Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo segunda, 18 de abril de 2022

CULTURA MUSICAL: MARGARETH MENEZES FALA DOS 35 ANOS DE CARREIRA E DE *RACISMO CULTURAL*

 

Margareth Menezes fala dos 35 anos de carreira e diz por que não teve a mesma projeção que Daniela e Ivete: 'Racismo estrutural'

Cantora prepara novo disco e turnê, terá biografia escrita por Djamila Ribeiro e documentário sobre sua trajetória profissional e de vida, que inclui aborto espontâneo e luta pela visibilidade negra: 'O legado preto é bom no samba, na comida, mas na hora de reconhecer direitos não é?'
 
Margareth Menezes sobre obstáculos que enfrentou na carreira: 'Existe saída enquanto estivermos vivos. A gente não pode aceitar o não. Foto: Divulgação / Wallace Robert
Margareth Menezes sobre obstáculos que enfrentou na carreira: 'Existe saída enquanto estivermos vivos. A gente não pode aceitar o não. Foto: Divulgação / Wallace Robert

 

A cena aconteceu no início do mês em um sarau informal e diz muito sobre a personalidade da cantora baiana de 59 anos, famosa por hits como "Faraó" e "Elegibô" e de importância seminal para o Axé Music. Por trás da artista, de força imensa no palco, está a discrição em pessoa. Alguém que "chega devagar" e nunca foi "de se jogar". Tudo muda, no entanto, quando ela sobe na ribalta e solta a vigorosa voz grave.

 

É o que fará no próximo dia 21, data em que o Baile da Maga chega a Salvador natal de Margareth (mais precisamente no Sollar Baía, no Museu de Arte Moderna) pela primeira vez. A apresentação, que celebra a energia do carnaval e conta com sucessos como "Dandalunda", marca seu retorno oficial ao palco pós-pandemia.

— É um show dançante para matar a saudade, agora que dá para abraçar. Vamos reanimar a nossa energia, porque temos que ser feliz em algum momento, né? — diz a criadora do estilo musical afropop brasileiro, que mistura elementos africanos, brasileiros e pop.

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A apresentação também é parte das comemorações pelos 35 anos de carreira da artista que, em fevereiro, lançou "Terra Afefé" em parceria com Carlinhos Brown. A canção estará em seu novo disco, previsto para o segundo semestre. Produzido em parceria com Russo Passapusso, o álbum terá nove composições. Músicas próprias, de novos artistas e de nomes importantes para a carreira de Margareth.

Turnê, biografia escrita por Djamila Ribeiro e um documentário dirigido por Joelma Oliveira Gonzaga também estão em andamento. O filme abordará a trajetória de Margareth que, no ano passado foi reconhecida como uma das 100 personalidades negras mais influentes do mundo pela Mipad 100 (instituição chancelada pela ONU) e indicada pela quarta vez ao Grammy.

 

Em 2021, a artista também foi nomeada embaixadora da cultura popular do Brasil pela Unesco, eleita uma das cinco mulheres inspiradoras no Latin America Lifetime Award e protagonista do seriado "Casa da vó". O programa, da plataforma Wolo TV, a primeira no país com conteúdo focado na população negra, está sendo exibido em Portugal e em países de língua portuguesa da África.

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Abaixo, Margareth, que ainda se dedica ao projeto social Fábrica Cultural na Península de Itapagipe, complexo de favelas onde nasceu, afirma que a culpa de não ter tido a projeção de Daniela e Ivete é do racismo estrutural e lembra a dor de um aborto espontâneo.

A celebração pelos seus 35 anos de carreira começou com o lançamento de "Terra Afefé". A canção fala sobre a revolução que a mulher faz a partir do momento que começa a se movimentar e a perceber o seu poder. Quando você tomou consciência do seu?

Minha vida foi luta o tempo todo. Em algum momento, vi que tinha que criar a minha identidade em relação à música. "Maga é o que?" Afropop brasileiro! Comecei a defender essa identidade musical, porque o axé music foi um rótulo de generalização. Vi que a música que eu fazia tinha todo o meu legado. Sempre gostei de percussão, do meu histórico ancestral, mas também da coisa urbana. Havia toda uma urbanidade que me influenciava: Tropicália, Belchior, Fagner, João Gilberto, Dorival Caymmi, Rita Lee, Elis Regina, Ney Matogrosso...

 
Margareth Menezes: 'Sempre fui livre na maneira de me relacionar, na minha sexualidade, não presto satisfação em relação a isso' Foto: Divulgação/ Rachel Cardoso
Margareth Menezes: 'Sempre fui livre na maneira de me relacionar, na minha sexualidade, não presto satisfação em relação a isso' Foto: Divulgação/ Rachel Cardoso

 

Me via nisso tudo, mas com o tambor sempre tocando no meu coração. É a base do meu talento, do meu legado, das coisas que tenho dentro de mim. Aí vem o afropop brasileiro, o estilo, Gil, Caetano, Ijexá, os blocos afro. Abri meu coração para receber tudo isso. Está dentro do axé music, mas também é uma conexão com o mundo, com esse caldeirão que significa worl music.

Afefé é o vento forte que acompanha as aparições de Iansã na mitologia afro-brasileira. Isso é muito forte por tudo que significa, a força feminina, o vento que movimenta a atmosfera, o mar, leva coisa ruins, traz coisas novas, as voltas que o mundo dá ao redor do planeta. "Terra Afefé" é a energia que concentra tudo isso, a renovação.

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Quando você ficou gravadora, foi lá e abriu um selo, o "Estrela do mar", para lançar seus discos. Ao se ver sem patrocínio para fazer live no carnaval da pandemia, pôs a boca no trombone nas redes sociais e, rapidinho, foi convidada para um projeto. Margareth não é de se conformar com o “não”? Usa obstáculos que poderiam desmotivar para se reinventar?

Acredito que exista saída enquanto estivermos vivos, que a gente tem que procurar porque tem o "sim" em algum lugar. Pode ficar puto, xingar, se sentir deixado de lado, ir lá no fundo do poço, mas tem que voltar, a gente não pode aceitar o não.

Apesar de você ter vindo antes e de ser seminal para a música baiana, Daniela Mercury e Ivete Sangalo tiveram mais projeção. Por que?

São histórias de patamares diferentes e existem aí várias coisas dentro do mesmo pacote. Tem a questão racial, o racismo estrutural da nossa sociedade. A isso, soma-se a estética, o padrão da televisão. Nós, mulheres artistas negras, não tínhamos as mesmas oportunidades, aberturas, convites.

Outro diferencial é que Daniela e Ivete, mulheres fantásticas e grandes talentos com contribuições enormes na cultura, tiveram a oportunidade de participar de blocos com estrutura, já com a logística arrumada, patrocinadores. Não tinham as mesmas preocupações que eu, que venho da música e de trio independente.

Por outro lado, tive a sagacidade de conseguir o meu espaço dentro disso tudo. Fui uma artista inquieta, sempre gostei de fazer coisas diferentes e sobrevivi a uma situação brutal, fiquei oito anos sem gravadora (depois do disco "Luz dourada", de 1993, e até o "Maga - Afropop brasileiro", de 2001, lançado em parceria com a Universal). Mesmo assim, fiz uma carreira de destaque aqui e fora do Brasil. Continuei os projetos e pude atravessar o deserto.

Mas consigo entender cada coisa em seu lugar sem ferir a minha relação com elas, por quem tenho muito respeito. Daniela, inclusive, vai fazer participação no meu show e sempre me convida também.

Pode contar algo que estará na sua biografia? Vai falar sobre a relação com seus pais?

Estou feliz de poder realizar isso. Com o tempo, a gente vai percebendo a importância de contarmos nossa própria história. Por mais que as narrativas alheias sejam bacanas, sempre vai faltar o sentimento de quem viveu. Tenho momentos bons e ruins na carreira, um sentimento diante das coisas que vivi, e quero deixar isso registrado.

Vou falar da ideia dos Blocos dos Mascarados, do movimento afropop brasileiro... Foram ideias criadas não para proveito próprio, mas para resgatar o lúdico, a alegria, criar espaços de diversidade e fortalecer alguns apelos em relação ao espaço dentro do carnaval.

E também para aproveitar esse espaço para mostrar a minha pesquisa musical.Vou falar dos meus pais, pessoas de origem humilde. Ele, que era motorista, aprendeu a ler e a dirigir sozinho. Ela era, cozinheira, costureira... Os dois eram muito simples, mas com uma visão de vida que favoreceu muito a gente. Viemos de família pobre, mas não chegamos a passar necessidade como a maioria das pessoas negras e pobres. Tive uma relação dura com meu pai. Ele era radical em tudo. Depois, a gente pôde se resgatar um pouco e pude viver coisas melhores com ele.

 
 
Margareth Menezes: 'Sou tímida, tenho uma maneira de chegar devagar nas pessoas, nunca fui de me jogar' Foto: Divulgação / Raquel Cardoso
Margareth Menezes: 'Sou tímida, tenho uma maneira de chegar devagar nas pessoas, nunca fui de me jogar' Foto: Divulgação / Raquel Cardoso

 

O fato de você ser artista o incomodava?

Nunca foi muito bem aceito por ele. Meu pai providenciou o estudo para a gente. Era escola pública, mas ele não deixava faltar livros, fazia um esforço muito grande. Para a cabeça dele, me ver num grupo de teatro... E sempre fui muito livre na maneira de me relacionar, na minha sexualidade, não presto satisfação em relação a isso, nunca prestei. E meu pai era muito agressivo nessas questões.

Mas é importante esse lugar de entender qual era a condição dos nossos pais, ao que tiveram acesso. Essa reflexão chegou para mim a tempo e foi importante para olhar para frente, mais para o tempo que a gente tinha do que ficar sofrendo por coisas do passado.

Nesses conflitos de família, alguém tem que ceder. E se você muda a maneira de se comportar abre uma janela para recuperar o laço que está se partindo. Podemos manifestar o desacordo fora da agressividade, o que não significa ter menos razão.

Essa reflexão serve também para esses tempos de ódio generalizado entre as pessoas, né?

É o que precisamos fazer hoje. Nós brasileiros, estamos passando por muitos conflitos, sem humanizar nada. As pessoas estão se armando para matar quem? O outro que não concorda com ele? Por causa de que? Quem será a vítima desse povo armado? Somos seres humanos, vivemos num país com diversidade de sentimentos e etnias.

Você completa 60 anos esse ano. Se sente com essa idade?

Menina, de jeito nenhum! Mas me importo é com vitalidade. Nessa questão da idade, a minha geração conseguiu fazer uma coisa interessante que é dar mais longevidade, se manter ativo. Hoje, a gente sabe que o corpo humano aguenta muito mais se cuidar da saúde, tiver qualidade de vida.

O negócio é não comprar muito essa questão de "tô ficando velha". Porque, aí, começa a envergar. Acho que isso vem de dentro. Me sinto bem, com saúde, ativa. Meus mestres estão aí produzindo, Gil, Caetano, muita gente boa. Dona Elza (Soares) partiu, mas dois dias antes ainda estrava trabalhando.

E essa sexualidade livre que você mencionou... Continua?

Hoje sou mais de ir para o cinema, ver televisão (risos). Sou uma pessoa sadia em relação à sexualidade, estou de acordo com o andamento da minha carroça (risos). Acho que quanto mais madura com a vida, a sexualidade vai tendo outro lugar. O valor das coisas, de ter alguém ou não ter. Acho que passa muito por construir sua história nas relações.

Sempre fui tranquila. A gente tem que ser feliz e não ficar carregando mala sem alça, né? Relação não é só momento de prazer e felicidade, também é dialogar, refletir sobre a individualidades. Às vezes, a gente sofre com o que pessoa está fazendo, mas para que esquentar a cabeça com isso?

 
 

Você disse uma vez, en passant, que engravidou e não pariu. O que aconteceu? Ficou tristeza em relação a isso?

Naquele momento, sim. Não foi legal. Era uma gravidez tardia, estava entre 45 e 50 anos. Foi logo no comecinho. Aquilo me alimentava, eu queria. Não é que eu não quis mais, mas esse acontecimento foi dolorido, a gente ficou triste. Não persegui mais esse sonho. Mas não tenho sofrimento.

Naquele sarau na casa do Gil quando nos encontramos, pude observar o quanto você, fora do palco, é discreta, econômica até nos movimentos. É um pouco desconfiada também?

É só jeito de corpo. Sou assim mesmo. Quando vou para o palco ou começo a ficar à vontade, tenho outras expressões. Mas tenho um jeito de chegar nos lugares, para falar com as pessoas, chego devagar. Sou mais na minha. Sou uma pessoa tímida. É da minha natureza, nunca fui de me jogar.

Margareth Menezes às vésperas dos 60 anos: 'O negócio é não comprar muito essa questão de 'tô ficando velha'. Porque, aí, começa a envergar' Foto: Divulgação/ Raquel Cardoso
Margareth Menezes às vésperas dos 60 anos: 'O negócio é não comprar muito essa questão de 'tô ficando velha'. Porque, aí, começa a envergar' Foto: Divulgação/ Raquel Cardoso

 

Me contaram que está no meio de uma transição de cabelo. Vem novidade por aí?

Tirei as tranças para pintar e hidratar o cabelo. Estou nesse estudo para ver o que vou fazer. Gosto de trança, mas seria bom uma novidade. Sou libriana (risos), é fogo para decidir... Analiso de um jeito, de outro...

Você está no elenco da série Luiz Fernando Carvalho sobre a Independência do Brasil, que partirá do ponto de vista dos excluídos, como negros e mulheres. Qual é a importância de apresentar outras narrativas sobre essa história?

Precisamos fazer isso para que nós, brasileiros, entendamos por que as coisas são desse jeito e como podemos mudá-las. Foi uma perversidade o que aconteceu com o povo negro no Brasil, a maneira como as pessoas foram tiradas da África e o tempo que durou. Pensa no desespero que foram dois anos de pandemia e imagina 300 e tantos anos submetendo vidas humanas à escravidão...

Isso suscitou muito desgaste, desequilíbrio emocional. Quando a dominação se dá, é imposta em cima de mecanismos de sofrimento, de desqualificar, de humilhação. Você quebra o espírito, a verve da pessoa. Isso foi imposto ao povo negro no Brasil. Quando se conhecesse mais sobre essa história, vem a gana de sair dessa situação, principalmente, essa nova geração com mais acesso à informação. Começam a resgatar as religiões de matriz africana, a não aceitar certas coisas.

Isso não é um problema de branco e preto, mas do Estado que precisa fazer a reparação que não foi feita na Abolição. Não houve indenização, ao contrário, os donos de escravos é que foram indenizados. As pessoas foram deixadas a esmo para morrer. Durante esse tempo de penúria, de falta de visão, como houve para outros imigrantes que vieram, há ainda uma dívida história a ser reparada. Por isso, a necessidade de cotas e políticas públicas justas para haver democracia.

 
 

Você cunhou a expressão "máquina do privilégio", como define o favorecimento a artistas brancos. O que diria a quem afirma que isso é "mimimi"?

As pessoas dizem que reclamamos muito. Bicho, não é reclamar, não é criar polêmica, é uma reflexão sobre a história real de um país que a gente precisa pensar para que a coisa comece a ter outro rumo. É fácil para quem não sente na pele, a gente precisa falar que isso dói. Não sou uma pessoa que se coloca no lugar de vítima. Estou falando de uma estrutura que faz mal a um número enorme de pessoas.

Precisamos construir uma outra forma de contemplar todos os brasileiros, ter representatividade do povo negro em todos os postos de poder, compartilhar das coisas boas é um direito nosso que nascemos nesse solo e somos afrobrasileiros, nosso lugar precisa ser reconhecido. Nossos antepassados foram trazidos para cá e o legado é muito positivo para o Brasil. Porque é bom na hora do samba, da comida e na hora de reconhecer direito não é bom?

O Brasil a valoriza como merece?

O Brasil não valoriza o povo como merece. O cidadão brasileiro precisa reconhecer o valor do próprio povo, da cultura, da arte, das potencialidades, da ciência, das pesquisas do Brasil. Não é sobre mim, pois quando olho a minha história, vejo que é o povo do Brasil que me sustenta. Estou viva até hoje porque tenho fãs aqui (Salvador), no Rio, em São Paulo. Viajo o Brasil fazendo shows. Estou falando de uma estrutura racista, mas não posso dizer que não tenho reconhecimento do povo brasileiro.

Acha que cantoras negras da cena atual, como Larissa Luz, Luedji Luna e Xênia França já vem com a resistência no DNA? Não que você não tivesse, mas talvez hoje haja uma consciência mais generalizada sobre a importância de se colocar... Ao mesmo tempo que você é inspiração, aprende com elas também?

Essa galera vem com maiores oportunidades, conquistadas à base de muita luta e história das artistas que vieram antes. Temos Márcia Short, Sandra de Sá e todas as mulheres artistas negras construíram algum legado para essa geração nova. Não veio de bandeja. Hoje, elas têm acesso a outras ferramentas, como as redes sociais, que conseguem gerar uma comunicação direta com o público.

Vemos influencers que têm linguagens certas, maneira de ganhar mais seguidores. Nós artistas temos a nossa arte, as pessoas que nos seguem estão ali em função do que a gente construiu. E tem Ludmilla, Iza, artistas com muitos seguidores, e acho que tem que ser assim mesmo para chegar aos lugares.

E com certeza, a partir do momento em que se tem mais acesso e se conhece a história do nosso povo, o approach é muito mais firme.

 

Você disse outro dia, na gravação do programa "Por acaso", que quando as pesquisas dos blocos afro desaguaram em músicas sobre histórias positivas do povo negro e outros povos foi uma verdadeira revolução... Pode falar um pouquinho sobre isso?

Foi uma luz. E ela veio de todas as ações que nos trouxeram referências positivas ao longo desse tempo todo de luta. Os terreiros de candomblé, as mães de santo, os blocos afro são guardadores da memória do povo, assim como as escolas de samba.

A partir daí é que se constrói memória e referências para reagir, para se ter autoestima. Não esquecemos quem veio antes, revisitamos a nossa ancestralidade. Todo ser humano precisa ter essa busca, conhecer a história de sua família de alguma maneira. Perguntar para pai, mãe, avó.

Para nós, negros, é mais difícil por conta de como as coisas aconteceram. Mas a gente busca, começando pelos significados das palavras nas línguas de África. Tudo isso é fortalecedor. Inclusive, ver a história antes da escravidão. Nem todos os povos da África foram escravizados. Tem muita coisa para conhecer. Muita coisa nasceu ali, muita ciência. A origem de muitas coisas positivas vem da África.


O Globo domingo, 17 de abril de 2022

PÁSCOA: *PÁSCOA DE GUERRA* - PAPA FRANCISCO FAZ APELO POR PAZ NA UCRÂNIA DURANTE CELEBRAÇÃO NO VATICANO

'Páscoa de guerra': Papa Francisco faz apelo por paz na Ucrânia durante celebração no Vaticano

Pontífice ressaltou que conflito é 'cruel e sem sentido'
Papa Francisco faz apelo por paz na Ucrânia durante celebração da Páscoa no Vaticano Foto: REMO CASILLI / REUTERS
Papa Francisco faz apelo por paz na Ucrânia durante celebração da Páscoa no Vaticano Foto: REMO CASILLI / REUTERS
 

VATICANO — Durante a celebração de Páscoa neste domingo, o Papa Francisco fez novamente um apelo por paz na Ucrânia, país em guerra desde a invasão de tropas russas em 24 de fevereiro. Francisco ressaltou aos fiéis presentes no Vaticano que a nação ucraniana foi "arrastada" para um conflito "cruel e sem sentido" e alertou que a situação poderia levar à destruição da humanidade.

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 — Que os líderes das nações ouçam o apelo do povo pela paz. Que eles ouçam essa pergunta perturbadora feita pelos cientistas há quase setenta anos: "Vamos acabar os humanos, ou a humanidade deve renunciar à guerra?" — Lembrou o pontífice, citando o Manifesto Russell-Einstein de 1955, que alertava para a destruição global que poderia ser causada por armas nucleares —  Por favor, não nos acostumemos com a guerra!
 

O papa também lamentou que, após dois anos de pandemia de Covid-19, quando todos "uniram forças e recursos" , o mundo esteja enfrentando uma "Páscoa de guerra".

— Estamos mostrando que ainda temos dentro de nós o espírito de Caim, que viu Abel não como um irmão, mas como um rival, e pensou em como matá-lo. Precisamos do Senhor crucificado e ressuscitado para que possamos crer na vitória do amor e esperar a reconciliação — ressaltou o líder da Igreja Católica. 

Cerca de 50 mil pessoas estavam na Praça de São Pedro nesta manhã. Esta foi a primeira celebração de Páscoa com autorização de público no local após dois anos de restrições por conta do coronavírus.

Desde o início da guerra Francisco já lamentou os combates entre Rússia e Ucrânia diversas vezes. Ele chegou a dizer que estava com o "coração partido" por conta da situação e descreveu o conflito como uma "insensatez" e um "massacre".

 


O Globo sábado, 16 de abril de 2022

ARTE SACRA: OURO PRETO GANHA MUSEU QUE MOSTRA COMO O BARROCO SE ADAPTOU NAS AMÉRICAS E NA ÁSIA

 


Imagens do acervo do Museu Boulieu, o mais novo de Ouro Preto, em Minas Gerais, focado na arte barroca  — Foto: Nelson Kon / Divulgação

Imagens do acervo do Museu Boulieu, o mais novo de Ouro Preto, em Minas Gerais, focado na arte barroca — Foto: Nelson Kon / Divulgação

Ao pisar no salão cheio de imagens sacras dos séculos XVII e XVIII, o visitante é envolvido pela voz de Maria Bethânia declamando poemas de Fernando Pessoa. Essa é uma das experiências proporcionadas pelo Museu Boulieu, o mais novo espaço cultural dedicado ao barroco em Ouro Preto, coração do circuito de cidades históricas de Minas Gerais.

Inaugurado no último dia 13 , o novo museu se destaca por mostrar como a arte barroca se desenvolveu não apenas em Minas Gerais, mas em diversos países do mundo. A coleção foca em peças produzidas também em outras colônias europeias na Ásia e na América Latina, e os resultados obtidos por artistas de cada um desses locais, frutos de misturas culturais e sincretismos religiosos.

O museu foi formado através da coleção doada pelo casal Jacques e Maria Helena Boulieu, com 2.500 peças. Dessas, 1.050 farão parte da exposição permanente. Há especialmente esculturas de pedra e madeira, mas também pinturas, móveis, utensílios de prata e ouro e peças religiosas.

Veja fotos do Museu Boulieu, novo espaço cultural em Ouro Preto dedicado à arte barroca

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Imagens do acervo do Museu Boulieu, o mais novo de Ouro Preto, em Minas Gerais, focado na arte barroca  — Foto: Nelson Kon / Divulgação
Aberta em abril, galeria tem seis salas de exposição e mais de mil peças em exibição

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Com patrocínio do Instituto Cultural Vale, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e projeto de restauração e expografia do Instituto Pedra, o museu tem curadoria de Angelo Oswaldo. Ele, que é o atual prefeito de Ouro Preto, dispôs o acervo de modo a ajudar a contar um pouco da histórica do espalhamento da fé cristã a partir da Península Ibérica em direção às colônias. São nove setores: "A fé e o império conquistam o mar"; "O mundo encantado das Índias"; "Americanos de Norte a Sul sob o sinal da cruz"; "O brilho dos metais e a luz da religião"; "A América hispânica e o esplendor do culto"; "Os engenhos da arte no Brasil açucareiro"; "A palma barroca na mão do povo"; "O eldorado no coração da grande floresta"; e "Esfera da opulência e teatro da religião".

Também há um espaço dedicado a exposições temporárias, com peças de fora da própria coleção. A primeira, que irá até 30 de julho, é "Aleijadinho - fotografias de Horacio Coppola", em parceria com o Instituto Moreira Salles. O conjunto de fotografias retrata as obras do mais importante escultor do barroco brasileiro, Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, a partir da viagem feita por Coppola a Minas Gerais em 1945.

Imagens do acervo do Museu Boulieu, o mais novo de Ouro Preto, em Minas Gerais, focado na arte barroca  — Foto: Nelson Kon / Divulgação

Imagens do acervo do Museu Boulieu, o mais novo de Ouro Preto, em Minas Gerais, focado na arte barroca — Foto: Nelson Kon / Divulgação

Instalado no antigo Asilo São Vicente de Paulo, um prédio de 1932 num dos principais acessos ao centro de Ouro Preto, o museu ocupa um espaço de 400 metros quadrados. As seis salas de exposição se concentram no segundo andar, e os visitantes têm acesso ainda a um café e uma loja.

O Museu Boulieu fica na Rua Padre Rolim 412 e funciona segunda, quinta, sexta, sábado e domingo das 10h às 18h; e quarta, das 13h às 22h. O ingresso custa R$ 10, menos às quartas, quando a entrada é gratuita. Mais informações em museuboulieu.org.br.


O Globo sexta, 15 de abril de 2022

CULTURA: O VINIL NÃO É MAIS AQUELE - AGORA É A VEZ DE O CD ENCANTAR OS COLECIONADORES

 

O vinil não é mais aquele: agora é a vez de o CD encantar os colecionadores

A alta do ‘hype’ nos LPs, um disco raro chega a R$ 20 mil, trouxe de volta aquele formato físico de ouvir música calado lá nos anos 1990. Sensação entre a Geração Z, o CD já está até inflacionado
Philipe Baldissara Antunes procura por CDs na Loja Tracks, na Gávea, Rio Foto: Ana Branco / Agência O Globo
Philipe Baldissara Antunes procura por CDs na Loja Tracks, na Gávea, Rio Foto: Ana Branco / Agência O Globo

Proprietário da loja de discos Tracks, há 27 anos na Gávea, Heitor Trengrouse é um dos muitos que, até há pouco, tinham decretado a morte do CD. Diante da baixa procura por lançamentos no formato, cada dia mais suplantado pelo streaming, ele já estava planejando diminuir a presença do produto em sua loja, que também comercializa LPs e DVDs.

Em novembro, porém, Trengrouse tentou algo diferente. Pela primeira vez, adquiriu uma grande coleção de CDs usados. Vendidos a preços mais acessíveis, o lote teve uma saída surpreendente. O perfil dos compradores variava: desde jovens nostálgicos em busca dos artistas dos anos 1990 e 2000 que ouviam na infância (e que só foram lançados em CD) a colecionadores que não querem mais pagar os valores inflacionados dos vinis.

 — O primeiro lote de usados foi um start, funcionou tão bem que passamos a adquirir outros — diz ele. — Está claro que estamos vivendo um aquecimento nessa área.

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Outros proprietários de lojas concordam com Trengrouse: há empolgante crescimento das compras de CD de segunda mão, que parece inversamente proporcional à procura por lançamentos no mesmo formato.

Segundo uma pesquisa divulgada pela Pro-Música Brasil, associação afiliada e representante nacional da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI), a produção de streaming correspondeu a 86% do faturamento total da indústria fonográfica no Brasil em 2021. As vendas dos formatos físicos como um todo (CD, LP e DVDs), por sua vez, representaram apenas 0,6% do total das receitas da indústria.

Febre mundial nos anos 1990, os CDs praticamente deixaram de ser lançados no Brasil de 2022 Foto: Paulo Rubens Fonseca / Agência O Globo
Febre mundial nos anos 1990, os CDs praticamente deixaram de ser lançados no Brasil de 2022 Foto: Paulo Rubens Fonseca / Agência O Globo

Nessa conjuntura, a produção de CD em território nacional minguou. Mesmo alguns lançamentos de artistas brasileiros só chegam aqui muitas vezes via importação, o que tornam os preços exorbitantes. Os últimos de Caetano Veloso e Marisa Monte, por exemplo, estão saindo por quase R$ 200 na Tracks Discos.

— Imagino que a decisão de lançar um CD ou um vinil hoje deva-se mais a uma estratégia promocional do que à busca por um faturamento maior, sendo que existem artistas e gêneros musicais, o clássico, por exemplo, que subvertem continuamente esta lógica — opina Paulo Rosa, presidente da Pro-Música Brasil.

No restrito mundo dos colecionadores, a história é outra. O formato, que reinou nos anos 1990 e parte dos 2000, vive um renascimento próprio. Fábio Pereira, dono da Supernut Mara Records, uma loja online de compra e venda de discos, vivia recusando ofertas de CDs. De dois anos para cá, passou a comprar novos lotes semanalmente.

— Está acontecendo com o CD o que ocorreu com o vinil anos atrás: tem muita gente jogando fora, e você pode encontrar coisas boas e baratas. Estou aproveitando para estocar. Além disso, os LPs raros chegam a valores surreais, e ouço muitos clientes dizerem que estão comprando CD porque é mais barato — conta. — Eles têm a necessidade do material físico.

Streaming sem limites

A tendência chegou a jovens que não conheceram o auge do CD e que ainda têm o streaming como “toca-discos”. Ouvinte de música erudita, Ana Nader, de 20 anos, seguiu rumo ao CD com o objetivo de se afastar um pouco do celular. O primeiro contato com essa tecnologia quase “arcaica” para a sua geração teve altos e baixos. Por um lado, ela achou o CD um tanto restritivo, dada a limitação do espaço para músicas. Por outro, acredita ter ficado um pouco mais seletiva sem a oferta infinita do streaming.

— Se pelo streaming podia, num intervalo de uns 40 minutos, ouvir de Bach a Boulez, por exemplo, pelos CDs me limitei a escutar algo específico, seja a seleção do intérprete ou a seleção de épocas — conta a jovem de Sorocaba, São Paulo. — Isso foi positivo, já que não ficava muita informação para a cabeça num dia só.

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A tendência de comportamento de consumo musical, apesar de relativamente recente, já começa a dar sinais de causa e efeito no mercado. E os mesmos preços inflacionados que atormentaram os colecionadores de vinil nos últimos anos também estão, em menor medida, ameaçando o novo queridinho dos sebos. Ainda que um CD dificilmente iguale o valor de um LP raro (que pode chegar até R$ 20 mil), os amantes de CD já sentem no bolso o “índice hype” do momento.

— Os CDs de heavy metal, por exemplo, subiram de maneira inimaginável — diz Philipe Baldissara Antunes, 22 anos, que voltou a consumir CDs após ter abandonado o hábito em 2012. —Quando eu era adolescente, comprava clássicos do gênero por R$ 20 ou R$ 30 reais, hoje são coisas que você encontra de R$ 90 para cima.

Assustado com o preço nas lojas, Philipe Baldissara Antunes passou a garimpar em sebos, e também em grupos de Facebook.


O Globo quinta, 14 de abril de 2022

DONA IVONE LARA, 100 ANOS

Dona Ivone Lara, 100 anos: A sambista que fez carreira como profissional da saúde mental

 

Dona Ivone Lara em julho de 1982

 

 

"Sonho meu, sonho meu/ Vai buscar quem mora longe, sonho meu/ Vai mostrar esta saudade, sonho meu/ Com a sua liberdade, sonho meu/ No meu céu a estrela-guia se perdeu". 

Para quem conhece a vida e a obra da gigante Dona Ivone Lara, que completaria 100 anos nesta quarta-feira, sua canção mais famosa, "Sonho meu", pode ter sido inspirada nos anos de trabalho no Centro Psiquiátrico Nacional D. Pedro II, no Engenho de Dentro, Zona Norte do Rio, sob a supervisão de Nise da Silveira, médica responsável por revolucionar o tratamento de saúde mental do Brasil. 

 

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Pouca gente sabe, mas antes de se tornar famosa com seus sambas, Dona Ivone Lara foi uma aguerrida profissional de saúde mental. Orfã de pai aos 2 anos e de mãe aos 16, Dona Ivone Lara cursou Enfermagem na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e, aos 25 anos, deu início a sua carreira na instituição no Engenho de Dentro, onde trabalhou por 30 anos. Filha de uma família musical (seu pai tocava violão de sete cordas, e a mãe cantava), ela já compunha e também cantava desde muito jovem. Mas só se dedicou inteiramente ao samba depois de se aposentar do serviço público, em 1977.

 

Dona Ivone no hospital no Engenho de Dentro

 

 

Carregando nos ombros o legado da resistência negra e do pioneirismo das mulheres no mercado de trabalho, a carioca transitava entre o universo da classe média vivida na faculdade e a realidade de uma famíla pobre, negra e, portanto, marginalizada. Por isso, agrarrou-se à vaga conseguida no Serviço Nacional de Doenças Mentais, logo que saiu da vida acadêmica.

Seis anos após se formar em Enfermagem, em meados dos anos 1940, ela se tornou uma das primeiras estudantes de Serviço Social no Brasil e, em seguida, especializou-se em terapia ocupacional, no curso ministrado por Nise da Silveira, com quem atuou também na Casa das Palmeiras, em Botafogo, na Zona Sul.

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Naquele período, o tratamento de doentes mentais no Brasil ainda era muito voltado para a internação, com o uso de terapias agressivas como eletrochoques e lobotomia. Muitos pacientes eram abandonados pelas famílias em institutos como aquele em que Ivone Lara trabalhava. A psiquiatra Nise da Silveira, porém, foi responsável por quebrar essa tradição, incentivamento o engajamento de doentes com atividades culturais e a aproximação de seus pacientes com a família. Muitas das práticas iniciadas pela médica são referência no tratamento mental até hoje. 

 

Dona Ivone Lara em show no Teatro Opinião, em 1978

 

 

Foi nesse ponto da revolução promovida por Silveira, hoje considerada o marco inicial da luta antimanicomial, que o trabalho da sambista se mostrou de suma importância. Atuando como visitadora social em nome do hospital, Dona Ivone Lara tinha, muitas vezes, a tarefa de percorrer centenas de quilômetros em território fluminense, ou até em outros estados do Brasil, atrás das famílas de pacientes internados, com o objetivo de reunir os parentes com os assistidos. 

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No instituto na Zona Norte, Ivone atuava em oficinas de música com internos e eventos nos quais promovia a aproximação de doentes com pais, mães, avós, irmãos etc. Há quem diga que esse trabalho, realizado até hoje na unidade de saúde, plantou a semente do bloco de carnaval Loucura Suburbana, que, tradicionalmente, sai do prédio, hoje chamado de Instituto Municipal Nise da Silveira, e percorre as ruas do Engenho de Dentro, misturando pacientes, familiares, profissionais de saúde e moradores do bairro.

 

Dona Ivone durante desfile da Império Serrano em 1972

 

 

 

Dona Ivone em gravação de depoimento no Museu da Imagem e do Som em 2008

O Globo quarta, 13 de abril de 2022

ESPORTES: ROBERTO DINAMITE COMPLETA 68 ANOS EM MEIO A TRATAMENTO DE CÂNCER - *QUERO VIVER MUITO AINDA*

Roberto Dinamite completa 68 anos em meio a tratamento de câncer: 'Quero viver muito ainda'

Ídolo do Vasco recebe homenagens de torcedores pelo Brasil
Roberto Dinamite trata câncer no intestino Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
Roberto Dinamite trata câncer no intestino Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
 

A rouquidão de Roberto Dinamite não é páreo para a mensagem que ela tenta abafar. O maior ídolo do Vasco, em meio ao tratamento de um câncer no intestino, vive e deseja viver. Hoje, ele comemora 68 anos em meio a homenagens. Receberá o título de benemérito e, até o fim do mês, uma estátua que ficará em São Januário.

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O ex-jogador perdeu 20kg em 20 dias no começo da quimioterapia — outro efeito colateral das sessões é a fraqueza na voz. Chorou quando recebeu a notícia da doença, descoberta ao investigar uma obstrução intestinal. Quatro meses depois, os sentimentos continuam à flor da pele.

— Hoje, eu me emociono de alegria, por acreditar que vou passar por essa etapa.

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Com você está?

Estou me recuperando, convivendo com uma situação, vamos dizer, nada normal. Para alguém com a minha vida, eu tive minha carreira como atleta. De repente, você se vê numa situação que está aí, todo mundo sabe. É uma etapa que precisa ser feita na minha vida. Operei às vésperas do Natal. Era uma obstrução intestinal. Fui operar e identificamos o câncer. Hoje eu uso isso aqui (mostra a bolsa intestinal). Qualquer coisa que eu coma, desce aqui.

Como foi o começo do tratamento?

No primeiro momento, você não sabe como vai ser sua reação. Serão oito sessões de quimioterapia. Já estou entre a sétima e a oitava. Em 20 dias, eu perdi 20kg. Fui lá para baixo. Estava dando topada em pedrinha no chão porque andava arrastando os pés, minha musculatura foi lá para baixo. Agora estou forte, comparado a antes. No começo, passei muito mal, vomitei. Agora já durmo na sessão.

 

Você logo falou da doença publicamente. Muitos preferem guardar para si...

Eu, depois que falei, conheci um monte de gente na mesma situação. Acho que é legal colocar isso externamente. Jamais pensei em esconder nada. A informação é tudo. Tem muitas pessoas passando por isso. Quero mostrar que é fundamental estar fazendo exames, sabendo como está, entender como está passando. Foi tudo muito rápido.

 

Tem recebido muito apoio?

É gente de tudo quanto é canto. Dizendo que está rezando, orando. Hoje, a coisa está mais ou menos estabilizada. Convivo com a bolsa (intestinal) e vou continuar convivendo. Não tem essa de vergonha. O que sai está dentro de mim, é do corpo humano. Estou convivendo bem com isso.

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Como vê essas homenagens justamente no período em que passa por essa doença?

Independentemente disso, é o reconhecimento. Não vejo como um favor, nem de um lado nem do outro. O Vasco me proporcionou muito e houve a troca. Com vitórias, derrotas. Isso é a vida. Se Deus quiser que eu saia dessa, e eu vou sair, vou mostrar que as pessoas podem sonhar com o tratamento. E ter o pensamento positivo. No primeiro dia, chorei. Depois pensei, ‘não vou chorar’. Eu me emociono hoje, mas muito mais de alegria, por acreditar que vou passar por essa etapa.

Esse carinho todo ajuda?

Sem dúvida, a pessoa passa a te ver não apenas como ídolo, mas como um ser humano. Desejarem o bem é muito legal, transcende, entra muito mais pelo lado humano. Não é pena, é torcer, querer bem. Estava muito fraco antes, agora comecei a fazer fisioterapia, faço duas vezes na semana, as vezes três. Daremos uma parada no tratamento. E avaliaremos um segundo estágio. Não tem nada definido. A ideia é buscar algo que me dê mais qualidade de vida.

 
 

Você imaginava um dia ter uma estátua no Vasco?

Jamais poderia imaginar. Vai ser legal, a estátua me mantém eterno. Eu fecho os olhos e posso ver tudo que eu passei para chegar até ela. Eu quero viver, quero viver muito ainda. Para ter alegrias como essa. Estar triste por um motivo, feliz por outro. Assim é a vida.

O Vasco está para passar por mudanças profundas (o clube tenta repassar o controle do futebol para investidores americanos). Como vê isso?

Acredito que é o caminho. Essa parceria se faz necessária para o clube. A instituição está acima das pessoas. Eu sou vaidoso, mas o Vasco está acima disso. Se eu não tivesse a estátua e tivesse o Vasco vencedor, campeão novamente, estaria feliz. Eu trocaria tudo que estou tendo hoje por um Vasco mais forte. As pessoas que gostam do Vasco e respeitam o clube, a história que está lá, que sempre vai estar, precisam deixá-lo seguir adiante.

O quanto essa fase do Vasco mexe com você?

Você pode até não acreditar, mas se eu pudesse dividir um pouco a corrente positiva que estou recebendo com o Vasco, eu dividiria. Daria 51% de toda a energia que estou recebendo. Está bom, né? (risos). Se eu puder viver mais não sei quanto tempo e puder dividir isso com o Vasco, dividiria. Não é demagogia. É o que o meu coração fala. Não quero nada mais do Vasco, que não seja ver o Vasco feliz.

 

 


O Globo terça, 12 de abril de 2022

TURISMO: VEJA BONS MOTIVOS PARA VISITAR ORLANDO EM 2022

Por Carla Lencastre; Especial Para O Globo

 


Mickey, Minnie e outros personagens com a roupa especial, desenhada para a festa de 50 anos do Walt Disney World, na Flórida — Foto: Divulgação

Mickey, Minnie e outros personagens com a roupa especial, desenhada para a festa de 50 anos do Walt Disney World, na Flórida — Foto: Divulgação

“Bem-vindo de volta. Sentimos muito a sua falta”. A frase ocupando uma imensa parede na área do desembarque internacional do Aeroporto de Orlando parece ter sido escrita para os brasileiros, um dos maiores mercados internacionais da cidade dos parques temáticos. Com a suspensão das restrições mais severas impostas pela pandemia e o dólar ligeiramente menos caro, é hora de começar a tomar coragem seja para encarar a nova Jurassic World VelociCoaster, no parque Islands of Adventure, do Universal Orlando Resort, ou simplesmente abraçar e beijar Mickey e Minnie no Walt Disney World. Sim, beijo e abraço, sem distanciamento social. A “volta do abraço” nos personagens pelos parques e hotéis do Walt Disney World, que está celebrando 50 anos, acaba de ser anunciada para a alegria dos disneymaíacos.

Em evento realizado na primeira semana de abril em São Paulo, representantes do Visit Orlando, escritório de promoção turística da cidade, se mostraram otimista com o retorno dos visitantes internacionais. A expectativa é que até o final de 2022 o número alcance 93% dos índices de 2019. Quando o assunto é mercado estrangeiro, os que estão se recuperando mais rapidamente são Reino Unido e México. A retomada do Brasil é gradual, porém um pouco mais lenta, já que as principais restrições de entrada de brasileiros nos Estados Unidos foram suspensas somente no final de 2021 e a emissão de vistos ainda não se normalizou.

 

Para gritar alto

 

A grande atração de 2022 em Orlando é a montanha-russa Guardians of the Galaxy: Cosmic Rewind. Com inauguração marcada para 27 de maio, será totalmente fechada. A primeira ride do Epcot marca uma nova etapa na fase de transformação pela qual vem passando este parque do Walt Disney World. No Universal, quem procura adrenalina deve começar pela nova VelociCoaster, inspirada nos filmes “Jurassic World”. Aberta ano passado, é a mais alta (47 metros) do parque e a mais rápida, alcançando 112 km/h em 2,4 segundos. Ainda na fila para a atração, a perfeição dos dinossauros em animatrônicos já impressiona e (não) prepara para o que vem depois, como um giro de 360º.

 

Pelas ruas dos parques

 

Na Disney, abraçar os personagens a partir de 18 abril será uma realidade esperada com ansiedade principalmente crianças. No Universal, este ano as ruas do parque voltaram a ser ocupadas pela parada de Mardi Gras, uma homenagem ao carnaval de Nova Orleans. O evento começou em fevereiro e vai até 24 de abril. Quem quiser desfilar no alto de um carro alegórico, jogando os famosos colares de contas coloridas para os visitantes na plateia, precisa se inscrever em uma fila virtual assim que chegar ao parque.

 

Festa de aniversário

 

A montanha-russa dos Guardiões das Galáxias é a grande novidade do Epcot, mas não a única, já que o parque está passando muitas mudanças. Em 1º de outubro de 2021, dando início às comemorações do cinquentenário do Walt Disney World na Flórida, foi inaugurado o restaurante La Crêperie de Paris, no Pavilhão da França, e estreou o musical noturno “Harmonius”, também nesta área do World Showcase. São 15 canções em 13 diferentes idiomas gravadas por 240 artistas de todo o mundo. No Magic Kingdom, há um novo espetáculo noturno, o “Disney Enchantment”, que se espalha pela Main Street e termina com fogos de artifício, claro. O Castelo da Cinderela foi repaginado, e alguns personagens ganharam trajes de festa e esculturas douradas espalhadas pelos parques. A celebração das cinco décadas do WDW terá duração de 18 meses e vai até o início de 2023.

 

Bons sonhos

 

O Universal tem dois novos hotéis temáticos que parecem feitos sob medida para parte do público brasileiro. De perfil econômico, o Dockside Inn and Suites e o Surfside Inn and Suites são coloridos e confortáveis, com lojas temáticas, cafés, bares e restaurantes, e 2.800 quartos em três torres, cada uma com a sua piscina. O Dockside tem suítes com dois quartos e três camas, que acomodam confortavelmente até seis pessoas. Em parceria com a Loews, como todos os hotéis do Universal, as torres ficam no complexo Endless Summer, e oferecem transporte gratuito para os parques do Universal e entrada uma hora antes. Já a Disney aproveitou a pandemia para renovar alguns de seus hotéis. Os quartos dos resorts Contemporary e Polynesian Village foram reformados inspirados, respectivamente, em “Os incríveis”, da Pixar, e “Moana: um mar de aventuras”. O All-Star Sports Resort reabriu no dia 31 março. Era o último hotel Disney que ainda estava fechado por causa da pandemia.

 


O Globo segunda, 11 de abril de 2022

RIO SHOW: DUDA BEAT, PRETA GIL, LULU SANTOS E OUTROS QUE SÃO DESTAQUES DA SEMANA NO RIO

Por Ricardo Ferreira

 


Mais uma semana bem pop nos palcos da cidade: temos Duda Beat no Aterro, Lulu Santos na Barra e Preta Gil no Centro, pra citar alguns shows que marcam a agenda. O rock alternativo também tem vez com Maglore e El Efecto no Circo Voador, e, no Jockey, Baia relembra seus sucessos em último show de uma rápida temporada no Brasil. Confira os destaques da programação:

Duda Beat, Preta Gil e Lulu Santos: destaques na agenda de shows. — Foto: Arte

Duda Beat, Preta Gil e Lulu Santos: destaques na agenda de shows. — Foto: Arte

Baby do Brasil e Pepeu Gomes
Encerrando a temporada de shows do Tim Noites Cariocas, os ex-Novos Baianos, que já foram casados, estreiam a turnê "Baby do Brasil & Pepeu Gomes a 140 graus”. O repertório tem músicas dos Novos Baianos, canções que ficaram conhecidas no trabalho solo de cada um e outras releituras.
Morro da Urca: Av. Pasteur 520, Urca. Sáb, a partir das 21h. A partir de R$ 193,50. 18 anos.

Baia
Antes de voltar para Miami, onde mora desde 2017, Baia sobe ao palco do Bosque Bar para seu último show na cidade. Ele vai cantar músicas novas, como "I believe sim" e "Um gato nesse mundo cão", e alguns de seus sucessos, como "Ouro de tolo" e "Habeas corpus".
Bosque Bar: Av. Bartolomeu Mitre 114, Gávea. Dom, às 19h. R$ 40. 18 anos.

 

Duda Beat
A cantora chega ao Vivo Rio com "Duda Beat on tour", show que ela interpreta músicas do "Te amo lá fora", seu último disco, e resgata algumas canções do "Sinto muito", seu primeiro.
Vivo Rio: Av. Infante Dom Henrique 85, Aterro do Flamengo. Sex, às 22h. A partir de R$ 70. 18 anos.

Festival Se Rasgum
Comemorando 15 anos de história, o festival paraense chega ao Circo com três shows que misturam ritmos e influências: Metá Metá com Lucas Estrela; Os Amantes; e Otto, com participação de Luê. Os DJs João Brasil, Ananindeusa e Nave de Som cuidam dos intervalos.
Circo Voador: Rua dos Arcos s/nº, Lapa. Sáb, a partir das 21h. A partir de R$ 50. 18 anos.

Lulu Santos
Em seu show "Alô, base", Lulu mistura alguns de seus trabalhos mais recentes com seus hits consagrados, como "De repente Califórnia", "Como uma onda no mar" e "Tão bem".
Qualistage: Via Parque Shopping. Av. Ayrton Senna 3000, Barra. Sáb, às 20h30. A partir de R$ 180. 18 anos.

Maglore + El Efecto
Teago, Lelão, Luquinhas e Dieder – os baianos do Maglore – repassam mais de uma década de estrada e quatro discos em noite que também tem show do El Efecto, ícone da cena alternativa carioca.
Circo Voador: Rua dos Arcos s/nº, Lapa. Sex, a partir das 22h. A partir de R$ 50. 18 anos.

Ordinarius
O septeto vocal e percussivo carioca passeia por ritmos brasileiros como choro, baião, samba e ijexá no show "Bossa 20", que tem clássicos como “Garota de Ipanema”, “A rã”, “Você” e “Manhã de Carnaval” no setlist, entre muitas outras canções.
Teatro Rival Refit: Rua Álvaro Alvim 33/37, Cinelândia. Sex, às 19h30. A partir de R$ 35. 18 anos.

Orquestra Petrobras Sinfônica
Tem dobradinha da OPES na Sala Cecília Meireles. Sábado e domingo, a companhia apresenta um programa com obras de Stravinsky, Beethoven e Camargo Guarnieri, com participação do pianista Lucas Thomazinho. A regência é do maestro Claudio Cruz, regente titular e diretor musical da Orquestra Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo.
Sala Cecília Meireles: Rua da Lapa 47, Lapa. Sex, às 19h. Sáb, às 16h. A partir de R$ 20. Livre.

É a inauguração da temporada 2022 do projeto "Fim de tarde", que põe artistas pra tocar a preços populares no Teatro João Caetano. Com produção musical de Pedro Baby, a apresentação reúne 20 músicas que dão um panorama da carreira da cantora carioca.
Teatro João Caetano: Praça Tiradentes s/nº, Centro. Ter, às 18h30. R$ 5. Livre.


O Globo domingo, 10 de abril de 2022

ARTES VISUAIS: PENSADOR, DE RODIN, VAI A LEILÃO NA CHRISTIE*S DE PARIS, EM JUNHO

'Pensador' de Rodin vai a leilão na Christie's de Paris em junho

Cerca de 40 cópias da famosa escultura foram produzidas; exemplar a ser leiloado foi feito em 1928 e estava na coleção de um apartamento parisiense projetado pelo famoso decorador Alberto Pinto
 
Exemplar do Pensador, de Rodin, será leiloado em Paris, em junho Foto: TIMOTHY A. CLARY / AFP
Exemplar do Pensador, de Rodin, será leiloado em Paris, em junho Foto: TIMOTHY A. CLARY / AFP
 

Uma escultura de "O Pensador" em bronze do artista francês Auguste Rodin, cobiçada por colecionadores, será leiloada pela Christie's de Paris em 30 de junho, informou a casa de leilões. Cerca de 40 cópias da famosa imagem do homem sentado, pensativo, com o queixo apoiado na mão direita, foram feitas em vida por Rodin (1840-1917) e após sua morte, até 1969. A peça a ser leiloada tem um preço de venda estimado entre 9 milhões e 14 milhões de euros (cerca de R$ 45 milhões a R$ 70 milhões).

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Este exemplar foi produzido em torno de 1928 pela fundição Alexis Rudier, conhecida por ter criado algumas das mais famosas esculturas em bronze da obra de Rodin. A peça faz parte de uma coleção particular chamada "Le Grand Style", de um apartamento parisiense projetado pelo famoso decorador Alberto Pinto. O imóvel será leiloado em seu conjunto, nesta mesma data, pela Christie's.

 
 

Concebido por Rodin por volta de 1880 como parte integrante da "Porta do Inferno", inspirada na obra de Dante, "O Pensador" se tornou uma escultura autônoma a partir de 1904. Neste ano, foi exibido pela primeira vez no Salão de Paris. O Museu Rodin retomou sua edição após a morte do escultor, em 1917, e encomendou 26 exemplares póstumos feitos por várias fundições, em dois períodos: 1919-1945 e 1954-1969.

Como "Mona Lisa", de Leonardo da Vinci, "O Nascimento de Vênus", de Botticelli, ou "O Grito", de Edward Munch, "O Pensador" está entre as obras mais famosas da história da arte. Está exposto em sua versão monumental na Universidade Columbia, em Nova York, em frente ao Palácio da Legião de Honra da Califórnia, e no Palácio Ca'Pesaro, em Veneza.

A estátua a ser leiloada pela Christie's iniciou uma turnê mundial na sexta-feira (8), com exposições em Nova York e em Hong Kong, antes de ser exibida em Paris, a partir de 23 de junho. O último recorde de leilão para um "O Pensador" é de US$ 15,2 milhões, estabelecido em 2013, pela Sotheby's, em Nova York, segundo o site de mercado de arte Artnet.


O Globo sábado, 09 de abril de 2022

BRASILEIRÃO 2022: TORNEIO COM PONTOS CORRIDOS CHEGA À 20ª EDIÇÃO

 

Brasileirão de pontos corridos chega à 20ª edição com evoluções, problemas pendentes e desafios para o futuro; saiba quais

Recém-eleito, presidente da CBF fala em debater calendário e investimento em estádios
 
Ilustração feita pela editoria de arte Foto: O Globo
Ilustração feita pela editoria de arte Foto: O Globo
 

Quando a bola rolar para Fluminense e Santos, às 16h30, no Maracanã, o Brasileirão terá início pela 20ª vez no sistema de pontos corridos. O número redondo representa o amadurecimento de uma competição que entra no último ano de sua segunda década refletindo a evolução do futebol nacional — nos defeitos e nas virtudes. A discussão sobre o formato ficou ultrapassada. Ele parece irreversível. E se depara com desafios contemporâneos, como a constituição das primeiras SAFs e a iminente criação da liga de clubes.

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A primeira prova de seu amadurecimento está justamente na solidez do formato, com o respeito às dinâmicas de acesso e descenso. Ficaram para trás as “viradas de mesa” e, depois de fixado em 20, o número de participantes não mais se alterou. A organização no topo da pirâmide gerou um efeito cascata na base, como destaca o presidente da CBF Ednaldo Rodrigues, eleito em março:

 — A maior evolução que a consolidação do formato trouxe foi a estabilidade para a organização de várias divisões, promovendo atividade o ano inteiro para vários clubes e permitindo o planejamento técnico e comercial das competições a médio e longo prazo — explicou o dirigente ao GLOBO (confira no final da matéria a entrevista completa com Ednaldo).

 

Também houve avanços na esfera financeira, especialmente com o boom nos valores oriundos dos direitos de transmissão a partir dos contratos individuais, iniciados em 2012. Em um primeiro momento, privilegiou a força individual de alguns clubes. Mas, desde 2019, um novo modelo tornou esta divisão menos desigual: uma fatia é repartida igualmente; outra, de acordo com o número de jogos exibidos; e a última, segundo a posição na tabela.

