Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Estadão segunda, 25 de fevereiro de 2019

ESTADÃO NA ANTÁRTIDA

 

Estadão na Antártida, dia 7: Estação Antártica Comandante Ferraz

Para ‘invernar’ na estação brasileira é preciso deixar a família e enfrentar dias totalmente escuros, com temperaturas de até -20°C 

Luciana Garbin, enviada especial / ANTÁRTIDA, O Estado de S.Paulo

24 Fevereiro 2019 | 17h49

 

 

Estadão na Antártida, dia 7 - Estação Comandante Ferraz
 
Grupo de marinheiros que vai passar o inverno na Estação Comandante Ferraz Foto: Clayton de Souza/Estadão

Dia 7

Estação Comandante Ferraz, 17h49

Passar todo o inverno na Antártida não é para qualquer um. Na verdade, é para bem poucos que se dispõem a deixar a família para enfrentar dias que chegam a ser totalmente escuros, a uma temperatura de até 20 graus negativos, com sensação térmica de -40°C.

Por isso, a seleção da Marinha é rigorosa. É preciso passar por um check-up geral, que já exclui parte dos concorrentes. Depois, por um exame psicotécnico. Os aprovados são então submetidos a uma semana de treinamento pré-antártico, com acompanhamento de psicólogos e restrição de celulares. Há ainda várias entrevistas, não só com o candidato como com sua família.

Os escolhidos formam o chamado grupo-base. O deste ano ficará na Estação Brasileira Comandante Ferraz até o fim de novembro. São 16 militares, todos homens, que serão chefiados pelo capitão de fragata Francisco Luiz de Souza Filho. Aos 45 anos, ele passará seu segundo inverno na Antártida - o primeiro foi entre novembro de 2010 e novembro de 2011. Foi embora três meses antes do incêndio que destruiu 70% das instalações brasileiras, em fevereiro de 2012, e resolveu voltar no ano passado. “Queria ver de perto a nova estação”, conta. “Sou o elo entre as três casas do Brasil na Antártida – a que queimou, o Módulo Antártido Emergencial, onde estamos provisoriamente desde o incêndio, e a nova.” A volta teve outra motivação. “Eu conhecia os dois militares que morreram no incêndio da estação. Um deles (Carlos Alberto Figueiredo) passou o inverno comigo.”

O confinamento em situações adversas serve para aproximar o grupo, que ganha nome e símbolo – o deste ano se chama Sperare e tem um símbolo de um pinguim meio bravo. Mas também pode amplificar rusgas. “O desafio sempre é identificar diferenças psicológicas no grupo e tentar evitar ao máximo os atritos, que, em ambientes confinados, acabam se potencializando”, explica.

Como a base agora tem conexão 4G, ficou mais fácil falar com a família, mas os problemas em casa também chegam mais rápido. E sair de Comandante Ferraz no inverno só em caso de extrema urgência. Como o mar congelado impede a aproximação de navios, o jeito é pousar de helicóptero. Os chilenos são responsáveis pelos resgates na Ilha Rei George, onde fica a estação. E, para entregar alimentos perecíveis e outros itens de necessidade, a Força Aérea Brasileira faz quatro missões na base brasileira no inverno. Os Hércules C-130 voam de Punta Arenas até a estação e passam até 11 vezes sobre ela de cada vez, lançando de paraquedas paletes com frutas e legumes por exemplo.

O subchefe da estação, Israel Levi Oliveira, de 37 anos, nos conta que um dos requisitos para “invernar” é estar disponível para diferentes funções. “Isso já faz parte da preparação”, diz. “E quando você tem rotina fica mais fácil”, completa Souza Filho. “Dia difícil é aquele em que você não tem uma rotina.”

 

Israel Levi de Oliveira, subchefe da Estação Comandane Ferraz
Israel Levi de Oliveira, capitão de corveta e subchefe da estação, vai passar o inverno na Antártida
Foto: Clayton de Souza/Estadão

Por rotina, entenda-se manter a base, iluminar os dois lagos da estação, fazer a verificação de máquinas, tratores e válvulas, se revezar nas rondas e deixar tudo preparado para o verão. É preciso rotina também para acordar e dormir porque com tudo escuro é comum sentir mais sono.

Até nas questões de saúde a Antártida tem suas peculiaridades, como conta o médico e primeiro-tenente Rodrigo Nunes Martins, outro integrante do grupo base deste ano. A alta radiação solar, por exemplo, faz aumentar o risco de catarata. A secura castiga a pele. O sangramento nasal e a dor de ouvido podem ser mais frequentes. E o frio enrijece os músculos e facilita contusões – ontem, com dor nas costas, eu ironicamente fui a única atendida na enfermaria da estação.

O sistema imunológico também requer cuidados de quem passa o inverno por aqui. Como ficam alguns meses sem contato com outras pessoas, quem permanece confinado na base no inverno precisa se cuidar para não adoecer com vírus trazidos por quem vem de fora quando chega o verão.

O retorno para casa também requer atenção. “Quando a gente volta, está em outro ritmo e tem de fazer a reentrada na família. Eu por exemplo cheguei e comprei uma máquina de lavar que era exatamente igual à da estação”, conta Souza Filho. E por que uma máquina de lavar? “Não sei, já estava habituado, sabia fazer manutenção, então comprei.”  

 

Estadão sábado, 23 de fevereiro de 2019

EXÉRCITO DA VENEZUELA ABRE FOGO, MATA DOIS E FERE QUINZE NA FRONTEIRA COM O BRASIL

 

Exército da Venezuela abre fogo, mata 2 e fere 15 na fronteira do Brasil

Pelo menos sete venezuelanos estão internados em estado grave em hospital de Boa Vista; governo brasileiro faz reunião de emergência e confirma envio de ajuda humanitária, que chega hoje a Pacaraima, na divisa com país vizinho

Luiz Raatz, Enviado Especial / Boa Vista, Enviado Especial / Boa Vista, Roraima

22 Fevereiro 2019 | 12h05 
Atualizado 23 Fevereiro 2019 | 01h38

 O primeiro dia de fechamento da fronteira entre Brasil e  Venezuela terminou nesta sexta-feira, 22, com um saldo de 2 mortos e 15 feridos, dos quais 7 foram transportados para Boa Vista. O líder opositor venezuelano, Juan Guaidó, criticou o episódio. Neste sábado, a oposição deve tentar entregar toneladas de ajuda humanitária na fronteira brasileira e colombiana. Na noite desta sexta-feira, Caracas anunciou o fechamento da fronteira com a Colômbia no Estado de Táchira
Venezuelanos socorrem feridos por ação da Guarda Nacional Bolivariana para ambulância que transportou as vítimas até hospitais no Brasil
 
Venezuelanos socorrem feridos por ação da Guarda Nacional Bolivariana para ambulância que transportou as vítimas
até hospitais no Brasil Foto: REUTERS/Ricardo Moraes

Apesar da violência do lado venezuelano, militares brasileiros avaliam que a movimentação na fronteira é normal e esperam que a situação se acalme nas próximas semanas. Há um temor, porém, de que o fechamento prejudique a estabilização do fluxo migratório obtida nos últimos meses com a Operação Acolhida. Sem poder entrar pela passagem oficial, os refugiados tendem a buscar trilhas na fronteira seca, as chamadas “trincheiras”, como ocorreu hoje em Pacaraima.

 “Com a fronteira fechada, deve aumentar o número de venezuelanos que entram no Brasil sem passar pela triagem na fronteira”, avalia o tenente-coronel Alyson Mendonça. “Com isso, a demanda deve aumentar muito também e essas pessoas não necessariamente passarão de cara pela Operação Acolhida.”
 
Desde 2016, mais de 130 mil refugiados entraram em Roraima. O impacto em um dos Estados mais pobres do Brasil foi imediato. Os serviços públicos chegaram perto do colapso. As praças de Boa Vista e as pequenas ruas de Pacaraima foram tomadas por venezuelanos que fugiam da fome, sem trabalho ou lugar para ir, e passaram a recorrer a bicos e à mendicância. Com o tempo, a xenofobia aumentou, provocando confrontos entre brasileiros e venezuelanos.

Com a intervenção do governo federal, no ano passado, pouco a pouco a situação foi se acalmando. “A gente conseguiu acalmar a situação ao convencer a população que cuidar bem do imigrante é cuidar bem do brasileiro: com ele vacinado, não há surto de sarampo. Com ele interiorizado, ele encontra empregos em outros lugares”, disse Mendonça.

Hoje, a fronteira entre Brasil e Venezuela amanheceu fechada. Um posto de cavalaria da Guarda Nacional Bolivariana (GNB), em Santa Elena de Uairén, foi bloqueado e impediu que moradores da cidade atravessassem para Pacaraima. 

 Soldados venezuelanos na fronteira entre Brasil e Venezuela

Soldados da Guarda Nacional Bolivariana impedem a passagem de pessoas na fronteira da Venezuela
com o Brasil Foto: REUTERS/Ricardo Moraes

Na comunidade indígena de Gran Sabana, nos arredores de Santa Elena, soldados venezuelanos abriram fogo contra civis que tentavam manter uma trilha aberta na fronteira seca – duas pessoas morreram. Após o ataque, uma ambulância venezuelana, acompanhada de uma médica, teve a passagem liberada na fronteira para buscar atendimento, primeiro em Pacaraima, depois em Boa Vista. 

A primeira vítima foi identificada como Zorayda Rodríguez, de 42 anos. O segundo morto é Rolando Garcia, que seria marido de Zorayda. Após o ataque, houve confrontos entre policiais e moradores da cidade, que teriam sido reprimidos com bombas de efeito moral. “A maior parte das pessoas apoia a ajuda humanitária e queremos a nossa fronteira aberta”, disse a porta-voz da comunidade indígena, Carmen Elena Silva. “Isso é ajuda, não é guerra.”

Os sete feridos foram atendidos hoje no Hospital Geral de Boa Vista. Segundo balanço da Secretaria Estadual de Saúde de Roraima, os sete estão em estado grave, sendo três em situação mais crítica. 

Ainda de acordo com a secretaria,  cinco pacientes foram encaminhados ao Centro Cirúrgico da Unidade. Os outros dois estão em observação no Grande Trauma. Todos foram trazidos para Boa Vista em ambulâncias da própria Venezuela.

Além disso, dois venezuelanos foram atendidos no Hospital Délio Tupinambá, em Pacaraima. Eles tinham escoriações leves e já receberam alta.

Reação

O líder opositor venezuelano, Juan Guaidó, condenou o ataque. “É constitucional matar indígenas?”, questionou. Por meio de um porta-voz, o Ministério de Comunicações da Venezuela afirmou que não poderia comentar o caso. Horas depois, no entanto, Maduro, foi ao Twitter apoiar a Força Armada Nacional Bolivariana. “A nossa FANB está mobilizada em todo o território nacional para garantir a paz e a defesa integral do país”, escreveu. “Máxima moral, máxima coesão e máxima ação. Venceremos!”

Ainda hoje, em Boa Vista, um avião da Força Aérea Brasileira chegou com ajuda humanitária para ser entregue hoje na fronteira da Venezuela. Os 19 lotes de arroz, 14 de açúcar, dezenas de sacos de leite em pó e de caixas com medicamentos foram armazenados em um hangar na Base Aérea de Boa Vista à espera de transporte para cruzar a fronteira. 

Em Brasília, o porta-voz da Presidência da República, Otávio do Rêgo Barros, confirmou que a operação de entrega sairá amanhã de Roraima e não há previsão de término da ação. Segundo ele, o governo brasileiro tentará entregar 200 toneladas de alimentos. 

Os Estados Unidos "condenaram energicamente" o uso da força militar venezuelana, nesta sexta-feira, disse a Casa Branca, por meio de nota, após as mortes dos índios. 


Estadão quinta, 21 de fevereiro de 2019

GOVERNO NASCE COM A REFORMA

 

Governo nasce com a reforma

Reforma ou desastre será a escolha inevitável dos parlamentares. Jair Bolsonaro e seus ministros terão de trabalhar intensamente e agir como um governo

Notas & Informações, O Estado de S.Paulo

21 Fevereiro 2019 | 02h00

 

Reforma ou desastre será a escolha inevitável dos parlamentares, nos próximos meses, quando resolverem como ficará a Previdência. Cada voto poderá empurrar o País para a crise e a estagnação ou para uma recuperação mais rápida e uma nova fase de prosperidade. O presidente da República e seus ministros terão de trabalhar intensamente, a partir de agora, para formar a maioria necessária à aprovação do projeto e, antes disso, para impedir a deformação e a desidratação das propostas do Executivo. Mas para isso o presidente e seus auxiliares precisarão agir como um governo. Esse governo pode ter sido inaugurado na quarta-feira, com 50 dias de atraso, quando o texto foi entregue oficialmente ao Legislativo. Até esse momento, o trabalho mais efetivo e mais visível a favor da reforma havia sido executado pelos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre. 

Não existia esse esboço, como ficou claro nos meses seguintes. Nem as idades mínimas para homens e mulheres estavam definidas até pouco antes da entrega do texto ao Congresso. Nem mesmo havia um plano de governo. O presidente eleito só dispunha de um discurso ideológico e moralista repetido de forma patética por alguns ministros. Esse despreparo custou um atraso de mais de três meses na formulação final e no encaminhamento da proposta de mudança da Previdência. 

 

Se a reforma for aprovada em seu formato atual, haverá, pelas contas oficiais, uma economia de cerca de R$ 1,16 trilhão em dez anos. Nos primeiros quatro o ganho poderá chegar a R$ 189 bilhões, incluídos na conta os efeitos da mudança no regime dos militares.

Mas essas, por enquanto, são as projeções mais otimistas. Muitos analistas do setor privado têm mencionado ganhos prováveis de R$ 700 bilhões em dez anos. Pessoas menos entusiasmadas baixam a expectativa para R$ 500 bilhões, menos de 50% do valor estimado na melhor hipótese. Os ganhos serão tanto menores quanto menos ambiciosa for a reforma aprovada. Além disso, o efeito estabilizador das mudanças será menos duradouro do que poderia ser. 

O governo deve estar preparado para aceitar a alteração e a supressão de itens do projeto nos próximos meses, mas precisará ter o cuidado de preservar os pontos mais importantes. Esses pontos devem ser relevantes por seus efeitos financeiros e também por suas consequências políticas, porque a eliminação de privilégios é um dos melhores argumentos a favor da reforma. Deve também afastar a tentação de acrescentar penduricalhos para atender a interesses de corporações ou de empresas. 

Em qualquer caso, garantir condições mais severas - itens como idades mínimas e tempo de contribuição - para o acesso à aposentadoria será essencial para uma reforma significativa. Não haverá reforma ideal, mas será preciso conseguir a aprovação de uma proposta capaz de justificar a aposta numa nova etapa de crescimento econômico duradouro. Empresários e investidores dentro e fora do País estão à espera desse sinal - com mais ceticismo no caso dos estrangeiros, segundo fontes da área de finanças. 

A aprovação da reforma será só a condição inicial para uma nova fase de expansão econômica. Será preciso pensar em mais investimentos, em maior abertura e cuidar da identificação de obstáculos e gargalos. O discurso oficial tem sido muito pobre em relação a questões como essas. 

É difícil dizer, por enquanto, se existirá um governo capaz de cuidar das negociações partidárias e da formulação dos passos seguintes da política. A resposta será negativa, com certeza, se o presidente Jair Bolsonaro insistir em briguinhas, em manter ministros comprovadamente despreparados e em deixar seus filhos meter-se na gestão do Executivo. 


Estadão quarta, 20 de fevereiro de 2019

ARIANA GRANDE IGUALA FEITO DOS BEATLES

 

Ariana Grande iguala feito dos Beatles em ranking da 'Billboard'

REDAÇÃO - O ESTADO DE S.PAULO
 

Desde 1964 um artista não ocupava primeira, segunda e terceira posições em ranking de músicas semanal

 

A cantora Ariana Grande.

A cantora Ariana Grande. Foto: Dave Hogan/One Love Manchester via Reuters

 Ariana Grande alcançou mais um marco histórico na carreira: a cantora emplacou os três primeiros hits que lideram o ranking semanal da Billboard, o Billboard Hot 100. A última vez que isso havia ocorrido foi em 1964, com os Beatles.

 

 

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 A artista de 25 anos lidera o ranking com as músicas 7 Rings (pela terceira semana consecutiva), Break Up With Your Girlfriend, I’m BoredThank U, NextTodas fazem parte do álbum mais recente da cantora, Thank U, Next, lançado em 8 de fevereiro.

 Em 1964, os Beatles emplacaram as músicas Can’t Buy Me LoveTwist and Shout Do You Want to Know a Secret. Em abril do mesmo ano, eles conquistaram o top 5 do ranking, feito nunca mais repetido por outro artista até hoje.

Outros cantores chegaram perto da conquista de Ariana Grande. Em julho de 2018, o rapper Drake, por exemplo, emplacou hits na primeira, segunda e quarta posição da lista.

Emocionada com a notícia, a artista comemorou com uma postagem no Instagram: “Eu pensei que fosse uma piada quando vi, não estou brincando. Primeira vez desde os Beatles (e primeira vez para um artista solo?). Isso é bárbaro. Não consigo acreditar que é verdade. Amo vocês, obrigada por tudo. Obrigada por fazerem história comigo hoje”, escreveu.


Estadão segunda, 18 de fevereiro de 2019

MARACANÃ: CONFUSÃO COM TORCIDA RESULTA EM 29 FERIDOS

 

Confusão com torcida do lado de fora do Maracanã resulta em 29 feridos

Entrada para o público só foi liberada às 17h30, quando a partida já tinha passado da metade do primeiro tempo

Daniela Amorim, Renata Batista e Wilson Tosta, Estadão Conteúdo

17 Fevereiro 2019 | 20h34

 

Vasco conquistou neste domingo a Taça Guanabara - o primeiro turno do Campeonato Carioca -, mas a vitória de 1 a 0 sobre o rival Fluminense tornou-se secundária. O resultado foi ofuscado pela confusão que marcou a partida do lado de fora do estádio do Maracanã, com bombas de efeito moral, tiros com munição de borracha e cargas de cavalaria do PM.

 

Torcedora do Vasco
 
Torcedora do Vasco tenta proteger criança no meio da confusão. Foto: Alexandre Cassiano/Agência O Globo
 

Vascaínos e tricolores disputavam o setor sul do Maracanã. O Vasco, que tinha o mando de campo, manteve a venda de ingressos para sua torcida na área das arquibancadas que ocupa desde a inauguração do estádio, em 1950. O Fluminense alegava que, por contrato com o Complexo Maracanã, tinha direito a usar o mesmo espaço, fosse ou não o mandante da partida. O clube das Laranjeiras obtivera liminar garantindo a prerrogativa, mas o rival recorreu. Os tricolores então, alegando problemas de segurança, requereram que o clássico fosse com portões fechados.

A desembargadora de plantão, Lucia Helena do Passo, atendeu ao pedido. A magistrada entendeu que o contrato do clube com o Complexo Maracanã era omisso em relação à situação que se apresentou e também viu problemas de segurança. Determinou que o dinheiro dos ingressos fosse devolvido. Os dois clubes chegaram a fazer um acordo para abertura do estádio durante o jogo, com o Vasco assumindo o risco de pagar R$ 500 mil em multa, mas o Juizado Especial Criminal (Jecrim) não aceitou.

A decisão elevou a tensão. Torcedores chegavam para assistir ao jogo e eram impedidos de entrar. Por volta das 17 horas, uma grade foi derrubada e começou o tumulto. Cavalarianos do Regimento de Polícia Montada investiram contra alguns torcedores, enquanto que bombas explodiam em meio ao corre-corre. Houve pelo menos quatro registros policiais. A multidão chegou a se dispersar, mas, perto das 17h30, voltou a se aglomerar.

Quando uma nova confusão era iminente, a entrada foi liberada pela Justiça. Com algum tumulto, os torcedores entraram no estádio, quando o jogo já tinha mais de 30 minutos. Foi, porém, uma partida praticamente de torcida única: havia muito poucos torcedores tricolores. A maioria do público presente assistiu à vitória cruzmaltina, com gol de falta de Danilo Barcelos, aos 35 da segunda etapa.


Estadão sábado, 16 de fevereiro de 2019

BOLSONARO PREPARA A SAÍDA DE BEBIANO

 

Bolsonaro ignora apelos e prepara saída de Gustavo Bebianno

Presidente se reúne com o titular da Secretaria-Geral e demissão é esperada; ministro é acusado de vazar áudios de duas conversas entre eles com orientações de trabalho

O Estado de S. Paulo, O Estado de S.Paulo

 

BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro estava decidido nesta sexta-feira, 15, a demitir o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, a quem acusa de atuar por interesses próprios e contra o governo. Os dois se encontraram pela primeira vez no fim da tarde, após o ministro ter ficado dois dias na “geladeira”. O tom da conversa foi descrito por quem a acompanhou como ríspida e o clima que pouco antes era de fim da crise voltou a azedar. 

Gustavo Bebianno
Gustavo Bebianno, ministro da Secretaria-Geral da Presidência Foto: Wilton Junior/Estadão

Antes do encontro com o presidente, Bebianno se reuniu com os ministros Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e Santos Cruz (Secretaria de Governo), quando foi avisado de que seria mantido no cargoBolsonaro havia cedido às pressões de civis e militares de dentro e fora do governo. Até mesmo o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, pediu pelo ministro, hoje sua ponte com o Palácio do Planalto. 

 A reviravolta ocorreu, segundo revelou a TV Record, quando o presidente tomou ciência de que Bebianno teria vazado áudios de duas conversas entre eles pelo WhatsApp com orientações de trabalho. O Estado confirmou a versão com um auxiliar do ministro. Seria o troco no vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente, por ele ter publicado no Twitter mensagem de voz com o presidente negando uma afirmação do ministro. 
 
Ciente de que Bebianno está com “ódio” de Bolsonaro, nas palavras de um ministro, o chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, foi escalado para tentar construir no fim de semana uma saída honrosa para o colega. Como compensação, a Bebianno foi oferecido um cargo na máquina federal fora do Palácio do Planalto. A lei o proíbe de assumir uma estatal. 

O núcleo militar do governo e deputados do PSL não descartam que ele deixe o governo “atirando”, razão pela qual a demissão está sendo costurada. O ministro presidiu o PSL durante a eleição e coordenou a campanha de Bolsonaro. Período em que era frequentador assíduo da casa do presidente.

Ao desabafar nesta sexta-feira com integrantes do governo, Bebianno afirmou que “não se dá um tiro na nuca do seu próprio soldado”. “É preciso ter o mínimo de consideração com quem esteve ao lado dele o tempo todo”, disse Bebianno, segundo o portal de notícias G1. 

Com o clima acirrado, Bebianno já precificou a demissão. Seus assessores começaram a limpar as gavetas para bater em retirada. 

O ministro, porém, mantém a posição de que não pedirá para sair. Caberá ao presidente o desgaste de exonerá-lo. E, caso Bolsonaro mude de ideia, Bebianno exige que ele faça um apelo público que para fique.

Até a reunião entre Bolsonaro e Bebianno o núcleo militar do governo participou das conversas para tentar amainar a crise, mas eles se retiraram das negociações quando Bolsonaro voltou a admitir a demissão do auxiliar. A condução da crise ficou nas mãos de Onyx. No encontro estavam alguns dos principais defensores de Bebianno nos últimos dias: o vice-presidente da República, Hamilton Mourão e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno. 

Integrantes do governo e do Legislativo argumentavam que a saída de Bebianno neste momento poderia atrapalhar a tramitação da reforma da Previdência. Outro motivo era o receio de que Carlos Bolsonaro ganhasse ainda mais poder e influência dentro do governo. 

Após reuniões com ministros e auxiliares, o presidente teria concordado ontem com a avaliação da necessidade de afastar o seu filho de questões da administração federal – o que muitos duvidam. Carlos foi o pivô da crise ao usar o Twitter para acusar Bebianno de mentir sobre conversas que teria tido com Bolsonaro, na terça-feira passada.Bolsonaro retuitou. 

Na ocasião, Bebianno tentava afastar os rumores de indisposição com o presidente por causa das acusações de que teria participação em um suposto esquema de candidatos laranjas do PSL, quando ele presidia a sigla.

Nesta sexta, Mourão disse que Bolsonaro vai “botar ordem nos filhos”. “Tenho certeza de que o presidente, em momento aprazado e correto, vai botar ordem na rapaziada dele”, declarou o vice-presidente.

No Rio, Carlos Bolsonaro retomou ontem os trabalhos na Câmara Municipal. Tirou foto de um requerimento de colega para homenagear Mourão e compartilhou as imagens nas redes sociais. / TÂNIA MONTEIRO, RENATA AGOSTINI, JULIA LINDNER e CAMILA TURTELLI


Estadão quinta, 14 de fevereiro de 2019

ESPETINHOS CAEM NAS GRAÇAS DOS CHEFES

 

Espetinhos caem nas graças dos chefs e vão das ruas para os restaurantes

O espetinho está ganhando tratamento especial em São Paulo. Com técnicas e equipamentos específicos, chefs levam esse ícone popular para os cardápios. Saiba onde comer na cidade

13 fevereiro 2019 | 20:52por Renata Mesquita

Todo mundo espeta. Do infame churrasquinho de gato, ao yakitori japonês, aos shish kebab turco e aos satay tailandês, os espetinhos são um hit popular. Carne, peixe, legume, queijo e o que mais a imaginação mandar pode deslizar por um palito e ser colocado sobre o fogo.

 Normalmente, os espetinhos nascem de uma grelha simples ou improvisada, e mais comumente estão próximos de estádios de futebol, na praia ou nos balcões deizakayas. Acontece que agora os chefs querem espetar também. E, como sempre, quando entram na brincadeira, entram para mudar o jogo – já está valendo até termocirculador. Inspirados pela iguaria das ruas, diversos chefs de São Paulo têm recorrido à memória afetiva e à diversão dos espetinhos para dar sabor e personalidade às suas criações. 

 

Manioca. Espetinho de camarão na brasa com salada de feijão-manteiguinha e migalhas do Maní

Manioca. Espetinho de camarão na brasa com salada de feijão-manteiguinha e migalhas do Maní Foto: Roberto Seba

Jefferson Rueda criou seu próprio churrasquinho de gato – no caso, de porco –, que estreou no novo menu-degustação d'A Casa do Porco lançado no final de 2018. Para comer com as mãos, é servido em uma minichurrasqueira com toldinho azul, que chega à mesa fumegando. O chef mandou fazer réplicas das barraquinhas de porta de estádio especialmente para o menu. Mas as semelhanças acabam aí. A churrasqueira é carregada com três espetinhos: um de hortaliças, um de linguiça artesanal e um de costela de porco que desmancha na boca à primeira bocada. 

 Já a inspiração da chef Juliana Faingluz veio de casa. A gaúcha sempre teve em mente que no seu menu não podia faltar um xixo, tradicional espeto da região sul do País em que carne, cebola e pimentão são intercalados. Aberto apenas na hora do almoço durante a semana, o Kith faz comida contemporânea descomplicada e o espetinho é a aposta da chef para ganhar versatilidade, já que o cardápio muda quinzenalmente.

 

Churrasquinho de porco. Linguiça artesanal, legumes e costela n'A Casa do Porco

Churrasquinho de porco. Linguiça artesanal, legumes e costela n'A Casa do Porco Foto: Mauro Holanda

 Além do xixo, Juliana serve espetinhos de frango, camarão (que acompanha arroz de alho-poró crocante), coraçãozinho de frango, quiabo, lula. Vale tudo, e tudo passa pela churrasqueira, que dá sabor e textura. Mas a chef, que coleciona passagens por D.O.M., Maní e El Celler de Can Roca, também aplica técnicas da alta cozinha no espeto. Tanto o peito como a asinha de frango passam pelo termocirculador (que cozinha em baixa temperatura os ingredientes embalados a vácuo) antes de entrar no palito, assim como a carne de porco. A ideia é garantir a suculência.

 Esse, na verdade, é o maior desafio dos espetinhos: as carnes ou legumes, cortados em pedaços pequenos, pedem atenção na hora da passagem pela grelha para não ressecar. 

No novo Laje Pirajá, onde o espetinho é a estrela e aparece em 15 versões, o truque para garantir suculência e sabor são as marinadas. Frango e porco passam horas mergulhados numa salmoura antes de chegar à brasa. “Garante o tempero uniforme e a umidade necessária”, afirma Benny Novak, chef responsável pelas criações da casa. Lá, é possível ainda ver o churrasqueiro pincelando os espetinhos com um molho de shoyu e saquê quando já estão sobre a grelha. 

 Apesar da simplicidade ser a proposta do bar, o espetinho ali é levado bem a sério. Prova disso é a churrasqueira, uma Josper especial para as carnes feitas no espeto, uma das primeiras importadas para o País. Ela é comprida e estreita, o que permite que os palitos se encaixem perfeitamente. “Ela é rasa e, assim, os espetinhos ficam próximos ao carvão, garantindo cor e sabor – faz toda a diferença”, confirma Novak. 

  

Laje Pirajá. Churrasqueira importada da Espanha espacial para espetinhos

Laje Pirajá. Churrasqueira importada da Espanha espacial para espetinhos Foto: Daniel Teixeira|Estadão

  

O Laje pegou a técnica de pincelar os espetinhos com um molho enquanto ainda estão na grelha emprestada do yakitori, ou kuchiyaki, o churrasquinho de rua japonês. No Yorimichi, casa do chef Ken Mizumoto especializada nos espetinhos orientais, o segredo está no tarê (molho, em japonês). “É a alma de tudo. Os japoneses decidem qual a melhor casa de espeto pelo melhor molho, o mais complexo”, explica o chef. O tarê de Mizumoto é cozido por dois dias e combina carcaça de frango, shoyu, caldo de peixe, açúcar, gengibre. É usado em todos os espetos da casa. No caso dos legumes, o segredo do chef é pincelar azeite para garantir a umidade e um exterior crocante. 

 Foi João Gertel, chef responsável pelas criações do asiático Mica, que falou a frase que abre esta reportagem: “todo mundo espeta”. Em seu restaurante também brilham os espetinhos elaborados. “É prático, versátil, é comida de rua, que está cada vez mais sendo incorporada à gastronomia.”

  

Mica. Espetinhos inventivos com acento oriental

Mica. Espetinhos inventivos com acento oriental Foto: Lucas Terribili

Abaixo, confira os endereços da cidade onde é possível provar espetinhos dos mais diferentes acentos, do camarão na brasa servido empratado no Manioca aos mais despojados do Jarro, novo bar em Pinheiros.

 

Truques do espeto

 

● Molhe os espetos de madeira antes de levá-los ao fogo

● Corte todos os ingredientes do mesmo tamanho

● Asse os espetinhos na brasa, nunca direto na chama 

● No fogo, o jogo é rápido, para caramelizar e não ressecar

● Faça como os chefs: marine a carne antes de espetar e intercale ingredientes para criar camadas de sabor


Estadão quarta, 13 de fevereiro de 2019

MUSEU NACIONAL RESSURGE

 

Museu Nacional abre as portas pela primeira vez após incêndio

Imprensa acompanhou trabalhos de arqueologia da equipe de resgate em meio aos escombros deixados pelo fogo

Roberta Jansen, O Estado de S.Paulo

 

 
Museu Nacional
 
Museu Nacional foi destruído por incêndio em setembro de 2018 Foto: Wilton Junior/Estadão

RIO - O meteorito Bendegó segue incólume no hall de entrada do Museu Nacional, a despeito de toda a destruição a sua volta. Com 4,56 bilhões de anos, a rocha espacial, claro, sobreviveu ao incêndio que destruiu a instituição em setembro do ano passado. Hoje, é o símbolo maior dos trabalhos de reconstrução do prédio e da resiliência da ciência no País.

Oriundo de uma região do Sistema Solar entre os planetas Marte e Júpiter, o meteorito viajou até Monte Santo, no sertão da Bahia, onde foi achado em 1784. O transporte da rocha de 5,36 toneladas para o Rio de Janeiro no século XIX foi algo muito próximo de uma epopeia espacial. É uma das peças mais antigas da coleção do museu, onde está desde 1888, e, segue sendo uma espécie de âncora do acervo que vem sendo recuperado em meio aos escombros deixados pelo fogo.

 
Museu Nacional abre as portas pela primeira vez depois do incêndio 

Nesta terça-feira, a direção do museu abriu as portas à imprensa pela primeira vez desde o incêndio, que acompanhou, durante toda a manhã, os trabalhos de arqueologia da equipe de resgate em meio aos escombros deixados pelo fogo. É um trabalho meticuloso, delicado, e, sobretudo, de muita paciência.

O trabalho que está sendo concluído este mês é o de estabilização do prédio, que perdeu teto, muitas paredes e vários andares. O escoramento permite, agora, que as pessoas andem dentro do prédio, trabalhando no resgate arqueológico. Até o fim de março, será instalada uma cobertura provisória do prédio, cujo objetivo é proteger as peças que ainda estão por ser resgatadas.

 

Museu Nacional
Meteorito Bendegó sobreviveu às chamas e virou símbolo da resistência do Museu Foto: Wilton Junior/Estadão

"Assim que todo o trabalho de estabilização estiver concluído e a cobertura pronta, vamos focar o trabalho nas áreas que precisam de escavação sistemática", explicou a arqueóloga Cláudia Carvalho, líder da equipe de resgate. "É um trabalho delicado, a gente identifica um objeto, analisa a situação, determina uma estratégia de abordagem; o material vai para a área de triagem, recebe um número de registro e, dependendo da situação, vai para o laboratório, para limpeza e armazenamento, até podermos fazer um inventário mais detalhado."

  

 

 

Cláudia contou que já foram feitos dois mil registros de peças achadas dentro do museu. "A maioria é de objetos que, por sua natureza, são mais resistentes, como cerâmicas, rochas, minerais, fósseis", disse.

Mas esse trabalho ainda é muito superficial. Trata-se apenas de registrar o achado e guardar, basicamente. Somente num segundo momento, haverá uma avaliação mais aprofundada do que pode ser resgatado em termos de porcentual do acervo original.

Uma exposição - ainda sem data para acontecer - será aberta ao público para exibir, justamente, esse trabalho de resgate e as peças já encontradas.

Já se sabe que parte significativa do crânio de Luzia - o fóssil mais antigo das Américas, com cerca de 11 mil anos - foi resgatado. E que o Bendegó seguirá impávido em seu lugar na entrada do museu, saudando o público ainda por muitos anos.

Correções
 

O nome do meteorito é "Bendegó"; antes estava escrito "Bendengó" na matéria


Estadão segunda, 11 de fevereiro de 2019

GRAMMY 2019

 

Grammy 2019 premia Childish Gambino e Kacey Musgraves; veja a lista de vencedores

Cada um ganhou quatro prêmios; Lady Gaga também foi destaque com três vitórias 

Pedro Rocha, Especial para o Estado

10 Fevereiro 2019 | 22h29

 

Na noite deste domingo, 10, aconteceu no Staples Center, em Los Angeles, a 61.ª cerimônia do Grammy, o maior prêmio da música mundial, entregue pela Academia de Artes de Gravação Nacional dos EUA, ou Naras, na sigla em inglês. 

Kacey Musgraves

 
A cantora Kacey Musgraves recebe o prêmio de álbum do ano por 'Golden Hour' no Grammy 2019. Foto: Robyn Beck/AFP
 

Musgraves venceu ainda em mais três categorias e se tornou a maior vitoriosa da noite. Ela conquistou os prêmios de melhor álbum de country, também por Golden Hour, melhor música country, por Space Cowboy, e melhor performance country solo, por Butterflies

Mesmo sem ter ido à premiação, o rapper Childish Gambino também venceu quatro prêmios, de gravação do ano, música do ano, melhor performance de rap cantado e melhor clipe musical por This Is America. Ele concorria ainda por melhor música de R&B com Feels Like Summer, mas perdeu para Boo'd Up, de Ella Mai.

Por ter o número grande de 84 categorias, o Grammy revelou, antes mesmo da premiação transmitida na TV, os vencedores de alguns dos prêmios da noite. A cantora Ariana Grande no Grammy, depois de seis indicações ao longo da carreira, este ano ela levou seu primeiro troféu pelo disco Sweetener (2018), na categoria de melhor álbum vocal pop.  

 

Lady Gaga
 
Lady Gaga chega à 61ª cerimônia do Grammy, neste domingo, 10.  Foto: Lucy Nicholson/Reuters

Já a cantora Lady Gaga começou a cerimônia já com dois troféus na mão, de melhor performance solo pela música Joanne (Where Do You Think You're Goin'?), versão acústica para a música original lançada no álbum Joanne (2016), e também como melhor música escrita para mídia visual, por Shallow, em parceria com Bradley Cooper, da trilha sonora do filme Nasce Uma Estrela. Depois de iniciada a premiação, Lady Gaga e Bradley Cooper venceram mais um prêmio com Shallow, de melhor performance pop de duo ou grupo. 

Outra cantora pop que se destacou na premiação foi a britânica Dua Lipa, que depois de se apresentar com St. Vincent, mal descansou e já voltou ao palco para receber o troféu de melhor artista novo. Ela desbancou a favorita, H.E.R., que ficou com os prêmios de melhor álbum de R&B, por H.E.R. (2017), e melhor performance de R&B por Best Part, sua parceria com Daniel Caesar.

A apresentação da cerimônia ficou a cargo da cantora Alicia Keys, que, para abrir os trabalhos, chamou ao palco para o discurso de abertura a ex-primeira-dama dos EUA, Michelle Obama, e também Lady Gaga, Jada Pikett-Smith e Jennifer Lopez. 

Confira a lista com os principais vencedores

Álbum do ano

Golden Hour - Kacey Musgraves

Gravação do ano

This Is America - Donald Glover & Ludwig Goransson, produtores; Derek "MixedByAli" Ali, Riley Mackin & Shaan Singh, engenheiros de mixagem; Mike Bozzi, masterização (gravada por Childish Gambino)

Melhor artista novo

Dua Lipa

Melhor álbum de rap

Invasion of Privacy - Cardi B

Melhor álbum de R&B

H.E.R. - H.E.R.

Melhor canção de rap

God's Plan - Aubrey Drake Graham, Daveon Jackson, Brock Korsan, Ron LaTour, Matthew Samuels & Noah Shebib, compositores (gravada por Drake)

Melhor álbum country

Golden Hour - Kacey Musgraves

Música do ano 

This Is America - Childish Gambino

Melhor performance pop de duo ou grupo 

Shallow - Lady Gaga & Bradley Cooper

Melhor performance pop solo

Joanne (Where Do You Think You're Goin'?) - Lady Gaga

Melhor álbum pop vocal 

Sweetener - Ariana Grande

Melhor álbum de pop vocal tradicional 

My Way - Willie Nelson

Melhor gravação Dance

Electricity - Jarami, Alex Metric, Riton & Silk City, produtores; Josh Gudwin, mixer (gravada por Silk City & Dua Lipa Featuring Diplo & Mark Ronson)

Melhor álbum Dance/eletrônico

Woman Worldwide - Justice

Melhor álbum contemporâneo instrumental 

Steve Gadd Band - Steve Gadd Band

Melhor performance rock

When Bad Does Good - Chris Cornell

Melhor performance de metal

Electric Messiah - High On Fire

Melhor canção de rock

Masseduction - Jack Antonoff & Annie Clark, compositores (gravada por St. Vincent)

Melhor álbum de rock

From The Fires - Greta Van Fleet

Melhor álbum de música alternativa 

Colors - Beck

Melhor performance de R&B

Best Part - H.E.R. Feat. Daniel Caesar

Melhor performance de R&B tradicional

Bet Ain't Worth The Hand - Leon Bridges

How Deep Is Your Love - PJ Morton Featuring Yebba

Melhor música de R&B

Boo'd Up - Larrance Dopson, Joelle James, Ella Mai & Dijon McFarlane, compositores (gravada por Ella Mai)

Melhor álbum urbano contemporâneo

Everything Is Love - The Carters

Melhor performance de rap

King's Dead - Kendrick Lamar, Jay Rock, Future & James Blake

Bubblin - Anderson .Paak

Melhor performance de rap cantado

This Is America - Childish Gambino

Melhor performance solo de country

Butterflies - Kacey Musgraves

Melhor performance de duo ou grupo country

Tequila - Dan + Shay

Melhor canção country

Space Cowboy - Luke Laird, Shane McAnally & Kacey Musgraves, compositores (gravada por Kacey Musgraves)

Melhor compilação para mídia visual

The Greatest Showman - Hugh Jackman (& Various Artists)

Melhor trilha sonora para mídia visual 

Black Panther - Ludwig Göransson

Melhor canção escrita para mídia visual

Shallow - Lady Gaga, Mark Ronson, Anthony Rossomando & Andrew Wyatt, compositores (gravada por Lady Gaga & Bradley Cooper)

Produtor do ano, não clássico

Pharrell Williams

Melhor clipe musical

This Is America - Childish Gambino

Veja a lista completa com os indicados e vencedores das 84 categorias do Grammy 2019 no site oficial da premiação


Estadão sábado, 09 de fevereiro de 2019

POR TRÁS DOS DESASTRES, A CULTURA DA FALTA DE ÉTICA

 

Por trás de desastres, a cultura da falta de ética

Existe impunidade e falta um princípio de responsabilidade, afirmam especialistas

Renata Cafardo e Marco Antônio Carvalho, O Estado de S.Paulo

09 Fevereiro 2019 | 03h00

 

SÃO PAULO -  A segunda tragédia em menos de 15 dias fez o País se questionar sobre por que acidentes como esses se sucedem no Brasil. Para estudiosos da sociedade, o que falta é um forte princípio de responsabilidade, que se soma à sensação de impunidade. Isso prejudica questões práticas, como manutenção, prevenção e fiscalização, que poderiam evitar mortes que devastaram o Flamengo, Brumadinho e todos os brasileiros.

 

Veja imagens do rompimento de barragem de rejeitos da Vale em Brumadinho 

Para o professor de ética e filosofia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)Roberto Romano, o problema é que o Brasil não tem uma democracia consolidada. “A responsabilidade é a base da democracia moderna. É o que os Estados Unidos chamam de accountability”, explica. “Aqui isso não existe, todo mundo acha que pode fazer o que quiser porque não vai pagar por isso, tanto a sociedade quanto as autoridades.”

 Ele explica que essa falta de responsabilidade vem do nosso período colonial e imperial, uma vez que reis não prestam contas. Para o professor, a sociedade brasileira só melhoraria com educação e bons exemplos. “Mas o que se aprende é jogar lixo no quintal do vizinho, pegar a vaga do outro no estacionamento, ser imprudente no trânsito para chegar antes.” 

O antropólogo Roberto DaMatta acredita que essa irresponsabilidade já chegou ao intolerável e que a situação começa a mudar. “As redes sociais levantaram uma consciência nacional, houve um patriotismo nessa avalanche eleitoral que tirou coronéis do Congresso. Há cobrança, indignação como nunca vi.” Segundo ele, acontecimentos ditos inevitáveis podiam ser prevenidos e “hoje todo mundo sabe disso”. 

Ontem, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou que o Brasil tem “grande dificuldade” de “prevenir desastres de grandes proporções”. Segundo ela, os fenômenos que causam desastres de grandes proporções exigem a atuação das instituições de controle e fiscalização para que se examine se as medidas de prevenção estão sendo adotadas.

 

Tragédia em Minas Gerais
Bombeiros buscam vítimas após rompimento de lama Foto: Washington Alves/Reuters

O jurista Ives Gandra Martins não vê problema no conjunto de leis brasileiras, mas, sim, na sua efetiva aplicação. Isso, explica, se dá em parte pela organização do Judiciário, que não é ágil o suficiente para julgar os processos, e, por outro lado, da descrença da população quanto à importância de seguir as leis. 

Para mudar, ele espera reformas amplas do governo Jair Bolsonaro. “Não pode haver reformas pontuais somente para atender à vontade popular. São necessárias reformas estruturais e permanentes. A aplicação insuficiente da legislação no Brasil é evidente”, disse, detalhando que há um excesso de recursos judiciais. 

A impunidade enxergada por Gandra é um dos principais motivos apontados pela antropóloga Alba Zaluar para a manutenção de outra tragédia brasileira: a violência urbana e o patamar de 63,8 mil homicídios por ano. “Estima-se que 10% dos casos sejam transformados em processo. Representa uma enorme impunidade. Representa, na verdade, um estímulo a matar, pois não há efeito negativo da ação criminosa. Isso contribui muito para que se continue matando com tanta facilidade.”

O patamar de homicídios atingido em 2017, com taxa de 30,8 por 100 mil habitantes, é o maior da história do País. Alba explica que a falta de “obediência às regras do jogo” – as leis – se caracteriza pela negação ao diálogo e a opção pelo conflito violento. Ela vê isso permeando as relações entre vizinhos, no trânsito, no contato entre homens e mulheres, no meio político. Contra isso, pede mais investimento em educação. 

Prevenção esquecida

Educação, ou “cultura de segurança”, está no centro do que fala o professor titular do Departamento de Engenharia de Minas e Petróleo da Universidade de São Paulo (USP)Sérgio Médici de Eston. Ele está à frente da especialização em engenharia de segurança do trabalho na instituição e fala de forma muito enfática sobre o tema. “O Brasil não tem cultura de segurança. Quando há um desastre, o escarcéu é feito, mas daqui a pouco tudo volta ao normal”, disse, citando desde a ausência de simulados de evacuação em prédios para casos de incêndio até o tráfego perigoso de motos entre carros mesmo com um grande número de vítimas.

Ele lembra que, sem a dita cultura de segurança, também não há a importância devida à prevenção. A situação é potencializada pelo pouco apreço a atividades adequadas de manutenção, diz Eston citando o caso dos viadutos em São Paulo, onde duas dessas estruturas estão interditadas. A conta é fechada, então, pela dificuldade de fiscalização e a impunidade. Ele pede uma mudança de comportamento. “As causas do pequenos incidentes são as mesmas causas das grandes tragédias. Quando a consequência é pequena, uma ralada no joelho, a gente despreza. Mas não há uma causa especial para os grandes acidentes. São negligências acumuladas.”


Estadão quinta, 07 de fevereiro de 2019

NOVA SENTENÇA CONTRA LULA PODE AFETAR PROGRESSÃO DE PENA

 

Nova sentença contra Lula pode afetar progressão de pena

Segundo especialistas ouvidos pelo 'Estado', petista ainda depende do julgamento em segunda instância a ser realizado no TRF-4, da mesma maneira que foi feito no processo referente ao imóvel no Guarujá 

Carla Bridi, O Estado de S.Paulo

07 Fevereiro 2019 | 01h00

 

A condenação aplicada nesta quarta-feira, 6, pela juíza Gabriela Hardt ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não interfere, de imediato, na pena anterior referente ao triplex no Guarujá (SP), mas pode complicar a progressão de regime de prisão do petista. 

Lula

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Operação Lava Jato Foto: Mauro Pimentel/AFP

Segundo especialistas ouvidos pelo Estado, Lula ainda depende do julgamento em segunda instância a ser realizado no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), da mesma maneira que foi feito no processo referente ao imóvel no Guarujá. Na ocasião, o tribunal aumentou em três anos a pena dada pelo então juiz Sérgio Moro.

 “Tecnicamente, a segunda condenação não altera o quadro da primeira enquanto não transitar em julgado. Caso o Tribunal mantenha a condenação, ela será levada em consideração para a progressão da pena”, afirmou o advogado criminalista e professor da Fundação Getulio Vargas Celso Vilardi. 
 
O advogado constitucionalista e criminalista Adib Abdouni disse acreditar que a nova condenação dificulta o processo para a defesa entrar com um pedido de liberdade provisória. “Isso vai influenciar no julgamento no TRF-4. Por ser um réu reincidente, ele poderá perder o benefício de progressão de 1/6 da pena”, disse Abdouni. Este recurso, então, somente poderia ser pleiteado após quatro anos e um mês de pena, em maio de 2022.

Na prática, as penas referentes ao processo do triplex no Guarujá e do sítio em Atibaia não são somadas no momento. Caso o TRF-4 decida manter a decisão desta quarta-feira, podendo também modificá-la, só então ela será somada com a pena do triplex para, assim, ser pleiteada a progressão de 1/6. 

No momento, uma não interfere na outra, já que a primeira condenação de Lula é provisória, já que sua defesa ainda recorre a instâncias superiores. A condenação provisória referente ao sítio também pode ser concretizada após decisão do TRF-4. “Execução de pena é diferente de execução provisória”, afirmou Abdouni.

Vilardi lembrou que outros fatores podem interferir. “Tem o recurso encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça, ainda não julgado, e o julgamento do Supremo Tribunal Federal em abril (sobre prisão em segunda instância). O Lula pode até ser solto. É cedo para avaliar.”


Estadão quarta, 06 de fevereiro de 2019

STARTUPS VIRAM OPÇÃO PARA QUEM NÃO TEM SEGURO SAÚDE

Startups viram opção para quem não tem seguro saúde

Com ajuda de tecnologia, novatas podem otimizar consultas, exames e até mesmo cirurgias, barateando custos

 

 Por Luiza Dalmazo, Especial para o Estado - O Estado de S.Paulo 


Estadão segunda, 04 de fevereiro de 2019

MUSEU AMERICANO MOSTRA COM ERA FRIDA KALO NA INTIMIDADE

 

Museu americano mostra como era Frida Kahlo na intimidade

Exposição que será aberta no dia 8, no Museu do Brooklin, reúne de roupas aos esmaltes usados pela pintora mexicana

Rebecca Kleinman/The New York Times, O Estado de S. Paulo

04 Fevereiro 2019 | 06h00

 O cruzamento exaustivamente documentado de Frida Kahlo, de artista a ícone da cultura pop, não acontece por acaso. A pintora elaborou meticulosamente sua própria imagem em pé de igualdade com Cleópatra. Se ela estivesse viva hoje, provavelmente estaria dando aula de branding (gerenciamento de marcas) em Harvard. Agora é a vez de os Estados Unidos verem como e, mais importante, por que ela fez isso.
 

