deste ano. Para os delegados da PF, há incompatibilidade entre a movimentação financeira e as rendas declaradas dos dois.

 

LEIA : O que falta ser descoberto sobre os ataques ao Telegram de Moro e outras autoridades

Na decisão do juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, além de autorizar as prisões temporárias, o magistrado afirma que a incompatibilidade entre as movimentações financeiras e a renda mensal dos suspeitos torna necessário rastrear os recursos recebidos e movimentados por eles. Além dos sigilos bancários, o magistrado ainda determinou a quebra do sigilos telemático dos suspeitos.

Ainda não se sabe o que foi encontrado de indícios e provas nos e-mail e arquivos dos presos: Gustavo Henrique Elias Santos, Suelen Priscila de Oliveira, Danilo Cristiano Marques e Walter Delgatti Neto.

Além dos quatro suspeitos presos,  há outras seis pessoas possivelmente envolvidas no caso.  A PF apresentou ao juiz Vallisney de Oliveira um relatório de diligência no qual listou os e-mails destas seis pessoas, que estavam vinculados às contas dos usuários do sistema BRVOZ das quais partiram os ataques.

Com base nesse documento, a PF solicitou o afastamento do sigilo telemático desses e-mails, para acessar seu conteúdo e apurar se os outros alvos também estão envolvidos no caso. O magistrado autorizou a medida e determinou a quebra do sigilo telemático desses e-mails.

 

O Globo quinta, 25 de julho de 2019

PIRARUCU VIRA O PEIXE DA VEZ NA GASTRONOMIA

 

Pirarucu vira o peixe da vez na alta gastronomia

Salvo da extinção por manejo sustentável que envolve indígenas e ribeirinhos, o gigante amazônico ganha status de iguaria entre chefs cariocas
 
 
A pesca sustentável realizada pelo povo Paumari: só pescam em outubro e retiram no máximo 30% do total de peixes. E nada de cativeiro: o pirarucu é inteiramente selvagem. Foto: Marizilda Cruppe
A pesca sustentável realizada pelo povo Paumari: só pescam em outubro e retiram no máximo 30% do total de peixes.
E nada de cativeiro: o pirarucu é inteiramente selvagem. Foto: Marizilda Cruppe
 
 

A índia Daniele Paumari, de 16 anos, abre o sorriso quando fala do pirarucu. Na aldeia em que mora, em meio à Amazônia, o nobre peixe que pode passar dos 200 quilos é motivo de orgulho: é graças a essa espécie que o povo Paumari vê a chance de melhorar sua qualidade de vida e, ao mesmo tempo, garantir o equilíbrio ecológico da floresta. Eles conseguem isso a partir domanejo sustentável — só pescam em outubro e retiram no máximo 30% do total de peixes. E nada de cativeiro: o pirarucu é inteiramente selvagem.

 

É com olhar atento que a coordenadora do Programa de Manejo de Pesca do Instituto Mamirauá, Ana Cláudia Torres, abre o caminho para esse trabalho. Aos 38 anos, a amazonense filha de pescadores é mestre em Ciências Humanas e, com uma grande equipe, ajuda a aliar conhecimentos tradicionais de indígenas, quilombolas e ribeirinhos a técnicas científicas. Foi o Mamirauá que instituiu o manejo na Região Amazônica, 20 anos atrás.

Nas mãos da chef carioca Bianca Barbosa, de 34 anos, o peixe trazido à superfície pelos Paumari será transformado em pratos servidos no Aconchego Carioca e no Manda!, seu novo projeto. Uma receita já foi definida: sanduíche de pirarucu defumado no melado de cana.

A pesca do pirarucu selvagem: o peixe chega a ter 200 quilos Foto: Bernardo Oliveira
A pesca do pirarucu selvagem: o peixe chega a ter 200 quilos Foto: Bernardo Oliveira

Daniele, Ana Cláudia e Bianca representam três importantes elos de uma cadeia que liga a Amazônia ao Rio: as comunidades que pescam pirarucu de forma sustentável e legalizada; o corpo técnico que assegura a qualidade dessa pesca; e a gastronomia carioca, que começa a explorar a iguaria que — garantem os chefs — é melhor do que os estrangeiros salmão e bacalhau.

Esses três elos se cruzaram durante uma expedição amazônica no início deste mês. Nove chefs do Rio embarcaram em uma viagem de 36 horas de barco para chegar ao território indígena Paumari, uma das comunidades que manejam o pirarucu. A viagem foi uma das etapas do projeto “Gosto da Amazônia", iniciativa para ampliar o mercado do pirarucu selvagem e legal no Brasil, começando pelo Rio. Aliás, por aqui, a única peixaria que distribui esse pescado oriundo do manejo sustentável é a Só Peixe (2502-7885), na Cidade Nova.

 
Grupo com suas redes de pesca no Rio Tapauá esperando o melhor momento para capturar o pirarucu Foto: Marizilda Cruppe
Grupo com suas redes de pesca no Rio Tapauá esperando o melhor momento para capturar o pirarucu Foto: Marizilda Cruppe

O “Gosto da Amazônia" é uma parceria entre as instituições envolvidas no manejo, o Instituto Maniva — que reúne ecochefs — e o Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio (SindRio).

“Cozinhar é um ato político”, resume a chef Teresa Corção, que é presidente e fundadora do Maniva. “Trata-se, acima de tudo, de demonstrar respeito por quem está por trás do alimento. Quando você escolhe o produto que entra no restaurante, você puxa uma cadeia de mercado enorme”, diz ela.

O chef francês Frédéric Monnier prepara o pirarucu na floresta, usando folhas de bananeira Foto: Marizilda Cruppe
O chef francês Frédéric Monnier prepara o pirarucu na floresta, usando folhas de bananeira Foto: Marizilda Cruppe

Se, na década de 1990, o pirarucu estava ameaçado de extinção por causa da pesca predatória, agora sua população chega a 10 mil apenas nas terras Paumari. Tudo graças ao manejo, que tem por trás o Instituto Chico Mendes (ICMBio), e à vigilância que os povos tradicionais fazem do território para impedir que outras pessoas pesquem de forma ilegal. E, como essa espécie de peixe é considerada um “guarda-chuva” para outros animais, o aumento da sua população fez crescer também o número de tartarugas, peixes-boi e outras espécies.

Além de Teresa, que comanda o restaurante O Navegador, foram à Amazônia os chefs Ana Pedrosa, Ana Ribeiro (ambas chefs consultoras), a já citada Bianca Barbosa, Andressa Cabral (Meza Bar), Frédéric Monnier (chef embaixador da comida francesa no Senac), Jéssica Trindade (Chez Claude), Marcelo Barcellos (Barsa) e Ricardo Lapeyre (Laguiole Lab).

 

Na viagem, o grupo provou o peixe feito pelos indígenas e cozinhou um banquetaço para a aldeia. Prepararam a iguaria com arroz, em tiraditos, ensopado e assado na folha de bananeira.

Troca troca de sabedorias: chefs provaram o peixe feito pelos indígenas e, em seguida, cozinharam para a aldeia Foto: Marizilda Cruppe
Troca troca de sabedorias: chefs provaram o peixe feito pelos indígenas e, em seguida, cozinharam para a aldeia
Foto: Marizilda Cruppe

“O pirarucu é versátil e fácil de consumir: eu defino como um cherne de água doce sem gosto de terra”, destaca Marcelo Barcellos, que já adianta um novo prato do menu do Barsa, no Cadeg: moqueca de pirarucu. É nessa linha também que aposta Teresa, ao incluir em O Navegador, no Centro, uma moqueca do peixe com pirão de tucupi. Já no Meza Bar, em Botafogo, Andressa introduzirá o pirarucu defumado com purê de banana.

Outros chefs estão agora terminando os testes para bater o martelo sobre qual receita incluir, mas todos servirão aos clientes pratos com pirarucu, e já definiram onde serão os festejos em torno da chegada do gigante amazônico: no Rio Gastronomia, que acontece de 16 a 25 de agosto, no Píer Mauá. Lá, haverá um quiosque especializado em receitas de pirarucu e uma barraca de itens amazônicos na feira de produtores.

A repórter viajou a convite da Operação Amazônia Nativa (Opan) e do Projeto Cadeias de Valor Sustentáveis (USFS/ICMBio).

RECEITAS COM PIRARUCU

Arroz de pirarucu

INGREDIENTES

1 quilo de arroz 
1 quilo de pirarucu  seco  dessalgado 
1/2 litro de leite  de  castanha 
3 cebolas médias 
100g de gengibre 
50g de alho 
120g de castanha de cajú 
30ml de óleo  de  soja 
Sal a gosto 
40g de pimenta  de  cheiro1/2 cebolinha 
4 folhas de louro 
Mix  de  especiarias 
Caldo  de  peixe  
Chicória  do  norte

 

MODO  DE  PREPARO

Bater  no  liquidificador o leite de castanha, gengibre, cebola, alho e as castanhas de cajú. Reservar. 
Refogar  o  arroz  com  cebola picada, louro e óleo. 
Cobrir com o caldo de peixe e deixar cozido ao dente. 
Aquecer o creme de castanha em uma panela, juntar o peixe e as pimentas picadas, o mix de especiarias e deixar ferver. 
Juntar o arroz para terminar a cocção e finalizar com a cebolinha e a chicória do norte. 
Verificar o sal e servir bem caldoso e quente. 

Tiradito de pirarucu

INGREDIENTES

1 quilo de lombo  de  pirarucu

Para o molho: 
2 colheres de sopa  de  tucupi 
Suco  de  5 limões 
1 colher de chá de sal  do himalaya 
6 pimentas   frescas  variada (cortadas em  cubinhos  bem  pequenos) 
Folhas  de  coentro,  sem  o talo  central  e cortada  bem fina. 
4 colheres de sopa  de  leite  de  castanha 
1 cebola  roxa  pequena  
Pitada  de  açúcar

 

MODO  DE  PREPARO

Cortar o lombo  verticalmente  em  fatias  de  1cm  de  espessura,  como  se  fosse  para sashimi. 
Reservar  na  geladeira.Misturar  com o molho  e colocar  o peixe para  marinar por  2 horas. 

Ensopado de pirarucu

INGREDIENTES

1 quilo de lombo  de  pirarucu  cortado  em  cubos  médios 
1,5 l de leite  de  castanha  
250g de tomate 
20g de alho 
200g de cebola 
Sal  a gosto 
2 colheres de chá de aneto 
2 pimentas de cheiro 
1 molho de cebolinha 
1 colher  de chá de coloral 
Azeite 
50g de hadock

MODO  DE  PREPARO

Numa panela  refogar  no  azeite  o  tomate, a cebola, o alho, coloral, pimenta  de cheiro, o aneto. 
Juntar  o  leite  de  castanha,  deixar  ferver para incorporar  os  temperos,  acrescentar o peixe e cozinhar  por  10 minutos. 
Colocar  a cebolinha  e  servir.   


O Globo quarta, 24 de julho de 2019

FGTS: TIRE SUAS DÚVIDAS SOBRE OS SAQUES

 

Tire suas dúvidas sobre os saques do FGTS

Confira os detalhes sobre o plano elaborado pelo governo para injetar recursos e aquecer a economia
 
 
O governo vai anunciar a liberação dos saques do FGTS na quarta-feira Foto: Divulgação-Caixa Econômica Federal
O governo vai anunciar a liberação dos saques do FGTS na quarta-feira Foto: Divulgação-Caixa Econômica Federal
 
 
 

BRASÍLIA -  O governo anuncia nesta quarta-feira duas  grandes medidas para flexibilizar o acesso ao FGTS, que devem injetar R$ 42 bilhões na economia até 2020,segundo confirmou na terça-feira o ministro da Economia, Paulo Guedes . Primeiro, neste ano, trabalhadores poderão retirar até R$ 500 de cada conta que possuírem no Fundo. Essa autorização será só para este ano e gerará o maior impacto na economia, de R$ 28 bilhões. Será possível sacar das contas inativas e também das ativas, as do atual emprego.

 

Valores:   Saiba como consultar o extrato de FGTS, antes de governo liberar parte das contas ativas

A outra medida é mais estrutural e tem impacto estimado em R$ 12 bilhões. A partir do ano que vem, entrará em vigor um novo modelo, que permitirá que trabalhadores saquem uma parcela do que têm no FGTS todo ano. O percentual deve variar de 10% a 35%, sendo que quem tem mais dinheiro poderá sacar uma fatia menor dos recursos aplicados. As retiradas seriam autorizadas sempre no mês de aniversário do trabalhador, com dois meses de tolerância — quem nasceu em abril, por exemplo, teria até junho para fazer o saque.  

Quem optar por essa modalidade, no entanto, abre mão da possibilidade de sacar todo o dinheiro depositado no Fundo quando for demitido sem justa causa. Será permitido ao trabalhador voltar para o sistema antigo, mas apenas  depois de 25 meses.  A multa de 40% sobre o saldo, no entanto, continuará a ser paga em qualquer situação.

De acordo com dados do último relatório de gestão do fundo, de 2017, utilizado pelo governo para o estudo das regras de liberação de saque, as contas vinculadas do FGTS com saldo na faixa de até um salário mínimo (R$ 998) correspondem a 84% do número de contas , mas detêm somente 5,84% do saldo.

 

Veja a seguir os detalhes sobre o plano elaborado pela equipe econômica.

Quem tem direito?

Todos que têm contas no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), sejam inativas ou ativas. Contas inativas são aquelas que ficam paradas, sem possibilidade de movimentação, quando o trabalhador pede demissão. Já as ativas reúnem os depósitos feitos pelo empregador atual. Em 2017, o governo do ex-presidente Michel Temer liberou os saques apenas das contas inativas.

Como vai ser o saque?

Serão dois tipos de saque. Neste ano, o governo permitirá que todos retirem até R$ 500 por conta ativa e inativa de FGTS, de uma vez só. Essa medida deve injetar R$ 28 bilhões na economia ainda em 2019. A partir de 2020, as retiradas poderão ser anuais. O trabalhador poderá sacar valores do Fundo na data de aniversário (saque-aniversário) ou até dois meses depois. Neste caso, o limite não será mais de R$ 500. O valor autorizado será um percentual do saldo por CPF (soma de todas as contas vinculadas de cada pessoa), que vai variar de 10% a 35%. Quanto maior o saldo, menor será o percentual liberado para retirada. No ano que vem, esse novo saque deve movimentar R$ 12,5 bilhões.

Na liberação deste ano, se eu tiver mais de um conta, posso sacar de todas?

Sim. O limite de R$ 500 é por conta vinculada, e não por pessoa. Ou seja, se o trabalhador tiver três contas de FGTS, poderá sacar até R$ 1.500 (R$ 500 de cada).

 

Sou obrigado a fazer o saque-aniversário em 2020?

Não, o saque-aniversário não será obrigatório. Quem quiser poderá permanecer na modalidade atual.

Carteira de trabalho Foto: Agência O Globo
Carteira de trabalho Foto: Agência O Globo

 

Se eu optar pelo saque-aniversário, não posso mais voltar atrás?

Pode, mas só depois de um período. O trabalhador que optar por este modelo terá de ficar nele por 25 meses (pouco mais de dois anos). Assim, se escolher o saque anual em 2020, por exemplo, só poderá voltar para a modalidade antiga em 2022.

Se eu optar pelo saque-aniversário e for demitido sem justa causa, posso sacar todo o FGTS?

Não. Quem escolher o novo modelo não poderá movimentar todo o Fundo em caso de demissão. Os saques continuarão sendo anuais, restritos a um percentual. Se quiser mexer no total dos recursos, terá que esperar completar os 25 meses e voltar à modalidade antiga. As outras possibilidades de saque, no entanto, continuam válidas.

 Hoje, além dos casos de demissão, é possível fazer retiradas do FGTS para comprar a casa própria, na aposentadoria ou caso o trabalhador seja portador de doença grave, como câncer e HIV. Essas possibilidades continuam válidas, mesmo que seja feita a opção pelo saque-aniversário.

Se optar pelo saque-aniversário e for demitido, ainda recebo a multa de 40% sobre o fundo?

Sim. A medida do governo não vai mexer nessa regra, que prevê uma indenização de 40% sobre o saldo do Fundo, pago pelo empregador ao empregado demitido.

Se eu tirar esse ano, posso tirar no ano que vem?

Sim. São medidas em duas frentes diferentes. A liberação de saques de até R$ 500 neste ano será pontual e não interfere na liberação de aniversário.


O Globo terça, 23 de julho de 2019

MANU GAVASSI COMENTA DIFICULDADE DE ENCONTRAR O CARA LEGAL

 

Manu Gavassi comenta dificuldade em encontrar 'cara legal': 'Intimidados com a minha segurança'

Atriz também conta que sofria bullying na escola e fala sobre novo filme
 
 
Manu Gavassi vai estreiar filme no próximo dia 22 Foto: Divulgação/Ítalo Gaspar
Manu Gavassi vai estreiar filme no próximo dia 22 Foto: Divulgação/Ítalo Gaspar
 
 
 

Manu Gavassi é do tipo que podemos classificar como "gente como a gente". Aos 26 anos e com uma carreira de sucesso, ela também tem encontrado dificuldade para se relacionar. Tanto que, recentemente, usou as redes sociais para fazer o seguinte desabafo: "Não dá mais para ser hétero no Brasil".  Em entrevista ao site da Revista Ela , Manu explicou a afirmação: "está difícil porque não tem cara legal . Os que tem estão namorando ou se sentem intimidados com a minha segurança, aparentemente".

 

Desde que a atriz soltou o tal desabafo, começaram a especular se ela seria bissexual, ignorando a ironia por trás da frase. Por isso, ela acha pertinente deixar claro que é heterossexual. "Grande parte do meu público (e dos meus amigos) são gays ou bissexuais e a última coisa que eu quero é que pareça que estou sendo oportunista com esse tema que respeito tanto", esclarece. "Falei que está difícil arranjar caras héteros legais, porque isso é um fato. Todo mundo sabe."

Como uma jovem cheia de pontos em comum com a sua geração, Manu também não passou ilesa pelo bullying. "Sofri, por seis meses, quando mudei do colégio em que estudei durante a infância para outro maior. Tinha 13 anos e tive até que mudar dessa escola depois, porque um grupo de meninas resolveu me ridicularizar e me excluir sem motivo algum. Foi bem difícil. Nessa idade, ainda não temos muita segurança para lidar com esse tipo de coisa", recorda-se. "Eu lembro de ter o pensamento 'vou pegar o meu lanche e comer no banheiro para ninguém perceber que eu não tenho com quem me sentar no recreio'. Bem clichê, né? Mas aconteceu e eu tive que mudar de escola."

Por sorte, segundo ela, o problema durou pouco. "Tenho boas lembranças da escola, no geral", diz. "Mas, depois, eu cresci e aprendi a me posicionar. Entendi o quanto isso era errado."

Ao contrário do que muita gente pode pensar, Manu também não foi sempre do tipo "popular" na escola. "Comecei a trabalhar na adolescência. Então, mudei muito de escola. Quando era mais novinha, antes da adolescência, era bem líder. Em compensação, na adolescência, era mais reclusa. Mudei para um colégio grande e tinha poucas (e boas) amigas. Mas longe de ser popular. Eu não era convidada para as festas, por exemplo. E quando era, não ia. Estava mais preocupada com meu trabalho do que com minha vida social na escola."

Manu caracterizada como Melina, personagem que interpreta no longa
Manu caracterizada como Melina, personagem que interpreta no longa "Socorro, virei uma garota!"
Foto: Divulgação/Paprica Fotografia

 

Um pouco diferente de Melina, personagem que ela interpreta no longa "Socorro, virei uma garota!”, que estreia no próximo dia 22. O filme conta a história de Júlio (Victor Lamoglia), tímido e apaixonado por Melina, que, por sua vez, não dá a mínima para ele. Um dia, ele vê uma estrela cadente no céu e faz o pedido de ser a pessoa mais descolada da escola. Júlio acaba se transformando em Júlia (Thati Lopes) e, só assim, se aproxima da Melina.

 

"Ela não é uma patricinha estereotipada", adianta Manu sobre o papel. "É uma menina verdadeira, gente boa e tranquila. Acho que ela é considerada patricinha por ser popular e ter grana. Mas a personalidade dela não é afetada, então eu usei muito de mim nela."

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O Globo segunda, 22 de julho de 2019

RIO GASTRONOMIA: INGRESSOS JÁ ESTÃO À VENDA

 

Rio Gastronomia: ingressos já estão à venda

Evento ocupa Píer Mauá a partir de 16 de agosto com o melhor da culinária carioca
 
 
Rio Gastronomia ocupa os Armazém 3 e 4 do Píer Mauá a partir de 16 de agosto Foto: Leo Martins / Agência O Globo
Rio Gastronomia ocupa os Armazém 3 e 4 do Píer Mauá a partir de 16 de agosto Foto: Leo Martins / Agência O Globo
 
 

Comer é a maior diversão. E entre os dias 16 e 18 e 22 e 25 de agosto, os Armazéns 3 e 4, do Pier Mauá, vão se transformar no centro de entretenimento mais gostoso da cidade durante a 9ª edição do Rio Gastronomia. Aulas e encontros com chefs renomados, quiosques de restaurantes premiados, food-trucks, food-bikes e feiras de pequenos produtores e de cachaças produzidas no estado vão esquentar o caldeirão de sabores de frente para a Baía de Guanabara, com uma grande área de convivência ao ar livre. Para garantir o seu lugar na festa, é preciso comprar ingresso através dosite do evento , e as vendas já estão abertas.

 

 

Realizado pelo GLOBO com apresentação do Sesc RJ e do Senac RJ, o Rio Gastronomia tem patrocínio master de Santander e patrocínio de Stella Artois, Pão de Açúcar, Coca-Cola e Vivo. O evento tem ainda o apoio de Azeite Andorinha, Naturgy, Gosto da Amazônia, Unimed-Rio, Amázzoni Gin e Magnésia de Phillips Tabs, Orfeu Cafés Especiais como Café Oficial e parceria com Sindicato de Bares e Restaurantes (SindRio).

Ingrediente fundamental para o sucesso do evento são as aulas com os chefs e profissionais da área. É a oportunidade de ficar mais próximo — e aprender alguns segredos — de craques como Alberto Landgraf, do Oteque, e Nello Cassese, do Cipriani. Para participar das aulas, que acontecem nos auditórios Senac e Santander, é só fazer a inscrição lá mesmo, uma hora antes do encontro. Veja destaques do evento.

Uma novidade deste ano é o Papo de Cozinha, atividade com conversas mais informais,que acontecerá na área comum do evento, sem necessidade de pegar senha. É só chegar junto.

Para quem não quer ficar só na conversa, a dica é se inscrever nas aulas práticas que acontecem no Espaço Mesa Brasil Sesc e o Cozinha Mão na Massa Senac, em que, como o nome sugere, o público prepara as receitas.

Rafa Costa e Silva, do prestigiado Lasai, comanda atividade na Cozinha Mão na Massa Foto: Mônica Imbuzeiro / Agência O Globo
Rafa Costa e Silva, do prestigiado Lasai, comanda atividade na Cozinha Mão na Massa
Foto: Mônica Imbuzeiro / Agência O Globo

 

 

Outro ponto alto do evento é proporcionar ao público a oportunidade de provar a comida de restaurantes premiados, a preços mais acessíveis. E o time de cozinheiros presente é de altíssimo nível. Um dos principais nomes da nossa gastronomia, Rafa Costa e Silva é um deles. O chef do Lasai estará à frente de um dos 18 restaurantes, 14 food-trucks e seis bikes que vão aportar por lá. A lista de quiosques bacanas inclui o Chez Claude, de Claude Troisgros, o Oia, de comida mediterrânea, sob o comando de Elia Schramm, e o Nolita, famoso pelos doces extravagantes. Veterano de participações no evento, Pedro de Artagão vai levar o Grupo Irajá completo, com pratos de Irajá, Formidable, Cozinha Artagão, Azur e Al Fresco. O boteco japonês Kō Bā Izakaya, a Curadoria, referência em charcutaria, e o Tutto Nhoque estão entre os estreantes. A lista inclui o quiosque de comida saudável e vegetariana So.Ga Beach, em São Conrado, vencedor da edição 2019 do concurso Sabores da Orla, e Aconchego Carioca.

Feira de Sabores reúne pequenos produtores: provinhas fazem sucesso Foto: Mônica Imbuzeiro / Agência O Globo
Feira de Sabores reúne pequenos produtores: provinhas fazem sucesso Foto: Mônica Imbuzeiro / Agência O Globo

 

Tradição no Rio Gastronomia, a Feira de Sabores é um secos e molhados gourmet, com o que há de melhor em produção no estado. E como a gente não quer só comida, a Feira de Cachaças vai reunir alguns dos melhores alambiques do Rio, famoso pelas suas branquinhas (ou amarelinhas) artesanais. O que não falta é bom motivo para brindar.