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O avançar das temporadas, por outro lado, não foi suficiente para solucionar problemas crônicos, como o calendário conflitante. Ednaldo reconhece o problema e promete um debate com federações, clubes e uma eventual liga. Mas lembra que a solução precisa levar em conta uma parcela significativa de equipes que só jogam Estaduais:

— Hoje, praticamente 90% dos clubes registrados na CBF jogam em média 19 partidas por ano. Poucos participam da Copa do Brasil e a maioria só tem atividade durante o Estadual, demitindo em seguida seus atletas, treinadores e comissão técnica. Apenas 14% jogam o ano todo, disputando as séries do Campeonato Brasileiro. E 1% jogam até demais, chegando a mais de 70 partidas por ano — pontua o presidente da CBF. — No Brasil, alguns clubes jogam muito e quase todos jogam muito pouco.

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Nenhum desafio parece mais urgente do que a qualidade dos gramados e da arbitragem, que afetam diretamente as partidas e são alvo de queixas de jogadores e treinadores. Uma das promessas feitas pelo novo presidente da CBF em sua posse foi a de investir em infraestrutura de estádios. Para isso, quer vender as duas aeronaves da entidade (um jatinho e um helicóptero) e usar o dinheiro arrecadado e o da economia anual a ser gerada.

Contudo, a entidade também uma função regulatória, já que os gramados são de responsabillidade dos administradores dos estádios. O Regulamento Geral de Competições ainda é muito genérico em relação ao tema.

Historicamente, a arbitragem talvez seja o setor que menos evoluiu ao longo das últimas 19 edições. Teve o mérito de ter conseguido se desvencilhar do escândalo da “máfia do apito”, que manchou o Brasileiro de 2005. Mas nem mesmo a entrada do VAR evitou a ocorrência de erros graves. Para o ex-árbitro e comentarista da TV Globo Sálvio Spinola, a tecnologia não será suficiente enquanto não houver foco na preparação de quem trabalha no campo.

— O Brasileiro mudou para pontos corridos há 19 anos e continua a mesma coisa: quem forma o árbitro são as federações, não é a CBF. Você tem o árbitro apitando o campeonato estadual, que é fraco, e ele é emprestado para apitar o da CBF, que é forte — opina Spinola, para quem também é preciso que fiquem mais claros os critérios de quando o VAR deve ou não intervir. — O Brasil vai para a quarta temporada com a tecnologia e ainda não chegou a uma definição de critério.

Mudança no apito

Na última quinta, a CBF anunciou Wilson Seneme como novo chefe da Comissão de Arbitragem. Ele deixou a Conmebol para assumir o setor palco da maior crise da última edição do Brasileiro, que resultou na queda do então responsável pela área (Leonardo Gaciba) com o campeonato em andamento.

Seneme fala em investir na capacitação dos árbitros feita pela própria CBF e no fortalecimento de uma filosofia em que o VAR seja utilizado apenas em último caso. O excesso de tempo em que as partidas ficam paralisadas é outro alvo.

 


O Globo sexta, 08 de abril de 2022

FUTEBOL: EM PROTESTO NO NINHO, TORCIDA DO FLAMENGO COBRA JOGADORES E XINGA MARCOS BRAZ

Em protesto no Ninho, torcida do Flamengo cobra jogadores e xinga Marcos Braz

Posicionados na entrada do centro de treinamentos, rubro-negros esperam carros de jogadores
 
Torcedores protestam no Ninho do Urubu Foto: Reprodução
Torcedores protestam no Ninho do Urubu Foto: Reprodução
 

No dia seguinte à desmarcação de uma reunião do elenco do Flamengo com torcedores organizados planejada pelo vice-presidente de futebol Marcos Braz, rubro-negros foram à porta do centro de treinamentos Ninho do Urubu, em Vargem Grande, fazer cobranças ao elenco. Uniformizados com as vestes de uma organizada do clube, eles aguardam os jogadores e membros da comissão técnica chegarem para fazer cobranças.


O Globo quinta, 07 de abril de 2022

RIO SHOW - EXPOSIÇÃO DE VAN GOGH, ESGOTADA, TERÁ INGRESSOS EXTRAS

Por Carmem Angel

 


Exposição 'Van Gogh e seus contemporâneos', na Casa França-Brasil — Foto: Gabi Carrera/Divulgação

Exposição 'Van Gogh e seus contemporâneos', na Casa França-Brasil — Foto: Gabi Carrera/Divulgação

Depois de estrear em Florença, na Itália, a exposição multimídia “Van Gogh e seus contemporâneos” abre hoje na Casa França-Brasil, no Centro, com todos os 38 mil ingressos inicialmente disponibilizados já esgotados. Por isso, a produção abrirá, a partir do dia 10, novos horários até o fim da mostra, em 5 de junho.

A linguagem imersiva da mostra — com projeções HD em 360°, do teto ao chão, e cerca de 60 minutos de duração — propõe um mergulho na obra de um dos precursores do expressionismo, além de exibir trabalhos de artistas como Cézanne, Gauguin e Toulouse-Lautrec, destacando semelhanças e diferenças em relação ao pintor holandês.

— A exposição tem entretenimento, mas também uma função educativa — diz a produtora da exposição, Marisa Mello.

Veja como é a mostra imersiva dedicada a Van Gogh

Reprodução cenográfica do quadro 'Quarto em Arles' (1888): instagramávelMostra imersiva que homenageia Van Gogh entra em cartaz nesta quarta-feira (6) — Foto: Gabi Carrera/Divulgação
6 fotos
"Noite estrelada": um dos destaques
 
 

Na entrada, uma sala reproduz cenograficamente o ambiente do célebre “Quarto em Arles” (1888). Há ainda um quadro gigante em 3D no qual é possível se sentir dentro da tela “Doze girassóis numa jarra” (1888), e um painel do clássico “A noite estrelada” (1889). “Autorretrato” (1889) e “Campo de trigo com corvos” (1890) são algumas das pinturas em foco.

'Van Gogh e seus contemporâneos': Casa França-Brasil. Rua Visconde de Itaboraí 78, Centro. Ter a dom, 10h às 18h. Até 5 de junho. Grátis (ter a qui) e R$ 20 (qui a dom). Novos ingressos: dia 10, às 10h, no site Eventim.


O Globo quarta, 06 de abril de 2022

FUTEBOL - FLUMINENSE: POR QUE A SUL-AMERICANA MERECE A EMPOLGAÇÃO DA TORCIDA

Fluminense: Por que a Sul-americana merece a empolgação da torcida

Tricolor inicia sua caminhada em busca do título contra o Oriente Petrolero, da Bolívia, no Maracanã
 
O técnico Abel Braga passa as últimas orientações antes da estreia Foto: Mailson Santana/Fluminense FC
O técnico Abel Braga passa as últimas orientações antes da estreia Foto: Mailson Santana/Fluminense FC

Tabela da Copa do Mundo 2022:Veja todos os jogos até a final

O principal é o fato do time viver seu melhor momento na temporada. E não apenas pela conquista do Campeonato Carioca, o que por si só já seria um grande estímulo. Afinal, desde 2012, quando venceram o Estadual e o Brasileiro, os tricolores não conquistavam uma taça de relevância. Mas porque, para ganhar a decisão, os comandados de Abel Braga jogaram seu melhor futebol no ano e deram a impressão de ter encontrado a formação ideal.

 

Marcelo Barreto:Continuar, a lição e desafio do Fla-Flu

O Fluminense que levou a melhor sobre o Flamengo apresentou mais criatividade no meio de campo, o que vinha sendo um problema até então, e soube se defender sem atuar muito recuado. Uma evolução possível graças a mudanças feitas por Abel, que inseriu um meia de criação na equipe (Paulo Henrique Ganso) sem abrir mão dos três zagueiros. Para comportar o armador, o técnico abdicou do trio de ataque. Acertou ainda ao escolher Willian para sair em vez do colombiano Jhon Arias.

Evolução tática

De quebra, esta novidade mostrou que os tricolores possuem variação tática, o que será importante não só ao longo da Sul-Americana como do Brasileiro e da Copa do Brasil. Pode jogar mais recuado e apostando na transição rápida — como a torcida está mais acostumada — e também com suas linhas mais adiantadas e valorizando a construção em toques curtos.

Independentemente do bom momento, é inegável que, dos três compromissos, a Sul-Americana é o caminho mais curto até o título. Como clube que vem da Libertadores, o Fluminense enfrentará adversários em sua maioria de menor nível técnico do que nos outros campeonatos. Importante destacar, contudo, que nas oitavas de final o torneio receberá outra leva de eliminados da principal competição continental.

A maior perspectiva de brigar pelo título pode representar o fim da longa busca dos tricolores por uma inédita conquista continental. O Fluminense tenta voltar a vencer um torneio internacional desde a Copa Rio de 1952. Já chegou à decisão duas vezes: na Libertadores de 2008 e na Sul-Americana do ano seguinte.

De lá para cá, o mais longe que chegou foram as semifinais da própria Sul-Americana de 2018 e as quartas da Libertadores do ano passado. Mas nesta temporada possui um time mais qualificado do que nas anteriores.

— Perdemos a confiança depois desse jogo contra o Olimpia. Agora retomamos isso. Serviu a experiência, para não fazermos a mesma coisa na Sul-Americana. O time está com muita confiança. Acho que o Fluminense vai brigar muito na Sul-Americana. Porque queremos esta taça também — disse Cano, que se firmou na posição durante a ausência de Fred e, agora, com o camisa 9 novamente à disposição, deixou Abel Braga com um problema para resolver.

Estímulo no Brasileiro

Um sucesso na Sul-Americana ainda poderia servir como incentivo para a campanha no Brasileiro, onde mais uma vez os tricolores tentarão ficar na parte de cima. Ainda mais agora, que passaram com autoridade pelo Flamengo e viram que podem jogar bem contra as equipes dos clubes de maior investimento.

— Vamos enfrentar todas as competições da melhor maneira possível. Temos um time muito bom para conquistar mais taças. A equipe está ligada para brigar por tudo e acho que seria muito bom conquistar as coisas que sonhamos — concluiu Cano.

O Globo terça, 05 de abril de 2022

LIBERTADORES: BRASILEIROS TÊM DOMÍNIO MAIOR QUE OS DE INGLESES E ESPANHÓIS NA CHAMPIONS

 

Com Palmeiras, Flamengo e Galo, brasileiros na Libertadores têm domínio maior que os de ingleses e espanhóis na Champions

Mudança no formato, com torneio disputado nos dois semestres, é ponto de virada para aumento do desequilíbrio
O Palmeiras de Raphael Veiga e o Flamengo de Gabigol disputam a Libertadores 2022 Foto: Editoria de arte / O Globo
O Palmeiras de Raphael Veiga e o Flamengo de Gabigol disputam a Libertadores 2022 Foto: Editoria de arte / O Globo

Flamengo:Clube conversa para abortar compra de Andreas e investir em outro volante; Vidal ganha força

Se na fase de grupos todos os membros da Conmebol estão representados de acordo com seu peso dentro do futebol sul-americano, à medida que a Libertadores afunila a gangorra pesa. Na lista dos últimos cinco campeões o desequilíbrio é evidente: foram quatro conquistas de brasileiros e uma argentina.

 Mas esse desequilíbrio começa antes. A partir das oitavas, são 15 duelos até a definição do título. Como cada um deles envolve duas equipes, ao todo são 30 “vagas”. Levando em conta os últimos cinco anos, foram 150. Destas, 64 foram preenchidas por brasileiros — 42,6% do total. Os clubes argentinos vêm em segundo, mas bem abaixo: 48 presenças em duelos decisivos. Equivale a 32%. Ou seja: juntos, os dois países correspondem a 74,6% dos times que disputam os jogos de mata-mata.

 Equador e Paraguai, com 8,6% cada, lideram o grupo restante, que inclui ainda Uruguai, Bolívia, Chile e Colômbia. Peru e Venezuela não tiveram nenhum representante na fase decisiva nos últimos cinco anos.

Botafogo:Entenda como o Crystal Palace de Patrick Vieira é inspiração para o Alvinegro

Esta assimetria é maior do que na Europa, onde o futebol também apresenta uma concentração de forças em poucos países. Nas últimas cinco edições completas da Liga dos Campeões mais a atual, em andamento, foram 174 “vagas” nos duelos decisivos. Destas, 47 (27%) ficaram com ingleses, 41 (23,5%) com espanhóis e 27 (15,5%) com alemães.

Tabela da Copa do Mundo 2022:Veja todos os jogos até a final

São também estas as três nacionalidades campeãs no período. Foram duas taças para os clubes da Premier League, duas para os da La Liga e uma para a Bundesliga. Juntas, as três ligas representam 66% da presença nos confrontos das oitavas até a final. Uma concentração menor do que a de Brasil e Argentina na América do Sul.

Tanto na Liga dos Campeões quanto na Libertadores, este desequilíbrio acompanha o poder econômico dos clubes. A questão é que, na América do Sul, a distância entre a força econômica do futebol brasileiro e a dos demais países é bem maior do que entre Inglaterra e Espanha e o restante da Europa.

Martín Fernandez:Os paradoxos da Copa do Catar

É nítido o momento em que o fator financeiro passou a pesar tanto. Quando a Libertadores passou a ser disputada ao longo de todo o ano, os clubes dos demais países se tornaram meros coadjuvantes. Entre 2012 e 2016, as cinco últimas edições no formato antigo, o cenário foi diferente. A começar pelos títulos: dois brasileiros, dois argentinos e um colombiano. Já os confrontos das oitavas até a final tiveram 27,3% de presença brasileira e 26% argentina, o que dá pouco mais que a metade: 53,3%.

Outro sinal de perda de equilíbrio: enquanto as finais de 2012 a 2016 contaram com clubes de Brasil, Argentina, Paraguai, Colômbia, Equador e México, as cinco decisões seguintes só tiveram times dos dois primeiros países — sendo as duas mais recentes monopolizadas pelos brasileiros. Números que podem deixar torcedores de Flamengo, Palmeiras, Corinthians, Atlético-MG, Bragantino, América-MG e Athletico ainda mais otimistas.


O Globo segunda, 04 de abril de 2022

RIO SHOW - GASTRONOMIA: RIO GASTRONOMIA 2022 JÁ TEM DATA CONFIRMADA

Por O GLOBO — Rio de Janeiro

 


Em 2022, Rio Gastronomia voltará ao espaço que ocupou em 2021,  no meio das pistas de corridas do Jockey Club — Foto: Alex Ferro

Em 2022, Rio Gastronomia voltará ao espaço que ocupou em 2021, no meio das pistas de corridas do Jockey Club — Foto: Alex Ferro

 

Maior evento de gastronomia do Brasil, o Rio Gastronomia já tem data marcada em 2022. O festival voltará a ocupar uma área externa no Jockey Club do Rio, na Gávea, entre os dias 11 a 21 de agosto — sempre de quinta-feira a domingo..

A edição deste ano promete repetir o sucesso da última, com aulas ministradas por chefs renomados, shows de grandes nomes da MPB, feiras de pequenos produtores, atividades para a criançada e, é claro, a presença dos melhores bares e restaurantes da cidade, que montarão cardápios especiais para o evento.

Rio Gastronomia: edição de 2021 foi um sucesso

Imagem aérea do Rio Gastronomia 2021, no Jockey Club — Foto: Alex Ferro/Agência O Globo
Geraldo Azevedo faz show no Rio Gastronomia 2021 — Foto: Alex Ferro/Agência O Globo
4 fotos
Público assiste a aula de chefs renomados no Rio Gastronomia 2021 — Foto: Bruno Kaiuca/Agência O Globo
Evento aconteceu em área a céu aberto no Jockey Club do Rio
 

O ambiente a céu aberto, emoldurado pelo Cristo Redentor — e que contou com roda-gigante em 2021 —, voltará a ser cenário para selfies. Entre 2012 e 2015, a farra gastroetílica aconteceu no Píer Mauá, na Zona Portuária. Em breve, os detalhes dessa festa serão divulgados por meio do site do Rio Gastronomia.


O Globo domingo, 03 de abril de 2022

TURISMO: CRISTO REDENTOR RECEBE NOVA ILUMINAÇÃO

Com patrocínio da Enel, nova iluminação do Cristo Redentor tem redução de 68% no consumo de energia

Investimentos vão garantir aumento da nitidez e melhor definição nas cores nas projeções realizadas na estátua
 
O projeto “90 Anos de Luz” contempla o novo sistema luminotécnico do monumento. Foto: Antonio Pinheiro / Divulgação Enel
O projeto “90 Anos de Luz” contempla o novo sistema luminotécnico do monumento. Foto: Antonio Pinheiro / Divulgação Enel
 

Os cariocas e turistas que visitam a Cidade Maravilhosa ganharam um presente especial e transformador. Com patrocínio da Enel Distribuição Rio, o Cristo Redentor recebeu em março um novo sistema de iluminação que reduz em 68% o consumo de energia em relação ao anterior.

Lançado oficialmente no dia 17 de março de 2022 em cerimônia no Morro do Corcovado, a primeira fase do projeto “90 Anos de Luz” contempla o novo sistema luminotécnico do monumento, que vai garantir maior definição das imagens projetadas na estátua, além de permitir o uso de novas cores, ser inovador e sustentável.

Para o country manager da Enel no Brasil, Nicola Cotugno, o patrocínio à iluminação do Cristo reafirma a conexão entre Itália e Brasil e a ligação entre a empresa e a cidade do Rio de Janeiro, que passou a abrigar, no segundo semestre de 2021, os escritórios da empresa no Estado, localizados na região portuária.

"O monumento do Cristo foi iluminado pela primeira vez em 1931, a partir de um impulso elétrico disparado de Roma, a 10 mil quilômetros de distância, onde fica a sede do Grupo Enel. Para nós, este patrocínio ao Cristo Redentor é muito simbólico e renova a conexão entre os dois países. É um abraço no Rio que se estende a todo o Brasil, especialmente aos mais de 18 milhões de clientes da Enel”, afirma Nicola.

A nova iluminação faz parte de uma série de homenagens e benfeitorias que vem celebrando os 90 anos do monumento desde o ano passado. O número de refletores foi reduzido de 280 para 142, com um aumento da eficiência luminosa, o que garante maior produção de luminosidade e estabilidade da luz. Ao todo, o consumo do novo parque de iluminação será de 9.900 watts, uma redução de 68% em relação ao anterior.

“Tornar mais eficiente uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno reafirma o nosso compromisso em contribuir para a eletrificação das cidades. Queremos seguir contribuindo para que as cidades sejam cada vez mais sustentáveis e inteligentes”, destaca o country manager da Enel no Brasil.

Eficiência energética para um mundo sustentável

Nas cidades, projetos luminotécnicos direcionados aos patrimônios históricos favorecem o turismo e ajudam a promover o desenvolvimento social e econômico.Em tempos de construções de cidades inteligentes, a iluminação inteligente e eficiência energética são essenciais para diminuir o consumo de energia, aumentar a durabilidade dos projetos e promover maior sustentabilidade ambiental.

Outro recurso utilizado para evitar desperdícios no consumo de energia é um software que gerencia os horários para ligar e desligar a iluminação de forma automática. Além disso, a tecnologia com a utilização de LED aplicada é mais sustentável, uma vez que componentes como alumínio e chips eletrônicos podem ser reciclados em mais de 90% da sua composição. Essa solução contribui para o aumento da eficiência energética e sustentabilidade da cidade do Rio de Janeiro.

O gerenciamento do novo sistema permite que o controle da iluminação seja realizado tanto do próprio monumento, quanto remotamente, por um smartphone. Isso torna possível, por exemplo, a programação do acionamento da iluminação do Cristo em uma série de ações culturais, religiosas e temáticas integradas ao projeto “90 Anos de Luz”, como as campanhas “Outubro Rosa”, “Novembro Azul” e "Dia Internacional da Mulher", que já se tornaram datas aguardadas pelos moradores da cidade.


O Globo sábado, 02 de abril de 2022

COPA DO MUNDO 2022: QUEM SÃO OS TRÊS JOGADORES DO BRASIL QUE PODEM FAZER A DIFERENÇA NA PRIMEIRA FASE

 

Copa do Mundo 2022: Quem são os três jogadores do Brasil que podem fazer a diferença na primeira fase

Thiago Silva, Fred e Vini Jr terão papel importante contra Sérvia, Suíça e Camaraões, respectivamente
Fred, Vini Jr. e Thiago Silva são destaques do Brasil Foto: Arte
Fred, Vini Jr. e Thiago Silva são destaques do Brasil Foto: Arte
 

O sorteio da Copa do Mundo revelou os adversários da seleção brasileira na primeira fase, e o trabalho do técnico Tite começa com a análise de como passar por Sérvia, Suíça e Camarões no Catar. Nesse sentido, O GLOBO preparou uma projeção e escolheu um jogador que terá papel preponderante nos duelos contra cada uma dessas equipes.

Copa do Mundo do Catar: Brasil faz primeiro e terceiro jogo no estádio da final

Choque de "Monstros"

Thiago Silva terá 38 anos em novembro quando encarar Vlahovic, atacante da Sérvia de 22, na estreia da Copa do Mundo do Catar. Destaque da sólida defesa do Brasil nas Eliminatórias Sul-Americanas, o veterano e sua experiência serão importantes no primeiro desafio da Seleção.

 Com 49 gols em 108 partidas na Fiorentina, Vlahovic iniciou o ano de 2022 vendido para a Juventus por 80 milhões de euros. Do alto de seu 1,90 m, é perigoso na jogada aérea, mas tem mobilidade. Canhoto, faz bem o pivô e tem potência para arrancar em velocidade contra os zagueiros.
O defensor brasileiro foi o autor de um dos gols na vitória do Brasil sobre a Sérvia na Copa da Rússia. Na ocasião, Vlahovic ainda não era uma realidade na equipe principal. Agora, está em ascensão no futebol europeu.

Em seu mapa de calor, o atacante sérvio dá sinais de que alia força à intensidade, ao ocupar não apenas o centro do ataque, mas também com movimentação lateral e o recuo até o meio do campo para ajudar a abrir espaços e criar situações. Vai dar trabalho para o Monstro. Seu último gol pela Sérvia foi na goleada sobre o Catar.

Thiago Silva vem de sucessivas temporadas com média de mais de 30 jogos na Europa. Mas pela questão física precisará dosar os botes no adversário, e também ficar atento ao domínio de bola de costas que Vlahovic faz muito bem, quando gira a arremata para o gol.

A Sérvia está longe de ser um oponente tranquilo. Em novembro, na última rodada do Grupo A das Eliminatórias Europeias, conseguiu uma virada no minuto final contra Portugal em pleno Estádio da Luz e terminou em primeiro lugar da chave, carimbando um lugar direto no Catar. Os gols foram de Tadic e Mitrovic.

A Sérvia terminou as Eliminatórias invicta, com seis vitórias e dois empates. O último resultado do time, no entanto, não foi positivo. Em Copenhagen, os sérvios foram goleados pela Dinamarca por 3 a 0, com direito a gol de Eriksen. O técnico da Sérvia, Dragan Stojkovi, mostrou respeito à seleção brasileira e disse que o Grupo G da Copa do Mundo do Catar será complicado.

— Quando as pessoas falam de futebol a primeira coisa que a gente pensa é o Brasil. O Brasil é muito importante. Eu respeito muito o Brasil, é um dos favoritos. O grupo é muito difícil. Brasil, Suíça, Camarões... É difícil. O Brasil é favorito e passará. No mesmo tempo é um grande desafio e eu gosto de grandes desafios — afirmou.

É Copa, amigo: Saiba os horários dos jogos da Copa do Mundo do Catar

Fred é peça-chave para furar defesa suíça

A Suíça que se classificou para a Copa do Mundo como primeira colocada em um grupo que contava também com a Itália tenta dar um passo adiante em termos ofensivos desde que Murat Yakin assumiu como técnico. Foram 15 gols marcados em oito jogos.

Mas a grande virtude segue sendo a defesa. Nas duas partidas contra os italianos, campeões da Euro meses antes, abriu mão da posse de bola, recuou o time e segurou dois empates em 0 a 0. Os suíços tentam diversificar as opções de jogo, são mais versáteis do que já foram no passado recente, mas seguem fazem uma linha de cinco atrás como ninguém. O técnico Tite tem planos para lidar com isso.

Fred é peça-chave nessa estratégia. Tite enxerga na igualdade ou até na superioridade numérica uma maneira de furar defesas com cinco. Cabe ao segundo volante, quando o Brasil tem a bola, avançar pelo meio, mirando espaços que os atacantes de lado, bem agudos, abrem, e a movimentação de Lucas Paquetá e Neymar. O jogador do Manchester United vive grande fase. Seu reserva imediato, Bruno Guimarães, tem ainda mais recursos, para finalizar ou dar o último passe.

Contra a fortaleza suíça, são até mais os volantes do que os atacantes que podem fazer a diferença. Se não funcionar, Tite deve fazer uso até mesmo dos avanços de um dos laterais para colocar seis na linha ofensiva. Com tantos homens na frente, espera ter condições de trocar passes e chegar ao gol suíço. Em contrapartida, terá de se preparar para suportar os contra-ataques que os europeus tentarão encaixar.

Quatro anos atrás, Brasil e Suíça se enfrentaram na primeira rodada da Copa da Rússia. A partida terminou empatada em 1 a 1. Philippe Coutinho abriu o placar no primeiro tempo. Na segunda etapa, o gol de empate foi marcado por Zuber, em um lance em que os brasileiros reclamaram de falta. Foi um jogo de poucas chances de gols, muito por causa da qualidade defensiva dos suíços. Daqueles 23 jogadores convocados para o Mundial de 2018, Sommer, Freuler, Zakaria, Gravanovic, Schar e Shaqiri estiveram na goleada da Suíça sobre a Bulgária, que confirmou a classificação do país para o Catar.

O grupo está renovado e rejuvenescido. Breel Embolo é um dos nomes de maior destaque. O atacante de 25 anos defende o Borussia Monchengladbach e viverá uma situação curiosa na competição. Ele é nascido em Camarões, mas naturalizado suíço. Enfrentará a seleção do país africano na primeira fase.

Convite para as jogadas individuais de Vini Jr

Camarões se classificou aos trancos e barrancos para a Copa do Mundo. Vive mudanças na comissão técnica a sete meses do começo da competição. É prato cheio para os atacantes do Brasil se sobressaírem.

O ponto mais fraco na linha defensiva é a lateral direita. Faltam jogadores de maior qualidade no setor. Nos jogos decisivos pelas Eliminatórias, Collins Fai foi titular. Aos 29 anos, joga no Al-Tai, da Arábia Saudita. Destoa de um grupo com a maior parte dos jogadores atuando na Europa.

A fragilidade pode facilitar a vida de Vini Jr., cuja principal virtude é o duelo direto com o marcador, no um contra um. Ao levar a vantagem nas jogadas, o atacante brasileiro desmontará o sistema defensivo e deixar[a o adversário em um dilema: ou um segundo jogador de Camarões chegará para fazer a cobertura e fatalmente desmarcará algum outro brasileiro, ou dará liberdade para o atacante do Real Madrid seguir na direção do gol.

Seleções africanas costumam se lançar ao ataque, mesmo contra adversários tecnicamente mais fortes. Isso, para o Brasil, pode ser precioso. Quando consegue fazer a transição rápida, a seleção de Tite é ainda mais perigosa do que diante de retrancas bem montadas. E esse tipo de ataque costuma ser o que mais favorece o jogo de Vini Jr., baseado nas arrancadas em velocidade. É assim que ele mais se destaca sob o comando de Carlo Ancelotti.

O jogador do Real Madrid deve disputar seu primeiro Mundial na condição de coadjuvante, com a maior parte das preocupações adversárias recaindo sobre Neymar. Se o Brasil souber explorar isso, Vini Jr. pode aparecer com menos marcação na frente.

O jogo será o último da primeira fase. Dependendo dos outros resultados, o Brasil entrará em campo já classificado. Se não, vai precisar buscar o resultado para conseguir não apenas a ida para as oitavas de final, como também, eventualmente, a posição como primeiro do grupo. Isso pode fazer toda a diferença no decorrer da competição.

Entre as seleções africanas classificadas para a Copa do Mundo, Camarões desponta como um das mais limitadas tecnicamente. A classificação saiu com um gol nos acréscimos, contra a favorita Argélia. Os Leões Indomáveis estão a caminho do Catar pela força da camisa — é a seleção africana com mais participações na competição, oito. Mas isso não deverá pesar nos confrontos pelo Grupo G. Seu principal destaque é Choupo-Moting, atacante do Bayern de Munique.


O Globo sexta, 01 de abril de 2022

CULTURA: MASP GANHA MOSTRA COM TELAS GIGANTES QUE REPENSAM A HISTÓRIA DO BRASIL

Masp ganha mostra com telas gigantes que repensam História do Brasil

“Luiz Zerbini: a mesma história nunca é a mesma” reúne 50 obras e tem abertura marcada para esta sexta
Luiz Zerbini: obra Rio das Mortes.2021 (1).jpg Foto: Reprodução
Luiz Zerbini: obra Rio das Mortes.2021 (1).jpg Foto: Reprodução

Simbolistas, regionalistas e apocalípticosNem só de São Paulo vivia o modernismo brasileiro

Os tais assuntos urgentes e inadiáveis que o impediam de falar sobre a interessante justaposição de cores e elementos naturais na obra “Massacre de Haximu (2020)”– que se refere ao genocídio de ianomâmis em 1993 — são justamente as alarmantes notícias do espraiamento do garimpo sobre terras indígenas. Em 2020, no ápice da pandemia, o garimpo avançou 30% neste pedaço de terra entre os estados do Amazonas e Roraima. Atento às notícias, mas também interessado em retratar o passado, Zerbini empunhou lápis e papel para preparar o que seria uma espécie do projeto da grandiosa obra a ser vista no museu paulistano, com quase 4 metros de altura.

 — Estamos vivendo o momento mais grave, mas esse processo (de violência contra os povos originários) aconteceu desde sempre. A verdade é que esses problemas estão, sim, muito agravados por conta do Bolsonaro, mas fazem parte da história do Brasil (desde sempre)— teoriza Zerbini.

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A sensação de que a história — e, neste caso, a tragédia — brasileira está em ritmo de repetição é o fio condutor da exposição “Luiz Zerbini: a mesma história nunca é a mesma”, com cinquenta obras disponíveis. Abre a mostra a monumental “A Primeira Missa”, cuja concepção, em 2014, relê o episódio religioso e histórico sob um outro olhar, os dos indígenas. Para criar a composição, o artista observou fotografias do povo Krenak e delas partiu como um guia para sua composição. Nesse jogo, a postura corporal de uns ou o olhar penetrante de outros ganharam versão em tinta sobre tela, numa dança entre a realidade e sua observação.

– É como se os indígenas observassem a chegada de outras pessoas aqui, no Brasil. Isso aqui é um nó. A primeira missa é um pretexto para falar de um nó, da impossibilidade dessas duas civilizações conviverem — comenta.

Guilherme Giufrida, curador da exposição ao lado de Adriano Pedrosa diretor artístico do museu, tem na ponta da língua as referências e anos de concepção de cada item na mostra.  Ao lado do artista, avalia que a obra da missa inicial ressoa nos humores da atualidade, momento em que há uma “reinvenção de imaginários”. Se antes caía bem observar representações da cerimônia religiosa, realizada em 26 de abril de 1500, com indígenas escanteados,” vulnerabilizados”, hoje faz mais sentido dar luz a outras visões, cuja função central é deixar claro que esse momento da fundação do país é permeado de violência.

— A Primeira Missa do Luiz Zerbini tem 8 anos e já foi incluída em livros didáticos e provas de vestibular. Ela tem impacto recente, justamente por trazer a ideia de repensar a história do Brasil a partir de novas cenas —  analisa.

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Cinquenta obras

A exposição está de acordo com o interesse do museu em retratar “Histórias Brasileiras”, cordão umbilical que une as atividades da casa entre 2021 e 2022. O convite para a atual mostra foi feito a Zerbini ainda em 2019, com o pedido de que o artista realizasse pinturas comissionadas pelo museu. A ideia era apresentar pinturas de grande dimensão – em geral, chegando aos 4 metros de altura – com episódios históricos revisitados. Giufrida, o curador, explica que os tamanhos impressionantes das obras — que observadas bem de pertinho agrupam saborosos detalhes em cores e traços —  não são ao acaso: a imponência é ferramenta para dar status de releitura histórica àquelas peças. Um convite para que perdurem.

Uma das imagens exclusivas da exposição é a "Rio das Mortes (2021)", em que há uma interessante representação de uma uma bromélia gigante que parece brotar da tela em direção aos visitantes. Completa a imagem uma espécie de andaime, sobre as àguas, onde um garimpeiro parece ter acabado de encerrar o expediente. Na água poluída que banha a cena há uma profusão sinuosa de cores. Uma faca, um pratinho, uma caixa de fósforos com alguns palitos queimados, estavam no ateliê do artista no momento da pintura e ganharam representação na imagem. Os objetos “originais” também podem ser observados na lateral da exposição.

Completam a seleção de imagens, dezenas de monotipias da série Macunaíma (2017), que acompanharam uma edição do romance “Macunaíma: o herói sem nenhum caráter”, de Mário de Andrade (1893-1945).

– A exposição faz sentido. Incorporar esses episódios relacionados à natureza como fatos mal contados — diz o artista com certo despreendimento em falar sobre seu processo de composição.  — As explicações limitam muito o que há no processo. Há muita loucura também em tudo isso.


O Globo quinta, 31 de março de 2022

CARIOCÃO: FLU SAI NA FRENTE - VITÓRIA É PRÊMIO PARA UM FLUMINENSE QUE SE MANTEVE FIEL AO SEU ESTILO

Análise: Vitória é prêmio para um Fluminense que se manteve fiel ao seu estilo e para a chuva de acertos de Abel Braga

Treinador manteve o esquema de três zagueiros, acertou em escalar Ganso como titular e Arias no segundo tempo. Tricolor tem a vantagem para o jogo de volta da final do Carioca
Cano fez dois na vitória sobre o Flamengo Foto: Alexandre Cassiano
Cano fez dois na vitória sobre o Flamengo Foto: Alexandre Cassiano
 

É possível fazer várias análises ponderadas após a vitória do Fluminense por 2 a 0 sobre o Flamengo, nesta quarta-feira, no Maracanã, pelo jogo de ida da final do Campeonato Carioca. Mas elas podem esperar. O cenário é idêntico ao da Libertadores: pode perder por até um gol de diferença que terá a vantagem — e consequentemente será campeão. Porém, antes de lembrar de desastres recentes, é honesto que o tricolor comemore uma vitória merecida.

Sim, o Fluminense mereceu vencer o Flamengo. Não porque teve mais posse de bola ou qualidade técnica, mas porque foi fiel ao seu estilo de jogo do início ao fim da partida. Contou com dois erros individuais para ficar com a vitória? Sim, mas até eles foram forçados pelo Fluminense.

Abel Braga, tão criticado nas redes sociais e arquibancadas, merece ser elogiado quando acerta. Acertou em colocar Willian Bigode como titular e deixar Jhon Arias para o segundo tempo, onde costuma entrar melhor pegando defesas adversárias cansadas. Foi ele quem forçou o erro de Léo Pereira no primeiro tento tricolor.

Abel Braga acertou ao manter a formação com três zagueiros, que foi pensada exatamente para jogos como o desta quarta-feira. A solidez defensiva tão procurada foi vista, apesar de não ter sido perfeita — Fábio ainda fez grandes defesas para salvar o Fluminense. Aliás, a escolha do arqueiro como titular foi mais um acerto. Este dividindo méritos com o preparador de goleiros André Carvalho.

Abel Braga acertou em colocar Felipe Melo em campo mesmo que ainda aparentando não estar 100% fisicamente. Acertou que colocar Paulo Henrique Ganso para dosar a posse de bola nos momentos de maior pressão do Flamengo. Assim, evitou que a bola batesse e voltasse como foi com o Botafogo.

No jogo de volta, o Fluminense terá diante de si o momento mais importante da temporada. Vencer um título diante do maior rival é daqueles momentos que salva o ano. Mas Abel Braga e Willian Bigode já falaram o óbvio: nada está definido.

Mas lembra dessas preocupações sobre segurar vantagem? Isso conversamos durante a semana. Agora, o torcedor tem o direito de comemorar.

Afinal, apenas 90 minutos separam o tricolor do título do Campeonato Carioca.


O Globo quarta, 30 de março de 2022

CULTURA: MOSTRA NO CCBB COM 140 OBRAS DESTACA LEGADO DO MOVIMENTO ARMORIAL, CRIADO POR ARIANO SUASSUNA EM 1970

 

Mostra no CCBB com 140 obras destaca legado do Movimento Armorial, criado por Ariano Suassuna em 1970

Exposição reúne trabalhos de nomes como Francisco Brennand, Gilvan Samico, J. Borgese o próprio Suassuna, incluindo acervo que nunca havia saído de Pernambuco
 
Óleo sobre tela 'Figura com três animais', de Fernando Lopes da Paz Foto: Divulgação
Óleo sobre tela 'Figura com três animais', de Fernando Lopes da Paz Foto: Divulgação
 

Idealizado em 1970 pelo dramaturgo, poeta, ensaísta e artista visual Ariano Suassuna (1927-2014), o Movimento Armorial propôs o cruzamento entre o erudito e a cultura popular a partir de uma produção genuinamente brasileira, que abarcasse diferentes práticas, como a música, o teatro, a dança, a literatura e as artes visuais. Pensada para celebrar o cinquentenário da iniciativa, mas atrasada a por conta da pandemia de Covid-19, a mostra “Movimento Armorial — 50 anos” é aberta hoje ao público do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio, buscando sintetizar em 140 obras a essência desta produção, incluindo nomes como Francisco Brennand, Gilvan Samico, Miguel dos Santos, J. Borges, Fernando Lopes da Paz e o próprio Suassuna.

Com curadoria de Denise Mattar e consultoria do artista visual Manuel Dantas Suassuna (filho de Ariano) e de Carlos Newton Júnior, professor da Universidade Federal de Pernambuco e especialista na obra do dramaturgo, a exposição inclui obras do acervo da UFPE que saíram de Pernambuco pela primeira vez.

 — Quando o Ariano foi secretário de Educação e Cultura de Pernambuco, na década de 1970, ele adquiriu para a UFPE estas obras da primeira fase do movimento, chamada Experimental, incluindo trabalhos que fizeram parte do evento inaugural, em 18 de outubro de 1970 — explica Denise, para quem Ariano criou um conceito que evidenciou elementos já presentes na produção de outros artistas. — O Samico, por exemplo, já desenvolvia algumas destas temáticas, mas a partir de conversas com Ariano ele explorou mais o imaginário fantástico ou as referências ibéricas.

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A exposição — que já passou pelo CCBB de Belo Horizonte (MG) entre dezembro de 2021 e o início deste mês, e do Rio vai seguir para Brasília e São Paulo — também terá uma programação musical e seminários entre 31 de maio a 13 de junho (mês em que Suassuna completaria 95 anos), com curadoria do músico e maestro Antônio Madureira, integrante do Quinteto Armorial. Outra interseção entre as artes proposta pelo movimento que será apresentada ao público da mostra é a recriação do figurino do longa “A Compadecida” (1969), primeira adaptação para o cinema de “Auto da Compadecida” (1955), de Suassuna, filmado por George Jonas em Brejo da Madre de Deus, no agreste pernambucano.

— Na pesquisa, encontramos uma das vestes originais, o manto de Nossa Senhora, e decidimos recriar algumas peças do figurino, que foi assinado pelo Francisco Brennand (1927-2019). Ali já havia muitos elementos da cultura popular inseridos, como no figurino de Jesus Cristo (vivido por Zózimo Bulbul), que era inspirado nos caboclos de lança do maracatu — observa Denise.

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A mostra é dividida em quatro seções, incluindo as duas fases do movimento, uma dedicada à vida e à obra de Suassuna e outra voltada às referências que definiram a estética armorial. Nesta última se destaca o universo do cordel, uma das maiores influências do dramaturgo.

— O Ariano dizia que o cordel continha todo o conceito por trás do Armorial, por ser uma arte completa. Há a literatura no romanceiro nordestino, as artes visuais contempladas nas xilogravuras das capas e ilustrações e a música e a dança presentes nas apresentações dos cantadores, quando transformam em canções aquelas histórias — comenta a curadora.

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Manuel Dantas Suassuna diz que a mostra foi uma oportunidade de se aprofundar na obra do pai, da qual precisou se afastar no início de sua carreira.

— Quando comecei nas artes plásticas, optei por sair de casa e ficar um pouco longe da referência do meu pai, para buscar a minha própria identidade — lembra Dantas. — Mas também não fui para muito longe, fui para Taperoá (PB), que é o berço da nossa ancestralidade.

Anos depois, pai e filho voltaram a dividir projetos, como a “Ilumiara Jaúna”, um monumento esculpido em baixo relevo na fazenda da família em Taperoá, inspirado nas inscrições rupestres da Pedra do Ingá, localizada no agreste paraibano. Com a proximidade do “encantamento” do dramaturgo, como Dantas chama a morte do pai, os laços ganharam mais força.

— Em 2013, ele chamou a mim e ao Carlos (Newton Júnior) para dizer o que ele gostaria que fosse feito de sua obra, com coisas que ainda estavam pendentes, como seu último livro (“Romance de Dom Pantero no palco dos pecadores”, publicado postumamente). Ele terminou de escrever pouco antes de se encantar, e nós cuidamos da capa e toda a parte visual — conta Dantas.

 

Além de celebrar os 95 anos que o pai faria com a exposição no CCBB do Rio, Dantas destaca uma coincidência na programação do centro cultural, que também exibe a mostra “Marc Chagall: sonho de amor”, inaugurada no último dia 16.

— Meu pai gostava muito de Chagall, era um de seus artistas preferidos. Me lembro de uma conversa lá em casa, quando estava começando a me interessar por artes plásticas, com ele falando sobre o Chagall e o Francisco Brennand defendendo o Picasso — diz Dantas. — É importante ver como essa geração partiu destas referências de fora para desenvolver uma arte com identidade nacional, olhando para a cultura popular. E ver como movimentos como o Armorial ou a Semana de 1922, que propuseram uma arte genuinamente brasileira, ainda mantém sua força entre nós.

Onde: CCBB. Rua Primeiro de Março 66, Centro (3808-2020). Quando: Qua a sáb, 9h às 21h. Dom, 9h às 20h. Abertura hoje. Até 6 de junho. Quanto: Grátis, mediante agendamento pelo site Eventim. Classificação: Livre.


O Globo terça, 29 de março de 2022

OSCAR 2022: NO RITMO DO CORAÇÃO, VENCEDOR DE MELHOR FILME; CRÍTICA

No ritmo do coração', vencedor do Oscar de melhor filme; crítica

Versão americana do longa francês 'A família Bélier' também levou estatuetas de ator coadjuvante e roteiro adaptado; Bonequinho aplaude
 
"No ritmo do coração". Foto: Divulgação
"No ritmo do coração". Foto: Divulgação
 

Com as premiações dos sindicatos dos atores, dos roteiristas e dos produtores, “No ritmo do coração” chegou ao Oscar como a grande aposta para a estatueta de melhor filme. E acabou levando, não só o prêmio principal mas também os de ator coadjuvante, para Troy Kotsur, e roteiro adaptado. O longa foi lançado sem muita pretensão e passou discreto no circuito, mas isso não impediu que o filme fosse um sucesso nos festivais, com 137 indicações (três delas as merecidíssimas de ator coadjuvante, roteiro adaptado e filme no Oscar) e 55 vitórias.

Oscar 2022:  Confira a lista completa de indicados

Na trama, Ruby é adolescente e única ouvinte numa família de surdos, o que nos EUA leva o nome de “Coda” (“child of deaf adults”, filha de adultos surdos), título original do filme. Todo dia, antes da escola, ela precisa trabalhar no barco de pesca da família para ajudar os pais como intérprete. Ao mesmo tempo, Ruby descobre seu dom de cantar e é incentivada pelo professor do coral do colégio a se inscrever numa escola de música de prestígio. E fica numa encruzilhada: ajudar os pais ou ter um futuro como cantora?

 

Oscar 2022: Saiba onde assistir à cerimônia e aos filmes indicados

“No ritmo do coração” é a refilmagem de “A família Bélier” (França/Bélgica, 2014), de Éric Lartigau, que foi adaptado e dirigido pela americana Sian Heder. Apesar de tratar dos mesmos temas, como amadurecimento e as dúvidas adolescentes em relação a escola, família, amigos, amor e lugar no mundo, Heder, em sua versão, evita o sentimentalismo e consegue equilibrar drama e humor sem ser piegas, superando o filme original.

Apesar de, num primeiro momento, o longa poder incomodar por se encaixar no nicho remakes americanos de produções não faladas em inglês, Sian Heder entregou um filme melhor tanto tecnicamente como dramaturgicamente, de extrema sensibilidade e com um elenco em estado de graça. Algo que lembra o que Martin Scorsese fez com “Os infiltrados”, remake do chinês “Conflitos Internos” (2002) que ganhou o Oscar de melhor filme em 2007. Pode ser que a história se repita.

Onde: Prime Video, Google Play e Apple TV.


O Globo segunda, 28 de março de 2022

FUTEBOL - CRISTIANO RONALDO EM 2026?

Cristiano Ronaldo em 2026? Craque nega que Qatar possa ser sua última Copa: 'Quem manda sou eu'

Jogador tenta levar Portugal ao Mundial em duelo contra a Macedônia do Norte, nesta terça-feira
Cristiano Ronaldo durante a entrevista coletiva Foto: MIGUEL VIDAL / REUTERS
Cristiano Ronaldo durante a entrevista coletiva Foto: MIGUEL VIDAL / REUTERS
 

É difícil cravar o futuro de Cristiano Ronaldo, que segue jogando em altíssimo nível e é estrela do Manchester United aos 36 anos. Nesta segunda-feira, o craque tratou de tornar o tema ainda mais quente. Em conversa com jornalistas, o camisa 7 frisou que a Copa do Mundo do Qatar, em novembro, pode não ser a sua última.

— Já começo a ver que muitos de vocês fazem a mesma pergunta. Quem vai decidir o meu futuro sou eu, mais ninguém. Se me apetecer jogar mais, jogo. Se não me apetecer jogar mais, não jogo. Quem manda sou eu, ponto final.

A declaração foi dada em entrevista coletiva antes da partida entre Portugal e Macedônia do Norte, nesta terça-feira. A partida pela repescagem das eliminatórias europeias vale a vaga na Copa do Mundo às equipes que eliminaram Turquia e Itália nas semifinais, respectivamente.

Cristiano Ronaldo jogou quatro Copas do Mundo pela seleção de Portugal. Ele esteve em campo nos Mundiais de 20006, 2010, 2014 e 2018. Pela equipe, tem um título de Eurocopa e outro de Liga das Nações da Uefa.

Se chegar ao quinto Mundial da carreira, CR7 igualará os recordistas Antonio Carbajal e Rafa Márquez (México), Lothar Matthaus (Alemanha) e Gianluigi Buffon (Itália).


O Globo domingo, 27 de março de 2022

COPA DO MUNDO 2022: BRASIL COMPLETA TRÊS ANOS SEM ENFRENTAR EUROPEUS

Brasil completa três anos sem enfrentar europeus e irá ao Qatar sem fazer testes que Eliminatórias não oferecem

Confrontos até o início do Mundial estão descartados; calendário da Uefa e pandemia foram empecilhos
 
Tite já pediu por confrontos com europeus, mas pedido não será atendido Foto: Ricardo Moraes/Reuters
Tite já pediu por confrontos com europeus, mas pedido não será atendido Foto: Ricardo Moraes/Reuters
 

Cruzar com europeus no mata-mata virou a grande barreira para o Brasil nas últimas Copas. Em 2006, caiu para a França. Quatro anos depois, para a Holanda. Em 2014, o atropelo para a Alemanha. Por fim, em 2018, a queda para a Bélgica. Por isso, são inevitáveis os questionamentos sobre o quanto a seleção está preparada para enfrentá-los. Nos Mundiais anteriores, foi possível chegar com alguma noção. Desta vez, Tite está no escuro. Chega ao Qatar tendo feito só um jogo com rivais do Velho Continente em todo ciclo: contra a Repúblico Tcheca, que completa hoje três anos.

Tite já manifestou sua preocupação com a falta de confrontos com europeus. Em mais de uma vez, suplicou por uma oportunidade de medir forças com adversários do outro lado do Atlântico. Mas ela não deve ser atendida até o Qatar. O calendário de seleções da Uefa praticamente inviabilizou qualquer possibilidade. Os jogos pela Eurocopa (incluindo fase qualificatória) e pela Liga das Nações preencheram as datas Fifa. As poucas que ainda poderiam ser aproveitadas foram perdidas com a prorrogação das Eliminatórias continentais devido à pandemia. Um cenário que deixa a dúvida: o quanto este hiato pesará na preparação?

— Faz muita falta (não jogar contra europeus). Em 1993, 1994, a gente fazia partidas na Europa. Jogava contra Inglaterra, Alemanha... — opina Carlos Alberto Parreira, técnico da seleção nos Mundiais de 1994 e de 2006. — É um intercâmbio para ver a intensidade, velocidade, as características de seleções que a gente enfrenta na Copa.

A maioria dos jogadores da seleção atua na Europa e está acostumada a jogar contra os atletas que enfrentarão no Qatar. A principal perda é coletiva. O time de Tite ataca como os principais rivais europeus: com cinco homens (às vezes, seis), sendo dois alargando o máximo possível os lados do campo. E, justamente por essa mecânica já ser padrão por lá, as defesas também são mais preparadas para neutralizá-la. Um exemplo disso foi dado esta semana pela surpreendente Macedônia do Norte, que resistiu à pressão da Itália e deixou a atual campeã da Eurocopa fora de sua segunda Copa seguida.

— As seleções da Europa são pensadas para neutralizar as amplitudes dos dois pontas. E também o jogo entre linhas, como as tabelas do Neymar e do Paquetá — analisa Leonardo Miranda, responsável pelo blog Painel Tático, do site GE. — São defesas melhor postadas do que as daqui da América. Seria uma chance para o Tite aprimorar seu estilo de jogo com a bola.


O Globo sábado, 26 de março de 2022

TURISMO: SAIBA COM O BURACO AZUL VIROU ATRAÇÃO TURÍSTICA NO CEARÁ

Por O GLOBO

 


Buraco Azul, no Ceará, onde turista se afogou — Foto: Reprodução

Buraco Azul, no Ceará, onde turista se afogou — Foto: Reprodução

À primeira vista, o Buraco Azul - onde um turista em visita ao Ceará se afogou nesta segunda-feira (21) - parece uma beleza natural como tantas outras que o próprio planeta Terra é capaz de formar. Mas foi uma interferência do homem que fez com que ele surgisse neste pedacinho do litoral oeste do estado, em Caiçara, distrito do município de Cruz, a cerca de 20km da disputada Jericoacoara.

 Tudo começou com o trabalho de escavações e retirada de terra para a construção de uma rodovia, a CE-182. Parte da terra, por exemplo, foi usada para pavimentação desta via, num trecho de 13km de extensão, ligando a CE-85, até então a principal estrada entre Fortaleza e Jericoacoara, até a chamada Praia do Preá, na mesma cidade de Cruz (e hoje um dos principais acessos à Jeri). A repaginada CE-182 foi inaugurada em 2018 e facilitou muito o acesso de carros de passeio até Jeri, que, afinal, é a grande estrela turística da região.

 
Buraco Azul da Caiçara, que virou atração no litoral oeste do Ceará — Foto: Reprodução

Buraco Azul da Caiçara, que virou atração no litoral oeste do Ceará — Foto: Reprodução

As escavações deixaram grandes áreas abertas nas imediações, como a que acabou se transformando no Buraco Azul, que chega a ter 7m de profundidade em alguns trechos. E aí, sim, entra uma mãozinha da natureza. Foi em 2017, depois do período mais chuvoso no Ceará - de fevereiro a maio - que o lugar teve sua primeira cheia. No ano seguinte, novas chuvas ajudaram a elevar o nível de água, que acumulou também graças ao que é proveniente de lençóis freáticos. Mas foi somente em 2019, quando a estação chuvosa foi mais intensa na região, que a cheia no lugar chegou a seu limite máximo, chamando ainda mais a atenção de moradores e comerciantes locais, já atentos à possibilidade de o lugar virar um ponto turístico. Nascia então uma lagoa, mais tarde batizada de Buraco Azul.

O grande chamariz está explícito no nome: a água de cor azul turquesa. Visto do alto, o Buraco Azul parece uma imensa piscina, mas cercada de vegetação como cajueiros e com as bordas branquinhas. Seria o fundo branco, aliás, combinado com a incidência do reflexo da luz solar e a qualidade da água (com pouco material em suspensão, sem bactérias para absorver a cor) que ajudaria a dar o azul intenso à lagoa.

Criança salta no Buraco Azul, point no Ceará — Foto: Reprodução

Criança salta no Buraco Azul, point no Ceará — Foto: Reprodução

Não demorou para que o lugar realmente virasse um point, por onde já passaram famosos como Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank. Não sem antes registrar certa confusão. Como o local é privado, proprietários chegaram a cercar a área, temendo invasão e afogamentos. Não adiantou. Muita gente derrubava a cerca e atravessava para um mergulho, e o donos resolveram abrir o lugar ao público. No início de 2020, nem havia cobrança de entrada. Passados dois anos, a entrada pode chegar a R$ 20, e o lugar funciona sob a administração de um restaurante de mesmo nome.

Depois da morte de um turista, a Prefeitura Municipal de Cruz divulgou nota dizendo que "Considerando o acidente ocorrido na tarde de segunda-feira, 21 de março de 2022, que vitimou fatalmente um turista no empreendimento 'Buraco Azul' em razão de afogamento, vem por meio desta nota esclarecer que o Buraco Azul é um empreendimento turístico de natureza privada, possuindo Alvará de Funcionamento e Alvará Sanitário vigentes, no que diz respeito às condicionantes ora existentes na legislação municipal. Ressaltamos, ainda, que é o primeiro caso de acidente fatal que nos fora relatado junto referido estabelecimento (...)". Sobre a qualidade da água, na época em que o lugar começou a entrar no roteiro turístico, em 2019, a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) informou a veículos de comunicação do estado que não podia atestar se era própria para banho ou não, já que se tratava de propriedade particular.

 

A natureza foi generosa no Ceará, mas no caso do Buraco Azul, foi mesmo a ação do homem que deixou ali sua marca.