Museu mostra como era a vida íntima de Frida Kahlo

 Frida em roupas típicas mexicanas: vaidade até para pintar no ateliê Foto: . REUTERS
 

A abrangente pesquisa acrescenta mais informações sobre os hábitos de colecionadora de Kahlo por meio de obras selecionadas da caixa forte do museu, bem como da seção de Nova York de sua cronologia, e inclui obras emprestadas por instituições e galerias locais. A mistura suplementar de objetos mesoamericanos, um dos muitos tipos de arte que o casal preferia, com suas pinturas e fotografias divulgam sua paixão ardente pela cultura indígena e agrária do México e seus conflitos com o capitalismo, especialmente pela desigualdade de renda que ela testemunhou durante suas viagens aos Estados Unidos.

Os visitantes entenderão melhor a habilidade de Kahlo em ser lembrada emotivamente na imaginação do público, mesmo que isso signifique ter macacos pendurados ao redor de sua cabeça e cultivar suas características físicas mais reconhecíveis – uma afirmação "de pronunciado buço e sobrancelhas juntas”. Nem suas deficiências pela poliomielite ou por um acidente de ônibus, nem suas frequentes recaídas de dor desencorajaram Kahlo. No momento em que ela morreu, aos 47 anos, em 1954, deixou para trás uma pessoa pública que ainda está sendo explorada neste século 21; hoje ela tem mais de 800 mil seguidores no Instagram.

“As pessoas têm uma curiosidade insaciável por ela, e esta apresentação é uma rara oportunidade de ver como Frida construiu sua identidade”, disse Catherine Morris, curadora sênior do Centro de Arte Feminista Elizabeth A. Sackler, que organizou a versão do Museu de Brooklyn da exposição com Lisa Small, curadora de Arte Europeia. Aqui, elas compartilham algumas de suas percepções.

Rotina de Beleza

A visualização dos produtos de beleza de Kahlo traz à mente a sensação de admiração de uma criança com a penteadeira da mãe. “Há uma aura na presença de suas coisas que você não tem como experimentar através da mídia e do Instagram”, disse Morris sobre o lápis de sobrancelha de Kahlo, creme facial para pele seca da Pond’s, batom vermelho e os vibrantes esmaltes da Revlon, uma marca favorita. “Se você olhar suas imagens, ela estava sempre com a manicure perfeita.” Small apontou que Kahlo “cuidava com apuro de suas sobrancelhas ligadas”, uma escolha contestadora, em um momento em que “existiam muitos métodos depilatórios. Essa sobrancelha foi significativa porque não estava de acordo com os padrões de beleza de Hollywood.”

Transformação Tehuana

Uma mentora no uso da moda para favorecê-la, Kahlo levava momentos de tapete vermelho onde quer que fosse. “Ela até se vestia dessa forma apenas para trabalhar em seu estúdio”, disse Small. Seus conjuntos étnicos, notoriamente inspirados pela tehuana (traje regional mexicano) de Oaxaca, uma sociedade matriarcal, rejeitavam a rigidez de seu aspecto, ditada pelos designers parisienses e pela produção de roupas em massa. A revista Vogue notou. Kahlo defendeu os costumes nativos de sua terra natal usando huipiles (túnicas tecidas), rebozos (xales) e babados, saias longas. Eles também desviavam a atenção de sua perna direita, devastada pela poliomielite e do corpo, que passou por várias operações após seu quase fatal acidente de ônibus. Ela frequentemente se referia a si mesma como a grande “ocultadora”.

O corpo como tela

Além de seu fascínio feminino, a joalheria teve um acorde mais pessoal para Kahlo. Como seus intricados coques, embelezados com enfeites de cabelo e flores, brincos em forma de lustre e colares ousados que atraíam o rosto do espectador para o rosto dela. Eles também eram outro veículo para que ela expressasse sua paixão pelo artesanato mexicano, incluindo joias de prata contemporâneas e materiais nativos como o jade, os favoritos dos antigos maias. “Ela costumava usar colares de cordões de ouro e pedras de jade mesoamericanas, que portava em colares extraordinariamente grossos”, disse Small.

Um microcosmo do México

Em uma galeria, os curadores buscaram recriar a vibração da casa de Kahlo e Rivera. Paredes pintadas de azul e uma caixa de esculturas e vasos de cerâmica e pedra da Mesoamérica, da coleção permanente do Museu do Brooklyn, evocam esse espírito. Os objetos antigos transmitem o gosto eclético do casal e o profundo apreço pela arte e arqueologia do México. “Eles tinham um retrato colonial do lado de uma peça pré-colombiana e junto de uma máscara de gás da década de 1940”, disse Small, que localizou uma escultura de cachorro da Colima na coleção do museu semelhante à peça que está em La Casa Azul.

Mãe de um mini zoológico

Animais enfeitavam seu trabalho e ela tinha um mini zoológico na Casa Azul. Havia uma variedade caótica de cães – ela adorava a raça sem pelos de Xoloitzcuintli, uma raça antiga – assim como macacos, pássaros exóticos e um cervo chamado Granizo perambulando por lá (o que deve ter sido uma viagem maluca para os hóspedes).

Gênero em role play

Ficar à vontade com o cross-dressing veio cedo. Em um retrato de família, de seu pai, o fotógrafo Guillermo Kahlo, a adolescente Kahlo usa um terno e divide e enrola o cabelo como “um bonitão”. A foto de Emmy Lou Packard de 1941 mostra Kahlo usando macacões, fumando um cigarro. Para Autorretrato com Cabelo Cortado, de 1940, com tesouras e notas musicais, ela retorna à moda masculina com um terno largo como os usados pelo ex-marido (eles haviam acabado de se divorciar). Mesmo desprezado, seu cabelo cortado curto restabelece sua independência. “As pessoas estão muito interessadas no fato de ela ter tido relacionamentos com mulheres, mas há apenas uma referência conhecida na qual ela realmente falou sobre isso”, disse Morris.

Transformando Dor em Arte

Kahlo sofreu muito durante a maior parte de sua vida, e a parte mais comovente da série é dedicada a seu ecossistema de dispositivos médicos. Mas Kahlo não escondeu sua dor, revelando seus gessos e suspensórios de couro com fivelas de metal em seu trabalho e transformando os espartilhos de gesso em arte com elaborados desenhos de flores, até mesmo um martelo e uma foice. “Ela tratava essas segundas peles como telas”, disse Small.

A perna direita de Kahlo foi amputada no ano anterior à sua morte, em 1954. (A causa oficial da morte foi embolia pulmonar). “Ela é frequentemente retratada como vítima e estamos conscientemente tentando reformular isso”, disse Morris. “As pessoas descreveram-na como alquebrada e frágil, mas ela era forte e teve uma tremenda quantidade de grandes realizações em sua vida.” / TRADUÇÃO DE CLAUDIA BOZZO


Estadão sábado, 02 de fevereiro de 2019

SÃO JOSÉ DOS MILAGRES: O ROTEIRO QUE VOCÊ ESCOLHEU

 

O roteiro que você escolheu: São Miguel dos Milagres

Na Batalha de Destinos desta semana, os seguidores do @viagemestadao no Instagram votaram na cidade alagoana, com carro alugado, com esticada. Como houve empate entre "relax" e "com emoção", incluímos ambas as opções 

Adriana Moreira, O Estado de S.Paulo

01 Fevereiro 2019 | 15h46

 

 

Alagoas
Barcos de pescadores em São Miguel dos Milagres, Alagoas Foto: Adriana Moreira/Estadão

 

 As águas sempre mornas, verdinhas e transparentes de Alagoas encantam à primeira vista. E São Miguel dos Milagres, no coração da chamada Rota Ecológica, se tornou um reduto de charme. Pousadas que primam pelo conforto e restaurantes de cardápio caprichado, concentrados principalmente na Praia do Toque, fizeram do povoado, distante 94 quilômetros de Maceió, um dos mais desejados pelos turistas.

 

 

Apesar da fama, a região se manteve como um polo de sossego - bem, talvez exceto aos fins de semana, quando é comum se deparar com excursões em alguns pontos específicos. Mas como se trata de pontos específicos, ainda assim a tranquilidade está garantida.

 Uma caminhada pela praia basta para encontrar moradores pegando mariscos para o almoço e pescadores conferindo ou arrastando suas redes. A rotina é de calmaria, e o curioso é observar que a rua de compras não fica à beira-mar, mas à beira da AL-101. Tudo simples, artesanal e genuíno.

De carro

 E por falar na AL-101, ela será sua rota para percorrer a Rota Ecológica de carro. Você pode optar por fazer duas bases: uma em São Miguel dos Milagres, e percorrer as praias do entorno (como a cada vez mais cobiçada Patacho) e outra em Maragogi, seguindo ao norte. Nesse caminho, você vai cruzar o Rio Manguabas, em Porto de Pedras, e depois poderá explorar as imediações de Maragogi.

  

Alagoas
A cada vez mais cobiçada Praia do Patacho, em Porto de Pedras Foto: Adriana Moreira/Estadão

 Vale lembrar que o litoral alagoano é repleto de piscinas naturais, e você não precisa dirigir até Maragogi para aproveitá-las. São Miguel dos Milagres também tem passeios em jangadas - e as galés ali são menos concorridas do que em Maragogi (que, aliás, venceu nossa primeira batalha de destinos na disputa com Porto de Galinhas).

 As próprias pousadas têm seus barqueiros favoritos para indicar, embora você possa ir na Associação de Barqueiros para cacifar sua saída por conta própria. Saiba, porém, que não há diferença de preços; é possível até que o barqueiro dê desconto por estar na pousada. O passeio dura cerca de três horas e o preço médio é de R$ 150. 

 

Já que está de carro, aproveite para seguir até o charmoso povoado de Tatuamunha, que parece parado no tempo com suas casinhas coloniais. Siga as placas para o cemitério (ou pergunte na praça; sempre tem gente reunida ali). Pode parecer estranho, mas é em frente dele que fica um dos melhores mirantes da região. Dirija com atenção: a subida é íngreme.

  

Alagoas
Vista a partir do mirante de Tatuamunha, que fica em frente a um cemitério
Foto: Adriana Moreira/Estadão

  

Em Tatuamunha, aproveite também para conhecer a sede da Associação Peixe-Boi. No caminho, há um pequeno polo de artesãos que vendem muitos objetos trabalhados na palha do coco, como bolsas e abajures.

 O carro vai te dar mobilidade também para percorrer os ótimos restaurantes do pedaço. O No Quintal, por exemplo, funciona realmente em um quintal cheio de charme, com pratos saborosíssimos preparados com esmero. A Pousada da Amendoeira serve almoço e jantar à la carte para não hóspedes, com sabores inesquecíveis. Faça reserva.

Relax e com emoção

 Houve um empate nesse quesito na nossa batalha de destinos. Dá para entender: como resistir em mesclar um pouco de aventura com o dolce far niente das férias?

 Um bom meio termo são os passeios de bugue. Eles não vão pela areia da praia, mas entram em alguns povoados. A vantagem é que os bugueiros sempre conhecem caminhos diferentes, fazem paradas especiais e contam histórias que não estão no Waze. Outra opção com gostinho de aventura são os tours pelo mangue. A Trilha das Camboas mostra um lado diferente do litoral alagoano, com vegetação, solo e fauna que surpreendem. Vá com roupas confortáveis, capriche no protetor solar e saiba que você caminhará descalço a maior parte do tempo. Antes de voltar, um mergulho refrescante nas águas do Rio Tatuamunha. 

 São Miguel dos Milagres

Trilha das Camboas percorre o mangue no entorno do Rio Tatuamunha Foto: Adriana Moreira/Estadão

 

Para quem quer só relax, recomendo ficar em uma pousada que sirva todas as refeições (ainda que não seja all-inclusive). Invista em um hotel um pouquinho mais caro, mas com uma boa infraestrutura que você possa curtir. Esqueça o carro o máximo que puder: ande de bicicleta, relaxe e não tenha pressa para conhecer tudo. Você está em férias, tudo bem não fazer todos os passeios recomendados.

Esticadas 

 Com tempo de sobra e um carro em mãos, percorrer toda a costa de Alagoas é um ótimo programa. O Estado conta com 230 quilômetros de litoral - ao sul de Maceió, é possível seguir até o vilarejo de Piaçabuçu e fazer um passeio de barco até a foz do Rio São Francisco. 

 

Outra opção é dirigir na direção norte e emendar também com o litoral de Pernambuco. Depois de Maragogi, é possível parar na Praia dos Carneiros. Se hospedar na região tem a vantagem de curtir a praia ainda vazia - há muitos passeios de barco que chegam de Porto de Galinhas. É provável que você se hospede em Tamandaré, a praia vizinha, já que há apenas duas pousadas em carneiros e alguns bares de praia, que cobram consumação e estacionamento. 

 Assim, dá para passar ainda em Porto de Galinhas, continuar até o Recife e voltar para casa a partir da capital pernambucana. Fique atento, porém com as taxas extras que as locadoras cobram por entregar o carro em uma cidade diferente da original. E não esqueça de reservar um tempinho para lavar o carro antes do embarque: as taxas para quem devolve o carro sujo são altíssimas.


Estadão quinta, 31 de janeiro de 2019

JORJA SMITH BEM AO LOLLAPALOOZA BRASIL

 

Jorja Smith vem ao Lollapalooza Brasil e traz seu ‘Lost and Found’

Cantora britânica de apenas 21 anos foi sensação do R&B em 2018 e tem sua primeira viagem marcada para o País

Guilherme Sobota, O Estado de S. Paulo

31 Janeiro 2019 | 03h00

 

Para Jorja Smith, de apenas 21 anos, “tudo” começou em janeiro de 2016, quando ela enviou Blue Lights, seu single de estreia, para o Soundcloud. Escrita ao mesmo tempo em que ela trabalhava numa dissertação sobre Grime Music (o rap britânico) a música foi inspirada nas situações hostis que jovens negros estavam enfrentando todos os dias, não apenas em sua cidade local de Walsall, Reino Unido, mas em todo o mundo. 

 A música ganhou tração na plataforma e chegou aos ouvidos de Skrillex e Stormzy, entre outros, antes de ser incluído no programa de rádio OVO, de Drake e virar hino extraoficial do movimento Black Lives Matter – Drake ainda a convidaria, via mensagem no Instagram, a participar de uma música sua, Get It Together (Jorja disse não a princípio, mas depois aceitou o convite, e eles cantariam juntos no palco em algumas ocasiões).
 
 
Jorja Smith
 
Jorja Smith. Cantora usa ritmos diferentes de forma criativa Foto: Rashid Babiker via The New York Times
 

Foi em 2018, porém, que a jovem artista britânica se consolidou como um dos grandes nomes da cena R&B contemporânea. No início do ano, foi uma das estrelas da trilha sonora de Pantera Negra, em parceria com Kendrick Lamar. Depois, levou o prêmio da crítica no Brit Awards e lançou um elogiado disco de estreia, Lost and Found.

Ela é agora uma das atrações do Lollapalooza Brasil 2019, no line-up do dia 6 de abril, o sábado, ao lado de Lenny Kravitz, Post Malone, Kings of Leon, Bring Me The Horizon e outros nomes.

Em uma breve entrevista para o Estado, a cantora diz que gosta de assimilar os fatos lentamente e crescer com eles. “Estou tão feliz com a recepção e reconhecimento do meu álbum de estreia, nunca esperei que ele fosse tão bem e falasse com tantas pessoas”, diz.

Ao mesmo tempo, o hype não é preocupação na hora de escrever canções. “Eu não presto muito atenção na mídia nesse sentido, só escrevo as minhas canções que amo e as divulgo. Sinto que se focar muito na repercussão, aí sim sentiria alguma pressão.”

Jorja já disse não gostar de ser encaixada nos rótulos de artista soul ou R&B, mas é difícil resistir à tentação de notar similaridades num certo tipo de música que mistura os elementos dos gêneros mais antigos ao mesmo tempo em que se mantém próxima do terreno melódico do hip hop contemporâneo. Vêm à mente nomes como Daniel Caesar, Ella Mai, Kelela, Kali Uchis e Kehlani.

“Rótulos podem ser um pouco restritivos, especialmente quando sua música entra em mais de um gênero”, diz Jorja. “Não ligo de ser nomeada uma artista de soul enquanto essa música vier do coração e da alma (soul em inglês). Sinto que estamos todos fazendo música que amamos e com a qual nos importamos muito, é real e honesto, e é isso que é similar.”

Além dos ritmos já citados, Smith também tem um pé nas baladas românticas do tipo que sairia de um cruzamento entre a música de Amy Winehouse e a de Lauryn Hill.

Outra característica que marca sua curta mas potente trajetória é o fato de não ter assinado com nenhuma grande gravadora. “Não sei fazer de outro jeito”, disse em outra ocasião, reafirmando sua vontade de permanecer assim. “Gosto de ter tanto controle quanto possível. É a minha vida, então preciso estar fazendo o que quero e amo sem alguém ditando para mim.”

Jorja Smith nasceu em junho de 1997 em Walsall, uma cidade da Inglaterra a 200 km de Londres, para onde se mudou. Mesmo antes, a música já era uma presença constante em sua vida: aos 11 fez sua primeira canção, e vídeos que ela própria subiu no Youtube mostram uma adolescente de 15 anos ainda tímida em frente à câmera, mas com uma voz expressiva e inconfundivelmente britânica.

Filha de um músico jamaicano, ela cresceu ouvindo de tudo, de Curtis Mayfield a Black Sabbath, mas conta que pelo gosto pessoal gravitou ao redor de Amy Winehouse, especialmente o álbum Frank, de 2003.

Entre seus 16 e 20 anos, escreveu as letras que apareceriam nos singles e em Lost and Found.

Se o disco não é uma obra-prima, mostra as ferramentas de uma artista em plena expansão criativa. Canções como a já citada Blue Lights e também Lifeboats (Freestyle) atacam de frente questões políticas (“Não há necessidade de correr se você não fez nada de errado”, diz sobre os protestos e a violência policial na primeira; “então por que estão os mais ricos em balsas e os meus irmãos se afogando?”, questiona na segunda).

As fundações do disco, porém, estão equilibradas entre o desejo e as frustrações do amor, em faixas como Lost and Found e February 3rd. A amenidade dos sábados à tarde de abril em São Paulo, talvez, seja o clima ideal para as canções.


Estadão quarta, 30 de janeiro de 2019

PAÍS TEM SÓ 35 FISCAIS PARA 790 BARRAGENS

 

País tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração

Agência Nacional de Mineração analisa inspeções das próprias empresas, mas faz poucas vistorias in loco. Formato é previsto em lei

Roberta Jansen e Giovana Girardi, O Estado de S.Paulo

30 Janeiro 2019 | 03h00

 

RIO E SÃO PAULO - O Brasil não tem estrutura para garantir a segurança de todas as barragens em operação em seu território. A Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela fiscalização, tem apenas 35 fiscais capacitados para atuar nas 790 barragens de rejeitos de minérios – semelhantes às do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e à do Fundão, em Mariana – em todo o País.

 

 

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Fiscalizações in loco, consideradas raras, só são feitas quando há discrepância grave nos documentos apresentados pelas empresas
Foto: REUTERS/Washington Alves

O governo federal usa só laudos produzidos pelas próprias mineradoras ou por auditorias contratadas. São elas que atestam a segurança das suas estruturas. A autorregulamentação é definido na Lei Federal 12.334, de 2010, e é adotado também em outros países. São previstos dois tipos de inspeção: a regular, feita pela própria empresa, e a especial, realizada por equipe multidisciplinar contratada pela empresa, de acordo com orientações da ANM. 

 

 


Estadão segunda, 28 de janeiro de 2019

ÚLTIMAS NOTÍCIAS DE BRUMADINHO

 

Buscas chegam ao quarto dia; rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, da Vale, ocorreu na tarde de sexta-feira, dia 25

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Equipes de resgate do Corpo de Bombeiros retomaram nesta segunda, 28, as buscas por vítimas do rompimento de uma barragem da mineradora Vale, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte. O desastre ocorreu na tarde de sexta, 25, e deixou dezenas de mortos, feridos e centenas de desaparecidos, segundo balanços divulgados por autoridades. Ainda não há informações sobre as causas do acidente.  

ACOMPANHE AO VIVO

gabinete de crise montado pelo governo para acompanhar os desdobramentos do rompimento da barragem da mineradora Vale em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, está reunido nesta manhã de segunda-feira, 28, no Palácio do Planalto. Leia mais.

juíza plantonista Renata Lopes Vale, da Vara do Trabalho de Betim, determinou nesta segunda-feira, 28, o bloqueio de R$ 800 milhões da mineradora Vale. O congelamento tem o objetivo de assegurar as indenizações necessárias a todos os atingidos, empregados diretos ou terceirizados, pelo rompimento da Barragem I da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG). Leia mais.

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, disse que se reunirá na próxima terça-feira, 29, com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, para definir a prioridade do Ministério Público e do poder Judiciário em relação às medidas que deverão ser tomadas para encontrar os responsáveis pelo rompimento da barragem.

 “É preciso responsabilizar severamente do ponto de vista indenizatório a empresa que deu causa a esse desastre. Executivos podem ser penalizados também”.

Em reunião extraordinária realizada neste domingo, 27, o Conselho de Administração da Vale decidiu mudar o sistema de remuneração e incentivos da empresa. A mineradora informou que o conselho decidiu suspender o pagamento de remuneraçãovariável aos executivos e também a Política de Remuneração aos AcionistasLeia mais.

O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Barata, disse que lama está chegando na hidrelétrica Retiro Baixo, em Furnas, e ela será desligada novamente. Na sexta-feira, 25, após o rompimento da barragem, as ativididades da hidrelétrica foram paralisadas para evitar danos à estrutura. 

Em entrevista à Rádio Eldorado, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva defendeu critérios rigorosos para a proteção do meio ambiente. Ela afirmou que a flexibilização do licenciamento ambiental para favorecer empreendimentos é um crime. Marina defendeu critérios mais rigorosos para a aprovação de investimentos com impacto no meio ambiente e disse que o desastre de Brumadinho traz um alerta para o novo governo. Leia mais. 

O tenente também disse que os militares de Israel trabalham coordenadamente com o Corpo de Bombeiros na região próxima à área administrativa e do refeitório da Vale. Abaixo do pontilhão, atuam as forças brasileiras. Ele também disse que os equipamentos israelenses são capazes de identificar sinais de celulares de vítimas na lama.

Tenente do Corpo de Bombeiros Pedro Aihara disse que quatro equipes trabalham no resgate do ônibus encontrado soterrado na lama no último domingo, 27. Ele declarou que os agentes ainda não conseguiram acesso ao veículo e não há confirmação do número de mortos no local.

O representante da tropa israelense coronel Golan Vach, elogiou o trabalho do Corpo de Bombeiros e falou sobre o início dos trabalhos dos militares. “[Os bombeiros] trabalham em um lugar perigoso e complicado”.

 “Apreendemos todo o terreno na primeira luz da manhã. Agora temos uma imagem completa do local e o que precisa ser feito. A delegação israelense vai começar a trabalhar agora. Nosso primeiro pessoal acabou de chegar no rio e o primeiro passo será o esforço para encontrar pessoas vivas. Isso será feito por aparelhostecnológicos”.

governador de Minas Gerais, Romeu Zema, comentou na manhã desta segunda-feira, 28, que a chegada da equipe dos 136 militares de Israel pode aumentar as chances de encontrar novos sobreviventes. “Com a tecnologia deles vamos aumentar as chances de encontrar novos sobreviventes e teremos mais agilidade para encontrar vítimas, o que de certa forma vai amenizar muito a angústia que as famílias têm passado”.

Desde o rompimento da barragem em Mariana (MG), em novembro 2015, até o desastre de Brumadinho, não houve avanços na legislação e nem em medidas para promover a prevenção de casos semelhantes. A avaliação é do promotor Guilherme de Sá Meneguim em entrevista à Rádio Eldorado na manhã desta segunda-feira, 28. Leia mais.

São dezenas de mortos, centenas de desaparecidos, inúmeras dúvidas e ilações, e uma única certeza. A tragédia de Brumadinho escancara o quanto o Brasil está despreparado para um ciclo de crescimento com responsabilidade social, que deve ser o objetivo de qualquer país que se preze. Leia mais na coluna da Cida Damasco.

 Aproximadamente 280 profissionais do Corpo de Bombeiros atuam neste quarto dia de buscas em Brumadinho (Luan Santos).

Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente, fala ao 'Jornal Eldorado' sobre desastre em Minas. Acompanhe.

Vale usou o plano de emergência em caso de rompimento da barragem no Córrego do Feijão como modelo de excelência a ser copiado em outras regiões. Chegou no último dia 28 de novembro a exibir para moradores do distrito de São Sebastião das Águas Claras, conhecido como Macacos, um vídeo no qual 109 pessoas de Brumadinho (MG) participaram do simulado identificando as rotas de fuga e medidas de autossalvamento. Da ata da reunião, consta que 89% da comunidade do Feijão participou do treinamento. Na prática nem a sirene tocouLeia mais na Coluna do Estadão. 


Estadão domingo, 27 de janeiro de 2019

BRUMADINHO: RISCO DE NOVO ROMPIMENTO

 

Sirene de evacuação toca em Brumadinho devido a 'risco iminente' de novo rompimento

Medida preventiva busca evitar acidentes diante do risco de rompimento da Barragem 6; segundo Corpo de Bombeiros, cerca de 24 mil pessoas estão em área de risco

Paulo Roberto Netto, Luan Santos, Renata Batista, O Estado de S.Paulo

27 Janeiro 2019 | 07h13 
Atualizado 27 Janeiro 2019 | 10h51

 

BRUMADINHO - A população da comunidade de Córrego do Feijão, em Brumadinho, foi acordada na manhã deste domingo, 27, por volta de 5h30, pelo toque de uma sirene de evacuação. Diante do risco de rompimento de uma nova barragem, as autoridades deram início ao processo de retirada das pessoas de suas casas, alertando-as para que se deslocassem para áreas mais altas. A movimentação também foi feita na comunidade do Tejuco. O acesso ao centro de Brumadinho foi fechado, assim como a ponte sobre a qual passa o Rio Paraopeba.

 
Vídeo incorporado
 
 

Sirene de alerta disparou em agora, às 6 da manhã. Eu conheço esse lugar. Fica entre a ponte que passa sobre o Rio Paraopena na entrada do centro da cidade e o pontilhão do trem ( https://goo.gl/maps/LQ5Sbo5dG2x  ):

 
 Em nota, a Vale informou que acionou as sirenes de alerta ao "detectar aumento dos níveis de água nos instrumentos que monitoram a barragem 6". A barragem, que faz parte do complexo de Brumadinho, é um depósito de água, com volume de 1 milhão de m³, e fica ao lado da barragem 1, de rejeitos de minério, que rompeu na sexta-feira, 25. No sábado, diante do risco, a empresa começou a fazer o bombeamento dessa água para fora da barragem 6, para torná-la mais , mas não foi informado quanto foi retirado.
 

Área devastada

 
Área devastada pela lama após o rompimento da barragem do Córrego do Feijão, de propriedade da mineradora Vale Foto: Wilton Júnior/Estadão

O porta-voz do Corpo de Bombeiros, tenente Pedro Aihara, informou que cerca de 24 mil pessoas estão em área de risco caso haja um novo rompimento de barragem na Mina do Feijão. A população de Brumadinho está sendo orientada a deixar suas casas e se abrigar em um dos três pontos de apoio: Igreja Matriz, o quartel da Polícia Militar e o Morro do Querosene. Inicialmente a corporação tinha indicado como ponto de apoio a delegacia Brumadinho, mas se constatou que ela também está sujeita a inundação.

"As autoridades foram avisadas e, como medida preventiva, a comunidade da região está sendo deslocada para os pontos de encontro determinados previamente pelo Plano de Emergência. A Vale continuará monitorando a situação, juntamente com a Defesa Civil", informou a empresa em nota. 

Segundo Aihara, a sirene foi acionada indicando "risco iminente do rompimento da barragem 6" e logo depois os bombeiros deram início à evacuação das comunidades que ficam à jusante da barragem. "O Corpo de Bombeiros permanece com todas as suas aeronaves em prontidão se for necessário deslocar equipes para algum local mais distante ou para realizar regaste e salvamento", disse em áudio distribuído à imprensa. 

O Corpo de Bombeiros orienta a evacuação de quatro locais: o Parque da Cachoeira, mais próximo à B6, Pires, o centro de Brumadinho e o bairro Novo Progresso.

O espaço aéreo na região de Brumadinho foi fechado a partir deste domingo. Apenas aeronaves de resgate irão poder sobrevoar o local do desastre. Enquanto houver o risco de novo rompimento, porém, as buscas por desaparecidos ficam temporariamente interrompidas. 

 

 


Estadão sábado, 26 de janeiro de 2019

JUIZ ORDENA BLOQUEIO DE 1 BI DA VALE

 

Juiz ordena bloqueio de R$ 1 bilhão da Vale por desastre em Brumadinho

Atendendo a pedido do governo de Minas, magistrado determinou medidas em caráter de urgência. 'Tragédia anunciada', disse 

Luan Santos, Especial para o Estado

26 Janeiro 2019 | 01h10

 

 

Tragédia em Minas Gerais
 
Moradores de Brumadinho observam a lama que atingiu a cidade. Foto: Washington Alves/Reuters
 

BELO HORIZONTE - O Juiz de plantão da Vara de Fazenda Pública de Belo Horizonte, Renan Carreira Machado, determinou no fim da noite desta sexta-feira, 25, o bloqueio de R$ 1 bilhão nas contas da mineradora Vale por conta do desastre provocado pelo rompimento da barragem em Brumadinho

A decisão foi concedida em tutela de urgência em resposta a uma ação do governo de Estadual de Minas Gerais, que havia acionado a Vale, pedindo sua responsabilização pelo desastre que resultou, até o momento, em sete mortes.

 

Veja imagens do rompimento de barragem de rejeitos da Vale em Brumadinh

 O magistrado concedeu a liminar diante da “tragédia anunciada”. “Evidenciado o dano ambiental, na espécie agravado pelas vítimas humanas, em número ainda indefinido, cabe registrar que a responsabilidade da Vale S/A é objetiva, nos termos do art. 225, §§2º e 3º, da Constituição da República”, registrou o Juiz.

Machado deferiu o pedido, que havia sido feito pelo Governo de Minas, por “indisponibilidade e bloqueio de R$1.000.000,00 (um bilhão de reais) da Vale S/A ou de qualquer de suas filiais indicadas [...] com imediata transferência para uma conta judicial a ser aberta especificamente para esse fim, com movimentação a ser definida pelo juízo competente pelo Estado de Minas Gerais”.

O Governo de Minas também pediu a indisponibilidade das ações da empresa Vale em Paris, Nova York e São Paulo, mas não foi concedido na tutela de urgência do Juiz da Vara de Belo Horizonte.

 

Estadão sexta, 25 de janeiro de 2019

SÃO PAULO, 465 ANOS

 

SP 465 anos: histórias de quem vê a capital paulista de cima

No aniversário de São Paulo, o 'Estado' traz relatos de pessoas que passaram a ver a cidade de outra forma após encará-la do topo

Priscila Mengue, O Estado de S.Paulo

25 Janeiro 2019 | 03h00

 

Moradores fazem yoga no topo do edifício Louvre, no centro da cidade de São Paulo 

 
Moradores fazem yoga no topo do edifício Louvre, no centro da cidade de São Paulo Foto: Tiago Queiroz/Estadão
 

SÃO PAULO - Às vezes, é preciso dar um ou dois passos para trás para enxergar melhor. Em uma metrópole com as dimensões de São Paulo, contudo, somente do alto é possível perceber toda essa imensidão. E o impacto pode ir além do espetáculo visual, tão postado nas redes sociais. No dia em que a capital paulista faz 465 anos, o Estado traz histórias de quem passou a ver a cidade de outra forma após encará-la do topo. 

Uma delas é o empresário Mauricio Vilela, de 38 anos, que nasceu na zona norte, mora na oeste e trabalha na Avenida Paulista. Quando era mais interessado por tecnologia do que por fotografar, adquiriu um drone em 2017, e fez as primeiras expedições na área central. “O centro não era uma realidade para mim. Meu, eu via e pensava: ‘não tenho noção da cidade onde eu moro’. Com 36, 37 anos, fui conhecer a minha própria cidade.”Foi pela tela do drone que Vilela descobriu o Teatro Municipal, os edifícios Copan e Martinelli, o Vale do Anhangabaú e o Mosteiro de São Bento. “Que coisa linda, tenho de ir lá conhecer”, pensava, enquanto manipulava o equipamento. 

Às vezes, a visita do alto já era seguida de uma no solo, enquanto, em outras, a experiência era reservada para um passeio com a esposa e as duas filhas. “O drone me apresenta de cima e eu vou lá embaixo. O centro me possibilitou muito isso. É um emaranhado, uma quantidade de coisa que não sei falar.”

Vilela começou a compartilhar parte dos registros no perfil Sou Droneiro no Instagram, a fim de levar a mais gente “as belezas” da capital, incluindo aquelas que antes “nem sabia que existiam”. “Conheço vários lugares do mundo, e São Paulo não perde em nada.”

 

 
 

Já o coordenador de manutenção Wilson Moreira, de 47 anos, diz ter visto “de tudo” do alto dos 26 pavimentos do Novotel Jaraguá, no centro. De lá, testemunhou de protestos a blocos de carnaval e corredores da São Silvestre, além das construções que cobriram partes da paisagem, como quase a totalidade do Masp. “Dá para ver até quem fica matando serviço.”

Por vezes, Moreira faz fotos do topo, que tem acesso restrito. Não costuma publicar nas redes, mas algumas vão para grupos de WhatsApp junto de um “bom dia”. “Paulistano dorme pensando no que vai fazer no outro dia. (Subir no terraço) É um momento de reflexão.” 

Também no centro, o topo do edifício Louvre é o “refúgio” de Karen Checchia, de 30 anos. A empreendedora gastronômica estava em uma fase de sobrecarga profissional quando teve a ideia: criar um grupo de yoga para moradores no terraço.

 

 

 As sensações são diferentes de cima, narra Karen. É mais fresco e tem menos estímulo visual. “Por ser muito alto, tem uma visão do horizonte ampla, dá para ver além do mar de prédios, até a Serra da Cantareira. A única coisa triste é enxergar a camada de poluição. O barulho da cidade vira um murmurinho, parece de mar.”

Vizinho do Louvre, o chef italiano Pasquale Mancini, de 60 anos, teve em São Paulo a primeira experiência como morador de uma grande cidade (e fora da Toscana). Quando se fixou na capital, para assumir a cozinha do Terraço Itália, trouxe os trejeitos interioranos: não dispensa o “bom dia”, “boa tarde” e “boa noite”, assim como o café na rua, o jornal na banca e caminhadas pelo entorno. “Me envolvi pelo contraste de situações.”

Se em Florença, atendia de 40 a 50 pessoas por noite, hoje se divide entre quatro ambientes e dois andares. Manter a atenção do cliente é mais desafiador. Mas não só pela dimensão. “O meu maior concorrente é a vista.”

Como no Itália, observar São Paulo de cima também é a primeira reação de quem chega no Bar Obelisco, no rooftop do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da Universidade de São Paulo (USP). Mais do que as fotos e os papos na beira da sacada, a vista influencia até nas escolhas dos drinks, em que os clássicos, como o cosmopolitan e o dry martini, desbancam os da moda.

“Parece que o lugar chama a pessoa para esse caminho, como alguém que vai em um restaurante cinco estrelas e bebe vinho, mesmo que tome cerveja todos os dias. Combina mais”, diz o bartender Jairo Gama, de 34 anos.

Foi essa vista que destronou um bar russo do topo da lista de locais que Gama desejava trabalhar. Lá, teria vista panorâmica de Moscou, mas não para o Obelisco e o entardecer paulistano. “Quando chove, o céu fica mais estrelado. Já, em dia muito poluído, a cidade fica meio fosca, como se estivesse vendo com óculos embaçados.”

 

 

 

Além dos prédios. Piloto de táxi-aéreo Alexandre Souza, de 48 anos, vê São Paulo a 150 metros de altura quase todos os dias. No alto, diz, a cidade também tem tráfego intenso, especialmente nas maiores aerovias, que sobrevoam rios e ferrovias, e são cheias de normas e restrições.

Souza comanda de voos de supervisão técnica a instalações elétricas a passeios panorâmicos pela empresa High Class. Entre o público (e ele), o Pico do Jaraguá, na parte norte, e os altos do Paraíso, na zona sul, oferecem as vistas mais impressionantes. “Lá de cima, não se consegue ver o lado ruim, no sentido do vandalismo, das paredes pichadas, dos locais com lixo no chão”, conta. 

 

 
 
 

Também é do Pico do Jaraguá que Joelma Santos, de 35 anos, observa e vive São Paulo. Por lá (e na Serra da Cantareira), ela guia visitas a alguns dos pontos mais altos da cidade. A densidade da vegetação chega a confundir os desavisados. “Muitas vezes (visitantes) acham que não estão mais na cidade. Quando ficam na mata, perguntam: ‘aqui ainda é São Paulo?'


Estadão quinta, 24 de janeiro de 2019

DIPLOMATAS BRASILEIROS EM CARACAS VÃO IGNORAR ORDENS DE MADURO

 

Diplomatas brasileiros em Caracas vão ignorar ordens de Maduro, diz chanceler

Segundo Ernesto Araújo, representantes do País continuarão na Venezuela, mas responderão ao presidente interino, Juan Guaidó

Jamil Chade, Enviado especial a Davos / Suíça, O Estado de S.Paulo

24 Janeiro 2019 | 06h37

 

DAVOS, SUÍÇA - Num gesto diplomático de apoio a Juan Guaidó, o Itamaraty orientou seus diplomatas em Caracas a responder apenas ao presidente da Assembleia Nacional, considerado desde quarta-feira, 23, como a única autoridade venezuela legítima e reconhecida pelo Brasil. 

 

Ao Estado, o chanceler Ernesto Araújo indicou que não vai retirar da Venezuela os diplomatas brasileiros. “Eles ficam”, disse na manhã desta quinta-feira, 24, em Davos, na Suíça. Outra orientação, segundo ele, seria a manter contatos apenas com a equipe de Guaidó. 

 

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O diplomata Ernesto Araújo, chanceler. Foto: Dida Sampaio/Estadão
 

Diante do fim do reconhecimento do governo de Nicolás Maduro por diversos governos latino-americanos, Caracas deu 72 horas para a diplomacia dos EUA se retirar do país. A Casa Branca, porém, indicou que as ordens de Maduro não tinham efeito. 

Estado obteve uma carta assinada pelo próprio Guaidó e enviada a todas as embaixadas estrangeiras em Caracas. Nela, o presidente da Assembleia afirma que “deseja firmemente que mantenham sua presença diplomática em nosso país”. 

Ele também alerta aos governos estrangeiros a ignorar as ordens de Maduro. “Peço que desconheçam qualquer ordem ou disposição que contradiga o firme propósito do poder legítimo da Venezuela, que em virtude da Constituição, ostento, de que as missões diplomáticas, chefes de missões e todos seus funcionários continuem operando na Venezuela com normalidade e que se respeitem todas as imunidade e privilégios”, escreveu. 

“Qualquer disposição contrária careceria de validade, já que emanaria de pessoas ou entidades que, por seu caráter usurpatório, não tem autoridade legítima para pronunciar-se a respeito”, completou Guaidó. 


Estadão quarta, 23 de janeiro de 2019

BOLSONARO: SE FLÁVIO ERROU, ELE TERÁ DE PAGAR

 

'Se Flávio errou, ele terá de pagar e eu lamento como pai', diz Bolsonaro

Em Davos, presidente diz que filho, senador eleito pelo PSL-RJ, terá de pagar por eventuais ações que seriam 'inaceitáveis'

Matheus Lara e Mateus Fagundes, O Estado de S.Paulo

23 Janeiro 2019 | 09h47

 

O presidente Jair Bolsonaro diz que lamentará, como pai, se as suspeitas sobre o filho Flávio Bolsonaro forem confirmadas. Ele disse que, caso isso aconteça, o senador eleito pelo PSL-RJ deve ser punido e chamou as acusações de "ações inaceitáveis". 

 "Se por acaso Flávio errou e isso ficar provado, eu lamento como pai. Se Flávio errou, ele terá de pagar preço por essas ações que não podemos aceitar", disse o presidente à Bloomberg em Davos, na Suíça, durante o Fórum Econômico Mundial.

 

Jair Bolsonaro e Flávio Bolsonaro
Jair Bolsonaro e seu filho, Flávio Bolsonaro Foto: Adriano Machado/Reuters
 

Os desdobramentos de um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras(Coaf) sobre as movimentações financeiras atípicas do ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL), Fabrício Queiroz, e de outros assessores da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), continuam ganhando novos capítulos. Agora ele será investigado pela Receita Federal. 

O relatório do Coaf mostrou que Flávio recebeu em sua conta depósitos fracionados no valor de R$ 2 mil cada no total de R$ 96 mil, além do pagamento de título da Caixa de R$ 1 milhão. Os dois casos estariam relacionados à compra de imóveis. Flávio disse em entrevista que recebeu R$ 96 mil em dinheiro vivo. A Receita tem como investigar se essa explicação é coerente com os fatos cruzando os dados dele e do vendedor. 

Com relação a Queiroz, o Coaf identificou movimentações suspeitas numa conta que movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. Além disso, as informações do Coaf revelam que ele recebeu pagamento em sua conta de ao menos oito funcionários do gabinete de Flávio. 

Bloomberg. Na entrevista em Davos, Jair Bolsonaro também falou sobre a proposta da Previdência que o governo vai enviar ao Congresso. Segundo ele, o projeto trará cortes "substanciais" nos gastos. Ele se comprometeu ainda em propor uma idade mínima.

Bolsonaro disse também que os planos para vender um "grande número de empresas estatais" estão quase prontos.

"Há uma consciência no Brasil de que as reformas são vitais", disse ele. "O Brasil tem de dar certo. Se não, a esquerda vai voltar e não saberemos o destino do Brasil, talvez se torne mais parecido com o regime que temos na Venezuela."


Estadão segunda, 21 de janeiro de 2019

PENTE-FINO DO COAF CONSTRANGE O PRESIDENTE

 

O pente-fino do Coaf constrange o presidente

A descoberta de que o primogênito do clã recebeu em 2017 quase R$ 100 mil em depósitos anônimos e pagou um título de R$ 1 milhão, além da revelação do Estado de que o MP investiga lavagem de dinheiro no caso, complicaram o quadro; presidente cancelou coletiva em Davos, evitando perguntas incômodas

Wilson Tosta

Chefe de reportagem da sucursal do Rio

20 Janeiro 2019 | 19h00

 

 Caro leitor,

O presidente Jair Bolsonaro viaja para o Fórum de Davos constrangido pelo pente-fino do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e do MP do Rio nas finanças de seu primogênito. Desde a noite de sexta-feira, 18, soube-se que o Coaf achou 48 depósitos não identificados de R$ 2 mil cada para o deputado estadual  pelo PSL Flavio Bolsonaro, ao todo R$ 96 mil ao longo de cinco dias em 2017; identificou o pagamento pelo parlamentar de um título de mais de  R$ 1 milhão; e descobriu que Fabrício Queiroz, ex-assessor do deputado, movimentou R$ 7 milhões de 2014 a 2017 . Houve ainda a  revelação pelo Estado de que os promotores do Rio investigam, no caso, lavagem de dinheiro e ocultação de bens. O quadro indica que nos próximos dias a crise  tenderá a crescer. Tem potencial para gerar mais perguntas incômodas para o governo e deslizar perigosamente em direção ao Palácio do Planalto.

 

 

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O senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) saindo do Palácio da Alvorada.  Foto: Ernesto Rodrigues/Estadão

Há 21 dias no posto, Bolsonaro pretendia desembarcar no encontro com os pesos-pesados do capitalismo na Suíça cavalgando um discurso de modernização conservadora do Brasil, com igualdade de todos perante a lei e rigor com a coisa pública. O caso Flavio-Queiroz tende a fragilizar essa pregação ou cerca-la de desconfiança. A partir das revelações, o deputado terá dificuldade para alegar que o “rolo” (nas palavras do presidente) é coisa exclusiva do ex-auxiliar. E Bolsonaro não pode dissociar seu nome e imagem do filho, diferentemente do que poderia fazer se o caso envolvesse apenas um auxiliar enrolado em uma história mal explicada. Com os fatos novos, seus movimentos em Davos exigem mais cuidado. Preventivamente, uma entrevista coletiva do presidente, prevista no encontro, sumiu da agenda, como mostrou a Coluna do Estadão.    Bolsonaro lerá uma declaração, sem que os repórteres possam fazer perguntas sobre os problemas de seu filho.

O novo relatório do Coaf surgiu em mau momento para Flavio. Ele já tentava, com o discurso da perseguição política ao pai - criticado pelos bolsonaristas no arquirrival PT, que, ao se defender, também se diz perseguido -   lidar com o desgaste  gerado por ter recorrido ao Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender a investigação do MP do Rio. O comportamento  contrasta com o pregação dos Bolsonaro de desprezo pelo foro privilegiado, em vídeo exibido em 2017. Nele, Jair Bolsonaro aparece com Flavio, que agora recorre à Corte para pedir o que o pai criticou.

 

O governo, apoiado em uma heterogênea e improvisada frente conservadora, enfrenta desafios e divergências. Há incômodo, entre alguns ministros e militares, com as dificuldades de Flavio para se explicar, como mostraram Tania Monteiro e Eduardo Rodrigues. Mas outros integrantes do bloco de poder saíram em defesa do governo, tentando dissocia-lo do caso Flavio-Queiroz. Um foi o vice-presidente, Hamilton Mourão. Outra foi a senadora eleita Tania Arruda (PSL-MT), juíza aposentada conhecida como Moro de Saias, que não viu “nenhuma irregularidade” nos depósitos fracionados.   

Desde que o Estado revelou com exclusividade  que o Coaf descobrira que  Fabrício Queiroz, tivera, ao longo de treze meses na Assembleia Legislativa, movimentação financeira de R$ 1,2  milhão - incompatível com sua renda - o governo Bolsonaro mostra não saber como lidar com o caso. Depois de algumas declarações em defesa de Flávio - que protestou inocência,  o clã Bolsonaro, gradativamente, assumiu atitude mais discreta. Revelados os depósitos anônimos, em série e idênticos, Eduardo Bolsonaro, irmão e deputado federal pelo PSL em São Paulo, até postou um vídeo em que um advogado critica o Ministério Público do Rio.  Mas nitidamente há dificuldades para enfrentar o assunto na aliança política que conquistou o poder com um discurso de combate à corrupção. No Planalto, exibe o léxico das teorias de conspiração do conservadorismo nacional, com anúncios diários de pentes-finos em caixas-pretas, onde ocorreriam tenebrosas transações. Em um grupo político  que prioriza essas iniciativas fortemente embasadas no senso-comum, fica difícil explicar a torrente de dinheiro  que transita pelas contas de Flavio e Queiroz, seu assessor por mais de dez anos. Há indícios de que os recursos tenham origem na chamada rachadinha - confisco de parte do salário dos assessores nos Legislativos, investigada em pelo menos 16 Estados.

Antes das novidades da noite da sexta-feira e do fim de semana, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, tinha atribuído à política - uma suposta tentativa de desgastar Bolsonaro pai - as  denúncias contra Flavio.  Embora não haja evidência de conspiração política para atingir o presidente, porém, Onyx pode ter acertado, pelo menos  no atacado. O maior problema do primeiro clã, neste caso, é, antes de jurídico, político. Os Bolsonaro não conseguem gerar uma narrativa plausível para sua base, como primeiro passo do presidente e seu governo para uma contraofensiva. Essa dificuldade tende a acompanha-lo na Suíça.

Sobretudo, falta a verdade - aquela que, segundo São João (8: 32), uma vez conhecida, nos libertará. Era o que repetia o candidato Jair Bolsonaro, ao pedir o voto dos brasileiros para chegar ao Planalto.

Leia nas Supercolunas:


Estadão sábado, 19 de janeiro de 2019

MOTORISTA DE PALOCCI CONFIRMA DINHEIRO E CAIXAS DE UÍSQUE AO BARBA

 

Motoristas de Palocci confirmam ‘valores’ e ‘caixas de whisky’ a Lula ‘barba’

Carlos Alberto Pocento e Claudio de Souza Gouveia corroboraram com depoimento de ex-ministro delator dos governos petistas, que revelou propinas da Odebrecht para ex-presidente em 2010

Ricardo Brandt, Fausto Macedo e Luiz Vassallo

19 Janeiro 2019 | 05h40

 

Reprodução de depoimento de motorista de Palocci

 

Carlos Alberto Pocento e Claudio de Souza Gouveia, ex-motoristas do ex-ministro Antonio Paloccicorroboraram, em depoimento, com as declarações do delator sobre supostas entregas de dinheiro ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Eles narraram à Polícia Federal ‘entregas de valores’ e de caixas de whisky ao petista, era chamado por Palocci de ‘barba’, no aeroporto de Brasília e na sede do Instituto Lula.

Eles falaram à Polícia Federal do Paraná no dia 30 de agosto de 2018, para prestar esclarecimentos sobre fatos investigados na Operação Lava Jato. O depoimento se deu um mês depois de o relator no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, João Pedro Gebran Neto, homologar a colaboração premiada do ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil dos governos petistas.