O Globo domingo, 21 de julho de 2019

BOLSONARO DIA QUE NÃO SE REFERIU AOS NORDESTINOS COM O TERMO PARAÍBA

 

Bolsonaro diz que não se referiu aos nordestinos com o termo 'paraíba'

Presidente afirmou que se refeiriu apenas aos governadores da Paraíba e do Maranhão no comentário feito em conversa com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni
 
 
O presidente Jair Bolsonaro durante entrevista Foto: Marcos Corrêa / Presidência
O presidente Jair Bolsonaro durante entrevista Foto: Marcos Corrêa / Presidência
 
 
 

BRASÍLIA — O presidente JairBolsonaro disse, na tarde deste sábado, ao sair do Palácio da Alvorada, que suas declarações sobre 'governadores de paraíba' foram mal interpretadas. Bolsonaro disse que sua intenção era se referir ao governador do Maranhão, Flávio Dino , e ao da Paraíba, João Azevêdo , e não ao povo nordestino.

 

— Eu fiz uma crítica ao governador do Maranhão e da Paraíba, vivem esculhambando obras federais, que não são deles, são do povo. A crítica que eu fiz foi aos governadores, nada mais. Em três segundos, vocês da mídia fazem uma festa. Eles são unidos, eles têm uma ideologia, perderam as eleições. Tentam o tempo todo, através da desinformação, manipular eleitores nordestinos. O parlamento não é tão raso como estão pensando.

Perguntado se o termo “paraíba” não foi uma crítica ao nordeste, ele disse:

— A maldade tá no coração de vocês. Tenho tanta crítica ao nordeste que casei com a filha de um cearense.

Na sexta-feira, o presidente usou o termo "paraíba" ao se referir aos governadores. "Daqueles governadores de 'paraíba', o pior é o do Maranhão; tem que ter nada com esse cara", afirmou o presidente durante conversa com o ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni.

Ao ser questionado por uma jornalista sobre a declaração, Bolsonaro disse:

— Se eu chamar você de feia agora, todas as mulheres do Brasil estarão contra mim. Eles acham que o Nordeste é uma massa de manobra. Na verdade, a imprensa brasileira está com saudade do PT e do Lula.

 

 

Pelo Twitter, Flávio Dino escreveu ontem que, "independentemente de suas opiniões pessoais, o presidente da República não pode determinar perseguição contra um ente da Federação". "Seja o Maranhão ou a Paraíba ou qualquer outro Estado. 'Não tem que ter nada para esse cara' é uma orientação administrativa gravemente ilegal", argumentou.


O Globo sábado, 20 de julho de 2019

SOBREMESAS PARA COMPARTILHAR

 

Sobremesas para compartilhar animam os menus de férias

 

 

Doces momentos para dividir com amigos nesta temporada
 
 
 
Ráscal. Everest: quatro bolas de sorvete de creme, suspiro, morango, framboesa e chantilly Foto: Divulgação
Ráscal. Everest: quatro bolas de sorvete de creme, suspiro, morango, framboesa e chantilly Foto: Divulgação
 
 
 

Férias têm sabor doce. E se as sobremesas forem grandes o suficiente para compartilhar com amigos, fica tudo ainda mais saboroso. A sobremesa campeã do Guimas, na Gávea, é a taça que leva o nome do restaurante (R$ 27), com generosas bolas de sorvetes de creme e de chocolate, farofa de amêndoas e calda quente de chocolate. Acompanha lápis de cera para colorir.

 

Quase todas as sobremesa do Nolita, na Barra, são para compartilhar. Para grupos grandes, de até dez pessoas, a pedida é o extravaganza ice ice baby (R$ 98), uma festa à mesa: 11 bolas de sorvete da casa, pão de ló de chocolate, creme de avelã, dois cookies recheados, mix de guloseimas e casquinha de sorvete.

Para comer com as mãos, a Adega Santiago, na Barra, tem o churros de doce de leite (R$ 29): são quatro minichurros com um pote de doce de leite para chuchar à vontade.

Pegando leve, mas sem perder o sabor, a dica no .Org, na Barra, é o sanduba de cookie (R$ 34), com creme de avelã, chocolate branco e farofa de churros.

Banana Jack.. Brownie vulcano: brownie e blondie, montados em camadas, recheados com trufas de banana e conhaque, com sorvete empanado e castanha de caju, molho de baunilha e chocolate quente. Foto: FILICO / Divulgação
Banana Jack.. Brownie vulcano: brownie e blondie, montados em camadas, recheados com trufas de banana e conhaque,
com sorvete empanado e castanha de caju, molho de baunilha e chocolate quente. Foto: FILICO / Divulgação

Se a ideia for liberar geral, o Banana Jack é o lugar, e a sobremesa é o brownie vulcano (R$ 34,90): brownie e blondie, montados em camadas, recheados com trufas de banana e conhaque, com sorvete empanado e castanha de caju, molho de baunilha e chocolate quente.

Nada de uni-duni-tê na hora de sobremesa. Na Assador Rio’s, o creme brulée ganhou trilogia (R$ 42), nos sabores baunilha, limão-siciliano e doce de leite. Da França para Portugal, a taça de natas do céu (R$ 20), do Barra Grill, na Barra, é uma viagem à terrinha. Para mergulhar nos sabores peruanos, o Lima tem a Dulce Degustación (R$ 44), com churros morados, mousse de graviola, suspiros de limeña e Opera de lucuma, um pão de ló de chocolate com ganache de chocolate e café e creme de lucuma, fruta tradicional do país.

 

O nome Everest (R$ 21) é perfeito para essa sobremesa do Ráscal, no Leblon: quatro bolas de sorvete de creme , suspiro, morango, framboesa e chantilly. Uma montanha de sabor.

Como o nome já entrega, o grand gateau (R$ 28), do Rayz, em Ipanema, vem com sorvete de creme, calda quente de chocolate e dá para dividir por até quatro pessoas. É para ir sem pressa porque a sobremesa leva 20 minutos para ficar pronta.

L’Atelier Mimolette: Le Grand Finale tem uma provinha de cada um dos hits das sobremesas da casa: profiteroles, pavlova e tarte tartin. Foto: Divulgação
L’Atelier Mimolette: Le Grand Finale tem uma provinha de cada um dos hits das sobremesas da casa: profiteroles,
pavlova e tarte tartin. Foto: Divulgação

Os indecisos vão se fartar no L’Atelier Mimolette, em Ipanema, com o Le Grand Finale (R$ 85), com uma provinha de cada um dos hits das sobremesas da casa: profiteroles, pavlova e tarte tartin.

Um clássico de mais colheres é o profiteroles. No Malta, no Jardim Botânico, os bolinhos recheados com sorvete de creme recebem um banho de calda quente de brigadeiro (R$ 30).

E para terminar em pizza doce, o Pappa Jack Leblon tem a delícia de leite (R$ 49,80), com camada dupla de doce de leite, amêndoas e gotas de chocolate belga branco.

ONDE COMER

  • .Org Bistrô: Av. Olegário Maciel 175/loja G, Barra —2493-1791.
  • Assador Rio’s: Av. Infante Dom Henrique, Aterro —3090-2208.
  • Banana Jack: Rua Jangadeiros 6, Ipanema —2521-9055.
  • Barra Grill Steakhouse: Av. Ministro Ivan Lins 314, Barra — 2493-6060.
  • Guimas: Rua José Roberto Macedo Soares 5, Gávea — 2259-7996.
  • L’Atelier Mimolette: Rua Garcia D'Ávila 151, Ipanema —3042-0886.
  • Lima Cocina Peruana: Rua Visconde de Caravelas 89, Botafogo —3647-3411.
  • Malta: Rua Saturnino de Brito 84, Jardim Botânico — 3269-4504.
  • Nolita: Village Mall, 2º piso. Av. das Américas 3.900, Barra — 3252-2678.
  • Pappa Jack Leblon: Av. Ataulfo de Paiva 1.060, Leblon —3005-1234.
  • Ráscal: Rio Sul, 1º piso. Av. Lauro Sodré 445, Botafogo – 3873-0339.
  • Restaurante Rayz: Rua Prudente de Moraes 416, Ipanema — 2522-0827.

O Globo sexta, 19 de julho de 2019

ANA MARCELA CUNHA É TETRACAMPEÃO MUNDIAL NA MARATONA AQUÁTICA DE 25 KM

 

Ana Marcela Cunha é tetracampeã mundial na maratona de 25 km

Na última terça-feita, a brasileira já tinha conquistado o primeiro lugar da prova de 5 quilômetros
 
 
Ana Marcela Cunha prova de 25km Foto: KIM HONG-JI / REUTERS
Ana Marcela Cunha prova de 25km Foto: KIM HONG-JI / REUTERS
 
 
 

A brasileira Ana Marcela Cunha conquistou, na madrugada desta sexta-feira, o título de tetracampeão na maratona aquática de 25 quilômetros em Gwangju, na Coreia do Sul. Na última terça-feita, a brasileira conquistou o primeiro lugar da prova de 5 quilômetros. A medalha é a 11ª da brasileira na história dos Mundiais de Esportes Aquáticos e o 12º em Mundiais na carreira.

A baiana levou o ouro com o tempo de 5h08m03s.  A segunda posição ficou com a alemã Finnia Wunram, que chegou oito segundos atrás. A francesa Lara Grangeon levou o bronze.

A história de Ana, no entanto, é muito anterior ao ciclo de grandes conquistas, e passa também, por uma decepção na Olimpíada do Rio, onde Ana Marcela era uma das mais cotadas ao pódio na prova de 10km, única distância da maratona aquática presente nos Jogos, mas chegou apenas na décima posição

Embora seja uma atleta multicampeã em mundiais, Ana Marcela ainda carrega o peso de não ter conquistado a tão sonhada medalha olímpica, e se cobra por isso. Seja pela frustração de não ter conseguido uma vaga para os Jogos de Londres, em 2012, ou pelo mal desempenho no Rio, três anos atrás, Ana nunca escondeu que a medalha olímpica é um objetivo que ainda falta na carreira, e após o 5º lugar na Coreia do Sul, ela terá mais uma chance nos Jogos de Tóquio, no ano que vem. O pódio olímpico é o capítulo que falta na trajetória de uma alteta que desde adolescente se mostrava um prodígio nas águas abertas.

 

Em 2006, quando tinha apenas 14 anos, a brasileira, conquistou a medalha de ouro nas provas de 5km e 10km dos Jogos Sul-Americanos. No ano seguinte. durante o Mundial de Esportes Aquáticos de Melbourne, na Austrália, Ana Marcela chegou em 26º na maratona de 10km, e já era ali a segunda melhor brasileira na prova, atrás apenas de Poliana Okimoto, que chegara na oitava posição. No mesmo ano, após terminar em 10º no Campeonato Mundial de Águas Abertas de Sevilha, em 2007, Ana Marcela garrantiu a vaga para os Jogos Olímpicos de Pequim.

 

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O Globo quinta, 18 de julho de 2019

DESAFIO DO FLAMENGO APÓS A QUEDA

 

Análise: Desafio do Flamengo após queda é perceber que evoluiu

O recém-iniciado trabalho de Jorge Jesus conduz o time, claramente, no caminho do bom futebol
 
 
Jogadores do Flamengo pareciam não acreditar com a derrota nos pênaltis Foto: MARCELO THEOBALD / Agência O Globo
Jogadores do Flamengo pareciam não acreditar com a derrota nos pênaltis Foto: MARCELO THEOBALD / Agência O Globo
 
 
 

Não há, hoje, clube mais ansioso por títulos do que o Flamengo. Talvez isso não justifique o péssimo desempenho na disputa por pênaltis contra o Athletico-PR— derrota por 3 a 1 após empate em 1 a 1 no tempo normal—, embora talvez explique a injusta reação da arquibancada, com cobranças após uma eliminação na Copa do Brasil que veio após um espetacular jogo de futebol. O que a ansiedade não pode é tirar do Flamengo a noção de que o melhor a fazer é seguir o caminho atual. O recém-iniciado trabalho de Jorge Jesus conduz o time, claramente, no caminho do bom futebol.

 

A arquibancada, aliás, parecia disposta a reconhecer isso antes do jogo, com seu inusitado grito de “Olê, olê, olê, mister, mister”. Com sua escalação adaptável ao rival e à busca por frescor físico do time, ele fez o Flamengo ter momentos de amplo domínio, embora a eliminação ofereça reflexões.

Jesus surpreendeu com Lincoln na vaga de Bruno Henrique. E colocou Renê, mexendo no comportamento dos laterais, que não avançavam juntos. Afinal, o rival era perigoso nas transições.

Os três meias rubro-negros se aproximavam, o time triangulava pelos lados, pressionava a saída de bola rival e o jogo era um monólogo. Arrascaeta e Lincoln tiveram três chances, uma delas parou na trave. Era massacrante. A movimentação constante confundia a defesa paranaense. Mas dois fatos mudaram o cenário.

Primeiro, Arrascaeta sentiu e deu lugar a Vitinho; com isso, o Flamengo perdeu fluência nos passes. Mas também exibiu algo que será um desafio para Jesus. A intensidade que seu modelo exige é alta num futebol de jogos duros como o brasileiro. Por vezes, há quedas de ritmo naturais, e o time se expõe ainda mais aos riscos que assume. Algo natural de uma ideia em implantação. Bastou o time diminuir o ritmo para deixar de ter a rédea do jogo. Diego e Cuéllar perdiam o duelo para Wellington e Bruno Guimarães, e o Athletico ameaçou.

 

Cobranças ruins

Mesmo assim, no saldo, o Flamengo era melhor. No segundo tempo, a entrada de Berrío no lugar de Lincoln recuperou pressão ofensiva e mobilidade. O Flamengo voltou a ser dominante, embora nem criasse chances em profusão. Tinha em Diego um organizador de jogo precioso e encontrou o gol quando a troca de passes isolou Vitinho contra Jonathan. A ótima jogada chegou a Everton Ribeiro, e Gabigol marcou.

O Flamengo era absoluto de novo, mas Thiago Nunes deu belo golpe em Jesus. Quando o esforço rubro-negro minara pernas, ele colocou Bruno Nazário e preencheu o meio-campo, ganhando superioridade no setor. De novo, a necessidade de amadurecer o modelo e controlar seus momentos de maior e menor intensidade cobraram um preço do Flamengo. Disposto a pressionar sempre, o time viu, num tiro de meta rival, Rafinha perseguir Rony, Cuéllar ir atrás de Marco Ruben e um vazio se criar. Nazário deu a Rony a bola do empate.

O grande jogo de parte a parte terminaria na marca do pênalti, onde Diego, Vitinho e Everton Ribeiro bateriam muito mal. Natural frustração. Mas o Flamengo evoluiu. Precisa saber esperar.


O Globo quarta, 17 de julho de 2019

É TETRA, 25 ANOS DEPOIS

 

"É tetra!" 25 anos depois

Conquista da Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos, completa um quarto de século. Reviva a caminhada da seleção
 
 

O Globo terça, 16 de julho de 2019

CINCO LUGARES PARA OBSERVAR ANIMAIS MARINHOS NO BRASIL

 

Cinco lugares para observar animais marinhos no Brasil

Baleias são uma das atrações do segundo semestre
 
 
Botos na Baía de Sepetiba Foto: Instituto Boto Cinza
Botos na Baía de Sepetiba Foto: Instituto Boto Cinza
 
 
 

RIO - Elas já estão entre nós: este mês, começou oficialmente a temporada de observação de baleias no Brasil . Tanto as jubartes quanto as baleias-francas ficam por aqui até novembro, e  vêm para aproveitar as águas mais quentes do Atlântico Sul para reprodução. 

Não são apenas elas que justificam passeios de observação de animais marinhos pelo país. O segundo semestre, no Brasil , é época também para ver filhotes de botos nas baías de Sepetiba e Guanabara ; e de diversas aves marinhas, como os flamingos, no Rio Grande do Sul (eles chegam em novembro).

Em alguns pontos, como Fernando de Noronha , em Pernambuco , os animais podem ser admirados o ano inteiro. Separamos cinco locais no litoral nacional para quem quer vê-los de pertinho. Mas antes de arrumar as malas, vale o aviso: no Brasil (e em grande parte do mundo), é proibido interagir com a maioria deles, como as baleias, que precisam de espaço para reprodução e costumam nos visitar com filhotes.

Abrolhos, na Bahia

Patrimônio Mundial da Unesco, o arquipélago de Abrolhos, na Bahia, recebe a visita das jubartes até novembro. A espécie chega a 16 metros de comprimento e pesa, em média,  40 toneladas. As embarcações usadas para avistá-las costumam sair da cidade de Caravelas e duram de quatro a seis dias, com hospedagem a bordo.

Baleias jubarte no litoral brasileiro Foto: Projeto Baleia Jubarte
Baleias jubarte no litoral brasileiro Foto: Projeto Baleia Jubarte

 

As baleias também costumam passar em outros locais em sua rota de imigração. Há, inclusive, vídeos na internet que mostram a presença do animal no litoral do Rio em junho. Na Bahia, a Praia Grande é outro bom ponto de observação, mas a probabilidade de encontrá-las no arquipélago baiano é sempre maior.

 

Segundo o Projeto Baleia Jubarte (baleiajubarte.org.br), cerca de 20 mil delas passam anualmente pelas nossas águas.

Corais: atração extra

Peixes entre os corais em Abrolhos Foto: Divulgação
Peixes entre os corais em Abrolhos Foto: Divulgação

Abrolhos também tem a principal formação de corais do Atlântico Sul, mas a temporada para vê-los acabou no mês passado. Em dezembro, o passeio volta a ser oferecido e, embora seja proibido encostar em corais em todo o território nacional, vale mergulhar ao redor deles para apreciar toda a diversidade de formatos, cores e espécies que habita lá. Empresas costumam incluir, no pacote de viagem, cursos de mergulho para iniciantes.

Santa Catarina

Diversas cidades no litoral de Santa Catarina recebem a visita das baleias-francas, que têm 18 metros de comprimento e chegam a pesar 80 toneladas. Este ano, a temporada oficial começou neste mês de julho, mas algumas delas já foram avistadas em cidades como Imbituba e Garopaba, principais pontos para vê-las até novembro. Há passeios embarcados de um dia que promovem a observação, com binóculos, já que é preciso ficar a uma distância segura dos animais.

Porém, também é possível avistá-las em terra firme. Segundo o Projeto Baleia Franca (baleiafranca.org.br), na alta temporada, entre agosto e outubro, quase de qualquer ponto alto da costa é possível avistar os animais. A entidade ainda tem um museu e um centro de visitantes, com informaçõs sobre bons locais para conhecê-las, hábitos e características da baleia-franca.

 

Fernando de Noronha

Considerado o melhor ponto para observação da vida marinha no mundo, Fernando de Noronha não precisa de calendário. O arquipélago tem a maior concentração regular de golfinhos do mundo, além de 230 espécies de peixes, 40 de aves e 15 tipos de corais diferentes. Outro Patrimônio Mundial pela Unesco, ela também é casa de baleias, tubarões, arraias e tartarugas, entre outros.

Golfinhos em Fernando de Noronha Foto: Projeto Golfinho Rotador
Golfinhos em Fernando de Noronha Foto: Projeto Golfinho Rotador

Quem faz o maior sucesso por lá são os golfinhos rotadores, que podem ser vistos da terra, no Mirante dos Golfilhos, ou em embarcações. O nome não é à toa: esses animais conseguem completar sete voltas em torno do próprio corpo em apenas um pulo. No mirante, o turista também tem acesso a informações, com pesquisadores disponíveis para explicação e binóculos oferecidos pelo Projeto Golfinho Rotador.

A água cristalina famosa do arquipélago permite que os turistas admirem a rica fauna marinha de Noronha apenas com um snorkel, já que a visibilidade da água chega a 50 metros. Mergulhadores costumam eleger o local como um dos melhores pontos para a prática, exatamente pela rica diversidade encontrada sob suas águas.

Flamingos gaúchos

Flamingos na Lagoa do Peixe, em Tavares, no Rio Grande do Sul Foto: Divulgação
Flamingos na Lagoa do Peixe, em Tavares, no Rio Grande do Sul Foto: Divulgação

A partir de outubro, uma ave originária do Chile faz uma parada em sua rota migratória no Brasil. Os flamingos (Phoenicopterus chilensis) ficam pela Lagoa do Peixe, no Rio Grande do Sul, até abril. Por sua frequência e abundância nas imediações, o animal se tornou símbolo do Parque Nacional da Lagoa do Peixe. A espécie pode ser avistada principalmente no município de Tavares.

 

Outras 200 espécies de aves migratórias param na lagoa para se alimentarem de moluscos, crustáceos e microorganismos abundantes por ali. Há agências de turismo saindo de Porto Alegre que oferecem o passeio, que pode durar entre quatro e sete dias. Dá para fazer o roteiro por conta própria, mas o passeio é mais arriscado. Melhor contar com os guias especializados que conhecem os melhores pontos e horários para se encontrar as aves.

Os botos do Rio

Presente durante o ano inteiro nas baías de Sepetiba e da Guanabara, no Estado do Rio, o boto-cinza também costuma surpreender os turistas com os seus mergulhos e pulos pelas águas. Ameaçado de extinção, a estimativa da Uerj é que existam cerca de 800 indivíduos nos locais. De abril a novembro, é possível avistar filhotes, que também já ensaiam saltos, para delírio dos turistas.

Botos-cinza na Ilha de Sepetiba Foto: Instituto Boto Cinza
Botos-cinza na Ilha de Sepetiba Foto: Instituto Boto Cinza

Porém, fica o aviso: apesar da aparência dócil, e ao contrário dos rotadores de Noronha, que costumam se aproximar dos humanos (continua sendo proibido interagir com eles), o boto-cinza é selvagem e arredio. A contemplação aqui é mesmo de longe.

Os passeios do Instituto Boto-Cinza saem diariamente de Mangaratiba (ou de Guapimirim), no período da manhã, mas devem ser agendados com antecedência. Para informações, entre em contato no institutobotocinza.org.


O Globo segunda, 15 de julho de 2019

GRAZI MASSAFERA: TENHO MEDO DA MORTE DAS PESSOAS QUERIDAS

 

'Tenho medo da morte das pessoas queridas', diz Grazi Massafera

Atriz conta sobre como a morte, tema da novela 'Bom sucesso', tem afetado sua vida pessoal e os momentos com a filha, e diz que faz promessa a Nossa Senhora
 
Aparecida para decorar texto
exclusiva SCleg: grazi massafera Foto: Divulgação/ Jorge Ewald
exclusiva SC leg: grazi massafera Foto: Divulgação/ Jorge Ewald
 
 

Grazi Massafera chega à portaria de seu prédio, em São Conrado, carregando um garrafão de três litros de água (“recomendação médica”) e um calhamaço de textos que precisa decorar para “Bom sucesso”, novela das 7h que protagoniza a partir do próximo dia 29. Até o momento, ela havia encarado essa quantidade de texto (uma pilha de cerca de cinco centímetros de altura) durante uma novela inteira. Agora, são suas falas em apenas 20 capítulos. Um desafio e tanto para a menina que, aos nove anos, chegou a fazer “xixi na calça” por medo de não lembrar o conteúdo na hora de uma prova oral na escola.

Virada de jogo

Grazi interpreta Paloma, uma costureira batalhadora que se vira para sustentar três filhos (“tá cheio de mulher assim, que resolve tudo, no Brasil”). É um universo que ela conhece bem. Sua mãe é costureira e virou chefe de família quando separou-se do pai da atriz (ela tinha 9 anos). Quando deu de cara com a máquina de costura no estúdio da Globo pela primeira vez, Grazi se emocionou.

— Me vi criança, embaixo da máquina, cortando tecido para fazer roupinha de boneca — lembra. — Até hoje, aquele barulho me é muito familiar, entra nos meus sonhos.

Grazi aparece em praticamente todas as primeiras cenas da novela (“vou assistir embaixo da cama, só com os olhinho s de fora”), mas ralou bastante até conquistar essa confiança de autores, diretores e colegas atores. Sofria preconceito por ser ex-BBB e foi tão criticada pelos seus primeiros trabalhos como atriz que pensou em largar a profissão. A virada veio com Larissa, a modelo viciada em crack de “Verdades secretas” pela qual ela foi indicada ao Emmy Internacional (em 2016).

 

—Foi um divisor de águas, é como se ali eu tivesse sido aceita pela classe.

Marieta Severo, com quem dividiu a cena em “Verdades...”, foi uma das primeiras a reconhecer o talento de Grazi. Durante um pNa entrevista coletiva de lançamento da série, Marieta disse aos jornalistas: “Vocês não têm ideia do que essa menina está fazendo”. O carinho entre as duas, que devoravam juntas as comidas do camarim, fez com quem Grazi tivesse dificuldade em cuspir na colega durante uma cena.