O Globo sexta, 25 de março de 2022

ELIMINATÓRIAS: QUARTETO DA SELEÇÃO É APROVADO

 

Análise: Quarteto da seleção é aprovado, mas pede ajustes que passam por Neymar

Atacante deve ser meia de ligação que equipe precisa em etapas do jogo
 
Neymar comemora gol sobre o Chile no Maracanã Foto: Foto Lucas Figueiredo/CBF / Agência O Globo
Neymar comemora gol sobre o Chile no Maracanã Foto: Foto Lucas Figueiredo/CBF / Agência O Globo
 

Em tempos de posições extremadas e certezas absolutas sobre tudo, a goleada do Brasil no Maracanã, sobre um adversário apenas mediano como é o Chile, foi do tamanho exato do estágio de evolução dessa seleção, a oito meses da Copa do Mundo do Qatar. Quem foi ao estádio pré disposto a sentir raiva — como os muitos que vaiaram o técnico Tite antes de a partida começar —, deixaram o estádio certamente frustrados. Talvez de mãos dadas com aqueles mais ufanistas, que exigiam atuação espetacular do quarteto ofensivo, formado por Antony, Vini Jr, Lucas Paquetá e Neymar.

A formação cumpriu bem seu papel nos 4 a 0. Entretanto, deu sinais de que correções precisam acontecer. Duas boas notícias: há tempo para isso, até a estreia no Oriente Médio. E parte depende justamente do jogador com mais recursos da seleção, o camisa 10. 

Uma das principais lições no Maracanã foi a de que o Brasil precisará encontrar maneiras de sair jogando desde o campo de defesa quando for pressionado na saída de bola. Alguns dos maiores apuros da seleção ocorreram quando o Chile conseguiu subir a marcação. Com quatro jogadores muito avançados, os defensores ficaram com poucas opções de passe no meio de campo. Uma alternativa para corrigir isso é pedir para Neymar dar uns bons passos na direção da intermediária defensiva. Basta que ele consiga girar com a bola dominada para ter três opções de passe e um adversário que se desarrumou para tentar marcar com pressão. Cenário perfeito.

Além disso, existiu um gargalo nas fases do jogo em que o Chile conseguiu se postar bem na linha defensiva. Ao jogar com tantos homens talentosos na linha de ataque — em muitos momentos, Fred se juntou aos quatro da frente —, o Brasil se torna mais dependente da qualidade de passe de Casemiro e dos laterais. Nem sempre houve a bola esticada tão qualificada, a visão de jogo mais aguçada. Daniel Alves, neste caso, talvez seja uma alternativa melhor do que Danilo. Mesmo que isso obrigue recuar Arana.

 
 

Pontas brilham

O que mais funcionou no Maracanã foram os dois extremos, Vini Jr e Antony. O primeiro foi o mais acionado. Leva vantagem por jogar muito próximo de Neymar. Como o camisa 10 é procurado por todos, o atacante do Real Madrid é privilegiado por tabela. Justamente quando trocou passes com Neymar, o eterno xodó da torcida do Flamengo foi muito produtivo. Deixou o jogador do Paris Saint-Germain duas vezes em ótima condição de marcar. Neymar deve se preparar para isso acontecer mais vezes e ser mais efetivo na área.

Vini Jr. é peça fundamental no Real Madrid por deixar Benzema bem situado para marcar os gols. O francês não costuma desperdiçar e o camisa 10 do Brasil precisa resgatar um espírito artilheiro que tinha mais latente no começo da carreira. Se habituar a ser o homem do último toque.

Os dois gols de bola rolando sobre o Chile e as jogadas que terminaram nos dois pênaltis saíram de lances que demandaram menos trocas de passes envolventes, algo que praticamente não existiu na seleção no Maracanã. Foram momentos em que a defesa do Chile não estava tão bem organizada. O bom de ter quatro atacantes em campo é que, com eles, essas brechas dadas pelos adversários tendem a ser mais mortais.

O que o jogo no Maracanã mostrou é que a torcida brasileira está disposta a abraçar Neymar, em má fase no PSG. Sua atuação contra o Chile foi apenas razoável, mas ainda assim o Brasil conseguiu funcionar ofensivamente. Um sinal de que, diferentemente de outros tempos, a equipe de Tite não está tão dependente do talento de seu principal jogador.

Cada vez menos propenso às arrancadas que foram sua marca registrada no início da carreira, Neymar pode ajudar mais a seleção usando seu talento para armar o jogo e finalizar. Isso quer dizer soltar mais a bola. Ser mais coletivo. Menos virtuoso e mais objetivo. A companhia ao redor tem qualidade, merece esse voto de confiança.


O Globo quinta, 24 de março de 2022

RIO SHOW: O BAÚ DE INÉDITAS DE PIXINGUINHA - GRUPO APRESENTA 21 CANÇÕES NO CCBB

O baú de inéditas de Pixinguinha: grupo apresenta 21 canções no CCBB

Entre os músicos que participam do show, estão Henrique cazes, Silvério Pontes e Carlos Malta
SC EXCLUSIVO / Pixinguinha como nunca, espetáculo com 26 obras inéditas do compositor no CCBB. Na foto, o Sexteto do Nunca Foto: Divulgação/ MARILIA FIGUEIREDO / Divulgação
SC EXCLUSIVO / Pixinguinha como nunca, espetáculo com 26 obras inéditas do compositor no CCBB. Na foto, o Sexteto do Nunca Foto: Divulgação/ MARILIA FIGUEIREDO / Divulgação
 
 

Acredite: em pleno ano de 2022, ainda há muito o que se descobrir na obra deixada por Alfredo da Rocha Vianna Filho (1897-1973), o Pixinguinha. Prova disso é que hoje, no Centro Cultural Banco do Brasil, o espetáculo musical “Pixinguinha como nunca” apresenta 21 músicas inéditas de um dos maiores nomes da música brasileira de todos os tempos. No palco, um time de prestígio formado por Henrique Cazes (cavaquinho), Marcelo Caldi (sanfona), Carlos Malta (flauta e sax), Silvério Pontes (trompete e flugelhorn), Marcos Suzano (percussão) e João Camarero (violão de 7 cordas) — o Sexteto do Nunca — interpreta canções de Pixinguinha que nunca foram gravadas como “Paraibana”, uma valsa escrita por ele pouco antes de morrer, em 1973. O grupo repete o espetáculo no CCBB na próxima quarta-feira e no dia 6 de abril, antes de seguir para as unidades do centro cultural em Brasília e Belo Horizonte.

 

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As canções inéditas foram peneiradas junto ao rico acervo do músico que está em posse do Instituto Moreira Salles desde 2000. Já foram encontradas mais de 50 músicas inéditas, das quais 26 serão tocadas nos shows do grupo no CCBB do Rio (eles trocam duas a cada apresentação). Há choro, samba, polca e tango, num repertório que abraça sete décadas de trabalho de Pixinguinha. Em maio, o projeto entra em estúdio para virar quatro discos: “Pixinguinha na roda”, “Pixinguinha virtuose”, “Pixinguinha canção” e “Pixinguinha internacional”. Para Henrique Cazes, diretor musical do espetáculo, alguns fatores contribuíram para que tantas canções estivessem escondidas do público por todo esse tempo, como o alto volume de produção de Pixinguinha, as circunstâncias culturais do final da década de 1930 e um quê de racismo.

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— Ele produzia muito. Uma vez ficou internado e compôs mais músicas do que os dias que ficou no hospital, fez uma pro médico, outra pra enfermeira, outra pra neta da enfermeira que havia nascido. Era algo muito natural— afirma Cazes, que também assina os arranjos do show. — No final da década de 30, no auge da carreira dele, com a chegada daquela onda de propaganda norte-americana, das big bands, acabaram passando Pixinguinha da vanguarda pra velha guarda, sem escalas. Ele ficou deslocado. Não existe até hoje um livro falando sobre a técnica que ele usava na orquestração, uma coisa que deveria estar na base da música brasileira. Existe uma camada de racismo, sim, de não enxergar um preto como superior.

 
 

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Um acervo a explorar

O ator e cantor Marcelo Vianna, neto de Pixinguinha, assina a direção artística do show e participa cantando algumas músicas. Ele trabalhou com Henrique Cazes entre 2015 e 2017, no projeto “Pixinguinha: as 5 estações”, uma série de aulas-espetáculos. Ali, os dois tiveram a ideia que toma forma hoje no palco do CCBB. Vianna compartilha do discurso do colega, sugerindo que falta aceitar “esse protagonismo preto”, diz que planeja montar um bloco de carnaval e um documentário em torno da obra do avô e dá uma noção do tamanho do acervo, do qual outras canções podem vir à luz:

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—São mais de 800 arranjos nesse acervo, e cada arranjo é um calhamaço de papel. Sabemos que tem coisa perdida, outras que não foram gravadas — conta Vianna, mostrando a empolgação com o início do projeto. —Fico muito feliz de estar com esses caras. O Baden Powell falava com propriedade que Pixinguinha foi o maior compositor de todos os tempos. É uma obra moderna, um compositor que nos deu quase tudo. Ouvir Pixinguinha é entender o Brasil.

 

Serviço

CBB. Rua Primeiro de Março 66, Centro (3808-2020). Qua, às 19h30. Até 6 de abril.  R$ 30. Livre.

 


O Globo quarta, 23 de março de 2022

VIAGEM: PASSEIO ESPECIAL EM HOLAMBRA MOSTRARÁ OS BASTIDORES DA PRODUÇÃO DE FLORES

Por Eduardo Maia

 


Flores na estufa do Rancho Raízes,  produtor de crisântemos em Holambra, no interior de São Paulo — Foto: Divulgação

Flores na estufa do Rancho Raízes, produtor de crisântemos em Holambra, no interior de São Paulo — Foto: Divulgação

primavera é a alta estação do turismo em Holambra, no interior de São Paulo. Mas é possível admirar as cores da maior produtora e exportadora de flores do Brasil o ano todo. Em abril, por exemplo, o passeio Estufas Abertas levará visitante aos bastidores dos locais onde as flores são plantadas e desenvolvidas.

O evento, que acontecerá nos dias 2 e 3 de abril, é inspirado no “Kom in de kas!” (“Entre na estufa!”), uma tradição em diversas regiões da Holanda desde a década de 1970. Nele, os produtores de Holambra voltarão a abrir suas fazendas e ranchos para os visitantes interessados no cultivo de flores e plantas ornamentais.

A partir de três roteiros diferentes, os visitantes poderão conhecer todo o processo produtivo – do plantio à colheita – de seis propriedades e também as instalações da Faculdade de Agronegócios de Holambra (Faagroh), do Grupo Unieduk. O passeio será feito a bordo de um ônibus especial, que passará por duas fazendas por circuito. Os visitantes poderão escolher o tempo de permanência em cada parada, e também alterar a programação, se quiserem, já que os veículos passarão de tempos em tempos.

As fazendas escolhidas para esta edição cultivam plantas ornamentais (Brumado e Giardino de Cozi), kalanchoes e calandivas (Joost van Oene), crisântemos (Rancho Raízes), azaleias (Sleutjes) e antúrios (Symphony). Os visitantes poderão passear entre os canteiros para observar, fotografar ou filmar de perto as flores e plantas em todas as fases de suas vidas. Os grupos serão acompanhados pelos próprios produtores, que explicarão sobre as técnicas de cultivo e sua evolução ao longo dos anos, desde a chegada dos primeiros colonos holandeses à região.

As saídas acontecerão nos dias 2 e 3 de abril de 2022, das 9h às 17h. O embarque será feito no estacionamento do Parque da Expoflora (Rodovia SP 107), em frente ao Moinho Povos Unidos, onde os visitantes poderão deixar seus veículos até o final do passeio.

Os ingressos custam R$ 100 (ou R$ 80, se comprados até 31 de março), com meia entrada garantida por lei e . As vendas acontecem pelo site ingressorapido.com.br e mais informações podem ser obtidas pelo e-mail estufasabertasholambra@gmail.com.


O Globo terça, 22 de março de 2022

RIO SHOW: MARC CHAGALL GANHA MOSTRA COM 186 OBRAS NO CCBB

Marc Chagall ganha mostra com 186 obras no CCBB

Maior exposição dedicada ao artista russo naturalizado francês destaca seu olhar sobre amor e a esperança
 
Detalhe da tela “Os amantes com asno azul” (1955), que está na mostra dedicada a Marc Chagall no CCBB Foto: Divulgação
Detalhe da tela “Os amantes com asno azul” (1955), que está na mostra dedicada a Marc Chagall no CCBB Foto: Divulgação

A vida e a obra do russo naturalizado francês Marc Chagall são destaque da exposição “Marc Chagall: sonho de amor”, que inaugura nesta quarta-feira (16) no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio. Com 186 trabalhos, a mostra é a maior já realizada no Brasil sobre o artista, cuja  obra é reconhecida mundialmente como uma ode ao amor e à esperança, e encanta o público com seu universo onírico.

A mostra é dividida em quatro seções que abrangem os principais temas de sua produção, como as memórias de infância na Rússia, a religião e a espiritualidade, a relação com a escrita e as representações do amor. Além dos diferentes momentos de sua carreira, a exposição destaca as muitas técnicas e suportes explorados por Chagall, como óleos, guaches e pastéis, em pinturas, desenhos e litografias.

 

'O galo violeta' (1966-1972), de Marc Chagall Foto: © Chagall, Marc/AUTVIS, Brasil, 2022

'O galo violeta' (1966-1972), de Marc Chagall Foto: © Chagall, Marc/AUTVIS, Brasil, 2022

Casa Roberto MarinhoDesejo por trás das esculturas de Maria Martins é tema de mostra

 

A seleção traz obras de coleções de várias partes do mundo, incluindo empréstimos de instituições brasileiras, a exemplo das telas “O vendedor de gado” (1922), do acervo do Masp, “O violinista apaixonado” (1967) e “Cidade cinzenta” (1964), da Coleção Nemirovsky, em comodato com a Pinacoteca do Estado de São Paulo.

No dia da inauguração, a historiadora da arte e curadora da exposição Lola Durán Úcar fará uma palestra gratuita, às 18h30, no auditório do CCBB, em que guiará os visitantes pelo universo de Chagall, passando por seus processos artísticos e os momentos históricos que marcaram sua trajetória pessoal. Os ingressos para o encontro com a curadora devem ser reservados pelo site da Eventim — onde também se retiram as entradas para a mostra — ou diretamente na bilheteria.

Portinari, Tarsila do Amaral e mais:confira as novidades no roteiro de exposições no Rio

'O vendedor de gado' (1922) vem do acervo do Masp Foto: Fotos de divulgação/Chagall, Marc/AUTVIS, Brasil, 2022
'O vendedor de gado' (1922) vem do acervo do Masp Foto: Fotos de divulgação/Chagall, Marc/AUTVIS, Brasil, 2022

 

Serviço 'Chagall: sonho de amor'

CCBB. Rua Primeiro de Março 66, Centro (3808-2020). Qua a sáb, 9h às 21h. Dom, 9h às 20h. Até 6 de junho. Grátis, mediante agendamento pelo site Eventim. Livre.

 


O Globo segunda, 21 de março de 2022

LIVROS: HISTÓRIAS DOS BASTIDORES DO PASQUIM SÃO RETRATADAS EM NOVO LIVRO

'Rato de redação': Histórias dos bastidores do Pasquim são retratadas em novo livro

‘Realmente era a diversão de que falam’, diz Sérgio Augusto, um dos integrantes do Pasquim, que tem história contada em livro
 
O Pasquim (1969-1991) Foto: Reprodução
O Pasquim (1969-1991) Foto: Reprodução

Certa feita, o Pasquim, famoso por suas entrevistas regadas a uísque, chamou Rita Lee e Tim Maia para um papo. Os dois astros da música, ainda jovens, em 1970, foram entrevistados juntos porque os jornalistas acharam que um dos dois sozinho não renderia uma das famosas “entrevistas do Pasquim”. Eles estavam certos, até demais.

— Nem Tim nem Rita gostavam muito de beber na época, e a entrevista acabou saindo fraquinha — conta o jornalista gaúcho Márcio Pinheiro, 55 anos, autor de “Rato de redação: Sig e a história do Pasquim” (Matrix Editora), biografia do revolucionário tabloide ipanemense (1969-1991) que terá lançamento no Rio no próximo dia 31, às 18h30, na Livraria Argumento, no Leblon.

Há décadas historiador da imprensa brasileira e colecionador do Pasquim, Pinheiro baseou o livro em seu farto material e em conversas com Sérgio Augusto, Martha Alencar e Reinaldo Figueiredo, três ex-titulares do tabloide. A ideia original do autor era aproveitar o cinquentenário do periódico, em 2019, para contar a história da redação que uniu nomes como Henfil, Ivan Lessa, Tarso de Castro, Paulo Francis, Jaguar, Ziraldo, Sérgio Cabral e tantos outros.

 — Achei que meu livro seria um dentre vários que surgiriam com a efeméride — conta ele, que ficou surpreso ao ver que foi o único que teve a ideia, ou que a levou adiante, em um momento “entre empregos”. — Além de tudo o que eu já tinha em casa, o Pasquim está inteirinho digitalizado pela Biblioteca Nacional. Minha ideia foi mesmo contar a história em cima do arquivo.

Cara de pau

De fato, é só dar um pulo no acervo digital da instituição (memoria.bn.br) que lá estão Ibrahim Sued dizendo que era um imortal sem fardão, Chico Buarque explicando por que é tricolor e os desenhos de Jaguar (que, aos 90 anos, mandou um exclusivo para Márcio festejando o livro). “O Pasquim surge com duas vantagens: é um semanário com autocrítica, planejado e executado só por jornalistas que se consideram geniais e que, como os donos de jornais não reconhecessem tal fato em termos financeiros, resolveram ser empresários”, diz o editorial cara de pau da edição de estreia, de 26 de junho de 1969.

— O livro é muito fiel ao que acontecia naquela redação, principalmente na época em que era um prédio na Rua Clarice Índio do Brasil, no Flamengo — conta Sérgio Augusto. —E realmente era a diversão toda de que as pessoas falam. Eram figuras muito engraçadas, como o Francis, com seu mau humor e seus sambas e marchinhas, e o Ivan Lessa, um moleque com idade mental de 12 anos, que passava o tempo fazendo bullying com a Nelma, nossa secretária.

 
 

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A figura mais perene dos 22 anos de Pasquim foi Sérgio Jaguaribe, o Jaguar, cartunista e criador do rato Sig (de Sigmund Freud, o pai da psicanálise).

— Sig era filho meu e do Ivan Lessa — lembra Jaguar, de sua casa na serra. — Ele era responsável por uma espécie de editorial, fazia comentários e destacava trechos dos textos, em desenhos por cima das páginas já diagramadas. E, quando o Pasquim acabou, aconteceu o contrário do ditado: foi o navio que deixou o rato.

No auge, o debochado tabloide chegou a vender mais de 200 mil cópias por semana, superando publicações como as revistas Veja e Manchete, onde, aliás, alguns dos pasquinenses também escreviam.

Além da competência do staff (“Tarso era o dínamo que tocava a redação, ‘o mais louco de todos’, segundo Jaguar”; “Sérgio Augusto tem texto e memória maravilhosos, as coisas dele não envelheceram até hoje”), o autor do livro aponta os métodos pouco ortodoxos como parte da razão do sucesso. A vivência nas redações (e botequins) pelo Brasil ajudaram o jornal a ter colaboradores que iam de Chico Buarque, correspondente em Roma na época do exílio, a Carlos Drummond de Andrade.

— O Drummond subia a pé a Rua Saint-Roman, no pé do Pavão-Pavãozinho, para levar os textos que saíam no Pasquim, na época em que a redação era lá — lembra Jaguar. — Ele, na verdade, estava paquerando a Nelma. Sorte a nossa.

Entre seções e textos simplesmente batizados com os nomes de seus autores, o Pasquim entrou para a história pelas entrevistas, algumas históricas, como as de Leila Diniz, Ibrahim Sued (que antecipou ao jornal o então futuro presidente do Brasil, Médici, que se seguiu a Costa e Silva) e de políticos como Leonel Brizola.

Combate à censura

Por trás (ou na frente, ou no meio) de toda a galhofa, o Pasquim tinha como motor central o combate à ditadura e à censura. Isso rendeu a famosa prisão de boa parte da redação, no fim de 1970. Sérgio Cabral estava em Campos, no Norte Fluminense, quando recebeu um telefonema da mulher, a museóloga Magaly Cabral.

— Ele ficou preocupado, pensou que era algum problema com o filho, Serginho (o ex-governador do Rio, atualmente preso) — conta Márcio. — Quando ela disse que os agentes da ditadura tinham ido lá para prendê-lo, ele ficou aliviado: “Graças a Deus!”.

Quando Sérgio Cabral voltou ao Rio, tomou umas cervejas e se entregou, junto com Jaguar e o dramaturgo Flávio Rangel.

— Eu nunca me diverti tanto quanto naquela cela — lembra Jaguar, às gargalhadas. — No Natal, o Antonio’s (tradicional bar da boemia da Zona Sul do Rio) nos mandou uma ceia, ficamos comendo, bebendo vinho e oferecendo aos guardinhas, que não acreditavam no que estava acontecendo.

Apesar de o cárcere ter sido relativamente leve para os profissionais do Pasquim, o episódio foi um racha na redação:

— Tarso brigou com o Millôr, acusando-o de covardia por se esconder e não acompanhar os colegas na prisão — conta Márcio Pinheiro.

A partir da metade dos anos 1970, segundo o autor, o jornal se tornou mais politizado, principalmente com a Anistia, no fim da década, que trouxe de volta do exílio figuras importantes da política como Brizola, Miguel Arraes, Fernando Gabeira, Darcy Ribeiro e Luiz Carlos Prestes, todos eventualmente entrevistados nas páginas do Pasquim. Foi na primeira metade daquela década que o jovem Reinaldo apareceu na redação com um desenho e foi imediatamente contratado.

— Minha temporada lá foi fundamental para o que aconteceu depois —diz o Seu Casseta, fundador também do Planeta Diário. — Foi no Pasquim, quando era o editor de humor, que comecei a experimentar muita coisa, junto com Hubert e Cláudio Paiva. Isso foi uma espécie de laboratório para a criação do Planeta Diário.

Com o fim da ditadura e uma debandada dos jornalistas para outras redações, que exigiam exclusividade, o semanário foi morrendo.

— Na eleição de 1986, quando Moreira Franco se tornou governador do Rio, ele já estava morto —avalia Márcio. — Jaguar seguiu tocando até 1991 como aquele japonês da Segunda Guerra, que ficou escondido anos numa floresta sem saber que o conflito tinha acabado.

 


O Globo domingo, 20 de março de 2022

GENTE: LUCIANA GIMENEZ IMPRESSIONA SEGUIDORES COM SHORTINHO E TOP BRILHANTE

Luciana Gimenez impressiona seguidores com shortinho e top brilhante

 

Apresentadora publicou imagem em seu perfil do Instagram

 
Luciana Gimenez Foto: Reprodução
Luciana Gimenez Foto: Reprodução

Luciana Gimenez tirou o fôlego de seus seguidores do Instagram, na noite do último sábado. A apresentadora publicou uma sequência de fotos na rede social em que aparece com um shortinho florido e top brilhante.

"Sábado á noite", escreveu ela na legenda da publicação.

"Mulherão",  "Que lindaaaaaaa", "Sempre esse sorrisão lindo!", "Tá arrasando....", "Linda demais", "Vc é muito perfeita", elogiaram alguns internautas.


O Globo sábado, 19 de março de 2022

LIGA DOS CAMPEÕES: UEFA DEFINE CONFRONTOS DAS QUARTAS DE FINAL

Champions League: Uefa define confrontos das quartas de final; veja

Clubes também já sabem quem poderão enfrentar caso avancem à semifinal da competição
UEFA sorteou confrontos das quartas de final da Champions League Foto: Reprodução
UEFA sorteou confrontos das quartas de final da Champions League Foto: Reprodução
 

A Uefa sorteou nesta sexta-feira os confrontos das quartas de final da Champions League. Os clubes também já sabem quem vão enfrentar caso avancem às semifinais da competição.

Os confrontos definidos foram:

Chelsea x Real Madrid

Manchester City x Atlético de Madrid

Villarreal x Bayern de Munique

Benfica x Liverpool

 

Os jogos de ida das quartas de final acontecem nos dias 5 e 6 de abril. Já as partidas de volta estão previstas para os dias 12 e 13 de abril. Entre as equipes que disputam as quartas, três buscam o título inédito: Atlético de Madri, Manchester City e Villarreal. Atual campeão do torneio, o Chelsea tenta o bicampeonato consecutivo em meio a dificuldades financeiras provocadas pelas sanções ao bilionário russo Roman Abramovich.

Na semifinal, o vencedor de City e Atlético de Madrid vai jogará contra o ganhador de Chelsea e Real Madrid. Já o vencedor de Benfica e Liverpool enfrenta quem passar entre Villarreal e Bayern de Munique.

 

Os jogos das semifinais estão marcados para 26 e 27 de abril e 3 e 4 de maio. A final ocorre no dia 28 de maio, no Stade France, em Paris. A sede da grande decisão, que seria em São Petersburgo, foi mudada pela Uefa em razão da invasão russa à Ucrânia.


O Globo sexta, 18 de março de 2022

TURISMO: PRAIA SE HOSPEDAR COMO UM REI

 

Para se hospedar como um rei: em Portugal, um castelo de verdade faz sucesso no Airbnb

Construção centenária a 40 minutos do Porto tem 12 quartos, piscina, salas de jantar e jardins
 
O Castelo de Santa Marta de Portuzelo, na cidade de Viana do Castelo, norte de Portugal, faz sucesso no Airbnb Foto: Reprodução
O Castelo de Santa Marta de Portuzelo, na cidade de Viana do Castelo, norte de Portugal, faz sucesso no Airbnb Foto: Reprodução
 

RIO - Portugal tem muitos castelos que merecem a visita. O de São Jorge, dominando a paisagem de Lisboa. O de Óbidos, dado pelo rei Dinis à rainha Dona Isabel, como presente de casamento. Ou mesmo o de Marvão, construído na fronteira com a Espanha no século XII para proteger o território português. Menos conhecido, o Castelo de Santa Marta de Portuzelo tem um diferencial: nele é possível hospedar-se. E por isso mesmo tem feito sucesso no Airbnb entre aqueles que pretendem passar algumas noites de realeza no país.

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 O castelo fica na freguesia de Santa Marta de Portuzelo, na cidade de Viana do Castelo, a pouco mais de 70 quilômetros ao norte do Porto.  "Um lugar ideal para descansar" garante o anúncio na plataforma. Além de bucólica, a localização era estratégica para a defesa do território no século XIII, quando foi construída uma torre no mesmo espaço, que séculos depois seria substituída pelo atual palácio em estilo manuelino, datado de 1853 - e que desde 1977 é tombado como imóvel de interesse público pelo governo português.
 
Um dos salões do Castelo de Santa Marta de Portuzelo, na cidade de Viana do Castelo, norte de Portugal Foto: Reprodução
Um dos salões do Castelo de Santa Marta de Portuzelo, na cidade de Viana do Castelo, norte de Portugal Foto: Reprodução

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Com uma estrutura fortificada quadrada, com uma torre no meio, o castelo tem cerca de dois mil metros quadrados e conta com 12 quartos, sendo nove disponíveis para os hóspedes. Cada um deles leva o nome de uma cidade portuguesa (como Lisboa, Óbidos, Porto e Viana) e tem camas de casal ou de solteiro e banheiro privativo. As paredes grossas de pedra e o piso de madeira garantem a sensação de viagem no tempo. O mesmo acontece nos salões, de estar e jantar, espalhados pelo palacete, com móveis antigos e ar aristocrático. Os hóspedes podem também contar com os serviços de cozinheiros.

Em volta dessa construção de pedra está o jardim de mais de 17 mil metros quadrados, com muito espaço ao ar livre e grande variedade de árvores ornamentais como laranjeira, limoeiro, oliveira, castanheira, palmeira, cipreste, nogueira e figueira. Uma das diversões possíveis é acessar essa área externa através de um túnel subterrâneo, que sai de dentro da casa principal. Outros destaques são a piscina, de 17 metros de comprimento por oito de largura, e a fonte, do século XV. E, claro, a bela vista para o vilarejo, que preserva um clima rural, mesmo estando tão perto de grandes cidades.

 
 
A piscina do Castelo de Santa Marta de Portuzelo, na cidade de Viana do Castelo, norte de Portugal Foto: Reprodução
A piscina do Castelo de Santa Marta de Portuzelo, na cidade de Viana do Castelo, norte de Portugal Foto: Reprodução

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Um dos usos mais frequentes do castelo é como cenário de festas de casamento. Além de ideal para a sessão de fotos, o espaço comporta muitos convidados e tem até uma capela centenária (fechada aos hóspedes na maioria do tempo) para a realização da cerimônia religiosa. Mas também é possível alugar o espaço para outros tipos de evento ou viagens em famílias numerosas. Para isso, é preciso pagar uma diária que está na casa dos R$ 4,4 mil. E ainda assim há poucas vagas disponíveis para os próximos meses.


O Globo quinta, 17 de março de 2022

GASTRONOMIA: CONHEÇA A COZINHA FOCADA EM PEIXES FRESCOS

 

Conheça a cozinha focada em peixes frescos e ‘dry age’ do chef Geronimo Athuel, na Ilha da Gigóia

“Adoro quando chegam espécies diferentes de peixes. A minha cozinha é como um laboratório”, destaca o cozinheiro
 
Inaugurado há pouco mais de um mes, o Restaurante Ocyá, na Ilha Primeira, já encanta os cariocas pelo charme do espaço e culinária intuitiva. O restaurante é comandado pelo chef Gerônimo Athuel, do Espírito Santo, um expert em produtos do mar. A casa possui uma cozinha com janelão de vidro onde os clientes podem apreciar as feituras de seus pratos. Atração especial para o setor de grelhados na varanda. Foto: Ana Branco / Agência O Globo
Inaugurado há pouco mais de um mes, o Restaurante Ocyá, na Ilha Primeira, já encanta os cariocas pelo charme do espaço e culinária intuitiva. O restaurante é comandado pelo chef Gerônimo Athuel, do Espírito Santo, um expert em produtos do mar. A casa possui uma cozinha com janelão de vidro onde os clientes podem apreciar as feituras de seus pratos. Atração especial para o setor de grelhados na varanda. Foto: Ana Branco / Agência O Globo
 

Entre o mar e a terra, o chef e pescador Geronimo Athuel, de 35 anos, captura peixes e frutos do mar em seu barco e os prepara no restaurante Ocyá, na Ilha da Gigóia, na Barra. A casa tem apenas dois meses de funcionamento, mas as filas de espera são longas e o cardápio, focado em peixes dry age e na brasa, tem sempre novidade. Afinal, o mar tem suas surpresas. “Adoro quando chegam espécies diferentes. A minha cozinha é como um laboratório”, conta.

Ele, que cresceu em Vitória, mais precisamente ao lado de pescadores no Píer Iemanjá, entende da captura, da limpeza e dos preparos desde muito cedo. “Dos 8 aos 18 anos, passei meus dias ali e aprendi tudo com esses homens do mar”, lembra o chef, que teve passagens por diversos restaurantes e hotéis da América Central, além do D.O.M (SP), Atlântico (BH) e um dos restaurantes do Estúdios Globo, antes de criar projetos autorais. Primeiro foi o Experiência Elemento, no jardim da casa do pai da namorada, a atriz Estela Ribeiro, e, desde janeiro, o Ocyá, dessa vez na área externa da própria casa.

 É ali que faz uma cozinha de produto como o filé de dourado maturado e cozido na brasa, servido com flor de sal e aioli de salsa. “A pele fica crocante e, por dentro, é suculento. E ainda tem o sabor defumado”, descreve. “O segredo está no frescor. Meu ingrediente foi pescado há, no máximo, cinco horas. Muitas vezes, os polvos chegam vivos. Além disso, sou um dos poucos que trabalha o peixe em dry age. Essa maturação intensifica o sabor e dá firmeza à carne.”
 

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Ainda tem linguiça de peixe acebolada; polvo supermacio com maionese de kimchi, batatas coradas e páprica; lula na brasa recheada com cebola, tomate e manjericão; mexilhões no vapor; crus, como sashimis, tartares e ceviches; e pratos como espaguete de camarão cremoso. Isso tudo servido em um clima de fim de semana na praia, com barquinhos indo e vindo, capivaras e até jacarés passando no canal à frente, mesas à sombra de uma amendoeira e um pôr do sol logo na frente. “Sem falar no charme que é pegar um barco para chegar aqui”, destaca Geronimo.


O Globo quarta, 16 de março de 2022

MISS MUNDO 2022: CAROLINE TEIXEIRA A BRASILEIRA QUE IRÁ DISPUTAR O TÍTULO NESTA QUARTA-FEIRA

Saiba quem é a brasileira que irá disputar o Miss Mundo, que acontece nesta quarta-feira

Caroline Teixeira, de 24 anos, é formada em Direito, já jogou basquete e há três anos se curou de um câncer na tireoide; concurso foi adiado após surto de Covid-19 entre candidatas
 
Caroline Teixeira é a representante brasileira no Miss Mundo 2021 Foto: Reprodução/Instagram
Caroline Teixeira é a representante brasileira no Miss Mundo 2021 Foto: Reprodução/Instagram
 

RIO - Após ter sido adiado por conta de um surto de Covid-19 entre as candidatas, o Miss Mundo acontece nesta quarta-feira, em Porto Rico. A 70ª edição da competição conta com a brasileira Caroline Teixeira, de 24 anos, entre as 40 participantes. 

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Caso vença, Caroline será a primeira brasileira em 50 anos a sair vitoriosa do concurso de beleza. A última vencedora brasileira foi Lúcia Petterle, em 1971.

Em agosto de 2021, Caroline, que era a representante do Distrito Federal, conquistou o primeiro lugar do Miss Brasil Mundo. Como prêmio, recebeu roupas, joias, R$ 15 mil e uma viagem para Dubai, nos Emirados Árabes.

 Nascida no Distrito Federal, a brasiliense chegou a morar no interior de São Paulo, em Jundiaí, onde foi treinar basquete aos 14. Após três anos na cidade, passou uma temporada de seis meses em Railegh, na Carolina do Norte, nos Estados Unidos, onde fora convidada para jogar basquete.

Com 21 anos, Caroline se curou de um câncer na tireoide. Formada em Direito, ela diz ter como sonho passar no concurso do Ministério Público.

O concurso de 2020 foi cancelado devido à pandemia, o que significa que a vencedora de 2019, a jamaicana Toni-Ann Singh, continua sendo a detentora da coroa. A 70ª edição da competição estava programada para acontecer ano passado, mas foi adiada após um surto de covid entre candidatas e suas equipes.


O Globo terça, 15 de março de 2022

RIO SHOW: DJAVAN É NOVA ATRAÇÃO DO FESTIVAL ROCK THE MOUNTAIN

Djavan é nova atração do festival Rock the Mountain, que tem ainda Caetano Veloso, Gal Costa, Alceu Valença e Marina Sena

Evento que acontece nos dias 16, 17, 23 e 24 de abril em Itaipava, na Região Serrana, tem mais de 100 atrações confirmadas
Djavan é nova atração confirmada do Rock the Mountain, que acontece em abril na Região Serrana do Rio Foto: Leo Aversa
Djavan é nova atração confirmada do Rock the Mountain, que acontece em abril na Região Serrana do Rio Foto: Leo Aversa
 

O cantor e compositor Djavan é a nova atração confirmada para o festival Rock the Mountain, que acontece nos dias 16, 17, 23 e 24 de abril em Petrópolis, Região Serrana fluminense. O artista alagoano se junta a nomes como Caetano Veloso, Gal Costa, Criolo, Alceu Valença, Marina Sena e Djonga, que compõem o lineup de mais de 100 shows confirmados.

Um novo lote com poucos ingressos foi aberto e está à venda pelo site Sympla. Os passaportes são vendidos para sábado e domingo, e custam R$ 770.

Rock in Rio 2022:festival anuncia novas atrações e data de abertura da venda oficial de ingressos

 

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Entre os artistas de peso que marcarão presença estão também Marina Lima, Silva, Teresa Cristina, BaianaSystem, Mateus Carrilho, Black Alien, Tropkillaz e Jaloo. O cronograma de apresentações de cada dia ainda não foi divulgado, mas todas as atrações estão garantidas nos dois fins de semana do festival.

 
Ultima edição do Rock the Mountain foi realizada em 2019 Foto: Sand/Divulgação
Ultima edição do Rock the Mountain foi realizada em 2019 Foto: Sand/Divulgação

A 6ª edição do evento, que foi adiado no ano passado por causa da pandemia, deve reunir milhares de pessoas no Parque de Exposições de Itaipava com programação que dura o dia inteiro, dividida em seis palcos. Além da música, o festival ao ar livre conta com diversões como tirolesa, balão, roda gigante, instalações de arte e até uma horta, em um espaço cercado pela Mata Atlântica.

Serviço

Rock the Mountain 2022. Parque de Exposições - Itaipava, Petrópolis. Dias 16, 17, 23 e 24 de abril. R$ 700 (passaporte para sábado e domingo).


O Globo segunda, 14 de março de 2022

CINEMA: WILLIAM HURT SE ENCANTOU, OSCAR EM O BEIJO DA MULHER ARANHA, ATOR MORRE AO S71 1NOS

 

Morre William Hurt, vencedor do Oscar pela atuação em 'O beijo da mulher aranha', aos 71 anos

Notícia foi divulgada pelo filho do ator, que faria aniversário daqui a uma semana
 
William Hurt no filme 'O beijo da mulher aranha' (1985) Foto: Divulgação
William Hurt no filme 'O beijo da mulher aranha' (1985) Foto: Divulgação
 

Ganhador do Oscar por sua interpretação de um prisioneiro gay em "O beijo da mulher aranha" (1985), dirigido por Hector Babenco, o ator William Hurt morreu neste domingo, em casa, aos 71 anos, de causas naturais. Ele teve quatro filhos. Não foram divulgados detalhes sobre o sepultamento. Em 2018, foi divulgado que ele sofria de um câncer na próstata que tinha se espalhado para os ossos.

 

 O filho do ator, Will, postou em suas redes a notícia: "É com grande tristeza que a família Hurt lamenta a morte de William Hurt, pai amado e ator vencedor do Oscar, em 13 de março de 2022, uma semana antes de seu 72º aniversário", escreveu ele. Além da indicação pelo filme de Babenco, Hurt concorreu por suas atuações nos filmes "Filhos do silêncio" (1986), "Nos batidores da notícia" (1987) e "Marcas da violência" (2005).
 
Ator que passou por espetáculos da Off-Broadway, William Hurt teve seu primeiro papel de destaque no cinema como um cientista no thriller de ficção científica "Viagens alucinantes", pelo qual recebeu uma indicação ao Globo de Ouro de Nova Estrela do Ano. Em seguida, teve desempenho memorável como o advogado seduzido por Kathleen Turner em "Corpos ardentes" (1981) e depois apareceu no papel de Arkady Renko em "Mistério no Parque Gorky" (1983) e em "O reencontro" (1983)  - atuações que fizeram dele um dos atores novos mais cultuados dos anos 1980.

Sua carreira continuou com filmes de sucesso, como "O turista acidental" (1988), "Simpesmente Alice" (1990, de Woody Allen, ao lado de Mia Farrow), "A peste" (1992, em que viveu o protagonista da adaptação do livro de Albert Camus), "Perdidos no espaço: O filme" (1998),  "A.I. Inteligência artificial" (2001, de Steven Spielberg) e "Syriana: a indústria do petróleo" (2005).

Os fãs do universo Marvel dos quadrinhos lembrarão de William Hurt como o ator que viveu o general Thaddeus Ross nos filmes "O Incrível Hulk" (2008), "O primeiro vingador: guerra dos heróis" (2016), "Vingadores: Guerra infinita" (2018), "Vingadores: Ultimato" (2019) e "Viúva Negra" (2021). Juntamente com seus papéis no cinema, Hurt também apareceu em vários programas de TV. Ele recebeu indicações a prêmios por seu papel em Damages em 2009 e também esteve nos elencos de "Goliath" e "Condor".

 

Sua última atuação foi no filme "A Filha do rei" ao lado de Pierce Brosnan, e teve vários projetos que deveriam entrar em produção em breve: a série de TV "Pantheon" e os filmes "The fence", "Men of granite" e "Edward Enderby".

William Hurt nasceu em 20 de março de 1950 em Washington, DC. Seu pai fazia parte da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional, uma função que o levou a mudar-se com a família se mudar para Lahore, Mogadíscio e Cartum. Seus pais se divorciaram e sua mãe se casou com Henry Luce III, filho do editor Henry Luce.

Hurt frequentou a Universidade Tufts, onde estudou teologia. Mas o bichinho da atuação o mordeu, e ele se juntou à divisão de drama da Juilliard School, onde passou quatro anos imerso entre futuras estrelas como Robin Williams e Christopher Reeve.

A partir de 1977, o ator foi membro da Circle Repertory Company, ganhando um Obie Award por sua aparição em "My life", peça de Corinne Jacker. Ele tinha um amplo currículo no teatro, tendo ganhado um Theatre World Award de 1978 por suas atuações em "Fifth of July", "Ulysses in traction" e "Lulu".


O Globo domingo, 13 de março de 2022

ANIMAÇÃO: SUPER MARIO VAI À CALIFÓRNIA

Super Mario vai à Califórnia: área temática da Nintendo chegará ao Universal Studios Hollywood em 2023

Parque temático em Los Angeles receberá atrações inspiradas nos videogames, que já existem no Japão
 
Mario e Luigi posam ao lado duas visiantes da Super Nintendo World, nova área temática do parque Universal Studios Japan, em Osaka Foto: IRENE WANG / REUTERS
Mario e Luigi posam ao lado duas visiantes da Super Nintendo World, nova área temática do parque Universal Studios Japan, em Osaka Foto: IRENE WANG / REUTERS
 

RIO - Fãs de Super Mario e Donkey Kong podem se programar Los Angeles em 2023. É que a área temática Nintendo World chegará ao Universal Studios Hollywood no próximo ano, depois de fazer sucesso no parque do grupo no Japão.

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Ainda não há uma data definida para a inauguração, nem detalhes sobre que atrações haverá na área. Até o momento foi divulgado apenas que a primeira Super Nintendo World nos Estados Unidos está sendo construída num novo setor do parque, em ampliação. E que o cenário será inspirado nos gráficos das duas principais franquias de jogos da marca, com muitos blocos coloridos, brinquedos que reproduzem situações e personagens dos games e muitas lojas e restaurantes temáticos.

 
Visitantes a bordo de um dos carrinhos da atração baseada no jogo 'Mario Kart' na área Super Nintendo World, do parque Universal Studios Japan, em Osaka Foto: PHILIP FONG / AFP
Visitantes a bordo de um dos carrinhos da atração baseada no jogo 'Mario Kart' na área Super Nintendo World, do parque Universal Studios Japan, em Osaka Foto: PHILIP FONG / AFP

Super Nintendo World e mais:as atrações dos parques temáticos baseadas em videogames

Enquanto a área não é de fato inaugurada, os fãs dos jogos poderão entrar no clima na loja Feature Presentation, que vai inaugurar em breve uma seção dedicada ao Super Nintendo World, com todo tipo de produtos, de roupas de Mario e Luigi a bonecos e brinquedos de vários tamanhos.

Há a expectativa de que a área temática esteja presente também no futuro Epic Universe. O parque, que será o terceiro temático do Universal Orlando Resort, na Flórida, está sendo construído em uma outra área da cidade, distante dos dois atuais, Islands of Adventure e Universal Studios Florida, com previsão de abertura para 2024.

Como é a área Super Nintendo World no Japão

 

Aberta ao público em 18 de março de 2021, a nova área temática do Universal Studios Japan, em Osaka, marcou a chegada dos personagens de videogames ao um dos principais grupos de parques temáticos do mundo. 

Com brinquedos, espaços e experiências que reproduzem os cenários e situações dos jogos da linha "Super Mario Bros", a área Super Nintendo World foi anunciada em 2015 e as construções começaram dois anos depois, ao custo de aproximadamente US$ 315 milhões. O resultado é uma verdadeira imersão no universo apresentado pelos jogos.

 
 

Recordes:como será a maior e mais rápida montanha-russa do mundo

Os visitantes entram na nova área através de um longo túnel, na forma de um cano, como os que Mario e Luigi usam para se transportar de um ambiente para o outro nos jogos. No fim dessa passagem, o que se encontra é a materialização dos cenários dos videogames, com as mesmas cores, formas, figuras e, até mesmo, trilha sonora.

O visitante é até mesmo incentivado a dar soquinhos em diversos tijolos dourados espalhados pelo cenário, para ver se acumula moedas de ouro virtuais. Isso é parte da “Asobi”, uma experiência de jogo desenvolvida para essa área temática, que simula, no mundo real, o jogo eletrônico. Para brincar à vera, o visitante precisa comprar a Power-Up Band, uma pulseira com um sensor, e sincronizá-la com seus smartphones, para acompanhar sua pontuação e competir com outros visitantes.

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Uma das atrações mais aguardadas é o Mario Kart Koopa's Challenge, uma dark ride em que os visitantes embarcam nuns carrinhos, que se movimentam pelos corredores da atração, e podem acumular pontos interagindo com o que aparece nas telas ao longo do caminho e atirando cascos de tartaruga (virtuais, é claro). A Yoshi Adventure, com apelo mais familiar, é outra atração muito esperada, com carrinhos em forma do famoso dinossauro amigo de Mario.

 
 

A aérea temática japonesa ganhará uma expansão em 2024, com a inauguração do setor inspirado na franquia Donkey Kong. As atrações baseadas no popular gorila dos videogames que incluem uma montanha-russa, experiências interativas, lojas temáticas, restaurantes e lanchonetes e farão parte da expansão da land, atualmente ocupara apenas por atrações baseadas na franquia "Super Mario Bros" e que crescerá cerca de 70% em tamanho.


O Globo sábado, 12 de março de 2022

CARNAVAL 2022: BLOCOS OFICIAIS PRESSIONAM PELA LIBERAÇÃO DO CARNAVAL DE RUA EM ABRIL

 

Blocos oficiais pressionam pela liberação do carnaval de rua em abril

Por enquanto, a farra nas ruas segue, oficialmente, vetada
 
Quase carnaval. Foliões num bloco informal lotam a Rua Visconde de Itaboraí, no Centro: de olho na festa de abrilFoto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Quase carnaval. Foliões num bloco informal lotam a Rua Visconde de Itaboraí, no Centro: de olho na festa de abril Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
 

RIO — Há três meses, o carnaval de rua parecia fadado a mais um ano de espera com a propagação da Ômicron e o cancelamento da festa pela prefeitura. Mas a folia capitaneada pelos grupos secretos, o aval para festas privadas e a mudança no cenário da Covid-19, com a liberação das máscaras na cidade, vêm movimentando o circuito de blocos oficiais: agremiações, entre elas o Cordão da Bola Preta, começam a pressionar para a inclusão dos cortejos no calendário momesco de abril. Pelo decreto municipal, entre os dias 20 e 24 do próximo mês, a Marquês de Sapucaí volta a ser palco dos desfiles das escolas de samba. Blocos não autorizados também fazem planos para retornarem à cena. Mas, por ora, a farra nas ruas segue, oficialmente, vetada.

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Diretora-executiva do coletivo Coreto, com mais de 30 blocos, Cris Couri entende que o fim da obrigatoriedade da máscara derruba os últimos argumentos contra a festa.

— Temos, sim, blocos do Coreto que desejam sair em abril se a curva permanecer decrescente e forem autorizados — afirma ela. — Sobre procurar a Riotur ou a prefeitura, ainda precisamos alinhar internamente com os blocos e externamente com as demais ligas antes de uma posição oficial.

Presidente do Cordão da Bola Preta, Pedro Ernesto Marinho afirma esperar a conversa entre blocos e prefeitura nos próximos dias:

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— Isso vai acontecer naturalmente pela importância do carnaval de rua para a economia criativa. Como “o carnaval que não teve mas teve” foi na semana passada, acredito em novidades adiante.

Debate intenso

Esse movimento ocorre quando a pandemia também é um baque na cadeia econômica da folia. Embora muitos blocos tenham encontrado nas festas privadas uma alternativa, as ruas ainda são uma vitrine. Fora que a própria infraestrutura da festa movimenta muito dinheiro: o caderno de encargos para 2022 previa investimentos dos patrocinadores na ordem de R$ 40 milhões, o maior volume da história.

 

No Fogo e Paixão, se apresentar para o público no Largo de São Francisco em abril é uma discussão “muito viva”:

— Nosso objetivo é trabalhar alinhado com os órgãos públicos. O aval do comitê científico para circular sem máscara é um fator importante — defende João Marcelo Oliveira, um dos organizadores do bloco.

Julio Page, do Butano na Bureta, vai além e questiona:

— Por que pode haver Sapucaí, Intendente Magalhães e atividades relacionadas a carnaval com cobrança de ingresso, mas o carnaval de rua não pode acontecer? É por razões sanitárias ou tem algo mais?

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Em grupos no WhatsApp, não se fala em outra “treta”. Em nota, a Riotur alega que “não há tempo hábil para organizar o carnaval de rua com estrutura necessária”. A justificava, porém, não vale para os blocos que fazem seus cortejos sem pedir licença oficial. Esses prometem em abril um “segundo carnaval” ainda maior que o do fim de fevereiro, que não sofreu por parte da prefeitura a repressão esperada.

Organizador de uma série de blocos, como Caetano Virado e Nada Demais, o saxofonista Raphael Pavan resume:

— Se o “não carnaval” foi assim, em abril a ideia é que esse movimento se repita com mais força — reforça. — Nosso argumento sempre foi de que as pessoas deveriam chiar com quem não se vacinou até hoje — continua ele.

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Já para o movimento Desliga dos Blocos, integrado por grupos que se dizem contra a mercantilização da folia, cada bloco deve decidir se desfilará em abril, analisando, próximo às datas, o dados sobre o estágio da pandemia. Os grupos dessa corrente, como o Boi Tolo, ainda não saíram este ano.

O que regeu a decisão, destaca Luis Otavio Almeida, representante do Desliga, foi apenas a consciência sobre os riscos do coronavírus:

— O que impediu os blocos do carnaval livre de irem às ruas não foi a proibição da prefeitura, mas a consciência de que aglomerações não eram apropriadas.

Ele, porém, é mais um que rebate as críticas ao carnaval não oficial, destacando a liberação de outras atividades:

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— Muita gente criticou grupos que saíram às ruas no carnaval. Achei um tanto hipócrita, pois essas mesmas pessoas não levantaram as vozes contra todo tipo de aglomeração que rolou no Rio desde o início do ano — diz ele.

Falta de tempo e dinheiro

A pouco mais de um mês para o feriadão de Tiradentes, há também agremiações que, mesmo sonhando em ocupar as ruas, declaram não ter condições para isso, dado o pouco tempo para se organizarem. O Desliga da Justiça é um que adiou totalmente seu desfile de rua. O planejamento agora é voltado para um arraiá em lugar fechado, no mês de julho.

A posição do pioneiro Cacique de Ramos segue a mesma linha. Para a direção, faltariam tempo e dinheiro: em nota, informa que a preparação dos desfiles “requer atenção, logística e estrutura, e os custos são altos para esta produção”.

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À frente do Empolga às 9 e do Turbilhão Carioca, Kiko Cupello é pessimista: até agora, ele diz não ver alinhamento e apoio dos órgãos públicos.

— Não deram o devido valor ao carnaval de rua. Deveriam ter se organizado para que tivéssemos eventos em locais públicos, com controles e protocolos — opina ele, que agora foca em 2023.

No caso do sertanejo Chora Me Liga, pesam os riscos ainda existentes de contaminação. Enquanto Rita Fernandes, presidente da Sebastiana, liga com 11 blocos, avalia que não há como organizar a infraestrutura da cidade para os desfiles de blocos em abril. Ela sentencia:

— No caso da Sebastiana, nós demos por encerrado o carnaval de rua deste ano. Agora, só em 2023.

Yeda Dantas, que comanda o Gigantes da Lira, concorda:

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— O carnaval de rua envolve uma espontaneidade coletiva, que acredito não ser possível recuperar num estalar de dedos, logo ali em abril.

À frente da Dream Factory, empresa que cuidaria da festa, Duda Magalhães diz que a organização num ano normal leva cerca de quatro meses, e que esse trabalho foi desmobilizado em janeiro. Ele lembra que parte dos banheiros químicos vem da Holanda e conta que não há consenso entre patrocinadores com relação à folia:

— Há uma impossibilidade hoje de colocar na rua a estrutura tal como a conhecemos. Querem fazer uma coisa mais localizada? Cabe à prefeitura decidir e, havendo tempo hábil e financiamento, seria um caso a ser estudada. Mas, a cada dia que passa, isso fica mais difícil.


O Globo sexta, 11 de março de 2022

ECOLOGIA: CAVALOS-MARINHOS VOLTAM A POVOAR PRAIAS CARIOCAS

Ameaçados de extinção, cavalos-marinhos voltam a povoar praias cariocas

Espécies voltaram a ser encontradas no litoral carioca e em outros locais do Estado

A equipe dela descobriu que há populações de cavalos-marinhos mesmo nas extremamente poluídas baías de Guanabara e de Sepetiba. Na praia de Urca nem é preciso mergulhar, eles nadam de seu jeito suave, quase parado, onde a água não chega aos joelhos. O projeto monitora ainda os cavalos-marinhos da Ilha Grande, de Arraial do Cabo e de Búzios, e investiga sua presença junto aos costões cariocas, como o do Arpoador e o do Leblon.

Os cavalos-marinhos quase foram extintos do Rio devido à poluição e, sobretudo, ao aquarismo. Foram capturados ao esgotamento para virar peixinhos de aquário. Mas, desde 2014, com a Portaria 445 do Ibama, que proibiu captura, transporte, armazenamento, guarda e manejo, a população de cavalos-marinhos tem dado sinais de recuperação, diz Freret-Meurer. Apenas a criação para pesquisa ou com autorização do Ibama é permitida.

Pequenos, medem entre 12cm e 21 cm Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
Pequenos, medem entre 12cm e 21 cm Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo

Na Baía de Guanabara, em 2015, a média era de dois cavalos-marinhos a cada 400 metros quadrados. Em 2018, chegou a oito peixes por 400 metros quadrados. Mas, em 2021, já eram 13 os cavalinhos na mesma área. No entanto, educar a população é preciso para que os cavalos-marinhos continuem a colorir as águas do Rio em paz, adverte a bióloga.

— Emociona mergulhar ao lado desses animais tão pacíficos. Mas, para que essa alegria seja de todos, algumas pessoas não podem capturá-los para confiná-los em aquários. São animais selvagens, pertencem ao mar — frisa a cientista.