Em depoimento prestado ano passado, Palocci afirmou ter repassado ’em oportunidades diversas’ cerca de R$ 30 mil, R$ 40 mil, R$ 50 mil e R$ 80 mil em espécie para o próprio Lula’. Palocci detalhou duas entregas de dinheiro a Lula, uma no Terminal da Aeronáutica, em Brasília, no valor de R$ 50 mil ‘escondidos dentro de uma caixa de celular’. A outra entrega teria ocorrido em Congonhas. Ele contou que recorda-se que a caminho do aeroporto ‘recebeu constantes chamadas telefônicas de Lula cobrando a entrega’.

Segundo Palocci, os repasses a Lula teriam ocorrido em 2010. O ex-ministro relatou uma conversa que teria tido com Marcelo Odebrecht na qual o empresário acertou o repasse de R$ 15 milhões para o ex-presidente depois que a empreiteira entrou no negócio de Belo Monte.

Reprodução de depoimento de motorista de Palocci

Um dos motoristas de Palocci, Claudio de Souza Gouveia, que trabalhou para o ex-ministro desde 2002, ‘na época de transição do governo Fernando Henrique Cardoso’, respondeu à PF ‘que foram muitos os episódios em que o depoente conduziu Antonio Palocci Filho até a base aérea de Brasília/DF para levar objetos, presentes, mimos a Lula’;

Ele afirma que ‘havia pressa nos deslocamentos’ e disse se ‘recordar de caixas de Whisky, de celulares, de canetas, por exemplo’, mas que, ‘no entanto, nunca soube se as caixas continham efetivamente celulares e garrafas de Whisky ou outros conteúdos’;

Segundo Gouveia, ‘muitos desses episódios, Palocci deixava apenas os objetos com Lula no terminal ou no avião e, após alguns minutos, voltava ao carro’.

O motorista ainda detalha que Palocci carregava dinheiro em seu veículo e que ‘recebia, quando necessário, recursos para combustível, por exemplo’

Gouvei relata ‘que Palocci também carregava recursos para gastos com comitê da campanha, por exemplo e que em algumas poucas oportunidades também constatou Palocci carregando quantidades elevadas de recursos’

Segundo o motorista, ’em algumas oportunidades, Palocci informava que estava carregando documentos, ao mesmo tempo que sinalizava, quando pronunciava a palavra “documentos”, gesto que sinalizava dinheiro, feito com o dedão e o indicador da mesma mão’.

Já Carlos Alberto Pocente diz que ’em oportunidades diferentes em que o depoente levou Antonio Palocci Filho e Branislav Kontic à sede do Instituto Lula, ouviu afirmações proferidas por Palocci para Branislav relacionadas a valores para o “barba”‘

Indagado  pelos investigadores sobre quem seria o personagem identificado por “barba”, ele ‘respondeu que, pelo contexto em que os assuntos eram tratados, referia-se ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva’.

Lula tem negado as acusações de Palocci e afirma que o ex-ministro mente em delação premiada.


Estadão quinta, 17 de janeiro de 2019

BRASIL – ARGENTINA, BOM COMEÇO

 

Brasil-Argentina, bom começo

Parece clara a disposição de Jair Bolsonaro de pôr em primeiro plano a parceria com o maior vizinho sul-americano. Falta saber se julga prioritária a relação com o Mercosul

Notas & Informações, O Estado de S.Paulo

17 Janeiro 2019 | 03h00

 

Há um simbolismo e um bom presságio na visita do presidente argentino, Mauricio Macri, a seu colega brasileiro Jair Bolsonaro. Macri foi o primeiro chefe de governo a visitar o presidente do Brasil depois de sua posse. Isso é uma prova, segundo afirmaram os dois em comunicado conjunto, da prioridade atribuída reciprocamente pelos dois países. A frase enfática logo no começo do texto e a repetição da palavra prioridade dois parágrafos adiante chamam a atenção. Não havia dúvida quanto à importância atribuída pelo governo da Argentina à relação com o Brasil. Agora parece clara a disposição do presidente brasileiro de pôr em primeiro plano a parceria com o maior vizinho sul-americano. Falta saber se passou a julgar prioritária a relação com o Mercosul. O tema foi tratado com desprezo e até com palavras duras, numa entrevista antes da posse, pelo então futuro ministro da Economia, Paulo Guedes.

 Houve manifestações de espanto e de preocupação, nos países vizinhos, depois dessa entrevista. As palavras do futuro ministro seriam menos inquietantes se fossem apenas um deslize diplomático. Mas a declaração indicava muito mais que isso. Era preciso saber, a partir desse momento, como os integrantes da nova equipe entendiam os compromissos internacionais do Brasil, o status do Mercosul (uma união aduaneira) e a importância do bloco regional como plataforma de integração no mercado internacional.

Como integrante de uma união aduaneira, o Brasil só poderia negociar acordos de livre comércio juntamente com os demais sócios do bloco, Argentina, Paraguai e Uruguai. Faltaria essa informação aos membros da nova equipe. O Mercosul ficou de fato emperrado por muito tempo, por causa de enormes erros cometidos pelos governos do PT e dos Kirchners, seus aliados argentinos.

 O caminho sensato seria reavivar a vocação original do bloco, seguindo um projeto esboçado pelos presidentes Michel Temer e Mauricio Macri. Poderia haver enormes avanços internos e externos. O caminho poderia ser diferente, se o novo governo preferisse imitar também na política regional a truculência do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, inspirador do presidente Bolsonaro, de seus filhos e do chanceler Ernesto Araújo. Mas seria mais fácil mexer na área de livre comércio formada por Estados Unidos, Canadá e México do que na união aduaneira constituída pelos sócios do Mercosul. Ninguém teria notado esse detalhe?

Talvez o presidente Jair Bolsonaro tenha decidido prosseguir no caminho desenhado por seu antecessor. No fim da declaração conjunta aparece a decisão de trabalhar para “rever a tarifa externa comum, melhorar o acesso a mercados e avançar em facilitação de comércio e convergência regulatória”. O texto ainda menciona a intenção de impulsionar as negociações mais promissoras já em curso e avaliar o início de novas conversações com outros parceiros.

Tudo isso é promissor: o comunicado conjunto oficializa o compromisso de aperfeiçoar o Mercosul e ao mesmo tempo avançar em novas negociações, obviamente sem as limitações terceiro-mundistas da fase do PT e dos Kirchners. Mas qualquer aposta segura nessa atitude menos trumpiana ainda vai depender de novas manifestações da diplomacia econômica do governo Bolsonaro. Não há como esquecer facilmente nem a profissão de fé trumpista do chanceler Ernesto Araújo nem a foto de Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, com o boné de campanha de Donald Trump.

A maior parte da declaração conjunta propõe a atuação bilateral em diferentes áreas “com maior potencial”, como segurança interna e regional, articulação jurídica, combate ao crime transnacional e à corrupção e cooperação nas áreas de defesa, tecnologia e infraestrutura, entre outras.

Pode ser o começo de uma diplomacia mais civilizada e realista do que aquela desenhada nas primeiras declarações sobre política externa. Diante disso, parece pouco significativo, agora, o risco de um projeto de construção de algum muro de milhares de quilômetros nas fronteiras. Seria um desastre para as finanças públicas.


Estadão quarta, 16 de janeiro de 2019

O QUE O MST TEM A VER COM A IDA DE GLEISI À POSSE DE MADURO

 

O que o MST tem a ver com a ida de Gleisi à posse de Maduro?

O Movimento dos Sem-Terra, que defende o regime chavista, cresceu no equilíbrio de forças internas do PT devido à capacidade de mobilização; viagem da senadora, no entanto, dividiu opiniões dentro do partido e nas redes sociais

Ricardo Galhardo, O Estado de S.Paulo

15 Janeiro 2019 | 22h18

 

A ida da presidente do PT, Gleisi Hoffmannà posse de Nicolás Maduro, reeleito presidente da Venezuela, em um pleito que é alvo de contestações internas e externas, dividiu opiniões dentro do PT e nas redes sociais.

 

Muitas pessoas que votaram em Fernando Haddad para presidente em 2018 foram às redes sociais para dizer que a viagem foi um erro do PT e fragilizou a oposição justamente no momento em que o presidente Jair Bolsonaro enfrenta dificuldades para fazer o governo funcionar.

 

Maduro
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, durante sessão especial na Assembleia Constituinte; pleito é alvo de contestações
Foto: Manaure Quintero/Reuters
 

Segundo estas pessoas, ao se associar a um governo que fracassou na economiamergulhou o país em uma crise sem precedentes e ainda é alvo de acusações de corrupção e desrespeito às normas democráticas, o PT, maior partido de oposição a Bolsonaro, abriu um flanco para os adversários – tanto na direita quanto na esquerda.

Internamente, a decisão de Gleisi de ir à posse também dividiu opiniões, embora nenhuma liderança importante do partido tenha se manifestado publicamente contra a viagem. Antes de decidir se aceitaria o convite para ir a Caracas, Gleisi consultou informalmente as lideranças das principais correntes internas do PT. Algumas delas se posicionaram contra, por temerem a repercussão negativa. A palavra final coube ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba, que avalizou a ida de Gleisi à posse de Maduro.

Em uma nota publicada na página do PT, Gleisi listou sete argumentos que justificariam a viagem. O principal deles, segundo pessoas próximas à Gleisi, foi demarcar a diferença estratégica em relação a Bolsonaro, ainda que isso tenha um custo político. Enquanto o governo do PSL defende sanções contra Maduro e tenta interferir na política interna venezuelana, o PT defende a linha adotada durante o governo Lula de evitar tomar partido e, assim, se colocar em condições de intermediar uma saída para a crise no país vizinho.

 

Gleisi Hoffmann
Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT; Lula avalizou ida de senadora à posse de Maduro Foto: Amanda Perobelli/Estadão

Além disso, a decisão de Gleisi de ir à posse reflete as diferenças internas no PT de hoje, sob diversos ângulos. “Quem ficou contra é uma parcela do PT que está preocupada com a opinião pública”, disse o sindicalista Julio Turra, da direção nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Em outras palavras, petistas que dependem de votos como parlamentares e governadores avaliaram que ficariam expostos com a associação ao fracassado regime venezuelano enquanto os setores mais ligados aos movimentos sociais e sindicais, que não disputam eleições gerais, se sentem mais à vontade para apoiar abertamente o governo Maduro.

Movimento dos Sem Terra (MST), por exemplo, defende publicamente o regime chavista. Nos últimos meses o MST cresceu em importância no equilíbrio de forças internas do PT devido à capacidade de mobilização para causas como a liberdade de Lula. É o MST que mantém a vigília Lula Livre na porta da Polícia Federal, em Curitiba, onde o ex-presidente está preso. Em agosto, líderes sem-terra apoiaram o nome de Gleisi para vice e consequentemente plano “B” a Lula na corrida presidencial, contra Haddad. Durante a campanha, o candidato foi obrigado a se reposicionar em relação à Venezuela por pressão destes setores.

 

Curitiba PF - Lula
Apoiadores do PT na porta da PF, em Curitiba, onde o ex-presidente Lula está preso Foto: Nelson Almeida/AFP

Um dos principais pontos de apoio à senadora paranaense hoje dentro do partido são os movimentos sociais. O mandato de Gleisi vence este ano – em condições normais seria renovado por mais dois anos, mas um grupo de correntes minoritárias publicou texto pedindo a renovação da direção partidária. Ela vai precisar destes movimentos para se manter no cargo. Entre os críticos da viagem, estão adversários de Gleisi na corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB), da qual a senadora faz parte, mas que está rachada desde o ano passado.

“Gleisi tem forte apoio entre os movimentos sociais, isso é fato, mas as divergências quanto à ida dela à Venezuela também tem outros motivos. Um deles é a caracterização que diferentes forças do PT fazem do governo Maduro”, disse o secretário nacional de Movimentos Populares do PT, Ivan Alex – ele próprio favorável à viagem de Gleisi a Caracas.

Embora o PT apoie oficialmente o governo Maduro, diversas lideranças questionam internamente esta posição. Em conversas reservadas, petistas apontam o fracasso do presidente venezuelano tanto na condução da economia quanto na manutenção da ordem democrática. Estas posições costumam ser expressadas em reuniões internas, mas são minoritárias.

Além disso, existe a questão geopolítica. Venezuela, Bolívia e Uruguai são hoje os últimos países do continente sob o comando de governos de esquerda. Para o PT, apoiar Maduro significa evitar o avanço na região da onda de governantes alinhados ao presidente dos EUA, Donald Trump.

 


Estadão segunda, 14 de janeiro de 2019

BATTISTI CHEGA A ROMA

 

Battisti chega a Roma

Italiano condenado por quatro assassinatos retorna ao seu país, depois de quase 40 anos de fugas, para cumprir pena de prisão perpétua 

Igor Moraes

14 Janeiro 2019 | 08h41

 

Cesare Battisti desembarca em Roma cercado por policiais. Foto: Alberto Pizzoli/ AFP

 

Após quase quatro décadas de fugasCesare Battisti chegou à Itália por volta das 11h40 (8h40, no horário de Brasília) desta segunda-feira, 14. A aeronave, que partiu no início da noite de ontem de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, pousou no Aeroporto de Ciampino, em Roma, onde era aguardada pelo ministros Matteo Salvini, do Interior; e Alfonso Bonafede, da Justiça.

O italiano deverá ser encaminhado por um grupo de agentes penitenciários para a prisão de Rebibbia, na zona urbana de Roma. De acordo com informações do jornal italiano Corriere della Serra, ele deverá ficar sozinho na cela, em uma área de segurança reservada para terroristas, e passará por seis meses de isolamento diurno.

 

Ministro do Interior italiano, Matteo Salvini (esq.), cumprimenta policiais no aeroporto em Roma onde foi acompanhar

a chegada de Cesare Battisti. Foto: Reprodução/ Twitter/ Matteo Salvini

Battisti estava foragido desde 14 de dezembro, quando o então presidente Michel Temerautorizou sua extradição para a Itália um dia depois do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, suspender uma liminar que garantia sua permanência no Brasil. No sábado, 12, foi capturado por autoridades bolivianas.

De cavanhaque e óculos escuros, o italiano foi abordado por policiais enquanto caminhava por uma rua de Santa Cruz de la Sierra.

 

O italiano Cesare Battisti anda em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, antes de ser preso Foto: Polícia Italiana/AP

Após a prisão, o governo brasileiro deslocou um avião da Polícia Federal à Bolívia para trazer Battisti ao Brasil e, em seguida, extraditá-lo para a Itália, conforme promessa de campanha do presidente Jair Bolsonaro. O governo italiano, no entanto, já havia decidido levar Battisti diretamente ao país.

Em uma nota conjunta divulgada no início da noite de ontem, os ministérios das Relações Exteriores e da Justiça brasileiros afirmaram que o importante era que o italiano respondesse por seus crimes.

Battisti desembarca de avião em Roma escoltado por policiais. Foto: Reprodução/ CorriereTV

“O governo brasileiro se congratula com as autoridades bolivianas e italianas e com a Interpol pelo desfecho da operação de prisão e retorno de Battisti à Itália. O importante é que Cesare Battisti responda pelos graves crimes que cometeu. O Brasil contribui assim para que se faça justiça”, afirmou a nota.

STF nega habeas corpus

Em uma tentativa frustrada para tentar evitar a viagem de Battisti de volta para a Europa, os advogados do italiano protocolaram um habeas corpus no STF neste domingo. No pedido, argumentaram que entregá-lo para a Itália seria um “ato complexo” e irreversível.

Luís Roberto Barroso. FOTO: ANDRE DUSEK/ESTADÃO

Os defensores solicitaram que o habeas fosse analisado pelo ministro Marco Aurélio. O pedido, no entanto, foi julgado – e negado – pelo ministro Luis Roberto Barroso.

“Ante o exposto, com fundamento no art. 21, § 1º, do RISTF, nego seguimento ao presente habeas corpus, por ser flagrantemente inadmissível e, ainda, por contrariar a jurisprudência predominante desta Suprema Corte”, diz a decisão que rejeitou o habeas.

Quem é Cesare Battisti

Battisti deixou seu país depois de ser condenado por quatro assassinatos cometidos entre 1977 e 1979. Na Itália, foi primeiramente condenado por participação em bando armado e ocultação de armas a 12 anos e 10 meses de prisão em 1981.

Cesare Battisti. Foto: AFP PHOTO/Christophe Simon

Mais de uma década depois, em 1993, teve a prisão perpétua decretada pela Justiça de Milão, em razão de quatro homicídios hediondos contra um guarda carcerário, um agente de polícia, um militante neofascista e um joalheiro.

Após idas e vindas por França e México entre 1981 e 2004, chegou ao Brasil e foi preso em 2007. No último dia de seu segundo mandato, no entanto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu asilo político para o italiano e impediu sua extradição. Clique aquipara ver as fugas e prisões de Battisti, ano a ano.

Em entrevista concedida ao Estado em outubro de 2017, Battisti afirmou que enviá-lo de volta para a Itália era o mesmo que sua sentença de morte. Ele morou em Cananeia, no litoral de São Paulo, e chegou a ter um filho com uma brasileira.

Para saber mais sobre a vida de Cesare Battisti, clique neste link.


Estadão sábado, 12 de janeiro de 2019

6 NOMES DA LITERATURA NACIONAL

 

Literatura brasileira contemporânea: 6 nomes para ‘ficar de olho’ em 2019

Escritores e críticos ouvidos pelo 'Estado' indicaram autores e autoras que devem ter papel importante na cena nacional em 2019; são eles: Eugênia Zerbini, Conceição Evaristo, Sued Hosana, Adelaide Ivánova, Gustavo Pacheco e Socorro Acioli 

Guilherme Sobota, O Estado de S. Paulo

12 Janeiro 2019 | 03h00

 

 

Promessas para a literatura em 2019
Autores prometem trabalhos diversos para 2019
 

A perspectiva para 2019 na literatura não é das mais tranquilas: com a crise nas grandes redes de livrarias, as editoras devem buscar métodos alternativos de difusão dos livros e por enquanto só se pode especular no que o embate frequente entre a classe artística e o governo federal vai resultar. Ainda no fim de 2018, porém, pedimos indicações de nomes a seis escritores, críticos e leitores atentos da literatura contemporânea nacional: o que esperar da literatura brasileira em 2019? 

 

 

Os “jurados” foram: Walnice Nogueira Galvão, Silviano Santiago, Marcelino Freire, Heloísa Buarque de Hollanda, Ana Paula Maia e Schneider Carpeggiani. Os nomes que eles indicaram, respectivamente, foram: Eugênia Zerbini, Conceição Evaristo, Sued Hosana, Adelaide Ivánova, Gustavo Pacheco e Socorro Acioli. Saiba o que cada um dos autores planeja para os próximos 12 meses.

  • Silviano Santiago indica: Conceição Evaristo
 Silviano Santiago: “A escritora traz de volta a ideia de que o livro tem função e a literatura, missão a cumprir. Não tenho a intenção de angariar adeptos à causa do livro e da literatura no mundo pós-moderno. Sou anarquista, graças a S. Benedito. Solto a frase como a um foguete em praça pública. Que espoque nos céus conturbados de 2019 e, ainda que por um minuto, nos ilumine.”

*Silviano Santiago é escritor, crítico literário e professor emérito da UFF.

Planos de Conceição Evaristo: A escritora não pôde atender a reportagem por estar em viagem de férias, mas sua assessoria informou que os planos são de se dedicar à escrita este ano. Em 2018, Conceição participou de dezenas de eventos em várias partes do Brasil, foi homenageada no Flink Sampa e concorreu a uma vaga na Academia Brasileira de Letras. Mesmo com a agenda cheia, ela lançou o romance Canção Para Ninar Menino Grande (Unipalmares).

Trecho: 

Canção Para Ninar Menino Grande (Editora Unipalmares)

Uma carta escrita em papel de seda, abandonada tal qual o corpo violentado de uma mulher, ao lado de um não desejado homem adormecido depois do gozo, jazia sobre a mesa. Em letras desenhadas com esmero, podia-se ler a repetida frase: “Eu te amo, eu te amo”. Fio Jasmim pousou sobre a folha, que balançava ao vento, um descuidado olhar; já sabia de cor todo o conteúdo. Tina lhe escrevia quase sempre. Ele tinha inúmeras cartas dela e não sabia mais o que fazer com tantas folhas. Muito menos, com o amor da moça. Devolver as cartas, podia; mas, sem elas, como convencer a sua mulher que ele, primeiramente, havia sido vítima do assédio sexual e, com o tempo, do amor louco da moça? Não, ele não era o culpado. A moça sabia que ele era casado e, mesmo assim, se oferecia. Lá estavam as palavras dela, escritas por ela, assinadas por ela. Tina Maria Perpétua.

Fio Jasmin novamente percorreu o olhar sobre o papel. Não podia deixá-lo sobre a mesa como se fosse um esquecimento. Já fizera isto várias vezes. Esquecera as cartas de Tina sobre a escrivaninha, sobre a mesa da cozinha, sobre a pia do banheiro e, um dia, até debaixo do travesseiro. Sabia que a sua mulher lia e engolia as apaixonadas declarações da outra, sem nada dizer. Fio amassou com força o papel de seda. O amor de Tina doeu-lhe entre os dedos. Pensou na moça com carinho e desejou a passividade do corpo dela. Fio Jasmim estava com 44 anos e, desde os 20, elegera Pérola Maria como sua esposa em cerimônia religiosa e civil. Viviam bem, segundo as palavras dele. A fala de Pérola, nem eu, nem Tina alcançamos.

 

Conceição Evaristo

Conceição Evaristo deve dar um tempo da profusão de eventos e se dedicar à escrita Foto: Walter Craveiro

 

  • Ana Paula Maia indica: Gustavo Pacheco

Ana Paula Maia: “Autor do ótimo livro de estreia "Alguns Humanos". Para 2019 ele aposta em mais uma publicação.”

*Ana Paula Maia é escritora, autora de Assim na Terra Como Embaixo da Terra, vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura 2018 na categoria romance.

Planos de Gustavo Pacheco: São dois projetos para 2019. O primeiro é a publicação de um livro (Mundo Equívoco, título provisório) que vai reunir as crônicas do autor publicadas na revista Época e outros locais. “As colunas não falam de assuntos correntes (bom, pelo menos não de maneira direta...), foram pensadas e escritas para serem lidas com interesse a qualquer tempo. Contam histórias de personagens reais, a maioria escritores e poetas”, diz. O outro projeto é seu segundo livro de contos, que chama provisoriamente de O Livro Verde. “Já escrevi um dos contos e vou escrever outros em 2019, mas o livro provavelmente só será concluído em 2020 - ou depois…” 

Trecho: 

A vida com Sêneca (publicada na revista Época)

Conheci o escritor português Gonçalo M. Tavares na Feira do Livro de Guadalajara, no México. Ele participava de uma mesa de literatura europeia contemporânea com escritores que não tinham nada a ver uns com os outros além do fato de morarem no mesmo continente. Um desses escritores era a sueca Camilla Läckberg, autora de romances policiais com mais de 20 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo. O esforçado mediador perguntou aos participantes da mesa o que eles recomendariam como leitura aos jovens estudantes da rede pública que formavam a maioria da plateia. Läckberg respondeu que desde pequena lia de tudo, da Ilíada a Sidney Sheldon, e que um bom leitor não deve ter preconceitos e ler desde os clássicos até os livros mais descartáveis. A resposta foi aplaudida efusivamente pelo auditório. Ao chegar a vez do Gonçalo, ele disse que sempre se espanta quando encontra alguém que lê livros ruins, porque somos todos mortais e, portanto, não teremos tempo para ler todos os livros do mundo. Assim, se há tantos livros bons para ler e uma pessoa escolhe ler livros ruins, ela se comporta como se tivesse tempo de sobra; como se fosse imortal. “Então, quando conheço uma pessoa que lê livros ruins, tenho vontade de dizer: muito prazer, é a primeira vez que encontro um imortal”, disse ele ao concluir sua fala, produzindo um silêncio perplexo na plateia.

 

Gustavo Pacheco
 
Gustavo Pacheco foi uma das grandes revelações da literatura brasileira em 2018 Foto: Walter Craveiro

 

  • Schneider Carpeggiani indica: Socorro Accioli

Schneider Carpeggiani: “Eu indico o novo romance da escritora cearense Socorro Acioli, o primeiro quase cinco anos após o elogiado Cabeça de Santo. Ela tem me contado muito sobre o processo de composição da obra que parte da história real de uma igreja no Ceará, na região dos índios Tremembés, que ficou enterrada por mais de 40 anos. O nome deve ser Oração para Desaparecer. Em termos de literatura estrangeira, a Todavia prometeu o segundo volume dos diários de Ricardo Piglia"

*Schneider Carpeggiani é editor do jornal literário Suplemento Pernambuco e doutor em teoria literária pela UFPE.

Planos de Socorro Acioli: Socorro tem quatro novos projetos para 2019. Dois livros saem pelo selo Seguinte: um teórico e prático sobre construção de narrativas e um romance juvenil, Ópera do Medo, ambientado no Theatro Municipal de São Paulo. Em abril, a editora Dummar lança Sobre os Felizes, reunião de 50 textos publicados no jornal O Povo entre 2015 e 2019. O quarto é Oração para Desaparecer. “O romance é fundamentado na mística dos Tremembés de Almofala, os legítimos donos da terra, homens e mulheres de grande valor, com um repertório de fé, costumes e vivência que admiro profundamente”, diz Socorro. Abaixo, um trecho do romance inédito.

Trecho:

Oração para Desaparecer 

Capitulo 1 - Os ossos de Rosa não estão lá

Os pesadelos voltaram. Sonhei de novo com a cena do meu desespero, atravessando aquela horda de loucos, gritando mais alto que eles, para anunciar que não encontrei os ossos de Rosa na igreja. Os ossos de Rosa não estão lá, era o que eu dizia, a frase final do mistério que cobriu a todos nós e devorou minha vida. Acordei assombrado com a lembrança dos olhos esbugalhados e as palavras que atiravam em direção à minha desgraça. Só na manhã seguinte vi ao espelho o quanto minha imagem era aterradora, piorada pela confusão que a lua cheia evoca. Nos pesadelos eu vejo tudo, vejo a mim e aos outros naquela noite que o destino nunca teve a decência de me explicar.

Duas coisas me causam estranhamento hoje. Primeiro, o fato de voltar a ter pesadelos justamente quando eu vinha me sentindo bem, depois de tanto tempo. Melhorei nos últimos meses, mas hoje posso até dizer que chegou aqui uma alegria. Não saiu de dentro de mim, veio de fora e entrou. Esquecer minha tragédia será impossível, eu sempre soube. Mas ao menos consegui sentir algo bom que há anos não me tocava. Sem motivo algum, veio como se fosse brisa do mar de Almofala, um beijo do Vento Leste, uma tontura feliz, um estremecimento, já não sei explicar coisas boas. Sei falar muito bem, porque é isso que venho fazendo até aqui, do quanto é devastador sofrer pelo coração. Do quanto é incontrolável a dor de amar alguém com devoção e desejo, do quanto o corpo nunca esquece quem se entregou plenamente, com todas a pele, as células, da leveza ao êxtase.  Do absurdo que é viver sem saber o que decidir diante dos grandes impasses. Posso levar horas percorrendo devaneios sobre as injustiças. A felicidade exige uma coragem que  eu não tive, não tenho, nunca mais terei. Eu perdi tudo.

 

Socorro Acioli
 
A escritora cearense Socorro Acioli terá um ano cheio em 2019 Foto: Renato Parada/Companhia das Letras

 

  • Heloísa Buarque de Hollanda indica: Adelaide Ivánova

Heloísa Buarque de Hollanda: “Adelaide já é o que se poderia chamar de poeta madura. Domínio total de sua linguagem ao lado de uma enorme coragem de abrir a caixa preta dos não-ditos das mulheres hoje, usando como instrumento poético sua própria experiência e seu próprio corpo. Intuo que Adelaide já é a grande referência da poesia da novíssima geração de poetas.”

*Heloísa Buarque de Hollanda é escritora e professora emérita da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Planos de Adelaide Ivánova: Dois livros saem em março, pela editora Macondo, de Juiz de Fora. Polaróides é na verdade seu primeiro livro de poesia, publicado em formato digital em 2014, que agora ganha forma física, com textos inéditos. 13 Nudes sai ao mesmo tempo, um “livrinho fofo de amor”, segundo a autora, com um posfácio experimental de Érica Zíngano. A editora de Adelaide, a bola.gato verlag, vai ganhar site e os trabalhos da autora estarão lá disponíveis. “Fora isso continuar trabalhando pra pagar minhas conta, tentando desmantelar o patriarcado neoliberal”, afirma.

Trecho (três poemas inéditos):

A língua

pra Italo

Quebro aqui, menino, este silêncio, que

dez burocráticos anos já dura, evitando até

esta noite memória vazia de doçura,

mas que agora só me impediria de falar


contigo. E já que és tão poeta e tão bonito,

reavivo do trauma e do algoz a língua

materna, não porque tenho algo a te dizer

mas porque a carne que lembra também


sofre de amnésia. Hoje eu quero desarticular

medo, tristeza e regra, afinar com o meu o

teu desejo, falar putaria na cama naquele


idioma que há muito abandonei, pois se a língua

do inimigo é a única que dominas que seja essa

minha vingança: treparei contigo em português.


pro meu amante, quando atinge a maioridade

pra Ewout

meu bem, o meu lugar é onde você quer que ele seja

belchior

saiba que você chegou no dia

que belchior morreu e que eu

dei pausa no 'coração selvagem'

pra te ouvir falar – e deus

você fala mais do que o homem

da cobra – e que isso se chama

amor, de certo modo


você saía de dentro da sua mãe

enquanto eu cheirava loló

e ouvia chico science nas ruas

de uma cidade latinoamericana

da qual você nunca ouviria falar

até me conhecer, 20 anos depois


que bom que você está aqui

e posso testemunhar esse ano

a mais nos seus ossos

que parecem continuar crescendo,

como sua crina, o mato que

eu mais amo, e que bom que sou

eu quem vai cortá-lo, porque

você me deu a honra


é seu aniversário de 21 anos

eu te olho abismada

não fico exatamente feliz

e você deve sentir

pena de mim também

talvez


mas não é isso que une todos

os amantes, a tristeza?


os anos noventa

você não estava lá nas coisas mais decisivas da minha vida

mas é assim mesmo: historiadores e arqueólogos

nunca estiveram presentes pra testemunhar

os acontecimentos isso fazem os jornalistas e os


videntes você era apenas um menino quando

kurt cobain morreu nem poderia ainda saber o dano

que causaria sua existência de crisálida taurino e

primaveril quando meu destino cruzasse com o seu


e andaríamos de mãos dadas e suando verão afora

como se fosse o primeiro (e era) berlim não era

tão esplendorosa quantos seu cachos jakob mas você

nunca soube o que foi ter 16 anos em recife na década


de noventa FHC presidente desemprego torneiras secas

filariose cólera sem vale do rio doce mas tinha chico science

abril pro rock o pior é agora não tem berlim não tem recife

não tem chico science não tem kurt cobain nem você mas FHC 

ainda tem

 

Adelaide Ivánova

Adelaide Ivánova vem se afirmando com sua voz poética original e potente Foto: Walter Craveiro

 

  • Walnice Nogueira Galvão indica: Eugenia Zerbini

Walnice Nogueira Galvão: “Aguarde em 2019 um romance biográfico sobre nossa imperatriz Teresa Cristina, uma mulher interessantíssima, esposa de D. Pedro II, que está sendo escrito por Eugenia Zerbini. Esta escreve bem, é culta e inteligente, e se dedica há anos a uma vasta pesquisa, que a levou até Nápoles, entre outros lugares, para palmilhar a trajetória da imperatriz. Eugênia ganhou o prêmio Sesc com seu romance de estreia, As Netas de Emma (sendo Emma a Mme. Bovary), em 2005, tendo depois publicado dois livros de contos, Luciferina e Harém.” 

*Walnice Nogueira Galvão é crítica literária e professora emérita da FFLCH-USP.

Planos de Eugenia Zerbini: “Existe um dito segundo o qual Nações felizes e mulheres honestas não tem história. Aceitei esse desafio. Princesa napolitana, Teresa Cristina é popularmente lembrada apenas pela decepção que causou no jovem imperador, por ser pouco bonita, além de mancar. Em Para Você Se Lembrar De Mim (título provisório) fui além disso”, explica a escritora. Ela acredita que há um olhar atual no texto ao ter refeito o início do romance, “fazendo a imperatriz assistir ao incêndio que destruiu o Museu Nacional, originalmente Paço de São Cristovão, sua casa, local onde morou”. Teresa Cristina nasceu em 1822 e faleceu em 1889, coincidindo seus 67 anos de vida com o período que durou o império brasileiro. O livro está em negociação com uma editora.

Trecho:

Início do romance Para Você Se Lembrar De Mim (inédito)

Atravesso o cerco das labaredas para ver de perto o museu arder. Meu coração - até então frio com o sopro do Eterno - queima junto com ele.  Antes que o telhado caia, lanço-me em direção ao andar superior, procurando meu oratório. Busco com os olhos o teto abobadado com a pomba do Espírito Santo pintada ao meio. Criador meu, tudo isso era mesmo necessário? 

Meu olhar confunde-se na fumaça, que me tolhe a visão. O que me é permitido identificar, na parede lateral, são os vitrais que me foram presenteados por meu marido. Dante e Beatriz em um deles; Torquato e Eleonora no outro. Esse meu olhar será o último que irão receber. Em segundos, o vidro colorido estilhaça, sem que o ruído da explosão me cause espanto. Fora a mim, creio que não irão fazer falta a mais ninguém. Em meio ao descaso e incúria, quem teria interesse em se debruçar sobre a leitura da “Divina comédia” ou “Jerusalém libertada”? O teto desaba.

O que me resta é deslizar por todos os espaços que, embora redesenhados depois de minha partida, reconheço como meus. Esta foi minha casa, antes de ser museu. Mais que minha casa, esse foi meu lar. Meu lar, com as alegrias, tristeza e mal-entendidos que o termo comporta. Passo os olhos ao redor desse meu mundo que arde.

Os deuses podem ter concedido o fogo aos homens, mas com ele veio também o grande incêndio. Neste momento, tudo o que foi meu queima. Do mesmo modo que ardeu Pompéia um dia, vizinha à minha Nápoles natal, de onde me chegavam tantas belas peças antigas, valiosas, enviadas por meu querido irmão, o rei. Itens que, poupados do apetite das lavas do Vesúvio, vieram encontrar jazigo perpétuo nas cinzas do descuido, às margens da baía da Guanabara - o seio do mar, como a chamavam os índios tupis. Ninguém foge aos ditos do Destino. Meu consolo é ter escutado que a morte pelo fogo é a menos solitária das mortes porque nele não terminamos, nos transformamos.  Não é possível transformar-me em chama. Estou morta há 130 anos.

 

Eugenia Zerbini

Eugenia Zerbini está negociando seu romance histórico com uma grande editora  Foto: Iara Morselli/Estadão

 

  • Marcelino Freire indica: Sued Hosana

Marcelino Freire: “Minha indicação vai ser diferente.

Explico: tenho acompanhado muito o movimento da poesia falada.

O movimento de poetas que não têm livros publicados — por enquanto.

A poesia é publicada pela fala (vide o sucesso do filme Levante).

Recentemente, na Balada Literária em Salvador, dentro do Sarau da Diversidade, conheci a poesia de Sued Hosana.

Uma poesia que fala com o corpo, a voz, a cabeça erguida, o olho aceso.

Ele (é um rapaz que se denomina "não-binário") foi ovacionado pela platéia, que pouco conhecia sobre este poeta baiano, estudante da UFBA.

Quero trazê-lo em breve para São Paulo. Com certeza, ele irá impactar no circuito de saraus e slams.

Indicando a Sued Hosana, quero falar da força da poesia com temática GLBT e dizer que a literatura que tem sacudido o País (e que tem me interessado mais) é a literatura feita nessas quebradas — movimento dos saraus e batalhas e slams de resistência.

É isso. 

Em resumo: Sued vai dar o que "falar" dentro do circuito de poesia "falada". 

A literatura que cada vez mais me interessa vem daí.”

*Marcelino Freire é escritor, autor de, entre outros, Bagageiro (Record, 2018).

Planos de Sued Hosana: “Sou uma preta bisha-travesty como diria Linn da Quebrada, estudante de pedagogia, cantora, escritora, poetisa e performista”, apresenta-se Sued Hosana, direto de Salvador. Ela conta que a relação com a literatura começou no ensino fundamental, e a vontade de criar suas próprias histórias a levou para a composição de letras de música e poesia. Além da atuação no slam, ela faz parte do coletivo MAMBXS, “uma banda perfopoliticomusical”, que trata de questões de raça, gênero, sexualidade por meio da música negra, e com esse projeto pretende lançar, em 2019, clipe e música.

Trecho:

Trecho de KATANA

Ah minha palavra é tipo katana cortando as bananas que tentaram me jogar 

Bacana! 

minha mente insana não deseja fama nem grana, mas revolucionar nação

As preta pari e nos gera essa geração 

e tô na visão antes que seja tarde 

construindo união com muita coragem 

se aponta o dedo só pra preto 

a cara nem arde 

COVARDE! 

não tô aqui brincando, não tô aqui de biscoitagem

e as miragem branca a gente já sabe 

cabe a mente firme e pouca si passagi 

a vida cobra 

não temos cota

pra essa passagem 

se toca meritocracia 

é uma viagem 

casa cheia 

barriga vazia 

a fome é a linguagem 

a fome é da linguagem”

 

Sued Hosana
 
Direto de Salvador, Sued Hosana se destaca na cena de poesia falada da cidade  Foto: Arquivo Pessoal

 

Jurados - Promessas 2019
Os 'jurados': Silviano Santiago, Schneider Carpeggiani, Ana Paula Maia, Heloísa Buarque de Hollanda,
Walnice Nogueira Galvão e Marcelino Freire

Estadão quinta, 10 de janeiro de 2019

GUINADA PARA O RETROCESSO

 

Guinada para o retrocesso

A tal “guinada” liderada pelo chanceler Ernesto Araújo tem potencial para acabar de vez com o que ainda resta da boa reputação do Brasil no mundo civilizado

Notas e Informações, O Estado de S.Paulo

10 Janeiro 2019 | 03h00

 

O sombrio ideário que até agora se afigurava como um prenúncio de retrocesso na política externa brasileira começou a se concretizar em medidas do governo do presidente Jair Bolsonaro. A menos que haja profunda reflexão no Palácio do Planalto e no Itamaraty sobre os seus efeitos nocivos, a tal “guinada” liderada pelo chanceler Ernesto Araújo – que bem poderia ser chamada de “cruzada” – tem potencial para acabar de vez com o que ainda resta da boa reputação do Brasil no mundo civilizado.

 A Organização das Nações Unidas (ONU) foi comunicada oficialmente pelo governo brasileiro, na terça-feira passada, de que o País está fora do Pacto Global pela Imigração, ao qual o Brasil havia aderido no dia 10 de dezembro do ano passado. A saída do pacto, por si só muito ruim para o País e, principalmente, para os cerca de 3 milhões de brasileiros que vivem no exterior – mais que o dobro do número de imigrantes estrangeiros que vivem aqui –, é ainda pior pela razão alegada pelo governo: o pacto violaria a soberania nacional.

“A defesa da soberania nacional foi uma das bandeiras de nossa campanha e será uma prioridade do nosso governo. Os brasileiros e os imigrantes que aqui vivem estarão mais seguros com as regras que definiremos por conta própria, sem pressão do exterior”, escreveu o presidente Jair Bolsonaro no Twitter.

 Em primeiro lugar, caso o presidente da República estivesse tão preocupado com a soberania nacional não teria sequer aventado a possibilidade de ceder uma porção de nosso território para uma base militar dos Estados Unidos no País, como o fez em entrevista ao SBT. Em segundo lugar, o chamado Pacto de Marrakesh não viola a soberania nacional. Aliás, diga-se que a decisão de aderir ao pacto foi um ato soberano do Estado brasileiro, então representado pelo ex-chanceler Aloysio Nunes.

O Pacto de Marrakesh foi aprovado por 160 das 195 nações que fazem parte da ONU. No início de dezembro, o ex-chanceler Aloysio Nunes foi enfático ao defender a adesão do Brasil. “Eu o aprovei porque ele simplesmente contém recomendações de cooperação internacional para combater a migração irregular e conferir tratamento digno aos migrantes, entre os quais cerca de 3 milhões de brasileiros que vivem no exterior”, disse o ex-ministro das Relações Exteriores. É exatamente disso que se trata. O título integral do acordo fala por si só: Pacto Global da ONU para Migração Segura, Ordenada e Regular.

Ao contrário do que dizem seus críticos, o pacto não propugna a abertura irrestrita de todas as fronteiras das nações signatárias a todo e qualquer imigrante. O documento é taxativo ao afirmar o “direito soberano dos Estados de determinar suas próprias políticas de migração e suas prerrogativas para governar a migração dentro de sua jurisdição, em conformidade com as normas do direito internacional”. Vale dizer, o Pacto de Marrakesh é um conjunto de propostas para que as nações lidem melhor com o aumento do fluxo migratório que tem sido observado em função de crises econômicas, guerras, perseguições étnicas e religiosas, etc.

O impressionante número de nações subscritoras, por sua vez, também é eloquente sinal da oportunidade de um acordo que se presta a lidar com um problema gravíssimo que, sim, é uma questão que deve ser enfrentada como um desafio global, e não um problema restrito a determinados países, como crê o chanceler Ernesto Araújo.

O pacto se coaduna com os princípios da Constituição e, em especial, com a Lei n.° 13.445/2017, a Lei da Migração. Ademais, os princípios e garantias que regem a política migratória brasileira estão de acordo com seus termos. Ou seja, negar o acordo firmado soberanamente pelo Brasil, para além do embaraço, é o mesmo que negar o que determina uma lei aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente da República.

Somos uma Nação forjada pelo trabalho incansável de brasileiros e estrangeiros que aqui convivem em harmonia poucas vezes vista em outros países. Aqui prevalece o espírito de tolerância. Não é republicano encabrestar uma história secular de acolhimento e multiculturalismo em função do viés ideológico do governo de turno.


Estadão quarta, 09 de janeiro de 2019

QUARTETO DE BOXEADORES BRASILEIROS TRABALHAM PELO TÍTULO MUNDIAL

 

Quarteto de boxeadores brasileiros trabalha pelo título mundial

Esquiva Falcão, Yamaguchi Falcão, Patrick Teixeira e Robson Conceição lutam no início de ano e podem ter a chance de disputar o cinturão em 2019 

Wilson Baldini Jr., O Estado de S.Paulo

09 Janeiro 2019 | 04h30

 

O boxe brasileiro tem a possibilidade de retornar aos grandes eventos internacionais em 2019. Esquiva FalcãoYamaguchi FalcãoPatrick Teixeira e Robson Conceição são nomes cogitados para enfrentar os melhores representantes do mundo em suas categorias nos próximos meses.

 

Esquiva Falcão, ranqueado nas principais organizações do boxe, deve lutar em 20 de abril, nos EUA. Em caso de vitória, poderá enfrentar no segundo semestre o norte-americano Rob Brant, campeão dos médios da Associação Mundial de Boxe. “A ideia é essa e estamos negociando para isso”, afirmou Sergio Batarelli, conselheiro do boxeador. “Eu estou pronto para buscar o título”, disse Esquiva.

 

Esquiva Falcão
 
Esquiva Falcão tem chance de disputar o título mundial ainda neste ano Foto: Jayne Kamin-Oncea/USA Today Sports
 

Medalha de prata em Londres-2012, Esquiva ficou muito perto de uma chance pelo título. Ele era o principal nome para enfrentar Ryota Murata, que o venceu na final olímpica, mas o japonês perdeu para Brant em outubro e o duelo foi adiado.

 

 

Patrick Teixeira viaja este mês para os EUA, onde inicia treinamento para sua luta de março, ainda sem rival definido. A intenção é que ele faça esse combate, permaneça no exterior e dispute o título mundial até julho. “Temos reunião nos próximos dias com a Golden Boy (empresa quem em o lutador sob contrato)”, afirmou Patrick Nascimento, seu empresário.

Já Robson Conceição, campeão olímpico na Rio-2016, luta dia 18, em Verona, Nova York, e tem como meta desafiar um campeão dos penas, uma categoria abaixo da qual se apresenta atualmente. “Este vai ser meu ano”, afirmou o baiano. Batarelli, que também orienta Conceição, revelou que o boxeador deve fazer cinco lutas em 2019. “Vai depender dele. Se fizer três lutas muito boas, poderá disputar o título ainda este ano.”

Futuro papai, Yamaguchi Falcão também busca uma oportunidade de disputar o título. Sexto colocado no ranking do Conselho Mundial entre os médios, o medalha de bronze em Londres-2012 esteve próximo de enfrentar o norte-americano Demetrius Andrade, atual campeão mundial, mas as negociações não foram fechadas.

“Sabiam que Esquiva e Yamaguchi iriam ganhar medalha na Olimpíada e agora sei que eles vão ganhar o título mundial. Chegou a hora. Eles já estão na idade de serem campeões. Podem colocar qualquer um na frente deles”, disse Touro Moreno, pai dos pugilistas.

Rose Volante x Katie Taylor?

Mas o combate de maior impacto para o boxe do País pode ser entre Rose Volante e Katie Taylor. A brasileira é a atual campeã dos pesos leves da Organização Mundial de Boxe e tem contatos para encarar a irlandesa dona dos cinturões da Associação Mundial e Federação Internacional de Boxe. “Quero todos os títulos em 2019”, disse Taylor, pentacampeã amadora e ouro em Londres-2012. “A luta vai sair e nós estamos preparados”, disse Felipe Moledas, técnico de Rose. “Eu também quero esta luta”, afirmou a pugilista, que mora em Santos e ostenta o título desde dezembro de 2017.

Um duelo entre Rose e Taylor pode ser realizado em grandes centros como Nova York, Londres ou Las Vegas, pois a pugilista europeia tem contrato com Eddie Hearn, um dos homens mais poderosos da nobre arte atual, que cuida da carreira, por exemplo, de Anthony Joshua.


Estadão segunda, 07 de janeiro de 2019

ALÉM DE MARUN, ITAIPU TEM EX-MULHER DE GILMAR MENDES

 

Além de Marun, Itaipu tem ex-mulher de Gilmar Mendes

Coluna do Estadão

06 Janeiro 2019 | 15h45

 

SINAIS PARTICULARES: Carlos Marun, ministro da articulação política; por Kleber Sales

 

Além do ex-ministro de Michel Temer, Carlos Marun, o governo tem outros cinco conselheiros na Itaipu Binacional.

Entre eles, está Samantha Meyer, ex-mulher do ministro Gilmar Mendes, e Orlando Pessuti, ex-governador do Paraná.

No apagar das luzes, o ex-presidente Michel Temer nomeou o então ministro da Secretaria de Governo para o Conselho da Itaipu Binacional. O posto garantiria salário de R$ 27 mil para participar de uma reunião a cada dois meses.

A Coluna revelou que, ao saber da nomeação, o presidente Jair Bolsonaro ficou contrariado e determinou a revisão do ato. Acabou mudando de ideia após ser informado por sua assessoria jurídica de que, por se tratar de um “ato jurídico perfeito”, a nomeação não poderia ser revogada.

Até o momento, Marun segue no cargo, mesmo havendo uma brecha no estatuto da empresa que permite sua exoneração.

 


Estadão sábado, 05 de janeiro de 2019

FORÇA NACIONAL NO CEARÁ

 

Força Nacional começa a atuar neste sábado no Ceará

Foram registrados ataques a prédios, bancos e ônibus no interior do Estado e na capital

Redação, O Estado de S.Paulo

05 Janeiro 2019 | 06h00

 

 

Força Nacional começa a atuar neste sábado no Ceará
 
Ônibus foram incendiados na capital e na região metropolitana  Foto: AP Photo/Alex Gomes/O Povo
 

Agentes da Força Nacional começam a atuar no Ceará neste sábado, 4, após pedido do governador do Estado, Camilo Santana (PT), ao ministro Sérgio Moro, da pasta de Justiça e Segurança Pública. O Ceará registrou nos últimos dias uma onda de ataques a prédios, bancos e ônibus no interior e na capital.  

Moro autorizou nesta sexta-feira, 4, o envio de 300 agentes da Força Nacional ao Estado. No dia anterior, ele havia negado o deslocamento imediato dos agentes. Além da tropa, que vai ficar 30 dias no Ceará, serão enviadas 30 viaturas. 

 Já o governo estadual empossou nesta sexta 373 novos policiais militares, que vão reforçar o patrulhamento nas ruas e 34 policiais rodoviários federais, nas BRs. Outro reforço veio do governo baiano, que mandou 100 PMs.

Ataques

Nesta sexta-feira, os alvos dos ataques se espalharam da Grande Fortaleza para o interior. Houve ataques a prédios públicos, como a prefeitura de Maracanaú, na região metropolitana, agências bancárias e a tentativa de explosão de um viaduto. Mais de 40 veículos - carros, ônibus, caminhões e até trator - foram queimados. Os bandidos têm usado galões de combustível e coquetéis molotov para cometer os crimes.

Em Fortaleza, o comércio de rua fechou nesta sexta até duas horas mais cedo. Dois dos terminais mais movimentados da capital também não funcionaram à tarde.

A partir deste sábado, para garantir a circulação, os ônibus deverão ser escoltados por policiais militares dentro dos veículos. Os PMs acompanharão 33 linhas em Fortaleza e quatro na região metropolitana, segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará.