— Marieta dizia “cospe, pode cuspir”, mas eu não tinha coragem. Acabou saindo uma cuspidinha tímida — diverte-se.

Surgir irreconhecível num visual devastado pela droga foi interessante para Grazi, que sempre teve sua beleza explorada em papeis de musa (“a publicidade também me vende”), digamos assim. Tanto que se ela anima ao contar de um convite (trabalho ainda não confirmado) para viver uma personagem “toda desconstruída”, com prótese no nariz e enchimento nas ancas. Cinema também é um desejo (“ não precisa se preocupar tanto com visual, é uma vivência mais real)

Porém, o desafio mais próximo de Grazi é falar sobre morte, esse assunto cercado de tabus, tema da nova novela. Tudo começa com um diagnóstico errado recebido por Paloma, que descobre ter seis meses de vida — o exame, na verdade, foi trocado e diz respeito a Alberto (Antonio Fagundes). A partir daí, ela entra em contato com a finitude e passa a refletir sobre como vem levando sua vida. O que Grazi também passou a fazer na vida real.

 
 
Grazi como Paloma em cena de 'Bom sucesso', gravada na Central do Brasil Foto: Fivulgação TV Globo/ Victor Pollak
Grazi como Paloma em cena de 'Bom sucesso', gravada na Central do Brasil Foto: Fivulgação TV Globo/ Victor Pollak

 

— Mais do que medo da minha, tenho medo da morte dos outros, de perder quem eu amo — diz. — Porque se a gente vai, foi. Claro que tenho uma filha ( Sofia, de 7 anos, fruto do relacionamento com Cauã Reymond ) e não quero deixá-la, mas tenho mais medo de perdê-la. O que a Angélica passou (o acidente do filho Benício ) foi uma coisa muito forte para a gente que é amigo da família.

Por isso, a atriz tem valorizado cada momento ao lado da pequena (“e sempre digo a ela, antes de sair de casa: ‘Filha, aproveite seu dia’”). São ocasiões em que procura criar memórias afetivas, privilegiando o olho no olho, o carinho, a brincadeira de cantar junto e muita conversa.

— Quando o filho é bebê, está tudo no controle, o trabalho é mais braçal. — O processo de educar é muito mais difícil. Ainda mais agora, com esse elemento tão presente, constante e perigoso, que não tinha na nossa geração: o celular.

Como educar é aproveitar oportunidades, Grazi introduziu o assunto na conversa com a filha quando viu Sofia brincando de fazer um vídeo com uma amiguinha.

— Ela tinha tirado a blusinha, e eu expliquei que celular é uma arma, que é preciso cuidado, que aquele vídeo pode chegar na mão de pessoas que não deviam... Achei até que estava pegando pesado, mas era necessário.

 

Assim como é fundamental afinar com o pai de Sofia, Cauã, os ideais da educação que querem para ela.

— A gente não se fala todo dia, mas de tempos em tempos alinhamos o discurso. Sempre encontramos o caminho do afeto, que beneficia ela, a nossa prioridade.


O Globo domingo, 14 de julho de 2019

MARIA DO CÉU, VIÚVA DE JOÃO GILBERTO

 

Fico freando, mas quando vou, é pra não perder', diz Maria do Céu sobre relação com João Gilberto

Após uma vida nos bastidores, moçambicana que conheceu o músico em 1984 reivindica o status de companheira e herdeira, em conflito com parte da família. Em entrevista exclusiva, ela detalha a história dos dois
 
 
A moçambicana Maria do Céu, que conheceu João Gilberto em 1984 e pleiteia união estável Foto: Leo Aversa / Agência O Globo
A moçambicana Maria do Céu, que conheceu João Gilberto em 1984 e pleiteia união estável Foto: Leo Aversa / Agência O Globo
 
 
 

RIO - Era 13 de junho de 1984, em Lisboa. João Gilberto havia se apresentado na cidade três dias antes e ainda estava hospedado no Hotel Alfa. O telefone de seu quarto tocou. Era uma fã de 21 anos, moçambicana criada numa aldeia em Portugal (“Sou da roça”). Ela tinha visto o show e ficado fascinada. O músico ouviu a jovem e deteve sua atenção num ponto: “Como é seu nome? Maria do Céu? Vem aqui.”

 

— Aí eu fui e nunca mais saí — diz Maria do Céu Harris, que agora, 35 anos depois daquela ligação, pleiteia na Justiça o reconhecimento de uma união estável com João, um dos pontos-chave da disputa pelo espólio do músico.

Maria do Céu estava com João no momento de sua morte, na tarde de 6 de julho — nos últimos meses, vivia no apartamento do artista, no Leblon, Zona Sul do Rio. Ela alega ter sido sua companheira desde 1984, mas Bebel Gilberto, filha do músico, não a reconhece nesse lugar — ao contrário do irmão, João Marcelo. Maria do Céu está no testamento que João elaborou em 2003 (revogado em 2017), porém no mesmo documento o músico afirma que não tinha companheira. Além disso, em 2004 nasceu Luisa Carolina, filha do cantor com Cláudia Faissol — a quem Maria do Céu, mesmo se recusando a mencionar (“eu não gostaria de me referir a essa senhora”), responsabiliza pela decadência financeira e emocional de João.

Nesta entrevista exclusiva ao GLOBO, concedida no escritório de seu advogado, Roberto Algranti, a moçambicana de 56 anos — personagem que sempre se manteve nos bastidores da vida de João, longe dos holofotes — conta detalhes de sua intimidade com o músico (como o gosto dele por MMA e passeios noturnos de carro), lembra seus últimos momentos e dá sua visão sobre o imbróglio que se tornou a vida do artista na última década. Apesar da voz controlada, fala de si mesma usando expressões como “cangaceira” e deixa claro:

 

— Eu fico freando, freando. Aí, quando eu vou, é pra não perder. Vou pra te botar no teu lugar. E te boto.

LEIA MAIS: Um histórico das brigas de na Justiça que dividem a família de João Gilberto

Como foi o encontro de vocês?

Fui ver um show dele, foram três dias no Coliseu dos Recreios. No dia 10 de junho foi o último show. No dia de Santo Antônio, 13 de junho, resolvi ligar pro João, no Hotel Alfa, em Lisboa. Ela falou: “Como é o seu nome? Maria do Céu? Vem aqui.” Aí eu fui e nunca mais saí. Eu era menina demais, criada na aldeia. A gente não conversou muito. Ele tocou a noite inteira. “Numa casa portuguesa fica bem...” (cantarola) .

Como era sua vida na época?

Eu tinha sido Miss Portugal, era manequim, fazia televisão, gostava de teatro, queria ser atriz. As irmãs de minha mãe cantavam. Tinha uma tia, Astra Harris, que gravou num CD de Martinho da Vila, “Lusofonia”. Fiz só até o Liceu (equivalente ao ensino médio). A minha arte começa com João Gilberto.

Como veio parar no Brasil?

João me falou: “Venha pro Brasil”. Ele teve que pedir dinheiro emprestado pra comprar minha passagem. Veio antes, eu vim em setembro. Saí de lá e passaram-se seis anos sem ninguém da minha família saber de mim. Minha mãe achou que eu tinha morrido. Acho que eu era meio exótica. Minha mãe chorou muito. Quem falou com ela foi João. Eu era doida, né? Depois ele demorou a fazer show lá, eu perguntava por que e ele dizia: “Eu só fui a Portugal pra buscar você.”

Maria do Céu com João Gilberto, em foto de arquivo dela Foto: LEO AVERSA / Reprodução
Maria do Céu com João Gilberto, em foto de arquivo dela Foto: LEO AVERSA / Reprodução

O Globo sábado, 13 de julho de 2019

PREVIDÊNCIA: REFORMA É ATRATIVO NA BOLSA

 

Previdência: na Bolsa, reforma é atrativo para investidor estrangeiro

Nem mesmo o adiamento, para agosto, da votação do segundo turno na Câmara tira o otimismo
 
 
Painel eletrônico da B3 Foto: Patricia Monteiro / Bloomberg
Painel eletrônico da B3 Foto: Patricia Monteiro / Bloomberg
 
 
 

SÃO PAULO - O avanço do processo de votação da reforma da Previdência no Congresso pode ajudar a trazer de volta ao mercado acionário brasileiro um personagem há tempos distante: oinvestidor estrangeiro . Todo o movimento recente de valorização do Ibovespa, o principal índice do mercado de ações do país, foi sustentado exclusivamente por locais. Na quarta-feira, o índice bateu um novo recorde, aos 105.817 pontos, ainda que recuasse a 103.905 nesta sexta .

 

Segundo o secretário de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia , Rogério Marinho , com a votação dos destaques, concluída na noite de sexta-feira,  a reforma da Previdência terá impacto de R$ 900 bilhões em dez anos .

Veja: Previdência: Câmara conclui reforma em 1º turno; veja o que foi alterado

Apesar do bom desempenho dos últimos meses, o estrangeiro se manteve fora. No acumulado do ano, R$ 5,2 bilhões já saíram das aplicações em ações detidas pelos investidores externos.

Esse quadro deve mudar com o avanço da Previdência e da agenda de medidas econômicas que deputados e senadores devem analisar a partir de agosto, depois do recesso parlamentar.

Nem mesmo o adiamento, para agosto, da votação do segundo turno da reforma na Câmara tira o otimismo dos investidores.

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Destravamento

Para a equipe do banco Brasil Plural, os parlamentares estão demonstrando compromisso com a aprovação de uma reforma robusta. “Mesmo que a conclusão da reforma na Câmara seja adiada em duas semanas, é pouco provável que esse compromisso se altere.” O relatório foi divulgado pela manhã, antes da confirmação do adiamento.

 

Previdência : reforma favorece retomada de investimentos

— É claro que as decisões de investimento não são imediatas, mas, com a aprovação total (da Previdência) na Câmara e o cronograma de aprovação no Senado, em outubro, já será possível ver os investimentos voltando em seis meses. Esse movimento não é só por causa da Previdência, mas pelo seu destrave e pela expectativa de outras medidas, como tributária e de incentivo do governo, que melhoram todo o panorama — avalia Alexandre Pierantoni, sócio-diretor da consultoria global Duff & Phelps no Brasil.

A cautela adotada pelos estrangeiros é justificada, segundo especialistas.

— A memória do estrangeiro é de mais longo prazo. Tivemos o que aconteceu no governo Michel Temer, em 2016, quando a reforma parou. Isso gerou cautela por parte dos estrangeiros. Eles estão esperando uma aprovação concreta da reforma e de quanto será a desidratação de fato — explica Jerson Zanlorenzi, responsável pela mesa de renda variável do banco BTG Pactual.

Previdência : reforma tira país do caos fiscal e surpreende pelo placar favorável, dizem analistas

O BTG considera que a economia fiscal da reforma da Previdência, ao final do processo, será de ao menos R$ 800 bilhões em dez anos. Com isso, o Ibovespa pode chegar aos 120 mil pontos em seis meses, mesmo que com uma menor participação do estrangeiro. Atualmente, eles representam cerca de 20% da movimentação da Bolsa, abaixo da média histórica, em torno de 30%.

 

O que também deixa também o estrangeiro sem pressa de entrar no Brasil é que a Bolsa ainda está barata. Em dólar, o Ibovespa está em torno de 28 mil pontos, bem longe do recorde de 42 mil, registrado em 2008.

— Para o investidor estrangeiro, ainda está barato. Mesmo que suba um pouco mais, ainda irá compensar para ele. Então ele pode esperar — diz Zanlorenzi.

As reformas institucionais também devem contribuir para a retomada da oferta de ações, inclusive as aberturas de capital.

Confira os principais pontos da reforma da Previdência

Para Piero Minardi, presidente da Associação Brasileira de Private Equity (Abvcap), a aprovação da reforma é uma sinalização importante, mas, para a concretização de negócios — fundos comprando participações em empresas locais —, é preciso haver novos avanços:

— As decisões dos private equities são mais lentas. A reforma faz com que se comece a olhar os negócios, mas é preciso haver outras coisas, como a reforma tributária e a mudança na tributação de fundos.


O Globo sexta, 12 de julho de 2019

FESTIVAL DE DOCES FRANCESES

 

Kurt faz festival de doces franceses no mês de julho

Doces especiais entram no cardápio da tradicional confeitaria no dia da Queda da Bastilha
 
 
Kurt. Éclair de pistache Foto: FILICO / Divulgação
Kurt. Éclair de pistache Foto: FILICO / Divulgação
 
 
 

Domingo, 14 de julho, é comemorada a Queda da Bastilha. A data, que marca um dos momentos mais emblemáticos da Revolução Francesa, é feriado na França. Por aqui, a confeitaria Kurt transformou a efeméride num festival de doces típicos do país, que ficam em cartaz até o fim do mês.

 
Kurt. Barolette de pistache e frutas vermelhas Foto: FILICO / Divulgação
Kurt. Barolette de pistache e frutas vermelhas Foto: FILICO / Divulgação

Entre os doces está a tarte tartin (R$18), tartelete de frutas vermelhas (R$ 18), éclair de pistache (R$17), tartellete de pera, caramelo e pecan (R$18) e o barolette de pistache e frutas Vermelhas (R$18).

Sucesso no cardápio fixo da confeitaria, o macarron de frutas vermelhas (R$ 18) também faz parte do festival.

Kurt: Rua General Urquiza 117, Leblon (2294-0599)


O Globo quinta, 11 de julho de 2019

FORDLÂNDIA VIRA SÉRIE DE WERNER HERZOG

 

Fordlândia: fábrica construída em plena Amazônia nos anos 1920 vira série de Werner Herzog

Diretor alemão de 76 anos esteve na região ao produzir os filmes 'Fitzcarraldo' e 'Aguirre - A cólera dos deuses'
 
 
Ruínas de Fordlândia, no Pará Foto: Ricardo Leoni / Agência O Globo
Ruínas de Fordlândia, no Pará Foto: Ricardo Leoni / Agência O Globo
 
 
 

RIO - Nos anos 20 do século passado, o magnata Henry Ford desembarcou no Brasil com o ambicioso plano de construir uma comunidade modelo na Floresta Amazônica , extensão de seu império automobilístico nos Estados Unidos.  Parte desse símbolo do empreendorismo americano, que resultou em uma cidade-fantasma no interior do Pará , será recuperado pela série “Fordlândia”, desenvolvida pela produtora Hyde Park Entertainment a partir do livro homônimo do historiador Greg Grandin.

 

O projeto traz de volta ao país o diretor alemão Werner Herzog , de 76 anos, que já rodou na selva amazônica dois de seus filmes mais monumentais, “Aguirre, a cólera dos deuses” (1972) e “Fitzcarraldo” (1982) – este último sobre um outro empresário estrangeiro, que desejou erguer uma casa de ópera no meio da mata.

Herzog assume a dupla função de diretor e produtor executivo da série, junto com o roteirista Christopher Wilkinson, autor de títulos como “Ali” (2001) e “Nixon” (1995), com o qual concorreu ao Oscar. Na entrevista a seguir, Herzog, que exibiu no Festival de Cannes o drama “Family romance, LCC”, fala sobre a utopia de Ford e a produção de uma obra para a TV na era do streaming.

– Criar conteúdo para a TV, tradicional ou não, é um processo lento e ritualizado. Não se consegue fazer um filme ou uma série sem um acordo comum muito bem amarrado – reconhece ele, que vem ao Brasil em setembro como palestrante do ciclo de conferências “Fronteiras do pensamento”, em Porto Alegre.

A região amazônica lhe é um território familiar, cenário de seus filmes mais épicos. Acha que isso foi determinante no convite para participar de “Fordlândia”?

 

 
O diretor alemão Werner Herzog Foto: Divulgação
O diretor alemão Werner Herzog Foto: Divulgação

Eles tinham certeza de que eu seria a pessoa mais indicada para o projeto. Porque, depois de vários trabalhos lá, entendo a mentalidade do lugar e, portanto, saberia como lidar com a complexidade da região. Todo mundo em Hollywood tem medo de florestas. Temem encontrar tarântulas, ataques de jaguares.... (risos ).  Veem na região uma série de restrições. É uma atitude meio covarde deles.

O que o atrai na ambição de Henry Ford? Vê semelhanças com Brian Sweeney Fitzgerald, o irlandês que sonhou construir uma casa de ópera no meio da Floresta Amazônica (retratado em "Fitzcarraldo")?

Esse capítulo da história de Henry Ford é muito curioso, para dizer o mínimo. Ele adquiriu uma grande porção de terras, equivalente ao estado americano do Tennessee, no meio da Floresta Amazônia. A ideia dele era construir uma cidade lá e controlar, a partir dela, o suprimento de borracha extraída da floresta pelos habitantes locais, garantindo assim o fornecimento para suas fábricas de automóveis nos Estados Unidos. Mas a coisa toda provou ser um desastre, desde o início.

O que deu errado? Ford foi vencido pela natureza, como o protagonista de “Fitzcarraldo”? O que a série pretende mostrar?

 

O problema maior foi que ele tentou transplantar para dentro de uma comunidade construída na selva brasileira os valores puritanos típicos de uma pequena cidade americana. Não podia dar certo. Ao mesmo tempo, havia intensos conflitos entre Henry e seu filho, que aproveitava todas as chances que apareciam para humilhá-lo em público. A criação de Fordlândia envolve também dramas pessoais, intrigas geradas tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Há um grande pano de fundo a ser explorado nessa história.

O senhor pretende filmar “Fordlândia” inteiramente no Brasil?

Ainda não temos certeza absoluta. Mas posso afirmar que algumas locações no Brasil serão testadas, em regiões próximas a rios ou cidades pequenas da região Norte.

Já há um cronograma de trabalho até a estreia?

O projeto de “Fordlândia” está evoluindo lentamente. Já conseguimos o financiamento do roteiro para o piloto da série, que está sendo escrito por Christopher ( Wilkinson ) a partir do livro de Greg Grandin.  O procedimento é o seguinte: uma vez que o roteiro do piloto seja aprovado por todos, inclusive eu, que passei a ser produtor também, serão financiados roteiros para mais quatro capítulos, para então conseguirmos montar uma estrutura narrativa maior, em forma de série limitada. Mas estou achando que antes dessa série ficar pronta terei feito uns 18 filmes! ( risos )

 

Mas não é problema para quem trabalha rápido, em projetos simultâneos. Em dois anos o senhor já lançou os documentários “Meeting Gorbachev” e “Nomad: in the footsteps of Bruce Chatwin”, e a ficção “Family romance, LLC”...

Da minha parte, não  tenho muito problema com o acúmulo de projetos. Mas o caso de “Fordlândia” é particular, porque um projeto desse escopo para a televisão envolve muito dinheiro, negociações entre as partes, até porque ainda não fechamos com nenhum canal ou empresa de streaming. Criar conteúdo para a TV é um processo lento e  ritualizado, não se consegue fazer um filme ou uma série sem um acordo comum muito bem amarrado. Isso é impensável. 

O projeto de “Fordlândia” foi relevado em meados do ano passado, quando o senhor finalizava “Meeting Gorbachev”, que traça um inventário sobre outro personagem controverso, o último presidente da antiga União Soviética. Como aconteceu sua entrada no documentário?

Atendi ao chamado do colega e amigo Andre Singer, um dos meus parceiros de produção há mais de 20 anos, que é codiretor do documentário. Ele queria fazer um filme sobre Gorbachev e me convidou para fazer as entrevistas com o ex-presidente. Li muito, conversei com pessoas que o conheciam e acabei me envolvendo  profundamente no projeto: além de preparar e fazer as entrevistas com Gorbachev, escrevi a narração e os comentários do filme. Andre conversou com os demais personagens.

 
A vila operária em Fordlândia Foto: Reprodução
A vila operária em Fordlândia Foto: Reprodução

 

Isso aconteceu antes ou depois de “Family romance”, que o senhor filmou no Japão?

Durante ( risos ). Minha última conversa com Gorbachev aconteceu no final de abril do ano passado. Naquele mês eu já tinha filmado alguns dias no Japão, para aproveitar a temporada da florada das cerejeiras. Mas, claro, “Meeting Gorbachev” envolveu muita pós-produção, pois havia uma pesquisa intensa em arquivos de imagens, que tomou muito tempo. Mas tento ser econômico com minhas viagens. Na volta para Los Angeles, onde moro, de uma retrospectiva de meus filmes na China, fiz uma parada em Tóquio para filmar mais seis dias. No verão, em agosto, precisei filmar com aborígenes no interior da Austrália e, na volta, parei no Japão para filmar mais oito dias.

“Family romance” é inspirado em uma empresa japonesa, real, que “aluga” substitutos para parentes ou amigos mortos ou desaparecidos. Por que as pessoas preferem comprar ilusões?

Faz parte de nossa vida. É por isso que assistimos a shows de mágico, ou vamos à igreja, onde te dizem que você será aceito no paraíso, e rezamos para um deus que nunca te responderá. (risos) Ou, por exemplo, quando você vê sua representação no Facebook ou numa outra mídia social qualquer. É uma versão sua embelezada ou parcialmente adulterada, uma reinvenção de você mesmo. Por trás dessa realidade há uma monumental solidão existencial. E não é apenas um fenômeno japonês, acontece em todo lugar.


O Globo quarta, 10 de julho de 2019

JOÃO GILBERTO: GUERRA PELO ESPÓLIO

 

João Gilberto: guerra pelo espólio na Justiça começa já no dia do enterro

O GLOBO teve acesso a documentos como o testamento e um pedido de reconhecimento de união estável de Maria do Céu Harris
 
 
João Gilberto durante passagem de sua última turnê pelo Rio, em 2008 Foto: Leo Aversa-24/08-2008
João Gilberto durante passagem de sua última turnê pelo Rio, em 2008 Foto: Leo Aversa-24/08-2008
 
 
 

RIO - Enquanto o corpo de João Gilberto era velado no Teatro Municipal, na segunda-feira, já se davam nos bastidores as primeiras movimentações jurídicas em torno do espólio do artista. Sua filha Bebel Gilberto e Maria do Céu Harris (que se coloca como companheira do músico) entraram com pedidos de inventário naquele mesmo dia — ambas reclamando o direito de cuidar do processo. A disputa dá sequência a uma batalha judicial na qual elas já vinham em campos opostos — em 2017, Bebel solicitou a interdição de João, que Maria do Céu (aliada a João Marcelo, também filho do cantor) contestava.

 

— Bebel, como curadora, assumiu a gestão do patrimônio do pai. Com o falecimento dele, para que ela possa cumprir com diversas obrigações que existem, agora precisa trocar a curatela pela inventariança — argumenta Simone Kamenetz, advogada de Bebel.

A tentativa de Bebel e Maria do Céu gerirem o inventário de João é apenas parte das disputas que se iniciam com a morte do músico. Em 4 de setembro de 2003, ele escriturou um testamento — ao qual O GLOBO teve agora acesso exclusivo. Nele, determinou que seus bens fossem partilhados entre os filhos João Marcelo e Bebel (à época, sua caçula Luisa, filha de Cláudia Faissol, hoje com 15 anos, ainda não era nascida) e Maria do Céu — apesar de o documento trazer a informação de que “o testador declara, por fim, que não tem companheira”.

Como a lei afirma que 50% da herança têm que ser divididos entre os filhos, João dispôs dos outros 50% repartindo-o em partes iguais entre Maria do Céu e os filhos.

Em conversas com advogados ontem, Cláudia disse estar preparada para enfrentar e contestar uma eventual ação de reconhecimento de união estável movida por Maria do Céu. Cláudia teria conseguido ainda, em 2017, a revogação do testamento:

— Existe um segundo testamento, registrado em 2017 no 25º Ofício de Notas, que revoga os efeitos do primeiro — afirmou Cláudia.

 

Testamento revogado

Gustavo Carvalho Miranda, que era advogado de João Gilberto (e ainda representa João Marcelo), confirma as informações, mas faz uma ressalva:

— João teria assinado uma Escritura de Revogação de Testamento, para assim o documento de 2003 não ter mais validade. Entretanto, ele assinou em maio de 2017, ou seja, quando já não conseguia mais gerir a própria vida, e com isso, há questionamentos quanto à veracidade de tal revogação (em novembro de 2017, o músico foi interditado, ou seja, não estaria mais autorizado a praticar atos como assinar contratos e movimentar dinheiro, por ser percebido como incapaz de tomar esse tipo de decisão) .