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O projeto foi criado em 2002 por pesquisadores da Universidade Santa Úrsula e conta com o apoio de outras instituições, como o Instituto Mar Urbano, e a participação de pescadores.

O cavalo-marinho parece um experimento da natureza. A cabeça lembra a do cavalo. A cauda preênsil usada para se agarrar a algas e corais remete à do macaco. Mas, para a microfauna da qual se alimenta, o cavalinho é um predador de topo da cadeia. Em escala reduzida, ele desempenha o papel do tubarão em ecossistemas de estuários e costões que habita, diz Freret-Meurer.

Ele é carnívoro, mas não tem dentes. Seu bico funciona como aspirador, que suga microanimais marinhos, como larvas de peixes e crustáceos diminutos, que vivem entre as algas e nos corais. Pequeno (os do Rio medem entre 12cm e 21 cm), ele presta um grande serviço ambiental ao impedir que a microfauna devore as algas e o fitoplâncton dos quais depende o equilíbrio dos mares.


O Globo quinta, 10 de março de 2022

CULTURA: BRASILEIRO PAULO SCOTT É INDICADO AO AO INTERNATIONAL BOOKER PRIZE

Brasileiro Paulo Scott é indicado ao International Booker Prize com o livro 'Marrom e amarelo'

Entre os 13 escritores que concorrem ao importante prêmio literário, há autores como Olga Tokarczuk, Jon FoBsse e David Grossman
O escritor gaúcho Paulo Scott Foto: Divulgação
O escritor gaúcho Paulo Scott Foto: Divulgação
 

O escritor brasileiro Paulo Scott é um dos 13 autores que concorrem ao International Booker Prize, um dos mais prestigiados prêmios literários no mundo. A obra "Marrom e amarelo", traduzida para o inglês por Daniel Hahn, é um dos 13 títulos semifinalistas que disputam o reconhecimento de melhor livro de ficção traduzido e publicado no Reino Unido.

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Entre os escritores nomeados, há autores consagrados internacionalmente, como a polonesa Olga Tokarczuk (por "The books of Jacob"), vencedora do Nobel de Literatura e do próprio International Booker Prize, ambos em 2018; o norueguês Jon Fosse (por "A new name: septology VI-VII"); e o israelita David Grossman (pela tradução inglesa de "A vida brinca comigo"), laureado com o International Booker Prize em 2017 pelo romance "O inferno dos outros".

O júri da edição de 2022 é presidido pelo tradutor Frank Wynne e composto pela autora e acadêmica Merve Emre, pela escritora e advogada Petina Gappah, pela escritora e humorista Viv Groskop e pelo tradutor e escritor Jeremy Tiang.

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A seleção dos autores que concorrem ao prêmio, que oferece o valor de 50 mil libras ao vencedor (dividido entre escritor e tradutor), foi feita a partir de 135 obras, um número recorde de candidaturas. Em 2021, o laureado foi o romancista francês David Diop, com o livro "De noite todo o sangue é negro". Em 2016, o brasileiro Raduan Nassar foi semifinalista ao prêmio (pelo livro "Um copo de cólera") ao lado de autores como Elena Ferrante e José Eduardo Agualusa.

A lista de finalistas do Man Booker Prize Internacional de 2022 será anunciada no dia 7 de abril. O trabalho vencedor vai ser revelado em 26 de maio. A seguir, confira a lista com os 13 autores semifinalistas selecionados ao prêmio:

  • Fernanda Melchor (México), por "Paradais";
  • Mieko Kawakami (Japão), por "Heaven";
  • Sang Young Park (Coreia do Sul), por "Love in the big city";
  • Norman Erikson Pasaribu (Indonésia), por "Happy stories, mostly";
  • Claudia Piñeiro (Argentina), por "Elena knows");
  • Violaine Huisman (França), por "The book of mother";
  • David Grossman (Israel), por "More than I love my life";
  • Paulo Scott (Brasil), por "Phenotypes" (originalmente publicado como "Marrom e amarelo");
  • Jon Fosse (Noruega), por "A new name: septology VI-VII";
  • Jonas Eika (Dinamarca), por "After the sun";
  • Geetanjali Thapa (Índia), por "Tomb of sand";
  • Olga Tokarczuk (Polônia), por "The books of Jacob";
  • Bora Chung (Coreia do Sul), por "Cursed bunny".

Livro aborda 'hierarquia cromática'

Publicado no Brasil em 2019 pela Companhia das Letras, "Marrom e amarelo" é narrado por Federico, um cientista social e militante antirracista, pesquisador da "hierarquia cromática entre peles, da pigmentocracia" brasileira.

 

Quando um novo governo assume, Federico é convocado a participar de uma comissão idealizada para discutir soluções para o "caos que, de súbito, tinha se tornado a aplicação da política de cotas raciais para estudantes no Brasil" – na história, diante das denúncias de brancos se autodeclarando pardos, o governo passa a apoiar a criação de um software que avaliaria fotos dos candidatos e concluiria quem era suficientemente preto, pardo ou indígena para obter o benefício das cotas.

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O pai e o irmão de Federico têm a pele retinta, a mãe dele dizia que eram uma família negra, mas ele têm a pele clara, passa por branco com facilidade e, desde criança, desviava dos insultos racistas que atingiam o irmão. Por não ser nem preto nem branco o suficiente, herdou "um imenso não lugar pra gerenciar".

– Parti de um coisa que eu conheço e localizei a ação em um bairro que é o meu, mas depois a história foi acontecendo, ganhando um arco narrativo próprio, os personagens foram tomando corpo e eu fui me apaixonando por eles. A história andou sozinha – disse o escritor gaúcho, autor de outros títulos, como "Ithaca road" e "Habitante irreal", em entrevista ao GLOBO, à época do lançamento do livro. – Eu também sou muitas vezes confundido com branco. Já estive em reunião do movimento negro onde me disseram que eu não sou negro porque não tenho a pele retina ou o fenótipo.


O Globo quarta, 09 de março de 2022

COPA DO BRASIL 2022: JUAZEIRENSE X VASCO - QUARTA PARTIDA EM 11 DIAS É TESTE DE RESISTÊNCIA PARA NENÊ

Juazeirense x Vasco: quarta partida em 11 dias é teste de resistência para Nenê

Camisa 10 vive maratona que pode sera maior na temporada
 
Nenê é recebido por torcedores do Vasco no Nordeste Foto: Rafael Ribeiro / Vasco
Nenê é recebido por torcedores do Vasco no Nordeste Foto: Rafael Ribeiro / Vasco
 

Clássico no Rio de Janeiro. Viagem de avião e ônibus para Araraquara, interior de São Paulo. Depois, volta de ônibus e avião para o Rio. Mais um clássico em casa. Na sequência, voo até Petrolina, interior de Pernambuco. Quinta-feira, retorno para a capital fluminense.

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No espaço de 11 dias, o Vasco tem uma sequência de jogos e viagens que pode ser a maior de 2022. Presente em todos os campos, voos e concentrações, Nenê coloca à prova nesta quarta-feira, às 21h30, contra o Juazeirense (BA), pela segunda fase da Copa do Brasil, sua resistência.

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O meia, que completará 41 anos em julho, acumula, nas três partidas da maratona, 260 minutos em campo, dos 270 possíveis. Somará cerca de 2.600km percorridos depois do jogo desta noite, no interior baiano.

O mapa de calor e o número de posse de bola nas últimas três partidas, de acordo com o site Footstats, mostram que Nenê conseguiu manter até agora o mesmo nível de movimentação em campo e de participação no jogo. Em Juazeiro, o Vasco conta demais com o meia, mais uma vez.

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A vaga na terceira fase será decidida em jogo único e o Vasco, apesar de visitante e melhor colocado no ranking da CBF, não terá vantagem alguma. Quem vencer, seguirá na competição nacional diretamente. Em caso de empate, a disputa de hoje vai para os pênaltis.

O sucesso de Nenê e do Vasco esta noite implicará na ocorrência de outras maratonas pesadas como essa. Fora isso, a Série B terá no máximo três jogos seguidos com intervalo menor do que uma semana entre eles. No próximo jogo do Vasco, contra o Resende, existe a possibilidade de Nenê ser poupado, já de olho nas partidas pela semifinal do Carioca.

Outra decorrência da classificação em Juazeiro será financeira. Até agora, o clube acumulou, pela participação na primeira e na segunda fases da Copa do Brasil, R$ 1,37 milhão. Passando para a terceira fase, receberá mais R$ 1,9 milhão.

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O dinheiro cairá muito bem em São Januário, mesmo depois de o empréstimo de R$ 70 milhões da 777 Partners ter caído na conta vascaína. Com o dinheiro, a diretoria quitou dois meses de salário de funcionário no regime das CLT, quitou duas parcelas do Regime Centralizado de Execuções (RCE), que visa a quitar a dívida trabalhista e cível do clube, e ainda zerou pendências com funcionários contratados no formato de pessoa física — com alguns, a dívida era de até cinco meses.

O dinheiro ainda abrirá espaço no orçamento para contratação de reforços.


O Globo terça, 08 de março de 2022

TURISMO: MAIOR NAVIO DO MUNDO, COM 19 PISCINAS E ÁREA VERDE COM 20 MIL PLANTAS E ÁRVORES, ZARPA PELA PRIMEIRA VEZ

Maior navio do mundo, com 19 piscinas e área verde com 20 mil plantas e árvores, zarpa pela primeira vez

Inauguração do Wonder of the Seas, cinco vezes mais pesado do que o Titanic, ocorreu na sexta-feira em Fort Lauderdale, na Flórida, EUA
Cruzeiro Wonder of the Seas, o maior do mundo, em 2022 Foto: Royal Caribbean
Cruzeiro Wonder of the Seas, o maior do mundo, em 2022 Foto: Royal Caribbean
 
 

RIO — O maior navio de cruzeiro do mundo, com 236.857 toneladas — cinco vezes mais pesado que o Titanic — zarpou na última sexta-feira, com suas 19 piscinas, 20 restaurantes, 11 bares, uma pista de gelo, um cassino e uma área verde, com 20 mil plantas e árvores. A viagem inaugural de sete dias partiu de Fort Lauderdale, na Flórida, nos EUA, e vai até o Caribe.

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Com capacidade para transportar 6.988 clientes e 2,3 mil tripulantes, o Wonder of the Seas também pode conter, segundo a Royal Caribbean, cerveja suficiente para encher duas vezes todas as piscinas a bordo.

O transatlântico, com 362 metros de comprimento, levou três anos para ser construído em Saint-Nazaire, na França, mediante um custo equivalente a R$ 6,7 bilhões. São 18 deques, sendo 16 para passageiros, com uma velocidade máxima de 22 nós (40 quilômetros por hora). O navio já tem previsão de realizar um novo passeio no verão do hemisfério Norte, pelo litoral europeu.

Entre os destaques estão coquetéis feitos por robôs no Bionic Bar, na área Royal Promenade, possibilidade de assistir ao musical "Chicago", apresentado por um elenco da Broadway, uma piscina de surf com ondas de quatro metros de altura, uma tirolesa de 25 metros de comprimento e duas paredes de escalada.

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Há ainda um campo de minigolfe, fliperama, cinema ao ar livre, spa de luxo, academia e um escorregador de 30 metros que vai do deque 16 para ao 6 em 13 segundos. Além disso, a suíte Ultimate Family, que pode acomodar 10 pessoas, vem com um escorregador de dois andares do quarto para a sala de estar.

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Segundo a companhia responsável pelo cruzeiro, ele estava originalmente planejado para realizar sua estreia na China no último ano, mas teve a inauguração adiada devido à pandemia.

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— Os restaurantes foram renomeados e as placas em mandarim foram alteradas para o inglês. Ela navegará pelo Caribe antes de mudar para os cruzeiros europeus neste verão — afirmou um porta-voz da empresa ao "Daily Mail".

 


O Globo segunda, 07 de março de 2022

LIVROS: BETH O*LEARY, COMPARADA A JOJO MOYES, SE SURPREENDE COM SUCESSO

Comparada a Jojo Moyes, Beth O’Leary se surpreende com sucesso: 'Honestamente, não sei o que toca tanto as pessoas'

Com mais de 300 mil livros vendidos só no Brasil, inglesa de 30 anos ganhará adaptação para o cinema pela produtora de Steven Spielberg
 
Beth O'Leary, autora de 'Na estrada com o ex' Foto: Tom Medwell/Divulgação
Beth O'Leary, autora de 'Na estrada com o ex' Foto: Tom Medwell/Divulgação

—Sempre escrevi, desde criança— diz ela, hoje com 30 anos. —Enviei minha primeira consulta a um agente literário aos 17.

Apenas um topou ler mais do que cinco capítulos, pois vislumbrou o que muitos não conseguiram. Beth não era somente uma máquina ao escrever, tinha também potencial para um desempenho igualmente voraz nas vendas. E ele acertou em cheio. Só no Brasil, onde chega agora seu terceiro livro, “Na estrada com o ex”, ela já vendeu, segundo a editora Intrínseca, cerca de 300 mil cópias entre exemplares físicos e digitais. No ano passado, segundo a Publish News, “Teto para dois” foi o quinto livro de ficção mais vendido do país.

Aqui e no mundo tem sido chamada de a nova Jojo Moyes — autora de best-sellers diversos, entre eles “Como eu era antes de você” (que virou filme com Emilia Clarke e Sam Clafin), pelos romances com pegada de comédia pop.

— Sou uma grande admiradora dela, então a comparação é um privilégio. Nós duas escrevemos histórias românticas com temas sérios entrelaçados, e talvez seja daí que vem isso — diz Beth, que, mesmo assim, ainda tem uma certa síndrome de impostora quando pensa no sucesso. — É muito louco pensar que os leitores amam meus livros. Honestamente, não sei o que há neles que toca tanto as pessoas. Se eu penso muito nisso, acabo me enrolando para escrever o seguinte.

Livro 'Na estrada com o ex', de Beth O'Leary Foto: Divulgação
Livro 'Na estrada com o ex', de Beth O'Leary Foto: Divulgação

O próximo sai no exterior em abril, mas, enquanto isso, no Brasil, a jovem badala “Na estrada com o ex”, a história de Dylan e Addie, ex-namorados que viajam para o casamento de uma amiga em comum, cada um num carro, até que um bate no outro. Eles são obrigados a dividir o mesmo veículo da Inglaterra para Escócia a fim de chegar a tempo da cerimônia. O estresse dos percalços da viagem e do espaço apertado com outros amigos traz à tona as arestas mal aparadas do fim do relacionamento.

— O conceito desse livro veio anos atrás, enquanto eu escrevia o primeiro. Adorava a ideia da colisão dos carros, mas eu não tinha descoberto quem essas pessoas eram umas para as outras. Isso só parecia uma trama pela metade. Tenho um monte de meias histórias se formando no fundo da minha mente o tempo todo —diz ela, que pensou no resto durante umas férias na Provença, na França.

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É lá que se passam os flashbacks do livro, usados para contar como começou a história de amor entre Dylan e Addie.

— Raramente me inspiro por um local, mas pensei que adoraria definir algo ali — conta.

Ela diz que o método de produção acelerado (são quatro livros em quatro anos, se contarmos o que ainda não foi lançado em 2022) funciona assim:

— Costumo começar com uma pergunta ou situação que me intriga, e depois penso no resto. Os temas surgem à medida que conheço os personagens e as histórias de fundo.

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Esse jeito de trabalhar as narrativas atraiu a Amblin, nada mais, nada menos que a produtora de Steven Spielberg. A empresa do diretor comprou os direitos de adaptação para o cinema de “A troca”, segundo livro de Beth. A ideia é ter Rachel Brosnaham, da série “A maravilhosa Ms. Maisel”,  como protagonista da história que gira em torno de uma neta e uma avó que trocam de apartamento, rotina, amigos e até celulares.

— É surreal e incrível ter sido escolhida pela produtora do Spielberg. No entanto, as coisas andam devagar em Hollywood e estamos no estágio inicial do projeto. Só posso compartilhar o quão animada eu estou — diz a jovem, que será uma das produtoras executivas do longa.

 


O Globo domingo, 06 de março de 2022

GASTRONOMIA: RESTAURANTES E BARES QUE OFERECEM COMIDA A METRO OU DE TAMANHO EXAGERADO

Restaurantes e bares que oferecem comida a metro ou de tamanho exagerado apostam em desafios e recebem clientes famosos

É preciso disposição e fome para encarar pizza, coxinha e cachorros-quentes gigantes, entre outras gostosuras
Tábua tamanho família, do Nosso Lugar: um metro de muita gostosura Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo
Tábua tamanho família, do Nosso Lugar: um metro de muita gostosura Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo
 

RIO - Haja fome! O pecado da gula passa bem longe de restaurantes, lanchonetes e carrocinhas de cachorro quente no Rio e Baixada Fluminense, onde a abundância faz parte cardápio. Com eles não têm miséria! Os tamanhos e a quantidade de ítens é de encher os olhos e, principalmente, a barriga.

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Uma pizza gigante, com 90cm de diâmetro e coxinhas nas bordas é uma das atrações da Pizzaria Lavoro, em Tomás Coelho, na Zona Norte do Rio. O proprietário, Rômulo Penza, de 41 anos, há três anos lançou um desafio oferecendo R$ 500 de prêmio a quem conseguisse comer sozinho a tal pizza que serve de 20 a 25 pessoas e custa R$ 220. Um amigo até que se habilitou, mas mal conseguiu chegar à metade. Quem não se deu por vencido foi o Rômulo, que vai retomar a missão:

Até Dudu Nobre se rendeu à pizza gigante da Lavoro, em Tomás Coelho Foto: Agência O Globo
Até Dudu Nobre se rendeu à pizza gigante da Lavoro, em Tomás Coelho Foto: Agência O Globo

Pela dificuldade de produção e entrega — exige um baú especial — a pizza gigante, que tem fãs famosos como Dudu Nobre, só é vendida sob encomenda. O mesmo acontece com o cachorro-quente de um metro que faz sucesso no Méier, na Zona Norte. Lá também tem desafio: o cliente que conseguir comer sozinho o cachorrão e, de quebra, tomar um litro de refrigerante não paga o lanche e ainda ganha R$ 100.

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O dogão que alimenta de três a quatro pessoas pesa mais de três quilos e custa R$ 75. É feito com um pão especial, leva seis linguiças, tomate, cebola roxa, pimentão, maionese de ervas finas, queijo ralado e batata palha. A criação é de Elaine Cristina da Silva, de 41, que toca com a filha o Cachorro-Quente do Gaúcho, com filial no Recreio.

Cachorro Quente do Gaúcho: um metro de gostosura que alimenta até quatro pessoas Foto: Agência O Globo
Cachorro Quente do Gaúcho: um metro de gostosura que alimenta até quatro pessoas Foto: Agência O Globo

A lanchonete foi batizada com o apelido do marido dela Antônio Carlos Pereira Allender, morto em 2015. Nas redes sociais tem um garoto-propaganda que é luxo só: Xande de Pilares. Mas ele não é o único. O dogão também já foi recomendado na internet por Anderson Leonardo, do Molejo, e pelos integrantes do Grupo Clareou.

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Cachorro-quente gigante é também a especialidade de Francisco Ferreira, de 32 anos. Ele tinha uma hamburgueria que fechou durante a pandemia. Depois de um ano parado, montou, há oito meses, uma barraca de lanches na rua, na Taquara. Apostou no dogão como diferencial para atrais a clientela. Deu tão certo que há três semanas saiu da calçada e se mudou para uma loja no mesmo bairro.

— A ideia do lanche gigante era atrair pessoas, pela curiosidade, para filmar, fotografar e marcar a gente nas redes sociais. Deu certo —avalia o comerciante, cujo cachorrão mede quase um metro e é feito com duas baguetes, de 50 cm, cada, recheadas com linguiça suína defumada, maionese, creme cheddar e bacon.

Francisco Ferreira faz sucesso na Taquara com o cachorro quente de quase um metro Foto: Agência O Globo
Francisco Ferreira faz sucesso na Taquara com o cachorro quente de quase um metro Foto: Agência O Globo

O cachorrão que serve de três a quatro pessoas custa R$ 70. Há outras opções do tamanho da fome do cliente, como o doguinho de 20 cm, que sai a R$ 20. Na Dona Confeitaria, em Duque de Caxias, a tradicional coxinha cresceu de tamanho. O estabelecimento que já oferecia um salgado de um quilo dobrou o peso na sua nova versão. Agora são impressionantes dois quilos de pura delícia, que servem de quatro a cinco pessoas. Segundo o sócio Lucas Corrra, a ideia surgiu durante a pandemia. A intenção é, num momento de crise, servir toda família com um só salgado.

— Ao invés de colocar vários na mesa, a gente coloca só um que serve a todos —explica o chefe de cozinha Jorge Martins, de 66 anos.

A coxinha gigante, da Dona Confeitaria, em Duque de Caxias,  custa R$ 59,90 e serve até cinco pessoas. São 900 gramas de massa, 150 gramas de requeijão e 950 gramas de frango. O super lanche, que como os demais é considerado por muitos um gatilho contra a dieta, também é feito apenas por encomenda.

 

Uma só coxinha para toda a família Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo
Uma só coxinha para toda a família Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo

Como não ficar boquiaberto diante da tábua de petiscos de um metro, servida no Nosso Lugar, hamburgueria no Centro de Duque de Caxias? É preciso uma fome apoteótica para encarar mais de dois quilos de comida, em forma de petisco. Haja cerveja ou chope para acompanhar a tábua de pão de alho, contra-filé, linguiça, isca de frango empanado e batata com bacon e parmesão. A aventura gastronômica sai a R$ 169. Mas, levando conta que alimenta até oito pessoas, se todos dividirem a despesa vão gastar pouco mais de R$ 21, cada. Trata-se de uma boa opção para compartilhar com os amigos. Segundo Anderson dos Anjos, de 41 anos, sócio do Nosso Lugar, por enquanto ainda não há histórico de nenhum cliente que tenha encarado a tábua sozinho.

— Já pediram para três e sobrou. Nunca vi mesa de quatro comendo tudo. Só mais de cinco. Menos que isso, é preciso ser muito bom de boca — diz o sócio da hamburgueria, que costuma embulhar as sobras para viagem, no caso de que não consegue ir com a comilança até o fim.


O Globo sábado, 05 de março de 2022

RIO SHOW: VAN GOGH E MONET GANHAM EXPOSIÇÕES IMERSIVAS NO RIO

Van Gogh e Monet ganham exposições imersivas no Rio

Com efeitos especiais e projeções das obras do teto ao chão, mostras propõem um mergulho no trabalho dos artistas
'Paisagem en vert' é uma das oito narrativas audiovisuais que enfatizam diferentes aspectos da obra de Monet na exposição 'Monet à beira d'água' Foto: Divulgação/Reinaldo Ponte
'Paisagem en vert' é uma das oito narrativas audiovisuais que enfatizam diferentes aspectos da obra de Monet na exposição 'Monet à beira d'água' Foto: Divulgação/Reinaldo Ponte
 

Sucesso em várias cidade do mundo, as exposições imersivas enfim vão chegar ao Rio a partir de março com mostras dedicadas a dois grandes nomes da história da arte, o francês Claude Monet e o holandês Vincent  Van Gogh. Apostando em tecnologia de ponta, as experiências sensoriais propõem uma viagem por dentro das obras dos artistas, que são projetadas em 360 graus, acompanhadas de trilha sonora original.

'Van Gogh e seus contemporâneos' ocupará a Casa França-Brasil Foto: Divulgação
'Van Gogh e seus contemporâneos' ocupará a Casa França-Brasil Foto: Divulgação

'Monet à beira d'água'

A maior exposição imersiva do mundo sobre o mestre impressionista Claude Monet (1840-1926) abre ao público no dia 19 de março, em uma tenda de dois mil metros quadrados, no Boulevard Olímpico. Parceria com o Museu de Arte do Rio,  "Monet à beira d'água" propõe uma viagem através das paisagens do artista, pintadas às margens de rios, mares e lagos.

Em painéis de mais de sete metros de altura, serão projetadas 285 obras do pintor, acompanhadas de trilha sonora original, sistema de som 3D em alta definição, animações e efeitos especiais para uma imersão em multissensorial em 360 graus.

Com cerca de 65 minutos de duração, o espetáculo é formado por oito narrativas audiovisuais que enfatizam diferentes aspectos da obra de Monet, com as temáticas "Uma viagem de trem"; "Campos e moinhos"; "O mar e a luz"; "Passeio pelo lago"; "Arquitetura do tempo"; "Horizonte nevado"; "Paisagens 'en vert'" e "Flores de tinta".

Dentre as principais obras de Monet presentes na mostra, estão as séries da Estação Saint-Lazare (1877), da Catedral de Rouen (1893), do Lago das Ninfeias (1895-1926), do Palácio de Westminster (1904) e do Grand Canal de Veneza (1908).

Temática 'O mar e a luz' é uma das oito que compõem o espetáculo de 65 minutos da exposição 'Monet à beira d'água' Foto: Divulgação/Reinaldo Ponte
Temática 'O mar e a luz' é uma das oito que compõem o espetáculo de 65 minutos da exposição 'Monet à beira d'água' Foto: Divulgação/Reinaldo Ponte

A exposição, que levou mais de 2 anos sendo produzida e estreia no Rio, ressalta a proximidade do pintor francês com a água. Nascido em Paris, às margens do Rio Sena, Monet cresceu à beira-mar em Le Havre, cidade no Canal da Macha para onde se mudou aos cinco anos de idade. A imensidão do azul o inspirou a criar obras que examinavam os efeitos de luzes, cores e formas sobre a paisagem.

 

Nos museus: confira as melhores exposições em cartaz na cidade

Os ingressos para visitar "Monet à beira d'água" já podem ser comprados através do site Ingressorápido.com, por R$ 34 (terça a quinta-feira) ou R$ 59 (sexta a domingo). Há desconto para moradores da cidade do Rio, que pagam R$ 28 (ter a qui) ou R$ 49 (sex a dom). Já a meia-entrada sai por R$ 20 (ter a qui) ou R$ 35 (sex a dom).

 
 

'Van Gogh e seus contemporâneos'

A experiência sensorial em homenagem ao precursor do expressionismo Van Gogh (1853-1890 ) chega em 6 de abril à Casa França-Brasil, após estrear em Florença, na Itália. Com imagens em alta definição de obras do mestre holandês e de outros artistas, como Cézanne, Gauguin e Toulouse-Lautrec, a exposição conta uma narrativa de cerca de 60 minutos, acompanhada por trilha sonora original.

Van Gogh e seus contemporâneos': projeções do teto ao chão Foto: Divulgação
Van Gogh e seus contemporâneos': projeções do teto ao chão Foto: Divulgação

O mergulho na obra e na vida de um dos principais nomes da arte do século XIX começa por um espaço que reproduz o quarto de Van Gogh, retratado no célebre quadro "Quarto em Arles" (1888). A cada ambiente, múltiplos projetores adaptam as telas ao espaço expositivo, garantindo a sensação de estar dentro das obras e evidenciando as cores e pinceladas expressivas do artista.

O projeto ajuda o visitante a entender detalhes da vida do pintor, que compôs mais de 2 mil quadros. Interessado pela arte desde a infância, Van Gogh ficou conhecido principalmente por seus autoretratos e paisagens ao ar livre, como o quadro "A noite estrelada" (1889), que também faz parte da exposição.

Serviço

'Monet à beira d'água'. Boulevard Olímpico - Av. Venezuela 194, Gamboa. Ter e qua, 12h às 17h30. Qui a dom, 10h às 17h30. A partir de R$ 20 (ter a qui) ou R$ 35 (sex a dom) via Ingressocerto. De 19 de março a 12 de junho.

 
 

'Van Gogh e seus contemporâneos'. Casa França-Brasil - Rua Visconde de Itaboraí 78, Centro. Ter a dom, 10h às 18h. Grátis às ter e qua. R$ 20 (qui a dom). De 6 de abril a 5 de junho.


O Globo sexta, 04 de março de 2022

ROCK IN RIO 2022: FESTIVAL ANUNCIA NOVAS ATRAÇÕES E DATA DE ABERTURA DA VENDA OFICIAL DE INGRESSOS

Rock in Rio 2022: Festival anuncia novas atrações e data de abertura da venda oficial de ingressos

Cliente Itaú, Itaucard, Credicard e Iti poderão adquirir seus passes ainda esse mês
The Offpring se apresenta dia 8 Foto: Divulgação
The Offpring se apresenta dia 8 Foto: Divulgação
 

A volta do maior festival do mundo está cada vez mais próxima.  A organização do festival anunciou nesta quinta-feira (03) a data oficial de início da venda de ingressos. Dia 5 de abril, às 19h, o público poderá entrar no site para adquirir seus passes.  Após três anos longe dos fãs, a Cidade do Rock abre seus portões dia 2 de setembro e segue sua programação pelos dias 3, 4, 8, 9, 10 e 11.

Também tem novidade no line up. No dia 4, os rappers do Migos, grupo composto pelos renomados Quavo, Offset e Takeoff, faz a estreia no Brasil e no Palco Mundo com seus hits “Bad and Boujee”, “Walk It Talk It” e “Slippery”. Já no dia 8 de setembro é a vez da banda californiana The Offspring apresentar os clássicos “You’re Gonna Go Far, Kid”, “The Kids Aren’t Alright” e “Self Esteem”, além do CPM22 que vai abrir a noite e agitar o público com os sucessos “Um Minuto Para o Fim do Mundo”, “Dias Atrás” e “Não Sei Viver Sem Ter Você”.

Outra mudança foi a cenografia do Palco Mundo, feita com aço 100% reciclado. A estrutura será ainda maior, com mais de 100 metros de largura e altura equivalente a um prédio de 10 andares. Além de toda cenografia renovada, ele também terá efeitos especiais por meio de uma programação de luzes em toda área externa do Palco.

Quem adquiriu o Rock in Rio Card pode definir em qual data pretende usá-lo até o dia 1º de abril de 2022, depois disso ele perde a garantia de disponibilidade de datas para escolher.

Pela 6a edição consecutiva, a Ingresso.com será o parceiro de vendas oficial do festival. Para a edição do Rock in Rio Brasil 2022, o valor da entrada será R$ 625,00 (inteira) e R$ 312,50 (meia-entrada). O pagamento poderá ser feito por cartão de crédito e o valor parcelado em até 6x sem juros.

Para os membros do Rock in Rio Club e clientes com cartões de crédito Itaú, Itaucard, Credicard e Iti a boa notícia é que todos terão a oportunidade de adquirir o ingresso antes do público em geral: a pré-venda começa no dia 17 de março, às 19h, e segue até o dia 04 de abril, às 19h, também no site oficial do evento.


O Globo quinta, 03 de março de 2022

CRUZEIROS: TEMPORADA NO BRASIL SERÁ RETOMADA - VEJA O QUE MUDA NOS ROTEIROS

Temporada de cruzeiros no Brasil será retomada: veja o que muda nos roteiros

Transatlânticos farão 19 viagens no litoral do país entre 5 de março e 18 de abril
 
O Waterfront Boardwalk, espécie de calçadão do navio de cruzeiros MSC Seaside Foto: Ivan Sarfatti / MSC / Divulgação
O Waterfront Boardwalk, espécie de calçadão do navio de cruzeiros MSC Seaside Foto: Ivan Sarfatti / MSC / Divulgação
 

RIO - Suspensa desde 3 de janeiro, a temporada brasileira de cruzeiros 2021/2022 será retomada em 5 de março. Até 18 de abril, os quatro navios restantes no litoral (um a menos que no começo) farão mais 19 viagens, algumas delas com roteiros adaptados e até mesmo reduzidos.

A data foi confirmada na última quarta-feira pela Associação Brasileira de Navios de Cruzeiros (Clia Brasil), dias após o Ministério da Saúde autorizar o retorno da atividade. A retomada acontecerá dois meses e dois dias após a suspensão da navegação no início do ano, quando a variante Ômicron provocou uma explosão de novos casos de Covid-19. Naquela ocasião, foram detectados surtos da doença em todos os transatlânticos que navegavam pelo litoral brasileiro.

As duas armadoras que fazem navegação de cabotagem pelo litoral brasileiro precisaram fazer adaptações em sua programação. A mudança mais radical acontece com a Costa Cruzeiros, que não terá o navio Costa Fascinosa para o resto da temporada. A operação será concentrada no Costa Diadema, que entre 14 de março e 18 de abril fará viagens de três, quatro e sete noites, com embarques em Rio de Janeiro, Santos e Itajaí, em Santa Catarina.

Com um navio a menos, a companhia optou por concentrar seus roteiros nas regiões Sul e Sudeste, com paradas em Itajaí, Rio, Búzios e Ilhabela substituindo as escalas em Salvador e Ilhéus, que antes faziam parte dos roteiros do Diadema.

Os passageiros que já tinham pacotes comprados para o Costa Fascinosa poderão embarcar sem custos adicionais no Costa Diadema, inclusive para a travessia de volta à Itália, em 18 de abril. Quem preferir esperar pela próxima temporada receberá o valor já pago em forma de créditos para cruzeiros futuros. A companhia garante ainda que também devolverá o dinheiro aos clientes que não quiserem mais navegar.

Navio MSC Preziosa Foto: Ivan Sarfatti / MSC Cruzeiros / Divulgação
Navio MSC Preziosa Foto: Ivan Sarfatti / MSC Cruzeiros / Divulgação

A MSC Cruzeiros por sua vez manterá os três navios que vieram para a temporada brasileira, mas também fez alterações em sua programação. Em 5 de março,  MSC Seaside, que está fazendo a sua primeira temporada no Brasil, partirá de Santos para uma viagem de sete noites. Em 6 de março, saindo do Rio, o MSC Preziosa partirá para um minicruzeiro de três noites pelo litoral do Sudeste. No mesmo dia o MSC Splendida partirá de de Santos para um cruzeiro de sete noites.

Além dessas três saídas, a companhia vai acrescentar quatro minicruzeiros com valores promocionais a bordo do MSC Preziosa, saindo do porto de Santos. O roteiro que começa em 11 de março terá quatro noites e visitará Ilha Grande e Búzios, no litoral fluminense. Já nos dias 18, 25 e 31 de março ele fará cruzeiros de três noites parando apenas Ilha Grande.


O Globo quarta, 02 de março de 2022

TURISMO: LAS VEGAS - SAIBA COMO TER GEORGE CLOONEY COMO CONVIDADO DE SEU CASAMENTOO

Las Vegas: saiba como ter George Clooney como convidado de seu casamento

Museu de cera Madame Tussauds acaba de abrir sua capelinha para casais apaixonados na cidade
 
Capela para casamentos no museu de cera Madame Tussauds, em Las Vegas Foto: Matt Mapriott / Madame Tussauds / Reprodução
Capela para casamentos no museu de cera Madame Tussauds, em Las Vegas Foto: Matt Mapriott / Madame Tussauds / Reprodução
 

RIO - Nem só de Elvis Presley vive a indústria de casamentos em Las Vegas. Não que o Rei do Rock tenha perdido a majestade quando o assunto são as cerimônias envolvendo casais apaixonados (e animados) na cidade. É que agora há mais celebridades disponíveis para enriquecer o momento do sim, desde que ele aconteça na capela do Madame Tussauds Las Vegas, dentro do hotel The Venetian.

Cuidados: O que se deve fazer se o exame para Covid-19 der positivo durante a viagem?

A famosa rede internacional de museus de cera desenvolveu dois pacotes de casamento especialmente para sua unidade na cidade. O mais simples deles, o Walk-Up Wax Wedding, custa US$ 199 e dá direito a George Clooney (de cera, claro) como testemunha da cerimônia, que é realizada por uma pessoa de verdade e inclui música, faixas para os noivos, fotos digitais e uma minigarrafa de champanhe.

 

Interior da capela de casamento do museu de cera Madame Tussauds, em Las Vegas Foto: Reprodução
Interior da capela de casamento do museu de cera Madame Tussauds, em Las Vegas Foto: Reprodução

Antes e depois:veja como seria Las Vegas se estes resorts tivessem saído do papel

Para não deixar Clooney isolado na festa, o casal pode pagar US$ 25  a mais e contratar o plano VIP Walk-Up Wax Wedding. Esta categoria dá direito a uma lista maior de convidados especiais, a partir de uma lista pré-selecionada de estátuas disponíveis no museu. Os nomes variam todos os dias, mas pode se dar a sorte de contar com figuras como Beyoncé e Michael Jackson, por exemplo.

Apesar de ser num museu de cera, o casamento é para valer, dentro da lei do estado de Nevada, do mesmo jeito que seria nas capelas mais tradicionais da cidade

Capela de casamento do museu de cera Madame Tussauds de Las Vegas Foto: Reprodução
Capela de casamento do museu de cera Madame Tussauds de Las Vegas Foto: Reprodução

As cerimônias acontecem na wedding chapel que foi montada em 2015, quando o museu recriou os personagens do filme "Se beber, não case". Na época, foi criado um pacote especial de casamento com essa temática, que permitia ao casal a presença de toda a gangue do filme (inclusive de Michael Tyson e seu tigre), além de Sandra Bullock e George Clooney como testemunhas.

Hoje em dia, os personagens da comédia estão alocados num outro espaço, o The Hangover Movie Bar Experience. Um ponto ideal para a comemoração pós-casamento.


O Globo terça, 01 de março de 2022

TURISMO: MALDÍVIAS TÊM OS AEROPORTOS COM OS CENÁRIOS MAIS BONITOS DO MUNDO; CONFIRA AS INAGENS

Maldivas têm os aeroportos com os cenários mais bonitos do mundo; confira as imagens

O mais recente deles, Madivaru, ocupa praticamente uma ilha inteira, com pistas quase no mar
 
O Aeroporto de Madivaru, no atol de Lhaviyani, nas Maldivas, foi inaugurado em fevereiro Foto: Reprodução
O Aeroporto de Madivaru, no atol de Lhaviyani, nas Maldivas, foi inaugurado em fevereiro Foto: Reprodução
 

RIO - Com um mar azul turquesa e a areia branquíssima, a ilha de Madivaru é um desses cartões-postais que nos fazem sonhar em conhecer as Maldivas. Um cenário onde a tranquilidade só é quebrada nos momentos de pousos e decolagens dos aviões no novíssimo aeroporto local, inaugurado há pouco mais de uma semana e já considerado um dos mais bonitos do mundo.

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Com seus 1.200 metros de pista ocupando praticamente toda a ilha, de ponta a ponta, o Aeroporto de Madivaru (LMV, no código da Iata) é mais um entre os tantos terminais aéreos "paradisíacos" do arquipélago. Seja em ilhotas desabitadas, como esta, ou na capital Malé, principal porta de chegada ao país, é comum encontrar pistas que correm paralelas ao mar cristalino do Oceano Índico, e terminais de passageiros praticamente "pé na areia". Confira nessas imagens.

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A explicação é óbvia. Formado por 1.196 ilhas (das quais apenas 203 são habitadas), divididas em 26 atóis, Maldivas é um país praticamente sem estradas. Para ir de um ponto a outro é preciso navegar ou voar, o que levou à criação de diversos pequenos aeroportos, todos em ilhas pequenas.

Como é o caso da própria Madivaru, uma ilha bem estreita, que é praticamente toda ocupada pelo novo aeroporto, operado pela companhia aérea nacional Maldivian, que tem voos diários para o Aeroporto Internacional Velana de Malé, com cerca de 25 minutos de duração. O terminal de passageiros, como é de se imaginar, conta com uma marina, onde atracam os pequenos barcos que funcionam como táxis marítimos para os resorts que ficam a curtas distâncias dali.

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O novo aeroporto foi construído para aumentar o fluxo de visitantes no atol de Lhaviyani, um importante polo turístico do arquipélago que até então só era atendido por rotas de hidroaviões, que só podem voar enquanto houver luz natural. A nova estrutura permite a operação de voos noturnos, que se encaixam melhor com os horários de chegada e saída dos voos internacionais em Malé.

 
 
Avião de grande porte pousa no Aeroporto Internacional Ibrahim Nasir, também chamado de Velana, em Malé, a capital das ilhas Maldivas Foto: Reprodução
Avião de grande porte pousa no Aeroporto Internacional Ibrahim Nasir, também chamado de Velana, em Malé, a capital das ilhas Maldivas Foto: Reprodução

Mesmo sendo o mais movimentado do país, e instalado no meio do principal centro urbano do país (entre a capital Malé e a charmosa Hulhumalé), o Aeroporto Internacional Ibrahim Nasir, também chamado de Velana, oferece um visual espetacular para os passageiros. Tanto para quem viaja nos aviões maiores, de companhias como Air France, British Airways, Emirates, Lufthansa e Turkish Airlines, quanto para quem embarca nos hidroaviões de companhias regionais como a Trans Maldivian, a Manta Air e a própria Maldivian.

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O segundo maior aeroporto do país, na ilha de Gam, é outro em que o passageiro já sente vontade de mergulhar no mar assim que desce do avião. Ele fica no atol Addu, o mais ao sul do arquipélago, e recebe voos da Srilankan Airlines para Colombo, a capital do Sri Lanka, e da Maldivian, para Malé. Sua história remonta aos anos 1950, quando foi construído para ser uma base da Força Aérea Britânica.

O Aeroporto Internacional de Gan, segundo maior das Ilhas Maldivas, também fica de frente para o mar Foto: Reprodução
O Aeroporto Internacional de Gan, segundo maior das Ilhas Maldivas, também fica de frente para o mar Foto: Reprodução

Um aeroporto que pode chamar muita atenção no futuro é o instalado na ilha de Hanimaadhoo, que atualmente recebe voos vindos de Thiruvananthapuram, na Índia. O governo de Maldivas procura parceiros para o projeto de reformulação total do terminal, que ganharia uma arquitetura futurista, passarelas para passageiros sobre as águas e um aumento significativo na capacidade de suas pistas, que poderiam receber aviões de grande porte como o Airbus A320 e o Boeing-737, possibilitando voos para países do Oriente Médio, Sudeste Asiático e leste da África.


O Globo segunda, 28 de fevereiro de 2022

CARNAVAL 2022: DOMINGO DE CARNAVAL EM SILÊNCIO SÓ NO SAMBÓDROMO

Domingo de carnaval em silêncio só no Sambódromo; Lapa e Leblon concentram a festa noturna dos foliões

Blocos improvisados, muito batuque, bares e ruas com agitos típicos da época pré-pandemia montaram o cenário carioca
 
Sambódromo da Marquês de Sapucaí, no Rio Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo
Sambódromo da Marquês de Sapucaí, no Rio Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo
 

RIO —  Quando o relógio da Marquês de Sapucaí apontou 21h30 da noite do domingo de carnaval, pelo segundo ano seguido, devido às restrições da pandemia da Covid-19, não foi ouvido o som da campainha que marca o início do desfile das escolas de samba do Grupo Especial. O palco estava pronto, a Avenida iluminada, as estruturas de cercas e andaimes no entorno do Sambódromo montadas, mas ao longo da noite só o silêncio no local, que, desde 1984, abriga o maior espetáculo da Terra. Se não aconteceu no ano passado, pelo menos agora está marcado para os dias 21 e 22 de abril.

'Rio Carnaval':  Segunda noite de desfiles na Cidade do Samba começa com Tuiuti, Tijuca e Mangueira

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Alguns poucos pedestres que passavam davam uma espiada por entre as grades e correntes que trancam o acesso à Marquês de Sapucaí. O sentimento de que faltava algo era visível em todos.

Mas não foi só ali que essa sensação vigorava. Na Zona Norte, mais especificamente na Estrada Intendente Magalhães, o mesmo vazio era sentido pelos moradores, acostumados com a movimentação dos desfiles dos grupos de acesso do Carnaval carioca. Menos badalados, é verdade, mas que despertam a mesma paixão e são tão disputados quanto o Grupo Especial.

 

No entanto, se nas passarelas de samba não havia festas nem aglomerações de foliões, por mais uma noite e madrugada, em outros pontos da cidade o cenário era o oposto. A pouco mais de dois quilômetros de distância da Sapucaí, blocos não oficiais faziam batuques improvisados na Lapa, onde a movimentação intensa de pessoas pelos bares e ruas dava a impressão de um fim de semana comum no período anterior à pandemia.

Confira:

O funcionamento de transportes e serviços no feriadão
Carnaval será com tempo firme e calor no Rio; confira a previsão

O mesmo panorama se repetiu na Zona Sul, em pontos conhecidos da boemia, como a Praça São Salvador, no Flamengo, e, de forma mais intensa, no Leblon, na região da Rua Dias Ferreira, onde uma multidão mostrou que pelo menos lá o carnaval transcorria normalmente.


O Globo domingo, 27 de fevereiro de 2022

RIO SHOW: DEZ PROGRAMAS PARA CURTIR COM AS CRIANÇAS NO FERIADÃO DE CARNAVAL

Dez programas para curtir com as crianças no feriadão de carnaval

Além dos passeios clássicos, como aquário e zoológico, lista inclui atividades recreativas
Teatro de Marionetes Carlos Werneck, no Aterro do Flamengo Foto: Divulgação/Gui Espindola
Teatro de Marionetes Carlos Werneck, no Aterro do Flamengo Foto: Divulgação/Gui Espindola
 

Seja no ritmo do Carnaval ou fugindo da folia, não faltam opções de passeios e atividades para aproveitar o feriadão com as crianças. A lista inclui recreação no Museu do Pontal, brincadeiras a céu aberto do Parque das Ruínas, últimas apresentações do Reder Circus com Diego Hypolito e Daniele Hypolito em Nova Iguaçu, e até passeio de barco na Baía de Guanabara. Confira.

Museu do Pontal

Além das seis exposições da mostra "Novos ares: Pontal reinventado" em cartaz, o museu que é referência internacional em arte popular brasileira oferece atividades para toda a família. Neste fim de semana, tem baú de brinquedos populares (12h e 16h) e visitas musicadas (11h e 15h), com ênfase em marchinhas de Carnaval, a partir da obra “Escola de Samba”, de Adalton Fernandes Lopes (1938 – 2005), com seus mais de 300 personagens em cerâmica que se movimentam ao ritmo da música.

Serviço: Avenida Celia Ribeiro da Silva Mendes 3.300, Barra. Qui a dom, das 10h às 18h. Contribuição voluntária.

'Cultura com as crianças'

A programação de atividades ao ar livre com crianças continua durante o feriadão. No sábado, tem o espetáculo "Povo de rua" (10h), no Teatro de Guignol Tijuca da Praça dos Cavalinhos, e uma série de brincadeiras populares com música, advinhações e bonecos (10h) no Parque das Ruínas, em Santa Teresa. As brincadeiras acontecem também no domingo (16h), no Centro Artur da Távola, na Tijuca. No mesmo dia, tem ainda rodinha de samba, reunindo sambas antigos e folclóricos (10h) no Teatro de Marionetes, no Aterro do Flamengo, e o espetáculo "Ossain e o Axé da Folha" (10h), no Teatro de Guignol Méier.

Serviço: Teatro de Guignol Tijuca: Praça Xavier de Brito (Praça dos Cavalinhos). Parque das Ruínas: Rua Murtinho Nobre 169, Santa Teresa. Centro da Música Carioca Artur da Távola: Rua Conde de Bonfim 824, Tijuca. Teatro de Marionetes e Fantoches Carlos Werneck de Carvalho: Av. Infante Dom Henrique s/nº, Flamengo. Teatro de Guignol Méier: Praça Jardim do Méier.

'Jardim das maravilhas de Miró'

Após passar por São Paulo, a exposição que homenageia o pintor catalão Joan Miró chega ao Rio propondo um passeio sensorial pelo universo do artista. Poemas, litografias, impressões e um jardim cenográfico compõem o percurso repleto de experiências imersivas. Durante o Carnaval, a exposição estará aberta à visitação de sábado a segunda-feira, e fechará na terça e na quarta-feira.

 
 

Serviço: Rio Design Barra - Av. das Américas 7777. Ter a sex, das 12h às21h. Sáb, das 10h às 22h. Dom, das 11h às 20h. R$ 60 via Sympla.

Espaço Cultural da Marinha

Neste fim de semana, o espaço cultural estará fechado, mas os passeios marítimos pela Baía de Guanabara esrão mantidos, com saídas às 13h15 e 15h. Na segunda e na terça-feira, funcionarão os passeios e o museu. No local, os visitantes podem entrar no submarino museu Riachuelo, no navio Bauru, na Nau dos Descobrimentos, o helicóptero Sea King e ao carro de combate Cascavel. Na quarta, o espaço estará fechado.

Serviço: Orla Conde (Boulevard Olímpico), s/n, entre o Largo da Candelária e a Praça XV — 4063-3003. Espaço Cultural da Marinha: Seg e ter, de 11h às 17h. R$ 14. Passeio Marítimo: Sáb a ter, 13h15 e 15h. R$ 42. Vendas pelo site Ingresso com desconto.

Os irmãos Diego e Daniele Hypolito no espetáculo 'Abradacabra', da Reder Circus Foto: Divulgação
Os irmãos Diego e Daniele Hypolito no espetáculo 'Abradacabra', da Reder Circus Foto: Divulgação

Reder Circus - 'Abracadabra'

Com participação dos ex-ginastas olímpicos Diego Hypolito e Daniele Hypolito, o espetáculo musical da Reder Circus tem mais de 50 artistas no picadeiro, além de orquestra ao vivo. Há trapezistas voadores, o "Globo da Vida", o palhaço Bossa Nova, foramalabaristas, acrobatas, bailarinos e outros artistas de circo.

Serviço: No estacionamento do Novo Shopping Nova Iguaçu. Av. Abílio Augusto Távora 1111. Sáb e dom, às 15h, 17h30 e 20h. Seg, ter, qui, sex, 20h. A partir de R$ 60 no site do circo.

 

'Diversão no Park'

Durante todo o feriado, o shopping oferece gratuitamente shows, área de brinquedos e oficinas artísticas, como pintura facial, biju, fantasia e bola mania, além da presença de personagens infantis. Entre as apresentações, estão a Bandinha da Diversão (sáb); o Circo do Macaco Prego (dom), com espetáculo teatral e brincadeiras; a turma do AfroReggae (seg); e o pessoal do Violúdico (ter), que faz um show musical e interativo.

Serviço: Shopping ParkJacarepaguá - Estrada de Jacarepaguá 6.069, Anil. Sáb a ter, 15h Às 20h. Grátis.

Bloquinho do Nico

Em ritmo de folia, o cortejo do Bloquinho do Nico agita o Shopping Metropolitano, na Barra, ao longo do fim de semana, com presença do mascote, bandinha ao vivo e recreadores.

Serviço: Shopping Metropolitano Barra - Av. Embaixador Abelardo Bueno 1300. Sáb e dom, 16h às 18h. Grátis.

AquaRio

O maior aquário da América do Sul vai funcionar todos os dias do feriadão, com promoção. Na "AquaFolia", que vai até terça-feira, o ingresso inteiro sairá por R$ 90, enquanto para nascidos e moradores do estado do Rio sai por R$ 70. Há ainda combos para visitar o AquaRio e o BioParque por R$ 130 (brasileiros) ou R$ 99 (estado do Rio), e ainda a opção AquaRio + Cristo Redentor, que sai a R$150 (brasileiros) ou R$ 100 (estado do Rio).

Serviço: Praça Muhammad Ali, Gamboa (3900-6670). Sáb a ter, 09h às 16h. Ingresso inteiro a partir de R$ 70.

 
 

BioParque

Com um novo conceito de integração dos bichos, o zoológico tem animais de 140 espécies divididas nas seções savana africana, carnívoros, asiáticos, imersão tropical, vila dos répteis, ilha dos primatas, fazendinha, reis da selva e Cerrado. O espaço está aberto todos os dias.

Serviço: Quinta da Boa Vista, São Cristóvão. Diariamente, 9h às 17h. Último horário de entrada às 16h. R$ 40.

Planetário da Gávea

O espaço funciona no fim de semana e fecha entre segunda e quarta-feira de Carnaval. Com três andares de exposição, o Museu do Universo apresenta experimentos interativos de Astronomia e Astrofísica. Há ainda sessões de cúpula com filmes temáticos projetados em superfícies esféricas para uma sensação de imersão no espectador.

Serviço: Rua Vice-Governador Rubens Berardo 100, Gávea (2088-0536). Museu: sáb e dom, 10h às 17h. Sessões de cúpula: sáb e dom, 10h, 11h, 14h, 15h e 16h30. R$ 15 (museu) ou R$ 30 (museu + sessão de cúpula). Ingressos em planetario.dsiarena.com.

 


O Globo sábado, 26 de fevereiro de 2022

SAÚDE: CIÊNCIA BUSCA SOLUÇÕES PARA CONTER ENVELHECIMENTO E ADIAR A MORTE

Com investimentos bilionários, ciência busca soluções para conter envelhecimento e adiar a morte

Entre os sócios das start-ups dedicadas à fórmula da vida (quase) eterna, está Jeff Bezos, da Amazon
Em 'Cocoon', filme de 1985, um grupo de idosos encontrava uma fonte da juventude. Sonho antigo da humanidade agora conta com investimentos pesados Foto: Divulgação
Em 'Cocoon', filme de 1985, um grupo de idosos encontrava uma fonte da juventude. Sonho antigo da humanidade agora conta com investimentos pesados Foto: Divulgação

Mais feijão, menos carne: estudo cria dieta que adiciona até 13 anos de vida

Fundadores de grandes empresas de tecnologia, como Jeff Bezos, da Amazon, Larry Ellison, da Oracle, e Sergey Brin e Larry Page, do Google, estão investindo bilhões de dólares em pesquisas biomédicas. 

A mais recente empreitada nessa busca se chama Altos Labs, uma startup no Vale do Silício, na Califórnia. A empresa já nasceu com um investimento de US$ 3 bilhões, três laboratórios - sendo dois nos EUA e um no Reino Unido – e um time dos sonhos de pesquisadores, incluindo diversos ganhadores do prêmio Nobel. Entre seus investidores estão Bezos e o bilionário russo-israelense Yuri Milner. Sua principal aposta é uma técnica chamada reprogramação celular. Em laboratório, ela se mostrou capaz de rejuvenescer células.

 

Flexibilização das restrições: Governadores discutem liberação de máscaras no país a partir de março

A mesma velha história

O envelhecimento não é só o acúmulo de aniversários e o aparecimento de rugas e cabelos brancos. Tudo isso é consequência de um processo natural do corpo humano, que ocorre em nível celular. Com o passar do tempo, as células se dividem menos. Nossos cromossomos se contraem e se quebram, os genes ligam e desligam ao acaso, as mitocôndrias se decompõem, as proteínas se desemaranham ou se aglomeram, as reservas de células-tronco regenerativas diminuem, os ossos se afinam, os músculos perdem força, os órgãos tornam-se lentos e disfuncionais, o sistema imunológico enfraquece e os mecanismos de auto-reparo falham. 