Na capital, três agentes fardados deverão ficar no interior de cada coletivo. Já em Maracanaú e Caucaia, na região metropolitana, três policiais acompanharão os ônibus em motocicletas. Haverá ainda agentes à paisana dentro dos coletivos. 

Facções criminosas

Segundo o governo cearense, as investigações apontam que as ordens dos ataques partiram das facções Comando Vermelho e da Guardiões do Estado, que estavam em conflito até a semana passada, mas tentam pressionar o Estado. Os crimes aconteceram um dia após o secretário da recém-criada pasta de Administração Penitenciária, Luís Mauro Albuquerque, ter dito que não reconhecia facções e que não iria mais separar presos de acordo com a ligação com esses grupos. 


Estadão quinta, 03 de janeiro de 2019

20 VINHOS DE ATÉ 100 REAIS

 

Pensando nisso, o Clube Paladar selecionou 20 rótulos abaixo de R$100 que vão certamente animar o seu Natal e Ano Novo.

Para praia e piscina, espumantes, brancos e rosés de grande frescor e, na grelha, tintos de variados estilos, uvas e origens, que combinam com corte bovinos, carnes de porco, frango e linguiças variadas.


ESPUMANTES

Nocturno Brut
Aromas de frutas frescas como pêssego e maçã verde. No paladar, é vívido e fresco.
R$ 44,90 – Para assinantes – R$ 40,41

Nocturno Brut Rosé
Um espumante rosé frutado e floral, com notas de cereja, uma linda tonalidade e um toque de rosas. Frescor e acidez na medida.
R$ 44,90 – Para assinantes – R$ 40,41

Terra Serena Prosecco Treviso DOC
Deliciosamente cremoso e fresco, suas borbulhas são perfeitas para comidinhas, brindes e celebrações
Preço: R$ 84,90 – Para assinantes – R$ 76,41


BRANCOS

Casal Branco Terra de Lobos Corte 2015
Um vinho fácil, fresco e leve, daqueles para qualquer momento. Aromas de notas florais e um toque frutado. Em boca, é jovem e frutado.
R$ 69,90 – Para assinantes – R$ 62,91

 

Algairen Macabeo

Um branco espanhol fresco, perfumado e harmonioso.As notas de flores e frutas brancas saem da taça já na primeira giradinha. No paladar é ácido e suculento. Acompanha frutos do mar e petiscos.

R$ 49,90 – Para assinantes – R$ 44,91

 

Miluna Bianco Puglia IGP 2017
Aromas florais deliciosos, com notas de pêssego e abacaxi, perfeito para servir mais geladinho e bebericar com ou sem acompanhamento na praia ou à beira da piscina. Vai bem com queijos leves e espetinho de camarão.
R$ 49,90 – Para assinantes – R$ 44,91


ROSÉS

Mancura Etnia Rosé 2017
Seu aroma lembra o de frutas vermelhas, como amora e framboesas. Com deliciosa acidez e frescor
R$ 49,90 – Para assinantes – R$ 44,91

 

San Marzano Tramari Primitivo Salento IGP 2017
Sua tonalidade já chama a atenção na prateleira. Surpreenda-se com esse rosé sedutor e elegante. Aromas de frutas silvestres, como morango e cereja. No paladar, é saboroso e fresco, perfeito para frutos do mar e saladas variadas
R$ 84,90 – Para assinantes – R$ 76,41

Chateau Bouisset 2016
Um rose claro e cristalino. Aroma intenso de frutas vermelhas e paladar fresco e frutado. Ótimo para tapas e canapés.
R$ 84,90 – Para assinantes – R$ 76,41


TINTOS
Paraje de Titos 2015
Aroma de ameixas maduras e ervas. No paladar, é mineral e frutado, perfeito para cortes magros de carne bovina na grelha.
R$ 89,90 – Para assinantes – R$ 80,91
Vistamar Sepia Cabernet Sauvignon Reserva 2015
Este exemplar chileno apresenta características típicas de seu terroir em aromas de ameixas, cerejas, pimentas e ervas secas. Na boca, tem médio corpo, taninos macios e bom frescor.

R$ 79,90 – Para assinantes R$ 71,91

 

Leyda Syrah Reserva 2015
Aromas de frutas vermelhas maduras e um toque de pimenta-rosa. No paladar é frutado, mineral e com muito frescor. Perfeito para um lombo suíno grelhado com ervas e balsâmico ou um galeto na brasa.
Preço: R$ 74,90 – Para assinantes – R$ 67,41
Terra Mazzei 2013
Um corte inusitado de Nero d’Ávola, Sangiovese, Merlot e Alicante, para o paladar, ótima acidez e taninos na medida o que torma ótimo para cortes como chuleta, picanha e asinha de frango.
Preço: R$ 79,90 – Para assinantes – R$ 71,91
Terrapura Carménère Classico 2017
UIm clássico Carménère chileno de excelente custo-qualidade, é opulento, robusto e com taninos polidos. Perfeito para cortes mas gordos, como picanha e cordeiro.
Preço: R$ 39,90 – Para assinantes – R$ 35,91

 

Round Hill Merlot 2015
Um perfeito Merlot californiano, com aroma sedutor de franboesa e cranberry, com taninos aveludados e uma nota de chocolate. Vai bem com vários cortes para a grelha, como sobrecoxa de frango, picanha e maminha.
R$ 89,90 – Para assinantes – R$ 80,91
Amancay Malbec 2017
Aroma intenso de ameixa e notas de violeta, No paladar é macio e suculento, com taninos na medida e boa persistência, fazendo bonito com uma picanha ou lingüiça calabresa na grelha.
Preço: R$ 59,90 – Para assinantes – R$ 53,91
Algairen Tempranillo 2017
Um típico Tempranillo espanhol, com aromas frutados de framboesas e morangos. No paladar, é redondo, macio e com ótima acidez.
Preço: R$ 49,90 – Para assinantes – R$ 44,91
Pizzorno Tannat Reserva
Um clássico Tannat uruguaio, vívido e encorpado, com 12 meses em carvalho, tem aromas de frutas negras, carvalho e uma nota de caramelo, é perfeito para cortes mais gordos, como cordeiro e cupim com bom marmoreio
Preço: R$ 74,90 – Para assinantes – R$ 67,41
Mazzei Belguardo Serrata Toscana IGT 2012
Produzido com as uvas Sangiovese e Alicante, é um vinho inovador, com aromas de ervas frescas e frutas. No paladar, um toque de chocolate e frutas em compota e acompanha bem com muitos cortes bovinos na grelha e lingüiça calabresa.
Preço: R$ 99,90 – Para assinantes – R$ 89,91
Zorzal Terroir Único Cabernet Sauvignon 2014
Um dos melhores Cabernets argentinos nesta faixa de preço.Versátil, combina muito bem com contra filé, costela no bafo ou algo diferente, como um brisquet (peito bovino assado lentamente).
Preço: R$ 94,90 – Para assinantes – R$ 85,41

Estadão quarta, 02 de janeiro de 2019

BOLSONARO QUER ANULAR IDA DE MARUN PARA ITAIPU

 

Bolsonaro quer anular ida de Marun para Itaipu

Coluna do Estadão

02 Janeiro 2019 | 05h00

 

Carlos Marun, ex-ministro de Temer FOTO: DIDA SAMPAIO/ ESTADAO

 

O presidente Jair Bolsonaro vai rever o ato de seu antecessor, Michel Temer, que nomeou no último dia do seu governo o ex-ministro Carlos Marun para o conselho da Itaipu Binacional, com mandato até 2020. Ontem pela manhã, antes de tomar posse, Bolsonaro disse a interlocutores que não gostou da atitude de Temer, tomada no apagar das luzes e que contraria sua decisão de nomear técnicos também no segundo escalão. O cargo garantiria a Marun, articulador político de Temer, salário de R$ 27 mil para participar de reuniões bimestrais.

Plano B. Marun foi avisado de que sua nomeação deve ser anulada. Se isso acontecer, ele volta à Câmara dos Deputados para cumprir seu mandato até o próximo dia 31, quando acaba a legislatura. O ex-ministro não tentou a reeleição.

 Vou ali. Superministro da Economia, Paulo Guedes se viu cercado por deputados que puxavam conversa enquanto aguardavam a chegada de Bolsonaro ao plenário da Câmara, ontem. Discretamente, ele se esquivou e foi sentar na última fileira do plenário, conseguindo evitar o assédio.

Trocando figurinhas. Apesar de o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ter dado carona para outros políticos no avião da FAB, Wilson Witzel e o juiz Marcelo Bretas, da Lava Jato, vieram conversando mais reservadamente durante a viagem.

Popstar. Dos 22 ministros de Bolsonaro que ontem tomaram posse coletiva, três foram os mais aplaudidos: Sérgio Moro (Justiça), general Heleno (GSI) e Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia).

A guerra… Populares que acompanharam a posse de Bolsonaro receberam um folheto assinado por uma entidade denominada Movimento Unidos pelo Brasil com recomendação para seus aliados vigiem a oposição. Um número de grupo de WhatsApp foi divulgado.

…continua. “Os eleitores de Bolsonaro permanecerão fiéis? Saberão se organizar para apoiá-lo contra truques sujos daqueles que não querem sair do poder? É preciso que cada um em seus Estados vigie seus deputados e senadores”, diz o folheto do movimento.


Estadão segunda, 31 de dezembro de 2018

MARCELA DEIXA CONSELHOS PARA MICHELLE

 

Na despedida, Marcela deixa conselho a Michelle

Coluna do Estadão

31 Dezembro 2018 | 05h00

  

Marcela Temer e Michelle Bolsonaro. Foto: Carolina Antunes/PR

Com atuação discreta, a primeira-dama Marcela Temer diz se despedir do posto com a sensação de dever cumprido. “Foi uma honra servir ao meu País. Nesta jornada incrível, conheci pessoas e projetos inspiradores”, contou à Coluna, numa rara declaração. Ela avalia que a sucessora, Michelle Bolsonaro, encontrará um País de “pessoas boas, que não medem esforços para garantir o bem-estar do próximo”. “Tenho a convicção de ela que fará um belo trabalho no fortalecimento de políticas para a primeira infância e de proteção às crianças”, aposta.

 
De Marcela… A primeira-dama comemorou a manutenção pelo governo Bolsonaro do programa Criança Feliz, do qual é embaixadora. Mais de 440 mil crianças e gestantes receberam orientações em casa sobre saúde e educação.

…para Michelle. “Acompanhei de perto uma dessas visitas e pude constatar que as orientações têm sido enriquecedores para o desenvolvimento das crianças”,

 

 

Ponto final. A primeira-dama deixou o Jaburu no último dia 15 sob aplausos dos funcionários e da equipe que a acompanhou por dois anos e meio. Marcela voltará à capital somente amanhã para passar o bastão à sucessora.


Estadão domingo, 30 de dezembro de 2018

RECEITAS DE ANO NOVO

 

Receitas de Ano Novo: o que comer na ceia de réveillon para trazer prosperidade

Conheça o significado de sete ingredientes que sempre estão presentes na mesa da Ano Novo e confira sugestões de receitas

26 dezembro 2018 | 18:38por Redação Paladar

O cardápio da ceia de réveillon pode variar ano após ano, mas alguns ingredientes raramente ficam de fora. E o motivo não é apenas o sabor, mas o significado.

 

Para a cultura popular, alguns alimentos são sinônimos de prosperidade e, por isso, se forem consumidos durante a ceia podem trazer sorte para os próximos 12 meses.

Como nem todos querem arriscar, não custa apostar em alguns talismãs gastronômicos na busca por um ano mais próspero. Confira o significado de sete ingredientes e suas respectivas sugestões de receitas.

1. Lentilha

A “lentilha da sorte” ou “da prosperidade” é um clássico da ceia de réveillon. A boa fortuna associada ao grão faz parte do Velho Testamento. Ao abdicar de seus direitos de primogênito por um prato de lentilha, Esaú, filho de Isaac e irmão de Jacó, tornou-se um homem rico. Na dúvida, uma colherada de lentilha não fará mal. Nossa sugestão: esse arroz de lentilha com gengibre e cebola caramelizada - veja a receita. 

 

Arroz com gengibre, lentilhas e cebola caramelizada feito pela chef Carolina Brandão

Arroz com gengibre, lentilhas e cebola caramelizada feito pela chef Carolina Brandão Foto: Felipe Rau|Estadão

 

 

2. Nozes

 

As nozes supostamente simbolizam fartura e santidade. Nem sempre são a estrela principal do prato, servindo também como elemento de decoração, mas podem ser um ingrediente delicioso. Um exemplo é a receita de bolo de tâmara, nozes e passas, uma boa pedida para a sobremesa da ceia de réveillon. 

 

 

Receita de bolo de tâmara, nozes e passas

Receita de bolo de tâmara, nozes e passas Foto: Daniel Teixeira|Estadão

  

3. Carne de porco

 

Em busca da boa sorte, as aves devem ser trocadas por outros tipos de carne, como a de porco, por exemplo. O motivo?  Elas são símbolos de má sorte, pois ciscam para trás (evocam o passado). Já o porco é um animal que fuça para frente e, por isso, não pode faltar no prato de quem deseja muita sorte e prosperidade no Ano Novo. Não esquecer também que, em muitas culturas, a gordura está associada à fartura e a riqueza. Uma sugestão para a ceia é o pernil laqueado com molho de limão e de maçã; veja a receita.

 

 

Receita de pernil de porco precoce laqueado com dois molhos

Receita de pernil de porco precoce laqueado com dois molhos Foto: Daniel Teixeira|Estadão

 

 

 

4. Romã

 

No Brasil, a romã está associada à riqueza. Tanto é que é usada em uma das simpatias mais tradicionais de ano-novo: sete sementes de romã guardadas na carteira para garantir um ano farto. Se precisar de um reforço extra, repita a ação no Dia de Reis (6 de janeiro), mas com apenas três caroços. A fruta pode servir como sobremesa ou também entrar nesta receita de tender, feito com melado da fruta e servido com salada de tomate e romã. 

 

 

Receita de tender com melado de romã e salada de tomate e romã

Receita de tender com melado de romã e salada de tomate e romã Foto: Daniel Teixeira|Estadão

 

 

 

5. Salmão

 

Símbolo de saúde, força e fertilidade, o salmão é um peixe conhecido por nadar contra corrente, quando volta do mar para a o rio de água doce, para procriar. O ato de força e resistência rendeu ao salmão um lugar no imaginário popular como um sinônimo de fertilidade e, claro, força. Na ceia ele também é uma alternativa à carne de porco. Veja a receita de salmão assado lentamente com caldo de laranja. 

 

 

Filé de salmão assado lentamente.

Filé de salmão assado lentamente. Foto: Clayton de Souza/Estadão

 

 

 

6. Uva

 

A do tipo niagara é a mais consumida nesta época, mas o que importa mesmo é que ela tenha caroço. Comer sete uvas e guardar sete sementinhas rende prosperidadepara o ano todo. Se quiser apostar ainda mais forte na fruta, tente fazer esta cuca de uva para a sobremesa da ceia

 

 

Cuca de uva

Cuca de uva Foto: Felipe Rau/Estadão

 

 

 

7. Cereja

 

Ela entrou na lista porque deixa qualquer mesa linda e é deliciosa. Mas como simboliza o amor, combina com os votos de um feliz ano novo. E, se a garantia para uma vida com mais amor se resumir a comer cereja durante a ceia, então, que tal apostar em uma torta de cerejas

 

 

Receita de torta de cerejas

Receita de torta de cerejas Foto: Roberto Seba|Estadão


Estadão sábado, 29 de dezembro de 2018

PT SINALIZA COM A VOLTA DO RADICALISMO NA GESTÃO BOLSONARO

 

Análise: PT sinaliza com a volta do radicalismo na gestão Bolsonaro

Os petistas imaginam que o governo de Bolsonaro não vai dar certo, e a estratégia é apostar na autodestruição do adversário 

Marcelo de Moraes, O Estado de S.Paulo

29 Dezembro 2018 | 05h00

 

A decisão de boicotar a posse de Jair Bolsonaro exibe muito mais do que apenas um comportamento de mau perdedor dos petistas. O movimento do PT, feito de forma estudada, deixa claro que o partido fará sempre oposição radical ao futuro governo. Independentemente da proposta que estiver sob a mesa de votação, os petistas sinalizam que a ordem foi dada: se Bolsonaro apoiar um projeto – qualquer projeto – o PT estará do lado oposto. E isso indica que a aprovação de votações difíceis, como a reforma da Previdência, enfrentará feroz oposição quando forem discutidas.

 Se estivessem apenas incomodados com a festa do adversário, bastava aos petistas não aparecer em Brasília. Quem notaria ou ligaria para essa ausência numa festa celebrada por rivais? Mas o PT fez questão de divulgar um comunicado oficial avisando que faria o boicote. Ou seja: era importante marcar esta posição. A ideia é rivalizar e polarizar com Bolsonaro. Se o futuro governo não decolar, o PT estará bem posicionado para tentar voltar ao Planalto. Se Bolsonaro for bem, segue o jogo com o PT buscando maior protagonismo no campo da oposição.

O PT tem seus motivos para agir assim. O partido só teve bom desempenho eleitoral no Nordeste, onde elegeu quatro governadores: Rui Costa (BA), Fátima Bezerra (RN), Wellington Dias (PI) e Camilo Santana (CE). Nos maiores centros, fracassou. Pior: viu crescer o desempenho de outras forças de esquerda, como o PSOL, o PSB e, especialmente, o PDT, liderado por Ciro Gomes. Com Lula preso e fora do Planalto, o PT decidiu partir para uma reinvenção. E esse processo passa necessariamente pela ocupação de espaço de principal força de oposição.

Como os petistas imaginam que o governo de Bolsonaro não vai dar certo, a estratégia é apostar na autodestruição política do adversário e ocupar o espaço de principal alternativa de esquerda. Por isso, até uma simples malcriação antipática, como a do boicote à posse, passa a ser uma decisão estratégica. O PT mira na sua reconstrução interna e externa e parte para a adoção de um radicalismo dentro do Congresso contra Bolsonaro. Só assim, terá alguma chance de estruturar novamente uma campanha presidencial competitiva para buscar a retomada do poder perdido.

Estadão sexta, 28 de dezembro de 2018

MIÚCHA: A MULHER E A CANTORA VÃO FAZER FALTA

 

Análise: Miúcha, a mulher e a cantora vão fazer falta

Ela partiu nesta quinta, 27, aos 81 anos, vítima de um câncer

Julio Maria, O Estado de S.Paulo

27 Dezembro 2018 | 21h21

 Era como a seda, uma voz que chegava onde queria com o balbuciar dos cochichos e a leveza do vento. Miúcha era na vida o que cantava. Amorosa, leal, entregue, sorridente, da espécie de gente que gosta de gente. Irmã de Chico Buarque, filha de Sérgio, amiga de Vinicius, casada com João Gilberto, mãe de Bebel, jamais tirou proveito da poltrona de vista privilegiada na qual se sentou a vida toda e que lhe permitia ver tudo, onde quer que estivesse.
 

 

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Miúcha Foto: Reprodução

Miúcha vai fazer falta. Ela não resistiu ao câncer no pulmão e teve uma parada respiratória, partindo nesta quinta, 27, aos 81 anos, no Rio. O velório e enterro estão previstos para esta sexta, no Cemitério São João Batista.

 A cantora anda carente de certa reavaliação que a tire da zona reducionista de ‘uma das vozes da bossa nova’. Ela era mais que isso, apesar de ter tido seu material vocal todo esculpido na madeira de Tom Jobim, João Gilberto e Vinicius de Moraes. O álbum com Tom, o primeiro da dupla, de 1977, trazia o naturalismo do gênero sem sacrifícios da afinação, um equilíbrio raro que chamaria atenção dos críticos do jornal Le Monde. “Voz quente, afinação exata, grande poder de comunicação, Miúcha cantou com os grandes nomes da MPB, mas também com o americano Stan Getz e com o cubano Pablo Milanês.” Ela cantava e sorria, e seu canto vinha quase sempre com o sol dos bossa-novistas.

Antes da cantora, era a mulher. Mesmo como um ídolo distante, um totem inatingível, o baiano João Gilberto já fazia parte das partículas de seu oxigênio no dia em que ganhou uma bolsa de estudos e se mudou para Paris. A vida dividia-se então entre estudar História da Arte na Sorbonne de dia e seguir para as ruas noturnas de St Germain em busca de jazz e música brasileira. Em uma dessas noites, conheceu João Gilberto, apresentados por Violeta Parra, e tudo se deu rápido. Casados, seguiram para Nova York e tiveram a única menininha de uma união que duraria de 1965 a 1971: Bebel Gilberto. Em um raro dia, uma jornalista brasileira os visitou na residência da pequena Weehawken, em New Jersey, e, ali, a importância de Miúcha na vida de João Gilberto ficou escancarada.

A entrevista, por algum motivo que só os fantasmas de João podem explicar, era um tormento desde o início. Talvez pela soberba verbal da entrevistadora, Marilena Muller, talvez por uma já desenvolvida alergia aguda a entrevistas em geral, João se fechou e passou a olhar para o infinito diante das câmeras. Não se soltava nem diante de perguntas primárias. Quando parecia não conseguir mais dar sequência, chamou Heloísa, a própria Miúcha, para salvá-lo dos leões. Ela sentou-se a seu lado, sem muito mais do que ele a dizer a não ser abrir o sorriso e mostrar a pequena Bebel para as câmeras pela primeira vez. Deu certo, e Marilena Muller desistiu.

A primeira vez de Miúcha diante de um microfone foi um susto. Com o pai professor Sérgio Buarque de Holanda, que atendia a um convite para lecionar na Universidade de Roma, e mais os seis irmãos, dentre eles Chico Buarque, foi pequena para Roma viver uma época da qual se lembraria com carinho. As emissoras de rádio traziam para casa as novidades que apareciam no Festival de San Remo e o pai reservava momentos para interpretar em casa canções napolitanas cheias de exagero. Vinicius chegava às noites com histórias da vida de embaixador em Paris e o violão passava pelas mãos de quem sabia tocar.

Mas foi em uma daquelas noites que a família saiu para jantar no restaurante Osteria del’Orso que tudo aconteceu. Vinicius esperava os amigos no andar de cima da casa com um pianista que sabia tudo de seu repertório. Assim que a garotinha chegou a seu lado, ele ameaçou cantar algo, mas passou o microfone para a garota. E ela cantou, emocionada, e não se esqueceu mais daquela noite. 

Seu primeiro álbum viria mais tarde, em 1976, já separada de João Gilberto (de quem nunca se afastaria) e morando no Brasil. The Best of Two Worlds era um projeto mais de Stan Getz e João Gilberto, unindo mais uma vez os mundos de um bossa-novista, João, e um jazzista, Getz. A ficha técnica menciona ainda a percussão de Airto Moreira, o piano de Albert Dailey e os arranjos e o violão de Oscar Castro-Neves.

A voz de Miúcha (creditada corretamente como Heloísa Buarque de Hollanda) entrava sobretudo nos temas cantados em inglês e trazia um brilho inquestionável, contrapondo ao suingue de volume linear de João e ao sax reverencial de Getz. Os críticos da publicação Allmusic saíram logo em elogios. “No geral, esse é um álbum tão bom quanto o de Getz, entre seus melhores trabalhos, e sem dúvida iguala suas colaborações anteriores com Jobim e Gilberto.” E isso, vale lembrar, já era 1976, muito tempo depois dos anos de glória da bossa nova, em meados dos anos 1960.

A mulher Miúcha vai fazer falta a João Gilberto. Era ela o fiel da balança sobretudo em tempos de turbulência familiar, a escudeira de todas as tempestades, a voz mais sensata, um farol que parecia guiar personagens de uma história nem sempre regida pelo bom senso. Era Miúcha também quem tinha o tom perfeito para matar no peito e com as palavras certas a ansiedade dos jornalistas e de quem quer que procurasse João ao mesmo tempo em que fazia de tudo para preservá-lo. Atendia aos telefonemas elegantemente, oferecia algum alpiste aos questionamentos e se despedia com lealdade sem fornecer mais informações que colocassem em risco a preservação psicológica do cantor do qual estava separada havia mais de três décadas.

A gravação que fica em sua voz, por todos os 14 discos que lançou, é Pela Luz dos Olhos Teus, composta por Vinicius de Moraes e gravada em parceria com Jobim no disco de 1977. Miúcha viu vozes chegarem em outros tons, passarem por ela como tratores, serem endeusadas, receberem honrarias, faturarem prêmios em festivais e se tornarem divas. Viu cantoras sendo carregadas em tronos, ganhando carros de gravadoras, sendo procuradas pelos melhores compositores. Muitas se aproximaram com intenções diversas do irmão Chico, do pai Sérgio e do amor de sempre João, que, até o fim, só confiava em sua palavra. Mas poucas deixaram, além de interpretações fortes, uma dignidade tão impactante quanto a que Miúcha deixa transparecer quando canta como se fosse qualquer um de nós: “Quando a luz dos olhos meus / E a luz dos olhos teus / Resolvem se encontrar / Ai, que bom que isso é, meu Deus / Que frio que me dá / O encontro desse olhar / Mas se a luz dos olhos teus / Resiste aos olhos meus / Só pra me provocar / Meu amor, juro por Deus / Me sinto incendiar”.

 


Estadão quinta, 27 de dezembro de 2018

NETANYAHU ESTARÁ NA POSSE DE BOLSONARO

 

Netanyahu estará na posse de Bolsonaro, afirma embaixada

Delegação israelense havia informado que premiê não participaria de cerimônia por causa de crise em seu país 

Lu Aiko Otta, O Estado de S.Paulo

26 Dezembro 2018 | 22h12

 

BRASÍLIA - O primeiro-ministro de IsraelBinyamin Netanyahu, deverá participar da cerimônia de posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro, de acordo com a Embaixada de Israel. A informação veio um dia depois de a própria embaixada informar que ele viria nesta semana ao Brasil, mas provavelmente não ficaria até o dia 1.º por problemas na política interna de seu país. Netanyahu teria mudado de ideia ontem.

Bolsonaro usou sua conta no Twitter para informar que vai se reunir com o israelense amanhã. Eles vão almoçar juntos no Forte de Copacabana, no Rio.

 Binyamin Netanyahu

O premiê israelense Binyamin Netanyahu Foto: Amir Cohen / Reuters
 

Israel é um parceiro estratégico para o novo governo do Brasil. Também pelo Twitter, Bolsonaro informou que, em janeiro, o futuro ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, visitará estações de dessalinização de água, plantações e o escritório de patentes de Israel. “A parceria Brasil-Israel que beneficiará o nosso Nordeste está muito bem encaminhada”, escreveu o presidente eleito. 

 

 

Uma estação piloto, que atenderá à agricultura familiar, deve estar em operação ainda em janeiro, afirmou Bolsonaro. Também poderá ser usada tecnologia para extrair água da umidade do ar. “Poderemos, inclusive, negociar a instalação de fábrica no Nordeste para venda desses equipamentos no nosso mercado”, disse.

Durante a campanha, Bolsonaro prometeu mudar a embaixada do Brasil de Tel-Aviv para Jerusalém, reconhecendo a reivindicação de Israel sobre a cidade. O anúncio causou polêmica no Brasil e na própria equipe do futuro governo, uma vez que ela se choca com o posicionamento dos países árabes, que apoiam Israel, e com deliberações da ONU. Os países árabes são um mercado de US$ 13 bilhões por ano e importam principalmente produtos do agronegócio como açúcar e carnes.

A vinda de Netanyahu está sob ameaça porque os líderes dos partidos da coalizão governista fecharam um acordo para dissolver o Parlamento e realizar novas eleições em abril do próximo ano. Essa medida foi necessária depois que a coalizão não conseguiu apoio para aprovar uma legislação que convoca judeus ultraortodoxos para o serviço militar. 

O atual primeiro-ministro vai concorrer a um novo mandato e, segundo as pesquisas, é líder na intenção de votos. Seu mandato acabaria em novembro de 2019. Ele está há uma década no poder.


Estadão quarta, 26 de dezembro de 2018

TEMER RECUA E DECIDE CONCEDER INDULTO NATALINA

 

Temer recua e decide conceder indulto natalino 

Naira Trindade e Rafael Moraes Moura

25 Dezembro 2018 | 19h33

 

Foto: Dida Sampaio/Estadão

 

No apagar das luzes do seu mandato, o presidente Michel Temer recuou e decidiu conceder indulto natalino. Temer vai conceder o benefício a presidiários mesmo sem o Supremo Tribunal Federal (STF) ter concluído julgamento sobre o decreto do ano passado, contestado pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Coluna apurou que o presidente decidiu acatar o pedido feito pelo defensor público-geral federal em exercício, Jair Soares Júnior, que solicitou que o decreto de indulto fosse editado para este ano. A tendência do presidente é deixar de fora quem cometeu crimes contra a administração pública.

 “Caso não seja editado decreto de indulto em 2018 este será o primeiro ano, desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, em que não se concede indulto como política criminal que visa combater o encarceramento em massa”, escreveu Jair Soares Júnior em ofício encaminhado ao Palácio do Planalto nesta terça-feira (25).
 
Soares Júnior destacou que o Brasil possui a terceira maior população carcerária do mundo, sendo reconhecido pelo STF que o “sistema carcerário brasileiro vive um ‘estado de coisas inconstitucionais'”, o que na prática significou que o STF reconheceu um quadro insuportável e permanente de violação de direitos fundamentais a exigir intervenção do Poder Judiciário.

“Neste contexto, a Defensoria Pública da União entende que a não edição do decreto de indulto no presente ano agravará sobremaneira o estado de coisas inconstitucionais vivenciado no sistema carcerário, razão pela qual se faz necessária a edição de novo decreto de indulto antes de encerrado o ano de 2018, nos termos do Decreto nº 9.246, de 21 de dezembro de 2017”, pediu a DPU.

“Caso se entenda não haver conveniência e oportunidade de se manter o mesmo texto do decreto editado no ano de 2017, por se tratar de ato discricionário do presidente da República, a Defensoria Pública da União entende que deve ser editado novo decreto contemplando os sentenciados que atendam aos requisitos, excluindo-se apenas aqueles condenados por crimes contra a administração pública, tendo em vista a ação ajuizada pela Procuradoria-Geral da República no Supremo Tribunal Federal”, acrescentou o órgão.

De acordo com a DPU, os condenados por crimes contra a administração pública “se tratam de absoluta minoria se comparados com a grande massa de condenados e encarcerados que podem ser contemplados pelo indulto, como forma de política criminal”.


Estadão terça, 25 de dezembro de 2018

VINTE VINHOS DE ATÉ 100 REAIS

 

Vinte vinhos de até R$100

 

 
 

Pensando nisso, o Clube Paladar selecionou 20 rótulos abaixo de R$100 que vão certamente animar o seu Natal e Ano Novo.

Para praia e piscina, espumantes, brancos e rosés de grande frescor e, na grelha, tintos de variados estilos, uvas e origens, que combinam com corte bovinos, carnes de porco, frango e linguiças variadas.


ESPUMANTES

Nocturno Brut
Aromas de frutas frescas como pêssego e maçã verde. No paladar, é vívido e fresco.
R$ 44,90 – Para assinantes – R$ 40,41

Nocturno Brut Rosé
Um espumante rosé frutado e floral, com notas de cereja, uma linda tonalidade e um toque de rosas. Frescor e acidez na medida.
R$ 44,90 – Para assinantes – R$ 40,41

Terra Serena Prosecco Treviso DOC
Deliciosamente cremoso e fresco, suas borbulhas são perfeitas para comidinhas, brindes e celebrações
Preço: R$ 84,90 – Para assinantes – R$ 76,41


BRANCOS

Casal Branco Terra de Lobos Corte 2015
Um vinho fácil, fresco e leve, daqueles para qualquer momento. Aromas de notas florais e um toque frutado. Em boca, é jovem e frutado.
R$ 69,90 – Para assinantes – R$ 62,91

 

Algairen Macabeo

Um branco espanhol fresco, perfumado e harmonioso.As notas de flores e frutas brancas saem da taça já na primeira giradinha. No paladar é ácido e suculento. Acompanha frutos do mar e petiscos.

R$ 49,90 – Para assinantes – R$ 44,91

 

Miluna Bianco Puglia IGP 2017
Aromas florais deliciosos, com notas de pêssego e abacaxi, perfeito para servir mais geladinho e bebericar com ou sem acompanhamento na praia ou à beira da piscina. Vai bem com queijos leves e espetinho de camarão.
R$ 49,90 – Para assinantes – R$ 44,91


ROSÉS

Mancura Etnia Rosé 2017
Seu aroma lembra o de frutas vermelhas, como amora e framboesas. Com deliciosa acidez e frescor
R$ 49,90 – Para assinantes – R$ 44,91

 

San Marzano Tramari Primitivo Salento IGP 2017
Sua tonalidade já chama a atenção na prateleira. Surpreenda-se com esse rosé sedutor e elegante. Aromas de frutas silvestres, como morango e cereja. No paladar, é saboroso e fresco, perfeito para frutos do mar e saladas variadas
R$ 84,90 – Para assinantes – R$ 76,41

Chateau Bouisset 2016
Um rose claro e cristalino. Aroma intenso de frutas vermelhas e paladar fresco e frutado. Ótimo para tapas e canapés.
R$ 84,90 – Para assinantes – R$ 76,41


TINTOS

Paraje de Titos 2015
Aroma de ameixas maduras e ervas. No paladar, é mineral e frutado, perfeito para cortes magros de carne bovina na grelha.
R$ 89,90 – Para assinantes – R$ 80,91

Vistamar Sepia Cabernet Sauvignon Reserva 2015
Este exemplar chileno apresenta características típicas de seu terroir em aromas de ameixas, cerejas, pimentas e ervas secas. Na boca, tem médio corpo, taninos macios e bom frescor.

R$ 79,90 – Para assinantes R$ 71,91

 

Leyda Syrah Reserva 2015
Aromas de frutas vermelhas maduras e um toque de pimenta-rosa. No paladar é frutado, mineral e com muito frescor. Perfeito para um lombo suíno grelhado com ervas e balsâmico ou um galeto na brasa.
Preço: R$ 74,90 – Para assinantes – R$ 67,41

Terra Mazzei 2013
Um corte inusitado de Nero d’Ávola, Sangiovese, Merlot e Alicante, para o paladar, ótima acidez e taninos na medida o que torma ótimo para cortes como chuleta, picanha e asinha de frango.
Preço: R$ 79,90 – Para assinantes – R$ 71,91

Terrapura Carménère Classico 2017
UIm clássico Carménère chileno de excelente custo-qualidade, é opulento, robusto e com taninos polidos. Perfeito para cortes mas gordos, como picanha e cordeiro.
Preço: R$ 39,90 – Para assinantes – R$ 35,91

 

Round Hill Merlot 2015
Um perfeito Merlot californiano, com aroma sedutor de franboesa e cranberry, com taninos aveludados e uma nota de chocolate. Vai bem com vários cortes para a grelha, como sobrecoxa de frango, picanha e maminha.
R$ 89,90 – Para assinantes – R$ 80,91

Amancay Malbec 2017
Aroma intenso de ameixa e notas de violeta, No paladar é macio e suculento, com taninos na medida e boa persistência, fazendo bonito com uma picanha ou lingüiça calabresa na grelha.
Preço: R$ 59,90 – Para assinantes – R$ 53,91

Algairen Tempranillo 2017
Um típico Tempranillo espanhol, com aromas frutados de framboesas e morangos. No paladar, é redondo, macio e com ótima acidez.
Preço: R$ 49,90 – Para assinantes – R$ 44,91

Pizzorno Tannat Reserva
Um clássico Tannat uruguaio, vívido e encorpado, com 12 meses em carvalho, tem aromas de frutas negras, carvalho e uma nota de caramelo, é perfeito para cortes mais gordos, como cordeiro e cupim com bom marmoreio
Preço: R$ 74,90 – Para assinantes – R$ 67,41

Mazzei Belguardo Serrata Toscana IGT 2012
Produzido com as uvas Sangiovese e Alicante, é um vinho inovador, com aromas de ervas frescas e frutas. No paladar, um toque de chocolate e frutas em compota e acompanha bem com muitos cortes bovinos na grelha e lingüiça calabresa.
Preço: R$ 99,90 – Para assinantes – R$ 89,91

Zorzal Terroir Único Cabernet Sauvignon 2014


Um dos melhores Cabernets argentinos nesta faixa de preço.Versátil, combina muito bem com contra filé, costela no bafo ou algo diferente, como um brisquet (peito bovino assado lentamente).

 


Preço: R$ 94,90 – Para assinantes – R$ 85,41

 


Estadão segunda, 24 de dezembro de 2018

TOM HANKS VAI A LANCHONETE E PAGA REFEIÇÃO DE TODOS OS CLIENTES

 

Tom Hanks vai a lanchonete e paga a refeição de todos os clientes

REDAÇÃO - O ESTADO DE S.PAULO
 

Ator ainda tirou selfies com seus fãs e a equipe de funcionários do local

 

Tom Hanks ao lado de seus fãs que tiveram refeições pagas por ele.

Tom Hanks ao lado de seus fãs que tiveram refeições pagas por ele. Foto: Instagram

O ator Tom Hanks foi a uma loja da rede de lanchonetes In-N-Out Burger, nos Estados Unidos, e teve um grande ato de generosidade. De acordo com a CBS Los Angeles, ele teria pago o almoço de todos que estavam presentes no local.

 Saudado pelas pessoas ao chegar para comer um lanche, Tom Hanks tirou selfies com os clientes do restaurante e também com a equipe de funcionários.

Não demorou para que as fotos viralizassem nas redes sociais, rendendo elogios à generosidade do ator.

 


Estadão sábado, 22 de dezembro de 2018

AS DEZ RECEITAS MAIS POPULARES EM 2018

 

As dez receitas do ‘Paladar’ mais populares em 2018

Confira quais foram os pratos mais acessados do banco de receitas do ‘Paladar’ ao longo do ano

21 dezembro 2018 | 19:44por Redação Paladar

Nada de complicação! Em 2018, o mote das buscas por receitas aqui no site do Paladar parece ter sido a simplicidade - pratos corriqueiros que, se preparados com um pouco de técnica e capricho, mudam o status de “básico” para “perfeito” e transformam (para melhor) as refeições dentro de casa no dia a dia

 + Veja quais foram as receitas mais buscadas no Paladar no ano passado

 + Veja quais foram as receitas mais buscadas no Paladar em 2016 

Confira abaixo as dez receitas mais acessadas deste ano:

 As dez receitas do ‘Paladar’ mais populares em 2018


Estadão quinta, 20 de dezembro de 2018

SUPREMO COMO FONTE DE INSTABILIDADE POLÍTICA E JURÍDICA

 

ANÁLISE: Supremo como fonte de instabilidade política e jurídica

E não se trata só da eventual soltura de Lula, consequência politicamente mais estridente da decisão do ministro Marco Aurélio Mello, mas de bagunçar todo o sistema judicial do País por birra 

Vera Magalhães, O Estado de S.Paulo

20 Dezembro 2018 | 05h00

 O factoide produzido nesta quarta-feira, 19, por Marco Aurélio Mello com a breve liminar mandando soltar presos condenados em segunda instância serviu apenas ao propósito de desgastar ainda mais o Supremo Tribunal Federal.
 
Não se trata aqui de dizer que a Corte deva se curvar à opinião pública. O fato é que, de garantidor da estabilidade jurídica do País, como reza a Constituição, o Supremo tem sido, cada vez mais, a fonte a partir da qual emana toda a insegurança – não só jurídica e judicial, mas, como consequência, política.

O STF se manifestou em três ocasiões pela possibilidade de execução provisória da pena de prisão a partir da condenação em segunda instância: duas em habeas corpus, em 2016, e a terceira em julgamento do plenário virtual, que garantiu repercussão geral àquelas decisões.

 Neste ano, voltou a se debruçar sobre a questão ao julgar outro HC, do ex-presidente Lula. Já há sessão marcada para abril para tratar da questão, aí sim, de forma definitiva, nas duas ações das quais Marco Aurélio é relator.

 

 Foi a insatisfação com a demora em levar a questão à pauta que fez com que Marco Aurélio se adiantasse e exarasse essa decisão injustificável, à véspera do recesso.

Afrontou o colegiado, o presidente da Corte, a opinião pública e a segurança jurídica, às vésperas do recesso judicial e da posse do novo governo. E forçou Toffoli a, também de forma monocrática, revogar a liminar para evitar consequências mais nefastas. 

E não se trata só da eventual soltura de Lula, consequência politicamente mais estridente da decisão, mas de bagunçar todo o sistema judicial do País por birra.

No caso do ex-presidente, Marco Aurélio sabe das implicações sociais e políticas de suscitar de novo esse debate às vésperas da posse de Jair Bolsonaro. Com que propósito, uma vez que o julgamento do mérito das ações das quais é relator já está marcado?

Marco Aurélio termina o dia tendo contribuído, de forma absolutamente desnecessária, para o descrédito da Corte, cujas decisões monocráticas ultrapassam em muito o razoável num tribunal que tem na colegialidade uma das suas razões de ser e não têm paralelo em tribunais superiores de países estáveis jurídica e politicamente.

E são decisões como essas, tomadas muitas vezes por vaidade e por falta de compreensão do fato de que a Corte não é mais um arquipélago de 11 ilhas impermeável ao escrutínio da sociedade, que fazem com que as pessoas considerem que o STF é uma vergonha para o País – como externou recentemente um cidadão que quase levou voz de prisão de Ricardo Lewandowski por isso.


Estadão quarta, 19 de dezembro de 2018

LIVRO REÚNE OS MELHORES AUTORES BRASILEIROS DE FICÇÃO CIENTÍFICA

 

Livro reúne os melhores autores brasileiros de ficção científica

Lançamento ocorre hoje com debate entre Roberto de Sousa Causo, Ivan Carlos Regina e Ana Rüsche mediado por Nelson de Oliveira

André Cáceres, O Estado de S.Paulo

19 Dezembro 2018 | 04h30

 

Um homem alquebrado pelo luto; um jovem pintor em busca de inspirações; um matador de aluguel diante da tarefa de tirar a vida da própria amada. Esses argumentos poderiam motivar histórias comuns, não fosse pelo fato de o viúvo ter uma modificação cerebral para amar incondicionalmente sua mulher que o faz ter impulsos suicidas após a morte dela; o pintor adentrar uma realidade lisérgica desdobrada em formas geométricas; e o assassino estar em um cenário futurista e tecnológico. Esses são alguns dos contos presentes na coletânea Fractais Tropicais (Sesi-SP), que reúne 30 dos melhores autores da ficção científica brasileira. Nesta quarta, 19, o organizador Nelson de Oliveira debate o assunto com os escritores e pesquisadores Roberto de Sousa Causo, Ivan Carlos Regina e Ana Rüsche na livraria Tapera Taperá, em São Paulo, às 19h.

 
Luiz Bras
 
O escritor Nelson de Oliveira, organizador da antologia 'Fractais Tropicais' Foto: Felipe Rau/Estadão

No romance A Cidade & a Cidade, de China Miéville, duas metrópoles ocupam o mesmo espaço físico, mas são invisíveis entre si. Quem vive em uma é obrigado a “desver” os edifícios, carros e habitantes da outra. Essa seria uma boa analogia da relação entre a ficção científica e a literatura dita mainstream no Brasil. “Se é ficção científica, a academia não gosta. Se gostou, não vai aceitar que seja ficção científica. Mas a gente não lê porque tem naves e sim porque são boas histórias”, afirma Bárbara Prince, editora da Aleph, uma das principais casas de FC no País. “É o gênero que mais tem dialogado com pautas relevantes da realidade hoje.” 

 Para quebrar essa barreira, Nelson organizou Fractais Tropicais em um recorte histórico e didático, explicando até alguns de seus subgêneros, como cyberpunk e space opera. “Inteligência artificial, engenharia genética, robôs sexuais, conexão cérebro-máquina... A ficção científica vem sendo o gênero que trabalha as temáticas mais inquietantes da literatura”, acredita o organizador. A obra abrange mais de meio século de história, desde o patrono da FC no País, Jeronymo Monteiro (1908-1970), até os contemporâneos, como Gerson Lodi-Ribeiro, Alliah e Ana Cristina Rodrigues, autores dos contos que iniciam esse texto. 

Há relatos proto-FC desde a Antiguidade, como a História Verdadeira, em que Luciano de Samósata narra uma viagem ao espaço no século 2. Mas o gênero como o conhecemos hoje foi formatado há 200 anos, com Frankenstein ou o Prometeu Moderno, clássico de Mary Shelley. No Brasil, o primeiro texto do tipo é Dr. Benignus (1875), do luso-brasileiro Augusto Emílio Zaluar (1825-1882). Como nota Nelson no prefácio, a FC nacional se divide em três “ondas”: uma nos anos 1960, capitaneada pelas Edições GRD, de Gumercindo Rocha Dorea, pioneiro na publicação sistemática do gênero no País; a segunda, impulsionada pelas fanzines nos anos 1980; e a terceira, que se desenrola atualmente na internet, com editoras dedicadas exclusivamente à FC e, mais recentemente, com casas editoriais maiores que entraram nesse mercado.

Dinah Silveira de Queiroz (1911-1982), que ocupou a cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras, é uma das pioneiras da FC no Brasil. Em seu conto na antologia, A Ficcionista(1969), ela imagina uma espécie de inteligência artificial avant la lettre que contém todas as histórias imagináveis, ameaçando a existência de escritores – quase uma previsão sobre big data. 

Os temas explorados no livro vão desde questões como essa, que migraram da FC para o noticiário, até preocupações filosóficas e existenciais como viagens no tempo ou realidades alternativas. E se você pudesse voltar no tempo e se apaixonar pelo seu eu do passado? É isso que Ivanir Calado questiona no conto O Paradoxo de Narciso (1991), com um desfecho angustiante para o(s) protagonista(s). 

Em um dos pontos altos da antologia, O Molusco e o Transatlântico (2005), Braulio Tavares imagina com lirismo um astronauta com habilidades telecinéticas que se vê capturado por uma espécie inimaginavelmente mais avançada que a humanidade e se torna uma cobaia desses alienígenas – cabe ao leitor, pelas memórias do protagonista, decidir se esse destino é bom ou ruim. 

Fractais Tropicais prova que os autores brasileiros não devem nada aos estrangeiros e sinaliza que talvez a barreira entre a FC e a literatura “séria” seja apenas, como no livro de Miéville, uma questão de miopia.

 

Ficção científica
 
Romances de Luiz Bras, Ignácio de Loyola Brandão, Fausto Fawcett e Alexey Dodsworth são alguns dos clássicos da ficção científica brasileira
Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Entrevista com Gerson Lodi-Ribeiro

Em 1.º de dezembro, Gerson Lodi-Ribeiro, autor que também está na antologia Fractais Tropicais com seu conto Coleira do Amor, venceu a edição 2018 do Argos, principal premiação da literatura fantástica no Brasil, com seu livro Octopusgarden (ed. Draco). Leia a entrevista exclusiva ao Estado:

Existe mais interesse pela ficção científica brasileira hoje?

Há um boom da literatura fantástica que começou em 2009. Hoje, estamos lançando mais livros escritos em português em vez de meras traduções do que dez anos atrás. Mas sinto que o horror e sobretudo a fantasia ainda são mais fortes.

A FC sempre foi o ‘primo pobre’ da literatura fantástica?

Nem sempre foi assim. Na década de 1970, vendia-se muito mais FC, talvez porque o paradigma da época era 2001: Uma Odisseia no Espaço. Mas não se vendia quase nada nacional, ao passo que, desde 2009, é muito mais fácil publicar e vender FC. Eu só consegui publicar meu primeiro livro no Brasil em 2006, depois de lançar dois em Portugal.

Como você vê essa nova leva de autores nacionais?

Há muitos bons autores surgindo, que eu leio e fico empolgado como fã e como autor mesmo, como o Cirilo Lemos, a Cristina Lasaitis, e até autores que não foram contemplados pelo Fractais Tropicais, como o escritor pernambucano Jacques Barcia


Estadão segunda, 17 de dezembro de 2018

BRASIL DESCONVIDOU CUBA E VENEZUELA PARA A POSSE DE BOLSONARO

 

Brasil desconvidou Cuba e Venezuela para posse 

Coluna do Estadão

17 Dezembro 2018 | 05h30

 

Foto: Dida Sampaio/Estadão

Por solicitação da equipe de Jair Bolsonaro, o Itamaraty enviou novos comunicados aos governos de Cuba e Venezuela os desconvidando de participar da cerimônia de posse do presidente eleito no dia 1.º de janeiro, em Brasília. Os termos são protocolares. A sinalização inicial foi chamar todos os países com os quais o Brasil mantém relações diplomáticas – razão pela qual o convite foi feito. Mas houve mudança de posição, o que levou o Itamaraty a enviar uma segunda comunicação aos governos dos dois países os desconvidando para a cerimônia.

Ops! O futuro chanceler Ernesto Araújo negou pelo Twitter, ontem, que o Itamaraty tenha convidado o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Os desconvites, porém, foram enviados às embaixadas dos dois países na semana passada.

 Beijo, não me liga. Nos dois casos, os textos enxutos pediam que desconsiderassem a nota anterior. Sem explicações do recuo.

Truco. Já o convite foi publicado ontem no Twitter pelo ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza, sete horas depois de o futuro chanceler negar que tenha sido feito.

Com amor. O comunicado dizia que a embaixada brasileira “tem a honra” de transmitir o convite para Maduro acompanhar a posse.