Velório de João Gilberto, no Theatro Municipal: à esquerda, as filhas Bebel Gilberto, Luisa e a ex-namorada do compositor, Claudia Faissol; à direira, a companheira de João, Maria do Céu Foto: Gabriel Paiva / Agência O Globo
Velório de João Gilberto, no Theatro Municipal: à esquerda, as filhas Bebel Gilberto, Luisa e a ex-namorada do compositor,
Claudia Faissol; à direira, a companheira de João, Maria do Céu Foto: Gabriel Paiva / Agência O Globo

Além do pedido de inventário, Maria do Céu entrou com outra ação nesta segunda, solicitando o cumprimento do testamento de 2003. Na petição (à qual O GLOBO também teve acesso), ela declara que João “de maneira pública e notória, (...) manteve uma união estável com a requerente desde 1984, que perdurou de maneira ininterrupta até o dia de sua morte”.

— A Maria do Céu reivindica a sua condição de companheira do João e a existência de um legado testamentário. Isto foi omitido pela filha Isabel, que requereu a abertura do inventário, sem mencionar a sua existência. — aponta Roberto Algranti, advogado de Maria do Céu Harris.

— Entrar com pedido de união estável é direito dela — pondera Simone Kamenetz. — Mas Bebel não a reconhece como companheira dele. Ela deve ter sido namorada em algum momento, mas sequer cuidou do João no final. Eles tinham um relacionamento pingue-pongue, que ia e voltava. No meio disso, ele teve outras namoradas, como a Cláudia (Faissol) , e até outra filha, a Luisa. Maria do Céu foi morar com ele depois que foi despejada. Ele não a convidou, ela simplesmente entrou no apartamento.

Apesar de João não possuir bens — e, mais do que isso, ter dívidas em torno de R$ 10 milhões —, corre na Justiça um processo movido por ele em 1997 contra a gravadora EMI (hoje pertencente à Universal) que pode render uma indenização de cerca de R$ 170 milhões. Em março deste ano, foi determinada a vitória do músico, em segunda instância — ainda cabe recurso. Na ação, o artista reclama royalties não pagos pela gravadora desde 1964, além de danos morais.

Petição de Maria José Harris requerendo o reconhecimento de união estável com João Gilberto Foto: Reprodução
Petição de Maria José Harris requerendo o reconhecimento de união estável com João Gilberto Foto: Reprodução

                                 

O testamento de João Gilberto, de 2003 Foto: reprodução / Reprodução
O testamento de João Gilberto, de 2003 Foto: reprodução / Reprodução

 

 

Futuro da obra é indefinido

Caso saia, porém, a indenização não irá toda para os bolsos dos herdeiros. Em 2013, o banco Opportunity assinou um acordo com João — intermediado por Cláudia, na época companheira do músico — no qual receberia 60% da indenização, quando e se ela saísse. Em troca, daria naquele momento R$ 10 milhões ao artista em duas parcelas.

A segunda parcela seria paga quando o músico aprovasse a remasterização de seus primeiros discos — bancada pelo Opportunity, que fez um acordo com o músico no qual teria direito à parte substancial dos royalties das vendas. João, conhecido por seu perfeccionismo, nunca deu seu ok.

Com a morte do João, não se sabe qual será o futuro desses discos — e da própria gestão da obra do criador da bossa nova. Afinal, o que está em disputa agora é algo de valor incalculável: o direito de determinar como será tratada sua memória.

— Temo que, devido à situação de caos que essas brigas refletem, ninguém mais queira mexer nessa obra, porque ela se tornou um ninho de marimbondos — argumenta Deborah Sztajnberg, advogada especialista em direitos autorais. — Um produtor que quer fazer um musical, um documentário, não sabe com quem negociar. Vai ter que conseguir a autorização de todo mundo, com o fantasma de a qualquer momento vir alguém embargar.


O Globo terça, 09 de julho de 2019

CADASTRO POSITIVO

 

Cadastro Positivo entra em vigor nesta terça: saiba como ele funciona e como afeta suas compras

Objetivo é permitir que bancos e comércio ofereçam melhores condições aos consumidores
 
 
Cadastro Positivo beneficia quem paga suas contas em dia Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
Cadastro Positivo beneficia quem paga suas contas em dia Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
 
 
 

RIO — Entra em vigor nesta terça-feira a lei que determina a inclusão automática de consumidores (tanto pessoas quanto empresas) noCadastro Positivo , uma base de dados com operações de crédito e pagamentos. Até então, o consumidor precisava pedir para entrar na plataforma. Para que o sistema entre de fato em funcionamento, porém, é necessário que oBanco Central faça a regulamentação , que ainda não tem data para ser publicada.

Saiba mais: Cadastro positivo entra em vigor ainda incompleto

O cadastro foi criado em 2011 com a função de tornar mais transparente o perfil dos consumidores junto às instituições financeiras. Em tese, isso facilitaria o acesso ao crédito e reduzia os juros e o spread bancário (a diferença entre o que os bancos pagam para captar recursos e o que cobram nos empréstimos).

Confira, abaixo, as respostas para as principais dúvidas a respeito do Cadastro Positivo:

O que é o Cadastro Positivo?

É o conjunto de dados relativo a operações de crédito e obrigações de pagamento de pessoas físicas ou jurídicas, que será fornecido a gestores de bancos de dados, para formação de histórico de crédito. Ele existe desde 2011, mas a lei mudou o modelo: antes o consumidor precisava pedir para ser incluído, agora o cadastro é aberto automaticamente e o consumidor só sai da lista se pedir.

Como o cadastro pode afetar o custo do crédito?

 Como ele permite avaliar o risco da transação pelo credor, a expectativa é que o cadastro possa baratear a operação para o bom pagador e encarecer para o inadimplente contumaz.

Quem vai alimentar a plataforma com os dados dos consumidores?

São fontes as financeiras, bancos, cooperativas de crédito, prestadores de serviços contínuos (água, esgoto, eletricidade, gás, telecomunicações), vendedores de varejo etc.

Como é calculada a pontuação do consumidor no cadastro positivo?

A lei não fixa como será calculada a pontuação do consumidor, mas garante o direito de conhecer os principais elementos e critérios considerados para a análise de risco.

 
 

Quais dados do contribuinte vão compor o banco de dados do cadastro positivo?

O histórico de crédito é formado pelo conjunto de dados financeiros e de pagamentos relativos às operações de crédito e de obrigações adimplidas ou em andamento. São informações como o valor total de dívidas assumidas pelo cadastrado, o histórico de pagamentos, a pontualidade ou não desses pagamentos, a frequência com que o cadastrado assume dívidas etc.

Se o consumidor não quiser que seus dados estejam disponíveis no cadastro, ele tem o direito de pedir sua exclusão?

Sim. É direito do cadastrado obter o cancelamento ou a reabertura do cadastro, quando solicitado, mediante solicitação gratuita a ser direcionada ao gestor do banco de dados. O gestor terá o prazo de dois dias úteis para encerrar e reabrir o cadastro e, conforme for o caso, transmitir a solicitação aos demais gestores, que devem também atender no mesmo prazo à solicitação.

O consumidor pode consultar seus próprios dados na plataforma?

Sim. É direito do cadastrado acessar gratuitamente as informações sobre ele no banco de dados, inclusive seu histórico e sua nota ou pontuação de crédito, cabendo ao gestor manter sistemas seguros, por telefone ou por meio eletrônico, de consulta às informações pelo cadastrado.

O gestor terá o prazo de dez dias para fornecer essas informações ao cadastrado.


O Globo segunda, 08 de julho de 2019

COPA AMÉRICA: BRASIL CAMPEÃO

 

Campeão, Brasil domina seleção da Copa América do GLOBO 

Time de Tite tem seis entre os representantes
 
 
Capitão Daniel Alves ergue a Copa América Foto: MARCELO REGUA / Agência O Globo
Capitão Daniel Alves ergue a Copa América Foto: MARCELO REGUA / Agência O Globo
 
 
 

Em uma Copa América de nível técnico questionável, a seleção brasileira surfou bem graças a um conjunto capaz de suprir eventuais irregularidades individuais que apareceram durante toda a competição. Nenhum jogador foi bem em todos os momentos do torneio, mas vários deles se destacaram bastante em momentos pontuais.  
Os seis brasileiros que fazem a seleção ser maioria entre os onze jogadores eleitos pelo GLOBO como o time ideal da temporada mostram isso. Os outros seis jogadores, distribuídos por outras três seleções, mostram uma competição com até momentos de brilho de outras bandeiras, mas nenhuma tanta quanto a do time da casa.  


GOLEIRO - Alisson (Brasil)  
Alisson talvez tenha sido o mais regular jogador da Copa América. Não foi muito exigido na primeira fase e nem na final, mas passou a segurança que mostra no Liverpool quando foi necessário, contra o Paraguai e Argentina. 


LATERAIS - Daniel Alves (Brasil) e Beasejour (Chile)  
Eleito craque do torneio aos 36 anos, Daniel Alves teve facilidade para ser o melhor da posição. Não teve concorrentes, principalmente após a melhor atuação individual do torneio, no jogo mais importante, contra a Argentina na smeifinal.  
Se na direita sobrou protagonismo, a lateral esquerda ficou carente de um destaque na competição. Beasejour, do Chile, foi o melhor, apesar do desempenho apenas regular. Se beneficiou da contusão de Filipe Luís, do Brasil.

  
ZAGUEIROS - Marquinhos (Brasil) e Thiago Silva (Brasil)  
Seis jogos, e o único gol sofrido foi em um pênalti que o juiz deveria ter anulado após consultar o árbitro de vídeo. Apesar da pouca exigência na primeira fase, é impossível não escalar a dupla de zaga brasileira, apesar da forte concorrência da dupla uruguaia - Gimenez e Godín, seguros como sempre - e da Colômbia ter sido a única seleção a não tomar gols. 

 

SELEÇÃO DA COPA AMÉRICA
Guerrero
Everton
Gabriel Jesus
James
Rodríguez
Aránguiz Vidal
Daniel Alves
Beasejour
Thiago  Silva
Marquinhos
Alisson
 

MEIAS - Aránguiz (Chile), Vidal (Chile) e James Rodríguez (Colômbia)  
Curiosamente, o meio campo é o único setor da seleção que não conta com nenhum finalista. Foi o setor mais forte da equipe chilena, quarto lugar no torneio. Por isso, Aránguiz, uma das ótimas suspresas do torneio - foi líder de assistências da competição, junto com Roberto Firmino - e Vidal estão escalados.  
Mais na frente James Rodríguez, que saiu invicto e com bons jogos até a preoce eliminação. Não foi tão bem quanto na Copa por aqui em 2014, mas mereceu o posto.  


ATACANTES - Gabriel Jesus (Brasil), Everton (Brasil) e Guerrero (Peru)  
Vindos do banco, Gabriel Jesus e Everton conquistaram a vaga em momentos diferentes. O primeiro, com um desempenho acima da média na primeira fase. O segundo, quando foi bem contra Paraguai e Argentina, no mata-mata. Na final, juntos, foram importantes na conquista, um de cada lado. Do lado peruano, Guerreo foi uma estrela solitária que poderia ter brilhado mais. Os três gols e o posto de artilheiro - junto com Everton - o escalam. Foi nessa Copa América também que se tornou o maior goleador em atividade da história do torneio. E um dos cinco jogadores com mais gols em todos os tempos.


O Globo domingo, 07 de julho de 2019

JOÃO GILBERTO: CRÔNICA DE NELSON MOTTA

 

Nelson Motta: João Gilberto tinha rigor, suingue e emoção do pai de toda a música brasileira moderna

Ele não gostava do rótulo de bossa nova, dizia que o que fazia era samba. Um samba muito moderno, dissonante, minimalista
 
João Gilberto em 1980 Foto: Alcyr Cavalvanti / Agência O Globo
João Gilberto em 1980 Foto: Alcyr Cavalvanti / Agência O Globo
 
 
 

O máximo do mínimo. O melhor dos melhores. O pai de toda a música brasileira moderna. A influência mais decisiva em todos que vieram depois dele. João Gilberto, morto neste sábado (6 de junho), aos 88 anos, foi muito mais do que inventor da bossa nova com sua batida de violão que sintetizava o suingue de uma bateria de escola de samba. Ele não gostava do rótulo de bossa nova, dizia que o que fazia era samba. Um samba muito moderno, dissonante, minimalista, numa combinação perfeita entre voz e violão, que, na música de João Gilberto, formam uma coisa só.

 

João não só inventou uma nova maneira se cantar e tocar violão como se tornou um dos artistas mais influentes de seu tempo, cultuado por gênios do jazz como Miles Davis, que gravou um LP inteiro baseado no primeiro disco de Joao, "Quiet nights", a versão em inglês de "Corcovado". Quem foi tocado pela música de João nunca mais foi o mesmo, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Roberto Carlos, Chico Buarque, Rita Lee, Jorge Benjor, e até Tim Maia, tiveram nele mais que um ídolo, um farol, um anjo de leveza, delicadeza e suingue.

 

Todos que o conheceram podem me confirmar: João é uma das pessoas mais inteligentes entre tantos artistas que conheci e tive o privilégio de conviver.

Seu humor fino e mordaz e implacável, sempre brilhante, seu rigor crítico que exercia com fervor religioso. Zen e João. A imagem de um homem tocando dias e dias a mesma canção, sempre igual, mas sempre com diferenças mínimas como um mantra hipnótico. Para depois esquecê-la e anos depois retomá-la para mais alguns anos de trabalho. Eis o trajeto de um música "nova" de João Gilberto até chegar ao público. O método gilbertiano consiste na repetição ao infinito de uma canção, com as palavras saindo de sua boca como pedrinhas brutas que rolam desde a nascente do rio até se transformar em seixos lisos e roliços antes de chegarem ao mar.

Todas as músicas que ele lapidou e gravou se tornaram suas, ninguém gravou um repertório melhor do que o dele, o grande songbook brasileiro do século 20.

Um grande privilégio foi ter assistido a muitos dos poucos, muito poucos shows que fez em sua carreira, em que jamais fez uma turnê. Três em Nova York, Paris, Miami, dois em Salvador, dois em São Paulo, três no Rio de Janeiro, dois em Montreux, três em Roma, espetáculos únicos e diferentes, com emoções diferentes, mas com a marca de seu rigor, sem a mínima falha. Voz e violão é cruel, mostra tudo.

João gravou só 12 ou 13 álbuns em mais de 60 anos de carreira, com precisão absoluta e rigor religioso. Todos impecáveis.

"O meu coração apaixonado, de sofrer vive abafado, sem saber por que, reclama coitadinho, tão baixinho, que às vezes penso até que ele vai parar."

Ou como disse Caetano, "melhor que o silêncio, só João".


O Globo sábado, 06 de julho de 2019

RECEITA PARA O DIA DO CHOCOLATE

 

Felipe Bronze ensina receita para o Dia Mundial do Chocolate

Chef e apresentador dá o passo a passo de tartelete de chocolate com maracujá e banana, que é servido em seu restaurante
 
 
Oro: A sobremesa traz chocolate em diferentes preparos, valorizados pelo sabor de duas frutas. É composta de torta, creme e crumble de chcocolate, crocante de cacau e mais: sorvete de banana com maracujá, caramelo de maracujá e cubos de banana. Rua General San Martin 889, Leblon (2540-8768). Foto: Divulgação/Tomas Rangel
Oro: A sobremesa traz chocolate em diferentes preparos, valorizados pelo sabor de duas frutas. É composta de torta, creme e crumble de chcocolate, crocante de cacau e mais: sorvete de banana com maracujá, caramelo de maracujá e cubos de banana. Rua General San Martin 889, Leblon (2540-8768). Foto: Divulgação/Tomas Rangel
 
De olho no Dia Mundial do Chocolate, celebrado em 7 de julho, o chef e apresentador Felipe Bronze ensina, com exclusividade, a receita da sobremesa que encerra o menu degustação servido em seu restaurante Oro, no Leblon. Um sucesso em seu cardápio! O doce, ele detalha, traz chocolate em diferentes preparos, valorizados pelo sabor de duas frutas. É composta de torta, creme e crumble de chocolate, crocante de cacau e mais: sorvete de banana com maracujá, caramelo de maracujá e cubos de banana.
 

 

- Essa nossa sobremesa realça os sabores que considero complementares e naturais do chocolate: banana e maracujá. A intenção é valorizar as notas de fruta que os chocolates de ótima qualidade têm. É deliciosa, vibrante e, ao mesmo tempo, aconchegante, como só um chocolate delicioso pode ser - afirma Felipe Bronze.

Oro: A sobremesa traz chocolate em diferentes preparos, valorizados pelo sabor de duas frutas. É composta de torta, creme e crumble de chcocolate, crocante de cacau e mais: sorvete de banana com maracujá, caramelo de maracujá e cubos de banana. Rua General San Martin 889, Leblon (2540-8768). Foto: Divulgação/Tomas Rangel
Oro: A sobremesa traz chocolate em diferentes preparos, valorizados pelo sabor de duas frutas. É composta de torta, creme e crumble de chcocolate, crocante de cacau e mais: sorvete de banana com maracujá, caramelo de maracujá e cubos de banana. Rua General San Martin 889, Leblon (2540-8768). Foto: Divulgação/Tomas Rangel

 

Massa da tartelete

Ingredientes

  • 250g de manteiga
  • 200g de açúcar
  • 2 ovos
  • 80g de cacau em pó
  • 2g de flor de sal
  • 480g farinha de trigo

Preparo

  1. Bater manteiga e açúcar na batedeira até ficar cremoso.
  2. Adicionar o ovo e bater até ficar homogêneo.
  3. Adicionar a farinha, o cacau peneirado e a flor de sal.
  4. Bater o suficiente para ficar homogêneo.
  5. Modelar as tarteletes e gelar.
  6. Assar por 15/20 mintuos em forno 160°C.

Recheio

Ingredientes

  • 180g chocolate 33%
  • 180g de chocolate 54%
  • 120g de manteiga
  • 80g de cacau em pó
  • 6 gemas
  • 10 claras
  • 130g creme de leite fresco
  • 100g açúcar
  • pitada de sal

Preparo

  1. Derreter os chocolates e a manteira no micro-ondas.
  2. Adicionar as gemas no chocolate ainda quente e misturar com a espátula.
  3. Adicionar o cacau em pó peneirado e misturar até ficar homogêneo. Levar esta base para a geladeira.
  4. Bater o creme de leite até montar
  5. Bater as claras em neve com o açúcar e a pitada de sal
  6. Misturar o creme de leite na base de chocolate. Depois, adicionar as claras em neve divididas em três partes. Misturar até ficar homogêneo.

Crumble de cacau

Ingredientes

  • 400g açúcar mascavo
  • 400g manteiga
  • 400g farinha de amêndoas
  • 150g cacau em pó
  • 250g farinha de trigo
  • 5g flor de sal

Preparo

  1. Em um bowl grande, misturar a manteiga amolecida e o açúçar.
  2. Adicionar as farinhas, o sal e o cacau e misturar até ficar homogêneo.
  3. Assar 160°C, por 30 minutos.
  4. Mexer a cada 10 minutos

Creme de chocolate

Ingredientes

  • 720g chocolate 33%
  • 720g chocolate 54%
  • 360g gemas
  • 1.760g creme fresco
  • 240g tpt

Preparo

  1. Aquecer o creme e o tpt.
  2. Temperar as gemas com o creme pré-aquecido e cozinhar até 80°C.
  3. Despejar o creme de leite no chocolate
  4. Mixar tudo e esfriar

Caramelo de maracujá

Ingredientes

  1. 1kg de açúcar
  2. 400g água
  3. 600g polpa de maracujá

Preparo

  1. Mistura o açúcar e água em uma panela alta.
  2. Cozinhar em fogo alto até caramelizar.
  3. Adicionar a polpa já aquecida (cuidado para não se machucar no vapor!).
  4. Porcionar em saco de confeitar e guardar em temperatura ambiente.

Sorvete de banana e maracujá

Ingredientes

  • 1kg de polpa de maracujá
  • 1kg de banana madura
  • 260g glucose em pó
  • 100g açúcar
  • 500g creme de leite fresco

Preparo

  1. Aquecer a glucose, o açúcar e o creme de leite até 80°C. Deixar esfriar.
  2. Bater a base neutra e fria com a polpa de maracujá e a banana no termomix até ficar homogêneo.
  3. Congelar e guardar

Crocante de Cacau

  • Ingredientes
  • 375g açúcar
  • 75g cacau
  • 240g farinha de trigo
  • 2 ovos
  • 115g de óleo
  • 240g de água
  • 245g de leite
  • 2g de sal
  • 6g de fermento em pó
  • 6g de bicarbonato

Preparo

  1. Mistura os secos. Adicionar 1/3 dos líquidos e misturar até ficar homogêneo
  2. Adicionar os ovos
  3. Adicionar o restante dos líquidos mexendo sempre entre uma adição e outra.
  4. Assar a 160°C por 20 minutos.

Rende cinco porções


O Globo sexta, 05 de julho de 2019

CINCO PETISCOS MAIS COPIADOS DE BOTECOS DO RIO

 

Cinco petiscos mais copiados dos botecos do Rio

Do bolinho de feijoada ao fondue de coxinha, saiba quais são os originais
 
 
A linguiça croc do restaurante Enchendo Linguiça, no Grajaú Foto: Felipe Hanower / Agencia O Globo
A linguiça croc do restaurante Enchendo Linguiça, no Grajaú Foto: Felipe Hanower / Agencia O Globo
 
 
 

Parece, mas não é. E não é mesmo. Petiscos de alguns botequins do Rio são tão originais - e gostosos - que chegam a ser irresistíveis, de comer e de copiar. Criado há quase 20 anos por Kátia Barbosa, do Aconchego Carioca, o bolinho de feijoada é um dos   mais replicados. Já o fondue de coxinha, do Bar da Frente, é vendido como novidade até mesmo em outros estados. Saiba quais são os originais de boteco.


O Globo quinta, 04 de julho de 2019

COPA AMÉRICA: BRASIL TERÁ PELA FRENTE UM PERU DIFERENTE

 

Brasil terá pela frente na final um Peru diferente do que goleou na primeira fase

Seleção peruana chega à decisão da Copa América, domingo, sem lembrar o time batido por 5 a 0 há 12 dias, na primeira fase da competição
 
 
Jogadores do Peru comemoram o gol de Yotún na vitória sobre o Chile Foto: JUAN MABROMATA / AFP
Jogadores do Peru comemoram o gol de Yotún na vitória sobre o Chile Foto: JUAN MABROMATA / AFP
 
 

Uma surpreendente seleção peruana derrotou ontem o Chile por 3 a 0 , em Porto Alegre, para carimbar sua vaga na final da Copa América e confirmar uma revanche com o Brasil, domingo, às 17h, no Maracanã. No primeiro encontro entre os dois, na fase de grupos, o Brasil goleou por impiedosos 5 a 0 na Arena Corinthians, em São Paulo.

Então, o que espera o Brasil na final de domingo? Ontem, por 25 minutos, o Peru vitimou o Chile com uma arma que, em outros tempos, esta geração chilena impunha aos adversários: pressão sufocante na saída de bola e um jogo agressivo que resultou no gol de Flores. Há alguns anos, o habitual era ver o Chile sufocando a posse de bola rival. Não é mais possível com um time que ontem iniciou a partida com nove jogadores de 30 anos ou mais.

ANÁLISE: Título poderia renovar confiança no futebol brasileiro

Mas o Peru repetirá tal pressão contra o Brasil? Difícil prever algo sobre este time camaleônico. O jogo dos 5 a 0, um ponto fora da curva para esse time, começou com uma tentativa peruana de adiantar a marcação e, por mais que a goleada encubra, a estratégia deixou o Brasil desconfortável até achar o 2 a 0. Mas o resultado pode produzir um Peru escaldado e mais cauteloso. Contra o Uruguai, nas quartas de final, marcou mais atrás e amarrou o jogo.

 

PAULO CÉZAR CAJU: A pior Copa América de todos os tempos

E, se optar por ser mais cautelosa, a seleção treinada pelo argentino Ricardo Gareca desde o início de 2015 pode ser perigosa no contra-ataque. Foi o que fez no segundo tempo de ontem, quando o Chile, em desvantagem, buscou ter mais posse e se adiantar. Ficou exposto que os peruanos têm certa dificuldade de marcar perto de sua área. Mas aproveitaram o espaço às costas da defesa do Chile para aplicar o golpe fatal: um passe longo às costas da zaga permitiu a jogada de Carrillo e o belo gol de Yotún.

Gallese voa para fazer mais uma defesa impressionante na vitória do Peru sobre o Chile Foto: LUISA GONZALEZ / REUTERS
Gallese voa para fazer mais uma defesa impressionante na vitória do Peru sobre o Chile
Foto: LUISA GONZALEZ / REUTERS

 

O Peru do segundo tempo não impedia que o Chile criasse chances e Gallese se tornasse o grande nome da noite, com defesas incríveis, pegando até mesmo um pênalti de Vargas já nos acréscimos, com a partida decidida. Mas mostrava que vale ter atenção com as escapadas rápidas de Flores e Carrillo pelos lados. E o bom volante Tápia ainda daria belo passe, aos 45 do segundo tempo, para Guerrero fazer o terceiro com categoria.