Nas últimas décadas, o desenvolvimento de remédios e vacinas, o saneamento básico, o cuidado com a alimentação e a prática de atividade física aumentaram consideravelmente a expectativa de vida humana. Entre 1990 e 2015, o número de centenários no mundo quintuplicou, chegando a 450 mil pessoas. No entanto, apesar de todos os avanços da medicina, ninguém foi capaz de superar o recorde da francesa Jean Calment, que faleceu em 1997, aos 122 anos. Ao menos até agora. As principais apostas hoje para estender a expectativa de vida buscam atuar no nível genético e molecular.

Ômicron:novos estudos identificam 115 sintomas da Covid longa

 

— Se realmente entendermos a biologia e pudermos redesenhar os humanos da maneira que na teoria é possível, então não haverá limites biológicos para a longevidade — diz o biológico português João Pedro de Magalhães, líder do Laboratório de Genômica Integrativa do Grupo de Envelhecimento da Universidade de Liverpool, na Inglaterra.

Vários caminhos

A reprogramação celular, principal aposta da Altos Labs, por exemplo, consiste em aplicar uma técnica desenvolvida por Shinya Yamanaka, vencedor do Prêmio Nobel de Medicina por por seu trabalho com células-tronco. 

Outra abordagem promissora visa eliminar as células senescentes. Quando as células são danificadas por toxinas ou radiação, elas entram em um processo conhecido como senescência. Esse processo ajuda a evitar o aparecimento de tumores. Por outro lado, o acúmulo dessas células libera substâncias que aumentam a inflamação. Isso, por sua vez, impulsiona doenças associadas ao envelhecimento.

 
   

O Globo sexta, 25 de fevereiro de 2022

MEDICINA CASEIRA: COPAÍBA - CONHEÇA OS BENEFÍCIOS DA PLANTA MEDICINAL QUE CHAMA A ATENÇÃO DOS CIENTISTAS

Copaíba: conheça os benefícios da planta medicinal que chama a atenção de cientistas

Muito comum no Brasil, árvore ganhou "cartilha" que destaca as propriedades que fazem bem à saúde
 
Copaíba da espécie Copaifera reticulata. Foto: Reprodução/Guia das Copaíbas
Copaíba da espécie Copaifera reticulata. Foto: Reprodução/Guia das Copaíbas
 

RIO — Combater bactérias, fungos e parasitas, controlar inflamações, aliviar a dor, diminuir a ansiedade, amenizar a enxaqueca e até tratar corrimentos vaginais. Substâncias naturais encontradas em variados tipos de Copaíbas possuem essas e outras ações que fazem bem para a nossa saúde. A planta medicinal é bem comum em solo brasileira e é a queridinha daqueles que optam pela fitoterapia. Os múltiplos benefícios da árvore vêm chamando a atenção de cientistas de todo o mundo.

A pesquisadora Mariana Santiago, aluna de doutorado na Universidade Federal de Uberlância (UFU), começou a estudar as Copaíbas ainda em sua graduação, quando analisou a atividade antibacteriana de algumas espécies. O interesse pela planta cresceu e o trabalho foi aprofundado no mestrado, feito na Universidade de Franca, que resultou no "Guia das copaíbas: pra quê serve?", uma cartilha que lista as principais propriedades naturais cientificamente comprovadas de nove espécies de Copaíbas encontradas no Brasil. O trabalho foi publicado por meio do projeto ObservaPICS da Fiocruz/PE.

 

As propriedades benéficas da Copaíba estão presentes em seu óleo, que pode ser extraído do tronco da árvore. Muitas pessoas usam o líquido de forma tópica (passando na pele) ou ingerem pela boca. De acordo com Santiago, quanto mais puro for esse óleo, mais conservadas estarão as propriedades da planta.

— É muito comum encontrar óleos de copaíbas que estão misturados com outras substâncias, já que o processo de extração não é capaz de produzir uma quantidade grande (nível industrial. Então, acabam misturando com outros óleos, com água, e acabam criando formulações com óleo de copaíba. Quanto mais pura for a substância que você adquirir, maiores a chances de obter o efeito desejado.

Cada espécie de Copaíba possui seus benefícios próprios, portanto, nem todas apresentam ação anti-inflamatória ou antibactericida. O Brasil concentra um terço dos tipos de Copaíbas já catalogadas em todo o mundo: 32 espécies das 96. Portanto, em solo brasileiro há uma variedade de árvores que podem contribuir para a manutenção da saúde. 
Para comprar um bom óleo de Copaíba Santiago orienta procurar por empresas que tenham compromisso com a sustentabilidade e possuem histórico de trabalho com a substância, ou então, pequenos produtores, normalmente encontrados em feiras livres, ou até mesmo em hortas comunitárias.

O fato de se tratar de um fitoterápico não faz do óleo de Copaíba inofensivo quando consumido exageradamente: em altas doses, ele pode causar problemas gástricos. O produto não é recomendado para gestantes ou lactantes, e também para pessoas que já tenham problemas gástricos.

"Uma planta medicinal é um remédio como qualquer outro que tem a capacidade de afetar o funcionamento do nosso organismo, por isso é importante associar o conhecimento popular, que aprendemos muitas vezes com nossos avôs, pais, tias, etc., com o conhecimento científico, para que possamos fazer uso desse recurso vegetal de forma segura e obter efeito desejado.", escreveu a pesquisadora na cartilha.

— Se tratando de fitoterapia e o uso de plantas medicinais é muito difícil dizer o que é correto e errado, por mais que medicina moderna esteja avançando, por muitos anos a população sobreviveu com esses saberes. Não podemos dizer que é errada a forma como as pessoas aprenderam a usar essas substâncias, pois elas vêm de um lugar de heranças culturais. Nossa intenção com a cartilha é alinhar as descobertas cientificas com esses saberes populares, potencializando ambos.

Copaíbas e suas propriedades medicinais

Copaifera reticulata

- Proteção contra bactérias;

- Proteção contra picada de insetos;

- Proteção contra ácaros;

- Proteção contra parasitas e vermes;

- Proteção das células do cérebro;

- Contra úlceras;

- Combate inflamações;

- Contra ansiedade;

- Alivia a dor em ferimentos;

- Protege as células do estômago;

- Alivia a tosse;

- Trata corrimento vaginal.

Copaifera multijuga

- Proteção contra picadas de insetos;

- Combate inflamações;

- Proteção contra parasitas e vermes;

- Proteção contra bactérias;

- Alivia a dor em ferimentos;

- Ajuda na cicatrização;

- Protege as células do estômago;

- Proteção contra vírus;

- Diminui a febre;

- Combate enxaqueca

Copaifera langsdorffii

- Combate inflamações;

- Proteção contra bactérias;

- Proteção contra fungos;

- Proteção contra parasitas e vermes;

- Combate doenças de pele;

- Ajuda na cicatrização;

- Protege as células do estômago.

Conheça outras espécies de Copaíbas e suas propriedades medicinais no "Guia das copaíbas: pra quê serve?"


O Globo quinta, 24 de fevereiro de 2022

GUERRA: FORÇAS RUSSAS ATACAM ALVOS EM TODA A UCRÂNIA APÓS PUTIN ORDENAR INVASÃO

Forças russas atacam alvos em toda a Ucrânia após Putin ordenar invasão

Centros de comando militares da Ucrânia na capital, Kiev, e em Kharkiv são alvo de ataque de mísseis; tropas russas chegam a Mariupol e Odessa
 
Fumaça preta sobe de um aeroporto militar em Chuguyev, perto de Kharkiv, na Ucrânia Foto: ARIS MESSINIS / AFP
Fumaça preta sobe de um aeroporto militar em Chuguyev, perto de Kharkiv, na Ucrânia Foto: ARIS MESSINIS / AFP

MOSCOU — Forças russas atacaram alvos em toda a Ucrânia, após o presidente Vladimir Putin prometer “desmilitarizar” o país e substituir seus líderes na manhã de quinta-feira, desencadeando uma "invasão em grande escala" contra o país e a pior crise de segurança na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, enquanto o Ocidente ameaça punir com mais sanções em resposta.

A Rússia lançou uma enxurrada de mísseis, artilharia e ataques aéreos na quinta-feira.  Explosões foram ouvidas em Kiev, a capital; em Kharkiv, a segunda maior cidade; e em Kramatorsk, na região de Donetsk, um dos dois territórios do Leste da Ucrânia reivindicados por separatistas apoiados pela Rússia desde 2014. Fumaça preta pôde ser vista no Ministério da Defesa da Ucrânia, no centro de Kiev.

 

Vídeo registrou comboio russo cruzando o posto de fronteira da Crimeia
Vídeo registrou comboio russo cruzando o posto de fronteira da Crimeia

Saiba mais:Capacidade militar russa supera, e muito, a ucraniana, mas Kiev tem ferramentas para responder a uma invasão


O Globo quarta, 23 de fevereiro de 2022

GASTRONOMIA: BENTÔ CAKES, BOLOS QUE CHEGAM EM MARMITAS JAPONESAS, VIRALIZAM

Bentô Cakes, bolos que chegam em marmitas japonesas, viralizam com frases divertidas, memes e desenhos

Marcas fazem sucesso na web com produção: "Tivemos um aumento de 300% de pedidos de delivery", contou Matheus Duarte, sócio da Afagá
Bento Cake da marca Dona do Doce Foto: Divulgação
Bento Cake da marca Dona do Doce Foto: Divulgação
 

Nas últimas semanas, a confeitaria Afagá produziu uma série de bolinhos de 10cm de diâmetro e decorações divertidas que vão de memes a declarações e alfinetadas. Os bentô cakes vieram da Coreia, logo pegaram por aqui, abocanharam o espaço do cupcake e ainda ganharam sabor especial com o humor do brasileiro. “Os bentô cakes foram os maiores responsáveis pelo nosso crescimento durante a pandemia, quando tivemos um aumento de 300% de pedidos de delivery. Eles viralizaram por conta das frases engraçadas. Vendemos umas cem unidades por mês”, conta Matheus Duarte, sócio da marca.

Os bolinhos que custam R$ 60 (encomendas: 21 98066-9563) chegam em embalagens como as de hambúrguer (eles usam uma biodegradável) e o sabor mais pedido é o de caramelo salgado. “Já fizemos para aniversários, mini-weddings e outras surpresas”, comenta Matheus.

Bentô Cake da Stay Sweet Foto: Divulgação
Bentô Cake da Stay Sweet Foto: Divulgação

 

Outras confeitarias cariocas que investem nos bolinhos na caixa são a Palhares Pâtisserie (encomendas: 21 99165-3699), das irmãs Cintia e Natalia Palhares, que se divertem com os pedidos personalizados, e a Dona do Doce (encomendas: 21 96662-7966), que recentemente produziu o divertido “te amo, fofoqueira”.


O Globo terça, 22 de fevereiro de 2022

TRADIÇÃO CARIOCA: RELEMBRANDO A FARRA NOS BONDES DO RIO DURANTE O CARNAVAL, DESDE OS ANOS 1930

Relembramos a farra nos bondes do Rio durante o carnaval, desde os anos 1930

 

Foliões viajam de bonde no Rio em 1951

 

Os veículos elétricos sobre trilhos que tanto se misturavam à paisagem carioca eram palco de muita farra no carnaval do Rio Antigo. A partir dos anos 1930, hordas de foliões podiam ser vistas lotando os bondes pra transitar pela cidade, de cortejo em cortejo e de bar em bar. Apinhado de gente de pé nos estribos, o pitoresco trenzinho era chamado nas ruas de "bonde alegria" durante esse período.

Fotos: Veja uma coleção de imagens antigas do carnaval de rua do Rio

Nos anos 1960, entretanto, quase todos esses veículos foram tirados de circulação no Rio, depois que o meio de transporte entrou em decadência por falta de investimentos . O município, que chegou a ser a cidade do mundo com o maior número de bondes abertos, viu sua malha viária diminuir drasticamente. Em 1963, circulou o último carro sobre trilhos na Zona Sul. No ano seguinte, foram eliminadas também as linhas que percorriam o Centro e a Zona Norte. Só ficaram os bondes que ligavam Santa Teresa ao Largo do Machado.

 

Bonde alegórico criado por foliões de São Cristovão em 1972

 

 

Mas ficou a saudade. No carnaval de 1972, há 50 anos, moradores de São Cristóvão decidiram recriar o bonde 36, linha que ligava o Largo da Cancela à Lapa e era chamado, na vizinhança, de Bonde Cancela. A turma descolou uma plataforma com pneus e um motor a diesel tirado de um trator. A geringonça, então, recebeu uma carroceria com o visual de um lindo bonde.

Em 1919: A euforia do carnaval no Rio após a gripe espanhola

Pilotados por um condutor de fartos bigodes e devidamente uniformizado, os foliões percorriam o bairro na Zona Norte cantando marchinhas como aquela que diz: "Não pago o bonde, iaiá/ Não pago o bonde, ioiô/ Não pago o bonde/ Que eu conheço o condutor". De acordo com a edição do GLOBO de 11 de fevereiro de 1972, havia entre os brincalhões muitos que não tinham idade para se lembrar de quando os vículos flutuavam sobre trilhos que costuravam a cidade.

 

Bonde de Santa Teresa decorado para o carnaval em 1985

 

 

Nos anos 1980, a Prefeitura do Rio promoveu um "retorno" dos bondes no carnaval, valendo-se da única linha que restava e resta até hoje (Santa Teresa - Largo da Carioca). Em 1985, por exemplo, dois veículos foram decorados a pedido do executivo municipal. Um deles, onde viajava o então prefeito, Marcello Alencar, ganhou dois fartos seios cobertos por uma lingerie preta na parte da frente e, logo, foi apelidado de "Fafá de Belém". Por onde passavam os trenzinhos, era uma festa com chuvas de confete e serpentina.

Instagram: Siga nosso perfil, com 96 anos de memória visual do Rio

Já no início do século XXI, foi a vez de o Bloco do Céu na Terra resgatar a memória dos bondes. Sempre no último sábado do pré-carnaval, a banda chegava a bordo de um veículo coberto de fitas coloridas, flores, máscaras e outros enfeites. Eles encontravam os foliões no Largo do Curvelo e, dali, o bonde ia flutuando vagaroso pelas ladeiras do bairro até o Largo das Neves, o tempo todo rodeado de gente fantasiada brincando e cantando marchinhas, com os sobrados antigos da área servindo de pano de fundo. Uma delícia.

 

Cortejo do Bloco do Céu na Terra a bordo do bonde de Santa Teresa, em 2008

O Globo segunda, 21 de fevereiro de 2022

SUPERCOPA DO BRASIL: ATLÉTICO-MG SUPERA FLAMENGO NOS PÊNALTIS E CONQUISTA O TÍTULO

Atlético-MG supera Flamengo nos pênaltis e conquista a Supercopa do Brasil

Galo vence por 8 a 7 nas cobranças alternadas e fatura mais um título; Rubro-negro tem quatro penalidades para ser campeão
ES Cuiabá (MT) 20 / 02 / 2022 - SUPERCOPA DO BRASIL.ATLÉTICO/MG X FLAMENGO- Nacho FernándezLocal: Arena PantanalFoto: Pedro Souza / Atlético MG Foto: Foto: Pedro Souza / Atlético MG / Agência O Globo
ES Cuiabá (MT) 20 / 02 / 2022 - SUPERCOPA DO BRASIL. ATLÉTICO/MG X FLAMENGO - Nacho Fernández Local: Arena Pantanal Foto: Pedro Souza / Atlético MG Foto: Foto: Pedro Souza / Atlético MG / Agência O Globo
 

Golaços, virada, astros em destaque, clima quente... Flamengo e Atlético-MG reuniram todos os ingredientes para produzir a melhor partida da temporada brasileira até aqui. Nada mais justo que o título fosse definido nos pênaltis. E na marca da cal, melhor para o alvinegro, que contou com o brilho de Everson para vencer por 8 a 7, após empate em 2 a 2 no tempo regulamentar, e ficar com a Supercopa.

Campeão, o Atlético-MG agora é o quarto clube a vencer a Supercopa — o Flamengo tem duas conquistas (2020 e 2021), enquanto Grêmio (1990) e Corinthians (1991) tem uma. O Galo também faturou R$ 5 milhões em premiação.

A Supercopa foi eletrizante do início ao fim, digna de dois clubes que lutam para assumir o protagonismo do futebol brasileiro. Claro, houve a infelicidade do goleiro Hugo Souza, que falhou ao dar o rebote que permitiu Nacho Fernández abrir o placar para o Galo. Mas sem esse erro, não falaríamos de como Gabigol brilhou ao marcar em sua terceira Supercopa seguida para empatar.

 Os erros também mudaram de lado. Diego Godín, o histórico zagueiro do Atlético de Madrid e da seleção uruguaia, se enrolou e deixou Bruno Henrique livre para virar para o Flamengo. Sorte a dele é que o outro astro da partida também deixou a sua marca: Hulk, no final da segunda etapa, em lance de muita categoria, recolocou o Galo na partida.

Antes das penalidades, os técnicos Paulo Sousa e Turco Mohamed se cumprimentaram satisfeitos do espetáculo que entregaram. Mas o título só poderia ficar com um. Nas série de cinco, todos acertaram. Nas alternadas, Guga perdeu para o o Galo e Willian Arão para o Flamengo. Everson isolou sua cobrança, mas Matheuzinho também perdeu. Depois que Mariano errou, Fabrício Bruno desperdiçou. Em seguida, Diego Godín isolou, mas Hugo Souza também errou.

Quando a disputa voltou para a lista normal, Hulk acertou e Vitinho errou. Dando o título para o Galo.


O Globo domingo, 20 de fevereiro de 2022

TURISMO: VEJA AS IMAGENS DA CASA DE PONTA-CABEÇA COLOMBIANA

Veja as imagens da casa de ponta-cabeça que virou um curioso ponto turístico na Colômbia

Nos arredores de Bogotá, La Casa Loca troca o piso pelo teto e rende ótimas fotos para as redes sociais
Pessoas caminham em frente à Casa Loca, construção de ponta-cabeça em Guatavita, perto de Bogotá, na Colômbia Foto: JUAN BARRETO / AFP
Pessoas caminham em frente à Casa Loca, construção de ponta-cabeça em Guatavita, perto de Bogotá, na Colômbia Foto: JUAN BARRETO / AFP
 

RIO - É, de fato, uma casa muito engraçada. E muito louca também. Virada de ponta-cabeça, a Casa Loca se transformou numa inusitada atração turística desde que foi inaugurada, em 8 de janeiro, na pequena Guatavita, cidade nos arredores de Bogotá, a capital da Colômbia.

A graça de visitar a instalação é ter a sensação de caminhar no teto e ver objetos como cama, vasos sanitários e mesas de cabeça para baixo. E, claro, garantir fotos engraçadas e com grande potencial de sucesso nas redes sociais.

O espanto se dá ainda do lado de fora, quando o visitante avista a casa literalmente de ponta-cabeça, com o teto tocando o chão e um carro estacionado na garagem com as rodas para cima. O visitante pode caminhar pelos dois andares da construção, onde encontra quartos, salas de estar, jantar e jogos, cozinha e banheiros que poderiam parecer convencionais, não fosse pelo fato de estarem invertidos.

Além disso, a casa não está apenas de ponta-cabeça. Ela está também inclinada a cinco graus, o que causa uma sensação ainda mais estranha, de que se pode escorregar a qualquer momento.
 

La Casa Loca, também conhecida como Casa al Revés ("casa ao contrário") é uma criação de Fritz Schall, um austríaco radicado na Colômbia e inspirado numa instalação semelhante, na cidade de Terfens, na região alpina de seu país natal. Schall e sua família visitaram o lugar em 2015 e desde então foi tomado pela ideia de construir uma casa invertida na Colômbia.

"Todo mundo olhou para mim como se eu estivesse louco, eles não acreditaram no que eu estava dizendo. Eu disse: 'Vou fazer uma casa de cabeça para baixo', e eles me disseram: 'Ok, senhor, com certeza, vá em frente.'', disse o empreendedor à agência de notícias Reuters.

A construção, como tudo, foi atrasada pela pandemia e, após alguns adiamentos, La Casa Loca foi aberta ao público em janeiro. A princípio, tem atraído bastante atenção dos moradores da região, sobretudo da capital, distante apenas 60 quilômetros de Guatavita. O ingresso custa 18 mil pesos colombianos (cerca de R$ 23).  Mais informações no site casaloca.co.


O Globo sábado, 19 de fevereiro de 2022

VASCO DA GAMA: DESAFOGAR A DUPLA RENÊ E RANIEL É PRINCIPAL DESAFIO DO TIME

Análise: Desafogar dupla Nenê e Raniel é principal desafio ofensivo no Vasco

Jogadores são responsáveis por nove de 14 gols marcados na temporada
Raniel e Nenê têm sido os principais jogadores do Vasco em 2022 Foto: Zimel / Agência O Globo
Raniel e Nenê têm sido os principais jogadores do Vasco em 2022 Foto: Zimel / Agência O Globo

O maior desafio nas mãos de Zé Ricardo atualmente é criar mecanismos que desafoguem a dupla. Quando mais o jogo estiver centralizado nos dois, mais previsível será o futebol da equipe e, consequentemente, mais fácil será neutralizá-lo.

Gabriel Pec desponta como a resposta óbvia, mas só à primeira vista. Ele vive bom começo de temporada, sendo a principal válvula de escape do time quando ele busca a transição rápida. Mas é justamente isso, somado com a exigência na marcação, que esgota o jogador fisicamente no decorrer dos jogos.

 Foi assim contra o Bangu. Pec começou muito perigoso pelo lado esquerdo do ataque vascaíno. Com o tempo, perdeu presença. Como ainda tem dificuldades para finalizar com mais qualidade, o atacante não dá conta de ser essa alternativa.

Fica evidente a necessidade de o Vasco ter outro jogador de maior força e velocidade pelo lado direito. Bruno Nazário não é esse jogador, ainda que não esteja comprometendo. Se não existe essa opção no elenco, que a diretoria vá ao mercado. Não é apenas de Zé Ricardo a tarefa de preservar Raniel e Nenê.

Especialmente o camisa 10 precisa disso, para aguentar a sequência da temporada. O jogo contra o Bangu mostrou como a qualidade técnica de Nenê ainda consegue ser decisiva, por mais que fisicamente o rendimento do jogador não seja o mesmo de antes.

Nenê precisa de um leve toque de rosca, como foi o passe para Raniel, ou de uma bola parada, como a cobrança de falta, para desequilibrar. Ao tirar um pouco o foco de seu principal jogador, o Vasco fará com que ele siga importante por mais tempo.


O Globo sexta, 18 de fevereiro de 2022

MISS ALEMANHA: DOMITILA BARROS, MODELO BRASILEIRA, É FINALISTA DO CONCURSO

Vai ter favela no Miss Alemanha', diz modelo e ativista brasileira finalista do concurso

Domitila Barros, de 37 anos, nasceu em Recife e foi para Berlim fazer mestrado em Serviço Social; pernambucana usou as redes sociais para agradecer o apoio
Brasileira Domitila Barros é finalista do Miss Alemanha Foto: Reprodução/Redes sociais
Brasileira Domitila Barros é finalista do Miss Alemanha Foto: Reprodução/Redes sociais
 

RIO — Pela primeira vez na história, uma mulher brasileira, nascida na favela, será finalista do Miss Alemanha. A modelo e ativista social Domitila Barros, de 37 anos, foi selecionada para a grande final que ocorre na noite deste sábado, na cidade de Rust.

Domitila passou pela semifinal na noite de quarta-feira. Após a conquista, a brasileira foi às redes sociais comemorar. "Ontem foi sem dúvidas um momento histórico! Pela primeira vez na história teremos favela, muçulmana, transgender negra & 11 missões na final do Miss Alemanha", escreveu.

— Eu não estou sabendo colocar em palavras o tamanho da gratidão e da felicidade que eu estou sentindo. Muito obrigada a quem assistiu, a quem votou, a quem mandou mensagem de apoio. Minha gente, vocês não têm noção do corre que foi nos últimos dias, com tanta emoção, tanto choro. E vocês me possibilitaram viver essa noite, que jamais vou esquecer na minha vida — disse.

 
Natural de Recife, Domitila é modelo, empreendedora social, atriz e influenciadora de mídias sociais. Ela desenvolve projetos sociais há mais de 20 anos. Sua participação no concurso de miss deve-se a uma mudança na estrutura e propósito da competição.

O Miss Alemanha passou por um processo de redefinição há dois anos e deixou de ser apenas um concurso de beleza. Agora, a organização da competição leva em conta principalmente o empoderamento feminino como critério de escolha da vencedora.

— O mundo é um lugar complicado e quero fazer a minha parte para torná-lo melhor. O Miss Alemanha seria um grande parceiro nesta missão e é por isso que estou tão feliz por estar aqui e compartilhar minha trajetória de vida com vocês. Porque, no final das contas, eu sei que você não pode fazer isso sozinho, você precisa de uma comunidade, talentos, opiniões e habilidades diferentes para fazer mudanças — escreveu Domitila, em seu perfil no Instagram, na altura em que foi selecionada.

 

 


O Globo quinta, 17 de fevereiro de 2022

GASTRONOMIA: BAR CHANCHADA, RECÉM-ABERTO, OFERECE PETISCOS TRADICIONAIS E CERVEJA GELADA

Recém-aberto, Bar Chanchada junta a turma do quartinho com a do nosso e oferece petiscos tradicionais e cerveja gelada

“Fazer o simples parece fácil, mas fazê-lo bem feito é difícil. Preparo uma comida sem firula, mas com muito sabor”, diz o chef Bruno Katz
 
Prato do Bar Chanchada, em Botafogo Foto: Ana Branco / Agência O Globo
Prato do Bar Chanchada, em Botafogo Foto: Ana Branco / Agência O Globo
 

Desde o primeiro dia em que abriu as portas, no fim de janeiro, o Chanchada já lotou a calçada em frente. Pudera, a receita é certeira. O bar reúne uma turma que entende tanto de criar novos points quanto de cozinha: Edu Araújo e Jonas Aisengart, proprietários do Quartinho Bar e do Pope Ipanema, se juntaram a Vinicius Bordalo (sócio no Pope), Bruno Katz e Rodrigo Vasconcellos, que comandam o Nosso, em Ipanema. “O Chanchada, um botequim dos anos 1940 1960, é um projeto antigo que tenho. Cresci na Zona Norte, em Olaria, e sentia falta dos botecos típicos de subúrbio na Zona Sul. Nos juntamos com a turma do Nosso e trouxemos a alta gastronomia para o ambiente do botequim. Deu muito certo: fizemos um bar para 40 pessoas e estamos recebendo 120 por dia”, conta Edu.

Pequenininho e com decoração divertida, com balcão e banquetas, azulejos em tom de azul clarinho e paredes cor-de-rosa, um São Jorge no altar e vasos de costela-de-adão na porta e comigo-ninguém-pode nas prateleiras, a pedida dali é o chope gelado e os petiscos. Há bolinhos (bacalhau, bochecha e espinafre), pastéis (camarão, milho e carne), pratos frios, como conserva de cogumelos com grão-de-bico e berinjela com coalhada da casa, e quentes, como coração de pato, frango à passarinho e salada de batata com polvo grelhado e ovo estalado. De sobremesa, mais clássico: pudim com ameixa.

 Tudo preparado pelo chef Bruno Katz, que se divide entre a nova casa e o menu sofisticado do restaurante Nosso. “Está sendo desafiador, são casas com públicos muito diferentes, vou de um extremo ao outro. Criamos um cardápio com os clássicos de boteco, as comidas de expressão carioca. Fazer o simples parece ser fácil, mas fazê-lo bem feito é difícil. Preparo uma comida sem firula, mas com muito sabor”, conta Katz. “O ambiente também é bem de bar carioca, mas, diferentemente da maioria, temos um atendimento muito cuidadoso”, completa.

 


O Globo quarta, 16 de fevereiro de 2022

MPB: CONHEÇA AGNES NUNES, A BAIANA DE 19 ANOS QUE CONQUISTOU CAETANO VELOSO

Conheça Agnes Nunes, a baiana de 19 anos que conquistou Caetano Veloso e acaba de lançar seu primeiro álbum

“Fiquei maravilhado com Agnes Nunes desde que vi seus vídeos paraibanos, em casa, ao piano, talento forte e real”, elogiou Caetano Veloso
Agnes Nunes Foto: Pedro Napolinário / Pedro Napolinário
Agnes Nunes Foto: Pedro Napolinário / Pedro Napolinário

Agnes afirma que o disco é uma “reflexão real” de sua vida e passeia por diferentes fases. “Esse trabalho sempre será um dos mais lindos e verdadeiros. Dei a cara a tapa por ser completamente apaixonada pela arte. Sei que tem muita gente por aí que vai entender esse projeto, que se identificará com as letras e permitirá que as melodias toquem o coração. A música me salvou, me trouxe até aqui.”

 Filha de uma professora universitária, a cantora nasceu em Feira de Santana, na Bahia, e mudou-se aos nove meses para o sertão da Paraíba. “Mainha precisou ir à luta para nos sustentar e fui morar um tempo com vovó. Com meu pai, não tive contato. Claro que chorei em datas festivas, mas mamãe nunca me desamparou. Desempenhou os dois papéis com maestria. Aprendi cedo que tudo OK não ter a presença masculina em casa. Foi incrível crescer cercada por mulheres inspiradoras.”

Com a mãe, aliás, descobriu o poder da música popular brasileira. Já a avó a introduziu ainda menina ao universo do forró de serra. Sozinha, apaixonou-se por Nina Simone e Etta James. “Sou esse caldeirão de referências”, observa a jovem estrela, que caiu nas graças de um olheiro aos 14 anos, depois de publicar um cover na internet. “Na minha cabeça, não existia a menor possibilidade dessa profissão dar certo, mas resolvi arriscar. Disse: ‘Mainha, se não funcionar, faço minha faculdade de História e viro professora’. Aos 17, formada no Ensino Médio, minha mãe e eu partimos rumo ao Rio de Janeiro”, recorda. “As coisas começaram a acontecer e vi que poderia viver desse sonho. Lancei uma canção aqui, outra ali; e, no início da pandemia, iniciei a produção desse álbum. Foram 20 meses compondo e gravando.”

Tempo suficiente para conquistar fãs do porte de Caetano Veloso: “Fiquei maravilhado com Agnes Nunes desde que vi seus vídeos paraibanos, em casa, ao piano, talento forte e real. Orgulhoso pelo fato de ela ter nascido no mesmo estado que eu. E grato por ela ter ido parar na Paraíba, lugar que educa muito. Como segurar a emoção diante dela cantando ‘Você é linda’? A gente olha para ela e pensa: a frase que está cantando é a que meu espírito diz a ela. A música sendo de minha autoria, o círculo se fecha”.

Ao longo do processo, Agnes revisitou memórias, nem todas agradáveis. Trouxe à tona o racismo que precisou enfrentar logo nos primeiros anos da adolescência. “Era atacada constantemente nas ruas e na escola. Mandavam eu raspar meus cabelos para nascer outros bons, perguntavam o que escondia no meu black. Sofri bastante nesse mundo, e a dor me fez amadurecer precocemente. Só para constar: achava meu look um deslumbre.”

Nos 45 do segundo tempo, nasceu a faixa título do disco. “Escrevi ‘Menina mulher’ para minha avó, durante um período na Península de Maraú, na Bahia. Ela sempre teve relacionamentos complicados, chorava constantemente. Falo para vovó num trecho: ‘Esqueça logo esse moço, não perca tempo, vem dançar’. Foi nessa pequena temporada que perdi meu medo do mar. Enxerguei como um renascimento.”

Pesquisador de cultura pop da Universidade Federal de Pernambuco, Thiago Soares inclui Agnes dentro das novas vozes negras da música nacional, colocando em pauta temas urgentes: a questão racional, machismo. E vai além. “O que a torna singular é esse diálogo com o r&b. Lá fora, temos Solange Knowles (irmã de Beyoncé) que mistura esse som com o pop muito bem”, analisa Soares. Para Simone Pereira de Sá, professora de Estudos de Mídia da UFF, com pesquisas em música pop e internet, o trabalho de Agnes merece ser acompanhado pela linguagem e pela personalidade. “Ela grava músicas preferencialmente românticas, com refrões chicletes, no melhor sentido da palavra. Faz clipes elaborados, com narrativas e roupagem. É muito interessante.”

Com shows marcados na Inglaterra e em Portugal, a baiana afirma que está preparada para o sucesso: “Quero mostrar que é possível chegarmos a algum lugar. Saí do sertão e aqui estou, pronta para colher os frutos”.


O Globo terça, 15 de fevereiro de 2022

TURISMO: DE WOOCY AOS INCRÍVEIS, PERSONAGENS DA PIXAR EMBARCAM NOS CRUZEIROS DA DISNEY

De Woody aos Incríveis, personagens da Pixar embarcam nos cruzeiros da Disney

Pixar Day at Sea levará, em 2023, atividades inspiradas em filmes como 'Toy Story' e 'Procurando Nemo' ao navio Disney Fantasy
Personagens de 'Os Incríves' a bordo do navio de cruzeiros Disney Fantasy, que receberá o evento temático Pixar Day at Sea em 2023 Foto: Disney Cruise Line / Divulgação
Personagens de 'Os Incríves' a bordo do navio de cruzeiros Disney Fantasy, que receberá o evento temático Pixar Day at Sea em 2023 Foto: Disney Cruise Line / Divulgação
 

RIO - No café da manhã, um waffle com Woody. Antes do almoço, brincadeira nada assustadoras com Mike e Sully. E, após o jantar, uma aventura ao lado de Sr. Incrível e família. Esta é apenas parte da programação do Pixar Day at Sea, evento temático que acontecerá a bordo do navio de cruzeiros Disney Fantasy, entre janeiro e março de 2023.

Será a estreia de personagens da Pixar nesse tipo de evento da Disney Cruise Line, seguindo os mesmos moldes do Marvel Day at Sea e do Star Wars Day at Sea, dois grandes sucessos em alto-mar. Trata-se de um dia inteiro com encontros com personagens, refeições temáticas, exibição de filmes, festas e shows especiais inspirados em clássicos do estúdio de animação como "Toy Story", "Monstros SA", "Procurando Nemo", "Os Incríveis", "Up: altas aventuras" e "Divertida mente".

Persnagens de 'Toy Story' também estarão presentes no Pixar Day at Sea, evento temático da Disney Cruise Line, em 2023 Foto: Disney Cruise Line / Divulgação
Persnagens de 'Toy Story' também estarão presentes no Pixar Day at Sea, evento temático da Disney Cruise Line, em 2023 Foto: Disney Cruise Line / Divulgação

Leia mais:novo navio Disney Wish terá bar de 'Star Wars' e 'Frozen' no jantar

Entre os destaques da programação estão um novo espetáculo noturno baseado em "Os Incríveis" e uma peça teatral com música ao vivo e marionetes de "Viva - A vida é uma festa". Os passageiros também poderão encontrar os personagens nos restaurantes do navio. No café da manhã haverá uma experiência interativa com Woody, Jesse e Bala no Alvo, de "Toy Story". No jantar, haverá desde um menu com pratos inspirados nos filmes da Pixar até refeições ao lado de personagens de "Procurando Nemo", no restaurante Animator's Palate.

O evento acontecerá em nove datas entre janeiro e março de 2023, sempre em cruzeiros de sete noites pelo Caribe Oriental (com paradas em Tortola e St. Thomas, nas Ilhas Virgens; e San Juan, em Porto Rico) e pelo Caribe Ocidental (Cozumel, no México; Ilhas Cayman e Falmouth, na  Jamaica) - ambos roteiros saindo de Porto Canaveral e incluindo paradas na ilha privativa da Disney, a Castaway Cay.

O Pixar Day at Sea, evento temático a bordo do navio Disney Fantasy em 2023, terá a presença de personagens do filme 'Divertida mente' Foto: Disney Cruise Line / Divulgação
O Pixar Day at Sea, evento temático a bordo do navio Disney Fantasy em 2023, terá a presença de personagens do filme 'Divertida mente' Foto: Disney Cruise Line / Divulgação

No mar:do 'tamanho família' ao luxo extremo, cinco cabines de navios de cruzeiros incríveis

O navio escolhido para receber tripulantes tão animados será o Disney Fantasy, atualmente o mais moderno da frota da companhia - titulo que passará ao Disney Wish, com inauguração prevista para julho. Com 339 metros de comprimento e 66 metros de altura, ele tem capacidade para até quatro mil passageiros em suas 1.250 cabines. Entre suas atrações a bordo, há o teatro Walt Disney, com capacidade para 1.340 pessoas, o cinema Buena Vista, com 399 assentos, e a montanha-russa aquática AquaDuck, na área do parque aquático, no 12º deque.

 

O Disney Fantasy atualmente é o navio do Star Wars Day at Sea, o dia temático do universo criado por George Lucas, e que ainda tem três datas confirmadas para fevereiro e março, em roteiros de sete dias pelo Caribe. Além de proporcionar oportunidades de encontro e fotos com personagens (de Darth Vader até os misteriosos Jawas), o evento conta com espetáculos especiais e uma série de atividades para os fãs mais apaixonados da franquia, que vão desde desfiles de fantasias a concursos de perguntas e respostas.

Já os fãs de Homem de Ferro, Homem Aranha, Thor e outros Vingadores podem reservar um lugar a bordo do Disney Dream, o navio gêmeo do Fantasy, que abriga o Marvel Day at Sea. Até março e nos três primeiros meses de 2023, há 12 datas disponíveis, sempre em roteiros de cinco dias saindo de Miami e passando por Bahamas, Ilhas Cayman e Castway Cay. A bordo do navio, não faltam chances de encontrar com os personagens que saltaram dos quadrinhos para a mais rentável franquia cinematográfica dos nossos tempos, de jantares temáticos a aulas de como ser um super-herói.


O Globo segunda, 14 de fevereiro de 2022

MUNDIAL DE CLUBES: FUTURO MUNDIAL DE CLUBES DEVE ER CAMINHO MAIS LONGO RUMO AO TÍTULO, OITO EUROPEUS E SEIS SUL-AMERICANOS

 

Futuro Mundial de Clubes deve ter caminho mais longo rumo ao título, oito europeus e seis sul-americanos

Relatório inicial do novo formato previa ainda África, Ásia e Américas do Norte e Central com três vagas cada, enquanto Oceania briga por uma. Implementação e data da realização do torneio seguem sob impasse
 
Infantino entrega a taça ao capitão do Chelsea, Azpilicueta. Edição do 2021 do Mundial deve ser a última no atual formato Foto: GIUSEPPE CACACE / AFP
Infantino entrega a taça ao capitão do Chelsea, Azpilicueta. Edição do 2021 do Mundial deve ser a última no atual formato Foto: GIUSEPPE CACACE / AFP
 

Ser campeão do Mundial de Clubes — título que o Palmeiras deixou escapar para o Chelsea, sábado, na prorrogação — será uma tarefa ainda mais complicada a partir de agora, caso os planos da Fifa se concretizem. A entidade tem aprovado desde 2019 um novo formato para a competição: quadrienal, 24 clubes e uma fase de grupos, mas sua implementação ainda é rodeada de incertezas.

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Naquele ano, a entidade, já presidida por Gianni Infantino, buscava um formato mais atraente para o torneio, que envolvesse de fato vários clubes ao redor do mundo. Ventilou-se a hipótese de 32 participantes, mas a ideia final para o piloto da competição, aprovada pelo conselho executivo, foi a de 24 clubes envolvidos.

Nesse novo formato, as equipes serão divididas em oito grupos de três participantes, com os vencedores de cada um avançando às quartas de final. Ou seja, além dos confrontos dos grupos, sul-americanos e europeus, que entram direto nas semifinais no formato atual, precisariam fazer um jogo eliminatório a mais.

O processo de classificação à competição ainda deve ser alvo de reuniões entre as confederações, mas a agência de notícias “Associated Press” teve acesso ao relatório inicial, em 2019.

Participariam oito europeus: os quatro últimos campeões da Champions League e da Liga Europa, as duas principais competições do continente. Haveria a possibilidade de a Uefa vetar múltiplas participações de equipes do mesmo país. Os vice-campeões também poderiam garantir vagas, caso os clubes vencedores desses torneios se repitam ao longo dos quatro anos.

Na América do Sul, os vencedores das últimas duas edições da Libertadores e da Sul-Americana garantiriam quatro das seis vagas, ainda sem definição quanto às restantes. O esquema completo, incluindo os demais continentes, teria:

  • América do Sul: 6 vagas, quatro para os campeões das duas últimas edições de Libertadores e Sul-Americana. Duas indefinidas.
  • Europa: 8 vagas, todas para os campeões das últimas quatro edições de Champions League e Liga Europa. Uefa pode vetar times do mesmo país e vice-campeões podem ganhar vagas caso campeões se repitam.
  • Ásia: 3 vagas, duas para os últimos campões da Champions da AFC e a terceira para o vencedor de um mata-mata entre os dois vice-campeões.
  • África: 3 vagas, duas para os finalistas da Champions da CAF e uma para o vencedor de confronto entre os semifinalistas eliminados.
  • Américas do Norte e Central: 3 vagas, duas para os finalistas da Champions da Concacaf e uma ainda indefinida.
  • Oceania: uma vaga disputada entre o campeão continental e uma equipe do país anfitrião.

Vale lembrar que esse relatório é de antes de uma mudança geral de planos da Fifa, dada a pandemia da Covid-19. A ideia inicial eraa de que o torneio estreasse no ano passado, ocupando a vaga no calendário internacional da extinta Copa das Confederações. A sede seria a China.

Em comunicado divulgado em março de 2020, quando a pandemia foi declarada, Infantino prometeu decidir a data de implementação do torneio “quando a situação estivesse mais clara”. Algumas opções, segundo ele, seriam adiar para o fim de 2021, 2022 ou 2023, já contradizendo a ideia de ocupar a vaga da Copa das Confederações.

— Ainda temos que trabalhar no processo de encontrar datas, e esse não é um desafio fácil. — afirmou Infantino antes da final da edição 2020 do Mundial, em fevereiro do ano passado.

O Mundial é parte de seus planos ousados. Um das principais vitórias do mandato do italiano foi conseguir alterar o número de participantes da Copa do Mundo de 32 para 48. Agora, quer mudar a periodicidade de quatro anos para dois.

 


O Globo domingo, 13 de fevereiro de 2022

MÚSICA: MARTINHO DA VILA, 84 ANOS - *SE PERDER A ESPERANÇA, PERDEU TUDO*

Martinho da Vila, 84 anos: ‘Se perder a esperança, perdeu tudo’

Sambista canta o otimismo pelo brasil em novo álbum; afirma que o racismo é ‘curável’; diz que gostaria de conquistar o presidente da Fundação Palmares; e defende o adiamento dos desfiles das escolas de samba para 2023
‘Corretores zoológicos’. Próximo enredo da Vila Isabel, Martinho pondera que a relação com o jogo do bicho nas agremiações é inevitável Foto: Hermes de Paula
‘Corretores zoológicos’. Próximo enredo da Vila Isabel, Martinho pondera que a relação com o jogo do bicho nas agremiações é inevitável Foto: Hermes de Paula
 

Na camisa com que Martinho da Vila aparece para a entrevista estão versos de um de seus maiores sucessos: “Canta, canta, minha gente! (...) A vida vai melhorar”. Aos 84 anos, completados ontem, ele insiste na esperança. O álbum que vai lançar em março, “Mistura homogênea”, tem letras otimistas, como as de “Era de Aquarius”, duo com o rapper Djonga, e “Unidos e misturados”, com Teresa Cristina, ambas já nas plataformas. Também participam Zeca Pagodinho, Xande de Pilares, todos os filhos e a escritora moçambicana Paulina Chiziane, última vencedora do Prêmio Camões.

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Nesta entrevista por vídeo, Martinho tempera com risadas mesmo temas como o machismo na música e as ligações perigosas das escolas de samba. Mas fica sério ao falar de racismo e Jair Bolsonaro. Enredo da sua Unidos de Vila Isabel, ele diz que só deveria voltar a haver desfiles em 2023.

 

A música “Era de Aquarius” tem uma visão muito otimista do futuro do país. O Brasil justifica essa esperança?

Está difícil. Mas você não pode perder a esperança. Se perder a esperança, perdeu tudo. Muita gente fala “otimista” como se fosse uma palavra depreciativa. Os otimistas é que mudaram o mundo. Aquele que vai para o jogo pensando “o nosso time não vai ganhar”, aí é que não ganha mesmo.

Temos tido muitos exemplos de racismo, como o assassinato do congolês Moïse Kabagambe. Você tem esperança em ver o Brasil menos racista?

O racismo é uma doença terrível, mas, segundo o Nelson Mandela, é uma doença curável. Ninguém nasce racista. Aprende a ser racista. E, se aprende a ser, pode aprender a amar o próximo. O racismo está forte. E agora, com a internet, as pessoas podem fazer agressões e ficar escondidas. Então, os racistas botaram as asinhas de fora.

Você vê alguma relação entre esses fatos e as posições do governo federal?

Tem a ver. O presidente não dá bons exemplos. Ele dá maus exemplos. E a função do chefe é dar exemplos. Eles não vêm debaixo, vêm de cima. Quem toca as coisas é o chefe da família, o chefe da nação.

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Em agosto de 2021, no “Roda Viva”, você chamou Sérgio Camargo de “preto de alma branca” e disse que “a Fundação Palmares não existe”.

Eu gostaria de me encontrar com ele por acaso. A melhor arma é a conquista. Se eu te faço uma coisa ruim e você reage com força, dá margem para eu reagir com força também. Na verdade, tem de dizer: “Calma aí!” É preciso tentar conquistar o sujeito: “Você é tão maneiro!” Quando falei que ele era preto de alma branca, não era o que eu queria dizer. A expressão saiu rapidamente. Eu queria dizer que ele é branco. Age como branco, atua como branco. Por ele, voltava o cativeiro, voltava tudo. Ele se esquece de que, se voltasse o cativeiro, ele estava lá.

Você está entre os artistas que já têm candidato a presidente?

Vou votar no Lula, com certeza.

E vai fazer campanha?

Se ele me pedir, eu faço, porque ele é meu amigo. Para os amigos eu faço tudo. Para os inimigos, nada.

Seus discos são sempre conceituais. Qual é o conceito de “Mistura homogênea”?

É misturar as culturas, os ritmos, as religiões. Quando faço um disco, tenho um conceito, mas, antes de tudo, faço um disco para mim. Tenho que ouvir o disco e gostar. Quando consigo isso, muita gente gosta da mesma maneira.

 
 

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Houve um lado bom em ficar recluso durante esse tempo todo da pandemia?

Sempre tem um lado bom em tudo. Como eu fiquei muito parado, não fiquei parado. Confinado, mas trabalhando. Eu ainda não tinha escrito um livro de contos. Tinha, mas estava com poucos contos, muito magrinho. Eu engordei, ficou legal. O título é “Contos sensuais e algo mais”. Notei que tinha muitos contos que falam de relacionamentos, muita sensualidade nas histórias. O “algo mais” são outros assuntos. E estou fazendo livros infantojuvenis para uma série chamada “Martinho conta”. Já contei as vidas de Cartola e Noel Rosa. Ainda vai ter Paulinho da Viola, Dona Ivone Lara e mais gente.

Você já se candidatou à Academia Brasileira de Letras e não teve votos. Pretende tentar de novo?

Eu gostaria de ir para a ABL porque todo escritor gostaria, mesmo os que dizem que não. O Ferreira Gullar dizia que era uma porcaria e acabou indo. Eu gostaria de estar lá porque faço parte de um segmento do movimento negro que diz que nós temos que ocupar os lugares. Fui incentivado a me candidatar. Mas não é um projeto de vida. Já fiz a minha parte.

 
 

“Na escola de samba, você participa ou não. Eu, que sempre estive à frente, que sou presidente de honra da Vila, lidei com os corretores zoológicos (bicheiros), com o pessoal do morro, do movimento (tráfico de drogas)”

MARTINHO DA VILA
cantor e compositor

 

O fato de Chico Buarque dizer que não cantaria mais “Com açúcar, com afeto” gerou uma polêmica sobre cancelamento de músicas. Você ainda cantaria “Você não passa de uma mulher”?

Cantei essa música só quando lancei o disco (em 1975). Foi grande sucesso, tema de novela. Eu não queria cantar, mas as pessoas pediam. Vou explicar o que aconteceu. Há músicas que eu faço e fico insatisfeito com uma palavra. Estava procurando uma frase para a letra, mas o (produtor) Rildo Hora já tinha feito as bases (do arranjo). Ele falou: “Grava assim mesmo e, quando achar a palavra, vem no estúdio e troca.” Aí eu gravei cantando “você não passa de uma mulher”. Todo mundo achou maravilhoso, a gravadora gostou e eu me ferrei. As mulheres não gostaram. Depois, não cantei mais. Para o escritor, o letrista, o poeta, as palavras podem ter outro sentido. Para mim, era como se a mulher fosse o máximo: dali não passa. Mas foi entendido de outra forma.

“Disritmia” sofre críticas por causa do refrão “Vem logo, vem curar seu nego/ que chegou de porre lá da boemia”?

Há quem não goste. Algumas gostam, outras não.

Você concorda com o adiamento do carnaval para abril?

 
 

Na minha opinião, deveria adiar para o ano que vem. Abril já é daqui a pouco. Está ruim a situação. Esse vírus me persegue. Ele me atacou uma vez e, além disso, fica não querendo que eu seja homenageado pela Vila Isabel. Ia ser no ano passado, passou para este ano, agora para abril, ainda está arriscado a passar para o outro ano. Mas ele vai perder para mim.

Muita gente depende do carnaval para trabalhar.

Pois é, tem um grupo de trabalhadores que vive em função do carnaval. A Vila Isabel tem um grupo que é permanente. Quando termina o desfile, vai para o barracão, desmonta os carros para reaproveitar coisas. Esse pessoal está sofrendo muito. Precisa do carnaval.

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Há duas semanas, Bernardo Bello, ex-presidente da Vila, foi preso sob suspeita de ter mandado assassinar o bicheiro Alcebíades Paes Garcia, o Bid. Em dezembro, você publicou um post chamando o bicheiro Capitão Guimarães de “amigo”. Não é possível evitar isso no mundo das escolas de samba?

Na escola de samba, você participa ou não. Eu, que sempre estive à frente, que sou presidente de honra da Vila, lidei com os corretores zoológicos (bicheiros), com o pessoal do morro, do movimento (tráfico de drogas). Eles (os homens envolvidos com o tráfico) saem na bateria, tem que negociar com eles. Houve um período em que eu falei: “Pessoal, vocês podiam fazer o seguinte: não deixar assaltar na porta da escola, não mexer nos carros.” “Deixa comigo, Martinho da Vila!” Na escola de samba desfila todo mundo, junto e misturado. Na mesma ala tem empregada, patroa, polícia, chefão... Para quem está na escola, não tem jeito.

 
 

O que significa a morte de Elza Soares?

Elza foi uma das maiores cantoras do Brasil, senão a maior. Senti muito. Conheci antes de ser famosa. Ela era da Água Santa e eu morava na Boca do Mato. Ela é um símbolo importante, era bem consciente. Teve uma vida confusa que dá um grande filme. Muita gente criticou a Elza por causa da história com o Garrincha, mas ela ajudou muito o Garrincha. Foi uma figura incrível.

Você se sente com 84 anos?

Nunca pensei em chegar a 84. Quando eu era jovem, a faixa etária de velho era 60 anos. Hoje, 60 é guri. Eu, com 84, não sinto grande diferença. Tem umas coisas que não funcionam tão bem como antigamente. Mas tenho boa saúde, boa resistência. Desfilo na Avenida toda, faço show de uma, duas horas.


O Globo sábado, 12 de fevereiro de 2022

GASTRONOMIA: CONHEÇA OS *AÇOUGUEIROS DO MAR* CHEFS QUE SERVEM VARIAÇÕES COMO LINGUIÇA DE CAMARÃO E CARRÉ DE PEIXE

Conheça os 'açougueiros do mar', chefs que servem criações como linguiça de camarão e carré de peixe

Vencedor do 'Mestre do sabor' 2, Dário Costa surfa na onda e vende cortes como prime rib de atum
 Vencedor do "Mestre do sabor", chef Dário Costa posa em frente a sua loja, em que os peixes não ficam em contato com o gelo Foto: Divulgação/Davi Realle
Vencedor do "Mestre do sabor", chef Dário Costa posa em frente a sua loja, em que os peixes não ficam em contato com o gelo Foto: Divulgação/Davi Realle

É o que vem fazendo o chef paulista Dário Costa (vencedor de “Mestre do Sabor” e ex-“Masterchef Profissionais”), que em seu sua loja no Mercado de Peixes de Santos — o Açougue do Mar, que está ganhando filial em Pinheiros, São Paulo — vende badejos, dourados, vermelhos e outros penduradas em ganchos, como num açougue. E com cortes incomuns, como prime rib, borboleta invertida, espalmado, carré...

—Um dos problemas das peixarias é deixar os peixes em contato com o gelo. Ele estraga rapidamente, exala cheiro ruim. Quanto mais seco o pescado ficar, mais fresco, gostoso e melhor consistência terá —defende.

 

Outros profissionais andam bebendo da mesma fonte. E essa fonte tem nome e sobrenome: é o australiano Josh Niland, precursor e guru dessa turma. De Sidney, posta coisas impensáveis. Virou fonte de inspiração, com livros editados e seguidores pelo mundo, como os chefs televisivos Nigella Lawson ou Jamie Oliver, isso só para fica nos ingleses.

No Rio, o veterano Marcelo Malta, que há décadas lida com carnes bovinas (mas que é filho de campeão de pesca submarina), é um deles, e abriu recentemente o Sabor das Águas, no Leblon, onde badejos, namorados, dourados e o que mais cair na rede é maturado em câmeras de 0 a 3°C, por até 20 dias.

— O Josh Niland é o começo de tudo, mudamos a forma de trabalhar com pescados graças a ele —conta Malta.

Além de maturação, ele tem feito experimentos bem-sucedidos:

— Já fizemos linguiça de trilha, pastrami de atum e estamos testando agora um bacon feito a partir do peixe meca, que é saboroso e gorduroso, mas sai caro.

Gonzalo Vidal, do restaurante 74, em Búzios, sempre foi um aficionado pela charcuteria. Os peixes agora entraram na roda. Ele conta que um atum gordo, se maturado por três a seis meses, parece presunto ibérico.