Estadão sábado, 15 de dezembro de 2018

TEMER ASSINA EXTRADIÇÃO DO ITALIANO CESARE BATTISTI

 

Temer assina extradição de italiano Cesare Battisti

Ao determinar a extradição, Temer revisou uma decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; italiano ainda não foi localizado e é considerado foragido pela Polícia Federal 

Eliane Cantanhêde e Naira Trindade/BRASÍLIA

14 Dezembro 2018 | 22h36

 

O italiano, Cesare Battisti. Foto: Fernando Bizerra Jr./EFE

 

presidente Michel Temer assinou nesta sexta-feira, 14, decreto de extradição do italiano Cesare Battisti, condenado no seu país por quatro assassinatos nos anos 1970. O ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux havia determinado a prisão cautelar de Battisti, que até a publicação deste texto era considerado foragido. Ao determinar a extradição, Temer revisou uma decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A decisão foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União.

Em 2010, o Supremo julgou procedente o pedido de devolução feito pela Itália três anos antes, mas deixou a palavra final para o presidente da República. Lula – atualmente condenado e preso na Operação Lava Jato – negou, porém, no último dia de seu segundo mandato, entregar Battisti às autoridades italianas.

O ministro considerou que, como o Supremo já reconheceu a possibilidade de extradição, outros presidentes poderiam tomar decisão diferente.

Durante a campanha, o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), afirmou que extraditaria imediatamente Battisti. Nesta sexta-feira, Bolsonaro comentou no Twitter declaração do vice-primeiro ministro da Itália Matteo Salvini, que havia criticado o fato de um condenado poder aproveitar as praias do Brasil e pedia a ajuda do presidente eleito para a extradição de Battisti.

“Obrigado pela consideração de sempre, Senhor Ministro do Interior da Itália. Que tudo seja normalizado brevemente no caso deste terrorista assassino defendido pelos companheiros de ideais brasileiros! Conte conosco!”, escreveu Bolsonaro antes de o Palácio do Planalto confirmar a decisão de Temer.

A defesa do italiano, contudo, afirmou ontem que ele estava em “local incerto e não sabido”. Os advogados recorreram ao Supremo pedindo a revogação da ordem de prisão ou que o mérito seja apreciado pelo plenário ainda em 2018.

Na cidade de Cananéia, no litoral de São Paulo, onde Battisti morava desde 2010, vizinhos disseram que não veem o italiano há mais de um mês. Jornalistas da Itália estiveram na cidade nos últimos dias para acompanhar o caso. A Polícia Civil coleava informações para tentar localizar o italiano. Basttisti mora em Cananéia desde 2010, e, segundo moradores, leva uma vida pacata e de poucos amigos. Ele costumava frequentar bares da cidade, e raramente falava das condenações no seu país.

“Normalmente nestas situações a gente acorda com a prisão feita. Ele deve ter tomado alguma decisão. É uma decisão personalíssima que só cabe a ele mesmo tomar. Cesare sabe quais são as consequências de se entregar ou não se entregar. Aí é ele com a consciência dele”, disse o advogado de Battisti, Igor Tamasauskas.

Battisti, de 63 anos, integrou nos anos 1970 um grupo armado de esquerda na Itália e foi condenado à prisão perpétua por homicídios. Ele fugiu do país europeu e foi preso em 2007 no Rio de Janeiro. O então ministro da Justiça do Brasil, Tarso Genro, concedeu a Battisti o status de refugiado político, decisão muito criticada na Itália.

Como ele está foragido, agora, a Polícia Federal tem de encontrá-lo, colocá-lo na cadeia, e entregá-lo ao governo italiano”, afirmou o ministro da Justiça, Torquato Jardim

Segundo o ministro, o fato de Battisti ter um filho brasileiro, conforme súmula (421) do próprio STF, não impede a sua extradição. “O atual ou os futuros presidentes podem mudar a decisão anterior porque é um juízo de conveniência e oportunidade política e de relações internacionais do presidente da República. O Lula decidiu que ele ficava. O presidente Temer decidiu que ele vai embora”, afirmou Torquato. “Quando o presidente Temer modifica um ato do Lula, ele não está apontando nenhuma ilegalidade. O ato do Lula foi legal. Apenas mudou o juízo de oportunidade política das relações internacionais.”

Nesta sexta-feira, Fux afirmou que sua decisão de mandar prender Battisti seguiu “critério técnico”. Segundo ele, a decisão veio a partir da análise de um pedido feita pela Presidência da República. “Decorre de um ato que ocorreu em 2017, quando o governo Temer fez um movimento para expulsar o Cesare Battisti”, disse Fux. “Havia uma dúvida se era uma expulsão ou um ato do presidente que tinha um entendimento diverso do presidente Lula.”

O pedido de prisão preventiva foi feito pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Ela alegou que a medida era necessária para evitar risco de fuga e assegurar eventual extradição. / COLABORARAM FAUSTO MACEDO, TÂNIA MONTEIRO, AMANDA PUPO, TEO CURY, MARCIO DOLZAN, R.G. e NATAN ARCANJO, ESPECIAL PARA O ESTADO


Estadão quinta, 13 de dezembro de 2018

ONZE RECEITAS PARA A CEIA DE NATAL

 

 

Ceia de Natal 2018: receitas dos leitores do 'Paladar'

Selecionamos onze receitas de Natal enviadas por leitores para criar a ceia de Natal do 'Paladar'. Elas foram preparadas por diferentes chefs renomados

12 dezembro 2018 | 22:45por Renata Mesquita

Cento e vinte leitores enviaram suas melhores receitas de Natal para o Paladar. A seleção foi difícil, havia muita coisa boa – escolhemos onze pratos para compor uma bela mesa e convidamos chefs renomados para prepará-los para este especial. Confira abaixo todas as receitas e as suas histórias. Veja também dicas de vinhos para harmonizar com a ceia. 

 

 

 

 

1. Salada de Natal

 Receita da leitora Tereza Gonçalves, preparada pela chef Heloisa Bacellar

 A ceia do Paladar de 2018 começa com a uma salada de grão que é a cara do Natal, bem completa, combina maçãs, passas, frango desfiado, hortelã e molho agridoce de romã. É leve e refrescante. A receita é da leitora Tereza Gonçalves, que criou a salada para agradar aos diferentes gostos da grande família – são mais de 40 pessoas reunidas na data. Heloisa Bacellar, do Lá da Venda, parceira de longa data do caderno, foi a chef responsável por executar a receita -- e também, outras duas. Nesta salada, ela deu alguns pitacos: misturar um pouco de molho na salada já pronta para dar mais sabor e liga, e servir as folhas separadas em vez de servir tudo junto. A chef confirmou: perfeita para a época! Veja como fazer. 

 

 2. Galantine de peru 

 Receita do leitor Carlos Augusto Santos, preparada pela chef Heloisa Bacellar

 Entre uma longa lista de receitas de salpicão de frango, saladas waldorf e outros clássicos da mesa de Natal amados pelos brasileiros, a galantine de peru, do leitor Carlos Augusto Santos, se destacou. É um clássico francês que caiu em desuso por aqui, mas ainda vive no país de origem. A missão para reproduzi-la foi dada a chef Heloisa Bacellar, que estudou e trabalhou na França por muitos anos. A escolha foi acertada, como sempre: a galantine ficou maravilhosa, diferente e deliciosa. Carlos trabalha como chef do Lar Santana para idosos e contou que esta é a receita natalina de maior sucesso por lá. Helô elogiou o toque do chef de trocar os pistaches da receita original pelas castanhas brasileiras, caju, pará e baru. Confira a receita completa

 

 3. Surpresa de frutas frescas e secas

 Receita da leitora Katia Rockenbach, preparada pela chef Heloisa Bacellar

 Este aperitivo da leitora Katia Rockenbach é charmoso e diferente. Combina queijo de cabra cremoso com cerejas e figos e frutas secas temperados com alho e tomilho, servido acompanhados de torradinhas. Esse foi o último desafio de Helô Bacellar na ceia do Paladar e ela não só caprichou no preparo como elogiou a receita. Katia é enfermeira e apaixonada por gastronomia, tem um projeto social em que recebe amigos em casa para jantares temáticos com a renda revertida para diferentes associações. A receita original da entrada foi criada pela sua tia, mas com Catupiry no lugar do queijo de cabra. Katia colocou os dotes em prática e deu um twist no prato. Veja como preparar a receita. 

 

 4. Peru com recheio de castanhas portuguesas e pernil

 Receita da leitora Diva Roelens, preparada pelo chef Erick Jacquin

 Não foi fácil selecionar a receita do prato mais importante da ceia de Natal. Recebemos muitas versões, mas a vencedora foi a da leitora Diva Monteiro de Castro França Roelens, de Belo Horizonte. É um peru à moda do Norte da França, recheado com castanhas portuguesas e pernil, receita da sogra francesa da leitora do Paladar. Seu falecido marido trouxe a receita da mãe ao Brasil e a família mantém a tradição de prepará-la na ceia de 24 de dezembro. Diva conta que quando seu marido preparava o peru, o importante era o recheio, que de fato é delicioso, e que nem temperava o peru direito. Os temperos e a marinada foram toques dela na receita da sogra, que deu certo. Para fazer este peru de DNA francês, convidamos o chef Erick Jacquin. Ficou bacana. Veja como fazer. 

 

 5. Lombo recheado à moda da Leila

 Receita da leitora Leila Aparecida Viola Mallio, preparada pelo chef Rodrigo Oliveira

 Além do peru, a ceia de Natal do Paladar também tem o lombo de porco recheado à moda da Leila, receita enviada pela leitora Leila Viola Mallio, de São Paulo. O preparo ficou a cargo do  Rodrigo Oliveira, do Mocotó e Balaio. O lombo da Leila é peculiar, tem recheio agridoce, que combina ameixas, azeitonas e presunto e ainda recebe fatias de bacon cobrindo todo a superfície. Não tinha como ficar ruim. A única sugestão do chef foi adicionar acidez ao recheio para realçar o sabor: ele sugere a adição de mostarda ou mesmo marinar a carne com vinagre ou vinho branco. Coisa de chef! Confira como fazer. 

 

 6. Arroz de bacalhau com damasco e amêndoas

 Receita da leitora Neusa Porto, preparada pela chef Carla Pernambuco 

 A caixa de e-mail do Paladar ficou lotada de receitas de bacalhau e não por acaso, brasileiro faz questão de servir bacalhau no Natal. Recebemos mais receitas de bacalhau do que de Peru e tender. Tinha para todos os gostos, posta, lombo, torta, lasanha e gratinado. Mas escolhemos a receita de arroz de bacalhau com damascos e amêndoas da leitora Neusa Porto, de São Paulo, com ares natalinos. Guardamos as demais para a Páscoa! A receita foi executada ela chef Carla Pernambuco, do Carlota, que caprichou na apresentação e deu algumas sugestões para dar graça ao prato, entre elas cozinhar o arroz no caldo de cozimento do bacalhau, e adicionar curcuma ou páprica para dar cor e sabor. Confira a receita completa.

 

 7. Farofa de Natal

 Receita da leitora Ilka Passos, preparada pelo chef Erick Jacquin 

 Não existe Natal sem farofa, doce ou salgada. Ou pelo menos, não deveria existir. A que escolhemos para compor a nossa ceia é feita com biscoito cream cracker, receita da leitora Ilka Passos, de Curitiba. Leva ainda uvas passas fritinhas e cebola. Aproveitamos que o chef Erick Jacquin já estava às voltas com o peru e pedimos para ele fazer também a farofa da Ilka. Ele fez a farofa e deu a dica  de molhá-la com o caldo de cocção do peru, para dar mais sabor. A receita nada tradicional de Ilka nasceu de um improviso, sem farinha em casa, ela bateu os biscoitos que tinha no armário. Deu certo e virou tradição no Natal da família há mais de 30 anos. Veja como fazer em casa. 

 

 8. Cuscuz natalino

 Receita da leitora Sylvia Bergamo, preparada pela chef Janaina Rueda

 Importamos muitas receitas para a mesa de Natal brasileiro, mas o cuscuz é paulista. Esta receita, da leitora Sylvia Bergamo, de São Paulo, chegou super detalhada, é linda e cheia de sabor, acompanhada com molho de tomates com camarão e manjericão fresco. Para executá-la convidamos uma especialista no assunto, a chef Janaina Rueda, do Bar da Dona Onça. Talentosa e aplicada, a chef passou o domingo testando o cuscuz, preparou quatro vezes e o prato acabou virando almoço dos filhos e o jantar da semana. Veja como fazer.  

 

 9. Souflé glacé au Grand Marnier

 Receita da leitora Nancy Frison Moraes, preparada pela chef-sorvetière Márcia Garbin

 As sobremesas importam tanto quanto o peru na mesa de Natal. Este soufllé glacé au Grand Marnier, um sorvete rápido francês, foi sugestão da leitora Nancy Moraes, de Poços de Caldas. Analisamos a receita, achamos que ela combinava bem com o verão e com as festas. Mas só descobrimos a história do doce na família da leitora, quando ligamos para ela. Foi uma surpresa, ela contou que recortou esta receita de uma edição antiga do Paladar. Cheias de orgulho, pedimos para a chef gelatière Márcia Garbin, da Gelato Boutique, especialista em sorvetes, executar a receita. Ela sugeriu incluir uma calda de framboesa para dar cor e quebrar o doce. Outra dica da chef é substituir o licor de laranja (que é bem caro) por qualquer outros licores a gosto, como o limoncello. Confira a receita completa. 

 

 10. Struffuli com calda de mel

 Receita da leitora Maria Lúcia Andreoli Pivato, preparada pela confeiteira Carole Crema

 Doce italiano da região de Nápoles, é um clássico das mesas durante as festas de fim de ano. Na casa da leitora Adriana Pivato Chade quem fazia o doce típico todos os anos era sua mãe, Maria Lúcia. Adriana mandou a receita em nome da mãe que apesar de viva não cozinha mais. Chamamos Carole Crema para executar, a confeiteira não só topou na hora como contou que sua avó também preparava o doce em casa. A receita é simples porém trabalhosa já que é preciso fazer bolinhas delicadas e estar bem atenta para não fritar demais e encharcar as bolinhas de óleo. Carole deu a dica da família: colocar um galinho de alecrim no óleo para aromatizar e também confessou ter colocado um pouco de cachaça na massa. Já a avó de Adriana colocava licor. Veja como preparar a receita. 

 

 11. Bolo de uísque da vovó Vera

 Receita da leitora Vera Machado Luz, preparada pela confeiteira Marilia Zylbersztajn

 A receita chamou nossa atenção, recebemos algumas versões de bolo de uísque, pedimos para a confeiteira Marilia Zylbersztajn escolher qual fazer. A receita da leitora Vera Machado levou a melhor. Tradição da família, é um bolo denso de frutas e castanhas umedecido em úsique. A dica é preparar o bolo antes e deixar ele embrulhado por vários dias para pegar mais sabor. Marilia deu a dica de usar uísque irlandês ou bourbon americano, que são mais aromáticos. Confira como preparar a receita. 


Estadão quarta, 12 de dezembro de 2018

BRASIL DEVE REGISTRAR SAFRA RECORDE DE GRÃOS NO ANO QUE VEM

 

rasil deve registrar safra recorde de grãos no ano que vem, projeta Conab

Cenário mais favorável para o clima e dinâmica de preços, que fez produtores aumentarem área plantada,devem levar a produção à marca de 238,41 milhões de toneladas, mais do que a safra 2016/2017, que ajudou a impulsionar o PIB 

Vinicius Neder, O Estado de S.Paulo

12 Dezembro 2018 | 05h00

 

RIO - O agronegócio brasileiro pode registrar no ano que vem a maior safra da história, com uma produção de 238,41 milhões de toneladas de grãos. Se confirmada a previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgada nesta terça-feira, a próxima safra vai superar a de 2016/2017, quando se registrou um recorde de produção de 237,67 milhões, que salvou o crescimento do País. 

 A última supersafra fez o setor agropecuário crescer 12,5% em 2017, sendo responsável por 70% do aumento de 1% do PIB (Produto Interno Bruto) registrado naquele ano. Uma safra recorde no ano que vem, portanto, também tem o potencial de turbinar o PIB de 2019.
 
 
Soja
Próxima safra vai superar a de 2016/2017, quando se registrou um recorde de produção de 237,67 milhões Foto: Dida Sampaio/Estadão
 

As projeções da Conab estão baseadas no cenário para o clima e na dinâmica de preços. O desempenho das cotações de algodão e soja, por exemplo, fizeram os produtores investirem mais na lavoura e aumentarem a área plantada. 

As chuvas da primavera vieram intensas, entre outubro e novembro, antecipando o plantio da soja e criando uma boa perspectiva para a segunda safra de milho. “Em todas as áreas do Brasil deu para antecipar o plantio da soja e começar a safra antes”, disse o coordenador de produção agrícola da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Alan Malinski.

O quadro é mais favorável do que na safra de 2018, pois as chuvas na primavera de 2017 demoraram e foram menos intensas. Como resultado, o plantio da soja foi atrasado e, em alguns casos, os produtores foram obrigados a replantar. 

Diante da nova projeção para a safra do ano que vem, a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) prevê que as exportações também poderão atingir o recorde, na casa de US$ 100 bilhões. “O câmbio está mais favorável para os produtores do que em 2013, ano em que as exportações atingiram a maior marca”, disse o diretor-executivo da Abag, Luiz Cornacchioni. 

A expectativa, segundo ele, é de que a disputa comercial entre Estados Unidos e China pode favorecer os produtores brasileiros de soja no curto prazo, com elevação de preços e exportações. Mas essa brecha pode se fechar em pouco tempo. “Uma guerra comercial entre esses dois países não é boa para ninguém. Se ela se prolongar e se refletir no crescimento mundial, todo mundo perde”, disse o diretor da Abag. 

Malinski, da CNA, lembrou ainda que disputa comercial favorece a produção de soja, mas nem tanto a de milho. Por causa da disputa com os americanos, os chineses já estão comprando mais soja do Brasil, elevando os preços. Como reação, os produtores americanos tendem a produzir mais milho no lugar de soja, competindo por mercado com as exportações brasileiras, explicou o especialista.

Estatísticas

Ontem, o IBGE também melhorou sua projeção para a produção agrícola em 2019. Os dados do IBGE são diferentes dos da Conab, por conta de metodologia e pela forma como coletam as informações. O IBGE projeta produção de 231,1 milhões de toneladas no próximo ano, alta de 1,7% ante 2018, ainda abaixo do recorde de 240,6 milhões de toneladas, em 2017. “Se o clima favorecer, a gente pode chegar bem próximo da safra de 2017. Isso vai depender muito do clima”, disse o responsável pelo levantamento do IBGE, Carlos Alfredo Guedes. 

Os dados de novembro do IBGE divulgados ontem também confirmaram que o Brasil fechará 2018 com a maior safra de café da história, totalizando uma produção de 3,6 milhões de toneladas, ou 59,6 milhões de sacas de 60 quilos. 

Como a produção de café ocorre conforme uma sazonalidade bienal – a colheita é forte ano, sim, ano, não –, essa cultura não deverá ter destaque na safra de 2019.

Segundo Guedes, o clima ajudou a produção de café na safra deste ano. O café do tipo arábica deverá fechar o ano com 2,7 milhões de toneladas produzidas, alta de 28,2% ante 2017. Já o café canéphora terá produção de 888,6 mil toneladas, alta de 30,4% ante 2017. 


Estadão segunda, 10 de dezembro de 2018

TSE OFICIALIZA, HOJE, ELEIÇÃO DE BOLSONARO

 

TSE oficializa eleição de Bolsonaro e Mourão em cerimônia nesta segunda-feira

Diplomação dá aval para a posse, no dia 1.º de janeiro, do presidente e do vice-presidente eleitos nas eleições 2018 

Amanda Pupo, O Estado de S.Paulo

10 Dezembro 2018 | 05h00

 

BRASÍLIA - O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), e seu vice, general Hamilton Mourão (PRTB), recebem nesta segunda-feira, 10, o diploma do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que oficializa o resultado das eleições presidenciais deste ano, dando o aval para a posse dos candidatos vitoriosos, que ocorre no próximo dia 1º de janeiro. O ato será realizado em sessão marcada para as 16h no prédio-sede do TSE, em Brasília. Essa é a segunda solenidade oficial de presidente eleito que Bolsonaro participa em Brasília. A primeira foi no Congresso Nacional, no início de novembro, quando esteve na sessão que marcou os 30 anos da Constituição Federal.

 

 

Bolsonaro e Mourão
Jair Bolsonaro (PSL) e General Mourão (PRTB) na convenção do PRTB em São Paulo Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press

Os diplomas serão entregues pela presidente da Corte Eleitoral, ministra Rosa Weber, a única, além de Bolsonaro, que deve discursar na solenidade. Estão previstas as presenças do presidente Michel Temer e dos presidentes da Câmara, deputado Rodrigo Maia(DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE). O vice-presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luiz Fux, representará o chefe do Poder Judiciário, Dias Toffoli, que tem compromisso no Espírito Santo.

 A Corte Eleitoral vai reforçar a segurança do tribunal, como faz nas cerimônias de diplomação. Assim como no segundo turno das eleições, um perímetro em torno do prédio do TSE ficará fechado, sem acesso ao estacionamento externo. Somente a imprensa credenciada e os convidados terão acesso ao local, que restringiu o atendimento nesta segunda-feira entre as 8h e as 12h. Segundo a assessoria da Corte, são esperadas cerca de 700 pessoas na solenidade. 
 
 

Aptos. A diplomação é uma espécie de passaporte para o presidente eleito tomar posse no dia 1.º de janeiro. A entrega do diploma pela presidente da Corte Eleitoral confirma que Bolsonaro e Mourão cumpriram as formalidades previstas na legislação eleitoral e estão aptos a exercer o mandato.

Para um presidente eleito ser diplomado, por exemplo, seu processo de prestação de contas da campanha eleitoral precisa ter sido julgado pelo plenário do TSE, não necessariamente aprovado. No caso de Bolsonaro, as contas foram aprovadas com ressalva no último dia 4. Na ocasião, os ministros determinaram que a campanha devolva R$ 8.275 para os cofres públicos, em razão de irregularidades relativas ao recebimento de doação por fontes vedadas ou não identificadas.

Segundo o TSE, o ritual de diplomação é realizado desde 1951, quando Getúlio Vargas retornou à Presidência da República por meio do voto popular. O ato foi suspenso durante o regime militar, e voltou com a diplomação do então presidente eleito Fernando Collor de Mello.


Estadão sábado, 08 de dezembro de 2018

QUALQUER COISA QUE ATINGIR FILHOS DE BOLSONARO RESPINGA NO GOVERNO

 

Tensão permanente

Qualquer coisa que atinja os filhos do presidente respingará no governo 

João Domingos, O Estado de S.Paulo

08 Dezembro 2018 | 03h00

 

Pela composição da chapa presidencial, pelo resultado da eleição para a Câmara e para o Senado, e pela escolha de alguns ministros que tendem a se pautar pela ideologia ou mesmo pela fé religiosa, é bastante provável que o governo de Jair Bolsonaro venha a ter no mínimo três focos permanentes de tensão. 

 O principal deles, e desse não há como escapar, está na família do presidente eleito. Pela primeira vez na história recente do País, e é possível que em todo o período republicano, um presidente da República terá três filhos com mandato parlamentar: Eduardo, deputado, Flávio, senador, estes dois pelo PSL, e Carlos, vereador no Rio de Janeiro pelo PSC. Todos eles conselheiros do pai, ativos politicamente, e muito atuantes pelas redes sociais.

Qualquer opinião deles a respeito de seja lá o que for, qualquer articulação que fizerem, qualquer coisa que os atinja, respingará no governo e será notícia com destaque. Natural que seja assim, porque não há como desvincular o pai dos filhos sabendo-se que são tão unidos e que têm o pensamento praticamente igual. 

Exemplos da grande repercussão de tudo o que envolve os filhos já há aos montes. Em abril o deputado Wadih Damous (PT-RJ) xingou o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, e disse que a solução para a Corte seria o seu fechamento, transformando-a em tribunal constitucional. O deputado Eduardo Bolsonaro disse em julho, numa palestra, no Paraná, que bastavam um cabo e um soldado para fechar o Supremo. O choque maior foi causado pela fala de Bolsonaro, pois ele vive a expectativa do poder. Damous já o perdeu.

 

 

Quando a disputa pelas presidências da Câmara e do Senado começar, qualquer coisa que Flávio Bolsonaro fizer no Senado, ou o irmão fizer na Câmara, será visto como um ato consentido do pai, o presidente da República, mesmo que nada tenha a ver com ele. Se por um lado Jair Bolsonaro pode dizer, como tem dito, que é um pai feliz por ter três filhos em cargos eletivos, por outro ele terá de aceitar que, pelas circunstâncias que envolvem o poder, os filhos são também um peso. 

O segundo possível foco de tensão do governo de Bolsonaro estará no recém-criado Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. Em primeiro lugar, porque é um ministério que atuará em áreas sensíveis da sociedade, envolvendo índios, minorias, direito das mulheres, comunidade LGBT e as novas siglas que a ela vão se interligando e direitos humanos. O ministério será um ímã para atrair a atenção dos grupos sociais mais organizados e engajados do País, levando-se em conta as opiniões conhecidas da futura ministra da pasta, a advogada e pastora Damares Alves. 

Ela já se disse contrária ao aborto, que ninguém nasce gay, que não é a política, mas a igreja evangélica que vai mudar a Nação, e que as feministas promovem uma guerra entre homens e mulheres. Não há dúvidas de que a polêmica vai se instalar nessa área. Para piorar, o Ministério Público abriu ação civil pública contra uma ONG de Damares por “dano moral coletivo decorrente de suas manifestações de caráter discriminatório à comunidade indígena” por causa da divulgação de um filme sobre infanticídio indígena feito pela organização. Os procuradores pedem que a ONG seja condenada a pagar R$ 1 milhão.

O terceiro possível foco de tensão no governo de Bolsonaro está no vice-presidente, o general Hamilton Mourão. Acostumado a falar o que pensa sobre tudo e sobre todos, da política externa à política trabalhista, da necessidade de aprovação da reforma da Previdência à privatização de estatais, o vice causa barulho. Mesmo que diga que perdem tempo os que acham que vão intrigá-lo com Bolsonaro, suas declarações sempre vão causar impacto.


Estadão quinta, 06 de dezembro de 2018

OS MELHORES PANETONES DE 2018

 

Os melhores panetones de 2018

Degustação às cegas, com quatro jurados especialistas, colocou à prova 25 panetones para eleger os dez melhores do ano  

Comente 

05 dezembro 2018 | 20:56por Danielle Nagase

Especial para o Estado 

 

Ao primeiro sinal de panetones e chocotones no mercado, a repórter Danielle Nagase foi para a rua pesquisar o que padariasconfeitarias e a indústria panificadora tinham para oferecer este ano – a seleção inicial ultrapassou 100 diferentes opções. Com foco nos clássicos ela eliminou, de cara, os que fugiam à tradição. Recheio de doce de leite? Fora. Goiabada em vez das frutas? Vetado.

 

Equilíbrio também pesou na hora da escolha e, com isso, as versões com recheio cremoso concentrado no centro também perderam a chance de entrar para o ranking. 

 

 

  Foto: Daniel Teixeira|Estadão

 Passada a peneira, sobraram 25 panetones e 25 chocotones para a megadegustação. No dia da prova, dividimos os jurados em dois times, um avaliou os panetones, o outro os chocotones.

Os jurados – que você conhece abaixo – provaram às cegas (sem saber marcas), avaliando texturaumidadesaboraroma e quantidade de recheio, e deram notas de 1 a 5. Abaixo você conheçe os 10 melhores colocados e os outros 15 provados em ordem alfabética.

 + CONHEÇA OS MELHORES CHOCOTONES DE 2018 

 

 

 

 

TIME PANETONE 

 

Conheça os jurados que provaram e avaliaram esta categoria:

 

 

O time de jurados da degustação de panetones

O time de jurados da degustação de panetones Foto: Daniel Teixeira|Estadão

 

 

1. Heloísa Rodrigues, professora

Estudou confeitaria e panificação no Culinary Institute of America. É professora da Anhembi-Morumbi e também coordena o curso de Gastronomia da universidade. Tem bom faro para emulsificantes: “Essa umidade não é de Deus”. 

 

2. Lucas Corazza, confeiteiro

O mais brincalhão da turma, jura que já foi flagrado comendo só o recheio do panetone na noite de Natal. Formou-se na França, na Ecole Nationale Supérieure de la Pâtisserie. Atualmente dá aulas em todo o Brasil e é jurado do programa Que Seja Doce, do canal GNT.

 

3. Brenda Freitas, confeiteira

Antes de chegar ao Maní, em 2016, para assumir a praça da confeitaria, estudou “Chocolate” na França, na École Nationale Supérieure de Pâtisserie. Adora panetones desde pequena, mesmo com as frutinhas cristalizadas, mas torce o nariz para chocotones. 

 

4. Marcos Carneiro, padeiro

Filósofo do pão, faz ótimos exemplares com fermentos selvagens. Sua padaria, a Miolo, fica aos pés da Serra da Cantareira. O mais crítico dos jurados, é avesso ao excesso de açúcar e gordura na composição dos panetones e dá nota zero sem dó. “Gosto eterno de gordura na boca”, reclama.

 

+ CONHEÇA OS MELHORES CHOCOTONES DE 2018


Estadão segunda, 03 de dezembro de 2018

COM BLOSONARO NA TORCIDA, PALMEIRAS COMEMORA

 

Com Bolsonaro na torcida, Palmeiras bate Vitória no jogo da festa do título

Presidente eleito desce ao gramado e participa de entrega da taça ao elenco alviverde no triunfo por 3 a 2

Dani Arruda, especial para o Estado, Estadão Conteúdo

02 Dezembro 2018 | 19h28

 

Palmeiras derrotou o Vitória por 3 a 2, neste domingo, pela última rodada do Campeonato Brasileiro, no jogo que marcou a festa do título brasileiro conquistado pelo time paulista e marcou o recorde de público do Allianz Parque: 41.256 torcedores. Edu DracenaGustavo Scarpa e Bruno Henrique marcaram para o Palmeiras. Yago e Luanfizeram para o time baiano.

 O jogo teve a presença do presidente eleito Jair Bolsonaro nas tribunas do Allianz, convidado pela diretoria do Palmeiras para acompanhar a festa do título. Após o jogo, Bolsonaro desceu ao gramado e foi cortejado por alguns jogadores, participou da comemoração e também levantou a taça. Com segurança reforçada, o presidente eleito ainda foi levado para um 'tour' do Allianz.

 

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Jair Bolsonaro comemorou o título do Palmeiras junto aos jogadores no gramado. Foto: Daniel Teixeira/Estadão
 

A vitória levou o campeão nacional aos 80 pontos. O time baiano foi rebaixado com 37 pontos. Pela primeira vez em sua história, o Palmeiras disputará a Copa Libertadores pela quarta vez consecutiva.

O Vitória encerrou a competição com a pior campanha do clube em campeonatos de pontos corridos. Os 37 pontos, na penúltima colocação, ficaram abaixo dos 38 somados no Brasileirão de 2014.

A festa começou antes mesmo de a partida começar. Faixas com as cores verde, branca e vermelha preencheram as arquibancadas. Estrelas amarelas com o ano da conquista dos títulos brasileiros exibiam os dez campeonatos. Uma bandeira com o rosto do técnico Felipão desenhado foi estendida atrás do gol. Jogadores como Moisés e Deyverson pintaram os cabelos com tinta verde.

Com o Palmeiras já campeão e o Vitória rebaixado, o primeiro tempo teve um alto número de finalizações (12 a 7), posse de bola esmagadora para o time paulista (65%), baixo número de faltas (6 a 2) e jogadores dos dois times num ritmo mais lento do que num confronto normal.

 

 
 
 

Decacampeão: Palmeiras levanta a taça do Campeonato Brasileiro 

 

O campeão brasileiro conseguiu sua vantagem apenas no fim da etapa inicial, sem pressionar de forma contundente. Dudu cruzou da esquerda, a bola passou por toda defesa do Vitória e Edu Dracena cabeceou para o gol.

No segundo tempo o Palmeiras impôs mais intensidade ao jogo. Felipão sacou Borja e colocou Deyverson. Scarpa e Dudu começaram a se movimentar com mais rapidez e não demorou muito para o campeão brasileiro ampliar a vantagem, aos 11 minutos. Gustavo Scarpa arriscou de fora da área, a bola desviou na zaga do Vitória e enganou o goleiro João Gabriel.

O Vitória diminuiu aos 25 minutos, depois de um pênalti polêmico marcado pelo árbitro Heber Roberto Lopes. O Palmeiras reclamou que Antônio Carlos fez a falta, mas fora da área. Na cobrança, Yago cobrou e marcou.

O gol deu ânimo ao Vitória, que chegou aos empate dois minutos depois. Luan recebeu na entrada da área, girou sobre a marcação e bateu forte na saída de Weverton.

Após o empate, o time baiano se manteve no ataque e ficou mais próximo da virada, mas quem chegou ao terceiro gol foi o Palmeiras. Guerra rolou para Bruno Henrique na entrada da área, chutar forte e acertar o canto direito de João Gabriel.

FICHA TÉCNICA

PALMEIRAS 3 x 2 VITÓRIA

PALMEIRAS - Weverton; Mayke, Antônio Carlos, Edu Dracena e Victor Luis; Felipe Melo, Bruno Henrique e Lucas Lima (Guerra); Gustavo Scarpa (Moisés), Borja (Deyverson) e Dudu. Técnico: Luiz Felipe Scolari.

VITÓRIA - João Gabriel; Cedric, Bruno Bispo, Lucas Ribeiro e Fabiano; Willian Farias (Nickson), Léo Gomes, Lucas Fernandes (Erick), Yago e Luan; Léo Ceará (Eron). Técnico: João Burse.

GOLS - Edu Dracena, aos 42 minutos do primeiro tempo; Gustavo Scarpa, aos 11, Yago, aos 25, Luan, aos 27, e Bruno Henrique, aos 44 do segundo.

ÁRBITRO - Heber Roberto Lopes (SC).

CARTÕES AMARELOS - Deyverson e Felipe Melo (Palmeiras); Lucas Ribeiro e Luan (Vitória).

RENDA - R$ 3.514.618,30.

PÚBLICO - 41.256 pagantes.

LOCAL - Allianz Parque, em São Paulo (SP).


Estadão sábado, 01 de dezembro de 2018

MORRE, AOS 94 ANOS, GEORGE H. W. BUSH, EX-PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS

 

Morre aos 94 anos George H. W. Bush, ex-presidente dos Estados Unidos

Republicano, que ocupou a Casa Branca entre 1989 e 1993, participou do fim da Guerra Fria e liderou coalizão militar na Guerra do Golfo 

O Estado de S.Paulo

01 Dezembro 2018 | 03h25

 

*Atualizada para correção de informação. 

 Morreu nesta sexta-feira, 30, aos 94 anos, o ex-presidente dos Estados Unidos George Herbert Walker Bush. A informação foi confirmada por seu porta-voz, Jim McGrath, pelo Twitter.  As causas da morte não foram divulgadas.

 

George H. W. Bush
 
Ex-presidente dos Estados Unidos George H. W. Bush Foto: Larry W. Smith/EFE
 

Filho e também ex-presidente, George W. Bush divulgou uma declaração na qual lamenta, em nome de seus irmãos, a morte do pai.

“George H. W. Bush foi um homem do mais alto caráter e o melhor pai que um filho ou filha poderia querer. Toda a família Bush está profundamente agradecida pela vida e pelo amor do 41º, pela compaixão daqueles que rezaram por nosso pai e pelas condolências de amigos e cidadãos”, afirmou em nota.

 
Ver imagem no Twitter

 
Statement by the 43rd President of the United States, George W. Bush, on the passing of his father this evening at the age 94.
 

Em Buenos Aires para a cúpula do G-20, o atual presidente Donald Trump lamentou a morte de Bush. No comunicado, divulgado pelo Twitter, o republicano elogiou o ex-presidente por sua “liderança inabalável” e pela condução para uma “conclusão pacífica e vitoriosa da Guerra Fria”.

 
Ver imagem no Twitter
 
Statement from President Donald J. Trump and First Lady Melania Trump on the Passing of Former President George H.W. Bush
 
 Também pelo Twitter, o democrata Barack Obama afirmou que a “América perdeu um patriota e humilde servo” e cumprimentou a família do ex-presidente. “Nossos corações estão pesados hoje, mas também estão cheios de gratidão. Nossos pensamentos estão com toda a família Bush hoje e com todos que foram inspirados pelo exemplo de George e Barbara”, afirmou o ex-presidente. Em 2011, quando ainda ocupava a Casa Branca, Obama homenageou Bush com a Medalha Presidencial da Liberdade.

 

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O então presidente Barack Obama concede a Medalha da Liberdade para o ex-presidente George H. W. Bush, em 2011
Foto: Larry Downing/ Reuters

No início de 2018, George W. H. Bush ficou quase duas semanas internado em um hospital no Texas por conta de uma infecção sanguínea. Na oportunidade, ele foi hospitalizado poucas horas depois de comparecer ao funeral de sua mulher, a ex-primeira-dama Barbara Bush, que morreu no dia 17 de abril.

O ex-presidente sofria de um tipo de Parkinson que lhe causava dificuldade para caminhar e foi hospitalizado em diferentes ocasiões nos últimos anos. Em 2016, foi internado por problemas respiratórios. Em 2015, rompeu uma vértebra do pescoço após sofrer uma queda.

Carreira

Nascido na cidade de Milton, no Massachusetts, em 12 de junho de 1924, Bush foi um dos mais jovens pilotos de combate dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial. Aos 18 anos, adiou sua entrada na Universidade de Yale - onde depois se graduaria como economista - para servir a Marinha norte-americana. Em 1944, seu avião foi atingido por um inimigo, o obrigando a saltar de paraquedas para, posteriormente, ser resgatado por um submarino norte-americano.

 

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O então vice George H. W. Bush ao lado do presidente Ronald Reagan, em setembro de 1987 Foto: Mike Sargent/ AFP

Com um currículo como congressista, embaixador das Nações Unidas e diretor da CIA, Bush foi vice-presidente de Ronald Reagan durante dois mandatos. Em 1988, venceu o democrata Michael Dukakis para se tornar o 41º presidente dos Estados Unidos.

 

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O então presidente George H. W. Bush após pronunciamento televisionado do Salão Oval da Casa Branca em 1991 Foto: Jose R. Lopez/The New York Times
 

Da Casa Branca, liderou o fim da Guerra Fria, a primeira guerra do Golfo e a invasão do Panamá enquanto a União Soviética se dissolvia e a Alemanha se reunificava.

Em 1991 assinou com o então líder soviético, Mikhail Gorbatchov, o Tratado de Redução de Armas Estratégicas para limitar o número de mísseis nucleares. No entanto, foi sua liderança na Guerra do Golfo (1990-1991), alcançando a saída do Iraque do Kuwait com um número mínimo de vítimas americanas, que lhe transformou no presidente mais popular do país até então, com 89% de aprovação.

 

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George H. W. Bush e o líder soviético Mikhail Gorbachev durante coletiva de imprensa após encontro em Moscou para discutir o desarmamento
  Foto: Mike Fisher / AFP

Bush organizou uma coalizão militar de mais de 30 países contra a invasão do ditador iraquiano Saddam Hussein no Kuwait em agosto de 1990. Com a ação, conseguiu a libertação do pequeno país petroleiro em cinco semanas de ofensiva aérea e 100 horas de combate terrestre.

Outra das suas grandes operações no exterior foi a invasão do Panamá em dezembro de 1989, com a captura do ditador Manuel Antonio Noriega, requerido pela Justiça dos Estados Unidos por narcotráfico.

 

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George H. W. Bush cumprimenta tropas norte-americanas na Arábia Saudita em novembro de 1990,
antes da intervenção liderada pelos EUA na Guerra do Golfo Foto: Rick Wilking/ Reuters

A popularidade que conquistou entre os americanos com suas vitórias na política exterior foi minada, entretanto, pela recessão econômica. A crise o obrigou a romper sua grande promessa eleitoral de não aumentar os impostos.

A célebre frase "leia os meus lábios, não haverá novos impostos", emblema do seu discurso de aceitação como candidato republicano em 1988, perseguiu-o depois na campanha pela reeleição de 1992.

 

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George W. Bush levou nome da família para Casa Branca oito anos depois da saída de seu pai Foto: Paul Buck AFP

Além disso, a recusa para ampliar o combate ao desemprego por medo de aumentar o déficit também minou sua popularidade. Bush foi associado negativamente às suas origens privilegiadas, no seio de uma família rica da Nova Inglaterra. O ex-presidente era filho de Prescott Bush, um grande banqueiro de Wall Street que foi senador federal.

 

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O então vice-presidente George H. W. Bush posa para foto com sua família em 1988; juntos, os Bushs foram a segunda dupla de pai e filho
a ocupar a Casa Branca Foto: Paul Hosefros/The New York Times

Em 1992, "Bush Pai" foi derrotado nas urnas pelo democrata Bill Clinton. Seu filho, George W. Bush, retomaria a Casa Branca ao ser eleito o 43º presidente dos Estados Unidos oito anos depois, em 2000.  Juntos, os Bushs foram a segunda dupla de pai e filho a ocupar o cargo. Os primeiros foram John Adams (1797-1801) e John Quincy Adams (1825-1829). \ Com Agências Internacionais.

*A grafia correta do nome do ex-presidente americano é George H. W. Bush, e não George W. H. Bush, como informava o título da reportagem.


Estadão quinta, 29 de novembro de 2018

PEZÃO PRESO NA LAVA-JATO POR PROPINA DE 39 MILHÕES

 

Pezão preso na Lava Jato por propina de R$ 39 milhões

Ordem judicial foi expedida pelo ministro Félix Fischer, do STJ

Julia Affonso e Breno Pires/BRASÍLIA

29 Novembro 2018 | 07h03

 

Luiz Fernando Pezão. FOTO: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO

 O governador do Rio Luiz Fernando Pezão (MDB) foi preso nesta quinta-feira, 29, pela Polícia Federal, no Palácio Laranjeiras, sede do Governo do Estado. A ordem judicial, no âmbito da Operação Lava Jato, é do ministro Félix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

  Em petição ao ministro, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou que, solto, Pezão poderia dificultar ainda mais a recuperação dos valores, além de dissipar o patrimônio adquirido em decorrência da prática criminosa. Segundo Raquel, há registros documentais do pagamento em espécie a Pezão de mais de R$ 25 milhões no período 2007 e 2015.

 

 

“Valor absolutamente incompatível com o patrimônio declarado pelo emedebista à Receita”, registrou Raquel.

Em valores atualizados, os R$ 25 milhões equivalem a pouco mais de R$ 39 milhões (R$ 39.105.292,42) e corresponde ao total que é objeto de sequestro determinado por Félix Fischer.

Pezão foi vice-governador do Rio na gestão Sérgio Cabral (MDB) entre 2007 e 2014. Cabral está preso desde novembro de 2016, condenado a mais de 180 anos de prisão. A Lava Jato atribui ao ex-governador o comando de um esquema milionário de corrupção e propinas.

Em delação premiada, o operador do esquema Carlos Miranda afirmou que Pezão recebeu R$ 150 mil mensais durante o período em que foi vice-governador.

Além de Pezão, outras oito pessoas foram presas, segundo nota da Procuradoria-Geral da República. Um dos alvos é o ex-secretário do Governo Affonso Monnerat, que já está preso, alvo da Operação Furna da Onça – investigação sobre um mensalinho a deputados estaduais.

A PF cumpre um total de 30 mandados, que estão sendo cumpridos nas cidades do Rio de Janeiro, de Piraí, de Juiz de Fora, Volta Redonda e Niterói. Além das prisões, o ministro Felix Fischer autorizou buscas e apreensões em endereços ligados a 11 pessoas físicas e jurídicas, bem como o sequestro de bens dos envolvidos até o valor de R$ 39,1 milhões.

De acordo com as investigações, o governador integra o ‘núcleo político de uma organização criminosa que, ao longo dos últimos anos, cometeu vários crimes contra a Administração Pública, com destaque para a corrupção e lavagem de dinheiro’.

Ao apresentar os pedidos, a procuradora-geral da República Raquel Dodge afirmou que a organização criminosa – que desviou verbas federais e estaduais, inclusive, com a remessa de vultosas quantias para o exterior –, ‘vem sendo desarticulada de forma progressiva, com o avanço das investigações’. Raquel apontou que Pezão foi secretário de Obras e vice governador de Sérgio Cabral, entre 2007 e 2014, período em que já foram comprovadas práticas criminosas como a cobrança de um percentual do valor dos contratos firmados pelo Executivo com grandes construtoras, a título de propina.

“A novidade é que ficou demostrado ainda que, apesar de ter sido homem de confiança de Sérgio Cabral e assumido papel fundamental naquela organização criminosa, inclusive sucedendo-o na sua liderança, Luiz Fernando Pezão operou esquema de corrupção próprio, com seus próprios operadores financeiros”, afirma Raquel Dodge.

Além da delação de Carlos Miranda, a investigação contra Pezão tem como base documentos apreendidos na residência de um dos investigados na Operação Calicute. O Ministério Público Federal afirma que foram analisadas provas documentais como dados bancários, telefônicos e fiscais.

Na petição enviada ao STJ, Raquel Dodge relatou que a análise do material revelou que Pezão e assessores integraram ‘a organização criminosa de Sérgio Cabral’ e que o atual governador o sucedeu na liderança do esquema criminoso. Segundo a procuradora-geral, ‘cabia a Pezão dar suporte político aos demais membros da organização que estão abaixo dele na estrutura do poder público e, para tanto, recebeu valores vultosos, desviados dos cofres públicos e que foram objeto de posterior lavagem’.

Sobre a importância do sequestro de bens, a procuradora-geral destacou que “é dever do titular da ação penal postular pela indisponibilidade de bens móveis e imóveis para resguardar o interesse público de ressarcimento ao Erário e também aplacar os proventos dos crimes”. Destacou ainda a existência de materialidade e indícios de autoria, conforme revelaram provas obtidas por meio de quebras de sigilos, colaborações premiadas, interceptações telefônicas, entre outras. “Existe uma verdadeira vocação profissional ao crime, com estrutura complexa, tracejando um estilo de vida criminoso dos investigados, que merece resposta efetiva por parte do sistema de defesa social”, pontua um dos trechos da petição.

Relação de pessoas com prisões decretadas

Luiz Fernando Pezão – governador do Estado do Rio de Janeiro

José Iran Peixoto Júnior – secretário de Obras

Affonso Henriques Monnerat Alves Da Cruz – secretário de Governo

Luiz Carlos Vidal Barroso – servidor da secretaria da Casa Civil e Desenvolvimento Econômico

Marcelo Santos Amorim – sobrinho do governador

Cláudio Fernandes Vidal – sócio da J.R.O Pavimentação

Luiz Alberto Gomes Gonçalves – sócio da J.R.O Pavimentação

Luis Fernando Craveiro De Amorim – sócio da High Control

César Augusto Craveiro De Amorim – sócio da High Control


Estadão quarta, 28 de novembro de 2018

LULA FAZ DO STF GATO E SAPATO

 

Lula faz de STF gato e sapato

Submissão da cúpula do Judiciário aos caprichos do condenado e preso Lula desafia poder que emana e deve ser exercido em nome do cidadão, que decidiu destino da Nação com clareza na última eleição 

José Nêumanne

28 Novembro 2018 | 07h15

 

Da sala de “estado maior” em Curitiba Lula faz e acontece pauta plenário do Supremo a seu bel prazer. Foto: Dida Sampaio/Estadão

O agendamento da sessão plenária da Segunda Turma do STF de mais um recurso da defesa de Lula pedindo sua liberdade sob alegação da parcialidade do juiz que o condenou, Sérgio Moro, por ter aceitado convite do presidente eleito, Jair Bolsonaro, para ser ministro da Justiça, é mais uma prova da submissão da cúpula da Justiça ao presidiário famoso. Os recursos parecem não ter fim e submetem o Judiciário a um questionamento permanente, ao qual não tem direito o cidadão comum que não delinque e  paga a conta pesada daquele Poder. A contestação sem fim desafia a decisão do povo que escolheu o novo governo em eleições legítimas que STF não tem poder para negar. Este é meu comentário no Estadão Notícias, no Portal do Estadão desde 6 horas da quarta-feira 28 de novembro de 2018.
 
 
 

Era reajuste ou caos, diz Toffoli

Presidente do STF escancarou chantagem descarada para forçar deputados, senadores e Temer a aprovarem reajuste imoral de ministros, ameaçando até com paralisação total de juízes e instauração do caos

 
 

Toffoli e Fux apresentaram aos dois outros Poderes escolha entre reajustar subsídios do STF ou parar Justiça no País. Foto: Dida Sampaio

Depois do acordo mais descarado da História da República entre o STF, a Câmara, o Senado e o presidente Temer para aumentar subsídios dos ministros “supremos”, numa barganha que bandidos teriam pudor em fazer, o presidente do time, Toffoli, disse que “dignidade” da Justiça estava em jogo pela situação de carência de seus vencimentos mensais de R$ 33 mil. Nunca ninguém jamais verá cinismo igual. Se gostar deste vídeo, dê um like, inscreva-se no meu canal, clique no sininho para ser avisado quando produzir e editar os próximos e me acompanhe diariamente no Blog do Nêumanne no Portal do Estadão e em meu site Nêumanne Estação (www.neumanne.com). de segunda a sexta no Estadão Notícias no Portal do Estadão, às 6h, e no Jornal Eldorado da Rádio Eldorado FM 107,3 (eldorado@estadao.com.net), às 7h30m, e esporadicamente no Estadão às 5 aqui mesmo no Youtube. Direto ao Assunto. Inté e Deus é mais.