Por falar no atacante ex-Corinthians e Flamengo, e hoje no Internacional, trata-se de um caso à parte. Sua capacidade de fazer o time jogar é acima da média e independe do número de gols que faça. Quando o Peru se vê pressionado, é capaz de recebe bolas longas e aparar até que os companheiros cheguem.

 

Outro ponto de atenção que a defesa brasileira deve ter é com a movimentação de Cueva entre as linhas de marcação do rival e aproximando-se de Guerrero. Contra o Chile, fez ótima partida, assim como Yotún.

Se depender do histórico, o Brasil é amplo favorito. Nos 44 duelos contra o Peru, a seleção venceu 31, empatou nove e só perdeu em quatro oportunidades. Na Copa América, a vantagem brasileira é mantida. Foram 12 vitórias, três empates e três derrotas.

Jogadores do Peru comemoram o gol de Guerrero na vitória de 3 a 0 sobre o Chile Foto: RAUL ARBOLEDA / AFP
Jogadores do Peru comemoram o gol de Guerrero na vitória de 3 a 0 sobre o Chile Foto: RAUL ARBOLEDA / AFP

O último revés, porém, foi doloroso. A vitória peruana por 1 a 0 na Copa América do Centenário, em 2016, determinou a queda da seleção brasileira ainda na primeira fase da competição, e a demissão do técnico Dunga. Na última vez que o Peru conquistou a competição, em 1975, eliminou o Brasil nas semifinais.

O Brasil tem melhor time, mas ao contrário do que indica a goleada recente, o Peru merece cuidados. O domingo promete uma grande final no Maracanã.


O Globo quarta, 03 de julho de 2019

RECEITAS: PASTEL, FEIJOADA E CHURRO

 

Chef do Vizinhando ensina a preparar três receitas da casa

Luiz Sérgio Costa apresenta receitas de pastel de camarão com alho-poró, feijoada e minichurros de doce de leite
 
 
Luiz Sérgio Costa. Chef do Vizinhando Botecagem de Raiz, no shopping Uptown, na Barra da Tijuca Foto: Divulgação/Lucas Studart
Luiz Sérgio Costa. Chef do Vizinhando Botecagem de Raiz, no shopping Uptown, na Barra da Tijuca
Foto: Divulgação/Lucas Studart
 
 
 

RIO — Nascido em Piedade e criado no Méier, o chef Luiz Sérgio Costa, de 31 anos, sempre foi um apaixonado por culinária. Aos 10 anos de idade, por influência da avó, Apolônia Pereira, ele frequentava a cozinha de casa e começou a ajudar no preparo das refeições. Segundo Costa, esse hábito o levou a gostar de fazer comida caseira .

— Desde aquela época aprendi muito e trouxe para a minha profissão laços fortes com a comida caseira e afetiva, que é a minha grande paixão — revela o chef.

Agora, comandando a cozinha da recém-inaugurada filial doVizinhando Botecagem de Raiz no shopping Uptown , na Barra da Tijuca , ele comenta que seu objetivo é levar alegria e satisfação aos clientes por meio do paladar e de uma sensação de familiaridade.

— Procuro fazer meu trabalho com amor e afeto, para que quem for comer se sinta bem, e não só pelo sabor — explica.

Costa, que tem dez anos de experiência na gastronomia, iniciou o trabalho na área com uma franquia de churrascaria que ele e o irmão, Luiz Felipe, compraram juntos, em 2009. No ano seguinte, os dois fundaram sua primeira marca própria especializada em churrasco, o Billy The Grill. Costa chegou a cursar Engenharia Mecânica por três anos, mas, pouco tempo depois do lançamento do restaurante, decidiu trancar o curso para se dedicar somente ao novo negócio.

— Fiz muitos cursos voltados para gastronomia no Senac e no Senai. Nessas voltas que a vida dá, costumo dizer que não larguei uma carreira e dei preferência a outra. Acredito que o conhecimento e as competências da engenharia, aliados ao que aprendi na gastronomia, me permitem trazer mais produtividade para o negócio e agradar aos meus clientes — afirma.


O Globo terça, 02 de julho de 2019

MEGAN RAPINOE, CAPITÃO DOS ESTADOS UNIDOS: VOCÊ NÃO PODE GANHAR SEM GAYS NO TIME

 

'Você não pode ganhar sem gays no time', diz Megan Rapinoe, capitã dos EUA

Jogadora de futebol é uma das defensoras do movimento LGBT no esporte
 
 
Megan Rapinoe é capitã da seleção dos EUA de futebol Foto: BERNADETT SZABO / REUTERS
Megan Rapinoe é capitã da seleção dos EUA de futebol Foto: BERNADETT SZABO / REUTERS
 
 
 

Megan Rapinoe é uma das jogadoras mais destemidas na hora de falar o que pensa. Capitã dosEstados Unidos , que entra em campo nesta terça-feira conta a Inglaterra, às 16h (de Brasília), pela semifinal da Copa do MundoFeminina de futebol, a jogadora afirmou que nenhuma equipe conquista uma competição sem gays no time. No dia 28 de julho, foi comemorado o Dia Internacional do Orgulho LGBT.

Na semana passada, Rapinoe disse que a seleção feminina 'não iria para p... da Casa Branca" se ganhar o Mundial na França por causa de Donald Trump. O presidente dos EUA, então, respondeu a capitã e disse que ela deveria vencer antes o torneio.

A meia rebateu da melhor forma: marcou os dois gols na vitória por 2 a 1 sobre a anfitriã França e colocou o time nas semifinais.

Ao comemorar a classificação de sua equipe, a jogadora gritou "Vai gays!" para demonstrar o orgulho de ser homossexual. Ela namora a jogadora de basquete Sue Bird há três anos.

"Estou motivada por pessoas que gostam de mim e que estão lutando pelas mesmas coisas. Eu pego mais energia disso do que tentando provar que alguém está errado. Isso está se esgotando. Mas para mim, ser gay e fabulosa, durante o mês do Orgulho na Copa do Mundo, é ótimo", completou.


O Globo segunda, 01 de julho de 2019

COPA AMÉRICA: BRASIL ESPERA UMA ARGENTINA QUE QUE PROGREDIU, MAS AINDA TEM PROBLEMAS

 

Espera o Brasil uma Argentina que progrediu, mas ainda tem problemas

Forma de jogar do rival cria dilema para Tite: manter estilo da seleção ou ter mais precauções
 
Messi em disputa de bola no Maracanã Foto: Marcelo Regua / Agência O Globo
Messi em disputa de bola no Maracanã Foto: Marcelo Regua / Agência O Globo
 
 
 

O maior clássico sul-americano decidirá, na terça-feira, em Belo Horizonte, um lugar na final da Copa América. Nem brasileiros, nem argentinos têm times prontos. Mas será uma mistura de qualidade técnica e imperfeições coletivas que, provavelmente, ditará o rumo do clássico. 

Se assistiu à vitória argentina sobre a Venezuela por 2 a 0, ontem, no Maracanã, Tite deve ter acabado a jornada processando boas e más notícias. Dentre as ruins, algumas sobressaem. Os rivais de terça jogam, hoje, um pouco melhor do que ao chegarem ao Brasil. Têm algo de estrutura e chegaram ao segundo jogo sem levar gol. E o fazem sem Messi, que parece fisicamente debilitado, reluzir.

Mas há notícias boas também. Esta Argentina, reflexo de um futebol desordenado nos bastidores, ainda vive de espasmos de bom jogo. Foram 15 minutos contra os venezuelanos e um segundo tempo em que se viram superados até acharem o segundo gol, em falha do goleiro Fariñez. É um time que dificilmente irá impor ao Brasil o desafio de tentar furar uma defesa fechada. Porque, sem a bola, apesar do retrospecto recente, esta Argentina ainda é cheia de questões mal resolvidas. Por sua forma peculiar de jogar, oferece um dilema a Tite. Mas também oportunidades.

 

Ordem e valentia

A Argentina se assentou num 4-1-3-2 com Messi por trás dos atacantes Lautaro Martinez e Aguero. À direita do craque, na linha de três  meias, está De Paul, que vem jogando bem. Ontem, o lado esquerdo teve Acuña na vaga de Lo Celso. O time ganhou força, ajuda defensiva e profundidade pelo lado do campo, mas menos passe, menos cadência e retenção da bola. Por cerca de 15 minutos, os argentinos  pressionaram e moveram bem a bola. Mas a criação de chances só veio, de fato, numa sequência de escanteios contra a zaga reserva da Venezuela. Até Lautaro fazer 1 a 0.

Por características, Messi, Lautaro e Aguero não têm hábito de recuar para combater, embora o atacante do Manchester City se esforce demais. O time se defende com sete homens: a linha de quatro defensores e os três meias. Permite que o manejo rápido da bola abra espaços. Foi o que a Venezuela fez no segundo tempo, em especial após a entrada de Soteldo. Teve o domínio, até o segundo gol sentenciar o jogo. No lance, mérito para De Paul, que roubou a bola. Faz ótimo torneio e merece vigilância.

Mas é a forma de defender da Argentina que coloca Tite diante de uma decisão a tomar. Envolve valentia, disposição a assumir mais ou menos riscos. Com o trio ofensivo rival menos envolvido no combate, o Brasil pode manter seu modelo ofensivo: time adiantado, laterais se juntando aos meias, pontas abertos. Pode gerar superioridade contra a defesa rival e provocar danos aos argentinos.

Mas a qualidade técnica do trio ofensivo pode levar Tite a optar por manter mais homens atrás da linha da bola ao atacar, vigiando os rivais. O velho dilema entre impor seu jogo e se adaptar ao adversário. Guardadas todas as devidas proporções, e apesar de serem circunstâncias e características de jogadores bem diferentes, vale uma analogia que deve estar na mente de Tite: a Bélgica “pagou para ver” na Copa do Mundo. Hazard e Lukaku não voltavam, o Brasil teve dúvidas sobre como se adaptar no primeiro tempo até impor seu jogo no segundo. Foi fatal.

 

É claro que os argentinos, que tiveram a cada jogo uma escalação, podem também buscar variantes. Ontem, mostraram uma delas: ganharam o jogo pelo lado esquerdo, com Acuña. Ele poderia explorar as costas de Daniel Alves. Além disso, há individualidades ganhando confiança: Paredes, De Paul e Lautaro, por exemplo. Sem contar que há Messi: quem ousa dizer que não irá despertar? O Superclássico será, ao mesmo tempo, uma prova de organização e valentia.


O Globo domingo, 30 de junho de 2019

COPA AMÉRICA: ÉVERTON E LAUTARO MARTÍNEZ

 

Ex-coadjuvantes, Éverton e Lautaro Martínez viram os xodós de Brasil x Argentina

Atacantes aproveitaram hiato deixado por estrelas e são candidatos a herói
 
 
Éverton Cebolinha e Lautaro Martínez são os destaques de Brasil e Argentina Foto: Montagem sobre fotos de Reuters e AFP
Éverton Cebolinha e Lautaro Martínez são os destaques de Brasil e Argentina
Foto: Montagem sobre fotos de Reuters e AFP
 
 
 

Quando Brasil e Argentina começaram suas caminhadas na Copa América, ninguém apostava que Éverton Cebolinha e Lautaro Martínez chegariam à semifinal como principais candidatos a herói. Depois de iniciar a competição sob a sombra das principais estrelas — que até agora não corresponderam —, os dois aproveitaram suas chances e agarraram a titularidade. Mais do que isso: foram alçados de forma meteórica ao posto de xodós. E, na próxima terça, estarão depositadas neles as expectativas das duas torcidas.

 

Em campo, o brasileiro se destaca pela velocidade e capacidade de abrir espaços. O argentino, menos veloz, é mais goleador. Mas suas trajetórias no torneio, até aqui, são semelhantes. Cebolinha foi reserva nos dois primeiros jogos. Mas saiu do banco para conquistar a torcida e o técnico Tite. Contra a Bolívia, jogou bem e marcou um dos gols na vitória por 3 a 0. Na rodada seguinte, contra a Venezuela, foi dele a jogada de um dos gols anulados. Foi o suficiente para ganhar a titularidade contra o Peru, quando voltou a marcar, encantar e ficar de vez com a vaga.

— Foi uma aparição muito boa frente à ausência do Neymar. Um jogador a ser considerado — elogiou o técnico argentino Lionel Scaloni, preocupado com o brasileiro.

A caminhada de Martínez teve um começo ainda mais pedregoso. Depois de assistir a toda a derrota para a Colômbia do banco, ganhou uma chance como titular na partida seguinte, contra o Paraguai. Mas se desgastou com Scaloni quando foi sacado no segundo tempo: enquanto ele assegurou estar bem fisicamente, o técnico justificou a substituição por questões físicas. O mal-estar foi resolvido com gols: marcou nos dois jogos seguintes, sendo o último deles, na vitória sobre a Venezuela, de letra. Uma pintura que o fez ser exaltado nos principais jornais e sites argentinos.

 

— Imaginei que a bola poderia entrar ali, tentei a letra e, por sorte, entrou — comemorou o atacante.

Artilheiro argentino pós-Copa

O Touro, seu apelido no país, não balança as redes apenas por sorte. Com apenas 21 anos, já marcou seis vezes em dez compromissos pela seleção. Um desempenho que faz dele o artilheiro da equipe no pós-Copa da Rússia. Neste período, fez o dobro de Messi, de quem os argentinos ainda esperam um protagonismo maior.

Pelos clubes, o faro também é apurado. Em sua primeira temporada pela Inter de Milão, nove gols em 35 jogos. No último ano pelo Racing, clube que o revelou, fez 18 em 28 partidas. Até os brasileiros sofreram com ele. Na Libertadores de 2018, marcou três no Cruzeiro e dois no Vasco.

Com o bom desempenho na Copa América, a tendência é que seja ainda mais aproveitado na Inter de Milão. Já Cebolinha, com os mesmos dois gols que o argentino na competição, vive a expectativa de ingressar no futebol europeu. Até o momento, o Grêmio ainda não recebeu propostas.

Éverton: titular pela primeira vez

Éverton é um dos caçulas do grupo em idade e, principalmente, em presença na seleção brasileira. Foi fazer sua estreia como titular apenas na partida contra o Peru, há oito dias. Entre os 23 do grupo de Tite na Copa América, todos já haviam tido o gostinho de ouvir o Hino Nacional no gramado antes.

Para o zagueiro Thiago Silva, a entrada do atacante na equipe titular foi um reconhecimento para o momento que ele vive desde a convocação.

— O corte do Neymar nos deu tristeza, mas encontramos o Cebolinha, que entrou num nível incrível, fazendo grandes jogos, uma grande Copa América. Isso vai fortalecendo a nossa equipe — destacou.


O Globo sábado, 29 de junho de 2019

COPA AMÉRICA: ESPERA O BRASIL UMA ARGENTINA QUE PROGREDIU

 

 EXCLUSIVO PARA ASSINANTES

Espera o Brasil uma Argentina que progrediu, mas ainda tem problemas

Forma de jogar do rival cria dilema para Tite: manter estilo da seleção ou ter mais precauções
 
 
Messi em disputa de bola no Maracanã Foto: Marcelo Regua / Agência O Globo
Messi em disputa de bola no Maracanã Foto: Marcelo Regua / Agência O Globo
 
 
 

O maior clássico sul-americano decidirá, na terça-feira, em Belo Horizonte, um lugar na final da Copa América. Nem brasileiros, nem argentinos têm times prontos. Mas será uma mistura de qualidade técnica e imperfeições coletivas que, provavelmente, ditará o rumo do clássico.

 

Se assistiu à vitória argentina sobre a Venezuela por 2 a 0, ontem, no Maracanã, Tite deve ter acabado a jornada processando boas e más notícias. Dentre as ruins, algumas sobressaem. Os rivais de terça jogam, hoje, um pouco melhor do que ao chegarem ao Brasil. Têm algo de estrutura e chegaram ao segundo jogo sem levar gol. E o fazem sem Messi, que parece fisicamente debilitado, reluzir.

Mas há notícias boas também. Esta Argentina, reflexo de um futebol desordenado nos bastidores, ainda vive de espasmos de bom jogo. Foram 15 minutos contra os venezuelanos e um segundo tempo em que se viram superados até acharem o segundo gol, em falha do goleiro Fariñez. É um time que dificilmente irá impor ao Brasil o desafio de tentar furar uma defesa fechada. Porque, sem a bola, apesar do retrospecto recente, esta Argentina ainda é cheia de questões mal resolvidas. Por sua forma peculiar de jogar, oferece um dilema a Tite. Mas também oportunidades.  

Ordem e valentia

A Argentina se assentou num 4-1-3-2 com Messi por trás dos atacantes Lautaro Martinez e Aguero. À direita do craque, na linha de três  meias, está De Paul, que vem jogando bem. Ontem, o lado esquerdo teve Acuña na vaga de Lo Celso. O time ganhou força, ajuda defensiva e profundidade pelo lado do campo, mas menos passe, menos cadência e retenção da bola. Por cerca de 15 minutos, os argentinos  pressionaram e moveram bem a bola. Mas a criação de chances só veio, de fato, numa sequência de escanteios contra a zaga reserva da Venezuela. Até Lautaro fazer 1 a 0.

Por características, Messi, Lautaro e Aguero não têm hábito de recuar para combater, embora o atacante do Manchester City se esforce demais. O time se defende com sete homens: a linha de quatro defensores e os três meias. Permite que o manejo rápido da bola abra espaços. Foi o que a Venezuela fez no segundo tempo, em especial após a entrada de Soteldo. Teve o domínio, até o segundo gol sentenciar o jogo. No lance, mérito para De Paul, que roubou a bola. Faz ótimo torneio e merece vigilância.

Mas é a forma de defender da Argentina que coloca Tite diante de uma decisão a tomar. Envolve valentia, disposição a assumir mais ou menos riscos. Com o trio ofensivo rival menos envolvido no combate, o Brasil pode manter seu modelo ofensivo: time adiantado, laterais se juntando aos meias, pontas abertos. Pode gerar superioridade contra a defesa rival e provocar danos aos argentinos.

Mas a qualidade técnica do trio ofensivo pode levar Tite a optar por manter mais homens atrás da linha da bola ao atacar, vigiando os rivais. O velho dilema entre impor seu jogo e se adaptar ao adversário. Guardadas todas as devidas proporções, e apesar de serem circunstâncias e características de jogadores bem diferentes, vale uma analogia que deve estar na mente de Tite: a Bélgica “pagou para ver” na Copa do Mundo. Hazard e Lukaku não voltavam, o Brasil teve dúvidas sobre como se adaptar no primeiro tempo até impor seu jogo no segundo. Foi fatal.

 É claro que os argentinos, que tiveram a cada jogo uma escalação, podem também buscar variantes. Ontem, mostraram uma delas: ganharam o jogo pelo lado esquerdo, com Acuña. Ele poderia explorar as costas de Daniel Alves. Além disso, há individualidades ganhando confiança: Paredes, De Paul e Lautaro, por exemplo. Sem contar que há Messi: quem ousa dizer que não irá despertar? O Superclássico será, ao mesmo tempo, uma prova de organização e valentia.

O Globo sexta, 28 de junho de 2019

PARAGUAI IMPÔS DESAFIO QUE FAZ A SELEÇÃO BRASILEIRA SOFRER

 

Análise: Paraguai impôs o desafio que faz a seleção brasileira sofrer

Time de Tite avançou às semifinais da Copa América nos pênaltis
 
 
Gabriel Jesus corre para comemorar o gol do Brasil sobre o Paraguai, nos pênaltis Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
Gabriel Jesus corre para comemorar o gol do Brasil sobre o Paraguai, nos pênaltis
Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
 
 

Quando se relativizou o peso da goleada sobre o Peru, era justamente para desafios como o de ontem que se alertava: enfrentar uma defesa fechada, um rival encerrado atrás, a obrigação de achar espaço diante de um muro. Nos 5 a 0 sobre os peruanos, circunstâncias um tanto atípicas abriram os caminhos. Ontem, apesar de um domínio massacrante, naturalmente maior após a expulsão de um paraguaio, o tal primeiro gol não saiu. E embora a seleção fizesse muitas coisas corretas, o calvário foi até os pênaltis.

 

É importante ponderar que é natural ser assim. Se furar defesas é um desafio nas disputas de clubes, tal traço do jogo atual é ainda mais verdadeiro entre seleções. Porque as equipes nacionais têm menos tempo de treino, trabalham menos e, portanto, têm menos chances de desenvolver mecanismos, automatizar e sincronizar movimentos para abrir retrancas. Não nos esqueçamos da Copa do Mundo, vencida por uma França cheia de talentos, mas que corrigiu seu caminho quando passou a defender mais atrás e buscar o jogo em transições rápidas.

Dito tudo isso, não foi justo que o jogo fosse parar na marca do pênalti, tamanho o domínio da seleção. Em alguns aspectos da proposta de Tite, o time vai evoluindo na Copa América. A movimentação entre Arthur e Coutinho no meio melhora, oferecendo aproximações e trocas de passes; os laterais como armadores mais pelo centro também crescem, e ambos fizeram ótimo primeiro tempo — no segundo, Filipe Luís saiu e Daniel Alves seguiu fazendo grande jogo.

 O que não significa dizer que não haja questões a observar na seleção. Uma delas diz respeito mais ao jogo de ontem: sem Casemiro e Fernandinho , Allan se sentiu desconfortável na função de primeiro volante.

Mas por falar em desconforto, há outras situações que merecem mais atenção no momento. Tite quer laterais como armadores numa faixa mais central do campo e vê seus pontas iniciarem as jogadas mais abertos. Quanto a Éverton do lado esquerdo, nem há tantos problemas. Ele se sente à vontade. Mas Gabriel Jesus foi sacrificado demais no jogo. Como a marcação paraguaia bloqueava bem os lados e também impedia que o Brasil tivesse continuidade no campo ofensivo, raramente ele conseguia fazer a diagonal para a área. Preso pelo lado, fugia demais às suas características. E sem tantas opções de profundidade, ou seja, jogadores que se projetam para receber às costas da marcação rival, quem também se sacrifica é Roberto Firmino.

Pênalti perdido à parte, é um jogador de extrema inteligência, precisa ter opções de passe para que sejam aproveitados os espaços gerados por sua mobilidade. Aliás, o movimento que fez tirando Balbuena do lugar e gerando o lance da expulsão do paraguaio foi preciso. Assim como a jogada de Jesus, que rompeu seu confinamento à ponta e criou o lance.

A dificuldade no 11 contra 11 indica que é preciso melhorar a movimentação ofensiva. Ocorre que sem que nos déssemos conta, o Brasil trocou mais de meio time em relação à Copa do Mundo. Também perdeu seu melhor jogador e muda mecanismos de jogo. É, como quase todas as seleções do mundo a esta altura, um time em formação. Vitórias como as de ontem valem tanto pelo que se conquista quanto pelo que se evita. Ou seja, mantêm o Brasil vivo no torneio e evitam que um país ansioso crie uma pressão surreal sobre Tite. Pavimentar caminhos para o futuro e ganhar crédito: há muito em jogo na Copa América.

 


O Globo quinta, 27 de junho de 2019

ALISSON É FRUTO DA ESCOLA DE GOLEIROS QUE FORMOU TAFAREL

 

Alisson é fruto da escola de goleiros que formou Taffarel: saiba os 'mandamentos' dela

Ambos foram formados no Inter, com a linha de trabalho do mesmo 'paizão'
 
 
Alisson pode ser decisivo para o avanço da seleção às semifinais da Copa América Foto: JUAN MABROMATA / AFP
Alisson pode ser decisivo para o avanço da seleção às semifinais da Copa América Foto: JUAN MABROMATA / AFP
 
 

Alisson tinha quase 14 anos quando os pais tomaram uma decisão difícil. Como sua ida aos treinos ao lado do irmão Muriel não estava cabendo nas finanças da família, e o mais velho já se destacava na base do Internacional, José e Magali Becker decidiram tirar o filho caçula do futebol. A história poderia ter sido diferente se o preparador de goleiros colorado não insistisse. Daniel Pavan convenceu a família que o esforço valeria a pena, e treinou Alisson por oito anos, formando o goleiro em uma escola que moldou com sucesso o atual preparador de goleiros da seleção, Taffarel.

 

Após teste em treino, Tite confirma Allan como titular no Brasil

Nesta quinta-feira, contra o Paraguai, às 21h30, na Arena do Grêmio, em Porto Alegre, Alisson pode ser decisivo para o avanço da seleção às semifinais da Copa América. Há chance de disputa de pênaltis.