— Gosto especialmente da salsicha de camarão, que fica perfeita. É o hot dog da casa — diz.

Chefs do Pabu (que reabre no próximo dia 18, reformado) e do Koba, Cristiano Lanna e Luiz Peti mergulharam de cabeça na onda.

—É fantástico trabalhar com a “costela” de um atum, por exemplo. A gente aproveita essa parte do peixe que era descartada. Parece mesmo um prime rib, que servimos glaceada em missô —diz Lanna, que serve ainda linguiça de peixe e o chamado foie gras do mar, que é o figado do tamboril cozido em um torchon.

Gerônimo Hueste, que cozinhou anos em países como Guatemala, Honduras, El Salvador, Nicarágua, abriu em janeiro o Ocyá, restaurante na Ilha da Gigoia, na Barra, que tem entre seus frequentadores os chefs Nello Garaventa (Grado), Pedro Siqueira (Ella) e Damien Montecer (Bazzar). Ele mesmo faz o dry aged (cura) de atum e namorado e a linha de embutidos, como linguiça de dourado, maturada por sete dias e finalizada com azeite de urucum.

— São novos caminhos para e lidar com o que vem do mar — resume Gerônimo.

Onde provar

  • Ocyá:  ilha primeira,  arquipélago da Gigoia, Barra (99947-2574). Qua e qui, das  12h às 17h. Sex, sáb e dom, das 12h às 18h.
  • Sabor das Águas: Rua Dias Ferreira 605, Leblon (97137-9882). Diarimente  das 10h às 22h.
  • Koba: Rua Maria Quitéria 111, 2 andar, Ipanema (3502-4637). Diariamente, de 12h às 23h
  • Açougue do Mar:  Mercado do Peixe em Santos. Av. Mario Covas Junior 3.050/ Ponta da Praia, Santos.
  • 74 Restaurante: Hotel Casas Brancas. Morro do Humaitá 10,   Búzios (22-3633-9330).  Diariamente, das 12h às 23h


O Globo sexta, 11 de fevereiro de 2022

JOGOS DE INVERNO: O ROBÔ QUE FAZ DRINQUES DÁ O RECADO DA CHINA NOS JOGOS

O robô que faz drinques dá o recado da China nos Jogos Olímpicos

Refeitório futurístico e robotizado para mídia mostra que país sede é imbatível em manipular sua imagem
Robô que faz drinques é sensação no refeitório da imprensa na OlimpíadaFoto: GABRIEL BOUYS / AFP
Robô que faz drinques é sensação no refeitório da imprensa na Olimpíada Foto: GABRIEL BOUYS / AFP
 

Os atletas que estão competindo na Olimpíada de Pequim (entre eles, 11 brasileiros) não têm acesso ao mais hypado dos refeitórios dos centros de competição. Futurístico e robotizado, foi instalado no Main Media Center (MMC), em Pequim, para uso exclusivo da imprensa.

Ali robôs executam diferentes tarefas, reduzindo o número de funcionários a um mínimo, supostamente para reforçar o distanciamento social. Uns preparam receitas chinesas em woks enquanto outros fritam búrgueres ou fritas. Bandejas robotizadas movem-se por trilhos instalados no teto. Quando chegam às mesas (individuais e separadas por barreiras acrílicas), descem por cabos e abrem tentáculos rosa choque para que o comensal pegue o seu prato. Quer sorvete? Basta escolher o sabor pelo celular que um robozinho com cara de boneco infantil sai de dentro de uma máquina e faz a entrega.

 

Há ainda robôs que carregam bandejas e que desinfetam o ar, mas nenhum faz mais sucesso do que o que comanda o bar. Milhares de posts nas mídias sociais mostram as proezas desse bartender motorizado que prepara 15 drinques diferentes em tempo recorde e chacoalha coqueteleiras horas a fio sem cansar seu braço multiarticulado.

O jornalista Gustavo Longo, do portal Olimpíada Todo Dia, já testou o refeitório futurístico quatro vezes. Diz que o búrguer “dá para comer”, mas proclama que as fritas “são muito boas”.

Imagino que essa a materialização da ficção científica que víamos nos desenhos dos Jetsons desde os anos 60 tenha custado caro, porque senão teriam espalhado outros refeitórios futurísticos pela bolha olímpica, acessíveis aos atletas e ao público. Como só fizeram um único, naturalmente reservaram-no para a mídia. Entusiasmados jornalistas do mundo todo, inclusive correspondentes das principais redes de TV americanas, filmaram, postaram à exaustão e exibiram em noticiários os robôs. A China é ponta de lança no setor de robótica, está claro. Mas é imbatível, também, em controlar e manipular a imagem que projeta ao mundo. 


O Globo quinta, 10 de fevereiro de 2022

MÚSICA: MORRE BETTY DAVIS, CANTORA PIONEIRA DO FUNK AMERICANO, QUE INFLUENCIOU PRINCE E MADONNA

Morre Betty Davis, cantora pioneira do funk americano, que influenciou Prince e Madonna

Ela gravou apenas três discos, mas foi inspiração para artistas como Prince, Madonna e Erykah Badu
Cena do filme
Cena do filme "Betty, they say Im different", do diretor inglês Phil Cox, sobre a cantora Betty Davis Foto: reprodução

Betty Davis, cantora pioneira do funk americano, morreu nesta quarta-feira (9), aos 77 anos, de causas naturais. A informação foi confirmada à revista Rolling Stone pela etnomusicóloga Danielle Maggio, amiga e pesquisadora da obra de Davis.

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Quase todo o católogo musical de Betty Davis foi gravado entre 1964 e 1975, mas seu impacto se manteve por décadas. Davis foi primeiro modelo até começar na música, ainda com seu nome de solteira,  Betty Mabry, em 1964, com o single "Het Ready for Betty".

Figura influente na cena musical nova-iorquina no final dos anos 60, ela se casou com o trompetista Miles Davis em 1968 e adotou o sobrenome do gênio do jazz. No ano seguinte, ela estampou a capa do álbum Filles de Kilimanjaro, do qual foi a inspiração para a faixa "Mademoiselle Mabry". O casamento durou apenas um ano, mas foi Betty quem apresentou Miles ao rock, levando o trompetista ao fusion, com os discos In a Silent way, de 1969, e Bitches Brew, de 1970.

Durante o relacionamento, Betty gravou com Miles, mas seu primeiro álbum solo, Betty Davis, só foi lançado em 1973. Outros discos vieram em seguida: They Say I’m Different (1974) e Nasty Gal (1975). Sua atitude libertária abriu caminho para artistas como Prince e Madonna, astros do pop na década seguinte.

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Depois de lançar três álbuns e passar um ano com monges no Japão, Betty Davis decidiu abandonar a música, mudou-se para Pittsburgh, onde viveu por 40 anos sem  nunca mais voltar ao show business.

Mesmo sem ter voltado a gravar ou fazer shows, Davis continuou inspirando outros artistas, incluindo as cantoras  e Janelle Monae. O interesse das novas gerações pela cantora fez com que seus álbuns fossem relançados, aléErykah Badum do lançamento de um quarto álbum, com inéditas.

Em 2017, a cantora foi tema do documentário "Betty: they say I'm Diffferent, dirigido pelo ex-correspondente de guerra Phil Cox. Em entrevista ao GLOBO, na época, ele afirmou que "Betty era uma mulher que expressava uma energia sexual como nenhuma outra mulher ou homem".

—  E por isso foi relegada ao ostracismo, ela não podia ser rotulada — acredita o diretor, que diz ter recebido negativas de pessoas que conheceram bem a cantora, como os guitarristas ingleses Eric Clapton e John McLaughlin, em dar depoimentos. — Clapton e Betty namoraram e ele queria produzir um disco dela, mas ela disse que ele era muito careta para isso.

 


O Globo quarta, 09 de fevereiro de 2022

GASTRONOMIA: PIONEIRO EM COMIDA AMAZÔNICA, ARATACA ABRE NOVAS LOJAS

Pioneiro em comida amazônica no Rio, Arataca ganha fôlego nas mãos da terceira geração da família e abre novas lojas

Das cozinhas sempre nas mão de cozinheiras paraenses, saem pratos como costela de tambaqui com arroz de jambu; moqueca de filhote com camarão, pato ao tucupi com arroz de jambu; e wagyu de carne de sol com mandioca
Filhote com camarão do Arataca Foto: Leo Martins / Agência O Globo
Filhote com camarão do Arataca Foto: Leo Martins / Agência O Globo
 

A história da casa, hoje já uma rede, começa com o piloto da Vasp Acir Rodrigues, um mineiro que de tanto voar para Belém acabou tomando gosto pela cozinha local. Voltava das viagens com a mala cheia de insumos que arrematava no mercado Ver-o-Peso da capital do Pará. Era a alegria da família e amigos. Daí, não precisou pensar muito quando se aposentou. A viagem agora seria por outros caminhos: achar um ponto para abrir uma casa de culinária amazônica. Achou uma loja simpática na Rua Dias Ferreira, no Leblon. E, assim, em 1955, nascia o Arataca. Da primeira, logo ganhou uma segunda no mesmo bairro. Depois veio a loja só de produtos em Copacabana, meio boteco. Um pouco mais adiante, o golaço do ex-piloto levou o Arataca para dentro da Cobal do Leblon. Estourou.

 
Os irmãos Lucas Muradas, 26 anos, e Mateus, de 25, e mais o amigo de infância Mateus Soter, de 25 Foto: Leo Martins / Agência O Globo
Os irmãos Lucas Muradas, 26 anos, e Mateus, de 25, e mais o amigo de infância Mateus Soter, de 25 Foto: Leo Martins / Agência O Globo

Nos anos 1980 e 1990, o simplório box do mercado acabou virando palco de encontros antológicos. No mesão montado em frente a loja, podiam ser vistos Tom Jobim, Hugo Carvana, João Ubaldo, Luis Fernando Veríssimo. “O meu avô vibrava com esses encontros, porque era a casa que ele sonhava em ter. E tendo do jeito que ele imaginou”, conta Lucas Muradas, 26 anos, que juntamente com o irmão Mateus, de 25, e mais o amigo de infância Mateus Soter, da mesma idade, acabaram de abrir o mais novo Arataca, o da João Lira, no Leblon. Em meados do ano passado, abriram na Lopes Quintas.

Lagosta e casquinha de siri: tudo preparado por cozinheiras paraenses Foto: Leo Martins / Agência O Globo
Lagosta e casquinha de siri: tudo preparado por cozinheiras paraenses Foto: Leo Martins / Agência O Globo

Das cozinhas sempre nas mão de cozinheiras paraenses, saem pratos como costela de tambaqui com arroz de jambu; moqueca de filhote com camarão, pato ao tucupi com arroz de jambu; e wagyu de carne de sol com mandioca. E casquinhas de caranguejo com farofa de santarém ou bolinhos de pirarucu de entradinhas são sucesso. Além dos potes do mais puro açaí que chegam fresquinhos. As frutas estão todas lá, em drinques, sucos e doces: graviola, bacuri, biribá, buriti, cupuaçu... “Os nossos fornecedores também estão na terceira geração. São as mesmas famílias que o meu avô trabalhava lá no começo de tudo”, conta Mateus, adiantando que se prepara para mais um voo, dessa vez para a Cobal do Humaitá.


O Globo terça, 08 de fevereiro de 2022

MUNDIAL DE CLUBES: PALMEIRAS X AL AHLY - ONDE ASSISTIR, HORÁRIO E ESCALAÇÕES DA SEMIFINAL

Palmeiras x Al Ahly: onde assistir, horário e escalações da semifinal do Mundial de Clubes

Alviverde faz sua estreia contra equipe egípcia visando a vaga na decisão
Palmeiras estreia no Mundial nesta terça-feira Foto: Fabio Menotti / Palmeiras
Palmeiras estreia no Mundial nesta terça-feira Foto: Fabio Menotti / Palmeiras
 

Em sua segunda participação seguida no Mundial de Clubes, o Palmeiras tem uma estreia duríssima pela frente. O Al Ahly, do Egito, é o adversário alviverde por uma vaga na decisão contra Chelsea ou Al Hilal. Os egípcios vêm de vitória por 1 a 0 sobre o Monterrey na fase anterior.

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Local

A partida ocorre no Estádio Al Nahyan, em Abu Dhabi (Emirados Árabes).

Horário

O jogo começa às 13h30 (Brasília).

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Onde assistir

A partida terá transmissão pela Band (TV aberta) e pelo BandSports (TV fechada).

Escalação do Palmeiras

Weverton; Gustavo Gómez, Luan e Murilo (Piquerez); Marcos Rocha, Danilo, Zé Rafael e Gustavo Scarpa; Raphael Veiga, Dudu e Rony. Técnico: Abel Ferreira.

 

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Escalação do Al Ahly

Ali Lotfi; Karim Fouad, Yasser Ibrahim e Rami Rabia; Mohamed Heny, Aliou Dieng, Mohamed Afsha e Maaloul Ali; Ahmed Abdelkader e Hussein El Shahat; Taher Mohamed. Técnico: Pitso Mosimane.

Arbitragem

Árbitro: Clément Turpin (França)

Assistentes: Nicolas Danos (França) e Cyril Gringore (França)

VAR: Anton Shchetinn (Austrália)


O Globo segunda, 07 de fevereiro de 2022

CINEMA: COMÉDIAS NACIONAIS SÃO APOSTAS PARA REAQUECER O MERCADO EM 2022

 

Comédias nacionais são aposta para reaquecer o mercado do cinema em 2022

'Juntos e enrolados' e 'Tô ryca 2' são ponto de partida para ano repleto de humor na telona, com nomes como Marcelo Adnet, Ingrid Guimarães, Rodrigo Sant’anna, Tatá Werneck, Samantha Schmütz, Fábio Porchat e Dani Calabresa
Samantha Schmütz na comédia 'Tô ryca 2' Foto: Camila Maia / Divulgação
Samantha Schmütz na comédia 'Tô ryca 2' Foto: Camila Maia / Divulgação
 

Quando as salas foram fechadas em decorrência da pandemia, em março de 2020, o cinema brasileiro viveu seu último grande sucesso, com “Minha mãe é uma peça 3”, estrelado por Paulo Gustavo e visto por 11,8 milhões de espectadores. Além de ratificar o ator, morto em maio do ano passado em decorrência da Covid-19, como um dos nomes fortes do audiovisual brasileiro, o desempenho também reforçou a importância da comédia para o mercado do país. Se o atípico 2021 não viu nenhuma delas entre os top 20, agora uma nova leva de filmes brasileiros de humor espera, com a ajuda do sucesso que o gênero costuma fazer, esquentar a retomada para a indústria nacional.

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Ao longo de 2022, várias comédias brasileiras chegarão aos cinemas, como “O palestrante”, com Fábio Porchat e Dani Calabresa; “45 do segundo tempo”, com Tony Ramos, Cássio Gabus Mendes e Denise Fraga; “Bem-vinda a Quixeramobim”, com Edmilson Filho; “Uma pitada de sorte”, com Fabiana Karla; “Quatro amigas numa fria”, com Fernanda Paes Leme e Robson Nunes; “Os suburbanos”, com Rodrigo Sant’anna; “Partiu América”, com Matheus Ceará; e “Nas ondas da fé”, com Marcelo Adnet. 

— Neste momento em que temos tantos desafios a enfrentar, entrar numa sala de cinema e assistir a um filme que traz um pouco de leveza nos ajuda a seguir — defende Lázaro Ramos, protagonista de “Papai é pop”, com lançamento em agosto. — Dar uma gargalhada é ter um pouco mais de saúde. Nos meus momentos de maior dificuldade, eu dou um sorriso. E isso destrava traumas e facilita que eu encontre soluções pro meu dia seguinte.

Frente a Hollywood

Entre 2011 e 2020, em sete oportunidades, o ranking de bilheteria nacional foi liderado por comédias. Nos três anos em que elas não ocuparam o topo, o mercado viveu circunstâncias bem específicas, que foram os lançamentos dos filmes religiosos “Os dez mandamentos” (2016), “Nada a perder — Parte 1” (2018) e “Nada a perder — Parte 2” (2019), sobre os quais paira desconfiança em razão da distribuição de ingressos e registro de sessões vazias com bilheteria esgotada. Nesses três anos, comédias ocuparam a segunda posição no ranking de venda de ingressos, confirmando seu virtual predomínio. E não é só entre os filmes nacionais que o gênero se destaca. Em 2020, “Minha mãe é uma peça 3” foi o longa mais assistido do ano, com 9,2 milhões de espectadores — a bilheteria total inclui ainda os 2,6 milhões de ingressos vendidos em 2019.

— A comédia foi a primeiro a conseguir bater de igual para igual com os famosos gêneros de Hollywood, com os filmes americanos. É algo que começa com “Se eu fosse você” (2006) e vem até hoje, não foi de uma hora para a outra, foi construído. É interessante ver um filme como “Minha mãe é uma peça 3” (2019), lançado em plenas férias, batendo de frente com uma animação como “Frozen 2” — argumenta Marcelo J. L. Lima, CEO da Tonks, editora do Portal Exibidor.

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Lázaro Ramos em 'Papai é pop' Foto: Stella Carvalho / Divulgação
Lázaro Ramos em 'Papai é pop' Foto: Stella Carvalho / Divulgação

Nos últimos 20 anos, filmes como “Minha mãe é uma peça” (2013), “De pernas pro ar” (2010), “Até que a sorte nos separe” (2012), “Cine Holliúdy” (2012), “Os homens são de Marte…. E é pra lá que eu vou” (2014), “Meu passado me condena” (2013) e “Se eu fosse você” (2006) foram hits de bilheteria e renderam continuações. Num momento em que o mercado cinematográfico busca se reaquecer, a comédia pode ser um dos trunfos mais importantes.

— Acho a comédia essencial para o aquecimento do mercado e principalmente para a volta do público aos cinemas. O humor sempre é uma salvação em épocas de crise — diz Ingrid Guimarães, que chega aos cinemas em dezembro com a comédia “Minha irmã e eu”, ao lado de Tatá Werneck, e também trabalha na sequência de “Fala sério, mãe”, com Larissa Manoela.

Continuação de sucesso de 2016, “Tô ryca 2” entra em cartaz nesta quinta-feira com o retorno de Samantha Schmütz como Selminha, que, após ficar rica de forma inesperada no primeiro filme, agora perde todo seu dinheiro. A produção da Globo Filmes estreia em aproximadamente 700 salas.

— Estamos precisando muito de injeções de alegria, da sensação que a gargalhada proporciona — diz Schmütz, destacando que o gênero é um dos poucos que consegue mostrar força diante do domínio do cinema internacional. — Consegue ocupar mais salas, dar uma desafogada neste sufocamento.

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Desligar da realidade

Responsável pelo lançamento da trilogia “Minha mãe é uma peça” com a Downtown Filmes, a Paris Filmes se estabeleceu como distribuidora com uma atenção especial para o humor.

— A comédia tem o dom de despertar algo bom dentro das pessoas. Em um momento tão difícil quanto a pandemia, trazer o riso para os cinemas é trazer um momento para o espectador desligar da realidade dura que encontra nos noticiários — diz Marcio Fraccaroli, CEO da Paris, que, no entanto, fala sobre as dificuldades enfrentadas pelo setor. — Os projetos nacionais ainda estão com números menores na retomada, mas temos grandes produções para os próximos meses e acreditamos no crescimento desse mercado diante da conscientização da população e do avanço da vacinação para novos grupos etários.

Alguns atores participarão de mais de uma comédia ao longo dos próximos meses. Em cartaz com “Juntos e enrolados”, Cacau Protásio também está no elenco de “Barraco de família”. Já Cleo chega às telas com “Me tira da mira” e “Vovó Ninja”. A atriz contracena com o pai, Fábio Júnior, e o irmão, Fiuk, no primeiro filme, e com a mãe, Gloria Pires, no segundo.

— Estar com Cleo em cena, interpretando mãe e filha, foi a cereja do bolo. Ela tem um senso de humor delicioso, nos divertimos e nos emocionamos muito nas cenas — conta Gloria Pires, que também está no elenco da comédia “Desapega”.

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Aposta da indústria para atrair o público para as salas de cinema, a comédia também encontra muito espaço na cena do streaming. Companhias como Netflix, Prime Video e HBO Max têm investido cada vez mais na produção nacional, e com bom destaque para o humor.

Leandro Hassum em 'Tudo bem no natal que vem' Foto: Desiree do Valle / Netflix
Leandro Hassum em 'Tudo bem no natal que vem' Foto: Desiree do Valle / Netflix

Após lotar os cinemas com a trilogia “Até que a sorte nos separe”, Leandro Hassum fechou um acordo com a Netflix e tem lançado suas comédias no streaming. Foi o caso de “Tudo bem no Natal que vem” e o mais recente “Amor sem medida”, além do ainda inédito “Vizinhos”, com lançamento previsto para 2022.

— O streaming nos possibilita proximidade e democraticamente amplia o acesso do público, pois todos têm ali o mesmo espaço e oportunidade de mostrar seus trabalhos — aponta Hassum, que, no entanto, ainda demonstra carinho especial pela sala de cinema. — Nada anula a sensação de estar dentro do cinema, é uma experiência que não tem nada igual.

Ingrid Guimarães, que recentemente assinou um acordo com o Prime Video, destaca que o streaming acaba sendo um espaço importante diante da insegurança de muitas pessoas no retorno às salas de cinemas, com a pandemia de Covid-19 ainda em curso.

— A comédia é essencial para atrair assinantes — acredita Ingrid Guimarães. — O humor é o alívio desse Brasil massacrado.


O Globo domingo, 06 de fevereiro de 2022

VEGANISMO: A POPULARIZAÇÃO DO VEGANISMO NO TURISMO

Hotéis, restaurantes, festivais e passeios: a popularização do veganismo no turismo

Aumento da procura por viagens sustentáveis faz o setor reagir com novas opções nos quatro cantos do mundo
 
Prato servido no Hotel Koukoumi, em Mykonos, Grécia; estabelecimento abriu em 2020 com restaurante vegano, spa que usa apenas óleos de massagem à base de plantas e quartos mobiliados com colchões veganos feitos com fibra de coco Foto: Giorgos Diakos Lomnios/Koukoumi Hotel via The New York Times
Prato servido no Hotel Koukoumi, em Mykonos, Grécia; estabelecimento abriu em 2020 com restaurante vegano, spa que usa apenas óleos de massagem à base de plantas e quartos mobiliados com colchões veganos feitos com fibra de coco Foto: Giorgos Diakos Lomnios/Koukoumi Hotel via The New York Times
 

Quando adotou o veganismo, há quatro anos, Colleen Corbett, bartender de Tampa, na Flórida, achou que ia morrer de fome ou ser forçada a comer carne quando viajasse ao exterior, mas, na verdade, foi o início de suas aventuras exploratórias nas cidades dedicadas à prática que despontaram ao redor do mundo. "Ajudou a mudar meus critérios de escolha; antes eu pensava só nas paisagens, e agora me vejo indo para cidades que antes não me interessariam, e só por causa do cenário vegano. Como Varsóvia", contou ela entre a ida ao Peru em dezembro e uma viagem a Dublin em março.

Embora os veganos e vegetarianos sejam minoria nos EUA, o número de interessados em reduzir o consumo de carne é cada vez maior, geralmente por motivos ambientais, já que a agropecuária produz um volume significativo de gás metano, extremamente nocivo para o clima.

Para eles, a indústria do turismo agora oferece hotéis, restaurantes, festivais e passeios de inspiração vegetal, uma vez que o veganismo se torna cada vez mais associado às viagens sustentáveis, e não só durante o que muita gente já chama de "veganeiro" – a campanha anual no primeiro mês do ano para promover a dieta à base de plantas realizada no mês tradicionalmente associado às boas intenções.

"No âmbito coletivo, estamos muito mais conscientes do impacto planetário da alimentação do que há cinco anos. Com as pessoas adotando uma dieta menos sacrificante para o planeta, o setor de viagens naturalmente está reagindo", explica Justin Francis, um dos fundadores e CEO da Responsible Travel, agência de turismo voltada para a sustentabilidade que viu a procura pelos itinerários veganos quadruplicar na última década.

Preferências vegetais

A dieta vegana consiste exclusivamente em alimentos de base vegetal, excluindo não só qualquer tipo de carne como derivados animais, como ovos, laticínios e mel.

É difícil dizer quantos veganos há nos EUA. Uma pesquisa feita em 2019 pela Ipsos Retail Performance revelou que 9,7 milhões se classificaram assim, quando 15 anos antes eram apenas 300 mil. Por outro lado, a enquete de 2018 da Gallup mostrou que os 5% que se disseram vegetarianos e os 3% de veganos representaram pouca mudança em relação aos números de 2012.

Mesmo assim, há mais gente comendo mais "verdinhos": 62% dos que responderam à pesquisa da Nielsen, em 2019, disseram-se dispostos a reduzir o consumo de carne por preocupação ambiental.

Muitos satisfazem as necessidades carnívoras com carne "falsa" de marcas como a Beyond Meat e a Impossible Foods. Segundo a ONG Good Food Institute, que promove proteínas alternativas, 2020 foi um ano recorde de investimentos no setor: US$ 3,1 bilhões, mais que o triplo do US$ 1 bilhão de 2019. "Nunca houve uma demanda tão grande pela alta cozinha à base de plantas", diz Joan Roca, fundador e CEO da Essentialist, empresa de planejamento de viagens por adesão, em referência ao Eleven Madison Park, restaurante aclamado de Nova York que adotou o veganismo no ano passado. Ele prevê um crescimento da gastronomia ambientalmente consciente em 2022.

Vista do resort Anse Chastanet em Santa Lúcia, no Caribe; hotel oferece aulas de culinária vegana, um restaurante vegano e uma cervejaria artesanal no local que produz cervejas veganas Foto: Anse Chastanet Resort via The New York Times
Vista do resort Anse Chastanet em Santa Lúcia, no Caribe; hotel oferece aulas de culinária vegana, um restaurante vegano e uma cervejaria artesanal no local que produz cervejas veganas Foto: Anse Chastanet Resort via The New York Times

 

Hospedagem vegana

Os hotéis também estão apostando no segmento, com a criação de cardápios veganos e investimento na decoração.

Entre as novidades gastronômicas estão os restaurantes dos hotéis Aloft, da rede Marriott Bonvoy – que recentemente incluíram itens veganos e vegetarianos no café da manhã de mais de 150 filiais norte-americanas – e os exclusivos Hotéis Peninsula, que lançaram uma nova iniciativa de bem-estar em março que inclui pratos à base de legumes e verduras e aromaterapia para melhorar o sono.

Alguns usaram a pausa forçada da pandemia em 2020 para "virar a página", incluindo o resort Andaz Mayakoba, na Riviera Maia, no México, que inaugurou o VB – abreviação para "vegan bar", que serve saladas de bolinho de arroz e wraps de folha de chaya à beira-mar.

Desde 2017, quando contratou a chef vegana Leslie Durso, o Four Seasons Resort Punta Mita, no México, vem acomodando um número cada vez maior de dietas diferenciadas. Hoje, ela oferece mais de 200 itens veganos e cria pratos baseados nas alergias e restrições alimentares dos hóspedes. "Em vez de lidar com essas situações meio que na base do improviso, oferecemos um espaço seguro para o hóspede poder relaxar sabendo que suas necessidades serão supridas", afirma ela por e-mail.

Mas o cardápio não é o único aspecto do setor de produtos de origem não animal em que os hotéis apostam: os quartos também agora oferecem mimos e decoração à base vegetal.

Em Mykonos, na Grécia, o Koukoumi Hotel foi inaugurado em 2020 com um restaurante vegano, um spa que só usa óleos vegetais para massagem e colchão de fibra de coco nos quartos. Nos Emirados Árabes Unidos, o Emirates Palace Abu Dhabi, de 349 quartos, tem planos de inaugurar dois quartos veganos em fevereiro com frigobar e serviço de quarto na linha.

Em Londres, entre seus 292 quartos, o Hilton London Bankside oferece uma suíte vegana, apenas com materiais vegetais, incluindo bambu no piso e almofadas de "couro" à base de fibras de abacaxi. O menu de travesseiros é composto de sugestões como trigo sarraceno e painço, e as guloseimas veganas enchem o frigobar. Os hóspedes têm cadeiras cativas de couro vegetal no restaurante. "O pessoal adora porque vê que levamos a coisa muito a sério, mesmo com uma diária de US$ 800", garante James Clarke, o gerente-geral.

A tendência de muitos hotéis veganos novos é a exclusividade – como é o caso do all-inclusive The House of Aia, em Playa del Carmen, no México, no qual a comida é vegana (com a possibilidade de adições não veganas) e os móveis não incluem o uso de couro e penas (diária do quarto duplo a partir de US$ 900).

O veganismo também ganhou mais espaço no Anse Chastanet Resort, em Santa Lúcia, com a inauguração de um restaurante especializado, há quatro anos. O chef oferece aulas de pratos crioulos rastafári, todos veganos. As aulas de chocolate rendem barrinhas vegetais e a cervejaria local utiliza só frutas e mandioca em seus produtos.

Karolin Troubetzkoy, uma das proprietárias do resort, comparou a oferta do veganismo com o funcionamento de base ecológica. "Apenas uma porcentagem dos hóspedes gosta de checar; com o veganismo é a mesma coisa. É um número pequeno de pessoas interessadas no restaurante, mas tende a crescer. Outro dia tivemos aqui até um casamento vegano para 24 pessoas."

 
 

Batata frita no jantar?

Para o viajante que não quer sair à caça de cada refeição, os agentes de viagens e operadoras veganos oferecem a possibilidade de manter uma dieta vegana e ainda comer bem, principalmente no exterior.

No ano passado, a Responsible Travel incluiu quase mil novos roteiros como parte de seu compromisso de ser "voltada para a natureza", que inclui não só a preservação da vida selvagem e dos habitats, mas também proteção e apoio até 2030.

Entre eles estão dez dias na Etiópia (a partir de cerca de US$ 2.300 sem a parte aérea), sete dias de caminhadas pelos vulcões da Guatemala (a partir de cerca de US$ 1.360) e oito dias de exploração na neve da Áustria (a partir de cerca de US$ 1.160). "Acho que ainda nesta década veremos as empresas de viagens não só melhorarem as opções veganas, mas se empenharem pessoalmente em oferecer a melhor comida e as experiências mais fantásticas", opina Francis, da Responsible Travel.

Brighde Reed e Sebastien Ranger se decepcionaram com o prato caro de macarrão ao sugo e a falta de leite de soja no bufê de hotéis caros – e essas experiências os ajudaram a montar a World Vegan Travel, que oferece desde um safári em Ruanda até hospedagem em mansões da Toscana. "Quando a hospedagem é de três dias para 20 pessoas, o hotel se empenha muito mais do que se fosse para uma só", reconhece Reed.

Leslie Lukas-Recio, ex-importadora alimentícia de Portland, no Oregon, já era viajante experiente quando fez o itinerário da World Vegan para a Alsácia, na França, em 2018. "Se sua intenção é mergulhar na cultura ou se concentrar na natureza, a última coisa que vai querer é sair procurando uma opção de refeição que não seja batata frita e salada verde."

Para Donna Zeigfinger, dona da Green Earth Travel e uma das fundadoras do encontro sobre turismo vegano promovido on-line até 30 de janeiro, a dieta se popularizou muito desde que ela começou a organizar esse tipo de viagem, há 30 anos. "Tem países que comecei a visitar nos anos 80 e nunca imaginei que pudessem se especializar nesse nicho e, no entanto, hoje estão entre os melhores do segmento, tipo Espanha e França. Aliás, tinha até uma piada: se você aparecesse na fronteira francesa se dizendo vegano, os caras não deixavam entrar."

Zeigfinger explica que, no caso do cliente vegano, avisa os hotéis e pede que troquem toda a roupa de cama. Para Heidi Prescott, cliente e viajante assídua de navios de North Potomac, Maryland, a notificação sempre resultava em uma carta do pessoal da cozinha pedindo uma reunião. "Sempre odiei esse tipo de conversa com o chef. Evitava ao máximo", confessa Prescott.

Hoje, há muito mais variedade no mar – como o Regent Seven Seas Cruises, que oferece mais de 200 pratos à base de legumes e verduras, e o Virgin Voyages, com um restaurante especializado a bordo, o Scarlet Lady – e as cartas pararam. No ano passado, Prescott explorou com a Oceania Cruises o Mar Báltico, sua 11ª viagem com a empresa, que conta até com queijo de castanha de caju, destaca as opções veganas de pasta no cardápio e tem uma estação só para as cumbucas de grãos.

Paul Tully, vegano e CEO da Better Safaris, organiza viagens sustentáveis para veganos à África, continente em que garante ser muito fácil seguir a dieta. "Por incrível que pareça, as companhias aéreas é que estão demorando a adotar a opção, com muitas investindo ainda em comida sem graça e praticamente zero escolha para os veganos", diz por e-mail.

Mercado de produtos em Tel Aviv, onde a Eager Tourist começou a oferecer passeios de culinária vegana Foto: Eager Tourist via The New York Times
Mercado de produtos em Tel Aviv, onde a Eager Tourist começou a oferecer passeios de culinária vegana Foto: Eager Tourist via The New York Times

Destinos receptivos

Os destinos, por outro lado, estão mais que dispostos a alardear suas credenciais veganas. O órgão de turismo da Virgínia diz que o visitante passa, em média, cinco minutos navegando nas páginas relacionadas a conteúdo vegano/vegetariano em seu site oficial, o Virginia.org, quase dois minutos a mais do que o tempo que gasta com informações gerais.

Em janeiro, a feira mundial Expo 2020 Dubai organizou o que chamou de "primeiro festival gastronômico vegano do Oriente Médio". A operadora Vegan Travel Asia, da VegVoyages, está planejando para setembro um evento semelhante para a região do Himalaia, a ser realizado no Nepal e no Butão, com painéis de discussão, aulas de cozinha e uma Vila Vegana com mais de cem expositores.

A cidade grande sempre foi refúgio para os veganos. A Happycow, plataforma digital que lista opções, coloca Londres como a melhor do mundo, com mais de 150 restaurantes, seguida por Nova York, Berlim, Los Angeles e Toronto. Apesar disso, o veganismo está se tornando mais acessível nas áreas rurais – Argyll, no oeste da Escócia, tem uma nova "trilha" que inclui cafés e pousadas – e em cidades pequenas como Boise, em Idaho, onde coexistem um food truck vegano, um restaurante de "soul food", um estúdio de tatuagem e um tour gastronômico.

Essa última alternativa, aliás, já está presente de Greenville, na Carolina do Sul, a Scottsdale, no Arizona, como forma de introduzir o visitante às delícias locais. Em Tel Aviv, a Eager Tourist começou a oferecer passeios às feiras livres, às fazendas e aos restaurantes em 2019. "Para falar a verdade, é mais interessante do que a versão não vegana. Na minha humilde opinião, o que o israelense consegue fazer com os legumes e verduras ninguém mais faz", elogia Ross Belfer, um dos sócios da empresa, que é norte-americano, mas vive em Israel.

 


O Globo sábado, 05 de fevereiro de 2022

GASTRONOMIA: CONHEÇA O CANNELÉ. BOLINHO FRANCÊS QUE VIROU MANIA NO BRASIL

Conheça o cannelé, bolinho francês que virou mania no Brasil

Com açúcar, com afeto e sem polêmicas: doce tem casquinha dourada e miolo macio
Cannelé do Talho Capixaba Foto: Fábio Rossi / Divulgação
Cannelé do Talho Capixaba Foto: Fábio Rossi / Divulgação
 

Foi de repente. O cannelé, receita típica da região de Bordeaux, na França, virou o doce predileto de uma legião de aficionados. Basta conferir no Instagram: é alguém postar uma nova versão no pedaço para a turma correr atrás desse bolinho canelado que, até recentemente, raramente dava o ar da graça por aqui. Dia desses, alguém avisou que a filial do Talho Capixaba de Ipanema estava com cannelés em suas vitrines. Foi o suficiente para esgotarem rapidinho.

— Cannelé é como um bolinho solado. Delicioso, mas, em suma, é isso — diz o restaurateur Janjão Garcia, primeiro a reproduzir a receita original de Saint Emilion no Rio. —Uma das coisas boas dos cannelés é que eles encaram bem um micro-ondas. Quando estiver quentinho, é só completar com um creme anglaise, como fazíamos na Casa Carandaí. Não tem nada melhor.

Mas quais são os trunfos desse doce que remonta ao século XVI, feito à base de ingredientes simples, como farinha, açúcar, leite, ovo, manteiga e baunilha? Muitos. Para começar, combina com vinho tinto. Salut! Depois, tem o charme das forminhas específicas. Afinal, cannelé só é cannelé se for assado nesse formato. O tamanho pode variar, mas o que faz mais diferença, dizem, é o material: tem de alumínio, silicone e a tradicional, de cobre, a mais cobiçada — e cara —delas.

—A de silicone gruda um pouco. As de alumínio são boas, mas ambas fazem um outro cannelé, não é a mesma coisa. O cobre é o melhor condutor de calor, o que é o ideal. Assam por igual e ainda ganham esse bronzeado bonito —diz a chef Manu Alves, do Cozinho Logo Existo (@cozinhologoexisto), uma das maiores entusiastas do doce (R$ 18, 90g).

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Manu lança mão de um toque de mestre para conseguir chegar à casquinha ideal, que não é crocante, mas também não é mole. Assim como o recheio, que não é molhadinho, mas também não é seco.

— Lambuzo as formas de cobre com uma mistura de favo de mel e manteiga sem sal. Fica “encerado” e com notas de mel —conta Manu, que é formada na Itália e já trabalhou no Oteque, acrescentando também que assa o doce em três temperaturas.

 

Ricardo Abrantes, sócio do Talho Capixaba, diz que lá também usam formas de cobre e três patamares de temperatura para preparar o doce (R$ 8,50, 60g).

Formas de cobre para fazer cannelé Foto: Divulgação
Formas de cobre para fazer cannelé Foto: Divulgação

— Assim, chegamos à textura caramelizada por fora e umedecida por dentro — explica, acrescentando que usa fava de baunilha, hidratada no leite, e que os ingredientes ficam maturando por no mínimo 24 horas.

Fred & Oti, de O Apê da Lapa (@0_ape_da _lapa), também são mestres no preparo do doce, que entregam em casa, às sextas feiras (R$ 65, 4 unidades, 180g).

Cannelé vem de canelat, do dialeto gascon da Bordeaux do século XVIII. O doce tem uma história que remete à da doceria conventual portuguesa. Nasceu das mãos das freiras do convento Annonciades de Sainte-Eulalie. Faziam a própria farinha; e as gemas eram as sobras das claras usadas na clarificação dos vinhos. Como Bordeaux era um grande porto mercantil, tinham acesso fácil à baunilha e ao rum que volta e meia turbinavam as receitas. Faziam para dar aos mais necessitados.

É bolinho que tradicionalmente se come na temperatura ambiente e vai bem também com um cafezinho. De preferência, sem açúcar.


O Globo sexta, 04 de fevereiro de 2022

TURISMO: FIQUE CALMO E VISITE E UCRÂNIA

'Fique calmo e visite a Ucrânia': site de seguros simula órgãos de turismo e lança campanha

Mensagem de blog convida viajantes a conhecerem país, que vive clima de tensão e iminência de invasão na fronteira com a Rússia
A Catedral de Dormition, à beira do Rio Dniper, em Kiev, é do século XI, mas teve de ser reconstruída após a Segunda Guerra.Foto:The New York Times/Joseph Sywenkyj
A Catedral de Dormition, à beira do Rio Dniper, em Kiev, é do século XI, mas teve de ser reconstruída após a Segunda Guerra. Foto: The New York Times / Joseph Sywenkyj

"Não há motivo para pânico, e a situação na fronteira ucraniana permanece sob controle", diz o blog do site, que convida o público a visitar "a majestosa Kiev, a agitada Kharkiv, a perfumada Lviv, a aconchegante Chernivtsi, a emocionante Odesa, a poderosa Zaporizhzhia, a incrível Kherson". O comunicado finaliza: "Portanto, sinta-se à vontade para planejar uma viagem à Ucrânia e toda a Ucrânia – o país é aberto e seguro para os turistas.”

 
'Fique calmo e visite a Ucrânia', convida o site de seguros VisitUkraine.today Foto: Reprodução
'Fique calmo e visite a Ucrânia', convida o site de seguros VisitUkraine.today Foto: Reprodução

 

Muitos internautas ficaram confusos, acreditando que a campanha era uma iniciativa do próprio governo — e não é para menos. Além da logomarca idêntica à do site oficial da Ucrânia e do endereço eletrônico parecido com o de páginas oficiais de diversos países no mundo, o site traz detalhes sobre todos os requisitos de entrada de viajantes e reproduz ainda o símbolo da Agência Estatal de Desenvolvimento de Turismo e dos ministérios de Infraestrutura e de Relações Exteriores do país.

Eslovênia: dez motivos para conhecer país que dá nome a participante do 'BBB22'

A isca foi mordida inclusive por veículos de comunicação on-line e perfis de personalidades em redes sociais, que interpretaram que a VisitUkraine.today era administrada por uma espécie de conselho de turismo local, a Organização Nacional de Turismo da Ucrânia (ONT), criada em 2016 como uma organização não governamental.

A ONT, no entanto, negou envolvimento com a campanha e ressaltou que não trabalha com a companhia de seguros e nem com a Agência Estatal do país, segundo o portal Skift. O veículo especializado em notícias de viagens entrou em contato também com VisitUkraine.Today e com a Agência Estatal, mas não obteve resposta.

 

Unesco: Entenda por que a Ucrânia quer Chernobyl como Patrimônio da Humanidade

 
 

A Ucrânia atrai milhares de turistas todos os anos para as animadas e históricas cidades de Kiev e Odessa, além da sombria Chernobyl, onde houve o desastre nuclear que marcou o país.

As tensões no leste da Ucrânia vem aumentando nas últimas semanas e, apesar de Moscou afirmar que não planeja invadir o antigo estado soviético, mais de cem mil soldados russos chegaram a se reunir perto da fronteira no fim de janeiro.

Enquanto isso, governos de Reino Unido, Canadá e EUA, entre outros, alertam contra viagens não essenciais à Ucrânia, citando “aumento das ameaças de ação militar russa e COVID-19”.


O Globo quinta, 03 de fevereiro de 2022

JOGOS DE INVERNO: CONHEÇA AS INSTALAÇÕES ESPETACULARES DE PEQUIM 2022

 

De modernos a velhos conhecidos, conheça as instalações espetaculares da Olimpíada de Pequim-2022; veja fotos

Pessoas passam pelo Centro Aquático Nacional de Pequim, o "Cudo d'Água", que agora é o "Cubo de Gelo" Foto: SEBASTIEN BOZON / AFP

 

Pequim entra para a história como a primeira cidade a ser sede dos Jogos Olímpicos de Verão e de Inverno. E ícones de 14 anos atrás voltam à  cena novamente. No total, oito instalações utilizadas em 2008 foram transformadas e reaproveitadas. Além do Estádio Nacional, o chamado Ninho do Pássaro, a lista inclui o Centro Aquático Nacional, o "Cubo d'Água" que agora virou "Cubo de Gelo".

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Foi neste local que o americano Michael Phelps tornou-se o maior medalhista olímpico da história e César Cielo ganhou o ouro nos 50m livre. E este ano, a instalação dará lugar às disputas do curling, uma das mais curiosas dos esportes gelados.

Cubo de Gelo agora abriga as competições de curling. Foto: EVELYN HOCKSTEIN / REUTERS
Cubo de Gelo agora abriga as competições de curling. Foto: EVELYN HOCKSTEIN / REUTERS
 

Já o Ginásio da Capital, onde a seleção brasileira feminina de vôlei ganhou o ouro, ganhou uma pista de gelo. E é lá que o japonês Yuzuru Hanyu vai tentar se tornar o primeiro homem na história a conquistar o ouro em três jogos consecutivos desde 1928, depois de Sochi-2014 e PyeongChang-2018, na patinação artística. E Wu Dajing terá a vantagem de atuar em casa quando defender o título dos 500m masculino na patinação em velocidade em pista curta.

"O Leque", como é conhecido o Estádio Nacional Indoor, que lembra um tradicional leque chinês, foi construído para os Jogos de 2008 e foi sede da ginástica rítmica, trampolim e o handebol. Agora receberá o hoquei no gelo, assim como o Centro de Esportes de Wukesong (basquete em 2008).

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Mas, por causa da pandemia da Covid-19, jogadores da NHL (principal liga masculina da América do Norte) não foram liberados para a Olimpíada. Canadá, principal potência, e EUA contarão com atletas universitários ou de ligas inferiores. 

Instalações novas

O legado de Pequim-2008 divide espaço com belas construções como o Oval Nacional, para a patinação de velocidade, que recebeu a apelido de “fita de gelo”. O estádio foi construído no lugar do campo de hóquei sobre grama e do campo de tiro com arco, ambos situados no Parque Olímpico e utilizados para as suas respectivas modalidades nos Jogos de Verão de 2008.

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O Big Air Shougang, sede das competições do esqui estilo livre e do snowboard, que foi construído onde antes se localizava uma usina siderúrgica, terá como pano de fundo quatro torres industriais de esfriamento.

É lá que Shaun White, dos Estados Unidos, defenderá o título do snowboard, após classificação há poucos dias, na última hora. Depois do tricampeonato olímpico em PyeongChang-2018, ele tirou um tempo, flertou com o skate em Tóquio-2020, mas voltou para tentar, em Pequim, a quarta medalha de ouro em Jogos (também ganhou em Turim-2006 e Vancouver-2010). Ele anunciou que esta será a sua quinta e última partiipação em Olimpíadas.

A atleta do Brasil com mais chances de bater o recorde nacional (o 9º lugar de Isabel Clark no snowboard em Turim-2006) é Nicole Silveira, que competirá em Yanqing.

Localizada a 75 quilômetros a noroeste do centro de Pequim, Yanqing é um subúrbio montanhoso da capital chinesa, conhecido pelas suas fontes termais, parques nacionais, centros de esqui e pelo trecho de Badaling da Grande Muralha da China. O local será a sede dos eventos de esqui alpino, bobsled, luge e skeleton.

 

Nicole é campeã da Copa América 2022 e Top 10 na etapa de Altenberg da Copa do Mundo da modalidade.

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Outro destaques emYanqing deverá ser Mikaela Shiffrin, candidata para conquistar sua quarta medalha em Jogos e, podendo ser o terceiro ouro. Detentora de recorde de vitórias no slalom em Copas do Mundo de esqui alpino, teve o último ciclo marcado pelo falecimento do pai, Jeff, em plena pandemia.

A terceira área de competições de Pequiim-2022 é a Zona de Zhangjiakou, destino popular de esqui na China que abrigará a maioria dos eventos de esqui e de snowboard (incluindo o estilo livre, o cross country, o salto de esqui, o combinado nórdico e o biatlo). E onde está localizado o Centro Nacional de Salto de Esqui.

O projeto arquitetônico deste centro se assemelha a um cetro tradicional "ruyi", um talismã chinês e por isso ganhou o apelido de "Ruyi de Neve".


O Globo quarta, 02 de fevereiro de 2022

VERA FISCHER: NÃO ME ARREPENDO DE NADA. FIZ TUDO O QUE EU QUIS

Vera Fischer: 'Não me arrependo de nada. Fiz tudo o que eu quis'

Com 70 anos, atriz volta aos palcos, prepara-se para gravar filme, conta que quer lançar livros e leiloar quadros que pintou na pandemia
 
Após um jejum de quatro anos do teatro, Vera Fischer volta aos palcos com a peça 'Quando eu for mãe quero amar desse jeito' Foto: Divulgação/Patrícia Lino
 

São 55 anos de carreira e mais de 70 trabalhos, entre novelas, filmes e peças. Mesmo assim, Vera Fischer garante que ainda sente um certo frio na barriga ao voltar aos palcos após quatro anos.

— Sempre temos esse medo lá no fundo. Eu me envolvo muito, vou com intensidade, quero fazer pra valer e às vezes sofro. A gente joga o corpo e, aos 70 anos, ele dói— brinca a atriz, que estreia esta quarta-feira (2), no Sesc Copacabana, “Quando eu for mãe quero amar desse jeito”, espetáculo de Eduardo Bakr com direção de Tadeu Aguiar.

Vera Fischer, Mouhamed Harfouch e Larissa Maciel encenam o espetáculo 'Quando eu for mãe quero amar desse jeito', com direção de Tadeu Aguiar Foto: Divulgação/Carlos Costa
Vera Fischer, Mouhamed Harfouch e Larissa Maciel encenam o espetáculo 'Quando eu for mãe quero amar desse jeito', com direção de Tadeu Aguiar Foto: Divulgação/Carlos Costa

Explorando temas como amor, dramas familiares e a relação com o dinheiro numa mistura de tensão e humor ácido, a trama gira em torno de Dulce Carmona, uma mãe obcecada pelo filho, interpretado por Mouhamed Harfouch, que entra em pé de guerra com a noiva dele, vivida por Larissa Maciel.

 

— Os três se digladiam. Existe uma coisa doentia ali. É uma personagem muito longe de mim. Mas quanto maior o desafio, mais entregamos coisas diferentes. O público vai dizer: “Essa Vera eu nunca vi.”

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A mãe de Rafaella, de 42 anos, fruto do casamento com Perry Salles, e de Gabriel Camargo, de 29, do relacionamento com Felipe Camargo, conta que a encenação passa longe da relação que leva com os filhos:

— Não temos isso de ficar grudados. Nos amamos profundamente, mas é um amor livre. Criei os filhos para o mundo e não para mim.

Vera diz que sofreu um bocado durante a pandemia. Para vencer a saudade de parentes, amigos e fãs, comprou o primeiro celular.

— Foi muito difícil. Parei de comer, de fazer exercícios, emagreci muito. Mas não me deixei vencer— recorda a atriz, que já soma mais de 1,5 milhão de seguidores no Instagram. — Vou continuar fazendo o teatro ao vivo, se não eu morro, porque é o que eu mais amo. Mas temos que respeitar as redes e o streaming e trabalhar com isso.

E ela trabalhou: participou da websérie “Reflexos”, com Cleo (que contou ainda com nomes como Marília Gabriela e Viih Tube). No fim do ano, quando terminar a turnê da peça — que vai rodar o Brasil e irá a Portugal e EUA —, começa a filmar, com Sérgio Malheiros e Gkay, “Quase alguém”, de Daniel Ghivelder, no qual interpreta uma atriz que tenta resolver seus conflitos com a filha.

 
 
Vera Fischer completa 55 anos de carreira Foto: Divulgação/Patrícia Lino
Vera Fischer completa 55 anos de carreira Foto: Divulgação/Patrícia Lino

Os projetos não param aí. Planeja ainda lançar livros (“já estão escritos, só falta editar”) e fazer um leilão das cerca de cem telas que pintou nos últimos dois anos. Além disso, a musa da televisão brasileira pretende criar uma linha de beleza voltada para os cuidados com a pele, para mulheres maduras.

— Sempre me cuidei. Não suporto a ideia de fazer botox. Sou atriz, preciso ter minhas reações no rosto. Não quero fazer plásticas porque atrapalharia o meu trabalho. Mexer no meu rosto, por enquanto, nem pensar— garante Vera.— Um pouco de cuidado é bom, mas acho meio louco essas pessoas que botam peito, bunda, boca, maçã no rosto... Cada um faz o que quer, mas não vou copiar. Todos vamos envelhecer e todos morreremos.

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Ao olhar para trás, a atriz, nas telas com a reprise da novela “O clone”(2001), na Globo, se emociona.

— Não me arrependo de nada. Fiz tudo o que eu quis. Nunca sonhei ser atriz, foi acontecendo e tenho orgulho de ter mantido com dignidade o meu trabalho.

Serviço

Teatro SESC Copacabana: Rua Domingos Ferreira 160. Qua a dom, às 19h. Sessão extra dia 19 (sáb), às 16h. Estreia dia 2 (qua). R$ 30.12 anos. Até 20 de fevereiro.

 


O Globo terça, 01 de fevereiro de 2022

GASTRONOMIA: A MASSA CHOUX, CLÁSSICO FRANCÊS, APARECE REPACINADAE COM DIVERSAS VERSÕES DE RECHEIOS, ACOMPANHAMENTOS E FORMATOS

Clássico francês, a massa choux aparece repaginada e com diversas versões de recheios, acompanhamentos e formatos

Com café, mais leve e geladas são algumas opções
Choux de frutas vermelhas do Le Blé, em São Paulo Foto: Ligia Skowronski
Choux de frutas vermelhas do Le Blé, em São Paulo Foto: Ligia Skowronski
 

Em francês, choux (pronuncia-se chú) significa repolho. Mas é também uma massa deliciosa, fofinha por dentro e levemente crocante por fora. Criada na França em 1540, virou um clássico e conquistou o mundo. Neste verão, tem aparecido com tudo nos cardápios. Versões geladas, com muito recheio ou mais levinha: são muitas as opções.

A choux da The Slow Bakery Foto: Samuel Antonini
A choux da The Slow Bakery Foto: Samuel Antonini

Na The Slow Bakery, em Botafogo, ela é recheada com creme de confeiteiro, feito com baunilha brasileira produzida de maneira sustentável em Itacaré, na Bahia. Virou um dos hits da casa, famosa por seus pães de fermentação natural. No Escama, no Jardim Botânico, é uma das sobremesas mais pedidas. Recheada com chocolate, café e chantilly de caramelo, ela tem um doce na medida. “A choux é um superclássico, mas nossa abordagem vai na correnteza da nova onda da confeitaria francesa, mais leve, que não tem, por exemplo, aquelas glaçagens típicas de éclairs e profiteroles que a gente tanto conhece. Reunimos caramelo salgado (no chantilly), chocolate amargo e café (no creme pâtissière do recheio), sabores também familiares, mas que pouco são vistos juntos por aqui”, descreve Hugo Devaux, chef pâtissier e subchef do restaurante.

 
Choux do Escama Foto: Tomas Rangel
Choux do Escama Foto: Tomas Rangel

No Mäska, em Ipanema, uma das sobremesas do menu de almoço segue uma combinação semelhante: a choux au craquelin de chocolate meio amargo e creme inglês de café. Em São Paulo, a Escola do Sorvete tem uma versão gelada, recheada com gelatos variados. E a Le Blé criou uma de frutas vermelhas com ganache de chocolate branco.

A Choux do Mäska Foto: Yasmin Alves
A Choux do Mäska Foto: Yasmin Alves

Bocadinhos de felicidade.