Estadão segunda, 26 de novembro de 2018

MORRE AOS 77 ANOS BERNARDO BERTOLUCCI, DIRETOR DE O ÚLTIMO TANGO EM PARIS

 

Morre aos 77 anos Bernardo Bertolucci, diretor de 'O Último Tango em Paris'

Cineasta italiano recebeu uma Palma de Ouro honorária em 2011 no Festival de Cannes pelo conjunto de sua obra 

O Estado de S.Paulo

26 Novembro 2018 | 06h49

 

ROMA - O cineasta italiano Bernardo Bertolucci, conhecido por filmes como "O Último Tango em Paris" e "O Último Imperador", morreu em Roma aos 77 anos, anunciou a imprensa italiana nesta segunda-feira, 26.

 

Bernardo Bertolucci
 
Bertolucci era considerado um mestre do cinema italiano e mundial Foto: Fred Prouser / Reuters

Bertolucci, considerado um mestre do cinema italiano e mundial, recebeu uma Palma de Ouro honorária em 2011 no Festival de Cannes pelo conjunto de sua obra. / AFP


Estadão sábado, 24 de novembro de 2018

DESCONTO FALSO LIDERA QUEIXAS NA BLACK FRIDAY

 

 

Desconto falso lidera queixas na Black Friday

Procon-SP registrou reclamações sobre maquiagem de preços, produtos não disponíveis, pedidos cancelados pelas empresas e sites fora do ar 

O Estado de S.Paulo

24 Novembro 2018 | 04h00

 A maquiagem de descontos, popularmente chamada de “metade do dobro”, lideravam ontem as reclamações sobre a Black Friday no Procon-SP. Das 258 queixas registradas pelo órgão de defesa do consumidor, 87 se referiam aos preços promocionais que, na verdade, eram os mesmos praticados pelas lojas antes da data de megadescontos no comércio virtual e físico.
 

Outras 52 queixas, segundo o Procon-SP, foram sobre mudança de preço ao finalizar a compra. Os consumidores também reclamaram de produto oferecido, mas nãodisponível, pedidos cancelados pelas empresas após a finalização da compra e sites fora do ar.

 

 

 Black Friday 2017 Extra Ipiranga

O tráfego, até as 19h, foi de 2299 ofertas, sendo que as bloqueadas foram 817

Foto: Alex Silva/Estadão

 Com três dias de acompanhamento das promoções de Black Friday, o site Reclame Aqui já somava 4.058 reclamações, segundo a última parcial do dia divulgada ontem. Das 12h às 16h foram registradas, em média, 230 reclamações por hora. Em 2017, no mesmo período, a média foi de 199 reclamações por hora, um aumento de 15,6%.

Segundo o diretor de operações do Reclame Aqui, Felipe Paniago, o aumento do número de reclamações reflete o crescimento das vendas. “Naturalmente, se aumentam as vendas, aumentam as possibilidades de surgirem problemas”, diz. Ele diz, no entanto que a desconfiança do brasileiro com a Black Friday ainda é alta.

Um monitoramento do Reclame Aqui e do Twitter acompanhou o ânimo do consumidor na rede social. Das 0h às 15h de ontem, foram contabilizadas 3.780 citações, sendo 2.895 (76%) positivas e 885 negativas (24%). O volume de menções representa um aumento de 127% em relação ao mesmo período da quinta-feira.

“Percebemos que o consumidor ao ter a experiência de compra efetivamente pode viver a frustração em algum aspecto, o que pode contribuir para esta queda no índice positivo nas redes sociais”, disse.

Os números parciais de comercialização apontam que, neste ano, a data deve registrar um novo recorde de vendas. A Ebit/Nielsen, que monitora dados de tráfego e compras na internet, apurou que o volume de pedidos no varejo online ultrapassou a marca de 3,23 milhões na Black Friday de 2018, crescimento de 14% na comparação com o mesmo período do ano anterior. O desembolso médio chegou a R$ 641, o que representa uma alta de 10%. / FELIPE SIQUEIRA, GABRIEL WAINER, MARINA DAYRELL, TALITA NASCIMENTO


Estadão quinta, 22 de novembro de 2018

BLACK FRIDAY ESPERA 100 MILHÕES DE CONSUMIDORES

 

Black Friday espera 100 milhões de consumidores

A partir da meia-noite desta quinta para sexta-feira, começam ofertas do varejo; órgão de defesa do consumidor pede cautela na hora das compras 

Gabriel Wainer e Talita Nascimento, especiais para o Estado

22 Novembro 2018 | 04h00

 

A temporada de superdescontos prometida pelo varejo na Black Friday começa à meia-noite desta quinta para sexta-feira, tanto nas lojas físicas quanto, principalmente, no comércio pela internet. Este ano, são esperados que 100 milhões de brasileiros aproveitem a data para fazerem alguma compra, de acordo com pesquisa feira pela Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito).

 Neste ano, mais do que em edições anteriores, os lojistas adiantaram as promoções, que estão no ar desde o começo da semana. Contudo, segundo o Google, o pico de consumo deve acontecer, de fato, amanhã. 

 

 

 

Black Friday 2017 Extra Ipiranga
A Black Friday deste ano deve movimentar R$ 3,27 bilhões, segundo a CNC. Foto: Alex Silva/Estadão
 

Uma das redes que decidiram adiantar as promoções foi a Via Varejo, dona das Casas Bahia e do Ponto Frio. A partir desta quinta-feira, 22, às 11h, as mil lojas da rede vão abrir as portas já com os preços reduzidos. Em lojas como Pão de Açúcar e Extra, a expectativa é que o movimento em um único dia supere o de seis sextas-feiras juntas, que tradicionalmente é o melhor dia desse varejo.

Para além das ofertas relâmpago, os órgãos de defesa dos consumidores alertam para as pegadinhas, batizadas de “Black Fraude”. Procon-SP e Instituto Nacional de Defesa do Consumidor (Idec), por exemplo, vão manter uma sala de crise para atender às demandas dos clientes que enfrentarem problemas nas compras.

De acordo com dados da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), órgão do Ministério da Justiça, durante a Black Friday ocorre um aumento de cerca de 70% nas reclamações na plataforma consumidor.gov.br, um serviço público que permite a interlocução direta entre consumidores e empresas para solução de conflitos. O problema é que o número de ocorrências solucionadas, no entanto, permanece igual, na média de 72,6%.

As cinco principais categorias de queixas registradas no site são oferta não cumprida, venda ou publicidade enganosa e serviço não fornecido; demora na entrega ou não entrega do produto adquirido; dificuldade, atraso ou retenção de valores a serem reembolsados; dificuldade de contato e demora no atendimento; e produtos danificados ou que não funcionam e consequente dificuldade de troca ou conserto.

O advogado do Idec, Igor Marchetti, diz que os dados extraídos pela Senacon mostram que o consumidor deve estar atento às falsas ofertas. “Recomendamos atenção ao orçamento para que não seja comprometido em favor de uma onda fictícia de descontos”, diz.

Acesso liberado

Estado vai liberar aos leitores todo o conteúdo de seu portal durante a edição da Black Friday de 2018, que acontece no dia 23 de novembro. A cobertura especial vai começar na meia-noite do dia 23 e permanecerá até 0h01 de 24 de novembro.

Os leitores vão contar com cobertura em tempo real, transmissões ao vivo dos repórteres da editoria de economia e informações exclusivas desta que é a principal temporada de compras do ano no Brasil, atrás apenas do Natal.


Estadão quarta, 21 de novembro de 2018

DE MALAS PRONTAS, MÉDICA CUBANA VENDE MÓVEIS EM SÃO PAULO

 

De malas prontas, médica cubana vende os móveis em SP

Em outros pontos do País, profissionais dispensados também deixam postos de atendimento 

José Maria Tomazela e Luciano Nagel, O Estado de S. Paulo

21 Novembro 2018 | 03h00

 

A médica cubana Evelyn Fernandes, de 28 anos, foi liberada do atendimento numa Unidade Básica de Saúde (UBS) de São Miguel Arcanjo, interior de São Paulo, para cumprir tarefas que nada têm a ver com sua profissão. Em lojas de móveis usados de Sorocaba, ela tentava vender geladeira, cama e outros acessórios de sua casa para voltar para Cuba. Depois de um ano e meio atendendo principalmente a população rural da cidade, ela soube da decisão do governo cubano de interromper o programa Mais Médicos. “Devo embarcar segunda ou terça da próxima semana, estou só esperando a passagem”, disse. 

 Dos sete médicos cubanos que o programa destinou a São Miguel Arcanjo, cidade de 33 mil habitantes, cerca de um terço na zona rural, seis já foram notificados para retornar a Cuba. “Não sei o que vai acontecer, porque a gente fazia muito atendimento. Eram vinte ou mais consultas todo dia. Tem idosos e crianças que acompanho desde que cheguei.” A médica, que já atuou três anos na Venezuela, disse que vai de “coração partido”, porque gosta do Brasil. 

Colega de Evelyn no Programa Saúde da Família (PSF) de São Miguel Arcanjo, a médica cubana Lissete Romero Quiñones, de 32 anos, vai permanecer no Brasil. Ela foi enviada à cidade pelo Mais Médicos em 2014 e, em julho de 2016, casou-se com um administrador de empresas brasileiro. “Por ser casada aqui, o governo cubano mandou uma declaração de que posso ficar, mas ainda tenho muita incerteza. Tenho contrato até 31 de dezembro, mas e depois?”  

 Lissete ainda não tem a cidadania brasileira, mas por ser casada aqui, espera que o governo permita que ela entre na contratação emergencial que vai suprir as vagas abertas pela saída dos cubanos. “Eu gostaria de continuar trabalhando até conseguir fazer o Revalida.” 

A secretária da Saúde de São Miguel Arcanjo, Kátia Raskevicius, disse que o impacto da saída dos seis médicos cubanos só será avaliado na próxima semana. “São 162 atendimentos que deixarão de ser feitos por dia. Estamos esperando que o governo federal reponha o mesmo número de profissionais, através da contratação emergencial.” 

Segundo a secretária, o município não tem condições financeiras de contratar os médicos necessários para manter o mesmo atendimento. “Entramos no programa justamente porque não conseguíamos trazer médico para cá.”

 

Mais médicos
 
A médica cubana Evelyn Fernandes, do programa Mais Médicos, em São Miguel Arcanjo (SP) Foto: Evelyn Fernandes

Médicos cubanos começam a deixar seus postos

Nos municípios de Viamão, Gravataí, Canoas, São Leopoldo e Cachoeirinha, na região metropolitana de Porto Alegre, profissionais cubanos do programa Mais Médicos já começaram a deixar os postos de saúde nesta terça-feira, 20, após receberem do governo de Cuba o comunicado sobre o encerramento do convênio. A logística de retorno deve ficar a cargo da OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde).

Na cidade de Viamão, pela manhã, apenas quatro dos 13 médicos cubanos que trabalham nos postos de saúde apareceram para trabalhar. De acordo com o secretário municipal da Saúde, Luís Augusto de Carvalho, as consultas medicas agendadas para esta terça-feira, 20, foram remarcadas para os próximos dias. “Fomos pegos de surpresa. Não estávamos esperando uma saída tão rápida assim. Tínhamos a informação de que parte dos médicos deixariam o país em 25 novembro e outra em 25 de dezembro”, disse o secretário a reportagem do Estadão.

De acordo com Luís Augusto, devido à ausência destes médicos cubanos, cerca de 2 mil pessoas deixarão de ser atendidas mensalmente nas unidades de saúde da cidade. Já o impacto financeiro que isso causa nos cofres públicos, caso a prefeitura tenha que contratar emergencialmente novos médicos, gira em torno de R$ 320 mil mensais. “Se tivermos que contratar médicos pela empresa terceirizada, dentro das normas da CLT, teremos um gasto inviável, não temos condições”, explicou. Com o programa Mais Médicos inserido no município, Viamão gastava em media R$ 40 mil mensais pelos serviços prestados.

A expectativa do secretário municipal da Saúde, Luís Augusto de Carvalho, é de que médicos brasileiros se candidatem o mais rápido possível para as 630 vagas publicadas no edital para o Programa Mais Médicos.

Ouvido pela reportagem, o médico cubano Orelvi Carrazana Lopes, 46 anos, lamentou ter de deixar o trabalho em Viamão por onde atuou por mais de quatro anos. No entanto, Orelvi ressaltou que não irá desistir de sua profissão.  “Vou seguir buscando trabalho aqui no Brasil. Sou formado em medicina há 21 anos e estou casado aqui país”, afirmou o médico que recebeu o comunicado de seu governo sobre o encerramento do programa. Antes de vir para o Brasil, Orelvi Carrazana Lopes trabalhava em um hospital na cidade de Cienfuegos, na região central de Cuba. Sobre as experiencias profissionais adquiridas aqui no Brasil, o medico cubano, humildemente, afirmou que tem sempre muito que aprender. “Aqui todo dia aprendo algo com os enfermeiros, com os colegas de trabalho. Gosto de trabalhar com brasileiros, são carismáticos, parecidos com os cubanos”, comentou o cubano que mantém contato periodicamente com sua família em Cuba, seja telefone ou internet.

Em São Leopoldo, oito postos de saúde tiveram os atendimentos prejudicados nesta terça-feira, 20, após a saída de 13 médicos cubanos. Segundo o secretário de Saúde da cidade, Ricardo Charão, o atendimento nestas unidades será mantido com o trabalho de enfermeiros, técnicos em enfermagem entre outros profissionais da área da saúde. Em Canoas, a prefeitura já publicou o edital para a contratação de novos profissionais que irão substituir os médicos cubanos, no entanto “a procura pela oferta tem sido abaixo do esperado”, diz a nota. No município, oito caribenhos deixaram de prestar atendimento nesta manhã nos postos de saúde. A reportagem tentou contato com a prefeitura de Canoas, que não atendeu aos chamados. 

Já nos municípios de Gravataí e Cachoeirinha a situação não foi diferente. Em Gravataí, dos 36 profissionais da saúde que fazem parte do programa Mais Médicos, 17 médicos são cubanos. O grupo chegou na cidade entre os meses de novembro e dezembro de 2013. De acordo com a prefeitura, na manhã desta terça-feira, 20, todos os 17 não compareceram aos postos de trabalho devido ao comunicado do governo Cubano informando-lhes que deveriam encerrar os serviços de imediato. Com esta decisão arbitraria, 5.100 consultas mensais ficaram indisponíveis para a população em 11 unidades de saúde. Para driblar provisoriamente o problema, a prefeitura de Gravataí convocou os sete últimos médicos, que foram aprovados no último concurso público, para preencher as vagas antes ocupadas pelos estrangeiros. 

Na cidade de Cachoeirinha, a prefeitura informou que está estudando um remanejamento para que os postos de saúde não fiquem sem atendimento. Dos seis médicos cubanos que prestam serviço no município, dois devem deixar o país ainda nesta sexta-feira, 23. Já os outros colegas aguardam orientações da Organização Pan-Americana de Saúde – OPAS. Com a saída geral destes profissionais, as unidades de Estratégia de Saúde da Família Otacílio Silveira e Jardim Betânia ficarão desassistidas. 


Estadão segunda, 19 de novembro de 2018

HÉLIO DE LA PEÑA: NEGRO, DE VIDRAÇA DE PIADA A PEDRA

 

‘Negro era a vidraça da piada, agora pode ser pedra’, diz Hélio de la Peña

Sonia Racy

19 Novembro 2018 | 00h50

 

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HÉLIO DE LA PEÑA. FOTO ESTADÃO

Com stand-up só de negros,
comediante 
vê no humor forma de trabalhar autoestima

 
 

Uma das piadas que Hélio de la Peña faz no stand-up Coisa de Preto remete diretamente à sua vida. Morador de um condomínio de luxo no Rio, ex-aluno de um dos colégios mais tradicionais da cidade, o São Bento, e reconhecido na maioria dos lugares em que vai, o comediante se considera uma espécie de “Mogli, o menino preto”. “Sou um preto criado no meio de brancos e brinco com isso. Exagero a coisa pra dizer que toda vez em que chego de madrugada no meu condomínio até eu sou barrado, porque a segurança é rigorosa”, ironiza.

É justamente a comédia uma das formas que Hélio usa para combater o racismo e o preconceito. Seja no Coisa de Preto, coletivo composto só por comediantes negros, seja no que escreve, como o livro Vai na Bola, Glanderson – que originou o filme Correndo Atrás. “Nas apresentações do Coisa de Preto nós percebemos um público predominantemente negro, uma coisa que é rara de ser ver num teatro. Muita gente que estava indo ao teatro pela primeira vez, entendeu. E se identificava com o que a gente falava, conseguia rir de questões que normalmente são muito pesadas e tristes”, explica, nesta entrevista a Marcela Paes.

No caso do longa, Hélio acha que o fato de o filme ser uma comédia é uma forma de mostrar às pessoas um outro lado da favela. Correndo Atrás já foi exibido em diversos festivais internacionais e tem previsão de estreia no circuito comercial no ano que vem. “O público estrangeiro está acostumado a ver qualquer filme que se passe numa favela brasileira tratando sobre tráfico, violência, milícia. A minha intenção foi justamente mostrar que existe alegria na favela”, afirma.

Na véspera do Dia da Consciência Negra, que ocorre nesta terça, o comediante — que se tornou famoso no Casseta & Planeta, da Globo — vê nesse tipo de data mais uma oportunidade de levantar a questão do racismo no Brasil. “Algumas pessoas se incomodam: ‘Ah, pô, mas tá se falando muito disso…’. Mas nunca se falava, entendeu? Não era assunto. As pessoas se achavam mais confortáveis quando o negro era invisível na sociedade. Assim não dá. Não tem mais espaço pra isso”. A seguir, principais pontos da conversa.

Política sempre foi assunto para comédia, no seu caso, desde o Casseta & Planeta. A atual situação do País é um prato cheio pra fazer piada?
O Brasil nunca deixou os humoristas na mão, sempre foi muito generoso com a gente. Agora estamos vivendo esse momento aí, volta de militar pra Brasília, um acirramento, uma brigalhada danada, briga de família, pessoas se desentendendo, e o grande mote do momento, que são as fake news, né? Então, são assuntos que dão bastante pano.

O que você achou da vitória do Jair Bolsonaro?
A eleição como um todo foi bem confusa. As posições moderadas foram colocadas de lado tanto para direita quanto para a esquerda. A maioria das pessoas apoiou o Bolsonaro na esperança de que ele mantenha o combate à corrupção, mas também teve um recuo na questão do comportamento. O atrito que a gente viu entre amigos durante a eleição deve se manter aí por um bom período. Mas, enfim, não tô apostando contra… A gente está precisando é que alguma coisa dê certo neste País. Se ele conseguir reduzir o Estado, combater a corrupção e se os movimentos conseguirem que não haja uma regressão na conquistas das minorias, acho que podemos avançar.

A questão da Lei Rouanet e de outros tipos de incentivos culturais foi muito discutida durante esse período. O que você, que trabalha na área, pensa?
Existe uma visão muito distorcida dentro dessa história. O fato de haver, em alguns casos, uma malversação dos recursos, não significa que a lei seja um problema. Na verdade ela soluciona bem, movimenta o mercado, gera emprego e dá oportunidade a que obras sejam realizadas e cheguem ao público. Eu acho fundamental. As pessoas tinham que se informar um pouco melhor antes de ficar falando. Como disse, o fato de haver corrupção ou de a pessoa usar mal uma coisa não significa que o recurso deva ser condenado.

Qual a importância de coletivos como o seu grupo de stand-up Coisa de Preto, que é composto só de comediantes negros?
Eu acho muito importante. Fizemos um show em agosto, num teatro em Vila Gustavo e a gente percebeu que foi um público predominantemente negro – coisa que é raro você ter, uma plateia negra num teatro, né? Muita gente indo ao teatro pela primeira vez. E se identificava com o que a gente falava, conseguia rir de questões que normalmente são muito pesadas e tristes, entendeu. Além do que, a existência do nosso grupo está revelando novos valores do stand up, dos humoristas negros.

Pode ser também uma forma de se discutir o racismo?
Isso brinca e trabalha a autoestima do negro. Pô, tem coisas das quais você pode rir, problemas dos quais você pode rir. E tem outro ponto de vista: que você era simplesmente o alvo da piada… Negro era a vidraça da piada, agora pode ser a pedra também. A verdade é que o negro sempre sentiu um desconforto quando era o alvo de uma piada grosseira e tal, e agora a gente pode brincar com isso, pode, enfim, inverter a posição desse jogo.

Qual o tipo de piada do show?
São vários comediantes e cada um tem a sua personalidade, a sua realidade. Eu sou um preto criado no meio dos brancos, então eu me sinto uma espécie de “Mogli, o menino preto”… Eu brinco com isso, com essa coisa de eu morar num condomínio de luxo e toda vez que chego de madrugada no meu condomínio até eu sou barrado, porque a segurança é rigorosa. Também tem gente que brinca com a coisa do chamado racismo reverso. Mas é aquela coisa que a gente fala assim: “Pô, durante 518 anos o preto foi o alvo da piada. Então, se o branco for durante uma noite não tem problema, né? Acho até que se o branco for lá e não tiver esse tipo de piada ele vai ficar meio frustrado, vai falar: “Pô, mas que showzinho mais Nutella.”

Hoje se discute muito sobre quais os limites do humor, quais assuntos são passíveis de piada. Como vê a questão?
O limite depende de cada um. Depende da maneira como você conduz a coisa. Tem espaço pra todos os lados. Têm humoristas produzindo piadas politicamente corretas, tem um público que curte a piada politicamente incorreta, mas o cara tem que ter um estômago para conseguir lidar com a reação das pessoas. O limite do humor está na sua capacidade de pagar por um bom advogado.

Mas como você lida com isso? Você se policia para não ofender determinados grupos?
Acho que há certo exagero. Existem conquistas, existem coisas interessantes. Não fico com saudade do tempo em que podíamos ser machistas, racistas, homofóbicos, esse tempo passou. Mas também penso que tem piada que funciona, entendeu? Tem piada divertida, piada que não é ofensiva. Tá havendo uma dificuldade muito grande de interpretação de texto, sabe? Aí acaba se considerando racista algo quando você tá simplesmente abordando o tema do racismo, ou machista por abordar esse problema. Esses exageros, eu costumo passar por cima. Agora, evoluímos. É bom que a sociedade evolua.

‘COTA RACIAL NÃO RESOLVE
O PROBLEMA. 
O QUE
RESOLVE É INVESTIR NA

EDUCAÇÃO BÁSICA’

Você já chegou a dizer que não era a favor de cotas raciais em universidades públicas e que achava o critério socioeconômico mais justo. Ainda pensa assim?Deixa eu esclarecer. Não sou contra cota racial. Eu acho que a cota racial não resolve o problema, o que resolveria seria um investimento na educação básica de alto nível. Por outro lado, você tem o problema do negro pobre e tem a questão dos pobres de uma maneira geral. Uma cota social, no meu entender, também atenderia. Só que, no momento, você tem uma defasagem muito grande da condição do negro para o branco, mesmo o branco pobre tem condição favorável em relação ao negro pobre – e a cota racial acaba funcionando. O que me incomoda é isso acomodar as autoridades.

Você estudou no São Bento, um dos colégios mais tradicionais do Rio. Isso foi determinante na sua vida?
Isso é indiscutível. Minha mãe era professora primária de escola pública e ficou preocupada quando eu comecei o ginásio numa escola fraca. Ela buscou o São Bento, falou com o reitor, eu fiz uma prova e ganhei uma bolsa. Isso me abriu os horizontes, acabei tendo contato com um mundo ao qual eu não tinha acesso, ao qual meus pais nunca tiveram acesso. A partir dali eu conheci gente rica, gente influente. Depois, com o ensino do São Bento, eu passei para a Engenharia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Minha professora de matemática me apresentou o marido dela, que era diretor de uma empresa, eu comecei a estagiar. É a esse networking que o pobre não tem acesso.

O Casseta & Planeta está no Youtube, uma plataforma que é mais utilizada por millennials, e não o público originário de vocês. Houve alterações no tipo de piada pra alcançar essas pessoas?
Desde a Copa do Mundo a gente vem postando vídeos. O público está gostando, tem muita gente não conhecia nosso trabalho e outros estão matando a saudade. Mas a gente não tem a intenção de virar aquele coroa, tiozão metido a jovem. A gente é o que a gente é, entende?

O que você acha de feriados como o da Consciência Negra?
Eles levantam a questão. As pessoas se achavam mais confortáveis quando o negro era invisível na sociedade. Isso não dá. Não tem mais espaço pra isso. Temos que falar sobre problemas dos negros, assim como os da população marginalizada: os gay, trans, a mulher. Eu acho que o mundo evolui cada vez que essas discussões são colocadas em pauta. E brasileiro adora um feriado, né


Estadão sábado, 17 de novembro de 2018

SUBMARINO ARGENTINO É ENCONTRADO UM ANO APÓS DESAPARECIMENTO

 

Submarino argentino é encontrado um ano após desaparecimento

Marinha confirmou que embarcação foi detectada a 800 metros de profundidade na região da Patagônia 

O Estado de S.Paulo

17 Novembro 2018 | 03h47

 

BUENOS AIRES - A Marinha da Argentina confirmou em anúncio pelo Twitter neste sábado, 17, que pesquisadores encontraram o submarino ARA San Juan, que desapareceu há um ano com 44 tripulantes a bordo nas águas do Oceano Atlântico. A embarcação foi detectada a 800 metros de profundidade na Península Valdés, na Patagônia argentina.

 

As imagens do submarino argentino que desapareceu
 
O submarino ARA San Juan, da Marinha Argentina, foi encontrado após um ano do seu desaparecimento com 44 tripulantes  Foto: Marinha Argentina, via AP

De acordo com o anúncio, a confirmação foi realizada por um veículo operado por controle remoto da companhia norte-americana Ocean Infinity, contratada para auxiliar nas buscas. A empresa receberá US$ 7,5 milhões pelo achado.

O submarino desapareceu no dia 15 de novembro de 2017, quando realizava o percurso entre Ushuaia, no extremo sul da Argentina, e sua base em Mar del Plata.

No último contato com a embarcação, a cerca de 400 quilômetros da costa do país, a tripulação relatou avarias causadas por uma entrada de água pelo sistema de ventilação, que “provocou um curto-circuito e um princípio de incêndio” nas baterias. Horas depois, uma explosão foi detectada pela Marinha.

 

Parentes dos marinheiros desaparecidos em submarino argentino participam de cerimônia na quinta-feira, 15, quando o incidente completou um ano
Parentes dos marinheiros desaparecidos em submarino argentino participam de cerimônia na quinta-feira, 15, quando o incidente completou um ano Foto: AP Photo/Vicente Robles

O navio Seabed Constructor da Ocean Infinity, companhia responsável pelas buscas sem sucesso do avião da Malaysia Airlines desparecido em 2014, iniciou as buscas pelo ARA San Juan no dia 7 de setembro. 

O anúncio da descoberta do submarino acontece apenas dois dias depois de as famílias dos tripulantes realizarem um evento em homenagem ao aniversário de um ano do desparecimento. \COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS"


Estadão quarta, 14 de novembro de 2018

NOVO MINISTRO DA DEFESA VÊ FORÇAS ARMADAS DISTANTES DA POLÍTICA

 

 

Novo ministro, general vê Forças Armadas distantes da política

Anunciado pelo presidente eleito para comandar a Defesa, Fernando Azevedo e Silva afirma que Bolsonaro não representa volta dos militares ao poder e descarta politização das tropas 

Tânia Monteiro, O Estado de S.Paulo

14 Novembro 2018 | 05h00

 

BRASÍLIA - Anunciado pelo presidente eleito, Jair Bolsonarocomo futuro ministro da Defesa, o general da reserva Fernando Azevedo e Silva disse ao Estado que “não acredita” em risco de politização das Forças Armadas. “As Forças estão afastadas da política. O representante político das Forças Armadas é o ministro da Defesa”, afirmou. Com a escolha, Bolsonaro optou por manter a pasta sob o comando de um militar do Exército

 De perfil moderado e com experiência na relação com o Congresso, Azevedo e Silva é o segundo general confirmado no primeiro escalão do futuro governo – além dele, o general da reserva Augusto Heleno foi indicado para ser ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência.

 

O general da reserva Fernando Azevedo e Silva
O general da reserva Fernando Azevedo e Silva, que vai comandar a Defesa Foto: TOMAZ SILVA/AGÊNCIA BRASIL
 

Azevedo e Silva ocupa atualmente o cargo de assessor especial do presidente do Supremo Tribunal FederalDias Toffoli.

 

 

Em conversa por telefone com o Estado, ele disse que a eleição de Bolsonaro não representa a volta dos militares ao poder (leia entrevista exclusiva com Azevedo e Silva) – o presidente é capitão reformado do Exército, o vice, Hamilton Mourão, também é general da reserva e Marcos Pontes, futuro ministro da Ciência e Tecnologia, é tenente-coronel da Aeronáutica. 

Bolsonaro anunciou a escolha de Azevedo e Silva pelo Twitter. Depois, já em Brasília, onde desembarcou na terça-feira, 13, o presidente eleito justificou a escolha citando o vasto currículo do general. Paraquedista como Bolsonaro, de quem é amigo dos tempos da Academia Militar, Azevedo e Silva integra a ala moderada das Forças Armadas.

 
 Bom Dia! Comunico a todos a indicação do General-de-Exército Fernando Azevedo e Silva para o cargo de Ministro da Defesa.
 
Segundo interlocutores, general possui um perfil eclético e flexível, o que lhe permitiu já ter passado pelos três Poderes. 

O presidente Michel Temer já havia quebrado a sequência de civis no comando da Defesa, o que ocorria desde a criação do ministério, em 1999. Temer escolheu como ministro o general da reserva Joaquim Silva e Luna, em fevereiro deste ano. 

Na campanha Bolsonaro havia prometido manter um militar à frente da pasta, apesar das críticas de diversos setores. O martelo foi batido na segunda-feira à noite, quando o presidente eleito telefonou para Azevedo e Silva e sacramentou o convite. 

Inicialmente, o lugar havia sido reservado para o também general da reserva Augusto Heleno, que, na semana passada, foi deslocado para ocupar o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI). Mas, desde a quarta-feira da semana passada, quando se reuniu com o presidente do STF, Bolsonaro indicou a Toffolli que poderia precisar do antigo companheiro em algum posto em seu governo, principalmente pelo seu perfil conciliador e agregador. 

 

Naquele mesmo dia, o presidente eleito havia indicado que para a vaga de Heleno na Defesa poderia ser nomeado um almirante de Esquadra. O nome que estava entre os militares e chegou a ser sugerido pelo comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, para o cargo, com endosso do comandante da Aeronáutica, brigadeiro Nivaldo Rossato, era o do titular da Armada, almirante Eduardo Leal Ferreira. O atual comandante da Marinha, no entanto, estava com outros planos para o seu futuro. Com isso, Bolsonaro decidiu ir para a sua chamada “reserva técnica”.

A escolha de mais um oficial do Exército para o Ministério da Defesa gerou descontentamentos entre oficiais da própria Marinha e da Aeronáutica. Para a sucessão nas três Forças, as preferências por nomes fora da ordem de antiguidade foram abandonadas e a tendência é de que a opção seja pelos três mais antigos das forças, critério que evita maiores contestações. 

O currículo de Fernando é extenso e variado e tem distintas ligações com diversos segmentos políticos. Assumiu a Autoridade Pública Olímpica, em outubro de 2013, no governo Dilma Rousseff. Foi chefe da ajudância de ordens do ex-presidente Fernando Collor. No exterior, uma de suas funções foi no Haiti, onde exerceu o cargo de Chefe de Operações do II Contingente do Brasil na Minustah. /COLABOROU RAFAEL MORAES MOURA


Estadão segunda, 12 de novembro de 2018

JOAQUIM LEVY SERÁ PRESIDENTE DO BNDES

 

Joaquim Levy será o presidente do BNDES

Ex-ministro da Fazenda deixará o cargo de diretor no Banco Mundial, em Washington, para assumir o comando do banco de fomento 

Sonia Racy, O Estado de S. Paulo

11 Novembro 2018 | 21h05

 

O ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy será o novo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Atual diretor financeiro do Banco Mundial, Levy já está esvaziando suas gavetas na sede da instituição multilateral, em Washington (EUA), para se mudar para o Rio, substituindo Dyogo Oliveira no comando do banco de fomento brasileiro.

  Segundo uma fonte que acompanha a formação da equipe de governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro, Levy assumiria o cargo sob promessa de ampliar a interação do BNDES com os organismos multilaterais, como o próprio Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Eventuais parcerias para o banco brasileiro captar recursos junto a essas instituições permitiriam ampliar o montante a ser devolvido ao Tesouro no próximo ano.
 
 
Joaquim Levy
Ex-ministro da Fazenda na gestão de Dilma Rousseff volta ao governo Foto: Ueslei Marcelino/Reuters
 

A oficialização do nome de Levy para o cargo deve sair entre hoje e amanhã. O economista, que mora hoje nos Estados Unidos, estava em dúvida se aceitava o convite por conta da família – que não deve voltar ao Brasil de imediato –, mas acabou dizendo sim.

Liberal. A indicação de Levy pode ser considerada uma vitória da visão econômica mais liberal, capitaneada pelo futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, dentro do governo. O grupo formado por militares na equipe de Bolsonaro, com visão um pouco mais estatizante, defenderia um BNDES menor, mas com alguma função no financiamento à inovação e aos investimentos em infraestrutura. 

Já para o grupo mais liberal, o BNDES poderia se dedicar apenas às privatizações de estatais e estruturação de projetos de concessões de infraestrutura à iniciativa privada. Essa função teria prazo de validade. Vendidas as estatais e concedidos os principais projetos de infraestrutura em carteira, o BNDES poderia até mesmo ser extinto.

Assim como Guedes, Levy, que é engenheiro naval, tem doutorado na Universidade de Chicago, mais importante centro do pensamento liberal em economia. Secretário do Tesouro Nacional no governo Lula, integrando a equipe montada pelo então ministro da Fazenda Antônio Palocci, foi também secretário de Fazenda no primeiro governo de Sérgio Cabral no Estado do Rio. 

Antes de voltar ao governo federal, no segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff, foi presidente da Bram, a gestora de recursos do banco Bradesco.

A indicação para o BNDES seria a primeira importante do governo Bolsonaro depois dos ministros já anunciados. Há forte expectativa em relação ao comando da Petrobrás – o nome do atual presidente da estatal, Ivan Monteiro, ganhou força nos últimos dias.

Procurados, Levy e Guedes não responderam aos contatos. / COLABOROU VINICIUS NEDER


Estadão sábado, 10 de novembro de 2018

LULA DONO DO SÍTIO? NENHUMA DÚVIDA, DIZ PINHEIRO

 

Lula dono do sítio? ‘Nenhuma dúvida’, diz Pinheiro

 

Em depoimento à juíza Gabriela Hardt, o empresário Léo Pinheiro, da OAS, disse não ter “nenhuma dúvida” de que Lula era o “real proprietário do sítio de Atibaia”, nem de que seria o “o real beneficiário” das obras promovidas pela empreiteira.  Confira o depoimento completo no Blog do Fausto. 

 

 
 A defesa do petista diz que o depoimento faz parte de uma “estratégia”  para “convencer o Ministério Público Federal a lhe conceder benefícios”.

 


Estadão quinta, 08 de novembro de 2018

OPERAÇÃO ARMISTÍCIO INVESTIGA R$ 4 MI A JUCÁ

 

Operação Armistício investiga R$ 4 mi a Jucá

Polícia Federal faz buscas em endereços de doleiros e operadores envolvidos em supostos pagamentos a senador, que não é alvo da ação desta quinta-feira, 8 

Fausto Macedo, Julia Affonso e Breno Pires/BRASÍLIA

08 Novembro 2018 | 07h33

 

Foto: Reprodução/Sindicato dos Delegados da Polícia Federal

 

A Polícia Federal abriu nesta quinta-feira, 8, a Operação Armistício. A ação investiga o suposto recebimento de vantagem indevida pelo senador Romero Jucá (MDB-RR), relacionado à edição, no ano de 2012, de uma Resolução do Senado que se destinava a restringir a guerra fiscal nos portos brasileiros. Jucá não é alvo de medidas judiciais nesta operação.

A PF cumpre 9 mandados de busca e apreensão – 7 na capital de São Paulo, 1 em Santos e 1 em Campo Limpo Paulista – contra doleiros e investigados por pagar vantagem indevida.

Em nota, a PF informou que os pagamentos indevidos, na ordem de R$ 4 milhões, teriam sido feitos por uma grande empreiteira que tinha interesse na edição do ato. As medidas foram deferidas pelo ministro Edson Fachin, no Inquérito 4382-STF.

Na delação, o executivo Cláudio Melo Filho, ligado à Odebrecht, relatou ter recebido solicitação de vantagem indevida após a aprovação
da Resolução 72 do Senado Federal, porquanto Jucá ‘teria
diligenciado para atender aos interesses da empresa’. Outro delator da Odebrecht, Carlos José Fadigas de Souza Filho apontou o interesse da Braskem
S/A na medida em trâmite no Senado Federal, que consistiria em limitar a
“Guerra dos Portos”, referência à disputa fiscal entre os Estados para o
aumento de desembarques em seus respectivos portos e a consequente
redução de preço de produtos importados.

COM A PALAVRA, ROMERO JUCÁ

A reportagem fez contato com a assessoria do senador Romero Jucá. O espaço está aberto para manifestação.


Estadão quarta, 07 de novembro de 2018

MORO NÃO VÊ RISCO PARA A DEMOCRACIA

 

Não vejo em nenhum momento um risco para a democracia e ao Estado de Direito’, diz Moro

Em primeira entrevista coletiva à imprensa como superministro, juiz da Lava Jato classifica Bolsonaro de 'moderado' e diz que como 'homem da lei' sua presença no governo pode afastar 'receios infundados' 

Julia Affonso, Fausto Macedo e Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba

07 Novembro 2018 | 05h00

 

Jair Bolsonaro. Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO

 

O juiz federal Sérgio Moro afirmou nesta terça-feira, 6, que não vê riscos à democracia e ao Estado de Direito e classificou o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) – criticado por opositores como um extremista – de “moderado”.

“Minha avaliação, que eu tenho do presidente eleito, é que é uma pessoa moderada”, disse Moro, em sua primeira e última entrevista coletiva à imprensa como juiz federal da Operação Lava Jato, nesses quase cinco anos de investigações. Ele se afastou dos processos nesta segunda-feira, 5, entrou de férias para iniciar seu planejamento para assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública, a convite de Bolsonaro.

 

“O presidente eleito inclusive moderou o discurso nas eleições e tem em suas manifestações recentes apresentado esse discurso mais moderado. Não vejo em nenhum momento um risco para a democracia e ao Estado de Direito.”

Criticado por opositores por ter deixado a Lava Jato para assumir cargo no governo Bolsonaro, depois de ter dito publicamente que não entraria para a política, Moro afirmou na entrevista coletiva que sua presença no Ministério da Justiça deve servir para afastar “receios infundados”.

“Existem alguns receios, ao meu ver, infundados. E a minha presença no governo pode ter um efeito salutar de afastar esses receios infundados, afinal de contas eu sou um juiz, sou um homem de lei, então eu jamais admitiria qualquer solução que fosse fora da lei. Como também o presidente eleito (não admitiria).”

Estadão terça, 06 de novembro de 2018

FICHA SUJA: UM TERÇO DO CONGRESSO ELEITO É ALVO DE INVESTIGAÇÕES

 

1/3 do Congresso eleito é alvo de investigações

Levantamento feito pelo ‘Estado’ leva em conta inquéritos no Supremo, ações criminais e por improbidade; PT, MDB e PP são os partidos com mais implicados

O Estado de S.Paulo

05 Novembro 2018 | 05h00

 

Um terço do novo Congresso é acusado de crimes como corrupção, lavagem, assédio sexual e estelionato ou é réu em ações por improbidade administrativa com dano ao erário ou enriquecimento ilícito. No total, são 160 deputados e 38 senadores. O levantamento feito pelo Estado envolve casos em andamento nos Tribunais de Justiça dos Estados, na Justiça Federal, no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Supremo Tribunal Federal

 Entre os alvos estão nomes conhecidos como os atuais senadores Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Aécio Neves (PSDB-MG). Presidente do PT, Gleisi é alvo na Lava Jato enquanto Aécio, ex-presidente do PSDB, é réu por corrupção na delação da J&F. Ambos conquistaram uma cadeira na Câmara. Aécio diz que “provará na Justiça que foi alvo de uma ação premeditada por criminosos confessos de mais de 200 crimes”. Gleisi não quis se manifestar.

 

Gleisi e Aécio
Os senadores Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Aécio Neves (PSDB-MG), que se elegeram deputados federais
FOTOS: FELIPE RAU E DIDA SAMPAIO/ESTADÃO
 

Além de tucanos e petistas, há ainda integrantes do PSL, o partido do presidente eleito, Jair Bolsonaro, e de outras 21 legendas – apenas seis partidos não elegeram pessoas investigadas ou acusadas na Justiça. Ao todo, os parlamentares respondem a 540 acusações (379 contra deputados e 161 contra senadores), das quais 334 são por improbidade – 263 de deputados e 71 casos envolvendo senadores. Entre os crimes, as acusações mais comuns são as de lavagem de dinheiro (34), corrupção (29) e crimes eleitorais (16).

O partido com maior numero de envolvidos é o PT. Trinta de seus 62 eleitos são investigados ou réus. A ex-prefeita de Fortaleza Luizianne Lins é uma das recordistas. Ela é alvo de processos por improbidade na Justiça do Ceará e no STJ. Sua defesa alega inocência. Proporcionalmente, o MDB é quem tem mais parlamentares enredados com a Justiça. São 16 deputados e oito senadores ou 52% da bancada no Congresso ante 48% do PT. Entre os atingidos está o líder do partido, o deputado Baleia Rossi (SP), alvo de uma ação por improbidade administrativa. Em nota, a assessoria de imprensa informou: “Cinco dos casos têm mais de uma década e referem-se ao mesmo objeto: a Mesa Diretora da Câmara Municipal de Ribeirão Preto pagou todos os vereadores indevidamente. Os valores foram devolvidos pelo ex-vereador, que teve mandatos entre 1993 e 2002. Os casos encontram-se em fase conclusiva e, em breve, deverão ser arquivados”.   

O PSL de Bolsonaro já chega no parlamento com sete deputados ou 12,5% dos 56 congressistas eleitos na mira da Justiça – um oitavo deputado, Luciano Bivar teve reconhecida pela Justiça a prescrição do crime ambiental de que era acusado no dia 16, uma semana após o pleito. Procurado, não se manifestou. O levantamento do Estado não levou em consideração ações de danos morais e execuções fiscais, o que aumentaria os processados para 40% do Congresso.

Além da improbidade (um só deputado, Carlos Henrique Gaguim, do DEM-TO, responde a 153 ações), da corrupção, de crimes eleitorais e da lavagem de dinheiro, outras 31 condutas são imputadas aos parlamentares. As mais comuns são de formação de quadrilha (12), peculato (12), fraudes em licitação (10), falsidade ideológica (8) e crimes ambientais (6). Mas também foram identificados congressistas que respondem por crimes contra a ordem tributária, calúnia, homicídio, assédio sexual e delitos da Lei Maria da Penha.

Com o maior número de parlamentares, São Paulo é o Estado com mais alvos da Justiça. São 32 dos 73 deputados e senadores, ou 43,8% dos representantes paulistas. Amazonas (63,6%) e Alagoas (58,3%) têm, proporcionalmente, a maior quantidade de representantes com problemas. Segundo Estado com mais congressistas (56), Minas tem dez investigados. O Rio tem 14 de seus 49 parlamentares nessa situação. O Rio Grande do Norte é o único Estado que não elegeu acusados.

Siglas. Para o MDB, o fato de um candidato ser ou não réu não impede a candidatura. “O MDB defende o amplo direito à defesa de seus filiados e não antecipa julgamentos”. DEM e PSD informaram que as candidaturas são definidas com autonomia pelas instâncias partidárias. O DEM informou que “segue com rigor as determinações da Justiça para compor seu quadro de candidatos”. “O partido recomenda que os nomes a serem apresentados sejam ficha limpa”. O PSDB informou esperar que cada parlamentar faça sua defesa. A DC destacou que seu deputado não é condenado. PR, SD, PT, PP, PRB, PSC, PCdoB, PSB, Podemos, PTB, PPS, PROS, Avante, Patriota e PRP não responderam. / ANA BEATRIZ ASSAM, ANA NEIRA, CARLA BRIDI, LUIZ RAATZ, MARCELO GODOY, MARIANNA HOLANDA, MATHEUS LARA, PAULO BERALDO e TÚLIO KRUSE e JOÃO ABEL e VICTOR OHANA, ESPECIAIS PARA O ESTADO

Estadão domingo, 04 de novembro de 2018

HORÁRIO DE VERÃO

 

Relógio deve ser adiantado em 1 hora em 10 Estados e DF

Horário de verão começa na madrugada deste domingo. Estudantes devem ficar atentos para limite de entrada no Enem

Ana Paula Niederauer, O Estado de S.Paulo

03 Novembro 2018 | 03h00 
Atualizado 03 Novembro 2018 | 12h07

 

SÃO PAULO - Começa na madrugada deste domingo, 4, o horário de verão, quando, à meia-noite, os relógios deverão ser adiantados em uma hora. A mudança vale para os Estados do Sul, Sudeste, Centro-Oeste e para o Distrito Federal.  

 

Governo decide manter início do horário de verão no dia 4 de novembro
Relógios serão adiantados em uma hora em parte do País Foto: Gabriela Biló/Estadão

Neles, com a exceção de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, os portões dos locais de aplicação da prova do Enem serão fechados às 13 horas, horário de Brasília – o exame começa a ser aplicado 30 minutos depois. 

Para os estudantes residentes na Região Nordeste, além dos que moram em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Amapá e Tocantins, os portões serão fechados às 12 horas, horário local. No Amazonas, Rondônia e Roraima, só será permitida a entrada de estudantes nos locais de prova até as 11 horas. No Acre, o limite é às 10 horas. 

O início do horário de verão chegou a ser motivo de um impasse no governo federal, que já havia adiado seu início em razão do segundo turno das eleições. Para a realização do Enem, a Presidência cogitou realizar nova alteração, o que acabou descartado. O horário segue vigente até a madrugada de 16 de fevereiro de 2019, quando os relógios deverão ser atrasados em uma hora. 

Preparação para o Enem

Os coordenadores de cursinhos pré-vestibular indicam descanso para o aluno tentar driblar os efeitos do horário de verão. Os candidatos têm de ficar atentos para não chegarem atrasados.

O coordenador do Anglo Vestibulares, Daniel Perry, afirmou que dormir uma hora mais cedo hoje pode ser uma estratégia para que o candidato não tenha sono na hora da prova. “Visitar com antecedência o local de prova também ajuda a tranquilizar o aluno antes do exame”, disse Perry.

O professor de História da plataforma Descomplica, Renato Pellizzari, acredita que a noite que antecede o Enem é bem difícil para o candidato que vai realizar a prova. “O aluno fica ansioso e às vezes perde o sono. Mas descansar, tentar dormir mais cedo, ter uma boa alimentação e ficar de olho no relógio são dicas importantes para o candidato”, explica Pellizzari.

O coordenador de Química do cursinho Etapa, João Pitoscio, afirmou ser uma boa dica ajustar o relógio biológico previamente. “O candidato pode dormir um pouco mais cedo para o organismo se acostumar com o novo horário de verão.”

Os irmão gêmeos Guilherme e Tiago Gomes de Almeida Araújo, de 18 anos, estudantes do Objetivo, acreditam que o início do horário de verão é prejudicial porque vão perder uma hora de sono justamente no dia da prova do Enem. “Uma hora a menos de descanso pode prejudicar. Vamos tentar dormir mais cedo”, dizem os irmãos.

Confira o horário do fechamento dos portões em todos os Estados

Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo

12h – Abertura dos portões

13h – Fechamento dos portões

13h30 – Início das provas

19h – Término das provas em 4/11

18h30 – Término das provas em 11/11

Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe, Tocantins

11h – Abertura dos portões

12h – Fechamento dos portões

12h30 – Início das provas

18h – Término das provas em 4/11

17h30 – Término das provas em 11/11

Amazonas (com exceção de 13 municípios da região sudoeste), Rondônia, Roraima

10h – Abertura dos portões

11h – Fechamento dos portões

11h30 – Início das provas

17h – Término das provas em 4/11

16h30 – Término das provas em 11/11

Acre, Amazonas (13 municípios da região sudoeste: Atalaia do Norte, Benjamin Constant, Boca do Acre, Eirunepé, Envira, Guajará, Ipixuna, Itamarati, Jutaí, Lábrea, Pauini, São Paulo de Olivença e Tabatinga)

9h – Abertura dos portões

10h – Fechamento dos portões

10h30 – Início das provas

16h – Término das provas em 4/11

15h30 – Término das provas em 11/11


Estadão sexta, 02 de novembro de 2018

DESAFIOS DE MORO

 

Relação com classe política e combate a facções são desafios de Moro ministro

Além de negociar com a classe política, o futuro titular da Justiça terá de lidar com efeitos colaterais de uma política mais dura de combate às facções criminosas

Fabio Serapião / BRASÍLIA e Fausto Macedo / SÃO PAULO

02 Novembro 2018 | 05h00

 

Sérgio Moro. FOTO: MAURO
PIMENTEL/AFP

 Se, por um lado, o juiz Sérgio Moro terá amplos poderes com o fortalecimento do Ministério da Justiça, por outro enfrentará dificuldades ao tentar aprovar medidas no Congresso que fortaleçam o combate à corrupção e com o recrudescimento das ações de grupos organizados como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV).