Há princípios que norteiam a formação colorada. Perfeccionista, ela abomina goleiros espalhafatosos e privilegia o posicionamento. Não é defender por defender.

— É muita ênfase no gesto técnico, defesa simples, trabalhando força e coordenação, que são fatores fundamentais para um goleiro hoje em dia — conta Alisson.

Um exemplo de sua técnica foi visto no amistoso contra o Uruguai, ano passado: ele evitou ser encoberto por Cavani quase sem tirar os pés do chão.

LEIA TAMBÉM: Atrás da primeira coroa, Messi retorna ao estádio onde quase virou rei

Há um professor em comum na árvore genealógica de goleiros, que, além de Taffarel e Alisson, ainda tem Gilmar Rinaldi e André Döring, todos formados no Inter: Luiz Carlos Schneider. Por mais que Valdir de Moraes, também gaúcho, tenha sido pioneiro na profissão, Schneider é visto como o precursor dessa metodologia de trabalho. Preparador colorado nos anos 1980, não foi um goleiro tão brilhante, mas é tratado como o “paizão” da geração de profissionais que o sucedeu.

 

— Schneider batia muito bem na bola. Não tínhamos muitos recursos de treinamentos. “Lagartão” era bola no chão. “Pombo correio” era bola alta. O conselho dele era simplicidade. Ele me pegou logo no início, ele queria eu mantivesse os pés no chão. Segui o ensinamento durante toda minha carreira. No geral, a escola de goleiros brasileira é boa. A gaúcha é muito técnica, exigente, detalhista. Essa é a linha, não que ela seja mais que as outras, mas ela está em um bom nível — conta Taffarel, que trabalha com Alisson na seleção desde 2015.

Até chegar ao presente, a passagem do conhecimento remete a tempos sem escrita: uma mistura de empirismo, observação e dicas do “paizão” aos sucessores. Os preparadores reconhecem que o material teórico documentado é quase nulo. O cenário tem sido amenizado com o curso da CBF Academy para formar profissionais da área.

Falecido em 1999, Schneider era um consultor no Inter em meados da década de 1990. Ele já tinha sido levado por Taffarel para ser seu preparador particular no Parma e voltara ao time gaúcho para instruir o trabalho dos mais novos. Lá estavam Daniel Pavan e Rogério Maia, que viriam a ter participação no desenvolvimento de Alisson.

O garoto cresceu

Pavan é o atual preparador de goleiros do profissional do Inter e subiu com Alisson desde a base. Ele apostou no goleiro mesmo quando o menino não tinha maturação adequada: não era alto e ficava na reserva. A falta de perspectiva de sucesso foi um ingrediente a mais para que os pais decidissem não mandar o caçula de Novo Hamburgo a Porto Alegre para treinar (trajeto aproximado de 45 km). O estirão veio: o titular da seleção e do Liverpool tem hoje 1,92m de altura.

 

CONFIRA: Arthur sonha com primeiro gol pela seleção na Arena do Grêmio: 'Seria perfeito'

— Alisson sempre foi um goleiro de técnica nata. Primamos muito pela lapidação dos fundamentos. Até hoje aplicamos muitas coisas que foram implantadas pelo Schneider, com adaptações para o futebol atual, como o jogo com os pés — explica Daniel Pavan.

Rogério Maia, com cinco passagens pelo Inter, foi auxiliar de Taffarel na Copa da Rússia. Ele esteve recentemente com a seleção sub-23 no título do Torneio de Toulon. Embora discípulo de Schneider, Maia explica que as convocações não têm ligação com a origem do goleiro:

— Na seleção, é o momento. O lado gaúcho de ser não tem a ver com a seleção. Até porque há muitos profissionais desenvolvendo um bom trabalho em clubes das Séries A e B. Ao mesmo tempo, não adianta ensinar bem e não escolher bem o goleiro — comentou.

Os 'mandamentos'

Depois de conversar com profissionais envolvidos na preparação de goleiros, o GLOBO montou uma espécie de mandamentos da formação de goleiros. Alguns são comuns a outros estilos de trabalho, mas há muito do DNA inserido por Schneider.

1 - Não defenda por defender. Tenha o gesto técnico perfeito.

2 - Não farás para ti defesas espalhafatosas, com saltos desnecessários. Preze pelo simples.

 

3 - Não espalmarás bolas em vão. Busque a defesa segura.

4 - Lembra-te do teu treinador para o orgulhar. Seja o primeiro a chegar e o último a sair.

5 - Honre o teu time para que se prolongue os dias no gramado que o seu treinador te dá.

6 - Não brincarás com a bola no pé.

7 - Não sairás em falso.

8 - Não adulterarás o posicionamento devido no gol. Busque a melhor colocação.

9 - Não reclamarás de exigência ou perfeccionismo do treinador.

10 - Não cobiçarás lugar de destaque, sendo protagonista por comportamento chamativo.


O Globo quarta, 26 de junho de 2019

COPA AMÉRICA: EVERTON CEBOLINHA BRILHA

 

Everton Cebolinha brilha sob os olhares do futebol europeu

Grêmio espera fim da competição para ouvir propostas pelo atacante da seleção, destaque da Copa América
 
 
Everton virou titular do Brasil na terceira partida na Copa América Foto: Freelancer / Agência O Globo
Everton virou titular do Brasil na terceira partida na Copa América Foto: Freelancer / Agência O Globo
 
 
 

PORTO ALEGRE — Filipe Luís foi bem direto ao ser perguntado se via futuro para Everton Cebolinha na Europa: “Ele está pronto”. O que Grêmio e seu representante agora aguardam é o desenrolar da Copa América para saberem se e por quanto ele fará essa transferência para o futebol do Velho Continente. O Fortaleza, a 3.200 km de distância de Porto Alegre, esfrega as mãos e vê cifrões a cada gol do atacante, autor de dois na competição.

 

Everton desponta como a melhor possibilidade de negócio dentro da seleção: tem 23 anos, idade atraente para o mercado europeu, virou titular do técnico Tite e ainda atua em gramados brasileiros. Os direitos econômicos estão fatiados: 50% são do Grêmio, 10% seguem com o Fortaleza, que o vendeu ainda garoto, em 2013, e os outros 40% pertencem a empresários, incluindo seu representante, Gilmar Veloz. Em suma: é muita gente, além da torcida brasileira, cruzando os dedos pelo sucesso dele.

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Romildo Bolzan Júnior é um deles. O presidente do Grêmio sabe que uma proposta da Europa é iminente, mas não há pressa para negociá-lo. A ordem no tricolor gaúcho é fazer jogo duro, vender caro a perda técnica que a saída de Everton representaria. Seria precipitado fechar um preço por ele antes da Copa América.

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O destino sorriu para o atacante, que saiu do papel de coadjuvante com o corte de Neymar. Agora, há expectativa pelo que o restante da competição reserva.

— Nosso desejo é que ele permaneça. É um jogador pronto. Se tiver a possibilidade de sair, tem de ser algo vantajoso para o Grêmio e para o jogador. Se houver proposta, terá de ser excepcional — afirmou Bolzan.

 

Expectativa cearense

A relação entre o dirigente e o empresário Gilmar Veloz é próxima. Foi o representante quem ajudou a manter Cebolinha em Porto Alegre nos primeiros anos de mudança. O garoto, então com 17 anos, trocou a quente Fortaleza pela gelada capital gaúcha e sofreu menos graças ao suporte de Veloz. É ele quem filtra as primeiras sondagens que chegam — no ano passado, clubes ingleses procuraram informações a respeito do jogador.

O bom começo na Copa América faz com que fique em evidência novamente. Uma grande reportagem do “The Independent” apontou “Little Onion” como o responsável por trazer humor e alegria de volta à seleção.

— Conversamos antes da Copa América e combinamos que não falaríamos a respeito de nada durante a competição. Ele não quer saber. Mas posso garantir, o nome dele não está em evidência por causa de dois gols. E sim pelos cinco anos como profissional do Grêmio.

Ok, mas a Copa América pode inegavelmente levá-lo a outro patamar. Enquanto isso, lá de Fortaleza, o presidente Marcelo Paz mantém contato com a família do jogador, natural de Maracanaú, região metropolitana da capital cearense. Pela televisão, acompanha os passos do atacante que pode render milhões de reais aos cofres do clube, graças aos 10% dos direitos econômicos que o Fortaleza manteve seis anos atrás.

 

— Todo gol dele eu vibro. Ele tem um carinho pelo clube e a torcida gosta dele. O dinheiro da venda dele seria muito importante, mas é o Grêmio quem tem o poder de decidir sobre isso — disse Paz.


O Globo terça, 25 de junho de 2019

COPA AMÉRICA: O QUE ESPERAR DO PARAGUAI

 

O que esperar do Paraguai, adversário do Brasil nas quartas da Copa América

Sem vitórias na competição, equipe mantém tradição de bons nomes defensivos e deve jogar no 4-5-1
 
 
Gustavo Gomez é zagueiro do Palmeiras e capitão do Paraguai Foto: EDGARD GARRIDO / REUTERS
Gustavo Gomez é zagueiro do Palmeiras e capitão do Paraguai Foto: EDGARD GARRIDO / REUTERS
 
 

Tem sido regra os adversários da seleção brasileira de Tite recuarem as linhas, darem o campo e a bola para os pentacampeões e esperarem uma brecha para o contra-ataque. Quando a equipe em questão é a seleção do Paraguai, que já tem um gosto pelo jogo defensivo, pode ter certeza: uma retranca é o que está por vir nas quartas de final da Copa América, quinta-feira, em Porto Alegre.

 

Há outros motivos que levam à conclusão parecida. O Paraguai já enfrentou dois tipos de seleções na competição. Quando estreou contra o Qatar e sofreu para empatar em 2 a 2, jogou no 4-2-3-1.  Depois, enfrentou as favoritas Argentina e Colômbia mais recuado, em um 4-5-1 para lá de cauteloso. Não teria razão para ser diferente contra o Brasil, atuando na casa do adversário.

Além disso, o receio de enfrentar o Brasil já se materializou. A intenção da CBF era enfrentar a seleção guarani em um dos amistosos preparatórios para a competição. O técnico Eduardo Berrizo, ainda no início do trabalho, preferiu recusar o convite para não expor sua seleção a um resultado adverso, e a equipe de Tite teve de jogar contra Honduras. Dessa vez, o Paraguai não terá como escapar.

Sendo assim, eis as armas da equipe. A seleção, campeã da Copa América em 1953 e 1979, aposta nos bons nomes defensivos. A começar por Gatito Fernández, goleiro do Botafogo e há duas temporadas um dos melhores da posição no Campeonato Brasileiro. Outro nome conhecido na retaguarda é o de Gustavo Gomez, que atualmente defende o Palmeiras. Valbuena, que teve boa passagem pelo Corinthians, tem aparecido apenas no banco de reservas.

No setor ofensivo, González, que joga no Santos, é um dos responsáveis pela criação, ao lado de Romero. Na frente, a maior esperança de gols ainda é Cardozo, veterano de 36 anos, atualmente no Libertad. A falta de opções se reflete no desempenho da equipe. O Paraguai chegou às quartas de final sem vencer, com dois empates e uma derrota, e foi apenas a nona seleção que mais finalizou: o Japão, que sequer se classificou para as quartas de final da Copa América, conseguiu arriscar mais a gol.


O Globo segunda, 24 de junho de 2019

SELEÇÃO FEMININA DE FUTEBOL: MARTA DESABAFA E FAZ APELÇ

 

Após eliminação da seleção brasileira, Marta desabafa e faz apelo

'Chorem no começo, para sorrirem no fim', disse a maior artilheira da história das Copas do Mundo
 
 
Marta fica desolada com eliminação do Brasil para a França Foto: Fotoarena / Agência O Globo
Marta fica desolada com eliminação do Brasil para a França Foto: Fotoarena / Agência O Globo
 
 
 

LE HAVRE - Após a derrota por 2 a 1 para a França, na prorrogação, que eliminou o Brasil da Copa do Mundo Feminina nas oitavas de final , a craque Marta desabafou e fez um pedido à próxima geração de jogadoras da seleção brasileira.

Sem citar alguém especificamente, num recado às meninas da nova geração, exigiu mais profissionalismo.

 — Quando digo isso é querer mais, treinar mais, estar pronta para jogar 90 e mais 30 minutos e mais quantos minutos forem necessários. É isso que peço para as meninas. Não vai ter uma Formiga para sempre, não vai ter uma Marta para sempre, não vai ter uma Cristiane. O futebol feminino depende de vocês para sobreviver. Então pensem nisso, valorizem mais. Chorem no começo para sorrir no fim — pediu a craque, que ainda alfinetou a ex-técnica da seleção Emily Lima:

 — Para quem disse que eu não tinha condições de jogar, joguei mais de 100 minutos.

Que sigam o exemplo do trio citado acima. Marta, aos 110 minutos, deu um pique na esquerda e levou o Brasil mais uma vez ao ataque na tentativa de empatar o jogo na prorrogação; Cristiane correu mais de 9 quilômetros até sair com cãimbras; Formiga, que vinha de lesão, não ficou muito atrás. Cerca de 8,5km da jogadora que mais participou de Copas do Mundo - sete no total.

 

 

De quem entrou em campo não faltou luta, dizem as jogadoras. Num jogo que, de véspera, os franceses davam como ganho facilmente, levar à prorrogação é uma amostra de que o Brasil ainda tem qualidade. Thaísa deu um belo toque para empatar o jogo, que teve o placar aberto por Gauvin, escorando a bola, no início do segundo tempo. Ver Debinha e Bia quase marcar o segundo gol nos momentos finais também é um exemplo disso.

Mas também a falta de pernas e um estilo de jogo consistente provam que a  derrota com o gol de Amandine Henry, no segundo tempo da prorrogação, não é mero acaso. A seleção feminina ficou para trás no percurso das mulheres no futebol. Maior vigor físico, consciência tática e investimento fizeram França, Itália, Espanha, entre outras equipes, se igualar e até passar o Brasil.

-Precisamos de uma liga brasileira forte e investimento na base. Vamos ter um campeonato sub-20, eu acho, só agora. É só olhar para essas seleções, as italianas jogam quase todas lá, as francesas também… - analisou a meia Andressa Alves. 

Fato que as francesas sentiram a pressão de jogar em casa, e, por vezes, cometeram erros por puro nervosismo. Ainda assim a equipe bem treinada por Corinne Diacre conseguiu imprimir seus conceitos táticos e o entrosamento necessário que evita um desgaste físico maior.

 

 

 


O Globo domingo, 23 de junho de 2019

COPA AMÉRICA: JOGO BRASIL X PERU

 

O Brasil não goleou o Peru porque se transformou do dia para a noite

Time teve bons momentos, mas circunstâncias do jogo foram muito favoráveis
 
 
Willian comemora com Firmino o quinto gol do Brasil sobre o Peru Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
Willian comemora com Firmino o quinto gol do Brasil sobre o Peru Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
 
 
 

Seria muito cômodo pegar carona num 5 a 0 para decretar que a seleção brasileira resolveu todas as interrogações que a cercam e se transformou num novo time. Mas não é justo fazê-lo. Primeiro, porque o mundo real é um meio caminho entre a depressão e a euforia. O Brasil  vive um processo que envolve mudanças na forma de jogar e trocas de jogadores que já alteraram meia equipe titular. E uma mudança tão radical não aconteceria da noite para o dia. É irreal.

Qualquer análise precisa levar em conta que o Brasil chegou aos 2 a 0 após 20 minutos absolutamente atípicos. O time não era confortável com a posse de bola, o Peru impunha dificuldades, tinha volume e era até um pouco superior. Mas um gol saído de um córner e o lance um tanto bizarro do goleiro Gallese, aproveitado com um misto de inteligência, persistência e categoria por Roberto Firmino, mudaram a cara da partida. Daí em diante, a seleção fez muitos movimentos interessantes com a bola, criou jogadas, teve lances vistosos. Mas fez tudo isso diante de um rival bem menos intenso e que oferecia mais espaços. Antes do jogo, havia o consenso de que a seleção precisava melhorar sua capacidade de atacar defesas  fechadas, adversários posicionados perto da própria área. Este teste não foi feito  diante dos peruanos.

Tite manteve a aposta num ataque mais posicional, ou seja, com zonas do campo que deveriam ser ocupadas por determinados  jogadores. Novidades na escalação, Éverton jogava bem aberto na esquerda, Gabriel Jesus partia da  direita e Firmino do centro. Quando o time se instalava em campo ofensivo, Jesus buscava a área, de onde Firmino recuava para ajudar na articulação. Eventualmente, Daniel ocupava a ponta. Mas os dois primeiros gols vieram antes que este jogo fluísse. O início brasileiro contra a Venezuela, por exemplo, exibira um  rival mais dominado, mais submetido ao jogo da seleção. Mas o gol não saiu. E, quando isto ocorre, a tendência é o jogo se complicar. Contra o Peru, os gols vieram cedo.

Mas por que o Brasil deixou tão boas sensações após abrir vantagem? Não foi apenas porque o Peru afrouxou a marcação e, em alguns momentos, se adiantou dando espaços para a seleção acelerar. Isto ocorreu, como no lance em que Coutinho achou Éverton às costas da defesa e o Brasil quase fez o que seria o terceiro gol. Mas houve também movimentos um tanto diferentes das duas primeiras partidas e que funcionaram bem. Só o futuro dirá o quanto as circunstâncias  convidativas foram determinantes.

 
 

Foi ótimo o entendimento pela direita entre Daniel Alves, Gabriel Jesus, a aproximação de Roberto Firmino e as chegadas de Arthur para criar trocas de passes. Outra mudança importante foi o entendimento entre Arthur e Coutinho. O ex-gremista, embora siga iniciando a construção alguns metros atrás, conseguia progredir junto com o time. Além disso, ele e Coutinho em diversos momentos romperam a rigidez de posicionamento: inverteram lados do campo, por vezes buscaram o mesmo lado e se aproximaram para dialogar, permitiram que a troca de passes fluísse mais. O time não se partia entre o quarteto ofensivo e os demais. Ter mais  companhia para dialogar fez Philippe Coutinho ser mais efetivo no jogo, embora a marcação mais frágil do Peru o tenha deixado menos "encaixotado" entre as linhas adversárias.

Além disso, para ser um ponta fixo pela esquerda, como Tite deseja, Éverton se mostra  mais à vontade. Pela direita, o treinador quer um ponta que busque a área, por isso optou por Jesus. As características casavam mais com os objetivos do treinador.

Há outras observações individuais a fazer. Primeiro, o jogo reafirma o quanto será difícil substituir Daniel Alves num futuro próximo,  em especial nas tarefas ofensivas. É capaz de buscar o meio para ser mais um organizador, eventualmente busca o lado do campo ou mostra técnica e inteligência para fazer jogadas como a do  quarto gol, aproveitando o pivô de Firmino e infiltrando na defesa rival.

 

Por falar em Roberto Firmino, é brutal sua capacidade de gerar jogo para os companheiros.  Na seleção, não dispõe de colegas tão habituados a ele quanto no Liverpool, onde cada movimento de saída da área pressupõe  a infiltração de Salah ou Mané. Mas algumas jogadas começam a sair a partir de sua inteligência de jogo. Em dados momentos, buscou o meio e trocou passes como mais um articulador. Em outros, foi para a ponta e inverteu com Jesus. Sem contar os espaços que abre para penetrações. Sem falar no quanto Arthur faz a troca de passes fluir.

Lógico que não se pode desconstruir uma goleada a esta altura. Há qualidade técnica para produzir momentos vistosos, bonitos.  Torná-los constantes depende de tempo, maturação de um time. Hoje, a seleção está em meio a um processo. Seu desafio é repetir os melhores  momentos deste sábado em contextos menos favoráveis.


O Globo sábado, 22 de junho de 2019

SELEÇÃO BRASILEIRA: PHILIPPE COUTINHO E SUA ROTINA NÔMADE NA SELEÇÃO

 

Philippe Coutinho e sua rotina de nômade na seleção

Jogador é esperança de bom futebol para o Brasil contra o Peru sem jogar na posição que o consagrou
 
Philippe Coutinho já atuou em quatro posições diferentes na seleção treinada por Tite Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
Philippe Coutinho já atuou em quatro posições diferentes na seleção treinada por Tite
Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
 
 
 

Recai sobre um corpo de 1,72m e 68kg a maior cobrança por desempenho da seleção brasileira. O tímido Philippe Coutinho entrará em campo neste sábádo, às 16h, para enfrentar o Peru, na Arena Corinthians, lidando silenciosamente com a pressão de ser a referência na ausência de Neymar, mesmo sem ter a condição ideal para isso.

Contra o Peru, ele jogará pela quinta vez seguida como meia centralizado, nova posição que Tite encontrou para ele de olho na Copa América. O treinador tem os dedos cruzados para que o desempenho do camisa 11 melhore, mesmo com o pouco tempo para adaptá-lo ao novo esquema — na atual preparação, foram 20 sessões de treino para tal, conta que inclui atividades regenerativas.

— Estou satisfeito, mas ele pode melhorar, como toda a equipe. Colocar o peso todo sobre um jogador é injusto — ressaltou Tite na coletiva antes do jogo.

Em três anos de seleção sob o comando de Tite, é a quarta posição diferente em que o técnico experimenta o jogador do Barcelona, um nômade nas mudanças táticas que o treinador implementa. Das 30 partidas em que Coutinho começou como titular, em cinco ele atuou na posição em que se consagrou: aberto pela esquerda.

No Liverpool e no Barcelona optou-se por escalá-lo onde o jogador fez fama, de onde parte para fazer sua jogada característica: o corte para o meio, a abertura de espaço para a perna direita e a finalização da entrada da área. Na última temporada na Espanha, foi titular 38 vezes. Em 34, atuou aberto pela esquerda. Detalhe: Ernesto Valverde começou o Espanhol escalando o jogador quatro vezes como meia, bem parecido como ele atuou na Copa da Rússia. No quinto jogo, desistiu.

 
Como Coutinho já foi posicionado em campo desde que Tite assumiu a seleção Foto: Arte
Como Coutinho já foi posicionado em campo desde que Tite assumiu a seleção Foto: Arte
 
 

Everton e Jesus titulares

Quando pode contar com Neymar, Tite não se dá ao luxo de barrar Coutinho. Por isso deslocou o jogador para a ponta direita durante as Eliminatórias para a Copa do Mundo. No setor, ele atuou dez vezes. Depois, quando Renato Augusto caiu de produção, o técnico vislumbrou no camisa 11 a alternativa para o meio. Foram mais 11 partidas de Philippe Coutinho na função, o que se prolongou até o último jogo antes da convocação para a Copa América.

Para a partida deste sábado, contra os peruanos, Coutinho seguirá no meio, com liberdade para subir entre o ponta esquerda e o centroavante. Mesmo sem Neymar, que visitou a concentração ontem, Tite prefere escalar outro jogador aberto. O escolhido da vez foi Everton, que deverá jogar no lugar de David Neres. Outra mudança será Gabriel Jesus na vaga de Richarlison. Firmino segue como atacante centralizado.

Para se classificar em primeiro do Grupo A sem depender de ninguém, a seleção precisa vencer o Peru.


O Globo sexta, 21 de junho de 2019

COPA AMÉRICA: GABRIEL JESUS E CEBOLINHA PODEM ENTRAR NO ATAQUE

 

Pressionada, seleção flerta com mudanças no ataque: Gabriel Jesus e Cebolinha

Tite se vê diante de um time ainda em dívida na parte ofensiva e pode mudar contra o Peru
 
 
Gabriel Jesus, atacante da seleção Foto: RODOLFO BUHRER / REUTERS
Gabriel Jesus, atacante da seleção Foto: RODOLFO BUHRER / REUTERS
 
 
 

Um tem o apelo dos números, o lado racional. O outro conta com o clamor da arquibancada, a voz da emoção. Seja pelo critério que for, Gabriel Jesus e Everton se tornaram candidatos à seleção titular na partida deste sábado, contra o Peru, na Arena Corinthians. Firmino, David Neres e até Richarlison) estão ameaçados pela pressão por mudanças no ataque verde-amarelo.

 Após empate com a Venezuela, o Brasil entrará em campo tentando saldar dívidas de bom futebol, e Tite parece disposto a reagir com até duas mudanças por motivos técnicos.

O treino de hoje ajudará a tirar as dúvidas do técnico. Mas só a atual disposição de abrir mão do conservadorismo habitual nas alterações é um sinal de que a seleção vive ambiente de mudanças.

Após a Copa do Mundo, Tite indicou que uma das liçõesde torneios de tiro curto era a de ser menos reticente diante dos problemas.