O Globo segunda, 31 de janeiro de 2022

TURISMO: CONFIRA AS SETE REGIÕES DE RECIFES DE CORAIS QUE ENCANTAM NO BRASIL

 

Confira sete regiões de recifes de corais que encantam no Brasil

De Fernando de Noronha a Abrolhos, áreas de proteção marinha dão o tom da diversidade e riqueza do litoral brasileiro
Porto de Galinhas, em Pernambuco: Brasil é paraíso de recifes de corais Foto: Divulgação/Vinicius Lubambo / O GLOBO
Porto de Galinhas, em Pernambuco: Brasil é paraíso de recifes de corais Foto: Divulgação/Vinicius Lubambo / O GLOBO
 

Nos últimos anos, o turismo espacial tem dado passos largos. Enquanto isso, no nível do mar, continuamos boiando sobre uma profunda incógnita. Para se ter uma ideia do abismo marinho, apenas 20% do relevo oceânico mundial está mapeado, segundo Audrey Azoulay, diretora-geral da Unesco. Recentemente, uma missão científica apoiada pela ONU divulgou a descoberta no Taiti de um dos maiores recifes de corais do mundo. Mas essas formações não são exclusividade da Polinésia Francesa.

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A costa do Brasil tem cerca de 3 mil km dessas formações, que são únicas em todo o Atlântico Sul e “construídas” por organismos animais e vegetais. Embora cubram apenas 1% dos mares tropicais, os corais estão presentes em ao menos 30% da costa brasileira, onde 24 espécies, de um total de 66, são endêmicas, segundo o Projeto Coral Vivo. Com responsabilidade social e respeito ao meio ambiente, é possível admirá-las. Conheça a seguir algumas das mais belas regiões de recifes de corais no Nordeste do país.

 

APA Costa dos Corais (Pernambuco e Alagoas)

Piscinas naturais de Maragogi, na APA Costa dos Corais, no litoral de Alagoas Foto: Wikimedia Commons / Reprodução
Piscinas naturais de Maragogi, na APA Costa dos Corais, no litoral de Alagoas Foto: Wikimedia Commons / Reprodução

A maior unidade de conservação marinha do país tem 135km de praias e piscinas naturais, entre Tamandaré, no litoral sul pernambucano, e Paripueira, no norte de Alagoas. O endereço mais famoso é Maragogi (AL), uma das maiores barreiras de corais do mundo, onde piscinas naturais se formam a 6km da costa, na maré baixa, e tem acesso por catamarãs.

Porto de Galinhas (Pernambuco)

Piscinas naturais de Porto de Galinhas, em Pernambuco Foto: Jobosco / Wikimedia Commons / Reprodução
Piscinas naturais de Porto de Galinhas, em Pernambuco Foto: Jobosco / Wikimedia Commons / Reprodução

Nesse distrito de Ipojuca, a 60km do Recife, a atração mais famosa são as piscinas naturais que se formam entre bancos de corais e com acesso por jangadas. A barreira é responsável também pela calmaria da vizinha Praia de Muro Alto, por conta dos 3 km de recifes que represam águas sem ondas e convidam para esportes náuticos.

Parque Estadual Marinho da Areia Vermelha (Paraíba)

Banco de areia Picãozinho, no Parque Estadual Marinho da Areia Vermelha, em Cabedelo, Paraíba Foto: Cacio Murilo / Ministério do Turismo / Divulgação
Banco de areia Picãozinho, no Parque Estadual Marinho da Areia Vermelha, em Cabedelo, Paraíba Foto: Cacio Murilo / Ministério do Turismo / Divulgação

Esse banco de areia rodeado por um cordão recifal em Cabedelo, município a 18km de João Pessoa, dá as caras na maré baixa e tem piscinas naturais a 2km da Praia de Camboinha. Na capital paraibana, outra formação semelhante é Picãozinho, cujo traslado em barco até os recifes sai da Praia de Tambaú.

Recifes de Coral do Rio Grande do Norte

Parrachos de Maracajaú, no Rio Grande do Norte Foto: Canindé Soares / Secretaria de Turismo do Rio Grande do Norte / Divulgação
Parrachos de Maracajaú, no Rio Grande do Norte Foto: Canindé Soares / Secretaria de Turismo do Rio Grande do Norte / Divulgação

Do alto, parece até o registro de um daqueles destinos isolados da Polinésia. Esta Área de Proteção Ambiental Estadual é um dos cenários potiguares mais impactantes. Criada em 2001, abrange os municípios de Touros, Rio do Fogo e Maxaranguape, conhecido pelos Parrachos de Maracajaú, uma área de 9km de extensão com piscinas naturais a 7km da costa.

 

 

Parque Nacional de Abrolhos (Bahia)

Mergulho no Parque Nacional de Abrolhos, no sul da Bahia Foto: ICMBio / Reprodução
Mergulho no Parque Nacional de Abrolhos, no sul da Bahia Foto: ICMBio / Reprodução

No primeiro parque nacional marinho do Brasil, o destaque é o surreal chapeirão, coluna recifal endêmica em forma de cogumelo gigante, onde podem ser feitos mergulhos dentro dessa estrutura de até 25 metros de altura, como o Chapeirão Faca Cega. Essa área de observação de baleias e acesso controlado fica a cerca de 4 horas de navegação de Caravelas, no litoral sul.

Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (Pernambuco)

Mergulho em Fernando de Noronha, Pernambuco Foto: Tadeu Pereira / Wikimedia Commons / Reprodução
Mergulho em Fernando de Noronha, Pernambuco Foto: Tadeu Pereira / Wikimedia Commons / Reprodução

Este Patrimônio Mundial Natural tem águas de alta visibilidade e abundância de recifes em pontos como a Laje Dois Irmãos e Sancho. O título dado pela Unesco é consequência das formações recifais que servem como refúgio para a variada vida marinha desse arquipélago, a 545km do Recife.

Reserva Biológica do Atol das Rocas (Rio Grande do Norte)

Atol das Rocas, no litoral do Rio Grande do Norte Foto: Wikimedia Commons / Reprodução
Atol das Rocas, no litoral do Rio Grande do Norte Foto: Wikimedia Commons / Reprodução

Na primeira reserva marinha do Brasil, a proteção é integral e o acesso é liberado apenas para fins científicos, devido ao alto grau de fragilidade desse anel isolado a mais de 20 horas de barco de Natal. Este atol é a única formação do gênero, em todo o Atlântico Sul, e abriga um importante berçário natural de baleias, golfinhos e tubarões.


O Globo domingo, 30 de janeiro de 2022

RIO DE JANEIRO - ESPALHADAS PELA CIDADE, CACHOEIRAS SÃO OPÇÃO PARA APLACAR O CALOR DO VERÃO

Espalhadas pela cidade, cachoeiras são opção para aplacar o calor do verão

Bombeiros, porém, alertam sobre a necessidade de cuidados para evitar acidentes
 
Refrescante. A cachoeira do Horto, no Jardim Botânico: o acesso fácil atrai visitantes, mas nos fins de semana apenas pedestres e ciclistas estão liberados Foto: Márcia Foletto/Agência O Globo
Refrescante. A cachoeira do Horto, no Jardim Botânico: o acesso fácil atrai visitantes, mas nos fins de semana apenas pedestres e ciclistas estão liberados Foto: Márcia Foletto/Agência O Globo
 

RIO —  O Rio vive, há pouco mais de uma semana, uma onda de calor com temperaturas beirando os 40 graus. Naturalmente, o refúgio nesses dias típicos de verão costuma ser as praias da cidade. Mas as areias lotadas e a falta de segurança têm transformado as cachoeiras em opção de refresco para os cariocas, que podem escolher alguma entre as mais de dez quedas d’água abertas ao público no Rio. No entanto, banhistas precisam cumprir regras e tomar certos cuidados na hora do mergulho. De acordo com o Corpo de Bombeiros, foram registrados sete salvamentos desde o início do verão em cachoeiras.

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Dentro do Parque Nacional da Tijuca, um oásis dentro da cidade do Rio, estão as principais cachoeiras da cidade, como a das Almas, a do Horto e da Imperatriz. A analista ambiental Ana Elisa Bacellar recomenda o uso de calçados com solado antiderrapante e que possam ser molhados, para evitar acidentes, já que, ao redor das cachoeiras, costuma haver pedras escorregadias e úmidas. Segundo ela, o ideal é que os frequentadores procurem horários com menor movimento para aproveitar as cachoeiras do parque com mais tranquilidade, como, por exemplo, durante a semana, das 8h às 11h.

— Não leve churrasqueira, nem caixas de som, que causam poluição e perturbação da fauna. Também não usem produtos de higiene pessoal, como creme de cabelo ou protetor solar porque a química polui as águas e agride a Mata Atlântica, nem deixem restos de alimentos ou resíduos sólidos — orienta.

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Em meio à mata da Floresta da Tijuca, a Cachoeira do Horto, no Jardim Botânico, Zona Sul do Rio, é de fácil acesso e atrai muitos visitantes. A pedagoga Simone Carneiro, de 24 anos, mora em Niterói e aproveitou a estada na casa da amiga, na Glória, na Zona Sul, para ir ao Horto na manhã de anteontem. A opção foi para fugir da praia:

— Às vezes, é bom mudar. É um lugar muito bonito. Eu prefiro a praia, mas busco aqui por ser diferente. No geral, é supertranquilo. Indico muito este passeio.

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Pedestres e ciclistas

Carros e motos são permitidos de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. Há estacionamento. Nos fins de semana, somente pedestres e ciclistas estão liberados.

A família do gestor de projetos Wagner da Silva, de 41 anos, também resolveu sair da praia para buscar um refúgio com a família em meio à floresta. A filha estava na segunda visita ao local. Encantada com as borboletas que a rodeavam, a menina Anastácia, de 4 anos, não titubeou ao dizer sua preferência na hora do lazer:

— Eu adoro vir aqui. Prefiro cachoeira à praia.

 

Na imensidão verde do Parque Nacional da Tijuca, a queda d’água de 35 metros da Cascatinha Taunay, no Alto da Boa Vista, encanta pequenos, jovens e adultos. De acordo com o parque, o acesso de banhistas embaixo da cachoeira é proibido.

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No entanto, ao pé da cascata, uma piscina de água verde cristalina que passa por debaixo da Ponte Job de Alcântara, criada em 1860, a mando do governo imperial, serve de refúgio para muitos turistas e moradores da região.

Os visitantes têm direito a estacionamento e banheiro gratuitos. A entrada é controlada, das 8h às 17h: apenas 300 carros e 40 motos por dia, com a entrega de cartões na entrada pela Praça Afonso Viseu, que deverão ser devolvidos na saída, no portão do Açude.

A marmiteira Cintia Nascimento, de 37 anos, e a amiga, a professora Christiane Figueira, também de 37, elegem o local como quintal para elas e as crianças. Só na última semana, foram duas visitas. A filha de Christiane, Rafaela, de 11 anos, também garante que ama o local. Anteontem, ela chegou a levar lápis de cor e caderno para desenhar nas mesinhas.

— Levamos em conta o passeio econômico, a segurança, a proximidade e o conforto. Moramos pertinho. Quase todo dia estamos aqui. As crianças adoram, nós também. A praia está tão aglomerada, com o vírus da Covid-19 circulando, que é melhor vir para a cachoeira — comenta Christiane.

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Segundo nota do Parque Nacional da Tijuca, fiscais fazem rondas regulares para manter a segurança. O principal objetivo não é punir. “Esse é o último recurso. A visitação é vista como aliada da conservação, onde as pessoas aprendem sobre a necessidade de preservação. O parque divulga as orientações para educar e realizar, por exemplo, projetos de conscientização com o apoio de voluntários. O local também dispõe de monitores ambientais e brigadistas que orientam as pessoas”.

Orientações do Corpo de Bombeiros

O local certo

Procure lugares pertencentes a parques ou reservas que oferecem sinalização e serviço de prevenção.

 

Supervisão

Não tome banho em cachoeiras isoladas e desconhecidas sem a supervisão de um grupo especializado de pessoas que possam conduzir aos locais de banho e dar socorro em caso de afogamentos.

Nada de pular

Jamais pule de pedras altas confiando na profundidade da água. Mesmo em cachoeiras conhecidas, o relevo do solo pode mudar pelo deslocamento de pedras e troncos. Com isso, existe grande risco de lesões e traumas.

Risco em dias de chuva

Não fique próximo à água em dias de chuva intensa. Existe risco de elevação súbita do nível da água, o que pode acabar arrastando quem está se banhando ou próximo à correnteza.

Correnteza

Nunca se coloque em local de correnteza forte. Segundo os bombeiros, como não há guarda-vidas fixos nesses ambientes, eles “atuam nas ocorrências de socorro sempre que acionados e enviam militares especializados e equipamentos específicos para atendimento às vítimas de queda, afogamentos ou hipotermia”.

Cuidado nas pedras

Tenha muito cuidado ao andar pelas pedras, já que pode haver limo em suas superfícies.


O Globo sábado, 29 de janeiro de 2022

SKATE: CANADENSE MONTA FÁBRICA NA ROCINHA PARA TRANSFORMAR TAMPINHAS PLÁSTICAS EM SKATES

Canadense monta fábrica na Rocinha para transformar tampinhas plásticas em skates

Projeto já evitou que 700 quilos de resíduos fossem descartados irregularmente
O engenheiro canadense Arian Rayegani tem um projeto que ajuda na conscientização sobre reciclagem Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
O engenheiro canadense Arian Rayegani tem um projeto que ajuda na conscientização sobre reciclagem Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo

RIO — Apaixonado pelo Brasil e envolvido na causa da sustentabilidade, o engenheiro mecânico canadense Arian Rayegani, de 28 anos, se mudou para a Rocinha em 2019 com um objetivo: difundir sua ideia de produzir skates com tampinhas de garrafa PET. O projeto tomou forma na comunidade no ano passado, em abril, próximo à entrada do Portão Vermelho, com o nome de Na Laje Designs (@nalajedesigns), onde funciona a fábrica do canadense. Até hoje, a iniciativa de Rayegani já fez com que aproximadamente 700 quilos de tampinhas não fossem descartados irregularmente.

De acordo com um levantamento do projeto, mais de 230 toneladas de resíduos, que variam de plásticos, papelão, isopor e outros, são descartados por dia na Rocinha. Esse número fez da comunidade um lugar perfeito para a implementação da iniciativa, segundo o engenheiro:

 — Eu sempre quis tocar projetos como esse, e sempre quis que fosse no Brasil, onde já vinha desde 2014, como turista, e fiquei encantado. A ideia de vir para a comunidade apareceu por meio de sugestões dos que já atuavam aqui com iniciativas similares. Com o descarte alto de resíduos, a Rocinha se tornou um bom lugar. Além de ser um local carente de saneamento básico, com pouca estrutura para projetos sustentáveis.

Ele conta que o estalo para iniciar a confecção dos skates aconteceu na cozinha de sua casa, em Toronto, quando manuseava os resíduos de lixo produzidos por sua família:

— Eu queria achar um novo destino para aquela quantidade toda de lixo, algo focado na reciclagem.

Após pesquisas, o mais viável foi produzir o skate. Hoje, o projeto tem apoio de ONGs como Salvemos São Conrado, Vivendo Um Sonho Surf, Horta na Favela e Família na Mesa, todas atuantes na região da Rocinha.

Para fazer uma unidade, ele utiliza cerca de 500 tampinhas, o que equivale a um quilo de plástico. O material vem de moradores da comunidade, de pescadores das redondezas e de projetos sociais envolvidos com produção e distribuição de alimentos.

 

O processo de confecção demora cerca de duas horas, entre triturar, colocar na prensa e depois no forno. Hoje, com a demanda em alta por parte de empresas, Rayegani contratou dois funcionários para ajudar no trabalho. Cada skate sai por R$ 480 com as rodas. Sem elas, fica por R$ 260.

— Ainda não tenho o retorno financeiro que investi, que foi algo próximo de R$ 50 mil, para a criação do Na Laje. A demanda é alta, mas a gente ainda não consegue atender a todos. Nossa equipe é pequena para o tanto de pedidos. A gente está caminhando aos poucos — conta o engenheiro.

O espaço tem o tamanho aproximado de um quarto de três por três metros. A ideia é que ele consiga ampliar a fábrica para que se torne um espaço de narrativas sustentáveis: com uma horta ecológica, promovida pelo Horta na Favela, outro projeto da região; um espaço para workshops; e uma fábrica em tamanho maior, para que visitantes também possam fazer parte da confecção:

— Nós estamos estimando algo em torno de R$ 100 mil para a ampliação. Queremos que aqui se torne um local para turistas e moradores.

 

 

Rede de pesca

Outra ideia é que os resíduos reutilizados ultrapassem as tampinhas. Até agora, com elas, ele já fez troféus para campeonatos locais e arriscou um relógio de parede. A próxima etapa é reutilizar redes de pesca, a partir deste ano. Segundo o engenheiro, o material é bem mais resistente que o PET.

— Daqui a dez anos, queremos estar em outros lugares do Brasil. Temos percebido essa demanda. É difícil pensar no projeto como algo que dê também retorno financeiro, até porque a confecção é muito cara, mas penso, principalmente, na educação das pessoas daqui e de fora — afirma ele.

Quem vê um futuro brilhante com esse e outros projetos na Rocinha é Marcelo Farias, ativista do projeto Salvemos São Conrado e morador há 45 anos da comunidade. O projeto organiza, desde meados de 2011, ações de limpeza na Praia de São Conrado. Segundo Farias, mais de cinco toneladas de lixo já foram retiradas em apenas um dia de mutirão:

— Um dos nossos maiores problemas aqui é o lixo. Muitos não têm acesso à lixeira; moram no topo do morro e fazem o descarte incorretamente. É pouco o investimento. Quando projetos como esses vêm para a região, sinto que a população toma uma consciência maior. Coloca na mente das pessoas que o lixo pode ser reutilizado e até descartado de forma diferente, sem ser no meio da rua ou nos mares, como vemos em grande quantidade.

 


O Globo sexta, 28 de janeiro de 2022

ROCK IN RIO 2022: PALCO SUNSET TERÁ DIA DEDICADO AO RAP COM RACIONAIS, CRIOLO E XAMÃ

Rock in Rio 2022: Palco Sunset terá dia dedicado ao rap com Racionais, Criolo e Xamã

Evento acontece em setembro no Parque Olímpico, no Rio de Janeiro
Racionais estreiam no Rock in Rio em 2022 Foto: Divulgação
Racionais estreiam no Rock in Rio em 2022 Foto: Divulgação
 

O Palco Sunset, espaço tradicional do Rock in Rio, terá um dia inteiramente dedicado ao rap brasileiro. Em 3 de setembro, nomes como Racionais, Criolo e Xamã se apresentação no espaço.

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Estreantes no Rock in Rio, os Racionais serão os headliners da noite que busca jogar uma luz sob a trajetória de resistência e a realidade da periferia. O grupo promete um setlist com clássicos como “Negro drama”, “Jesus chorou” e “Diário de um detento”. No mesmo dia, o rapper Criolo estará ao lado da cantora cabo-verdiana Mayra Andrade, que já colaborou com Chico Buarque e Caetano Veloso.

Palco Sunset:  Rock in Rio anuncia CeeLo Green, Macy Gray e Ludmilla

Há um mês no Top 50 do Spotify com o hit “Malvadão 3”, Xamã também marcará presença no Sunset. Três anos após se apresentar no Espaço Favela no Rock in Rio 2019, o rapper se une aos Brô MC's, o primeiro grupo de rap indígena do Brasil, para uma performance repleta de ancestralidade. 

Abrindo a programação do Sunset no dia, o DJ Papatinho e o cantor L7NNON prometem uma apresentação de movimentar a Cidade do Rock, com direito a participações especiais de Mc Hariel e Mc Carol.

Palco Mundo: Coldplay é atração no dia 10 de setembro

“O rap é a voz das periferias. Ele representa as pessoas periféricas na cultura por meio do retrato fiel que faz da realidade de milhares de brasileiros. Por isso, não poderíamos deixar de celebrar e exaltar este estilo musical”, destaca Zé Ricardo, diretor artístico do Palco Sunset, em comunicado oficial.

Além da programação do Sunset, quem visitar o Parque Olímpico no dia 3 de setembro poderá conferir as apresentações de Post Malone, Marshmello, Jason Derulo e Alok no Palco Mundo. O Rock in Rio 2022 acontece nos dias 2, 3, 4, 8, 9, 10 e 11 de setembro.

 


O Globo quinta, 27 de janeiro de 2022

SAUDE: JÁ LAVOU O UMBIGO HOJE? DEIXAR A REGIÃO SUJA PODE TRAZER PROBLEMAS DE SAÚDE

Já lavou seu umbigo hoje? Deixar região suja pode trazer problemas de saúde

Área costuma juntar suor, sujeira e muitas bactérias; aprenda a limpar
Umbigo deve ser limpo uma vez por semana, pelo menos. Foto: Pixabay
Umbigo deve ser limpo uma vez por semana, pelo menos. Foto: Pixabay
 
 

Você pode esfregar da cabeça aos pés toda vez que entrar no chuveiro, mas há uma pequena parte do seu corpo que normalmente é negligenciada durante o banho, não importa quão empenhado você seja em sua auto-higiene: o umbigo. Esquecer-se desta parte é algo bem comum.

Por causa do recuo desta região, o acúmulo de suor, sujeira, restos de pele e bactérias podem causar o mau cheiro na região.

Um estudo feito por pesquisadores do projeto Belly Button Biodiversity (Biodiversidade do Umbigo) da Universidade Estadual da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, descobriu que, em média, há 67 bactérias diferentes em nosso umbigo. No trabalho, 60 umbigos foram analisados e um deles apresentou 107 bactérias.

Descobriu-se que um dos voluntários hospedava uma bactéria que anteriormente só havia sido encontrada em solo no Japão. O que torna isso ainda mais incomum é que ele nunca esteve no país. Outro voluntário aparentemente não tomava banho há vários anos e abrigava bactérias em seu umbigo que normalmente vivem em condições extremas, como nos Polos Sul e Norte.

Além do mau cheiro, um umbigo sujo pode desenvolver uma infecção — por causa da alta concentração de bactérias — chamada de onfalite. As secreções podem endurecer e causar um tipo de "pedra", embora não seja algo comum. Limpar corretamente o umbigo é fundamental para evitar problemas futuros.

Passo a passo de como limpar o umbigo

  1. Mergulhe um cotonete em álcool e esfregue suavemente no umbigo.
  2. Substitua o cotonete por um novo e álcool fresco, se necessário.
  3. Então, quando o cotonete não estiver pegando mais sujeira e sair limpo, use outro cotonete embebido em água para tirar o álcool restante, pois pode ressecar a pele.
  4. Ao sair do banho, use um cotonete seco ou um pano pequeno para secar o umbigo.
  5. Você deve repetir esse processo cerca de uma vez por semana.

O Globo quarta, 26 de janeiro de 2022

CULTURA: GRUPO DE MULHERES CUIDA DO ACERVO DE BURLE MARX

 

Grupo de mulheres está à frente da organização do acervo com mais de 120 mil itens do Instituto Burle Marx

Material iclui plantas de projetos, pinturas, fotografias e cartas que ajudam a entender a profundidade do legado do mestre do paisagismo
Maria e Cecilia examinam material do acervo Foto: Divulgação
Maria e Cecilia examinam material do acervo Foto: Divulgação
 

Das inúmeras vezes em que cruzou a Serra de Petrópolis com a família, Isabela Ono se lembra de como seu pai, o arquiteto e paisagista Haruyoshi Ono, costumava chamar a atenção para a vegetação que margeia a estrada. “Ele falava muito sobre a floração da sibipiruna. A semente parece uma borboleta e, quando cai, voa como se fosse um helicópterozinho para ir o mais longe possível”, recorda-se a também arquiteta e paisagista. Haruyoshi era o mais aplicado discípulo de Roberto Burle Marx (1909-1994) e morreu há exatos cinco anos. Ele também contou à filha como o próprio Burle Marx tinha um comportamento semelhante, quando viajavam juntos. “Se estavam num avião, o Roberto destacava, pela janela, aspectos como a sinuosidade do rios.”

Soa, portanto, como um caminho natural — e poético — que Isabela tenha assumido o posto de diretora executiva do Instituto Burle Marx, fundado há três anos, enquanto segue como gestora administrativa do Escritório Burle Marx, onde ingressou em 1992. Criado como uma organização de sociedade civil, o projeto foi pensado para preservar, catalogar e tornar público o acervo produzido pelo escritório do mestre do paisagismo brasileiro desde a década de 1930 até o ano de sua morte. Uma missão hercúlea: são mais de 120 mil itens, entre croquis, plantas de projetos e guaches, além de cartas, fotografias e obras de arte. “Nosso intuito é, primeiramente, preservar todo o material e, depois, disponibilizá-lo para a sociedade”, conta Isabela. “Queremos ressignificar esse legado e mostrar que um jardim não é somente algo estético. Contribui para uma vivência melhor tanto do indivíduo quanto do coletivo.”
Isabela é diretora executiva do Instituto Burle Marx Foto: Luciola Villela
Isabela é diretora executiva do Instituto Burle Marx Foto: Luciola Villela

 

Para dar conta de algo dessa dimensão, ela montou uma equipe exclusivamente feminina, com dez profissionais de diferentes áreas, como catalogação, museologia e comunicação. Mas essa configuração, avisa, se deu de um modo orgânico. E ela acha ótimo que seja assim: “Sempre vivi num mundo masculino, cercada por arquitetos, engenheiros e jardineiros. Então, é importante nos colocarmos em lugares que não eram ocupados. Não foi um pré-requisito, mas é interessante que sejamos todas mulheres. A gente se entende muito bem. Tem uma coisa de um comprometimento visceral e de sermos muito perseverantes”.

É dessa perseverança que o trabalho no instituto começa a ganhar corpo. A maior mostra pública disso, até agora, é a exposição “O tempo completa: Burle Marx, clássicos e inéditos”, em cartaz na Casa Roberto Marinho até o dia 6 de fevereiro, com curadoria compartilhada entre a própria Isabela e o diretor do centro cultural, Lauro Cavalcanti. Na exibição, os visitantes visualizam parte dos tesouros encontrados por essas profissionais, cuja rotina é cheia de surpresas. “Nunca sabemos o que vamos encontrar dentro dos tubos e dos envelopes de projetos”, conta Cecilia de Oliveira Ewbank, coordenadora de acervos. Nesse garimpo, ela já se deparou com verdadeiras preciosidades, como uma carta manuscrita cheia de desenhos assinada pelo escultor americano Alexander Calder (1898-1976). “Há projetos que não imaginávamos que haviam sido feitos e, conforme vamos descobrindo, ganhamos a dimensão do quão longe o nome de Burle Marx chegou, da Áustria ao interior do Rio Grande do Sul. Também descobrimos obras que foram modificadas ou nunca foram executadas. No Parque do Flamengo, por exemplo, ele previa a construção de um restaurante popular e um aquário.”
Planta de projeto que faz parte do acervo Foto: Divulgação
Planta de projeto que faz parte do acervo Foto: Divulgação

 

A pesquisa tem evidenciado o quanto a projeção alcançada pelo escritório não se deu por acaso. Afinal, Burle Marx foi precursor, entre outras coisas, do discurso ambiental. Em suas excursões pela Amazônia, demonstrava preocupação com a devastação causada pela abertura de estradas. “A palavra sustentabilidade nem existia, e ele já falava sobre isso”, observa a gerente de comunicação do instituto, Tatiana Leiner. Desse modo, o acervo é visto como uma ponte entre passado e presente, capaz de comunicar valores importantes para as novas gerações. “Rodas de conversa estão entre os nossos projetos para este ano. Queremos articulações jovens para explorar ainda mais essa potência.”

Conforme descortina o acervo, a equipe também tem compreendido como os projetos evidenciam a importância do coletivo. Embora o nome de Burle Marx seja o mais conhecido, ele sempre esteve cercado por um grande time de profissionais — e tinha consciência disso. “Eu não trabalhei com ele, mas me lembro de chegar ao escritório ou ao sítio (em Barra de Guaratiba) e vê-lo almoçando com toda a equipe. Ele se sentava com os jardineiros e o Lúcio Costa (1902-1998) na mesma mesa”, recorda-se Isabela. “São décadas de construção de um legado que não foi erguido por um indivíduo. Queremos trazer essas histórias à tona.”
Roberto Burle Marx e Haruyoshi Ono Foto: Claus Meyer
Roberto Burle Marx e Haruyoshi Ono Foto: Claus Meyer

 

Se dar conta de tanta coisa parece desafiador, Isabela volta à força feminina para justificar o empenho. “Diante de um acervo enorme como esse, muita gente poderia desistir. Mas fazemos um trabalho de formiguinha mesmo.” Maria Pierro Gripp, museóloga do instituto, reitera a análise. “É uma forma de resistência. Afinal, não faltam instituições como a nossa, com nenhuma ou pouca verba, sendo banalizadas e pegando fogo”, lamenta. “Juntas, minimizamos esses riscos. Se não conseguimos realizar algo de um jeito, fazemos de outro.”


O Globo terça, 25 de janeiro de 2022

SAÚDE: É MELHOR SE EXERCITAR DE MANHÃ OU À NOITE?

É melhor se exercitar de manhã ou à noite?

Fazer o treino em diferentes momentos do dia pode trazer benefícios únicos para a saúde, sugere um novo estudo ambicioso conduzido em camundongos
Se os padrões observados no estudo com ratos forem verdadeiros nas pessoas, eles podem sugerir que o exercício matinal contribui mais para a perda de gordura, enquanto os exercícios no final do dia podem ser melhores para o controle do açúcar no sangue. Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo
Se os padrões observados no estudo com ratos forem verdadeiros nas pessoas, eles podem sugerir que o exercício matinal contribui mais para a perda de gordura, enquanto os exercícios no final do dia podem ser melhores para o controle do açúcar no sangue. Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo
 

O exercício matinal tem efeitos muito diferentes no metabolismo do que o mesmo treino no final do dia, de acordo com um novo e ambicioso estudo conduzido em animais sobre o timing da atividade física. O estudo, que analisou camundongos de laboratório saudáveis correndo em pequenas esteiras, mapeou centenas de disparidades em quantidades e atividades de moléculas e genes em todo o corpo dos roedores, que variavam se eles corriam logo pela manhã ou mais à noite.

Leia mais: Por que os exercícios são mais importantes para a longevidade do que a perda de peso?

Muitas dessas mudanças estão relacionadas à queima de gordura e a outros aspectos do metabolismo dos animais. Com o tempo, essas mudanças podem influenciar substancialmente seu bem-estar e o risco para doenças. E, embora o estudo tenha focado em roedores, suas descobertas provavelmente têm relevância para qualquer um de nós que se pergunta se é melhor malhar antes do trabalho ou se podemos obter tanto — ou mais — benefícios para a saúde com exercícios após o expediente.

E ainda:  Pesquisadores explicam como exercícios físicos podem ajudar a controlar a ansiedade

Como todo ser humano sabe, nossas atividades internas e as de quase todas as criaturas vivas seguem um ritmo circadiano de 24 horas bem orquestrado. Estudos recentes em animais e pessoas mostram que quase todas as células do nosso corpo contêm uma versão de um relógio molecular que se coordena com um sistema de temporização de corpo inteiro mais amplo para direcionar a maioria das atividades biológicas. Graças a esses relógios internos, nossa temperatura corporal, açúcar no sangue, pressão arterial, fome, frequência cardíaca, níveis hormonais, sonolência, divisão celular, gasto de energia e muitos outros processos aumentam e diminuem em padrões repetidos ao longo do dia.

Entrevista: 'O exercício é uma terapia para o cérebro', afirma neurocientista

Esses ritmos internos, embora previsíveis, também são maleáveis. Nossos relógios internos podem se recalibrar, mostra a pesquisa, com base em pistas complexas de dentro e de fora de nós. Em geral, eles respondem à luz e à escuridão, mas também são afetados por nossos hábitos de sono e quando comemos.

Resultados divergentes

Pesquisas recentes sugerem que a hora do dia em que nos exercitamos também ajusta nossos relógios internos. Em estudos anteriores em camundongos, correr em horários diferentes afetou a temperatura corporal dos animais, a função cardíaca e o gasto energético ao longo do dia e alterou a atividade de genes relacionados ao ritmo circadiano e ao envelhecimento.

 

Os resultados nas pessoas têm sido divergentes, no entanto. Em um pequeno estudo de 2019 com homens que aderiram a um programa de exercícios para perder peso, por exemplo, aqueles que se exercitavam pela manhã perderam mais peso do que aqueles que se exercitavam no final do dia, mesmo que todos completassem a mesma rotina de exercícios.

Mas, em um estudo de 2020, homens com alto risco para diabetes tipo 2 que começaram a se exercitar três vezes por semana desenvolveram melhor sensibilidade à insulina e controle de açúcar no sangue se treinassem à tarde do que pela manhã. Esses resultados ecoaram descobertas semelhantes de 2019, em que homens com diabetes tipo 2 que se exercitavam intensamente logo pela manhã mostraram picos inesperados e indesejáveis em seus níveis de açúcar no sangue após o exercício, enquanto os mesmos treinos à tarde melhoraram seus níveis de açúcar no sangue.

Muitos órgãos envolvidos

Poucos desses estudos, no entanto, se aventuraram nas profundezas da superfície, para examinar as mudanças moleculares que impulsionam os resultados de saúde e mudanças circadianas, o que pode ajudar a explicar algumas das discrepâncias de um estudo para o outro.

Os experimentos que examinaram os efeitos do exercício em um nível microscópico, geralmente em camundongos, tendiam a se concentrar em um único tecido, como sangue ou músculo. Mas os cientistas que estudam atividade física, metabolismo e cronobiologia suspeitam que os impactos do tempo de exercício se estenderiam a muitas outras partes do corpo e envolveriam uma interação complexa entre várias células e órgãos.

Assim, para o novo estudo, publicado este mês como artigo de capa da revista Cell Metabolism, um consórcio internacional de pesquisadores decidiu tentar quantificar quase todas as alterações moleculares relacionadas ao metabolismo que ocorrem durante o exercício em diferentes momentos do dia.

Eles colocaram camundongos machos saudáveis para correr moderadamente sobre rodas por uma hora no início do dia, enquanto outros correram a mesma quantidade à noite. Um grupo adicional de camundongos sentou-se em rodas travadas por uma hora durante esses mesmos horários e serviu como grupo de controle sedentário.

Cerca de uma hora após os treinos, os pesquisadores coletaram amostras repetidamente do músculo, fígado, coração, hipotálamo, gordura branca, gordura marrom e sangue de cada animal e usaram máquinas sofisticadas para identificar e enumerar quase todas as moléculas nesses tecidos relacionadas ao uso de energia. Eles também verificaram marcadores de atividade de genes relacionados ao metabolismo. Em seguida, tabularam os totais entre os tecidos e entre os grupos de camundongos.

Surgiram padrões interessantes. Como os ratos são noturnos, eles acordam e ficam ativos à noite e se preparam para dormir de manhã, um horário oposto ao nosso. Quando os camundongos correram no início de seu horário ativo — o equivalente à manhã para nós —, os pesquisadores contaram centenas de moléculas que aumentaram ou caíram em volume após o exercício, e que diferiram em números absolutos dos níveis observados em camundongos que corriam mais perto de suas horas de dormir ou dos que não se exercitaram.

Além disso, algumas dessas mudanças ocorreram de forma quase idêntica em diferentes partes do corpo, sugerindo aos pesquisadores que vários órgãos e tecidos estavam, de fato, se comunicando entre si. Os músculos e fígados dos roedores, por exemplo, compartilhavam muitas mudanças moleculares quando os animais corriam pela manhã, mas menos quando corriam logo antes de dormir.

— Foi notável ver como o tempo de exercício afetou os níveis e atividades de tantas moléculas em todo o corpo dos animais — disse Juleen Zierath, professora de fisiologia integrativa clínica no Instituto Karolinska em Estocolmo, na Suécia, e diretora executiva do Centro da Fundação Novo Nordisk para Pesquisa Metabólica Básica da Universidade de Copenhague, que supervisionou o novo estudo.

Treino matinal consumiria mais gordura

No geral, as diferenças nos perfis moleculares entre os treinos matinais (em termos de ratos) e aqueles mais tarde em seus dias tendiam a sinalizar uma maior dependência de gordura do que de açúcar no sangue para alimentar o exercício. O oposto ocorreu quando os ratos correram à noite.

Se esses padrões forem verdadeiros nas pessoas, isso pode sugerir que o exercício matinal contribui mais para a perda de gordura, enquanto os exercícios no final do dia podem ser melhores para o controle do açúcar no sangue.

 

Mas camundongos não são pessoas, e ainda não sabemos se os padrões moleculares se aplicariam a nós. Os pesquisadores do estudo estão trabalhando em um experimento comparável envolvendo pessoas, disse Zierath.

Resultados limitados

Esse estudo também foi restrito em escopo, examinando uma única sessão de exercício aeróbico moderado em camundongos machos. Não mostra como outros tipos de exercícios pela manhã ou à noite afetam o funcionamento interno de ratos ou pessoas. Nem nos diz se o que comemos ou a hora do dia em que comemos, e se os cronotipos — se tendemos a ser pessoas da manhã ou da noite — influenciam esses efeitos ou se ser mulher é importante.

Mas mesmo com suas limitações, “este é um estudo muito importante”, disse Lisa Chow, professora de medicina e endocrinologia da Universidade de Minnesota, que não esteve envolvida nesta pesquisa. Ele ressalta a potência do exercício a qualquer hora do dia.

Também sugere que, à medida que estudos adicionais se baseiem nos resultados deste, podemos nos tornar mais capazes de cronometrar nossos treinos para atingir metas específicas de saúde. Estudos de acompanhamento provavelmente nos dirão, por exemplo, se um passeio ou corrida de bicicleta à noite pode evitar o diabetes de forma mais eficaz do que uma caminhada ou natação matinal.

Mas, por enquanto, disse Chow, “o melhor momento para as pessoas se exercitarem seria sempre que tivessem a chance de se exercitar”.

O Globo segunda, 24 de janeiro de 2022

CULTURA: MUSEU DE ARTE DO RIO EXIBE OBRAS INÉDITAS DE J. BORGES

Museu de Arte do Rio exibe obras inéditas de J. Borges

Pernambucano de 86 anos, referência da xilogravura no Brasil, conquistou colecionadores dentro e fora do país
 
Uma das xilogravuras inéditas de J. Borges, que serão expostas no MAR Foto: Divulgação
Uma das xilogravuras inéditas de J. Borges, que serão expostas no MAR Foto: Divulgação
 

Técnica desenvolvida na China no século VI, a xilogravura (impressão feita a partir de uma matriz de madeira entalhada) ganhou expressão e representação iconográfica únicas na região Nordeste, sobretudo quando associada a outro pilar da cultura popular, a literatura de cordel. Desse universo surgiu a obra de uma dss principais referências da arte no país, José Francisco Borges, mais conhecido como J. Borges, de 86 anos. Dos cordéis vendidos nas feiras de Bezerros, cidade do agreste pernambucano onde nasceu e montou o atelê, onde trabalha até hoje, o xilógrafo conquistou espaço no mercado de arte contemporânea e em instituições.

Neste sábado, o Museu de Arte do Rio (MAR) inaugura a exposição “J. Borges — O mestre da xilogravura”, um desdobramento da mostra comemorativa dos 80 anos do xilógrafo pernambucano, que circulou pelas sedes da Caixa Cultural em Recife, Fortaleza, Salvador, Brasília e São Paulo, entre 2016 e 2019. Recriada para vir ao Rio, a seleção inclui dez matrizes inéditas e suas impressões, entre 54 obras.

 — Havia a possibilidade de a mostra dos 80 anos ir ao Japão, mas a pandemia não permitiu. A obra de J. Borges há muito deixou de estar restrita aos espaços da arte popular, incluída em coleções de vários países — ressalta Ângelo Filizola, curador da mostra.

Além das gravuras e matrizes, a mostra traz uma seleção de cordéis assinados por J. Borges, escrita à qual se dedica desde 1964, quando escreveu “O encontro de dois vaqueiros no Sertão de Petrolina”. O primeiro livreto foi ilustrado por Mestre Dila (1937— 2019), outra referência da xilogravura pernambucana. A partir de então, passou a fazer a entalhar a madeira para fazer as próprias ilustrações. Há mais de cinco décadas, J. Borges segue a mesma técnica, desenhando direto na madeira, sem esboço, o que o obriga a criar as imagens “invertidas”, para que a impressão seja espelhada de maneira correta.

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— Na época em que começou com as xilos, ele já tinha uma tipografia para os cordéis, então já estava acostumado montar as palavras com os tipos móveis ao contrário. Não foi uma dificuldade para ele pensar as imagens e palavras invertidas na madeira — conta Pablo Borges, um dos 18 filhos do octogenário e um dos quatro que trabalham diretamente com o pai no ateliê. — Ele fica no ateliê segunda a sábado, agora mais para fazer os desenhos e trabalhando sob encomenda. A parte mais pesada fica com os filhos e genros.

 
 
J. Borges assina uma de suas impressões Foto: Divulgação
J. Borges assina uma de suas impressões Foto: Divulgação

Convalescente em casa por conta de uma gripe, J. Borges está com dificuldades para respirar e não pôde falar com o GLOBO. Pablo diz que o pai está feliz pela exposição finalmente chegar ao Rio, cidade onde tinha muitos amigos e colecionadores.

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Autora do livro “J. Borges — Entre fábulas e astúcia”, publicado pela editora Cepe em 2020, a pesquisadora e jornalista Maria Alice Amorim conheceu o xilógrafo nos anos 1980. Para ela, o artista criou uma assinatura que vai além da identidade regional:

— Assim como outros mestres, J. Borges trabalha com este imaginário que vem da vida no sertão, do cangaço, dos mitos. Mas ele manteve a mesma força poética dos cordeis em suas xilogravuras. Ele é um grande contador de histórias, e sintetiza várias situações numa única imagem. Seus traços criam movimentos, nada é estático.

Família leva tradição à frente

Maria Alice Amorim destaca como nomes da geração de J. Borges, como Mestre Dila, Gilvan Samico (1928–2013) e José Costa Leite, ampliaram o alcance da xilogravura, conquistando espaço em galerias e colecionadores fora do país. O ato de assinar as obras e a criação de séries numeradas também ajudaram a tirar a técnica do espaço convencionalmente chamado de arte popular, fazendo com que as impressões alcançassem cifras maiores. A valorização da produção também se reflete nas encomendas do mercado editorial. Sem nunca abandonar os cordéis, J. Borges ilustrou edições de obras como “As palavras andantes”, do uruguaio Eduardo Galeano, e o conto “O lagarto”, do português José Saramago, publicado pela Companhia das Letras em 2016.

— Quando se fala em “arte popular” vem junto uma série de estigmas. Isso vem sendo revisto, e foi possível ver melhor a qualidade desta produção, com os xilógrafos dominando também códigos da arte contemporânea — observa Maria Alice. — O J. Borges nunca se fechou ao novo, isso o ajudou a se manter em evidência.

O equilíbrio entre a tradição e a inovação é justamente a chave para a produção dos filhos que levam o legado de J. Borges à frente, no ateliê de Bezerros, como Pablo, Ivan, J. Miguel e Bacaro.

— Nosso pai sempre falou que tudo o que ele aprendeu foi para ensinar — diz Pablo, de 21 anos. — A gente cresceu no ateliê, era quase impossível não seguir esse caminho.

Como toda a produção é artesanal, do entalhe à impressão, muitas vezes é difícil atender à demanda de colecionadores e marchands, diz Pablo. Outro fator limitante é a madeira necessária para as matrizes, que está mais escassa:

— Geralmente se usa a umburana, que é macia para entalhar, não empena e não dá “bicho”. Hoje em dia ela está mais rara, se encontra mais no alto sertão (de Pernambuco), mas os escultures também usam muito, é bem disputada. Outra madeira que usamos é o louro-canela, mas com o aumento das queimadas também ficou mais difícil de comprar.


O Globo domingo, 23 de janeiro de 2022

CINEMA: EDUARDO E MÔNICA - BOM FILME COM ÓTIMO ELENCO E RESPEITO A CADA VERSO DE RENATO RUSSO

 

'Eduardo e Mônica': bom filme com ótimo elenco e respeito a cada verso de Renato Russo

Longa é segunda investida de René Sampaio, diretor de "Faroeste caboclo", no universo da Legião Urbana
Gabriel Leone e Alice Braga em cena do filme 'Eduardo e Mônica' Foto: Divulgação
Gabriel Leone e Alice Braga em cena do filme 'Eduardo e Mônica' Foto: Divulgação
 

No momento em que Eduardo e Mônica sentiram “meio de repente uma vontade se ver”, a célebre música do Legião Urbana está na metade de seus quatro minutos e meio. Depois disso, é só paixão, crescimento, formação profissional, filhos e outras coisas da vida adulta. Mesmo antes, “Eduardo e Mônica” simplesmente relata o encontro do casal e enfileira suas contradições. É cativante para caramba, claro, tanto que seu sucesso atravessa gerações. Mas não tem clímax, conflito, tensão, nenhum desses elementos importantes para o cinema comercial. É só um amor adolescente, nada mais.

Estreias da semana no cinema:'Eduardo e Mônica', 'As agentes 355', 'Eu não choro'

Ainda assim, o longa-metragem dirigido por René Sampaio conseguiu o feito de fazer de seu “Eduardo e Mônica” um bom filme, sem precisar mudar a história e ainda respeitando cada verso da letra escrita por Renato Russo.

 O elenco está ótimo, bem no clima dos personagens. A Mônica interpretada por Alice Braga é uma mulher charmosa, inteligente, ultradescolada e louca para alçar voos mais altos. Ela anda de moto, faz medicina e fala alemão. Curte meditação, Van Gogh e fala coisas sobre o Planalto Central.

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Por sua vez, o Eduardo vivido por Gabriel Leone é um garoto também charmoso, no espírito de quem quer largar o “esquema escola, cinema, clube e televisão” para descobrir um mundo novo. Ele joga futebol de botão com seu avô (Otávio Augusto), tem o vestibular em vista, anda de “camelo” e em algum momento vai deixar o cabelo crescer.

A produção é recheada dessas referências afetivas que ajudam a ativar nossa memória sobre a música. Em paralelo, as lacunas das biografias são completadas. A mãe da Mônica é professora de Medicina (Juliana Carneiro da Cunha) e seu pai era artista plástico, levantando na moça a dúvida sobre qual profissão seguir. O tal “carinha do cursinho do Eduardo” é Inácio (Victor Lamoglia), um amigo próximo com diálogos divertidíssimos e que funciona como uma voz da consciência para o rapaz apaixonado.

 

'Jacksons do pandeiro':Musical que celebra legado de Jackson do Pandeiro

Uma cena que não está descrita na música da Legião, por exemplo, sintetiza bem a pegada alto astral de comédia romântica. Eduardo e Mônica estão numa festa, e o garoto tenta encontrar um jeito de chamar atenção da moça. Ele então sobe num palco de karaokê e canta “Total eclipse of the heart”, com toda aquela cafonice maravilhosa da canção entoada por Bonnie Tyler.

Esta é a segunda bem-sucedida incursão de René Sampaio no que podemos chamar de legiãourbanaverso: ele dirigiu “Faroeste Caboclo” (2013), outra obra inspirada em música da banda e cujo protagonista, João de Santo Cristo (Fabrício Boliveira), faz breve e discreta aparição no novo filme para agradar os fãs.

"Eduardo e Mônica"

Diretor:
 René Sampaio

Onde: Cinemark, Kinoplex, Estação NET, Cinesystem, Estação Itaú e outros


O Globo sábado, 22 de janeiro de 2022

CARNAVAL 2022: SAIBA TUDO SOBRE O ADIAMENTO DOS DESFILES DAS ESCOLAS DE SAMBA NO RIO E EM SÃO PAULO

Carnaval 2022: saiba tudo sobre o adiamento dos desfiles das escolas de samba no Rio e em São Paulo

Novas datas serão dias 22 e 23 de abril, fim de semana do feriado de Tiradentes
 
Operário realiza trabalhos na pista próxima ao Setor 1 da Marquês de Sapucaí: Sambódromo do Rio passa por reformas nos preparativos para os desfiles Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo
Operário realiza trabalhos na pista próxima ao Setor 1 da Marquês de Sapucaí: Sambódromo do Rio passa por reformas nos preparativos para os desfiles Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo
 RIO — O compasso de espera por uma decisão acabou, mas as escolas de samba vão ter que guardar os tamborins e fantasias um pouco mais para a sonhada volta à Avenida. As prefeituras do Rio e de São Paulo anunciaram nesta sexta-feira, de forma conjunta, o adiamento da realização dos desfiles da Sapucaí e do Anhembi para o fim de semana do feriado de Tiradentes, em abril. Diante de um novo agravamento da pandemia, com o avanço da variante Ômicron do coronavírus, o martelo foi batido numa reunião por videoconferência entre os prefeitos Eduardo Paes e Ricardo Nunes, já no começo da noite, conforme antecipou o colunista Ancelmo Gois. No Rio, foram definidas, inclusive, as datas para as apresentações do Grupo Especial: sexta-feira (22 de abril) e sábado (23).

No encontro, Paes garantiu que a mudança não é um cancelamento do carnaval:

Carnaval 2022:  desfiles do Grupo Especial na Sapucaí acontecerão nos dias 22 e 23 de abril, sexta-feira e sábado do feriadão; veja detalhes

Sobre a folia de rua, inicialmente cancelada em seus moldes tradicionais, Paes afirmou que ainda não há uma resolução em relação à possibilidade de que aconteça em abril. Quanto ao Sambódromo, o prefeito afirmou que a medida seguiu as orientações dos secretários municipais de Saúde do Rio, Daniel Soranz, e de São Paulo, Édson Aparecido.

— A gente respeita a ciência. Vamos tomar as medidas adequadas respeitando uma festa que é a maior manifestação popular e cultural do Brasil — afirmou o prefeito. — No feriado de Tiradentes, poderemos celebrar a vida em um momento muito melhor.

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Ordem de desfiles mantida

Entre os artistas que fazem a festa e dirigentes das escolas, esta semana já se afirmava que seria mantido o ritmo de preparativos nos barracões mesmo em caso de um adiamento. Agremiações como Viradouro estão em fase de decoração de carros alegóricos, enquanto a Sapucaí passa por uma reforma para receber o espetáculo.

Carnaval 2022:  Prefeitura de SP diz que adiamento do Carnaval foi 'em respeito a atual quadro da pandemia'

Em nota, a Liesa ressaltou que tão importante quanto a festa na Sapucaí “é o respeito à vida e à saúde do público e dos componentes”. A Liga informou também que a ordem dos desfiles e horários não sofrerão alterações, e todos os ingressos adquiridos passam a valer automaticamente para as novas datas. Será disponibilizado pela Liesa um canal para esclarecer dúvidas e orientar sobre a compra de ingressos.

A decisão de transferir as datas dos desfiles das escolas “era um dos cenários já previstos pela organização”, afirma a nota, que continua dizendo que a Liga, em abril, seguirá todas as recomendações dos órgãos competentes e protocolos vigentes.

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Logo em seguida, o diretor de marketing da entidade divulgou as novas datas dos desfiles no Rio. Vão começar na quarta-feira (20 de abril), com a primeira noite da Série Ouro, a divisão de acesso do carnaval carioca. Na quinta-feira (21), segue a segunda noite do grupo. Já na sexta (22) e no sábado (23) será a vez do Grupo Especial. Sendo assim, se apresentam no primeiro dia, na ordem, Imperatriz, Mangueira, Salgueiro, São Clemente, Viradouro e Beija-Flor. No segundo, a Paraíso do Tuiuti abre o espetáculo, seguida de Portela, Mocidade, Tijuca, Grande Rio e Vila Isabel.

 

— O adiamento foi a decisão mais prudente, otimista e vitoriosa. Se ganha mais tempo para se preparar para o espetáculo do ponto de vista comercial, respaldando os parceiros do carnaval não só com um ambiente sanitário mais seguro, mas também financeiro — afirmou Gabriel David.

Eduardo Paes participa de reunião com prefeito de São Paulo Foto: Divulgação
Eduardo Paes participa de reunião com prefeito de São Paulo Foto: Divulgação

Aumento dos casos

Em São Paulo, a prefeitura também ressaltou que a postergação foi decidida “em respeito ao atual quadro da pandemia de Covid-19 no Brasil e a necessidade de, neste momento, preservar vidas e somar forças para impulsionar a vacinação em todo o território nacional”. A prefeitura paulistana havia apresentado os protocolos sanitários do desfile no Anhembi na última quarta-feira. Entre as normas, público e componentes das escolas deveriam usar máscaras o tempo todo. Em nota conjunta, as secretarias de saúde do Rio e de São Paulo destacaram o quadro que levou à nova decisão.

Ocupação em hotéis:  Adiamento dos desfiles de carnaval não deve impactar rede hoteleira

“Na semana 51/2021 foram confirmados 9.476 casos de Covid em São Paulo e 1.113 casos no Rio de Janeiro; na semana 52 foram 18.513 casos confirmados em São Paulo, e no Rio, 9.752; na semana 01/2022, 40.979 casos em São Paulo e 50.857 no Rio, caracterizando crescimento intenso na curva de casos confirmados. A partir da semana 51/2021 também ocorreu aumento das internações hospitalares por síndrome respiratória aguda grave (SRAG), ressaltando em especial um maior risco em não vacinados e/ou pessoas com esquema vacinal incompleto”, diz o texto.

O presidente do HotéisRIO, Alfredo Lopes, apoiou a decisão e afirmou que, apesar da prorrogação dos desfiles para abril, ele continua otimista em relação ao feriado de Carnaval, em fevereiro:

— A ocupação atual dos hotéis está em torno de 75%, e vem assim desde o réveillon, por conta dos turistas nacionais. A expectativa é de que, mesmo com o adiamento do desfile, a ocupação no feriado momesco chegue a 85%.


O Globo sexta, 21 de janeiro de 2022

CULTURA: VENDA DE LIVROS CRESCEU 29,3% EM 2021

 

Venda de livros cresceu 29,3% em 2021 e faturamento das editoras superou R$ 2,2 bilhões

Preço do livro quase não variou, mas o descontou médio aumentou; presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros atribui bons resultados à 'retomada do hábito da leitura'
A Livraria Pequeno Benjamin, no Rio Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
A Livraria Pequeno Benjamin, no Rio Foto: Guito Moreto / Agência O Globo

Para o mercado editorial brasileiro, o tempo das vacas magras parece ter ficado para trás. Em 2021, a venda de livros cresceu 29,3%. Já o faturamento das editoras aumentou 29,2%. Os dados são do Painel do Varejo de Livros no Brasil, pesquisa realizada pela consultoria Nielsen BookScan e divulgada pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL).