O ex-titular da Operação Lava Jato em Curitiba é visto com ressalvas por parte das classes política e empresarial, que veem “excessos” em algumas decisões do magistrado. Nesse cenário, a principal dificuldade do juiz será sentar à mesa com seus antigos desafetos para debater medidas propostas para o combate à corrupção.

 Na viagem para o Rio, onde aceitou oficialmente o convite de Jair Bolsonaro, Moro levou um livro com 70 medidas de aperfeiçoamento do combate à corrupção. Derivadas das 10 Medidas de Contra a Corrupção, do Ministério Público Federal, as propostas incluem a criminalização do caixa 2 e do enriquecimento ilícito e mudanças na nomeação de ministros de Cortes Superiores.

A maioria delas, caso Moro queira colocar em prática, depende da aprovação do Congresso Nacional e não é vista com bons olhos por parlamentares.

Além do desafio de negociar com a classe política, o futuro ministro da Justiça terá de lidar com efeitos colaterais de uma política mais dura de combate às facções criminosas. Em todas as vezes que houve tentativa de endurecer a atuação nesse campo a resposta foi uma reação dos criminosos com ataques a agentes públicos, morte de inocentes e rebeliões no sistema prisional.

Um exemplo da reação dos grupos criminosos é o plano do PCC de explodir prédios públicos e matar agentes penitenciários. A ação era uma resposta à proposta dos juízes corregedores do sistema prisional federal de restringir as visitas íntimas e gravar conversas entre líderes de facções e seus advogados.

O discurso de Bolsonaro ao longo da campanha presidencial sempre foi no sentido de aumentar o encarceramento. Para especialistas no tema, no entanto, aumentar o número de presos sem um projeto de ressocialização tende a fortalecer as facções, e não o contrário.

Fora problemas externos, Moro também terá como desafio algumas questões internas, entre elas coordenar o trabalho da Controladoria-Geral da União (CGU), que sempre foi um órgão independente, e a escassez de pessoal em órgãos públicos, como na própria CGU e na Polícia Federal.


Estadão quinta, 01 de novembro de 2018

MORO: BRASIL PRECISA DE UMA AGENDA ANTICORRUPÇÃO

 

Ao chegar ao Rio, Moro diz que País precisa de uma agenda anticorrupção

Juiz da Lava Jato vai se reunir com o presidente eleito Jair Bolsonaro na casa dele, na Barra, zona oeste da cidade

Vinicius Neder

01 Novembro 2018 | 08h16

 

 

O juiz Sérgio Moro já chegou ao Rio de Janeiro, para a reunião com o presidente eleito, Jair Bolsonaro, na casa dele, na Barra, zona oeste do Rio. Cotado para o cargo de ministro da Justiça, o juiz responsável pelos principais processos judiciais da Operação Lava Jato desembarcou diretamente na pista de pouso, de onde partiu para a casa de Bolsonaro em carro da Polícia Federal (PF) e falou apenas com a Rede Globo que o acompanhou na viagem. Segundo o G1, o magistrado disse que a motivação de seu encontro com Bolsonaro se dá em razão do País precisar de uma agenda anticorrupção e anticrime organizado.

“Se houver a possibilidade de uma implementação dessa agenda, convergência de ideias, como isso ser feito, então há uma possibilidade. Mas como disse, é tudo muito prematuro”, disse Moro à reportagem da Globo. Durante o voo, ele chegou a dizer que ainda não há nada definido. “Ainda vai haver a conversa”, emendou.

 Moro deixou o aeroporto e parou em um hotel na Barra antes de ir para o encontro com Bolsonaro.

Na tarde desta quarta-feira, 31, a colunista Sonia Racy, do Estadão, disse que Moro aceitará o convite de Bolsonaro porque assumirá um ministério da Justiça ampliado.


Estadão quarta, 31 de outubro de 2018

MINISTÉRIO DO NOVO GOVERNO DEVERÁ TER ATÉ 16 PASTAS

 

 

Ministério do novo governo deverá ter até 16 pastas

Gestão Jair Bolsonaro começou a tomar forma nesta terça-feira, 30, em reunião do presidente eleito na casa do empresário Paulo Marinho, no Rio 

Constança Rezende, Renata Batista e Vinicius Neder, O Estado de S.Paulo

31 Outubro 2018 | 05h00

 

RIO - O governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), começou a tomar forma nesta terça-feira, 30, no Rio, em reunião na casa do empresário Paulo Marinho. Integrantes do grupo de transição decidiram que os ministérios serão no máximo 16, pela fusão ou extinção de pastas. Haverá um superministério da Economia, juntando Fazenda, Planejamento e Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Agricultura e Meio Ambiente também serão fundidos. As propostas já estavam no desenho original do programa apresentado na campanha, mas foram repensadas na semana passada, após Bolsonaro ter recebido críticas.

 

O coordenador do governo de transição, deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), afirmou que os ministérios serão “15 ou 16”. Onyx não deu nomes de novos ministros e apenas reforçou que o ministro da Economia será Paulo Guedes, o general Augusto Helenoficará no Ministério da Defesa e ele, na Casa Civil. A previsão é de que Bolsonaro anuncie mais nomes na segunda-feira, 5.

 

Paulo Guedes( esq), futuro ministro da Economia, e Onyx Lorenzoni, apontado para Casa Civil
Paulo Guedes( esq), futuro ministro da Economia, e Onyx Lorenzoni (dir), apontado para Casa Civil Foto: WILTON JUNIOR/ESTADAO
 

“O presidente já tem uma lista de nomes (de ministros) e está fazendo a definição final. Acredito que nos próximos dias, Bolsonaro deva liberar mais alguns nomes. Na segunda-feira, o presidente, depois de tomar decisão, vai nos permitir divulgar toda a estrutura”, afirmou Lorenzoni à tarde, na porta da casa do empresário Paulo Marinho, no Jardim Botânico, zona sul do Rio, onde Bolsonaro chegou por volta de 10h30 para a reunião. Ao deixar o local, o futuro ministro-chefe da Casa Civil negou que Bolsonaro tenha voltado atrás na decisão sobre fusões de ministérios.

 

 

Lorenzoni confirmou que vai nesta quarta-feira, 31, a Brasília para a reunião com o atual chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. O encontro dará início ao processo de transição do governo. Lorenzoni informou ainda que Bolsonaro deverá ir a Brasília na terça-feira, 6. Ele afirmou que este será um governo “de absoluta união” e que irá trabalhar em sintonia. 

O ex-presidente do PSL, Gustavo Bebianno, disse que há “um nome muito forte para Educação”, mas que ainda está sendo estudado quem irá para a pasta da Saúde. “Ninguém está com pressa para indicar nada. O governo só começa em 1.º de janeiro. Agora preocupação é montar equipe de mais linha de frente, digamos assim, e depois é começar o trabalho”, afirmou. 

Unificação. Outra ideia discutida na reunião, segundo o vice-presidente eleito, Hamilton Mourão (PRTB), foi unificar Educação com Esporte e Cultura. Mourão disse que, no entanto, pastas tradicionais deverão permanecer com atuação isolada, como é o caso de Saúde, Trabalho e Minas e Energia. 

“Tem ministério tradicional que não pode acabar e não se pode juntar três ou quatro coisas pra virar um Frankenstein. Tem de ter harmonia na junção”, comentou Mourão. Questionado se o Banco Central perderia o status de ministério, o general explicou que o BC “vai ser independente e, com isso, não será mais ministério”. / COLABORARAM KLEBER NUNES, DANIEL GALVÃO e TÂNIA MONTEIRO


Estadão segunda, 29 de outubro de 2018

NO MANO A MANO, NOVO PRESIDENTE ELEITO SUPERA LULA

 

ANÁLISE: No mano a mano, presidente eleito supera Lula

Preso desde abril, petista achou que ditaria, da carceragem da Polícia Federal em Curitiba, o resultado da eleição 

Vera Magalhães, O Estado de S.Paulo

29 Outubro 2018 | 03h00

  

Luiz Inácio Lula da Silva foi suplantado por Jair Bolsonaro neste domingo. Esta é a grande fotografia que fica do resultado do segundo turno. Fernando Haddad sempre foi um dublê de corpo numa eleição que desde cedo se tornou plebiscitária entre o lulismo e o antilulismo.

Condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro, preso desde abril, Lula achou que ditaria, da carceragem da Polícia Federal em Curitiba, o resultado da eleição. Seu peso na política brasileira foi suficiente para levar Haddad ao segundo turno, contra o adversário que ele escolheu lá atrás e que achou que era inelegível, dada a alta rejeição que tinha.

Bolsonaro fez aposta semelhante, com sinal trocado. Enxergou o fastio com o PT ainda antes do impeachment de Dilma Rousseff, e soube semear este campo com discurso radical que escanteou o PSDB e tirou do partido o papel de polo opositor ao petismo, que ocupava havia mais de duas décadas.

 

 

A maioria do eleitorado brasileiro comprou o discurso de Bolsonaro, o mesmo que choca a outra quase metade que não o sufragou. O resultado dessa guinada é a eleição do primeiro presidente assumidamente de direita desde Fernando Collor – que, embora tenha feito campanha prometendo abertura econômica, não tinha cores tão acentuadas de conservadorismo nos costumes, nem uma contraposição ideológica tão nítida.

A guinada é mais ampla que a eleição de Bolsonaro: o novo Congresso e o comando dos principais Estados também penderam para a direita. Isso terá reflexos nas principais decisões econômicas e na pauta de segurança e dos costumes que o futuro presidente vai endereçar.

Por fim, se coloca a dúvida quanto ao respeito do eleito à democracia e às instituições. Em seu primeiro discurso escrito depois de eleito, Bolsonaro fez um aceno à conciliação ao dizer que governará para todos os brasileiros, mencionou inúmeras vezes a palavra “liberdade” e falou com todas as letras que fará reformas para recuperar a grave situação fiscal que encontrará. É um começo auspicioso, pois o candidato, ao longo da campanha, deu margem para dúvida quanto a esses compromissos – que ele categorizou como “promessa”.


Estadão domingo, 28 de outubro de 2018

DEZ ATRAÇÕES ESPECIAIS PARA COMEMORAR O DIA DAS BRUXAS EM SÃO PAULO

 

10 atrações especiais para comemorar o Dia das Bruxas em São Paulo

Lucineia Nunes

25 Outubro 2018 | 17h23

 

Festas

 

Foto: Jéssica Dalla Torre

+ Com decoração temática, o Halloween Blue Space (foto acima) recebe performances de drag queens, que encarnam personagens clássicos de filmes de terror, e shows de comédia entre apresentações. R. Brig. Galvão, 723, Barra Funda, 3666-1616. 4ª (31), 23h/6h. R$ 35/R$ 70.

 

 
+ A Neon à Fantasia conta com batalha de fantasias, tinta néon e doses gratuitas de tequila e vodca ao longo da noite. Na pista, o melhor de eletrônica, funk e hip hop. Fabrique Club. R. Barra Funda, 1.071, Barra Funda. Sáb. (27), 23h/6h. R$ 30/R$ 60. Inf.: bit.ly/NeonFab
 
 

Foto: Kaique Talles

+ A festa Augusta Horror Story (foto acima) reúne concurso para eleger a melhor fantasia, maquiagem gratuita, ‘monstros’ andando pela casa e decoração especial. Espaço Desmanche. R. Augusta, 765, Consolação, 2924-5083. Sáb. (27), 22h/6h. R$ 45/R$ 90. Inf.: bit.ly/AugPart

Quitutes para as brincadeiras de Halloween

 

FOTO: ALDELICE CARLA MAGALHÃES

+ O ‘Morcegoito’, o ‘Draculacha’ e o ‘Abobrito’ (R$ 10,90/R$ 12,90; foto) são os biscoitos no palito da Biscoitê para o Dia das Bruxas (31/10). Já o kit com um mix de biscoitos temáticos custa R$ 47,90 (300 g). Shopping Vila Olímpia. R. Olimpíadas, 360, térreo, 3044-0284. 10h/22h (dom., 14h/20h).

 

FOTO: SANTO GRÃO

+ Na próxima 4ª (31), o Santo Grão vai servir bebidas e quitutes temáticos, como o ‘Bolinho Abracadabra’, de cenoura e chocolate com creme de cream cheese e baunilha (R$ 10). R. Oscar Freire, 413, Cerqueira César, 3062-9294. 7h30/0h (6ª, 7h30/1h; sáb., 8h/1h; dom., 8h/23h).

 

FOTO: MARCELO TRADI

+ Um dos destaques da coleção de Halloween da Chocolat du Jour é a ‘Lata Colorê Coruja’ (R$ 187; foto), que vem decorada com uma corujinha e recheada com pastilhas de chocolate ao leite com sabor de frutas vermelhas. R. Haddock Lobo, 1.421, Cerqueira César, 3168-2720. 10h/20h (dom., 12h/18h).

Crianças e Passeios

+ O espaço de brincar Pé de Baraúna promove a 4ª edição da festa Domingo Pé de Cachimbo para comemorar o aniversário de Saci-pererê. Na programação, muita história, música (com a presença do trio Pé de Amora), capoeira e até uma ‘Caçada ao Saci’. Separe a sua fantasia! O evento será colaborativo – cada participante poderá levar um prato de doce ou salgado. R. Desembargador Theodomiro Dias, 26, Butantã, 98965-8866. Dom. (28), 13h/18h30. Grátis.

+ O Dia das Bruxas vai ganhar uma matinê de arrepiar, no Bourbon Street, em Moema. Os pequenos e suas famílias estão convidados para uma animada festa à fantasia, com direito a poções mágicas, decoração temática especial, espaço para maquiagens assustadoras e show de rock para toda a família. A abertura da casa será às 12h30, com opções de almoço à la carte, e, às 15h, a banda Zoombeatles sobe ao palco para apresentar um espetáculo com toda a magia do rock’n’roll, convocando as crianças para curtirem os maiores sucessos do consagrado quarteto de Liverpool. Livre. Bourbon Street Music Club. R. dos Chanés, 127, Moema, 5095-6100. Dom. (28), a partir das 12h30. R$ 25/R$ 50 (menores de 5 anos, grátis).

 

Foto: Eduardo Firmo

+ A unidade do StartArte do Shopping Villa-Lobos promove evento com oficinas, brincadeiras, concurso de fantasias e um super show da banda Kiss for Kids (foto acima). Além disso, os pequenos receberão um mapa de gostosuras e travessuras, para percorrer as lojas em busca de doces. O evento ocorre no foyer externo do teatro, localizado no 4° piso do shopping. Av. das Nações Unidas, 4.777, Alto de Pinheiros, 94035-7804. Sáb. (27), 12h/18h. Grátis.

+ Na tradicional celebração mexicana do Dia dos Mortos, a Fiesta Día de Muertos conta com festival gastronômico e apresentações musicais. No sábado (27), o grupo Mariachi Sol de América se apresenta às 15h, seguido pelo workshop de luta livre com Bob Júnior, às 16h. Já no domingo (28), destacam-se os concursos de fantasias, que ocorrem às 14h e às 15h. Memorial da América Latina. Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, Barra Funda. Sáb. (27) e dom. (28), 11h/20h. Grátis.


Estadão sábado, 27 de outubro de 2018

LIÇÕES DE 2018: O PT FOI O RESPONSÁVEL PELA CANDIDATURA DE BOLSONARO

 

COLUNISTA
João Domingos
Conteúdo Exclusivo para Assinante

Lições de 2018

Direta ou indiretamente, o PT foi responsável pelo crescimento de Jair Bolsonaro 

João Domingos, O Estado de S.Paulo

27 Outubro 2018 | 05h00

 
 
 

Cientistas políticos, sociólogos e outros estudiosos da situação brasileira indagam quais foram as razões que levaram o País a essa polarização extrema entre os apoiadores de dois candidatos antípodas. Situação que, mesmo com a eleição de amanhã, que escolherá um deles presidente da República, dificilmente acabará.

É possível que esses estudiosos venham a se concentrar sobre o tema por muito tempo. Pode ser que a resposta nunca seja encontrada. Ou que não exista apenas uma resposta, mas várias. 

 O que se pode dizer nesse momento é que o eleitor se cansou. De tudo. Do serviço público de pouca qualidade na saúde, educação, transporte, saneamento básico. Da insegurança que leva à mortandade dos mais pobres. Dos privilégios que integrantes de todos os poderes se dão, como verbas de gabinete para gastos quase ilimitados, auxílio moradia para juízes e parlamentares, mordomias.

O Brasil se cansou dessa vida de abusos quase que diários no que se refere ao ir e vir do cidadão. Ele sai de sua casa de madrugada, a duas horas do trabalho, quando tem trabalho, e corre o risco de encontrar a rua bloqueada por algumas pessoas que, também descontentes com alguma coisa, resolvem botar fogo em pneus e fazer o bloqueio da passagem por horas. 

É quase que uma vida de castas. Mesmo que não hajam regras regulamentando isso, a prática mostra que existem os cidadãos de categorias A, B, C, D, e assim vai. Um detalhe: esses cidadãos votam.

Os partidos políticos não perceberam o descontentamento que tomou conta da população desde 2013. Em junho, protestos tiveram início nas ruas de todo o País. A princípio, contra o aumento das passagens de ônibus. Depois, contra o escândalo da construção dos estádios superfaturados da Copa da Fifa, ou contra coisa nenhuma. 

Dilma Rousseff, a presidente mais sem noção do período recente, viu naquilo um desafio à sua própria pessoa, não ao sistema de privilégio de uns e maltrato de outros. Os manifestantes gritavam: “Não vai ter Copa”. Dilma respondia: “Vai ter Copa. Será a Copa das Copas”. (Nem é preciso lembrar que o Brasil tomou uma surra da Alemanha por 7 a 1 e a Copa das Copas foi esquecida). Quando a situação saiu do controle e a sede do Itamaraty quase foi incendiada, Dilma convocou uma reunião de emergência de governadores e prefeitos de grandes cidades. Anunciou um plano com cinco eixos, um deles uma reforma política a ser feita por uma Constituinte exclusiva, que seria aprovada por meio de um plebiscito. Um delírio. Os outros pactos tratavam da saúde, educação, transportes e responsabilidade fiscal. 

Nada se cumpriu. Da responsabilidade não se falou mais. Em 2016 o País entrou na maior recessão de sua História. Dilma acabou afastada, pois sem base parlamentar. 

PT e seus estrategistas disseram que as manifestações faziam parte de um movimento de direita, destinado a sabotar o governo. As prisões de dirigentes do partido por envolvimento em corrupção pesada foram todas jogadas nessa suposta orquestração, da qual participariam os meios de comunicação e o Judiciário. Os petistas acharam que as coisas se acomodariam. Nem perceberam que um deputado do baixo clero, considerado quase que folclórico por seus pares, viu na rejeição ao PT sua oportunidade. Começou a trabalhar. De repente, outdoors com fotografias gigantes de Jair Bolsonaro começaram a aparecer por diversos cantos do País. O PT avaliou a situação e concluiu que Bolsonaro era sua oportunidade de voltar ao poder. Era muito melhor enfrentá-lo do que a Geraldo Alckmin. Assim, orientou seus militantes a centrar fogo no tucano e a poupar Bolsonaro durante a pré-campanha. Direta ou indiretamente, o PT foi responsável pela candidatura de Jair Bolsonaro.


Estadão sexta, 26 de outubro de 2018

FIM DAS ESCOLINHAS DO MST?

 

Fim das ‘escolinhas do MST’?

 

Mais uma promessa de Jair Bolsonaro contra seus adversários caso seja eleito presidente do Brasil. O candidato do PSL prometeu “acabar” com as escolas organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra  (MST). “Queremos por um ponto final nas escolinhas do MST. A bandeira que eles hasteiam não é a verde e amarela, é a vermelha com uma foice e um martelo. Lá eles não aprendem o Hino Nacional, eles aprendem a Internacional Socialista. Eles estão formando uma fábrica de guerrilheiros no Brasil”, afirmou durante entrevista na noite desta quinta-feira, 25.


Estadão quinta, 25 de outubro de 2018

O EGO DE LULA, UM DOS DEMAGOGOS MAIS PERNICIOSOS DA HISTÓRIA NACIONAL

 

 

 

Editorial

O ego de Lula

Lula não consegue soar democrático nem quando isso poderia favorecer o campo petista. Sua carta é uma reafirmação das mistificações que fazem de Lula um dos demagogos mais perniciosos da história nacional 

O Estado de S.Paulo

25 Outubro 2018 | 05h00

 

Por mais que o PT tenha se esforçado para fingir que seu candidato à Presidência, Fernando Haddad, não é um mero preposto de Lula da Silva, há algo que nenhum truque de marketing será capaz de mudar: o PT sempre foi e continuará a ser infinitas vezes menor do que o ego de Lula. Na reta final da campanha eleitoral, justamente no momento em que Haddad mais se empenha para buscar apoio fora da seita lulopetista, o demiurgo de Garanhuns, decerto inquieto na cela em que cumpre pena por corrupção, resolveu divulgar uma carta para exigir - a palavra adequada é essa - que todos reconheçam a inigualável grandeza de seu legado como governante e que votem no seu fantoche se estiverem realmente interessados em salvar a democracia brasileira, supostamente ameaçada pelos “fascistas”.

 O tom da mensagem é o exato oposto do que seria recomendável para quem se diz interessado em angariar a simpatia daqueles que, embora não tenham a menor inclinação para votar em Jair Bolsonaro (PSL) para presidente, tampouco gostariam de ver o PT voltar ao poder. Para esses eleitores, somente se o PT reconhecesse, de maneira honesta e sem adversativas, seu papel preponderante na ruína econômica, política e moral do Brasil nos últimos anos, cujos frutos mais amargos foram o empobrecimento do País e a desmoralização da política, talvez houvesse alguma chance de mudar de ideia. Mas isso é impossível, em se tratando de Lula da Silva, que se considera o mais importante brasileiro vivo e o maior líder que este país jamais terá.

Na carta em que diz que “é o momento de unir o povo, os democratas, todos e todas em torno da candidatura de Fernando Haddad, para retomar o projeto de desenvolvimento com inclusão social e defender a opção do Brasil pela democracia”, Lula não reserva uma única vírgula ao desastre econômico do governo de Dilma Rousseff, outra de suas inesquecíveis criações. Ao contrário: afirma que Dilma sofreu impeachment em razão de uma imensa conspiração de “interesses poderosos dentro e fora do País”, incluindo “todas as forças da imprensa” e “setores parciais do Judiciário”, para “associar o PT à corrupção” - omitindo escandalosamente o fato de que Dilma foi cassada exclusivamente por ter fraudado as contas públicas com truques contábeis e pedaladas. O petrolão, embora tenha sido motivo mais que suficiente para que o PT fosse defenestrado do poder para nunca mais voltar, não foi levado em conta no processo.

 Como jamais teve compromisso real com a democracia - que pressupõe respeito a quem tem opinião divergente, para que seja possível o consenso - e também nunca reconheceu a legitimidade de nenhum governo que não fosse o seu ou de seus títeres, Lula não consegue soar democrático nem quando isso poderia favorecer o campo petista. A carta, ao contrário, é uma reafirmação de todas as mistificações que fazem de Lula um dos demagogos mais perniciosos da história nacional.

Lá estão as patranhas que tanto colaboraram para fazer do antipetismo um movimento tão sólido e vibrante, conforme atestam as pesquisas de opinião. Lula, sempre no plural majestático, diz que “fizemos o melhor para o Brasil e para o nosso povo” e por isso “tentam destruir nossa imagem, reescrever a história, apagar a memória do povo”. O sujeito desse complô, claro, é indeterminado, mas unido no que Lula chamou de “ódio contra o PT”. Tudo porque, diz Lula, “tiramos 36 milhões de pessoas da miséria”, porque “promovemos o maior ciclo de desenvolvimento econômico com inclusão social”, porque “fizemos uma revolução silenciosa no Nordeste” e porque “abrimos as portas do Palácio do Planalto aos pobres, aos negros, às mulheres, ao povo LGBTI, aos sem-teto, aos sem-terra, aos hansenianos, aos quilombolas, a todos e todas que foram discriminados e esquecidos ao longo de séculos”. Nada mais, nada menos.

Esse panegírico só serve para mostrar que Lula é mesmo incorrigível - e que seu arrogante apelo para “votar em Fernando Haddad” e assim “defender o estado democrático de direito” contra a “ameaça fascista que paira sobre o Brasil” não vale o papel em que está escrito.


Estadão quarta, 24 de outubro de 2018

SUPLEMENTO ALTERA RESULTADO DE EXAMES MÉDICOS

 

 

Suplemento altera resultado de exames médicos

Biotina interfere em teste de tireoide; contra erros, médicos e laboratórios mudam condutas

Paula Felix, O Estado de S.Paulo

24 Outubro 2018 | 03h00

Há cerca de seis meses, a analista de marketing Larissa Wehbe, de 25 anos, começou a tomar um suplemento de biotina para fortalecer os cabelos e as unhas. Recentemente, ao abrir os resultados de um exame de rotina de tireoide, constatou alteração de seus níveis hormonais. Ela não sabia, mas a vitamina, que tem se popularizado para fins estéticos, pode interferir na reação química ocorrida em laboratório para a obtenção dos resultados de exames. 
 
 Além de alterar análises de tireoide, como TSH, T4 e T3, a biotina também pode modificar resultados de exames de hepatite, gravidez (Beta HCG), testosterona e vitamina D. Para evitar diagnósticos incorretos, laboratórios estão mudando condutas e orientações aos funcionários, incluindo novas perguntas para os pacientes, e dialogando com médicos que se deparam com taxas alteradas.
 
 

 Suplemento altera resultado de exames médicos

Larissa vai refazer exame após alterações  Foto: Gabriel Lordello/Estadão
 

A biotina está na moda. O crescimento se deu principalmente porque pessoas passaram a alardear nas redes sociais e pelo boca a boca os supostos benefícios da substância. Mas, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), não há pesquisas científicas que comprovem sua eficácia. 

A vitamina é encontrada facilmente nas prateleiras das farmácias e em lojas de suplementos, em fórmulas prontas, já que não é necessário receita para comprá-la. Não há dados consolidados do setor, mas empresas que comercializam fórmulas prontas, como Unilife Vitamins e Nutrends, relatam aumentos de até 10 vezes.

A Ultrafarma lançou, em 2014, uma versão com 60 cápsulas e, desde então, as vendas aumentaram 48%. "Acreditamos que o crescimento das vendas de biotina se deve pelo aumento da preocupação das pessoas com a queda de cabelo decorrente do estresse, falta de vitaminas e má alimentação, por exemplo", informa, em nota.

"A biotina é da família da vitamina B que tem papel no aproveitamento da energia celular. As células que se dividem rapidamente e precisam de energia se beneficiam. Tem estudos que mostram benefícios diante de doenças muito específicas nas unhas e no cabelo, mas não tem um mostrando que uma pessoa saudável é beneficiada", explica a médica dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) Tatiana Gabbi.

A necessidade diária de biotina pode ser suprida por meio da alimentação. "O Food and Nutrition Board, do Instituto de Medicina dos Estados Unidos, faz uma segmentação por idade e, em um adulto, a quantidade recomendada é de 20 a 30 microgramas por dia. As pessoas estão tomando em miligramas. Na alimentação, adquire-se facilmente comendo cereais integrais, nozes, vísceras de animais", explica Rosita Fontes, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

Larissa resolveu comprar o suplemento ao notar que os cabelos estavam caindo e as unhas estavam fracas. "Me mediquei, mas nunca imaginei que poderia dar alguma interferência no meu exame. Na hora de fazer o exame, nem me lembrei de falar da biotina. Falei só do anticoncepcional."

Na consulta, no mês passado, o resultado surpreendeu a médica que a acompanha, que solicitou repetição do exame em um prazo de três meses. "Na hora, achei que poderia ser um erro, porque nunca tive problemas desse tipo." A analista de marketing diz que vai refazer o exame e interromper o tratamento antes de realizá-lo. "Não vou abrir mão de tomar a biotina, porque vi uma melhora. Mas li que, se eu parar três dias antes, não vai ter interferência."

Foi o que comprovou um estudo publicado no ano passado em uma revista científica pela assessora médica em endocrinologia do Fleury Medicina e Saúde, Rosa Paula Mello Biscolla. Na análise, 19 voluntários tomaram 10 mg e tiveram o sangue colhido após a ingestão. 

"O (hormônio) TSH diminuiu e o T4 livre e T3 aumentaram com um único comprimido. Os valores antes e depois eram muito diferentes, mas, 24 horas depois, já voltaram ao normal e continuavam 48 horas depois. A gente manteve a orientação de interromper 72 horas antes do exame, porque não sabemos a dose e o tempo que as pessoas estão tomando o suplemento."

Mas a alteração diz respeito somente ao exame. A vitamina não interfere na tireoide. "Não é que a tireoide fique doente. Essa mesma biotina que tem no leite, nos cereais e cogumelos é usada para fazer dosagens. A biotina se liga em outra molécula chamada estreptavidina e ajuda a 'enxergar' alguns hormônios. Quando o paciente está usando, vai ter uma interferência mostrando mais hormônio ou menos, mas as taxas estão normais. É o excesso de biotina na reação."

A questão já é discutida desde 2016, quando a relação entre a vitamina e interferências em resultados de exames foi apresentando em um congresso internacional de tireoide. A preocupação dos médicos é que pacientes recebam diagnósticos errados, como de hiper ou hipotireoidismo, e iniciem investigações ou tratamentos desnecessários.

"Se o novo resultado mantiver esses mesmos níveis, o médico então irá por outro caminho, solicitando novos exames. Por outro lado, se os níveis normalizarem, fica comprovado que a biotina foi responsável. Existem casos na literatura médica de pacientes que foram até tratados em cima de um diagnóstico equivocado por conta da interferência da biotina", diz Rosita.

Segundo Rosita, não são só exames da área da endocrinologia que podem ser afetados. "Pode causar interferência em exames de insulina, o beta HCG da gravidez, de marcadores tumorais e de marcadores de doenças virais, como hepatite B."

Soluções

Diretor médico de Análises Clínicas da Dasa, grupo que integra os laboratórios Alta Diagnósticos, Delboni Auriemo, Salomão Zoppi Diagnósticos e Lavoisier, Gustavo Campana diz que, desde então, laboratórios estão mais atentos aos resultados e têm buscado alternativas para evitar diagnósticos incorretos.

"Estamos fazendo muitas publicações sobre o tema e falando sobre isso em palestras e eventos médicos. Estamos perguntando as medicações e suplementos que o paciente toma diariamente, porque temos de estimular esse tipo de resposta. Além disso, nosso sistema compara com os exames anteriores e, se não for compatível, fazemos o contato com o médico.

Diretor médico do Richet Medicina & Diagnóstico, Helio Magarinos Torres Filho diz que é necessário que os pacientes comecem a avisar o médico e o laboratório sobre o uso de qualquer substância. "Tem muita gente que faz uso e acha que não precisa reportar. Mas eles precisam saber da possibilidade de interferência e sempre ter um diálogo com o médico, pois, ao ter um resultado de exame inesperado, podem ter de repetir o exame, o que onera o sistema de saúde."

Outras substâncias

Embora a biotina seja a substância mais conhecida dentre as que podem alterar resultados de exames, há outros suplementos que podem causar esse tipo de interferência. Os medicamentos vendidos sem prescrição médica, como os que são encontrados nas gôndolas de farmácias, também podem ter esse impacto.

"Encontramos casos de pessoas com a testosterona alta, mas por uso de um gel com a substância. Componentes do cranberry podem diminuir o valor do PSA (que mede alterações na próstata). O uso do corticoide, utilizado em infecções virais, interfere na dosagem da glicose", explica Carlos Eduardo Ferreira, patologista clínico e diretor de ensino da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML).

Outros exemplos são a aspirina, que pode modificar resultados de exames de coagulação, e a ginkgo biloba (planta medicinal), que pode ter impacto em análises de enzimas hepáticas, segundo Torres Filho.

Um estudo de junho deste ano realizado em 18 países da Europa e publicado na revista Clinical Chemistry and Laboratory Medicine apontou que quem faz uso de suplementos não tem o hábito de comunicá-lo ao fazer exames. A pesquisa ouviu 200 pessoas em cada país e constatou que 68% utilizavam suplementos e 55% consideravam importante comunicar o uso à equipe do laboratório.

Novas regras

Em julho, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou novas regras para o mercado de suplementos alimentares e deu um prazo de cinco anos para a indústria se adequar. A regulamentação apresentou a lista de ingredientes que podem estar contidos nos produtos, que engloba 383 fontes de nutrientes e 249 aditivos alimentares, por exemplo. Também foram definidas as quantidades mínimas e máximas de componentes e foram autorizadas 189 alegações que podem ser usadas pelos fabricantes para abordar os benefícios à saúde.

"A nova regulamentação proporcionará informações claras ao consumidor uma vez que prevê o uso de alegações de propriedade funcional e de saúde incluindo funções plenamente reconhecidas, como a de vitaminas e minerais", comenta Tatiana Pires, engenheira de alimentos e presidente da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (Abiad).

Uma pesquisa realizada em 2016 pelas entidades do setor, incluindo a Abiad, apontou que os suplementos alimentares são consumidos em 54% dos lares brasileiros e que 53% dos consumidores são mulheres.


Estadão terça, 23 de outubro de 2018

EM CARTA A CELSO DE MELLO, BOLSONARO DIZ QUE SUPREMO É O GUARDIÃO DA CONSTITUIÇÃO

 

Em carta a Celso de Mello, Bolsonaro diz que Supremo é 'o guardião da Constituição'

Decano havia classificado como 'inconsequente e golpista' as declarações do filho do candidato, Eduardo Bolsonaro, que falou que bastam 'um soldado e um cabo' para fechar a Corte 

O Estado de S.Paulo

22 Outubro 2018 | 22h24

 

 

 

O candidato à Presidência do PSLJair Bolsonaro, enviou nesta segunda-feira, 22, uma carta ao ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello após o magistrado classificar como 'inconsequente e golpista' as declarações do filho do candidato, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que disse que bastam "um soldado e um cabo" para fechar o Supremo. No texto enviado ao decano, o presidenciável afirma que o STF é o "guardião da Constituição" e que "todos temos de prestigiar a Corte".

 

Bolsonaro
O candidato à Presidência Jair Bolsonaro  Foto: FABIO MOTTA / ESTADÃO
 

Na carta, Bolsonaro fala ainda em "angústias" e "ameaças" sofridas durante a campanha das eleições 2018 o candidato sofreu um atentado no dia 6 de setembro em Juiz de Fora (MG).  "Quero, por escrito, deixar claro que manifestações mais emocionais, ocorridas nestes últimos tempos, se mostram fruto da angústia e das ameaças sofridas neste processo eleitoral."

 

 

Outros ministros do Supremo também se manisfestaram sobre as declarações de Eduardo BolsonaroAlexandre Moraes afirmou que fala de deputado é "absolutamente irresponsável" e pediu investigação da PGR. Em nota oficial, o presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, saiu em defesa da Corte e afirmou que “atacar o Poder Judiciário é atacar a democracia”

Nesta segunda, Bolsonaro já havia se pronunciado sobre as declarações do filho. "Eu já adverti o garoto", afirmou o candidato sobre o filho de 34 anos. “É meu filho. A responsabilidade é dele. Ele já se desculpou. Isso aconteceu há quatro meses. Ele aceitou responder a uma pergunta sem pé nem cabeça, e resolveu levar para o lado desse absurdo aí. Temos todo o respeito e consideração com os demais poderes, e o Judiciário obviamente é importante."

Leia a carta de Jair Bolsonaro na íntegra:

"Exmo. Sr. Dr.

Ministro Celso de Mello

E.m.

Senhor Ministro,

Tomo a liberdade de encaminhar esta carta à Vossa Excelência, diante do noticiário recente.

É meu dever, como cidadão, manifestar meu apreço por Vossa Execelência, seja pela conduta impecável no exercício de jurisdição, seja pela forma ponderada como sempre se manifesta ao público.

Quero, por escrito, deixar claro que manifestações mais emocionais, ocorridas nestes últimos tempos, se mostram fruto da angústia e das ameaças sofridas neste processo eleitoral.

O Supremo Tribunal Federal é o guardião da Constituição e todos temos de prestigiar a Corte.

Cordialmente,

Jair Messias Bolsonaro."


Estadão segunda, 22 de outubro de 2018

RECEBEU INFORMAÇÃO DUVIDOSA? LEIA ISTO ANTES DE COMPARTILHAR

 

Recebeu uma informação duvidosa? — Leia isto antes de compartilhar

Veja um passo a passo de como não cair em boatos no WhatsApp 

Alessandra Monnerat

19 Outubro 2018 | 17h39

 

 

 

O aplicativo de mensagens WhatsApp. Foto: Webster2703/Pixabay

Este guia foi publicado em parceria com o Projeto Comprova, uma coalizão de 24 veículos de mídia com o objetivo de combater a desinformação durante o período eleitoral. Você pode sugerir checagens por meio do número de WhatsApp (11) 97795-0022.

 Com o acirramento da disputa eleitoral este ano, multiplicaram-se os relatos de agressões com motivação política em todo o país. Um dos casos mais representativos foi o do assassinato do mestre de capoeira Moa do Katendê, 63, que foi esfaqueado em Salvador após declarar seu voto em Fernando Haddad (PT).

Apesar dos vários casos reais, é preciso ficar alerta para episódios sem comprovação que circulam no WhatsApp e nas redes sociais. Nessas situações, sua melhor rramenta é o ceticismo: não compartilhe nada que você não tenha certeza ser verdade.

 

 

Abaixo, reunimos dicas para reconhecer mentiras online. Esses passos podem ser úteis não apenas para diferenciar os casos de agressões reais dos forjados, como também podem ser aplicados para desmascarar outros boatos. Nos baseamos em guias publicados por sites como BBC, First Draft, CGI, Aos Fatos e Décodeurs.

1. Leia o texto com cuidado

Há algumas características que podem ser indícios de boato. Veja se a mensagem ou o link se utiliza de linguagem sensacionalista, que apela para as emoções ou com muitos adjetivos. Pedidos de compartilhamento, o famoso “repasse sem dó”, também devem acender um alerta.

Textos escritos com letras maiúsculaserros gramaticais excessivos ou pontos de exclamação merecem ser vistos com cuidado. Também é comum que, para confundir, conteúdos falsos sejam publicados sem as datas especificadas.

Em casos de agressão, fique atento para as fontes citadas — testemunhas oculares, departamentos de polícia e as secretarias de Segurança Pública costumam informar jornalistas em situações desse tipo. Se o texto for vago, sem indicação de fontes confiáveis, data e local, desconfie.

2. Pesquise

Use o Google ou outra ferramenta de busca para pesquisar palavras-chave relacionadas ao conteúdo que você quer verificar. Há muitas agências de checagem no país, como o Comprova, Aos Fatos, Agência Lupa e Fato ou Fake, que trabalham para desmentir mentiras o mais rápido possível.

Quando se trata de uma agressão, tente checar se uma organização de notícias estabelecida ou um jornal local confiável já reportou o caso. O site Vítimas da Intolerância compila casos reportados pela mídia. Tenha em mente que, muitas vezes, leva tempo para se produzir uma reportagem sólida — na dúvida, é melhor esperar até que a imprensa confirme o episódio de violência.

 

Mestre Moa do Katendê
Mestre Moa do Katendê foi assassinado a facadas em um bar de Salvador, após manifestar apoio a Fernando Haddad (PT) Foto: Arquivo Pessoal

3. Desconfie das imagens

Só porque existe uma foto, não quer dizer que a agressão de fato ocorreu — muitos disseminadores de boatos se utilizam de imagens antigas ou associam fotos e vídeos verdadeiros a informações falsas. Nesse caso, tente utilizar a ferramenta de busca reversa de imagem do Google para verificar o contexto em que a foto foi publicada. No Google Imagens, por exemplo, basta carregar um arquivo de imagem ou pesquisar pelo link da foto.

4. Entre em contato com o Comprova ou outra agência de checagem

Muitos sites de fact checking têm canais no WhatsApp por onde você pode enviar denúncias de links, textos, imagens, vídeos e áudios suspeitos. O número do Comprova é (11) 97795-0022. Veja outros:

Estadão Verifica – (11) 99263-7900
Aos Fatos – (21) 99956-5882
Folha Informações – (11) 99490-1649
Boatos.org – (61) 99177-9164
Fato ou Fake – (21) 97305-9827


Estadão sábado, 20 de outubro de 2018

PT NÃO SABE PERDER?

 

PT não sabe perder?

 

Frase do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, definindo o esperneio dos petistas, que já vêem Jair Bolsonaro manter sua larga vantagem e tentam recorrer ao tapetão.

 “Os petês são péssimos perdedores”. /M.M.

A ofensiva pró-PT de Franklin Martins

 O PT não dá ponto sem nó. Enquanto tenta “paralisar” o adversário Jair Bolsonaro com acusações no TSE relacionadas à propagação de fake news, o partido se prepara para intensificar a “guerra virtual” contra ele na última semana de campanha. Na quinta-feira, 19, o ex-ministro da Comunicação Social de Lula Franklin Martins — um dos responsáveis pelas campanhas de Dilma na internet e hoje “consultor de comunicação” da campanha de Fernando Haddad — esteve com o ex-presidente na prisão, em Curitiba, acompanhado da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e deve vir “chumbo grosso” por aí.

Gleisi afirmou à jornalista Andréia Sadi, da GloboNews e do site G1, que eles discutiram com Lula a reação do PT ao suposto envolvimento de empresas que apoiam Bolsonaro no disparo de mensagens contra o PT pelo WhatsApp. Lula avaliou, de acordo com Gleisi, que existe um “ódio construído” contra o PT e disse “não ser possível  (haver) um antipetismo tão forte no País”. / J.F.

 O valor dos puxadores de voto
 

Com a votação massiva que receberam, os dois candidatos a deputado federal mais votados de São Paulo e do País — Eduardo Bolsonaro e Joice Hasselmann — deverão garantir um total de R$ 110 milhões em recursos públicos para o PSL, o partido da dupla, ao longo dos próximos quatro anos.

 Em conjunto, os dez deputados federais mais votados em todo o Brasil garantirão, segundo a manchete do Estadão deste sábado, 20, cerca de R$ 230 milhões. Cada voto recebido por esses parlamentares significará um ingresso de R$ 38 nas contas de seus partidos durante o mandato. Se eles fossem um partido, ficariam em terceiro lugar no ranking do recebimento de verbas públicas. / J.F.
 

A Opinião do Estadão: Brasileiro: cético e com medo

 

“Antes de fazer juízos desabonadores tanto sobre esses líderes como sobre seus simpatizantes, seria mais produtivo para o País refletir sobre como se chegou a esse estado de coisas, a começar pela dilapidação do Estado pelas corporações. Assim, se estão realmente preocupadas com o futuro, as lideranças que verdadeiramente prezam a democracia devem fomentar um compromisso nacional para, em primeiro lugar, sanear as finanças do Estado – condição indispensável para que as demandas sociais mínimas sejam atendidas e, consequentemente, os brasileiros comecem a recuperar a fé no pacto democrático.”

Trecho de editorial do Estadão deste sábado, 20.

Estadão sábado, 20 de outubro de 2018

DESESPERO: EDITORIAL DO ESTADÃO

 

Desespero

Consciente de que será difícil reverter a vantagem de Jair Bolsonaro (PSL), o PT decidiu fazer campanha para deslegitimar a eventual vitória do oponente, qualificando-a como fraudulenta 

O Estado de S.Paulo

19 Outubro 2018 | 03h00

 

Consciente de que será muito difícil reverter a vantagem de Jair Bolsonaro (PSL) na disputa pela Presidência da República, o PT decidiu partir para seu "plano B": fazer campanha para deslegitimar a eventual vitória do oponente, qualificando-a como fraudulenta. É uma especialidade lulopetista.

 A ofensiva da tigrada está assentada na acusação segundo a qual a candidatura de Bolsonaro está sendo impulsionada nas redes sociais por organizações que atuam no "subterrâneo da internet", segundo denúncia feita anteontem na tribuna do Senado pela presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, que lançou o seu J'accuse de fancaria.

"Eu acuso o senhor (Bolsonaro) de patrocinar fraude nas eleições brasileiras. O senhor é responsável por fraudar esse processo eleitoral manipulando e produzindo mentiras veiculadas no submundo da internet através de esquemas de WhatsApp pagos de fora deste país", afirmou Gleisi, que acrescentou: "O senhor está recebendo recursos ilegais, patrocínio estrangeiro ilegal, e terá que responder por isso. (...) Quer ser presidente do Brasil através desse tipo de prática, senhor deputado Jair Bolsonaro?"

 Como tudo o que vem do PT, nada disso é casual. A narrativa da "fraude eleitoral" se junta ao esforço petista para que o partido se apresente ao eleitorado - e, mais do que isso, à História - como o único que defendeu a democracia e resistiu à escalada autoritária supostamente representada pela possível eleição de Bolsonaro.

Esse "plano B" foi lançado a partir do momento em que ficou claro que a patranha lulopetista da tal "frente democrática" contra Bolsonaro não enganou ninguém. Afinal, como é que uma frente política pode ser democrática tendo à testa o PT, partido que pretendia eternizar-se no poder por meio da corrupção e da demagogia? Como é que os petistas imaginavam ser possível atrair apoio de outros partidos uma vez que o PT jamais aceitou alianças nas quais Lula da Silva não ditasse os termos, submetendo os parceiros às pretensões hegemônicas do demiurgo que hoje cumpre pena em Curitiba por corrupção?

Assim, a própria ideia de formação de uma "frente democrática" é, em si, uma farsa lulopetista, destinada a dar ao partido a imagem de vanguarda da luta pela liberdade contra a "ditadura" - nada mais, nada menos - de Jair Bolsonaro. Tudo isso para tentar fazer os eleitores esquecerem que o PT foi o principal responsável pela brutal crise política, econômica e moral que o País ora atravessa - e da qual, nunca é demais dizer, a candidatura Bolsonaro é um dos frutos. Como os eleitores não esqueceram, conforme atestam as pesquisas de intenção de voto que expressam o profundo antipetismo por trás do apoio a Bolsonaro, o PT deflagrou as denúncias de fraude contra o adversário.

O preposto de Lula da Silva na campanha, o candidato Fernando Haddad, chegou até mesmo a mencionar a hipótese de "impugnação" da chapa de Bolsonaro por, segundo ele, promover "essa campanha de difamação tentando fraudar a eleição".

Mais uma vez, o PT pretende manter o País refém de suas manobras ao lançar dúvidas sobre o processo eleitoral, assim como já havia feito quando testou os limites legais e a paciência do eleitorado ao sustentar a candidatura de Lula da Silva. É bom lembrar que, até bem pouco tempo atrás, o partido denunciava, inclusive no exterior, que "eleição sem Lula é fraude".

Tudo isso reafirma, como se ainda fosse necessário, a natureza profundamente autoritária de um partido que não admite oposição, pois se julga dono da verdade e exclusivo intérprete das demandas populares. O clima eleitoral já não é dos melhores, e o PT ainda quer aprofundar essa atmosfera de rancor e medo ao lançar dúvidas sobre a lisura do pleito e da possível vitória de seu oponente.

Nenhuma surpresa: afinal, o PT sempre se fortaleceu na discórdia, sem jamais reconhecer a legitimidade dos oponentes - prepotência que se manifesta agora na presunção de que milhões de eleitores incautos só votaram no adversário do PT porque, ora vejam, foram manipulados fraudulentamente pelo "subterrâneo da internet".


Estadão sexta, 19 de outubro de 2018

BOLSONARO TEM 59%, E HADDAD, 41%, DIZ PESQUISA

 

Bolsonaro tem 59% e Haddad tem 41% na disputa à Presidência, diz pesquisa

Os dois candidatos apenas oscilaram em relação à pesquisa anterior

Daniel Bramatti, O Estado de S.Paulo

18 Outubro 2018 | 20h 

 
 

O Datafolha divulgou nesta quinta-feira, 18, sua pesquisa de intenção de voto para a Presidência da República nas eleições 2018. O candidato Jair Bolsonaro, do PSL, tem 59% da preferência enquanto Fernando Haddad, do PT, conta com 41%. A margem de erro é de dois pontos porcentuais. 

 

Haddad Bolsonaro
Bolsonaro e Haddad disputam o 2º turno das eleições 2018 Foto: Adriano Machado e Rodolfo Buhrer/Reuters
 

Pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira, 18, mostra que Jair Bolsonaro (PSL) segue na liderança da corrida eleitoral pela Presidência neste segundo turno das eleições 2018, com 59% das intenções de voto. Fernando Haddad (PT) tem 41%.

 

 

O cálculo leva em consideração apenas os votos válidos, ou seja, exclui os brancos, nulos e indecisos. Os dois candidatos apenas oscilaram em relação à pesquisa anterior do Datafolha, divulgada na semana passada, que mostrava Bolsonaro com 58% e o adversário com 41%.

A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o protocolo BR-07528/2018. Foram entrevistados 9.137 eleitores em 341 municípios entre os dias 17 e 18 de outubro. Os contratantes foram o jornal Folha de S.Paulo e a TV Globo.