Gabriel Jesus recuperou-se do desempenho ruim na Rússia, resgatou a autoestima e fez com que a comissão voltasse a olhá-lo com mais carinho. Os números não são tão díspares aos de Firmino em 2019. Mas o desempenho ruim do ataque no empate com os venezuelanos motiva Tite a mudar.

— Estamos contentes com o Gabriel Jesus, o lado anímico dele melhorou — celebrou Tite após a goleada sobre Honduras.

Tanto Gabriel quanto Firmino estiveram em campo por ocasião de nove dos 16 gols assinalados pela seleção este ano. Só que Jesus foi responsável por marcar cinco deles, enquanto Firmino só fez dois. E olha que o atacante do Liverpool esteve mais tempo em campo do que o colega do City: em minutos, o placar é 337 a 263. Firmino, ao mesmo tempo, tem uma assistência no ano, enquanto Jesus não colaborou neste quesito.

 
Everton entrou bem nas duas partidas, marcou belo gol contra a Bolívia, e conta com a arquibancada. Na Fonte Nova, teve o apelido de Cebolinha gritado.

Enquanto Everton ascende neste início de Copa América, David Neres conseguiu impressionar mais nos amistosos que antecederam a competição. Foi bem contra República Tcheca, melhor ainda diante da frágil seleção de Honduras, mas ficou devendo contra a Venezuela.

— Quem entra tem se saído melhor que o titular. É um caso aberto — disse Tite.


O Globo quinta, 20 de junho de 2019

SELEÇÃO FEMININA DE FUTEBOL: À ESPERA DO ADVERSÁRIO DAS OITAVAS

 

Seleção feminina ainda na espera pelo adversário das oitavas; Veja cenários

França é o rival provável na próxima fase. Time pega a Alemanha apenas se Camarões (ou Nova Zelândia) e Chile se classificarem
 
 
Seleção aguarda resultados de outros grupos para conhecer suas próximas adversárias Foto: PHILIPPE HUGUEN / AFP
Seleção aguarda resultados de outros grupos para conhecer suas próximas adversárias
Foto: PHILIPPE HUGUEN / AFP

A seleção feminina dormiu novamente em Lille sem saber quem será a adversária nas oitavas de final. Havia a expectativa de que o destino do Brasil se confirmasse na quarta-feira, com os jogos do Grupo D. Mas o 3 a 3 entre Escócia e Argentina adiou o início da preparação da equipe, que ganhou sua primeira folga no Mundial.

 

As chances de enfrentar a França continuam enormes. As combinações mais prováveis levam o Brasil ao encontro das anfitriãs. No momento, o caminho é esse. Hoje, Nigéria e Argentina seriam as duas piores terceiras colocadas com direito a vaga. Neste cenário, com as classificadas vindas dos Grupos A e D, de acordo com o regulamento, o Brasil cai na chave das francesas, e jogará no domingo, em Le Havre, às 16h (de Brasília).

Há outro cenário que mantém o confronto entre brasileiras e francesas na próxima fase: basta ninguém ultrapassar as nigerianas, que terminaram a primeira fase com três pontos e menos dois gols de saldo. Só quem pode fazer isso é Camarões ou Nova Zelândia, que jogam nesta quinta-feira, às 13h, e o Chile, que enfrenta a Tailândia, goleada por Estados Unidos e Suécia nos dois primeiros jogos, às 18h.

Esperança chilena

No caso de Camarões, uma vitória disciplinada tiraria as nigerianas. Empatariam em tudo, mas as camaronesas ficariam com a vaga pelo número menor de cartões.

Já a Nova Zelândia precisa vencer por dois gols de diferença para ultrapassar Camarões no saldo e número de gols marcados. O empate entre elas coloca a Argentina nas oitavas e já confirma Brasil e França antes mesmo dos últimos jogos da primeira fase começarem.

 

Para enfrentar a Alemanha, no sábado, em Grenoble, só o resultado combinado que classifique em terceiro lugar uma seleção do Grupo E (Camarões ou Nova Zelândia) e do Grupo F (Chile) ao mesmo tempo.

As chilenas, matematicamente, teriam a vida mais complicada, já que precisam vencer por três gols de diferença para tirar a Nigéria. Porém, são as que têm mais chances de conseguir a classificação. As tailandesas levaram 18 gols (13 dos Estados Unidos e cinco da Suécia). Um 3 a 0 não parece façanha distante.


O Globo quarta, 19 de junho de 2019

COPA AMÉRICA: BRASIL JOGA MAL E EMPATA COM A VENEZUELA

 

Brasil joga mal, esbarra na Venezuela e no VAR, e fica no empate

 

Seleção tem dois gols anulados graças ao recurso do vídeo, outro pelo árbitro sozinho, e sai vaiada da Fonte Nova
 
 
Jesus corre para comemorar o gol que seria anulado pelo árbitro Foto: Guito Moreto
Jesus corre para comemorar o gol que seria anulado pelo árbitro Foto: Guito Moreto
 
 
 

A passagem da seleção brasileira pelo Nordeste foi uma festa junina sem graça. No arraiá da Fonte Nova, a tônica foi: Olha o gol! É mentira!

Foram três comemorações interrompidas por parte da torcida verde e amarela na segunda rodada da Copa América, contra a Venezuela. Duas com a intervenção do VAR. Pela letra fria da lei, o 0 a 0 foi justo, mas ao mesmo tempo muito frustrante diante da expectativa de que o time de Tite pudesse, cumprindo as regras, alcançar a segunda vitória no torneio.

 

O Brasil encontrou um ambiente muito mais acolhedor em Salvador do que na estreia em São Paulo. Mas a seleção não correspondeu, em que pese tenha chegado ao ataque a ponte de ter três gols anulados. O empate liga o sinal de alerta em relação à dificuldade de fazer o goleiro adversário trabalhar.

Falta de posse de bola não foi problema. E Richarlison chegou perto de abrir o placar no primeiro tempo, mas o Brasil ficou devendo.

No segundo tempo, já com Gabriel Jesus substituindo Richarlison, a comemoração de “alô, mãe” foi frustrada porque a arbitragem identificou impedimento de Firmino na jogada.

A frustração de Philippe Coutinho no empate sem gols na Fonte Nova Foto: Freelancer / Agência O Globo
A frustração de Philippe Coutinho no empate sem gols na Fonte Nova Foto: Freelancer / Agência O Globo

 Vendo o jogo travado, a torcida perdeu a paciência e voltou a vaiar. Para completar, Everton, que entrou bem na partida, fez grande jogada e cruzou para Philippe Coutinho marcar. Gol novamente anulado por impedimento.


O Globo terça, 18 de junho de 2019

COPA AMÉRICA: ARTHUR

 

Arthur, a chave para entender uma seleção que se transforma

 

Volta do volante do Barcelona pode consolidar nova forma de jogar do time de Tite
 
 
 
 
 
 

SALVADOR - Há quem fale em  “organismos vivos” para definir times de futebol, no sentido de que estes necessitam estar em permanente adaptação. Seja porque adversários o desvendam, seja porque seus jogadores oscilam em forma física ou técnica. Nesta terça-feira, enfrenta a Venezuela, na Fonte Nova, às 21h30m, uma seleção brasileira que vive na Copa América mais uma etapa de uma mudança que, silenciosamente, é mais drástica do que se imagina. Tite não anunciou o time, mas deverá ter de volta um jogador que é chave para entender boa parte das transformações atuais, inclusive de sistema tático: Arthur.

 

O volante do Barcelona é vital no equilíbrio da seleção: não impede que Daniel Alves tenha certa liberdade para construir jogadas e permite que Philippe Coutinho seja um meia mais avançado.

— Arthur encontra muitas saídas, é o primeiro passe para achar os jogadores de meio-campo e de frente. Ele dá muita muita construção de jogadas — disse Tite.

Tite foi cobrado por não promover uma renovação mais profunda após a derrota na Rússia. Mas, hoje, restam apenas cinco titulares da equipe base das eliminatórias, formada em 2016, quando Tite assumiu: Alisson, Daniel, Marquinhos, Casemiro e Coutinho.

Mudança pós-Copa

Tudo começa no 4-1-4-1, com Paulinho e Renato Augusto como meias centrais e Coutinho partindo da ponta direita, que funcionou de imediato. Mas, perto da Copa da Rússia, lesão e queda de forma de Renato Augusto fizeram Tite ter que se mover. Ele tentou manter o sistema, levando Coutinho para o meio-campo, na vaga de Renato. O hoje jogador do Barcelona não teve o mesmo rendimento e, especialmente pelo lado esquerdo, o time perdeu consistência. A função exigia que Coutinho cobrisse uma porção muito grande de campo.

Reequilibrar o meio foi o dever de casa pós-Copa. E Arthur despontava como o meio-campista raro no Brasil: passe, organização de jogo e certa ajuda defensiva. Mas num amistoso contra o Panamá, percebeu que manter o 4-1-4-1, tendo Arthur como um dos meias centrias, o fazia receber a bola mais avançado,entre as linhas defensivas do adversário. O que não é cômodo para um jogador que prefere iniciar jogadas, ver o jogo de frente. Daí a ideia de fazê-lo retroceder alguns metros. O time se aproximou do 4-2-3-1, esquema pouco habitual na carreira de Tite, com Arthur mais perto de Casemiro.

Daniel Alves segue com segurança para construir jogadas, Arthur ocupa sua faixa preferida e Coutinho se torna um meia mais central, mais perto da área rival, onde é mais decisivo. E cobre área menor de campo.

— Temos meias versáteis, cada um com sua característica. Em todas elas, a ideia é Coutinho ter mais liberdade — emendou Tite.

Fim dos problemas? Nem tanto, porque a lesão de Arthur no amistoso com Honduras limitou os testes. Ver o time funcionar bem nesta terça-feira cedaria a Tite enorme alívio.


O Globo segunda, 17 de junho de 2019

COPA AMÉRICA: CAVANI. SUÁREZ E LODEIRO

 

Cavani e Suárez marcam, mas Lodeiro é destaque na goleada do Uruguai contra o Equado

Com facilidade e com o seu surpreendente camisa 7 inspirado, equipe celeste goleia por 4 a 0 na estreia na Copa América
 
Lodeiro comemorando o gol marcado pelo Uruguai Foto: DOUGLAS MAGNO / AFP
Lodeiro comemorando o gol marcado pelo Uruguai Foto: DOUGLAS MAGNO / AFP
 
 
 De todos as nações que compõem a Conmebol, Uruguai e Equador são os menores, em termos de tamanho territorial.  Maiores vencedores da Copa América até hoje - com 16 títulos - os uruguaios provam, ano após ano, e voltaram a fazer neste domingo, no Mineirão, ao vencerem com facilidade o Equador por 4 a 0, que tamanho do país não é documento para ser vencedor no futebol.
 
Cultura, estrutura ou até a sorte. O que fica no ar é o motivo principal de uma nação pequenininha feito o Uruguai ter tanto a contar e a mostrar em campo, geração após geração, e outra não muito maior ter tão pouco como a equatoriana. Enquanto o Uruguai e seus 176 mil metros quadrados já levantou duas Copas do Mundo e tem no elenco nomes com Suárez e Cavani, o Equador nunca revelou um jogador do mesmo nível.

Houve um brilho inesperado que decidiu o jogo de ontem no Mineirão nos primeiros 20 minutos. E se era imprevisto, a tendência era que fosse bom para o Equador, claro azarão. Mas foi do lado uruguaio: em vez de de Cavani ou Suárez, quem decidiu o jogo foi Nicolás Lodeiro e seu novo visual, com o cabelo platinado.

O meia, com passagens discretas pelo futebol brasileiro - o melhor momento foi no Botafogo - é o titular do Uruguai, no lugar do rubro-negro Arrascaeta, o jogador mais caro da história do Flamengo, algo de difícil para a compreensão para a torcida brasileira. Mas o técnico Oscar Tabárez prefere assim porque o seu 4-4-2 pretende municiar e dar liberdade às estrelas da equipe - os atacantes - e o meio campo necessita, para isso, de muita intensidade e e recomposição defensiva.

Intensidade Lodeiro teve ao brigar pela bola, dar um chapéu e finalizar bem para abrir o placar, logo aos cinco minutos do primeiro tempo. A recomposição defensiva apareceu minutos depois, do outro lado do campo, quando apareceu minando uma das poucas tentativas do Equador. Não bastasse, ainda brigou por uma bola no alto, em lance que abriu seu supercílio aos 20 minutos, mas que resultou na expulsão do lateral Quintero, do Equador, só aos 23, porque o juiz brasileiro Anderson Daronco precisou do auxílio do VAR para tomar a decisão.


O Globo domingo, 16 de junho de 2019

MACHADO DE ASSIS CHEGA AOS 180 ANOS

 

Machado de Assis chega aos 180 anos, e jovens o descobrem negro e do morro

Nascido em bairro pobre do Rio, escritor inspira superação de barreiras sociais e raciais
 
 
Grafite em homenagem ao escritor brasileiro Machado de Asis, perto da casa em que teria nascido, na Ladeira do Livramento Foto: GABRIEL MONTEIRO / Agência O Globo
Grafite em homenagem ao escritor brasileiro Machado de Asis, perto da casa em que teria nascido, na Ladeira do Livramento
Foto: GABRIEL MONTEIRO / Agência O Globo
 
 
 

RIO — A aula acontece nas ladeiras do Morro do Livramento, ao pé da Providência, no Centro do Rio. É ali, diante de uma casa parcialmente demolida, que Pedro Guilherme Freire explica: antes de virar o Bruxo do Cosme Velho, celebrado na Academia e nos salões, Joaquim Maria Machado de Assis foi um garoto pobre do Livramento. Exatamente como muitos de seus alunos. A iniciativa de Freire, professor do Colégio Estadual Caic Tiradentes, na Zona Portuária , reflete um esforço para reconfigurar a imagem do maior escritor do Brasil.

 

No mês passado, a campanha “Machado de Assis Real” lançou a “primeira errata feita para corrigir o racismo na literatura brasileira”. E recriou a foto clássica do autor, ressaltando suas feições negras . Também criou um movimento para que as editoras deixem de comercializar livros em que o escritor apareça embranquecido. E saiu a campo para encorajar novos escritores negros. Nascido há 180 anos (a data do aniversário é na próxima sexta, 21), o Machado “real” ainda pega muita gente de surpresa.

Como os alunos do professor Freire, que não faziam ideia de que o fundador da Academia Brasileira de Letras era filho de um pintor de paredes negro com uma lavadeira branca, e não pôde concluir os estudos porque precisou se sustentar desde cedo. A visita ao local em que o autor de “Dom Casmurro” teria nascido faz parte do projeto “Nossa escola, meu lugar, nossas histórias: etnografia e memória social da área portuária”.

— É importante dar destaque a esse Machado menos conhecido, que morou no Livramento — diz Freire, que também fundou um curso de pré-vestibular gratuito na região, com o nome do escritor. — Em vários aspectos, ele se parece com os jovens atuais da região, em sua maioria pobres e negros, que acabam largando a escola porque são obrigados a trabalhar cedo.

 

Também professora da rede pública e conselheira consultiva do Museu de História e Cultura Afro-Brasileira, Elen Ferreira conta que seus alunos negros “ficam desconcertados quando descobrem que Machado de Assis tinha a mesma cor que eles.

— Ver um rosto negro como protagonista da História em sala de aula é algo novo — argumenta ela.

Nascida ali mesmo, na zona portuária, e idealizadora do projeto Pretinhas Leitoras, que promove rodas de leitura para meninas da região, Elen tenta trazer Machado para a realidade de seus alunos, criando paralelos:

— Ele está aí há quase 200 anos, e só agora conseguimos fazer essa relação com os alunos. Além do mais, essa postura ainda é restrita a poucos espaços sociais. Outro problema é ver Machado como um exemplo de meritocracia, achar que todos os jovens daqui podem ser iguais a ele se quiserem, quando na verdade sua trajetória é uma exceção.

Imóvel onde Machado de Assis teria nascido (laranja e branco), na Ladeira do Livramento, Centro do Rio Foto: Marcelo Piu / 10-03-2013
Imóvel onde Machado de Assis teria nascido (laranja e branco), na Ladeira do Livramento, Centro do Rio
Foto: Marcelo Piu / 10-03-2013

Morador da Providência, Luan Domingos da Silva, 25 anos, só foi descobrir que tinha a mesma origem do Bruxo aos 18, quando ingressou no pré-vestibular Machado de Assis. Como o “conterrâneo”, ele teve dificuldade para se manter na escola, equilibrando trabalho e estudos.

 

— Tive aulas na Providência, mas os professores não traziam esse contexto, de um Machado daqui — diz Luan, que está concluindo o curso de Geografia na Uerj. — Saber que ele morava aqui e era negro, como a maioria dos alunos, nos aproximou dele, além de nos dar uma referência. A gente sabe que ele foi uma exceção. Mas, como muita gente aqui, estava tentando mudar seu destino. Foi assim que percebi que a universidade, tão perto fisicamente, poderia estar perto também do imaginário.

O Livramento de Machado, porém, era um bocado diferente do de Luan. A violência, por exemplo, não chegava a preocupar. A região era uma grande chácara e, acima, no morro da Providência, a favela nem existia ainda. Mas a área já era segregada. Não por acaso, uma das metáforas mais fortes da obra do autor é a “ilha”, como lembra o escritor Silviano Santiago, autor do romance “Machado”, sobre a velhice do Bruxo.

Machado de Assis em foto clássica do século XIX (esq.) e na versão da campanha Machado Real Foto: Divulgação / Agência O GLOBO
Machado de Assis em foto clássica do século XIX (esq.) e na versão da campanha Machado Real
Foto: Divulgação / Agência O GLOBO

Negro numa sociedade escravocrata, Machado teve que inventar, segundo Santiago, um “projeto existencial” só seu para ascender socialmente. Também contou com algumas oportunidades pouco comuns para alguém de seu meio, como pais que sabiam ler e escrever, e a proximidade com pessoas que puderam lhe ensinar outros idiomas, como latim e francês. Um misto de sorte e genialidade, que o fizeram ser um ponto fora da curva.

 

— Ele teve que se resolver por conta própria: já que não tinha apoio da escola nem do Estado, empurrou a si mesmo —diz Santiago. — Mas é importante lembrar que estamos falando de um gênio.

Quase 200 anos depois, a trajetória do Bruxo inspira o estudante Charles Gomes, 21 anos, que cursa o pré-vestibular Machado de Assis. Morador da Providência e sonha em fazer faculdade de Geografia, coisa que nem imaginava anos atrás.

— A mentalidade racista está na nossa própria casa, a gente é criado para achar que só serve para o trabalho braçal — conta Charles. — A gente acha que o museu perto da Providência não é para nós, que a biblioteca não é para nós. Mesmo quando é gratuito, achamos que é pago. Está tão perto e ao mesmo tempo tão distante. É como se a cultura não fosse para nós. Ninguém fala, mas a gente sente.


O Globo sábado, 15 de junho de 2019

COPA AMÉRICA: O BRASIL VENCE A BOLÍVIA

 

Coutinho e Everton marcam, e Brasil vence a Bolívia na estreia na Copa América

Em noite de atuação burocrática da seleção, camisa 11 mostra que pode ser decisivo como Neymar
 
 
Coutinho celebra com Richarlison e David Neres Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
Coutinho celebra com Richarlison e David Neres Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
 
 

SÃO PAULO - O que vai ser do Brasil sem seu camisa 10 na Copa América era a pergunta que se fazia depois do corte de Neymar. A seleção se dispôs a olhar para frente e viu diante de si a 11 de Philippe Coutinho.Mais livre do que nunca, mais presente na área do que Tite jamais havia ousado em fazer, ele deu conta do recado. Foi do meia dois gols da vitória sobre a Bolívia por 3 a 0, no Morumbi, numa noite de espasmos de bom futebol e silêncio teatral das arquibancadas.

 

Foi como uma corrente contagiante. A CBF, estimulada pela celebração dos 100 anos do primeiro título sul-americano do Brasil, colocou a seleção de branco, cor do uniforme na época, e trabalhou sua comunicação de forma retrô, em preto e branco e falso desbotado. O problema é que em campo os pentacampeões seguiram a mesma linha em boa parte da partida, jogaram em câmera lenta, como se estivessem em um filme do antigo e saudoso Canal 100.

A torcida seguiu no embalo e assistiu ao jogo com o silêncio de quem ouve uma ópera ou assiste à troca de bolas numa partida de tênis. Só abriu mesmo a boca no intervalo para vair o desempenho da equipe de Tite, escalada inicialmente com Casemiro e Fernandinho em linha, em um esquema 4-2-3-1 que logo foi abandonado. Ao perceber que a equipe não criava, o treinador soltou o volante do Manchester City e tentou aumentar a criatividade no meio de campo.

 

Mas em termos de construção ninguém foi mais decisivo do que Roberto Firmino. Solto para se movimentar como faz no Liverpool, abriu espaços para Philippe Coutinho entrar na área. Na volta para o segundo tempo, logo conseguiu ser decisivo. Aos 3 minutos, descolou ótimo passe para Richarlison, que finalizou. A bola bateu na mão do zagueiro boliviano, o que a arbitragem só conseguiu ver depois de recorrer ao VAR. Philippe Coutinho, que herdou de Neymar o posto de cobrador, bateu com frieza para abrir o placar: 1 a 0 Brasil.

 O camisa 20 seguia inspirado. Em uma de suas várias quedas para os lados da grande área, recebeu a bola e caprichou no cruzamento. Philippe Coutinho, dentro da pequena área como se fosse um atacante, só precisou escorar para ampliar o placar para a seleção.

Depois disso, Tite mexeu na equipe, o que não teve muito efeito. A Bolívia também seguiu a mesma, incapaz de levar qualquer perigo ao gol de Alisson. O ponto alto da noite, para ele, foram os gritos de lindo que ouvia da arquibancada cada vez que batia o tiro de meta.

Nada mais aconteceria se não fosse o talento individual de Everton, que entrou no lugar de David Neres. Aos 39 minutos, fez bela jogada e marcou um golaço para satisfazer os mais de 47 mil torcedores no Morumbi. Acabou a partida, a torcida aplaudiu e as caixas de som colocaram um jazz para tocar. Uma síntese da noite.


O Globo sexta, 14 de junho de 2019

COPA AMÉRICA NO BRASIL, UM TORNEIO PARA VER E SER VISTO

 

Copa América no Brasil, um torneio para ver e ser visto

Dos 276 jogadores que disputarão o torneio, 40% já estão em times europeus
 
 
Jogadores da Bolívia treinam no Morumbi antes da estreia diante do Brasil Foto: PEDRO UGARTE / AFP
Jogadores da Bolívia treinam no Morumbi antes da estreia diante do Brasil Foto: PEDRO UGARTE / AFP
 
 
 

Assim que o último dos quatro jogos que fechavam a nona rodada do Campeonato Brasileiro, na quinta-feira, terminou, o torneio nacional entrou em compasso de espera. Ao menos em campo. A próxima partida é só daqui a exato um mês, no dia 14 de julho, uma semana depois do fim da Copa América, que começa nesta sexta-feira em São Paulo com o confronto entre Brasil e Bolívia, às 21h30. Engana-se, porém, quem pensa que os clubes ficarão parados. E não estamos falando de treinos para acertos táticos durante o recesso.

 

— A Copa América é um campo de observação. Estarão os melhores dos países participantes e, pelo fato de ser no Brasil, teremos oportunidade de acompanhar alguns jogos in loco, o que é ainda melhor para fazermos uma análise mais aprofundada — explica Marcelo Paz, presidente do Fortaleza, que já tem um colombiano e um uruguaio no elenco e não descarta a contratação de outros gringos para o segundo semestre.

Olho no Equador

De acordo com Marcelo, o mercado de jogadores estrangeiros, especialmente sul-americanos, vive uma crescente no Brasil, e os números mostram que ele está certo. Hoje, são 66 estrangeiros em 18 times brasileiros da Série A (só Bahia e Ceará têm elenco 100% nacionais), sendo que 63 deles são naturais de países que disputarão a Copa América.

Existe, claro, uma elite: só 13 atletas do Brasileirão estão de fato convocados para a competição. Três brasileiros e outros dez jogadores de seis seleções diferentes.

— A Copa América será uma grande vitrine para a observação de atletas estrangeiros, mas o ideal seria contratá-los antes de chegarem a este nível, pois o mercado europeu certamente será mais atuante — pondera Rui Costa, diretor de futebol do Atlético-MG.

Há, porém, as barbadas do mercado que podem surgir para quem souber ver potenciais bons negócios. E a dica, talvez, seja ficar de olho nas seleções menos badaladas.

 

— Eu ficaria atento à seleção equatoriana — revela Rui, sem entregar quem ele quer observar na equipe que estreia contra o Uruguai no domingo, pertinho da Cidade do Galo, no Mineirão.