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Ao todo, foram vendidos 55.012.271 livros no Brasil no ano passado. Em 2020, haviam sido comercializados pouco mais de 42,5 milhões. Já as editoras faturaram R$ 2,28 bilhões no ano passado e R$ 1,76 bilhão no ano anterior. Em 2020, em consequência do fechamento do comércio para conter a disseminação do novo coronavírus, o mercado encolheu 8,8%.

Em 2021, o número de títulos vendidos também cresceu 9,7% em relação a 2020. A quantidade de títulos comercializados é aferida por meio do ISBN, espécie de número de identidade dos livros. Em 2021, foram vendidos 408 mil ISBNs.

Segundo Ismael Borges, gestor da divisão Nielsen Book Brasil, 2021 foi "um ano de números superlativos". Ele aponta que, apesar da inflação de dois dígitos, o aumento do desconto médio "fez zerar a variação do preço médio do livro". Na comparação entre 2020 e 2021, o preço do livro caiu 0,06%. O desconto médio, no entanto, passou de 23,23% em 2020 para 25,98% no ano passado.

O Painel do Varejo de Livros no Brasil também trouxe dados relativos ao mês de dezembro de 2021. Em comparação com o mesmo período de 2020, a venda de livros aumentou 4,9%. Entre 6 de dezembro de 2021 e 2 de janeiro deste ano, foram vendidos 5,4 milhões de livros, cerca de 300 mil a mais do que no mesmo período do ano anterior. Em dezembro, as editoras faturaram R$ 235 milhões, 14,1% a mais do que em 2020.


O Globo quinta, 20 de janeiro de 2022

TURISMO: PRAIA DA PIPA SE REINVENTA

 

Entre falésias rústicas e hotéis sofisticados, a Praia da Pipa se reinventa no alto verão

Balneário no Rio Grande do Norte renova seu leque de opções com atrações como Santuário ecológico premiado e bons restaurantes
 
Cabine do hotel boutique Kilombo Villas, com vista para o mar da Praia de Sibaúma, em Pipa, no Rio Grande do Norte Foto: Carla Lencastre
 

TIBAU DO SUL - Vista do alto das frágeis falésias, com golfinhos e tartarugas-marinhas nadando no mar esverdeado lá embaixo, a paisagem espetacular muda conforme a maré. Apenas duas horas de carro, por uma estrada em boas condições, separam o Aeroporto de Natal do cenário exuberante da Praia da Pipa, no litoral sul do Rio Grande do Norte. Depois da interrupção do turismo provocada pela pandemia e de ter conquistado reconhecimento internacional por boas práticas sustentáveis no início de 2021, com o prêmio Green Destinations, Pipa volta a receber visitantes tentando deixar no passado o estigma do turismo de massa. Que acaba causando graves acidentes. Afinal, sem respeito ao meio ambiente, as falésias não resistem.

Empresários locais, reunidos na organização Preserve Pipa, têm tem se dedicado tanto a conscientizar a população e os visitantes sobre ações mais práticas quanto a investir na conservação do premiado Santuário Ecológico. O site da associação lista hotéis, restaurantes e empresas de passeios que, com suas iniciativas, fazem com que o turismo seja menos nocivo ao meio ambiente. É um bom lugar para pesquisar onde ficar e comer, e como passear.

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Há várias praias sob o nome de Praia da Pipa. Uns cinco dias, se possível de segunda a sexta-feira para evitar as inevitáveis aglomerações de fim de semana, são suficientes para aproveitar bem a ensolarada região ao longo da costa, ao ar livre e em contato com a natureza. Selecionamos algumas dicas quentes, entre as dezenas de boas opções locais.

Passeios

O Santuário Ecológico é um delicioso trecho de Mata Atlântica com 16 trilhas a dez minutos do centro da Pipa Foto: Carla Lencastre
O Santuário Ecológico é um delicioso trecho de Mata Atlântica com 16 trilhas a dez minutos do centro da Pipa Foto: Carla Lencastre

Santuário Ecológico. A dez minutos do centro da Pipa, esse delicioso trecho de Mata Atlântica tem 16 trilhas de diversas extensões e graus de dificuldade. A mais simples e rápida pode ser feita até pelos mais sedentários e passa por mirantes com vistas deslumbrantes para a Praia do Madeiro e a Baía dos Golfinhos. É possível passear pela floresta por conta própria; há mapas e a área é bem-sinalizada. Mas é bem mais divertido com a Trieb Club, a empresa da Pipa que oferece passeios guiados pelo santuário.

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Os guias contam as muitas histórias do lugar e sabem como combinar trechos de diferentes percursos de acordo com o tempo disponível (vale reservar ao menos 1h30m) e a forma física do visitante. Uma das trilhas tem uma escada que dá acesso direto à Praia do Madeiro, das mais bonitas da região.


O Globo quarta, 19 de janeiro de 2022

CULTURA - MARIA RITA: ELIS REGINA É DE TODOS, MAS A MÃE É MINHA

Maria Rita: ‘Elis Regina é de todos, mas a mãe é minha’

Nos 40 anos de morte da cantora, Maria Rita diz que esta é a última vez que aborda o assunto: ‘Estou cansada de responder se comparações me incomodam’
Entre elas. Maria Rita: “É um lamento muito profundo por eu não ter conhecido essa mãe como eu merecia ter conhecido” Foto: divulgação/Renato Nascimento
Entre elas. Maria Rita: “É um lamento muito profundo por eu não ter conhecido essa mãe como eu merecia ter conhecido” Foto: divulgação/Renato Nascimento
 

Todo 19 de janeiro, como hoje, é difícil para Maria Rita. É o dia em que sua mãe morreu. Ela admite que as datas redondas são piores. Emociona-se ao pensar que, em 2022, já são 40 anos sem Elis Regina:

— É um lamento muito profundo por eu não ter conhecido essa mãe como eu merecia ter conhecido.

Projota:‘Já perdi muito na vida, mas ali veio tudo de uma vez’

No último dia 12, decidiu não se calar no Twitter diante de comentários que a comparavam negativamente com a mãe. Pretende encerrar o assunto com esta entrevista.

— Prometi para mim mesma que eu não ia mais falar sobre isso. Esta é a última vez — afirma. — Não me oponho a falar da minha mãe. Mas, para responder se as comparações me incomodam, estou cansada. Não vejo mais por que ficar nessa conversa. Tenho 20 anos de carreira, oito Grammys Latinos, minha carreira está sólida, tenho muita coisa para fazer.

 
A cantora Maria Rita Foto: Renato Nascimento / Divulgação
A cantora Maria Rita Foto: Renato Nascimento / Divulgação

Também escreveu no Twitter: “Eu só quero buscar alguma paz dentro desse cenário em que a Elis é de todos, mas a mãe é minha.” E, para reforçar que não imita Elis, usou letras maiúsculas para tocar num ponto delicado: “EU NÃO LEMBRO DE MINHA MÃE. Zero. Zero lembrança.” Tinha 4 anos quando a mãe morreu aos 36, após uma noite em que misturou álcool e drogas:

— Não me lembro da voz, do cheiro, do toque, de nada. A terapeuta que me atendia em São Paulo (a cantora está morando no Rio) acha que pode ter a ver com o trauma: “Sua mãe botou você para dormir e, quando acordou, você não tinha mãe. Isso não é coisinha pouca. E não importa se é Elis Regina ou não.” É um rompimento muito violento, muito agressivo.

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No desabafo na rede social, escreveu frases como “ninguém se compara à incomparável” e “e eu acho que canto pra c*****o!!! Mas não chego aos pés de dona Elis. MAS E QUEM CHEGA?” Faz coro com quem considera a mãe a maior cantora que já houve no Brasil.

— É tipo Ella Fitzgerald. Quando ouço Ella, eu falo: não é normal. Eu sou normal. Sou apenas muito boa no que faço. Sou talvez das melhores. Hoje posso afirmar isso. E muito dessa segurança veio depois do (show) “Redescobrir”. Por causa da qualidade do repertório, da riqueza harmônica, melódica, poética.

Em família

“Redescobrir”, montado apenas com o repertório de Elis, estreou em 2011, quando dos 30 anos da morte. O que seriam cinco apresentações virou turnê nacional. Maria Rita recebeu uma caixa de CDs para escolher o que cantaria.

— Não ouço (Elis) no dia a dia —conta. — Conheço o repertório da minha mãe, até porque fiz o “Redescobrir”. Mas não foi um mergulho. Não estava pesquisando para uma personagem. Ouvia uma vez e separava as de que eu gostava.

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Na lista entraram duas que ela já conhecia bem: “Morro velho”, de Milton Nascimento, e “Romaria”, de Renato Teixeira. O que não tinha na cabeça é que ambas foram gravadas quando a mãe estava grávida dela, no disco “Elis”, em 1977. E Maria Rita fez a turnê grávida de Alice, filha do músico Davi Moraes.

—A importância do show foi entender que nível de intérprete eu posso ser —explica. — Isso é no aspecto CNPJ. No CPF, eu trouxe a avó para casa. Fiquei cantando com a minha filha na barriga. E era uma menina. É muito bonito tudo isso. Não é para virar essa novela mexicana de péssima qualidade. É para ser celebrado.

Alice, com 9 anos, “acha vovó Elis linda”, segundo Maria Rita, também mãe de Antonio, de 18. “Como é linda, mamãe!”, diz a menina diante de fotos:

— Ela me acha parecida com minha mãe. Às vezes toca alguma música no rádio ou num restaurante, e ela pergunta: “Mãe, essa é você ou é a vovó?” Eu digo: “É a vovó.” Um dia ela vai entender a diferença.

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Maria Rita terá a chance de explicar com calma à sua filha quem foi a avó. Foi diferente com ela, que soube de supetão como Elis Regina morreu. Numa vez em que seu pai, o pianista Cesar Camargo Mariano, viajou com a mulher, ela aproveitou para abrir um livro sobre a mãe. Era um pequeno volume de uma coleção de grandes figuras nascidas no Rio Grande do Sul.

— Foi bem ruim — recorda. — Na adolescência é quando a gente descobre que nossos pais não são perfeitos. E foi quando eu descobri tudo. Descobri sozinha, sem amparo. Não entendi, fiquei confusa demais.

Medo do descontrole

Diz que, primeiramente, temeu pela carga genética que pudesse carregar, já que a dependência química pode ser hereditária. Mas o mergulho de Elis na cocaína foi tão rápido e intenso, apenas nos últimos anos de vida, que fica difícil medir se era algo impresso no DNA.

— A gente busca não julgar o outro. Mais velha, vivendo a minha vida, nesse meio da música, casada, dois filhos, com todos os desafios da vida adulta de uma mulher numa sociedade machista, eu entendi. Entendi a fuga, entendi a busca, entendi a insegurança — afirma.

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Ela diz ter “pavor de drogas”, não fuma e “bebe socialmente”:

— Tenho medo do descontrole. Se tivesse tido a oportunidade de conviver com a minha mãe, seria uma dúvida que eu teria de tirar com ela: como uma mulher tão determinada, tão forte, permitiu-se perder o controle? Mas aí tem a adicção, que é uma das piores doenças. É um sofrimento monstruoso para a família, para a pessoa.

Elis Regina/16-08-1965 Foto: Arquivo / Agência O Globo
Elis Regina/16-08-1965 Foto: Arquivo / Agência O Globo

Quando fala em “sociedade machista”, é por acreditar que isso teve um peso na fama de temperamental que sua mãe carregou — e carrega:

— Era um ser humano que tinha suas falhas, com um senso de humor ácido, personalidade difícil. Mas muito do que as pessoas veem tem relação com a força da mulher, a intensidade. A mulher é sempre a louca, a difícil.

Maria Rita assegura que, quando começou a fazer shows, em 2002, não tinha consciência do que significava querer ser cantora sendo filha de Elis Regina. Não foi um caminho profissional premeditado. Tinha se formado em Comunicação Social e estudado nos Estados Unidos para ser advogada de entretenimento. Cuidaria da carreira de artistas, por exemplo. Estava no Rio trabalhando como assistente de um estúdio de gravação quando os rumos mudaram.


O Globo terça, 18 de janeiro de 2022

TEATRO E DANÇA: TEATRO POEIRA COMEMORA 15 ANOS CON EXPOSIÇÃO INÉDITA DE BIA LESSA

 

Teatro Poeira comemora 15 anos com exposição inédita de Bia Lessa

Referência na cena teatral, casarão comandado por Marieta Severo e Andréa Beltrão reabre as portas nesta terça-feira (18) após fechamento durante a pandemia
As atrizes Marieta Severo e Andréa Beltrão comemoram os 15 anos do Teatro Poeira com uma exposição idealizada por Bia Lessa Foto: Guito Moreto/Agência O Globo
As atrizes Marieta Severo e Andréa Beltrão comemoram os 15 anos do Teatro Poeira com uma exposição idealizada por Bia Lessa Foto: Guito Moreto/Agência O Globo
 

Fechado durante a pandemia, o Teatro Poeira reabre nesta terça-feira (18) com a exposição “Antes e depois dos espetáculos”, uma declaração de amor das idealizadoras do espaço, as atrizes Marieta Severo e Andréa Beltrão, à arte e aos mais de 160 espetáculos e 300 mil espectadores que passaram por lá. Com curadoria da multiartista Bia Lessa, a mostra, instalada por todo o casarão histórico de Botafogo —incluindo fachada, camarins, coxias e plateia —, convida o público a passear pelos alicerces do teatro e a refletir sobre novos caminhos.

—A exposição não olha apenas para trás, porque teatro é futuro todos os dias. A ideia é que as pessoas vivam isso, porque teatro também é diálogo. Não é à toa que a exposição invade a rua— afirma Bia Lessa. — Vivemos em uma sociedade onde o consumo é o valor mais importante, e o teatro rompe essa barreira. No espetáculo, encontramos vida.

Exposição “Antes e depois dos espetáculos”, com curadoria de Bia Lessa, propõe um mergulho pelas veias do teatro Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
Exposição “Antes e depois dos espetáculos”, com curadoria de Bia Lessa, propõe um mergulho pelas veias do teatro Foto: Guito Moreto / Agência O Globo

 

Aos objetos de cena, fragmentos de textos encenados e pedaços de cenários incorporados ao projeto, somam-se imagens da vida real, com fotografias de queimadas e de um lixão. Para Marieta Severo, a exposição é também uma resposta aos recentes ataques à cultura.

—Estamos aqui, vivos, e somos potentes. É mágico reabrir o teatro dessa maneira. É um brinde à vida.— diz a atriz.

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Como parte da celebração de 15 anos, serão oferecidas ainda oficinas e seminários gratuitos até setembro, com participação de nomes como Felipe Hirsch, Marcio Meirelles, Fernando Philbert, Gilberto Gawronski e Matei Visniec.

Espaço de encontro

O desejo de reencontro com o público, em resposta à distância nos grandes teatros, foi o que guiou a criação do Poeira, em 2005, afirma Marieta Severo, que se uniu à amiga de longa data Andréa Beltrão para dar vida ao projeto.

As duas se conheceram na montagem de "A estrela do lar", de Mauro Rasi, em 1989, e, entre palco e camarim, a parceria se formou. Na lista de trabalhos juntas, tem ainda o espetáculo "A dona da história" (1998), a série "A grande família" e, atualmente, a novela "Um lugar ao Sol", no ar na TV Globo na faixa das 21h.

— Já não consigo viver sem a Marieta. Sinto muito por ela, porque estou grudada nela agora. — brinca Beltrão. —Construir um teatro juntas é um passo muito difícil, é uma negociação eterna. Mas, no nosso caso, foi muito leve. Tudo era feito com prazer e alegria.
Teatro Poeira existe desde 2005, idealizado por Marieta Severo e Andréa Beltrão Foto: Guito Moreto/Agência O Globo
Teatro Poeira existe desde 2005, idealizado por Marieta Severo e Andréa Beltrão Foto: Guito Moreto/Agência O Globo

Andréa Beltrão: 'Quero chupar a vida até o caroço, viver muito'

A empreitada começou do zero, e as idealizadoras fizeram questão de participar de cada detalhe, do funcionamento da bilheteria à acústica do palco, com a ajuda do diretor teatral Aderbal Freire-Filho, que se uniu ao projeto.

—O maior susto foi o preço. Começamos pensando em um trailer no fundo de um terreno e acabamos com isso tudo aqui, um castelo. — afirma Marieta que, junto com Andréa, bancou o investimento a partir do próprio bolso. 

O Teatro conta ainda com a arrecadação da bilheteria e apoio privado, mas raramente há lucro, e tudo é usado para a manutenção da casa e das equipes, segundo as proprietárias.

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— Gostamos de apoiar tentativas de voo e projetos com qualidade artística. Esse é o critério de escolha dos espetáculos que ocuparão o palco. Essa exposição é o grande balanço dessa trajetória. Ver tudo isso me dá vontade de fazer mais. Vamos embora para mais 15 anos! — convida Andréa, que volta aos palcos com Marieta na peça “O espectador condenado à morte”, de Matei Visniec, prevista para maio.

 

Serviço

"Antes e depois dos espetáculos". Teatro Poeira. Rua São João Batista 104, Botafogo (2537-8053). Qua a sáb, das 16h às 21h. Dom, das 16h às 19h. Grátis. Até março.


O Globo segunda, 17 de janeiro de 2022

VERÃO: BELEZA - CABELO CURTO, SOMBRA LARANJA E PELE HIDRATADA

 

Beleza de verão: cabelo curto, sombra laranja e pele hidratada

Queridinho de nomes como Patricia Pillar e Debora Bloch, o beauty artista Vini Kilesse dá dicas de corte e make para a estação mais quente do ano
Catarina Ribeiro com beleza de Vini Kilesse Foto: Vini Kilesse
Catarina Ribeiro com beleza de Vini Kilesse Foto: Vini Kilesse
 

Um cabelo com movimento e uma make luminosa. Essa é a proposta do beauty artist Vini Kilesse, autor de ambos, para o verão, como mostra a fotógrafa dublê de modelo Catarina Ribeiro. “É um corte curto com nuca reta, alguns fios mais longos e franja. Fica legal molhado, no pós-praia e todo para trás, com gel, no happy hour”, diz ele.


Na pele hidratada, um pouco de máscara e sombra laranja intensa. “Sem delineador para não pesar. É um visual solar.”

 


O Globo domingo, 16 de janeiro de 2022

ECOLOGIA: EXTREMOS CLIMÁTICOS DESTROEM PLANTAÇÕES NO SUL DO PAÍS

 

Extremos climáticos destroem plantações no Sul do país e tempestade prevista não é suficiente para recuperar estragos

Alta temperatura agravou a estiagem na região, onde a água disponível em poços artesianos só é suficiente para consumo próprio ou para os animais. Chuva prevista para esta semana deve amenizar calor, mas não melhora a agricultura
Agricultor em Soledade, no RS, avalia o prejuízo do calor sobre sua plantação de soja Foto: DIEGO VARA / REUTERS
Agricultor em Soledade, no RS, avalia o prejuízo do calor sobre sua plantação de soja Foto: DIEGO VARA / REUTERS
 

Moradora de Ipê, na Serra Gaúcha, Sandra Campagnollo leva produtos de sua propriedade familiar de agricultura ecológica e orgânica, para feiras toda sexta, no próprio município, e aos sábados, em Porto Alegre. Há dois dias, só pôde vender tomates e cebolas e um pouco de alface dado pelo vizinho. Os cultivos de couve-flor, brócolis, couve, alface, tomate, melão, melancia, abobrinha, cenoura e beterraba foram perdidos com a seca.

— Temos três açudes e as três estão secas, tenho mais nada de produto verde. O sol está muito forte, se você não tem uma irrigação boa, tudo queima — lamenta Campagnollo, que prevê uma retomada da produção apenas no meio do ano. — Depois que voltar a chover, leva pelo menos dois meses para ter a produção de volta. Não adianta plantar agora, porque não vai vingar. 

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Sandra é uma das vítimas dos prejuízos sociais e econômicos de uma das mais severas ondas de calor já registradas no Rio Grande do Sul, assim como em parte de Argentina, Uruguai e Paraguai, com temperaturas até 7°C acima das máximas históricas. Um exemplo do que os extremos climáticos são capazes de provocar.

A água disponível hoje em poços artesianos nas comunidades rurais de Ipê só é suficiente para consumo próprio ou para os animais. Moradores recorrem ao escambo com vizinhos e precisam conciliar as perdas financeiras com a necessidade de gastar mais nos mercados.

“Está tudo morto”

Sandra vive numa propriedade de três hectares com seus pais e o filho de 14 anos. Ela conta que a situação desmotiva os jovens, que hoje em dia preferem buscar outros trabalhos, por vezes nas áreas urbanas.

— Meu filho vê que a produção está toda morrendo, e aí vai viver do quê? Isso muda a cabeça, ele tem mais vontade de viver de outro negócio. É difícil dar continuidade ao negócio familiar assim, hoje vemos poucos jovens na agricultura — diz. — É a pior estiagem que já vivemos. Não dá para olhar, está tudo morto.

 

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A bolha quente do Sul pode ser apenas o início de um ano que, as projeções climáticas indicam, será ainda mais severo do que 2021, globalmente o sexto mais quente, numa série ininterrupta de sete anos de elevação da temperatura da Terra, segundo dados da Nasa apresentados na quinta-feira.

A seca começa a arrefecer no Sul a partir de amanhã. E são previstas tempestades intensas, outro tipo de extremo climático. Mas o cenário para fevereiro e março não é bom para o Sul do Brasil e tampouco para o Sudeste, de acordo o Laboratório de Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), da Universidade Federal de Alagoas.

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No Sul, os modelos climáticos indicam a volta do calor e da seca, intercalados por grandes tempestades, afirma Humberto Barbosa, coordenador do laboratório e dos estudos de Degradação do Solo do Painel Internacional de Mudanças Climáticas (IPCC).

A onda de altas temperaturas culminou em dois anos de estiagem no Centro-Sul do Brasil e parte do Cone Sul, resultado de variabilidade natural, como o fenômeno da La Niña, e de fatores associados ao aquecimento do Oceano Atlântico, diz Barbosa.

— O sexto relatório do IPCC alertou para tudo isso e o Sul sofre um processo que está distante de ter fim. Para curto, médio e longo prazo, a tendência é de aumento do aquecimento dos oceanos, com consequências desastrosas. Presente e futuro são de instabilidade e o planejamento econômico que não considerar isso estará fadado ao erro — destaca o cientista.

Oceanos quentes

Os oceanos absorvem 90% do calor extra gerado pelo aquecimento do planeta e têm apresentado tendência de elevação de temperatura desde os anos 1960. Uma pesquisa publicada semana passada na revista “Advances in Atmospheric Sciences” mostra que a camada superior dos oceanos (até 2 mil metros de profundidade) esteve mais quente do que nunca em 2021. Os oceanos absorveram o equivalente a quase 30 vezes o total de energia usada pela Humanidade em um ano. O Atlântico e Antártico são os que mais se aqueceram.

— Os oceanos funcionam como baterias da atmosfera, à qual estão conectados. O aquecimento dos mares está ligado a muitos dos extremos que temos testemunhado no Brasil e no exterior — explica Barbosa.

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A chuva esperada para o início da semana poderá fazer os termômetros no Sul despencarem até 15 °C, com tempestades e granizo. Alívio para o calor, mas não para a agricultura.

 

— O ano de 2022 será de muito calor e chuva forte, um ano desfavorável para a agricultura — salienta Barbosa.

Para o Sudeste, a previsão é de chuva acima da média, principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro, com o deslocamento mais para o Sul da região da umidade que provocou desastres em Minas Gerais. Alívio só mesmo no Nordeste, que poderá ter chuvas acima da média no Semiárido.

Na grande região agrícola do Centro-Sul, 2022 promete tempos difíceis, com menos produção de alimentos mais demanda por energia.

— No Brasil, a cara da mudança climática é a da fome, será grande a pressão sobre a economia — frisa Barbosa.

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A onda de calor no Sul é um indício de mudança climática, diz a meteorologista Nathalie Boiaski, do Departamento de Física da Universidade Federal de Santa Maria.

Segundo Nathalie, o calor que arrasou plantações e fez a população sofrer foi gerado pela combinação da La Niña com outros fenômenos climáticos chamados de Oscilação Antártica e Oscilação de Madden-Julian, esta última ligada ao regime de chuvas no Sudeste e no Centro-Oeste.

Todas conspiraram para que o ar fervesse numa região já castigada por seca intensa, com solo exposto e alta evaporação. O calor veio acompanhado de baixíssima umidade do ar, inferior a 20% em muitos municípios. Boiaski lembra que os extremos climáticos são amplificados e aumentam de frequência e intensidade à medida que cresce a degradação ambiental:

 

— A Amazônia é uma das fontes de umidade para nós no Sul, principalmente no verão. E a umidade não tem chegado — explica a cientista.

Dias mais longos

O verão piora tudo. É a estação mais quente, com os dias mais longos que as noites, aumentando o tempo de exposição à radiação solar.

— O agronegócio sofre, mas a agricultura familiar vive o pesadelo. Penso nas pessoas que não têm recursos para se refugiar em ambientes refrigerados. O calor é inevitável. Infelizmente, esses eventos vão ser cada vez mais frequentes. Devemos encarar esse calor terrível também como um alerta — enfatiza Boiaski.

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Para o curto prazo, o Rio Grande do Sul e partes de Santa Catarina e do Paraná, também afetados pelo calor extremo, terão alívio a partir de amanhã, diz o meteorologista Heráclio Alves de Araújo, do Inmet. Uma frente fria deve romper o bloqueio causado pela bolha quente de alta pressão atmosférica, que começa se enfraquecer.

Se esta é a mais intensa onda de calor já registrada no Sul será possível saber quando ela terminar, pois no passado já aconteceram dias com temperaturas superiores a 40 °C, observa Araújo. Mas ela já chama atenção pela área afetada, um enorme quinhão da América do Sul.

 


O Globo sábado, 15 de janeiro de 2022

COPA DO MUNDO 2022: TITE PODE SER TEIMOSO

Martín Fernandez: Tite pode ser teimoso

Se o técnico da seleção entende que algum tipo de ajuda a Philippe Coutinho pode significar uma recompensa a seu time na Copa, isso deveria bastar para justificar sua convocação
Tite entra no ano de Copa do Mundo atrás de ajustes na equipe titular Foto: Lucas Figueiredo / Agência O Globo
Tite entra no ano de Copa do Mundo atrás de ajustes na equipe titular Foto: Lucas Figueiredo / Agência O Globo
 

Durante a entrevista coletiva em que anunciou os convocados para os próximos jogos da seleção pelas Eliminatórias, ontem, Tite foi informado de que se tratava do Dia Nacional do Treinador de Futebol. E então permitiu-se o gracejo: “Parabéns para os 210 milhões de técnicos do Brasil”. A lista mal havia sido divulgada e já era possível perceber o descontentamento. Por que Philippe Coutinho voltou a ter uma chance? O que fez Daniel Alves para merecer ser chamado? E Everton Ribeiro? Cadê Guilherme Arana? Raphael Veiga por acaso joga vôlei? Hulk nasceu na Austrália?

Pacientemente, como faz há quase seis anos, Tite gastou mais de uma hora respondendo a perguntas sobre sua convocação. Ao contrário do que costumam fazer alguns de seus pares e antecessores, o técnico da seleção não interdita debates e não se opõe a falar sobre suas escolhas. É aqui que o treinador produz — inadvertida e desnecessariamente — provas contra si próprio.

Sobre o jogador mais contestado da convocação, Tite afirmou: “Coutinho é um jogador de armação e conclusão importante, que vai recuperando seu melhor nível. Está em condição de retornar.”

Philippe Coutinho jogou pouco no segundo semestre de 2021 pelo Barcelona, não teve espaço com o técnico Xavi e virou um estorvo financeiro para o clube. É bem fácil encontrar reportagens na imprensa da Catalunha que o catalogam como “pior contratação da história do clube” (um exagero e uma injustiça). Numa tentativa de voltar a ser o jogador que já foi, o meia de 29 anos acaba de topar ser emprestado para o Aston Villa, 14º colocado do Campeonato Inglês. Ou seja, é difícil concordar com Tite quanto a Coutinho estar “recuperando seu melhor nível”. Mas isso não é importante.

Ao técnico da seleção brasileira, seja ele quem for, deveria ser permitida uma cota de teimosia — até por ser impossível alcançar a unanimidade entre 210 milhões de outros técnicos. Foi sob Tite, antes da Copa do Mundo de 2018, que Coutinho jogou seu melhor futebol. Se o treinador entende que algum tipo de ajuda ao jogador neste momento pode significar uma recompensa a seu time na Copa do Mundo em novembro, isso deveria bastar para justificar sua convocação.

É desnecessário e contraproducente embrulhar a decisão num discurso de meritocracia. Até porque, para outros jogadores, o critério não se sustenta. Roberto Firmino, por exemplo, ficou fora por causa de uma suposta “irregularidade em função das lesões”. Na atual temporada europeia, Coutinho tem menos minutos, menos gols e menos assistências do que Firmino. Não há nada de errado em convocar um e excluir outro; tomar decisões de acordo com as próprias convicções é parte importante do trabalho de um selecionador.

No mais, a lista com 26 nomes (e sem Neymar, machucado) ajuda pouco a prever qual será o grupo da Copa do Mundo — e ainda faltam pelo menos mais três convocações até o Qatar. De chocante, mesmo, só o fato de que Renan Lodi perdeu a oportunidade de disputar uma vaga na seleção porque não se vacinou contra a Covid-19. A CBF acertou ao não chamá-lo. Neste caso específico, o discurso de Tite foi perfeito.


O Globo sexta, 14 de janeiro de 2022

TURISMO: NORDESTE NO TOPO - DESTINOS DE PRAIA FORAM OS PREFERIDOS DOS BRASILEIROS EM 2021

 

Nordeste no topo: destinos de praia foram os preferidos dos brasileiros em 2021, mostra pesquisa

Maceió, Porto de Galinhas e Recife são destaque de levantamento realizado pela agência on-line Hurb
Passeio de jangada em Porto de Galinhas, em Pernambuco Foto: Ministério do Turismo / Divulgação
Passeio de jangada em Porto de Galinhas, em Pernambuco Foto: Ministério do Turismo / Divulgação
 

RIO - Em 2021, tudo o que os brasileiros quiseram foi passar uns dias na praia. É o que aponta um levantamento feito pela agência de viagens on-line Hurb (antigo Hotel Urbano), com base nas preferências de seus clientes. Dentro ou fora do Brasil, destinos litorâneos dominaram as listas de mais vendidos pela plataforma, e também dominam os rankings que mostram as tendências de viagens para 2022 e 2023.

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Fronteiras fechadas e real desvalorizado resultaram numa preferência quase geral pelo turismo doméstico: 90% das vendas do site foram para destinos brasileiros.

— Alguns fatores decorrentes da pandemia influenciaram para que os destinos nacionais se vissem em alta. Além da própria circunstância de fronteiras fechadas, um fator que contou muito para esse cenário foi o câmbio. O patamar em que o dólar se encontra hoje frente ao real faz com que a maior parte do público pese muito bem se vale a pena investir numa viagem no exterior — analisa  Lia Coutinho, Head Comercial do Hurb. —  Um grande destaque que podemos observar é o Nordeste, que despontou frente a outras opções do país, por oferecer muitos resorts, praias paradisíacas e atividades ao ar livre, algo fundamental neste momento de pandemia.

 
Praia de Pajuçara, um dos cartões-postais de Maceió, capital de Alagoas Foto: Marco Ankosqui / Ministério do Turismo / Divulgação
Praia de Pajuçara, um dos cartões-postais de Maceió, capital de Alagoas Foto: Marco Ankosqui / Ministério do Turismo / Divulgação

A onipresência do Nordeste na lista de desejos dos turistas brasileiros pode ser comprovada no ranking dos mais vendidos na plataforma. Nesta na ordem: Maceió (5%), Porto de Galinhas (5%), Maragogi (5%), Recife (4%), Natal (4%), Porto Seguro (3%), Beto Carrero World (3%), Gramado (3%), João Pessoa (2%) e Fernando de Noronha (2%).

Entre os destinos internacionais, Cancún permanece no topo da lista com 11% no total de faturamento. Orlando ocupa a segunda posição (8%), seguido de Punta Cana (7%), Paris (4%), Roma (3%), Egito (3%), Playa Del Carmen (2%), Atenas e Santorini (2%), Pacote Toscana (Florença,  Pisa, Siena e Pienza) (2%) e Lisboa (2%). Vale destacar que, desta lista, apenas as cidades italianas e gregas estão em países que ainda não abriram as portas para turistas brasileiros em geral.

Os destinos praianos brasileiros também aparecem bem nas listas de tendências de viagens para 2022 e 2023, baseadas nas compras e buscas dos usuários da plataforma. Uma curiosidade é que, agora, já com as fronteiras dos Estados Unidos definitivamente abertas para brasileiros vacinados desde novembro, Orlando ultrapassou Cancún e se consolidou como o destino mais desejado para as próximas duas temporadas.

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O Top 5 de destinos mais desejados para 2022 é completado por Maceió, Recife, Cancún e Gramado. Já para o próximo ano, a ordem é Orlando, Recife, Maceió, Punta Cana e Cancún.

— É muito difícil falar sobre o nacional estar consolidado frente ao internacional quando a esperada normalização das viagens voltar. Mas sem dúvida podemos dizer que o olhar do turista brasileiro para o próprio país mudou, com ele hoje mostrando um perfil muito mais ávido por explorar os destinos nacionais, tradicionais ou não,  do que antes de março de 2020. Este é um ponto importante que eu vejo como tendência por aqui: o brasileiro mais disposto a conhecer os encantos que o Brasil tem a oferecer a ele — destaca a executiva.


O Globo quinta, 13 de janeiro de 2022

LARISSA MANOELA ABRE ÁLBUM DE FOTOS DE FESTA DE ANIVERSÁRIO DE 21 ANOS

 

Larissa Manoela abre álbum de fotos de festa de aniversário de 21 anos; Veja

Maísa, Amanda de Godoy e Klara Castanho estavam entre as estrelas que compareceram à celebração
Larissa Manoela em festa de 21 anos Foto: Reprodução
Larissa Manoela em festa de 21 anos Foto: Reprodução
 
 

Larissa Manoela comemorou seus 21 anos com uma festa de arrasar. Na noite da última quarta-feira, a atriz publicou uma sequência de fotos da reunião com amigos e familiares em seu perfil do Instagram.

"eu disse que o filme seria revelado em 2050, mas não é que chegou em 2022? foi épico. os 21!", escreveu ela na legenda da publicação, referindo-se às fotos feitas com câmeta 50mm.

Estrelas marcaram ponto na celebração de aniversário, como Maísa, Klara Castanho, Jean Paulo Campo (que interpretou Cirilo no remake de "Carrossel"), Amanda de Godoy, Eike Duarte, e muitas outras.


O Globo quarta, 12 de janeiro de 2022

LAGOA RODRIGO DE FREITAS PODE TER ACRÉSCIMO DE 30 ESPÉCIES DE FAUNA

Após plantio de novas mudas, Lagoa Rodrigo de Freitas pode ter acréscimo de 30 espécies de fauna, diz biólogo

Mudas de mangue-vermelho e samambaia do brejo foram plantadas por ocasião do aniversário do AquaRio
Plantio de mudas na Lagoa Foto: Fabiano Rocha
Plantio de mudas na Lagoa Foto: Fabiano Rocha
 

RIO — O AquaRio convidou o biólogo Mário Moscatelli para fechar as comemorações de cinco anos de aniversário do maior aquário marinho da América Latina plantando 30 novas mudas de mangue-vermelho (Rhizophora mangle) e samambaia do brejo (Acrostichum danaeifolium) na Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul do Rio. A iniciativa busca fomentar novas espécies de fauna e flora na lagoa.

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Com as novas mudas, a Lagoa passará a ter ao seu redor mais de 4.500 espécies típicas de manguezais, que se dividem entre mangue-branco, mangue-vermelho e mangue-negro, e agora com as samambaias do brejo. Somente o AquaRio, desde 2019, plantou, em média, 200 espécies. De acordo com o biológo, em maior número está a conhecida como mangue-branco, que representa 90% do total.

 Parte desse número é fruto do trabalho que o biólogo Moscatelli faz, há 32 anos, com seu projeto de revitalização, que, desde outubro deste ano, passou a receber apoio da prefeitura, do estado e da concessionária Águas do Rio.

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Para ele, essas iniciativas, a longo prazo, são boas para todos os lados:

— Quanto maior a oferta de ambientes diferenciados, maior é a alimentação diferenciada e os ambientes diferenciados, que servem para esses ambientes se reproduzirem e viverem. Quer maior reflexo de todo esse cuidado de 20 anos do que os colhereiros? Eles não apareciam aqui há 70 anos.

Os colhereiros reapareceram na Lagoa em setembro deste ano. O biólogo conta que, desde o início do projeto, ele já consegue contabilizar ao menos seis novas espécies na Lagoa.

— De cabeça, eu lembro do caranguejo marinheiro, o aratu, o guaiamum, o chama-maré, o frango d'água e a capivara. Só cuidando do manguezal. Com estas 30 novas mudas, a gente pode ter mais 20 ou 30 espécies de fauna na Lagoa daqui a uns anos. É um trabalho longo, mas que funciona — afirma.

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Além das plantações, equipes também circularam por parte da Lagoa para fazer a limpeza dos manguezais. Foram encontradas bolas de festas, garrafas de água, pedaços de papéis, e outros.

De acordo com a bióloga Patrícia Rocha, do AquaRio, um plástico simples, como esses encontrados no manguezal, demor de 40 a 50 anos para se decompor. Um mais rígido leva em média 450 anos.

— Com esse mutirão, as pessoas acabam se interessando, questionando e refletindo, mas ainda há muito trabalho pela frente — diz ela.

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A moradora do Jardim Botânico Isabel Willmer, de 24 anos, passeia pela Lagoa uma vez por semana desde começou a pandemia. Antes, era todos os dias. Ela conta que há partes mais cuidadas que outras no entorno do manguezal.

— Varia de área para área. Tem lugares onde a sujeira é menor porque há uma menor circulação de pessoas. Em outros, com maior fluxo, existe uma quantidade maior de sujeira — conta ela.


O Globo terça, 11 de janeiro de 2022

HUMORISMO: BATORÉ SE ENCANTOU - ATOR E HUMORISTA MORRE EM SÃO PAULO, AOS 61 ANOS

 

Batoré, ator e humorista, morre em SP

Ivanildo Gomes Nogueira, conhecido pelo personagem de "A praça é nossa" (SBT), estava com câncer; ele fez o papel do delegado Queiroz na novela 'Velho Chico' (Globo)
Ivanildo Gomes Nogueira, o Batoré Foto: Divulgação
Ivanildo Gomes Nogueira, o Batoré Foto: Divulgação
 

O ator e humorista Ivanildo Gomes Nogueira, de 61 anos, conhecido como Batoré, morreu nesta segunda-feira (10), em São Paulo. Ele estava com câncer.

Batoré morreu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Pirituba, Zona Norte da capital. "As informações médicas foram repassadas à família e a Secretaria Municipal de Saúde lamenta o ocorrido", diz nota da Prefeitura.

Ivanildo nasceu em Serra Talhada, em Pernambuco, e se mudou para São Paulo ainda criança. Antes de se tornar ator, jogou futebol nas categorias de base em times paulistas.

Com seu principal personagem, Batoré, Ivanildo integrou o elenco do programa "A Praça é Nossa", do SBT. Em 2016, foi contratado pela Rede Globo para a novela "Velho Chico" em que fez o papel do delegado Queiroz.

Batoré também foi vereador de Mauá, na Grande São Paulo, por dois mandatos pelo PP.


O Globo segunda, 10 de janeiro de 2022

GLOBO DE OURO 2022: ATAQUE DOS CÃES É O GRANDE VENCEDOR - CONFIRA A LISTA DOS PREMIADOS

 

 

Ataque dos cães' é o grande vencedor do Globo de Ouro 2022; confira a lista dos premiados

'Amor, sublime amor' e 'Succession' também foram destaques da noite; evento não teve transmissão de TV nem presença de celebridades
Kodi Smit-McPhee e Benedict Cumberbatch em 'Ataque dos cães' Foto: KIRSTY GRIFFIN/NETFLIX
Kodi Smit-McPhee e Benedict Cumberbatch em 'Ataque dos cães' Foto: KIRSTY GRIFFIN/NETFLIX
 

Sem transmissão de TV, presença de celebridades ou cobertura da imprensa no local, a Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood premiou com o Globo de Ouro neste domingo os melhores do cinema e da TV do ano passado. Os vencedores da 79ª edição foram anunciados no site e nas redes sociais da HFPA.

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Na categoria filme de drama, o grande vencedor da noite foi "Ataque dos cães", produção da Netflix estrelada por Benedict Cumberbatch e que marca o retorno de Jane Campion à direção de filmes, depois de mais de uma década dedicando-se apenas à televisão. O longa levou os troféus de melhor drama, melhor ator coadjuvante para Kodi Smit-McPhee e melhor direção. Baseado no livro de Thomas Savage, o western conta a história de um caubói que atormenta a esposa do irmão e o filho dela.

Já "Amor, sublime amor", versão de Steven Spielberg para o clássico da Broadway dos anos 1950, foi o grande nome da comédia e musical. A produção levou o prêmio de melhor filme da categoria, melhor atriz (também de comédia e musical) para Rachel Zegler e melhor atriz coadjuvante em filme para Ariana DeBose.

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Em TV, quem mais brilhou foi "Succession". A produção da HBO ficou com os troféus de melhor ator em série dramática (Jeremy Strong), melhor atriz coadjuvante de TV (Sarah Snook) e melhor série de drama. Como melhor atriz de drama, MJ Rodriguez, de "Pose", se tornou a primeira trans a ganhar um Globo de Ouro. "Hacks", também da HBO, foi a melhor série de comédia, e Jean Smart, a protagonista, foi considerada a melhor atriz de TV da categoria.

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Boicote

Diversos nomes da indústria e estrelas de Hollywood têm boicotado a associação desde o ano passado, quando emergiram denúncias de práticas de corrupção e ausências de membros negros. Por isso, nenhuma celebridade aceitou apresentar qualquer prêmio, e o evento acabou perdendo contrato de transmissão com a NBC e se deu a portas fechadas.  Jamie Lee Curtis foi a única atriz a publicamente apoiar o evento, conforme mensagem gravada e publicada nas redes sociais do Globo de Ouro durante a premiação.

 

 

"Por muito tempo, eu não percebi que a Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood era, na verdade, uma organização de caridade e usavam os fundos gerados pela transmissão do Globo de Ouro para financiar incríveis programas na nossa comunidade. Eles financiam criadores, educadores e instituições de aprendizado e preservação", disse ela. "E eles fazem de um jeito muito sutil, sem estardalhaço. Eu quero honrá-los e ficar junto deles."

Confira a lista completa de indicados e vencedores, na ordem de divulgação.

Melhor Atriz Coadjuvante em Filme

  • Caitriona Balfe ("Belfast");
  • Ariana DeBose ("Amor, sublime amor") -vencedora
  • Kirsten Dunst ("Ataque dos cães");
  • Aunjanue Ellis ("King Richard: criando campeãs");
  • Ruth Negga ("Passing")

 

Melhor Ator Coadjuvante em Série

  • Billy Crudup ("The morning show");
  • Kieran Culkin ("Succession");
  • Mark Duplass ("The morning show");
  • Brett Goldstein ("Ted Lasso");
  • Oh Yeong-su ("Round 6") - vencedor
     

Melhor Animação

  • "Encanto" - vencedora
  • "Flee";
  • "Luca";
  • "My sunny Maad";
  • "Raya e o último dragão"
     

Melhor Ator em Série — Drama

  • Brian Cox ("Succession")
  • Lee Jung-jae ("Round 6")
  • Billy Porter ("Pose")
  • Jeremy Strong ("Succession") - vencedor
  • Omar Sy ("Lupin")

 

Melhor Filme em Língua Estrangeira

  • "Compartment nº 6";
  • "Drive my car" (Japão); vencedor
  • "A mão de deus";
  • "A hero";
  • "Madres paralelas"
     

Melhor Ator em Série — Musical ou Comédia

  • Anthony Anderson ("Black-ish");
  • Nicolas Hoult ("The Great");
  • Steve Martin ("Only murders in the building");
  • Martin Short ("Only murders in the building");
  • Jason Sudeikis ("Ted Lasso") - vencedor

 

Melhor Roteiro

  • "Licorice Pizza" (Paul Thomas Anderson);
  • "Belfast" (Kenneth Branagh); vencedor
  • "Ataque dos cães" (Jane Campion);
  • "Não olhe para cima" (Adam McKay);
  • "Being the Ricardos" (Aaron Sorkin)

 

MelhorAtriz Coadjuvante em Série

  • Jennifer Coolidge  ("White Lotus");
  • Kaitlyn Dever ("Dopesick");
  • Andie MacDowell ("Maid");
  • Sarah Snook ("Succession"); vencedora
  • Hannah Waddingham ("Ted Lasso")

 

Melhor Ator em Série Limitada ou Filme para TV

  • Paul Bettany ("Wandavision");
  • Oscar Isaac ("Cenas de um casamento");
  • Michael Keaton ("Dopesick"); vencedor
  • Ewan McGregor ("Halston");
  • Tahar Rahim ("The serpent")

 

Melhor Atriz em Série Limitada ou Filme para TV

  • Jessica Chastain ("Cenas de um casamento");
  • Cynthia Erivo ("Genius: Aretha");
  • Elizabeth Olsen ("Wandavision");
  • Margaret Qualley ("Maid");
  • Kate Winslet ("Mare of Easttown")- vencedora

 

Melhor Atriz em Série — Musical ou Comédia

  • Hannah Einbinder ("Hacks")
  • Elle Fanning ("The Great");
  • Issa Rae ("Insecure");
  • Tracee Ellis Ross ("Black-ish");
  • Jean Smart ("Hacks") - vencedora

 

Melhor Série — Musical ou Comédia

  • The Great;
  • Hacks; vencedora
  • Only murders in the building;
  • Ted Lasso;
  • Reservation dogs

 

Melhor Série Limitada ou Filme para TV

  • "Dopesick";
  • "Impeachment: American crime story";
  • "Maid";
  • "Mare of Easttown";
  • "The underground railroad" - vencedora

 

Melhor Ator em Filme — Musical ou Comédia

  • Leonardo DiCaprio ("Não olhe para cima");
  • Peter Dinklage ("Cyrano");
  • Andrew Garfield ("Tick, tick... Boom!"); vencedor
  • Cooper Hoffman ("Licorice Pizza");
  • Anthony Ramos ("Em um bairro de Nova York")

 

Melhor Canção Original

  • "Be alive", de Beyoncé ("King Richard: criando campeãs");
  • "Dos orugitas", Sebastian Yatra ("Encanto");
  • "Down to joy", de Van Morrison ("Belfast");
  • "Here I am (Singing my way home"), de Jennifer Hudson ("Respect");
  • "No time do die", de Billie Eilish ("007 — Sem tempo para morrer") - vencedora

 

Melhor Trilha Sonora

  • "A crônica francesa";
  • "Encanto";
  • "Ataque dos cães";
  • "Madres paralelas";
  • "Duna" - vencedor

 

Melhor Ator em Filme — Drama

  • Mahershala Ali ("Swan song");
  • Javier Bardem ("Being the Ricardos");
  • Benedict Cumberbatch ("Ataque dos cães");
  • Will Smith ("King Richard: criando campeãs"); vencedor
  • Denzel Washington ("A tragédia de MacBeth")

 

Melhor Ator Coadjuvante

  • Ben Affleck ("The tender bar")
  • Jamie Dornan (Belfast")
  • Ciarán Hinds ("Belfast")
  • Troy Kotsur ("No ritmo do coração")
  • Kodi Smit-McPhee ("Ataque dos cães") - vencedor

 

Melhor Atriz em Série — Drama

  • Uzo Aduba ("In treatment");
  • Jennifer Aniston ("The morning show");
  • Christine Baranski ("The good fight");
  • Elizabeth Moss ("The Handmaid's tale");
  • Mj Rodriguez ("Pose") - vencedora

 

Melhor Atriz em Filme — Musical ou Comédia

  • Marion Cotillard ("Annette");
  • Alana Haim ("Licorice Pizza");
  • Jennifer Lawrence ("Não olhe para cima");
  • Emma Stone ("Cruella");
  • Rachel Zegler ("Amor, sublime amor") - vencedora

 

Melhor Filme — Musical ou Comédia

  • "Cyrano";
  • "Não olhe para cima";
  • "Licorice pizza";
  • "Tik, tick... Boom!";
  • "Amor, sublime amor" - vencedor

 

Melhor Atriz em Filme — Drama

  • Jessica Chastain ("The eyes of Tammy Faye");
  • Olivia Colman ("A filha perdida");
  • Nicole Kidman ("Being the Ricardos"); vencedora
  • Lady Gaga ("Casa Gucci");
  • Kristen Stewart ("Spencer")

 

Melhor Diretor

  • Kenneth Branagh ("Belfast");
  • Jane Campion ("Ataque dos cães"); vencedora
  • Maggie Gyllenhaal ("A filha perdida");
  • Steven Spielberg ("Amor, sublime amor");
  • Denis Villeneuve ("Duna")

 

Melhor Série — Drama

  • "Lupin";
  • "The morning show";
  • "Pose";
  • "Round 6";
  • "Succession" - vencedora

 

Melhor Filme — Drama

  • "Belfast";
  • "No ritmo do coração";
  • "Duna";
  • "King Richard: criando campeãs";
  • "Ataque dos cães" - vencedor

O Globo domingo, 09 de janeiro de 2022

GASTRONOMIA: SAIBA COMO É O RESTAURANTE COM MESA PENDURADA A 50m DE ALTURA, NA LAGOA

 

Saiba como é o restaurante com mesa pendurada a 50m de altura, na Lagoa

MasterChef Brasil nas Nuvens tem comida preparada por ex-participante do programa; em terra firme, há bar e espaço para aulas
Nas alturas: Mesa do MasterChef Brasil nas Nuvens fica a 50 metros de altura, na Lagoa Foto: Leo Martins / Agência O Globo
Nas alturas: Mesa do MasterChef Brasil nas Nuvens fica a 50 metros de altura, na Lagoa Foto: Leo Martins / Agência O Globo
 

Já imaginou fazer uma refeição em uma mesa pendurada a 50 metros de altura? E, de quebra, ter como vista a Lagoa Rodrigo de Freitas, o Morro dos Irmãos, o Corcovado e tantos outros recantos lindos do Rio? Pois é esta a proposta do MasterChef Brasil nas Nuvens,  evento gastronômico montado na altura do Corte do Cantagalo, que tem como prato principal a tal mesa suspensa, além de uma área de dois mil metros quadrados em terra firme, com bar, restaurante, espaço para aulas e, a partir de fevereiro, disputas culinárias com participação do público. Depois de alguns dias de eventos fechados para convidados, o local começa a funcionar oficialmente hoje.

Se ventar ou chover, a mesa voadora — uma estrutura de 12 toneladas, que é içada por um guindaste e tem capacidade para 24 pessoas sentadas em poltronas com cinto de segurança — não sai do chão. Mas se o tempo ajudar, prepare o seu coração (e seu bolso), porque o mesão vai pelos ares oito vezes por dia, sempre com menu fechado e apenas com reserva: café da manhã(às 8h30, R$ 240), brunch (às 10h, R$ 240), almoço (às 12h e às 14h , R$ 390), coquetel (às 16h, R$ 340), sunset (às 18h, R$ 410) e jantar (às 20h e às 22h, R$ 590).

 

Menu surpresa

Chef Heaven Delhaye, ex-participante do “Master Chef Profissionais”, comanda a cozinha flutuane Foto: Leo Martins / Agência O Globo
Chef Heaven Delhaye, ex-participante do “Master Chef Profissionais”, comanda a cozinha flutuane Foto: Leo Martins / Agência O Globo

Prepare também o seu estômago, porque a chef Heaven Delhaye, ex-participante do “Master Chef Profissionais”, à frente do restaurante D’Heaven, no Village Mall, estará a postos preparando menus degustações em harmonia com o horário. O que será servido lá em cima é surpresa. Para evitar contratempos, no ato da reserva, o cliente deve avisar sobre restrições alimentares, de alergia a opção por comidas veganas. E montar o cardápio não foi tarefa simples, apesar da grande cozinha em terra firme, onde os pratos são feitos para serem finalizados no alto.

—Tivemos que pensar o cardápio por conta da altura. Se bater um ventinho, pode ser que flores e brotinhos das saladas voem pelos ares, mais vai ficar bonito — brinca a chef, que comanda tudo de uma bancada que fica rodeada pela mesa e as poltronas. — Descobrimos pratos que viajam bem, como confit de cannard e polvo. Temos uma área de finalização no alto, mas nada pode dar errado. Não podemos descer e trocar o prato. Mas acho que o que mais combina com o cenário são os tartares de frutos do mar.

No espaço montado no solo, que também conta com vista bonita para a Lagoa, há aulas de cozinha, provas de vinhos e um grande bar de comes e bebes, com consumação mínima de R$ 150 Foto: Leo Martins / Agência O Globo
No espaço montado no solo, que também conta com vista bonita para a Lagoa, há aulas de cozinha, provas de vinhos e um grande bar de comes e bebes, com consumação mínima de R$ 150 Foto: Leo Martins / Agência O Globo

No espaço montado no solo, que também conta com vista bonita para a Lagoa, há aulas de cozinha, provas de vinhos e um grande bar de comes e bebes, com consumação mínima de R$ 150. O cardápio ali é assinado por Gabriel Nigro e oferece, entre outras coisas, pipoca de pão de queijo trufada com gel fluido de coalhada seca (12 bolinhos, R$ 45), palitinhos feitos de espuma de batata ultracongelada, empanados no panko (R$ 45), minibife wellington de porco (R$ 52), coqueta de cogumelos (R$ 38) e hambúrguer de lagostim (R$ 55). Para beber, opções como moskow mule (R$ 36), tropical gin (R$ 32) e caldereta de chope (R$ 8). O espaço funciona até abril e depois voa para outros estados.

Onde: Lagoa, na altura do Corte do Cantagalo. Quando: Mesa suspensa: ter a a dom, a partir das 7h45. Masterchef Bar: qua a dom, das  18h até 1h. Até abril. Reservas: masterchefbrasilnasnuvens.com.br/

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