— Antes, olhávamos mais para Argentina e Uruguai; de uns anos para cá conseguimos ampliar nossos horizontes. Também estamos conseguindo aprimorar mais a busca pelas informações, podendo assim chegar antes dos clubes europeus no momento da negociação com esses atletas — diz o dirigente.

Rede de contatos

Dos 276 jogadores que disputarão o torneio, 40% já estão em times europeus, mas 33% ainda atuam na América do Sul. Uma minoria joga em times do México e dos Estados Unidos (15%) e da Ásia (12%).

—As equipes de analistas aumentaram de uns anos para cá. As redes de contatos também, em especial de profissionais confiáveis — afirma o presidente do Fortaleza.

De acordo com o dirigente, nomes importantes, com algumas Copas América no currículo, ajudam na captação de informações:

—Temos aí Lugano, Aristizábal, Paulo Autuori, pessoas do mundo do futebol que tiveram passagens importantes pelo futebol sul-americano. Basta uma consulta e eles passam informações confiáveis sobre os atletas que atuam fora do país.

A janela de transferências abre para a vinda de jogadores que estão fora do país no dia 1º de julho, no meio da Copa América.

 

 


O Globo quinta, 13 de junho de 2019

MARTA E CRISTIANE PODEM RETOMAR PARCERIA NESTA QUINTA-FEIRA, CONTRA A AUSTRÁLIA

 

Marta e Cristiane podem retomar parceria nesta quinta, contra Austrália

Desfalque na estreia, camisa 10 pode retornar
 
 
Marta sorri no último treino do Brasil antes do jogo diante da Austrália Foto: Assessoria / CBF
Marta sorri no último treino do Brasil antes do jogo diante da Austrália Foto: Assessoria / CBF
 
 
 

Pilares dão sustentação. E o Brasil tem dois que ajudam a manter a seleção de pé há 16 anos: Marta e Cristiane. Nesta quirta-feira, a expectativa é de que a dupla retome a parceria contra a Austrália, às 13h, em Montpellier, na segunda partida do Grupo C da Copa do Mundo da França. A presença delas em campo é essencial para um bom resultado. E a seleção precisa da vitória para praticamente garantir vaga nas oitavas de final (a classificação se confirma em caso de derrota da Jamaica para a Itália, amanhã).

 

Na longa jornada que as atacantes já trilharam juntas com a camisa do Brasil, o sucesso, na maioria das vezes, tem sido garantido. Com ambas em campo (de início ou ao longo da partida), a seleção, em jogos oficiais ou não, venceu 76 das 106 partidas. Ou seja, quase 72% de aproveitamento.

A importância da dupla artilheira se traduz em mais números. Marcaram 149 (Marta fez 84 e Cristiane, 65) dos 285 gols do time com a presença delas — mais da metade. Em apenas três vezes, o Brasil passou em branco com a dupla em campo.

Não é para fazer média com as veteranas que as companheiras insistem em afirmar: elas fazem a diferença.

Sem qualquer sinal de inveja, mas sim de admiração, nenhuma delas parece se importar se o time for Marta, Cristiane e mais nove.

—Há mais chances de fazer gol. A Marta e a Cristiane são as duas principais jogadoras —disse Andressa Alves.

Dentro da trajetória das goleadoras, alguns períodos se destacam, principalmente a partir de 2006, quando elas passaram a formar, na maior parte do tempo, o ataque titular. A dupla conquistou a medalha de prata em nos Jogos de Atenas-2004 e Pequim-2008, ouro no Pan-Americano de 2007, além de inúmeros campeonatos sul-americanos.

As atacantes, porém, não jogam juntas desde abril do ano passado. Coincidentemente ou não, a ausência de Cristiane, por diversos problemas físicos, aconteceu pouco antes do período de jejum da seleção: foram nove partidas sem vencer.

Na França, a atacante já teve seu retorno triunfal com os três gols da vitória sobre a Jamaica na estreia do Mundial. Porém, sem tirar o mérito de Cristiane, que mostrou faro de gol, elas sabem que o adversário era fraco.

Confronto clássico

Agora, a expectativa da estreia de Marta na Copa do Mundo, depois de quase 20 dias de recuperação de lesão muscular, se dá numa situação distinta. A Austrália, antes de começar a Copa, era considerada favorita do Grupo C — e também na briga pelo título. A derrota para a Itália a deixa num momento de tudo ou nada.

A presença da melhor do mundo vai ser decidida horas antes do jogo, segundo o técnico Vadão. Mas ele deu pistas de que a camisa 10 joga. A goleira Bárbara confirmou que, se depender de Marta, ela estará em campo.

— Ela disse que está tudo bem, vai para o jogo e está 100%. Nos dias que ficou tratando e fazendo trabalho físico, conseguiu dar o máximo, e não está atrás das outras jogadoras (fisicamente) — afirma a goleira.

A rivalidade entre as seleções também pede a experiência da dupla de ataque. Se no histórico do confronto, que já virou um clássico, há equilíbrio, no passado recente o Brasil não teve o que comemorar. Foram quatro derrotas nos últimos quatro jogos.

 

— A Cristiane está aqui porque o Vadão insistiu, confia muito nela. Sabíamos que havia tempo para recuperar a Marta. São jogadoras que não se dispensa — disse o coordenador das seleções femininas da CBF, Marco Aurélio Cunha.


O Globo quarta, 12 de junho de 2019

RECEITA AFRODISÍACA PARA O DIA DOS NAMORADOS

 

Pedro Benoliel ensina receita afrodisíaca para surpreender no Dia dos Namorados

Aprenda a fazer o curry de camarão e ostras do apresentador do programa 'Tempero na mochila'
 
 
Curry de camarão e ostras, do chef Pedro Benoliel, para o Dia dos Namorados Foto: Divulgação
Curry de camarão e ostras, do chef Pedro Benoliel, para o Dia dos Namorados Foto: Divulgação
 
 
 

Na véspera do Dia dos Namorados, o chef e apresentador do programa "Tempero na mochila", Pedro Benoliel, ensina uma receita afrodisíaca de curry de camarão e ostras para surpreender a sua cara metade e apimentar a relação.

Leia também: Henrique Fogaça ensina receita do Sal Gastronomia para o Dia dos Namorados

Curry de camarão e ostras, do chef Pedro Benoliel, para o Dia dos Namorados Foto: Divulgação
Curry de camarão e ostras, do chef Pedro Benoliel, para o Dia dos Namorados Foto: Divulgação

- A ostra, o camarão e a pimenta do curry são ingredientes para dar um toque de erotismo na história - diz Pedro, ensinando o passo a passo da receita. - É uma sopa de leite de coco com curry e frutos do mar e da terra. Um vinho branco acompanha muito bem. 

Pedro Benoliel ensina receita para surpreender no Dia dos Namorados Foto: Divulgação
Pedro Benoliel ensina receita para surpreender no Dia dos Namorados Foto: Divulgação

 

Ingredientes:

  • 6 unidades de ostra
  • 300g de camarão
  • 2 colheres de sopa de curry vermelho
  • 500ml de leite de coco
  • 50g de coentro
  • 50g amendoim
  • 100g de shiitake
  • 100g de tofu
  • 1 punhado de capim-limão fresco
  • 30ml de nam plá
  • 4 unidades de alho
  • 50ml de azeite extra virgem
  • 1 limão
  • 1 cebola
  • Sal
  • Pimenta

Modo de preparo:

  • Aquecer o leite de coco em fogo baixo com o capim-limão dentro.
  • Depois que o capim-limão liberar seu aroma, retirar o capim-limão  e dissolver o curry vermelho em pasta.
  •  Adicionar o nam plá depois que o fogo já estiver desligado.
  • Limpar o camarão e as ostras.
  • Picar o cogumelo em brunoise (em quadradinhos) e grelhar com alho e azeite extra virgem, temperar com sal, pimenta e 1/2 limão.
  • Grelhar o pedaço de tofu com azeite extra virgem, temperar com sal e pimenta e depois de brunoise.
  • Picar a cebola em brunoise (em quadradinhos), grelhar com sal e pimenta com azeite extra virgem.
  • Temperar o camarão com 1/2 limão, alho e sal e pimenta, e grelhar com azeite extra virgem.
  • Grelhar a ostra somente de um lado, não precisa colocar sal.
  • Assar o amendoim no forno até ele ficar dourado.
  • Picar o coentro.
  •  Aquecer o curry vermelho com leite de coco, adicionar o camarão grelhado, o shiitake, tofu, amendoim, cebola, coentro e sal.

Modo de servir:

  • Colocar em um bowl com todos os ingredientes e adicionar a ostra ao final.
  • Sirva com arroz basmati, quinoa ou couscous.

O Globo terça, 11 de junho de 2019

APRENDA A COMBINAR QUEIJOS E VINHOS PORTUGUESES

 

Aprenda a combinar queijos e vinhos portugueses

Escolhemos seis queijos portugueses com denominação de origem para combinar com seis vinhos, em uma viagem de descoberta de histórias e sabores
 
 
Queijo de Nisa e queijo amarelo da Beira Baixa Foto: rui gaudencio / PUBLICO / rui gaudencio/Público
Queijo de Nisa e queijo amarelo da Beira Baixa Foto: rui gaudencio / PUBLICO / rui gaudencio/Público
 
 
 

Se olharmos para o mapa de Portugal continental e identificarmos as principais regiões produtoras de queijos com Denominação de Origem Protegida (DOP), vemos uma espécie de fronteira: no litoral não há nenhum queijo deste tipo, todos estão concentrados no interior do país, mais próximo da Espanha. Há, contudo, uma exceção, o Queijo de Azeitão, produzido na região de Setúbal, ao sul de Lisboa.

 

As regiões de produção de queijo são, naturalmente, aquelas onde existe mais gado, neste caso ovelhas e cabras, já que o queijo feito a partir de leite de vaca é produzido nas ilhas dos Açores, onde se destaca o excepcional queijo de São Jorge (também DOP). Mas a história dos queijos dos Açores é muito diferente e já iremos, neste texto, conhecer melhor o São Jorge.

No continente, tudo começa naquela que se tornou a mais célebre região queijeira de Portugal, a Serra da Estrela. É aí que nasce a tradição do queijo de leite de ovelha de pasta mole, coagulado com cardo, que depois irá se espalhar por outras regiões portuguesas. A seguir, vamos conhecer as histórias de seis queijos DOP portugueses e os vinhos para combinar com eles.

Queijo Serra da Estrela

As mais antigas referências ao Queijo Serra da Estrela são do século XII. Era nas ricas pastagens da serra que o gado, as ovelhas da raça bordaleira e/ou churra mondegueira, se alimentava. Isso foi (e continua a ser ainda hoje, para o queijo DOP) um dos fatores determinantes para as características desta iguaria de pasta semimole, amanteigada.

O outro fator que marca o Queijo Serra da Estrela é a utilização do cardo para fazer a coagulação — trata-se dos espinhos pouco afiados e de cor roxa de uma planta que nasce selvagem nos campos. Cortados nos meses de verão, são postos para secar e, depois de desfeitos e diluídos em um pouco de líquido, são usados para a coagulação do leite — tradicionalmente, o queijo fazia-se apenas nos meses frios.

 

O processo de fabrico deste queijo de leite cru é simples. O leite chega às queijarias, são adicionados o sal e o cardo, e deixado coagulando. Em seguida, a coalhada é cortada à mão e os queijeiros (geralmente mulheres) começam a trabalhar a pasta, retirando-lhe gradualmente o soro (que é aproveitado para o requeijão) e dando-lhe a forma redonda.

Por fim, após a prensagem, a pasta é deixada curando, sendo que este é um queijo amanteigado, pelo que, em geral, a cura prolonga-se entre 60 e 120 dias, em locais com temperatura e umidade controladas. No final, ele deve ter uma consistência mole mas sem entornar. Não deve ser comido de colher, mas sim em fatias.

Queijo Serpa

Para perceber como um queijo em muito semelhante ao da Serra da Estrela surge em Serpa, no Baixo Alentejo (a área de produção abrange 12 concelhos), temos que regressar à história da produção de gado. Se durante o verão a serra tinha pastagens ótimas, no inverno os pastores viam-se obrigados a procurar alimentação para as ovelhas em zonas menos frias. Iniciavam a migração, descendo para sul, até ao Alentejo, para onde levavam os conhecimentos que tinham já do fabrico do queijo.

Por isso, quando visitamos uma queijaria na área de Serpa (antigamente chamadas de rouparias pela quantidade de panos utilizados por vezes para ajudar a retirar o soro e também para fazer as cintas do queijo, permitindo que ele mantenha a forma durante a cura, e ainda para o fabrico do requeijão. Esses panos eram depois postos a secar no exterior da queijaria), assistimos a um processo idêntico ao da Serra.

 

No final, o resultado é um queijo também de pasta mole, com sabor um pouco mais intenso e picante do que o da Serra da Estrela, com uma ligeira acidez dada pelo cardo, de uma cor amarela clara e poucos furinhos.

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Queijo de Nisa

Outro herdeiro da tradição de queijo de ovelha nascida na Serra da Estrela, o Queijo de Nisa DOP (Nisa situa-se no Alto Alentejo) tem, contudo, algumas características próprias. É feito com leite de ovelhas da raça Merino Branca, posteriormente coagulado com o mesmo cardo utilizado na Serra e, como vimos, no Queijo de Serpa. Ao contrário deste, contudo, é menor, tem uma pasta semidura e um tempo de maturação que terá que ultrapassar os 45 dias. Tradicionalmente, era conservado em talhas de barro com azeite.

Uma das coroas de glória do Queijo de Nisa é o fato de figurar entre os 100 melhores queijos do mundo, em uma escolha da revista “Wine Spectator", que o considerou especialmente indicado para ser acompanhado por vinho.

Queijo de Évora

Estamos ainda no Alentejo, agora a meio caminho entre Serpa e Nisa. Também em Évora existe um queijo de ovelha DOP, feito com leite de animais da raça merino e, mais uma vez, com a utilização do cardo para obter a coagulação. De tamanho menor que o da Serra da Estrela ou o de Serpa, este é, tal como o de Nisa, um queijo de pasta semidura ou dura (tem um tempo de maturação mínimo de 30 dias para a primeira e 90 para a segunda), ligeiramente quebradiça, amarelo claro, de sabor intenso, salgado e picante com alguma acidez.

Tal como os outros queijos regionais, este teve no passado grande importância para a economia desta região, sendo um alimento essencial para os mais pobres, que frequentemente recebiam queijo e outros alimentos como parte do seu salário. Duas curiosidades: tradicionalmente, no início do processo, o leite é filtrado usando-se panos previamente salgados. Em seguida é aquecido a fogo de lenha.

Queijo Picante da Beira Baixa

Há, na região da Beira Baixa, próximo de Castelo Branco, no centro de Portugal, três queijos DOP: o Amarelo (queijo de ovelha curado quando não é DOP), o Picante (que na sua versão não certificada se chama “queimoso”) e o de Castelo Branco. Esta região, mais próxima da Serra da Estrela do que o Alentejo, recebia também os rebanhos da Serra quando nesta o frio começava a apertar e a comida a escassear nas pastagens.

Uma diferença relativamente ao Alentejo é que aqui era muito mais habitual ter rebanhos de ovelhas e de cabras pastando em conjunto, o que significa que muitas vezes o leite acabava por ser de mistura entre as duas raças, sendo, como se sabe, o leite de ovelha mais gordo e o de cabra com maior acidez. Uma segunda diferença tem a ver com o coalho utilizado, que no caso do Amarelo e do Picante é animal e não vegetal como acontece nos queijos nos quais se usa o cardo.


O Globo segunda, 10 de junho de 2019

SELEÇÃO BRASILEIRA FAZ SETE EM HONDURAS

 

Seleção brasileira faz sete em Honduras no último teste antes da Copa América

Primeiro jogo desde o corte de Neymar tem farra de gols em Porto Alegre
 
 
ES Porto Alegre, RS 09/06/2019 FUTEBOL - COPA AMÉRICA 2019 - Jogo amistoso preparativo para a Copa América 2019. BRASIL x Honduras, no Estádio Beira Rio, em Porto Alegre, RS.Gol do Gabriel Jesus. Foto Guito Moreto / Agência O Globo Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
ES Porto Alegre, RS 09/06/2019 FUTEBOL - COPA AMÉRICA 2019 - Jogo amistoso preparativo para a Copa América 2019. BRASIL x Honduras, no Estádio Beira Rio, em Porto Alegre, RS.Gol do Gabriel Jesus. Foto Guito Moreto / Agência O Globo Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
 
 
 

Foi um fácil, muito fácil encerramento de preparação para a Copa América. Na primeira versão da seleção brasileira definitivamente sem Neymar, o saldo foi um passeio diante da fraca Honduras, no Beira-Rio, em Porto Alegre. A goleada por 7 a 0 não pode ser motivo para euforia excessiva, diante da debilidade do oponente — que ficou com um a menos desde o primeiro tempo. Mas aponta uma postura corajosa da seleção brasileira, que não tirou o pé do acelerador e construiu um placar muito elástico.

 

O próximo desafio já será com a pressão de corresponder à expectativa pela condição de anfitrião da Copa América: sexta-feira, às 21h30, no Morumbi, em São Paulo.

A atuação coletiva diante de Honduras foi irreparável. Mas quem mais se destacou nesse passeio brasileiro foi Gabriel Jesus, com dois gols. O atacante coloca uma pontinha de dúvida na cabeça de Tite em relação à titularidade, já que o treinador começou a preparação vendo Firmino como dono da posição. Gabriel já chegou ao terceiro jogo seguido balançando as redes pela seleção — ele fez dois contra a República Tcheca e um contra o Qatar.

O camisa 9 fez parte de uma engrenagem ofensiva muito dinâmica, cujos integrantes mostraram muita desenvoltura e nem sentiram falta de Neymar.

O Brasil procurou o gol desde o início, colocando Honduras na parede. A contribuição ofensiva de Daniel Alves mais uma vez fez a diferença. Na jogada do primeiro gol, foi ele quem serviu Gabriel Jesus, após boa combinação com Richarlison. Esse lado direito já tinha se mostrado eficaz contra o Qatar.

Tite não escondia a felicidade à beira do campo. O segundo gol contribuiu para justificar a postura. Thiago Silva aumentou a contagem em um lance muito trabalhado pela comissão técnica: nas bolas paradas, o zagueiro ataca o primeiro poste e chega como uma flecha. Funcionou na Copa, contra a Sérvia, quase deu certo contra a Bélgica e voltou dar frutos diante de Honduras.

 

Arthur machucado

A nota preocupante da partida ficou por conta de Arthur. O volante saiu aos 31 minutos do primeiro tempo, após sofrer uma falta dura que rendeu um cartão vermelho direto para Quioto. Com dores no joelho direito, Arthur iniciou tratamento ainda no vestiário. A CBF, que na semana passada cortou Neymar, não deu previsão de exame para verificar a gravidade.

Com a expulsão, o jogo ganhou definitivamente cara de treino — não só pelo silêncio das arquibancadas, quebrado eventualmente por alguma defesa de Alisson ou pelos vários gols que vieram a seguir. Foram apenas 16.521 torcedores no Beira-Rio. A ausência de Neymar e o preço do ingresso (o mais barato a R$ 80) podem ajudar a explicar.

Coutinho fez o terceiro gol ainda no primeiro tempo, de pênalti. O quarto foi de Jesus. O quinto veio depois de uma arrancada espetacular de David Neres, que finalizou com extrema frieza. O sexto foi de Firmino, e o sétimo saiu com Richarlison. Uma farra, que permitiu a Tite testar algumas variações táticas. Agora resta esperar para ver se tudo vai dar certo na hora necessária: a corrida pelo título continental.


O Globo domingo, 09 de junho de 2019

MODELO ELOISA FONTES É ENCONTRADA PERAMBULANDO EM CIDADE PRÓXIMA A NOVA IORQUE

 

Modelo Eloisa Fontes é encontrada perambulando em cidade próxima a Nova York

Alagoana foi levada por um policial americano para hospital de White Plains; seu estado de saúde é estável
 
Modelo Eloisa Fontes é encontrada na cidade de Nova York Foto: Reprodução
Modelo Eloisa Fontes é encontrada na cidade de Nova York Foto: Reprodução
 
 
 

Após cinco dias de desaparecimento, a modelo alagoana Eloisa Pinto Fontes, de 25 anos, foi encontrada na tarde deste sábado . Segundo testemunhas, ela estava andando, visivelmente desorientada, em uma rua de White Plains, cidade do estado de Nova York que fica a cerca de 30 minutos de trem do centro de Mahanttan. Um transeunte a encontrou na rua e chamou a polícia, que a identificou. Eloisa foi levada para um hospital de White Planis. O seu estado de saúde é considerado estável.

 

LEIA: 'Eloisa é uma modelo responsável que, infelizmente, pode estar passando por problemas pessoais', diz agente, último a ter contato com Eloisa Fontes em Nova York

Representada pela Agência Marilyn de Nova York, ela estava na cidade americana fazendo alguns trabalhos e foi vista pela última vez ao sair da agência, na Union Square, na manhã da terça-feira, dia 4.

O booker e agente da modelo, há um ano e três meses, foi o último a ter contato com a alagoana, antes do desaparecimento dela. Os dois estiveram juntos e conversaram no escritório da Agência Marilyn. De lá, ela teria ido ao Consulado Brasileiro, que fica próximo à Grand Central Station, para tirar um passaporte novo, pois havia perdido sua bolsa com todos os documentos e telefone celular na sexta-feira anterior.

A modelo estava morando nos Estados Unidos desde fevereiro. Nascida em uma cidade pequena no interior de Alagoas, a modelo deixou oito irmãos no Brasil para tentar, desde muito jovem, carreira como modelo no exterior. Ela foi casada e tem uma filha, Azzurra, com o modelo e produtor executivo russo Andre Birleanu, de 41 anos. Os dois se conheceram em 2012, em São Paulo, e se casaram em 2014. Ele — que ficou conhecido pela sua participação no programa americano "America's most smartest model" — tem a guarda da criança.

 

Ela já fez capas para revistas conceituadas como "Elle", "Grazia" e "Glamour", além de campanhas para grifes como Dolce & Gabbana. "Eloisa é uma modelo responsável que, infelizmente, pode estar passando por problemas pessoais. Eu realmente espero que a gente consiga encontrá-la", disse o booker na ocasião, antes dela ser encontrada.


O Globo sábado, 08 de junho de 2019

SELEÇÃO BRASILEIRA: A VIDA SEM NEYMAR

 

A vida sem Neymar: seleção tem boas notícias após perder atacante por lesão

Campeões europeus chegam, Fagner evolui e Daniel Alves cuida de ambiente do grupo sem seu camisa 10
 
 
Seleção treina em Porto Alegre Foto: Pedro Martins / Pedro Martins / MowaPress
Seleção treina em Porto Alegre Foto: Pedro Martins / Pedro Martins / MowaPress

 

 

PORTO ALEGRE - Nem melhor, nem pior: apenas diferente. No primeiro dia de treinos da seleção brasileira desde que o atacante Neymar foi cortado por lesão no tornozelo direito, o clima era outro. Boas notícias desembarcaram em Porto Alegre e ampliaram o horizonte do grupo até a estreia na Copa América, dia 14, contra a Bolívia, no Morumbi. Antes, ele terá o amistoso contra Honduras, domingo, no Beira-Rio.

Na tarde desta sexta-feira, no centro de treinamento do Grêmio, o grupo começou a trabalhar com o goleiro Alisson e o atacante Roberto Firmino. Os dois estavam com o Liverpool e trazem com eles o título de campeões europeus na bagagem. Pela primeira vez o preparador Taffarel pode treinar com seus três goleiros. Tite finalmente pode ver em campo o centroavante que vislumbra como titular na competição.

O esforço para não cortar jogadores na Copa do Mundo, ano passado, foi grande, mas dessa vez o treinador não pode evitar. Tite foi obrigado a abrir mão de Neymar, ainda na madrugada de quarta para quinta-feira, mas pelo menos um segundo corte não parece ser uma ameaça tão grande no momento. Fagner, que vinha sentindo dores musculares há duas semanas, apareceu no campo pela primeira vez. Em trabalho de transição, calçou as chuteiras e chegou a dar alguns chutes na bola. Tudo indica que, até a estreia contra a Bolívia, terá condições de estar no banco de reservas.

Já o titular da lateral direita cumpriu um de seus principais papéis dentro do grupo de Tite. Daniel Alves é um dos líderes da equipe, ganhou a faixa de capitão de Neymar, e trabalhou para manter o bom ambiente mesmo depois do corte do amigo. Vieram dele as principais brincadeiras na roda de bobo, na corrida ao redor do campo. O treinador via a tudo de longe, com muitas conversas com os outros membros da comissão técnica.

 

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