Estadão quinta, 18 de outubro de 2018

A ÚLTIMA ABOLIÇÃO E OUTROS FILMES

 

‘A Última Abolição’ restabelece a complexidade do fim da escravidão no Brasil

 

Nos livros escolares, a Abolição da Escravatura ainda é tratada como um ato de benevolência da Princesa Isabel. Em A Última Abolição, a diretora Alice Gomes procura reintroduzir a complexidade do tema e despojá-lo de clichês e simplismos. 

 

 

Documentário de feitio clássico (mas sem voz over), A Última Abolição ouve muitos personagens, em especial intelectuais afrodescendentes. Trata o tema de maneira global e histórica, com a chegada dos navios negreiros ao Brasil, os movimentos de resistência e revolta dos escravos e a campanha abolicionista, com figuras como José do Patrocínio, Luiz Gama e Joaquim Nabuco. 

Mesclando depoimentos e imagens da iconografia escravagista, o filme procura demolir algumas ideias feitas. Por exemplo, a de que os quilombos seriam paraísos na Terra, como induz a crer o cancioneiro popular. Pelo contrário, neles imperava a precariedade, mesmo porque os quilombolas eram obrigados a se esconder e se defender dos capitães do mato. Ainda assim, o apelo pela liberdade tinha voz mais forte que o medo e as privações. 

 

A Última Abolição
 
'A Última Abolição’. Mescla depoimentos e imagens da iconografia escravagista. Foto: Ricardo Gomes

Outro ponto importante é notado nas contradições do processo abolicionista. Assim que a Lei Áurea foi promulgada, outras leis foram estabelecidas para vigiar e punir aquele novo contingente livre e amedrontador para população branca dominante. “Havia temor e as classes mais abastadas se prepararam para a Abolição quando viram que era inevitável”, diz um historiador. Leis que puniam a “vadiagem” e proibiam a “capoeiragem” e rituais religiosos africanos passaram a existir explicitamente para reprimir e manter sob controle a população recém-libertada. 

População, aliás, libertada e atirada à própria sorte, sem qualquer reparação por séculos de escravidão e sem preparação para inserir-se na sociedade na condição de homens e mulheres livres. / Luiz Zanin Oricchio

 
A muito oportuna pegada libertária de ‘Legalize Já’ 

A letra da música é assim: “Legalize Já, legalize já/ Porque uma erva natural não pode te prejudicar.”

A erva você imagina qual seja e a música dá título ao filme Legalize Já! – Amizade Nunca Morre, de Johnny Araújo e Gustavo Bonafé, que recria em termos ficcionais a formação da banda Planet Hemp.

O filme Legalize Já! é a história dessa banda de rock, de uma atitude jovem, mas, acima de tudo, de uma grande amizade. Ela nasce quando Skunk (Ícaro Silva) esbarra na rua em Marcelo (Renato Góes) e os dois se tornam parceiros. Skunk é um músico revoltado com a opressão social. Marcelo é um camelô que vende camisetas de bandas heavy metal junto aos Arcos da Lapa. Unidos, fundam a banda Planet Hemp. 

Pelas frestas da história dos dois, filtram-se algumas realidades da sociedade brasileira, como o preconceito racial, a ignorância e a intolerância de classe social. Como cinema, Legalize Já! é intenso, ritmado e de pegada libertária. Na contramão do conservadorismo medieval que se aproxima de nós como uma nuvem pesada e obscura. / L.Z.O.

 

‘A justiceira’ apela para o instinto de vingança

Nem no título brasileiro A Justiceira, de Pierre Morel, esconde sua filiação à longa tradição dos filmes de vingança, que têm como clássicos os vários Desejo de Matar, com Charles Bronson. Aliás, por que esconderia, já que o sucesso desse gênero reside exatamente na catarse pública proporcionada por suas histórias de “justiça com próprias mãos”? 

Previsível, a trama de A Justiceira conta a história de Riley (Jennifer Garner), pacata dona de casa que um dia vê marido e filha pequena serem exterminadas num tiroteio em um parque de diversões. Inconformada, durante anos Riley se transforma em uma implacável máquina de matar e, no quinto aniversário do crime, vai atrás dos responsáveis pela destruição da família. A princípio, os bandidos, traficantes hispânicos, claro.

Em seguida, os policiais corruptos e juízes lenientes que impediram o curso da justiça pelas vias normais. Como filme de ação, A Justiceira tem bom artesanato e Jennifer atua de maneira intensa. Mas a esta altura do campeonato não dá mais para levar a sério esse tipo de obra, não é mesmo? L.Z.O.

 

Terror selvagem, 'A Casa do Medo – Incidente em Ghostland' é para público de estômago forte

Filmes de terror sempre atraem o público, mas com a proximidade do Halloween – dia 30 – os distribuidores e exibidores tentam capitalizar a comemoração norte-americana que se alastra pelo Brasil. Dia 25 estreia o novo Halloween, com Jamie Lee Curtis, mas enquanto o filme não chega você pode se distrair com as emoções dessa “casa do medo”.

O tema da casa assombrada é recorrente na produção do gênero. Aqui, mulher herda a casa da tia e decide morar no local com as duas filhas. Logo na primeira noite, a casa é invadida e a mãe promove umas carnificina para defender as crias. Anos mais tarde, as garotas, já crescidas, voltam a Ghostland. Sacaram o nome? Terra dos fantasmas?

Quem espera um terror cheio de sustos, com espíritos e bonecas demoníacas (as Annabelles) vai tomar um choque. O diretor investe no terror psicológico, fazendo com que o público viaje nas sensações da personagem de Crystal Reed. São cenas brutais. Vão exigir estômagos – e corações – fortes. E, depois disso, ainda tem Halloween na semana que vem. Coragem!

 

Filme e livro 'O Primeiro Homem' contam história de Neil Armstrong

Diretor vitorioso de La La Land: Cantando EstaçõesDamien Chazelle renova a parceria com o astro Ryan Gosling em outro belo filme. Vão novamente para o Oscar? Por enquanto, são só conjeturas, mas, se isso não ocorrer, não será por falta de qualidades do lançamento desta quinta, 18.

Nos EUA, Chazelle andou sendo criticado por sua falta de patriotismo (leia na capa e na pág. C6). O filme, programado como blockbuster, não estourou na bilheteria com a intensidade desejada. É obra de cunho intimista, retratando o astronauta Neil Armstrong, primeiro homem a caminhar na Lua, como marido, pai, companheiro. Logo de cara ocorre uma tragédia na família. Armstrong será sempre esse homem devorado por uma tristeza, um vazio, como o outro personagem de Ryan Gosling, aquele de La La Land.

E, além de ver o filme, você pode ler o livro O Primeiro Homem – A Vida de Neil Armstrong, de James R. Hansen, em que o cineasta se inspirou. Hansen é especialista em história aeroespacial e o lançamento da Intrínseca é enriquecido por muitas fotos. /Luiz Carlos Merten

 

Destaques da Mostra:

'Júlia e a Raposa'

(Argentina, 2018, 105 min.) Dir. de Inés Maria Barrionuevo, com Umbra Colombo, Pablo Limarz

Mãe e filha viajam à casa onde foram felizes com o pai da garota, que morreu num acidente. A mãe é atriz e está buscando superar o trauma. Após a sessão das 18h45 no Arteplex Frei Caneca 2, haverá debate com a diretora, que está na cidade a convite da organização da Mostra de Cinema. / L.C.M.

'Trabalhos Ocasionais de uma Escrava'

(Alemanha, 1973, 91 min.). Dir. de Alexander Kluge.

A Mostra comemora os 200 anos de Karl Marx com uma pequena seleção de filmes que expressam seu pensamento econômico e filosófico. Kluge é um dos grandes do cinema alemão e esse filme é uma obra-prima sobre a condição social da mulher como mãe, esposa, trabalhadora. / L.C.M.

'Mochila de Chumbo'

(Argentina, 2018, 67 min.) Dir. de Dario Mascambroni, com Facundo Underwood, Gerardo Pascual.

Outro filme latino – uma produção da Argentina – na Mostra. Garoto de 12 anos parte numa jornada de vingança contra o assassino de seu pai. O jovem cineasta, de 30 anos, ainda é pouco conhecido no Brasil. Pertence à escola de Córdoba, cujos filmes possuem uma pegada social muito forte. Atenção para o garoto. Facundo é ótimo. /L.C.M.


Estadão terça, 16 de outubro de 2018

IBOPE: BOLSONARO TEM 59 % DOS VOTOS VÁLIDOS

 

Ibope: No 2º turno, Bolsonaro vai a 59% dos votos válidos; Haddad tem 41%

A duas semanas do segundo turno, pesquisa mostra presidenciável do PSL com 18 pontos porcentuais à frente de petista; capitão reformado é o que tem mais votos convictos

Daniel Bramatti, O Estado de S.Paulo

15 Outubro 2018 | 18h50 
Atualizado 15 Outubro 2018 | 23h13

 

O candidato Jair Bolsonaro (PSL) lidera a corrida presidencial, com 59% das intenções de voto, na primeira pesquisa Ibope/Estado/TV Globo do segundo turno. A duas semanas da eleição, o deputado e capitão reformado tem 18 pontos porcentuais de vantagem sobre Fernando Haddad (PT), que aparece com 41%.

O cálculo considera apenas os votos válidos, ou seja, exclui os nulos, brancos e indecisos. Levando em conta o eleitorado total, o placar é de 52% a 37% a favor de Bolsonaro. Há ainda 9% dispostos a anular ou votar em branco, enquanto 2% não souberam responder.

 
Haddad e Bolsonaro
Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) disputam segundo turno da eleição presidencial Foto: Adriano Machado e Rodolfo Buhrer/Reuters

 

Após participar na noite desta segunda-feira de evento em homenagem ao Dia do Professor, Haddad minimizou a diferença. “Temos o desafio de tirar nove pontos dele e passar para nós. É uma tarefa difícil, mas é muito mais difícil aguentar quatro anos de governo dele.” Já Bolsonaro não se manifestou sobre os resultados até a conclusão desta edição.

candidato do PSL lidera em todas as regiões do País, com exceção do Nordeste, mostra o Ibope. No Sul, no Sudeste e no Norte/Centro-Oeste, ele teria, respectivamente, 69%, 67%, e 64% dos votos válidos se a eleição fosse hoje. Já o eleitorado nordestino daria a Haddad 63%, contra 37% para o adversário.

De acordo com a pesquisa, o presidenciável do PSL tem apoio muito mais concentrado entre os evangélicos (74%), brancos (68%) e de renda e escolaridade mais altas. Já no segmento católico, a disputa entre os dois candidatos é mais acirrada: 53% para Bolsonaro e 47% para Haddad. Esse placar se repete no eleitorado que se declara negro ou pardo. 

candidato do PSL lidera entre as mulheres, por 54% a 46%, mas a vantagem dele em relação a Haddad entre os homens é muito maior: 64% a 36%.

Petista lidera na faixa de renda até um salário mínimo

Na faixa de renda de até um salário mínimo, o candidato do PT lidera por 58% a 42%. Mas, em todas as demais, quem está à frente é seu adversário do PSL. A vantagem máxima de Bolsonaro aparece entre quem ganha mais de cinco salários mínimos: 72% a 28%.

Na segmentação do eleitorado por escolaridade, Haddad vence entre quem estudou até a quarta série do ensino fundamental, por 56% a 44%, e fica próximo de Bolsonaro na faixa da quinta à oitava série. Acima disso, o candidato do PSL lidera com folga, com o apoio de cerca de dois terços do eleitorado.


Estadão segunda, 15 de outubro de 2018

CÂMARA FICA PELA PRIMEIRA VEZ SEM UM VIEIRA LIMA EM 43 ANOS

 

Câmara fica sem um Vieira Lima pela primeira vez em 43 anos

Com a derrota do caçula de Geddel, Lúcio Vieira Lima (MDB), que não conseguiu a reeleição para deputado federal, clã fica longe do poder 

Clara Rellstab, especial para o Estado, e Roberta Vassallo, especial para o Estado

14 Outubro 2018 | 05h04

 

Ex-deputado Afrísio Vieira Lima em reunião com José Sarney em 1981. Foto: Acervo Estadão

 

Depois dos escândalos envolvendo o nome da família em investigações decorrentes da Lava Jato, que culminaram na prisão do irmão Geddel Vieira Lima a quem é atribuído o bunker de R$ 51 milhões em Salvador, o deputado federal Lúcio Vieira Lima (MDB) não se reelegeu por seu estado, a Bahia. Esta é a primeira vez que o clã fica longe do poder, desde 1975, quando há 43 anos, o pai de Lúcio e Geddel, Afrísio Vieira Lima, foi eleito para uma cadeira na Câmara pela extinta Arena, partido de apoio aos militares.

O patriarca se reelegeu até 1990, então já pelo MDB, quando foi substituído pelo filho mais velho, Geddel, eleito deputado federal pela primeira vez naquele ano.

 

O mandato de Geddel se prolongou até 2010, quando, sem sucesso, tentou chegar ao governo da Bahia – derrotado, no entanto, pelo petista Jaques Wagner.

Geddel, ora preso na Penitenciária da Papuda, em Brasília, se manteve na presidência do MDB baiano até o impeachment de Dilma Rousseff (PT), em 2016, ano em que recebeu convite para comandar a Secretaria de Governo do presidente Temer.

Geddel em sua primeira audiência de custódia, quando foi preso por suposta pressão para evitar que o doleiro Lúcio Funaro firmasse acordo com a Procuradoria para confessar seus crimes. Neste caso, ele foi absolvido, mas continua preso na investigação sobre o bunker dos R$ 51 milhões. Foto: Reprodução de vídeo da 10ª Vara Federal de Brasília

O mandato foi interrompido em 2016, após imbróglio entre o emedebista e o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, tendo como pano de fundo a construção de um prédio de alto padrão em uma área histórica da capital baiana.

 

 

Lúcio, por sua vez, somava mandatos desde 2010, quando debutou na Câmara.

Os irmãos Vieira Lima são acusados pelos crimes de ocultação e propriedade dos R$ 51 milhões em dinheiro vivo. Até janeiro de 2016, o tesouro teria permanecido em um closet na casa da matriarca, Marluce.

COM A PALAVRA, LÚCIO VIEIRA LIMA

Ao Estado, o deputado Lúcio Vieira Lima foi sucinto e argumentou que não foi eleito porque ‘o povo não quis’.

O resultado mostra as fragilidades dos partidos políticos quando se tem o PSL elegendo a segunda maior bancada, avalia o parlamentar baiano. “Os partidos perderam totalmente a sua importância.”

Lucio Vieira Lima. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Sobre continuar ou não na vida pública, ela resumiu: “Não é necessário mandato para fazer política. Continuarei fazendo política sem um mandato.”

Irmão ‘anônimo’ dos Vieira Lima, Afrísio Filho permanece há 21 anos no cargo de diretor legislativo da Câmara dos Deputados. Com salário de R$ 33,9 mil, ele é investigado no Supremo por suspeita de peculato.


Estadão sábado, 13 de outubro de 2018

HADDAD, A METAMORFOSE AMBULANTE

 

12.10.2018 | 20h02

Haddad, a metamorfose ambulante

 

Nesta campanha, Fernando Haddad já foi coordenador do programa de governo do PT, advogado de Lula, vice-presidente na chapa de Lula, substituto de Lula, cover de Lula, Andrade, Radard… Levado ao segundo turno por este blend de personalidades, agora encarna outras: se afastou convenientemente de Lula, passou a evocar com mais frequência a (real) influência do avô líder religioso em sua formação e, agora, fez questão de ir a uma missa no dia de Nossa Senhora de Aparecida e comungar.

 Enquanto prefeito, Haddad não ficou conhecido pela assiduidade a missas e atos religiosos. Tampouco essa característica costumava ser reforçada por ele ao descrever a própria trajetória –a ascensão no movimento estudantil, o trabalho na loja do pai, a carreira multidisciplinar na academia e a posterior carreira no setor público sempre foram seus principais atributos. Essa falta de nitidez de personalidade talvez seja uma das razões da dificuldade eleitoral do candidato do PT. / V.M.

 


Estadão quinta, 11 de outubro de 2018

KÁTIA ABREU SUGERE RENÚNCIA DE HADDAD E SUBSTITUIÇÃO POR CIRO

 

Kátia Abreu sugere renúncia a Haddad e substituição por Ciro na disputa contra Bolsonaro

Senadora apresentou artigo da Constituição que permite a disputa do terceiro colocado em caso de desistência

Renan Truffi, O Estado de S.Paulo

10 Outubro 2018 | 18h41

 
 

BRASÍLIA - A senadora Kátia Abreu (PDT-TO) defendeu, nesta quarta-feira, 10, que o candidato do PT Fernando Haddad renuncie à campanha presidencial nas eleições 2018"em nome da democracia". O objetivo de sua proposta é que o petista, ao abrir mão da disputa, abra espaço para que Ciro Gomes (PDT) seja o adversário de Jair Bolsonaro(PSL) no segundo turno.

 

Kátia Abreu
Senadora Kátia Abreu Foto: ED FERREIRA/ESTADAO
 

"Eu não estranharia e acharia muito digno se por acaso ele (Haddad) desistisse da candidatura vendo que pode entregar o País a um fascismo religioso", afirmou, referindo-se a Bolsonaro. "A lei é clara. Se ele renunciar à sua candidatura, Ciro Gomes é o candidato. E é o único capaz de vencer Bolsonaro", justificou.

 

 

A proposta de Kátia Abreu se baseia no artigo 77 da Constituição Federal, que no inciso 4º diz que "se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação".

Kátia Abreu disse também que não fará campanha para Haddad, apesar da decisão do partido de optar pelo "apoio crítico". "PDT só deu apoio crítico ao PT para não dar uma de Pôncio Pilatos, para não lavar as mãos diante da ameaça e fascismo que a outra candidatura representa. O PT que tinha uma causa lá atrás não existe mais, não vale a pena defender." A senadora afirmou ainda que irá votar em "branco" ou "nulo" em 28 de outubro. 


Estadão quarta, 10 de outubro de 2018

CARLOS JEREISSATI DECLARA VOTO EM BOLSONARO E DORIA

 

 

Carlos Jereissati declara voto em Bolsonaro e Doria

Coluna do Estadão

10 Outubro 2018 | 05h30

 

Carlos Jereissati, empresário e controlador do grupo Iguatemi

 

Controlador do grupo Iguatemi e integrante de uma das famílias mais poderosas do Ceará, Carlos Jereissati revelou à Coluna que vota em Jair Bolsonaro para o Planalto e João Doria para o governo de São Paulo. Irmão do tucano Tasso Jereissati, o empresário tem mantido conversas com o presidenciável sobre propostas para um eventual governo. Ele aposta que os quase dois milhões de votos que Ciro Gomes recebeu no Ceará vão migrar para Bolsonaro. “Os eleitores do Ciro não são da esquerda. São da direita, no máximo do centro-direita.”

Não desce. O empresário diz que “o retorno do PT ao governo é impensável” e que, se tinha alguma dúvida sobre seu voto, ela acabou após o incêndio no Museu Nacional. “Toda a diretoria da UFRJ (que administra o museu) é do PSOL do Boulos”, diz. O partido anunciou apoio a Haddad (PT).

 Deu match! O voto em Bolsonaro se deve, ainda, ao fato de ele também ser a favor de liberar armas e pela escolha de Paulo Guedes para conduzir a política econômica. “Chega! Tenho filhos. Aqui todo mundo tem que usar carro blindado. Minha maior despesa nas empresas é com segurança”, diz Carlos Jereissati.

É de casa. Paulo Guedes conversou por telefone ontem com o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia. O “posto Ipiranga” de Bolsonaro foi o assessor econômico que mais procurou a Fazenda até agora.

Porta aberta. Guedes já esteve presencialmente duas vezes com Guardia, Mansueto Almeida (secretário do Tesouro), Marcos Mendes (assessor especial) e Fabio Kanczuk (secretário de política econômica).

Tá atrasada. Na primeira e última vez que Haddad esteve com Guardia, ele ainda era coordenador da pré-candidatura de Lula. A campanha do ex-prefeito ao Planalto não tem um coordenador destacado para a área econômica.

Devagar com o andor. Pegou muito mal o movimento do deputado federal eleito Kim Kataguiri (DEM-SP) se lançar candidato a presidente da Câmara, sendo que o colega de partido Rodrigo Maia já fez o mesmo. No grupo de WhatsApp do DEM, sobraram críticas ao recém-chegado.

Ufa! Líderes petistas disseram ter ficado aliviados porque Lula já havia feito a Haddad as críticas que eles teriam para fazer. “Tudo o que eu podia fazer por você eu já fiz, agora você é quem precisa trabalhar”, teria afirmado, segundo relato do próprio Haddad a aliados.

Campo adversário. Haddad foi aconselhado na reunião da executiva da sigla, ontem, a ser mais incisivo nas pautas de segurança pública. Foi dito que é preciso fazer uma autocrítica e elogiar iniciativas, até mesmo a de Temer, de criar a pasta da Segurança Pública.


Estadão segunda, 08 de outubro de 2018

PARA ANALISTAS, BOLSONARO TERÁ GOVERNABILIDADE

 

Para analistas, Jair Bolsonaro terá governabilidade

Candidato do nanico PSL ganhou apoio ao longo da campanha e, segundo cientistas políticos, isso ocorreu pelo fraco desempenho de Alckmin 

Gilberto Amendola, O Estado de S.Paulo

08 Outubro 2018 | 04h00

 

 

 

No início do ano, o deputado Jair Bolsonaro parecia caminhar para ser o candidato à Presidência da República do eu sozinho. Depois de deixar o PSC, tentou se viabilizar como nome do PEN (que passou a se chamar Patriota para recebê-lo). Sem acordo com a legenda, procurou outra sigla considerada nanica, o PSL. E com o PSL, já no segundo turno e com o apoio de bancadas de peso, especialistas afirmam que Bolsonaro terá maioria no Congresso e condições de governabilidade caso venha a ser eleito Presidente da República.

A chegada no PSL foi cheia de turbulência. O partido, que iria se chamar Livres, recebeu Bolsonaro e perdeu parte dos seus simpatizantes (que formaram o movimento Livres). Em março, Bolsonaro trabalhava para garantir que o PSL tivesse ao menos cinco deputados. Naquela ocasião, ainda existia muita desconfiança do mundo político sobre a viabilidade de sua candidatura.

 
Jair Bolsonaro
Especialistas afirmam que Jair Bolsonaro (PSL) terá maioria no Congresso para governar Foto: REUTERS/Leonardo Benassatto

As pesquisas de opinião foram, aos poucos, mostrando que o candidato seria competitivo. Nesse período, com a coordenação do deputado Oxy Lorenzoni (cotado para assumir a Casa Civil em um eventual governo Bolsonaro), as poderosas bancadas evangélica, do agronegócio e da Segurança Pública foram se aproximando do candidato.

O movimento se acentuou graças ao fraco desempenho do candidato tucano, Geraldo Alckmin. Figuras do chamado Centrão, bloco que apoiou formalmente Alckmin, foram declarando preferência a Jair Bolsonaro. Candidatos ao governo de diversos Estados também fizeram esse movimento – de olho na onda de votos que um apoio de Bolsonaro poderia significar. O líder da maior igreja evangélica do País e dono da TV Record, Edir Macedo, chegou a gravar um vídeo de apoio ao nome do PSL. 

Apoio. Os candidatos ao governo de São Paulo, por exemplo, João Doria (PSDB) e Paulo Skaf (MDB) já deixaram clara suas inclinações bolsonaristas no segundo turno. Em Curitiba, Ratinho Jr. – eleito governador do Paraná já no primeiro turno – também indicou que vai de Bolsonaro no segundo turno. Muitos outros exemplos se somaram pelo Brasil.

O tamanho dessa onda faz com que cientistas políticos acreditem que, no caso de vitória, Bolsonaro terá sim maioria no Congresso e condições de governabilidade. “Vai ter uma bancada grande – tendo o Centrão como base. Tudo indica que uma bancada de direita mais dura será eleita. Com ela, Bolsonaro vai poder conversar e governar”, comenta o cientista político Claudio Couto (PUC-SP).

O também cientista político Humberto Dantas (USP) segue a mesma linha. “O PSL deve eleger uns 30 parlamentares. Além deles, vai contar com o velho centrão, parte do MDB, do PR, do PP, do DEM...As bancadas do Boi, da Bíblia e da Bala são muito fortes no Congresso e devem dar sustentação ao presidente Bolsonaro, caso ele seja eleito.”

O cientista político Rodrigo Prando (Mackenzie) lembra que o Centrão e a direita moderada parecem ter abandonado o PSDB. “Tudo indica que os partidos que compõem o Centrão vão aceitar e colaborar com um eventual governo Bolsonaro. Portanto, ele terá, pelo menos de início, uma maioria que vai garantir a governabilidade.


Estadão segunda, 08 de outubro de 2018

FILHOS DE BOLSONARO SÃO ELEITOS PARA O LEGISLATIVO EM SP E RIO

 

Filhos de Bolsonaro são eleitos para o Legislativo em SP e no Rio

Em São Paulo, Eduardo Bolsonaro é o deputado federal mais votado da história, enquanto Flavio Bolsonaro é o senador mais votado dos fluminenses

Luiz Raatz, O Estado de S.Paulo

07 Outubro 2018 | 22h01 
Atualizado 07 Outubro 2018 | 22h38

 

Os dois filhos do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL), Eduardo Bolsonaro eFlávio Bolsonaro se elegeram para o Legislativo neste domingo, 7. Eduardo foi o deputado federal mais votado em São Paulo enquanto Flávio foi o líder na disputa pelo Senado no Rio. A votação de Eduardo Bolsonaro é a maior da história, superando a de Eneas Carneiro, em 2002.

Eduardo teve 1,8 milhão de votos e foi o deputado mais votado em São Paulo, com 8,75% dos votos. No Rio, Flávio teve 31,36% dos votos para o Senado. Ambos pertecem ao mesmo partido do pai, o PSL.  Mais cedo, Eduardo sugeriu em sua conta no Twitter que os eleitores filmassem urnas eletrônicas para comprovar supostas fraudes - o que é proibido por lei.

 

Eduardo Bolsonaro
Eduardo Bolsonaro sugere aos eleitores que filmem ou fotografem urnas eletrônicas Foto: Felipe Rau
 

Em São Paulo, o PSL fez também a segunda candidata mais votada à Câmara dos Deputados, a jornalista Joyce Hasselmann. O ator Alexandre Frota foi o 17º mais votado. Luiz Philippe O. Bragança, descendente da família imperial, foi o 32º. A legenda do partido foi a mais votada no Estado. 

 

 

Jair Bolsonaro foi mais votado em 17 Estados e no Distrito Federal. O capitão reformado do Exército só ficou atrás de Fernando Haddad (PT) nos oito Estados do Nordeste e no ParáCiro Gomes (PDT) liderou a disputa no Ceará, seu berço político.


Estadão sábado, 06 de outubro de 2018

IMPRIMA COLA PARA SE ORIENTAR NA HORA DE VOTAR

 

 

'Cola eleitoral': anotação com dados de candidatos pode ser usada na urna

Imprima o modelo em formato PDF do 'Estado' para levar no próximo domingo,7, dia do primeiro turno das eleições 2018 

O Estado de S.Paulo

02 Outubro 2018 | 16h12

 

 

 

O primeiro turno das eleições 2018 acontece no próximo domingo, 7 de outubro. Apesar de ser proibido o uso de celular dentro da seção, é permitido levar uma cola eleitoral, em papel, com dados dos candidatos como nome, cargo e legenda. Para ajudar, o Estado preparou um modelo que pode ser impresso e conferido na cabine de votação.

lique na imagem para abrir o arquivo em PDF e imprimir a cola eleitoral das eleições 2018

Cola eleitoral das eleições 2018 Foto: Arte/ Estadão

 


 

Neste ano, os eleitores deverão indicar representantes para os cargos de presidentegovernadorsenadordeputado federal e deputado estadual. O primeiro cargo a ser votado é o de deputado federal, com quatro dígitos. Em seguida, a urna vai exibir o espaço para a indicação de deputado estadual ou distrital, com cinco números.

Para o Senado o eleitor deve inserir dois candidatos, cada um com um código de três dígitos. Antes de finalizar a votação, anda é preciso realizar o voto para governador e presidente, ambos com os dois números referentes ao partido político.

Baixe aqui a “cola eleitoral” e imprima para levar no dia da votação.

 


Estadão quinta, 04 de outubro de 2018

O QUE VOCÊ PRECISA PARA SABER VOTAR

 

Título de eleitor: o que você precisa saber para votar em 2018

O meu título eleitoral foi cancelado? Como usar a biometria? Confira as principais perguntas e respostas para o momento da votação

Isabela Giantomaso, especial para, O Estado de S.Paulo

03 Outubro 2018 | 18h05

 
 

Para votar nas eleições 2018 é necessário estar com a situação do título regular e apresentar um documento com foto. Além disso, nas cidades onde a biometria é obrigatória os eleitores precisam ter feito o cadastramento das impressões digitais. Caso contrário, é importante consultar se o registro não está entre os mais de 3 milhões de títulos cancelados.

 

Título de eleitor ELEIÇÕES 2018
Na hora de votar é obrigatório levar documento oficial com foto ou o 'e-Título', com a biometria cadastrada  Foto: Nilton Fukuda/Estadão
 

Entenda, a seguir, o que você precisa levar para o local de votação e saiba quais documentos, além do título de eleitor, deve apresentar para justificar a ausência. Veja também como usar o e-Título e como votar com a biometria cadastrada.

 

 

Posso votar só com o título de eleitor?

Não. A entrada na cabine de votação só pode ser liberada após a apresentação de um documento oficial com foto para confirmar a identidade do eleitor. Segundo o TSE, a carteira de identidade (RG), carteira de trabalho, carteira nacional de habilitação, passaporte ou certificado de reservista podem ser usados na seção junto com o título.

Posso votar sem o título eleitoral?

Sim. Caso você já saiba sua zona eleitoral e o número da seção, é permitido votar apresentando apenas um documento com foto. Assim como na questão anterior, o eleitor pode apresentar o RG, carteira de trabalho, carteira nacional de habilitação, passaporte ou certificado de reservista. Certidões de nascimento ou de casamento não são aceitas.

O título de eleitor digital pode ser usado na hora de votar?

Sim. Caso tenha feito o cadastro das impressões digitais é possível usar apenas o título digital durante a votação. No entanto, para os eleitores que não realizaram a biometria, fica obrigatória a apresentação também de um documento oficial com foto.

O registro digital pode ser usado como uma alternativa ao título físico. O documento está disponível no aplicativo e-Título, gratuito para Android e iOS.

Como votar com biometria?

Para votar com biometria o eleitor precisa se apresentar em sua seção com o título eleitoral digital ou com um documento com foto. Antes de ter acesso a urna eletrônica, deve realizar o reconhecimento das impressões digitais, com possibilidade para até quatro tentativas. Caso não consiga concluir o processo, o mesário deve fazer uma nova verificação dos documentos e liberar a votação de forma manual.

O eleitor que não conseguir fazer o reconhecimento da biometria no momento da votação precisa, após finalizar o processo na urna, assinar o caderno da seção. Além disso, o TRE de São Paulo indica o retorno ao cartório eleitoral para uma nova coleta de digitais. Os que conseguirem fazer o reconhecimento da biometria podem deixar a seção logo após o voto.

Quem não fez a biometria pode votar em São Paulo?

No estado de São Paulo, 100 municípios têm biometria obrigatória, incluindo Guarulhos e Embu das Artes na Região Metropolitana. De acordo com o TRE-SP, 400 mil eleitores não realizaram o cadastramento, tiveram os títulos cancelados.

Em todo o Brasil, 3,4 milhões de eleitores não poderão votar em 2018 porque não compareceram aos cartórios para revisão e não fizeram o cadastramento biométrico. Mais da metade dos cancelamentos aconteceu nas regiões Norte e Nordeste.

O meu título eleitoral foi cancelado?

Para saber se seu título foi cancelado o eleitor pode consultar qualquer cartório eleitoral ou, pela internet, pesquisar a situação no site do TSE. A pesquisa é feita pelo nome completo e a data de nascimento. Não é necessário informar o número do título.

Posso justificar o voto sem meu título de eleitor?

Sim. O eleitor que não esteja em seu domicílio eleitoral no dia da votação pode fazer a justificativa usando apenas o número do título (encontrado no site do TSE) e um documento oficial de identificação com foto. O processo deve ser feito em um posto ou mesa receptora de justificativas dentro das zonas da eleição 2018.

Caso não faça a justificativa na data da votação, é preciso preencher e entregar um Requerimento de Justificativa Eleitoral, disponível no site da Justiça Eleitoral, até 60 dias após cada turno (7 de outubro e 28 de outubro). O pedido deve ser acompanhado de um documento que comprove o motivo do não comparecimento no dia da votação.


Estadão quarta, 03 de outubro de 2018

BRASILEIROS SÃO O POVO QUE MAIS ACREDITA EM FAKE NEWS NO MUNDO

 

Brasileiros são o povo que mais acredita em fake news no mundo, indica Ipsos

Publicado em 02/10/2018 07:46

A cinco dias das eleições, com um debate radicalizado e as fake news se espalhando a torto e a direito, o diretor de Opinião Pública do Instituto Ipsos, Danilo Cersosimo,chama a atenção, em conversa com a coluna, para três questões centrais do cenário eleitoral.

Primeira: os brasileiros acabam de “emplacar”, em recente pesquisa do instituto, como o povo que mais acredita em fake news no mundo – são 62%, seguidos de Arábia Saudita e Coreia do Sul ( 58%) e peruanos e espanhóis (57%).

Segunda: o clima eleitoral jogou o País num intenso processo de politização das falsas notícias. As fake news estão hoje, no Brasil, institucionalizadas.


Estadão segunda, 01 de outubro de 2018

HADDAD VISITA LULA PELA QUARTA VEZ COMO CANDIDATO

 

 

 

Haddad visita Lula pela quarta vez como candidato

Da cadeia, ex-presidente orienta os rumos da campanha; candidato nega possibilidade de indulto ao líder do PT

Adriana Ferraz e Carina Bridi, O Estado de S.Paulo

01 Outubro 2018 | 05h00

 

O presidenciável petista Fernando Haddad cumpre nesta segunda-feira, 1.º, mais uma agenda de campanha em Curitiba, mais precisamente na sede da Polícia Federal, onde está preso desde abril o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado pela Lava Jato. É a quarta visita de Haddad a Lula desde que o ex-prefeito se tornou oficialmente o candidato do PT ao Palácio do Planalto. 

 

Haddad conversa com a imprensa após visitar Lula em Curitiba
Haddad conversa com a imprensa após visitar Lula em Curitiba  Foto: REUTERS/Rodolfo Buhrer
 

Assim como nas outras oportunidades, após a visita – que dura, em média duas horas –, Haddad vai conceder uma entrevista coletiva à imprensa. Integrante da equipe de advogados do ex-presidente desde o início de julho, o petista já cumpriu essa mesma rotina outras nove vezes, antes como coordenador de campanha. A seis dias da eleição, ele vai aproveitar a viagem para também fazer um ato público no centro da cidade.

Mas, se são inevitáveis diante da necessidade de Haddad continuar se favorecendo da transferência de votos do eleitor lulista – ele subiu 13 pontos nas pesquisas de intenção de voto em 15 dias –, os encontros frequentes têm exigido da campanha do candidato explicações sobre qual seria o papel do ex-presidente diante de um eventual governo Haddad. E se a vitória seria ou não acompanhada de um indulto presidencial a Lula.

Pressionado, Haddad já afirmou publicamente que não concederia o indulto, mas porque essa não é a vontade do ex-presidente, que preferiria aguardar por um novo julgamento para provar sua inocência. Já sobre a participação de Lula, caso vença a eleição, o candidato tem sido mais claro, afirmando que o padrinho político “será um grande conselheiro”. O presidenciável petista também já declarou que não deixará de fazer as visitas caso vença a eleição.

Para o professor de Filosofia da Faap Luiz Bueno, a aceitação das visitas de Haddad a Lula varia de acordo com o eleitor. “O eleitorado tradicional do PT tem interesse em votar no Lula. Então, não se afetam com isso, não conhecem direito o Haddad, mas veem essa continuidade”, diz. Por outro lado, segundo Bueno, esses encontros podem passar uma “incerteza” sobre quem iria governar, em caso de vitória do PT, diante da falta de autonomia de Haddad. 

Nessa última semana antes do primeiro turno da eleição, Haddad vai concentrar suas agendas no Sudeste, onde seu principal adversário, Jair Bolsonaro (PSL), coloca maior vantagem sobre o petista – segundo a última pesquisa Ibope/Estado/TV Globo, o deputado federal tem 31% das intenções de voto na região, ante 16% do candidato petista. 

Após o ato púbico em Curitiba desta segunda-feira, o presidenciável petista segue para o Rio. Ainda nesta semana, Haddad deve participar de eventos públicos em São Paulo. / COLABOROU RICARDO GALHARDO


Estadão domingo, 30 de setembro de 2018

ELEIÇÕES 2018: VEJA QUEM PODE E QUEM NÃO PODE VOTAR

 

Eleições 2018: veja quem pode e quem não pode votar

Eleitores aptos a votar são os que se encontram em situação regular perante a Justiça Eleitoral e estão com seus direitos políticos em vigor 

Redação

30 Setembro 2018 | 05h04

 

Dentro de uma semana, o Brasil realizará o primeiro turno das eleições gerais de 2018. Mais de 147,3 milhões de eleitores estão aptos a votar para eleger o presidente, governadores dos Estados e o do Distrito Federal, dois senadores (por estado), deputados federais e deputados estaduais/distritais. Estão aptos a votar cidadãos que apresentam situação regular perante a Justiça Eleitoral, ou seja, não têm pendências que os impeçam de exercer o direito ao voto.

As orientações foram divulgadas pela Assessoria de Comunicação do Tribunal Superior Eleitoral.
O voto no Brasil é obrigatório para todo cidadão, nato ou naturalizado, alfabetizado, com idade entre 18 e 70 anos. Para os jovens com idade entre 16 e 17 anos, pessoas com mais de 70 anos e analfabetos, o voto é facultativo.

Não poderá votar o cidadão que não tirou o título de eleitor nem regularizou sua situação perante a Justiça Eleitoral até 9 de maio, data-limite para o alistamento eleitoral visando a participação no pleito deste ano.

Também não pode votar o eleitor cujos dados não figurem no cadastro de eleitores da seção constante da urna, ainda que apresente título de eleitor correspondente à  seção e documento que comprove sua identidade.

 

 

A regra consta do parágrafo 6.º do artigo 111 da Resolução TSE nº 23.554/2017, que trata dos atos preparatórios para as Eleições 2018.

Nessa hipótese, a mesa receptora de votos deverá registrar a ocorrência em ata e orientar o eleitor a comparecer ao cartório eleitoral a fim de regularizar sua situação.

Está igualmente impedido de votar quem se encontre com o título cancelado (por não ter votado em três eleições consecutivas, nem ter apresentado justificativa de ausência e tampouco pago a multa devida pela irregularidade).

Para efeito dessa regra, considera-se cada turno de um pleito como uma eleição isolada. Além disso, não poderá votar o cidadão que se encontre com os direitos políticos suspensos.

Presos provisórios e adolescentes internos

Dia 9 de maio foi a data-limite para que presos provisórios e adolescentes internados, que não possuíssem título regular, fizessem o alistamento eleitoral ou solicitassem a regularização de sua situação para votar em outubro.

Os presos provisórios e os adolescentes internados também têm o direito de votar, por não estarem com os direitos políticos suspensos (inciso III do artigo 15 da Constituição Federal).

Atualização cadastral

Também o dia 9 de maio foi o prazo máximo para que os eleitores alterassem seus dados cadastrais ou transferissem seu domicílio eleitoral. Desde o fechamento do cadastro, qualquer atualização dos dados somente poderá ocorrer quando for reiniciado o atendimento aos eleitores nas unidades da Justiça Eleitoral, no dia 5 de novembro.

Onde votar?

No dia 7 de outubro, o eleitor pode ir à sua seção eleitoral das 8h às 17h e votar, de acordo com o horário local. Entre outras informações, o título de eleitor traz a zona eleitoral e a seção em que o eleitor vota.

Mas, se o cidadão perdeu o título, ele consegue saber o número do documento no site do TSE. Basta informar o nome, data de nascimento e o nome da mãe.

O eleitor em situação regular também pode obter a via digital do título.

O aplicativo e-Título, está disponível para iPhone (iOS), smartphones (Android) e tablets.

Caso o eleitor já tenha feito o recadastramento eleitoral com coleta de biometria, a versão do e-Título virá acompanhada da fotografia, o que permitirá sua identificação na hora do voto.

Nesse caso, bastará apresentar a versão digital do documento para votar, de acordo com o artigo 111 (parágrafos 3º, inciso I, e 7º) da Resolução TSE nº 23.554/ 2017.

Para quem ainda não fez o recadastramento biométrico, a versão do e-Título será baixada sem a foto. Nessa hipótese, o eleitor está obrigado a levar um documento oficial de identificação com foto para o exercício do voto.

O que é necessário para votar?

O eleitor deve se dirigir à sua seção eleitoral e apresentar ao mesário um documento oficial com foto (carteira de identidade, passaporte, carteira de categoria profissional reconhecida por lei, certificado de reservista, carteira de trabalho ou carteira nacional de habilitação). Não é obrigatório apresentar o título de eleitor para votar.


Estadão sábado, 29 de setembro de 2018

AVIÃO USADO POR ANITTA É INTERDITADO NO GALEÃO

 

Aeronave usada por Anitta é interditada em operação da Anac no Galeão 

Juliana Braga

28 Setembro 2018 | 19h24

 

Anitta. Foto: Fabio Motta/Estadão

 

 

Uma operação da Agência Nacional de Aviação Civil apreendeu no final da tarde desta sexta-feira, 28, uma aeronave que estava sendo usada pela cantora Anitta no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro.

 Ela estava a bordo de um Cessna, pertencente à empresa Intensive Táxi Aéreo, proibida de executar voos remunerados desde novembro de 2014.

Os agentes fizeram uma batida após terem recebido uma denúncia anônima. É a segunda vez que um avião usado pela cantora é pego nesse tipo de fiscalização. Em junho, um jato executivo Phenom 300 foi interceptado em Pampulha antes de decolar com Anitta.


Estadão sexta, 28 de setembro de 2018

A HIGIENIZAÇÃO PETISTA

 

A higienização petista

É possível arruinar a democracia por meio de sua desmoralização paulatina e constante, como fez o PT sistematicamente há mais de três décadas

O Estado de S.Paulo

28 Setembro 2018 | 03h00

 

O ex-presidente Lula da Silva disse diversas vezes que “sempre” aceitou o resultado das várias eleições que perdeu. “Quando perdi, nunca fui para rua reclamar. Voltava para casa e discutia com minha mulher e com meu partido. Depois, me preparei para disputar uma nova eleição”, declarou em 2016 o demiurgo petista, repetindo pela enésima vez essa fábula na expectativa de enganar os inocentes. Pois Lula e o PT nunca aceitaram o resultado das eleições presidenciais que perderam e jamais enxergaram legitimidade nos presidentes aos quais faziam oposição - basta lembrar que o partido pediu o impeachment de Fernando Collor, de Itamar Franco e de Fernando Henrique, além de liderar uma campanha pela destituição do presidente Michel Temer.

Essa reiterada demonstração do espírito antidemocrático do PT e de Lula precisa ser relembrada no momento em que está em curso uma tentativa de higienizar a trajetória flagrantemente autoritária do partido e de seu líder para, com isso, marcar diferença em relação ao candidato Jair Bolsonaro (PSL). Segundo essa versão imaginosa, somente o truculento ex-capitão representaria uma ameaça real à democracia, enquanto o PT, malgrado seus eventuais arroubos, sempre se pautou pelas “regras do jogo”.

Provas disso, segue a lenda, seriam não somente a alegada disposição de Lula da Silva de aceitar os resultados das eleições que perdeu, como também o suposto comportamento exemplar do partido quando esteve no poder. Segundo se diz, o PT passou 14 anos no poder sem ameaçar a ordem institucional e a Constituição, razão pela qual não haveria nenhum motivo para temer uma ruptura se o lulopetismo voltar ao governo. 

Já com Bolsonaro, sustenta essa narrativa, a história é bem outra. O ex-capitão já elogiou o regime militar e os torturadores de presos políticos, além de ter em sua chapa, como vice, um general que admite publicamente a hipótese de que o presidente da República dê um “autogolpe” se houver “anarquia”. Isso bastaria para demonstrar que o País estaria à beira de uma ditadura militar caso Bolsonaro venha a ganhar a eleição, enquanto com o PT esse risco não existiria.

Ora, não é preciso grande esforço para atestar a falácia de tal versão. Ameaças à democracia não se dão somente sob a forma de golpes militares clássicos, como o que Bolsonaro é acusado de estar tramando. É possível arruinar a democracia por meio de sua desmoralização paulatina e constante, como faz o PT sistematicamente há mais de três décadas.

O PT nunca admitiu contestação à sua ideologia. Impôs-se pela arrogância, patrulhando o pensamento e instaurando aquilo que John Stuart Mill, em seu clássico Sobre a Liberdade, chamou de “tirania da opinião e dos sentimentos dominantes”. Para isso, estendeu seus tentáculos sindicais e militantes às universidades e ao mundo artístico, atrelando o debate acadêmico e cultural à doutrina lulopetista. Quando esteve a ponto de ser destruído em razão dos muitos esquemas de corrupção que capitaneou - esquemas que, aliás, são também uma forma de minar a democracia -, o PT renasceu capturando a causa dos chamados movimentos identitários - de luta por reconhecimento de diversas minorias - e a transformou em arma partidária para dividir ainda mais o País. O PT viceja na discórdia radical e insuperável, inviabilizando o debate democrático.

Ademais, o partido não titubeou em fazer campanha sórdida, inclusive internacional, contra o Judiciário, o Congresso e a imprensa, classificando magistrados, parlamentares e veículos de comunicação como “golpistas” - todos, é claro, mancomunados para perseguir o PT. Não bastasse corroer a democracia por dentro, envenenando as relações entre os cidadãos e atacando as instituições, o PT ainda foi capaz de emprestar entusiasmado apoio a ditaduras como a de Cuba e a da Venezuela, sinalizando perigoso apreço por regimes de força tão ou mais violentos que a ditadura militar brasileira, a qual os petistas vivem denunciando.

A ameaça de Bolsonaro se restringe, por ora, a palavras toscas - e isso é muito ruim. Tão ruim quanto o PT, que já pôde demonstrar, na prática e extensivamente, seu espírito antidemocrático.


Estadão quinta, 27 de setembro de 2018

HADDAD PÕE ACUSADO DE CAIXA 2 COMO TESOUREIRO DA CAMPANHA

 

Haddad põe acusado de caixa 2 como tesoureiro da campanha 

Coluna do Estadão

27 Setembro 2018 | 05h30

 

Fernando Haddad, presidenciável, e Francisco Macena, ex-secretário

 

O petista Fernando Haddad nomeou como tesoureiro de sua campanha ao Planalto seu ex-secretário Francisco Macena. Os dois são alvo de inquérito da Polícia Federal que apura suposto uso de caixa 2 na eleição dele à Prefeitura de São Paulo em 2012. A acusação foi feita pela empresária Mônica Moura, mulher do marqueteiro João Santana. Em delação premiada, ela relatou reunião com Antonio Palocci, João Vaccari e Macena na qual ficou combinado que, da conta de R$ 30 milhões no 1.º turno, R$ 10 milhões seriam pagos por fora pela Odebrecht.

Juntinhos. Haddad oficializou Macena como administrador financeiro da sua atual campanha dois dias depois de Lula indicá-lo como candidato ao Planalto. Na colaboração, Mônica afirmou que tanto ele quanto Haddad sabiam dos pagamentos em caixa 2.

 Tá gravado. Sobre o atual tesoureiro de Haddad, a delatora disse em depoimento: “Ele participou da conversa em geral, valores, então ele sabia da parte por fora”. Com relação a Haddad, afirmou que nas conversas com ele, quando cobrava pagamentos atrasados, “ficava claro que era dinheiro por fora”.

O eleito. A empresária contou, ainda, que no 2.º turno recebeu R$ 10 milhões “por fora”. Mônica Moura reconheceu que o valor para essa fase da disputa é alto, mas afirmou que Lula queria muito eleger Haddad prefeito. “Todo mundo queria a vaga (de candidato), mas o Lula bancou.”


Estadão quarta, 26 de setembro de 2018

CIRO PASSA POR CAUTERIZAÇÃO NA PRÓSTATA

 

Ciro foi atendido nesta terça-feira no Sírio Libanês, em São Paulo, confirma assessoria do hospital

Após exames, foi constatado que o candidato tinha um coágulo na próstata

Mateus Fagundes, O Estado de S.Paulo

25 Setembro 2018 | 21h02

 

  

O presidenciável do PDT nas eleições 2018Ciro Gomes, foi atendido nesta terça-feira, 25, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, de acordo com a instituição. A assessoria do candidato diz que ele foi submetido a exames de rotina e que passa bem. A informação foi adiantada pela coluna Direto da Fonte, da jornalista Sonia Racy.

 

Ciro Gomes
Ciro fez agenda pública nesta terça-feira em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Foto: AP Photo/Silvia Izquierdo/Divulgação
 

Após exames, foi constatado que Ciro tinha um coágulo na próstata. Ele passou por um procedimento de cauterização de vasos da glândula. O procedimento foi realizado pelo médico urologista Miguel Srougi.

 

 

Ainda de acordo com a assessoria do pedetista, ele deve receber alta na manhã desta quarta-feira, 26, e participar do debate do SBT, da Folha de S.Paulo e do UOL no fim da tarde.

Ciro fez agenda pública nesta terça-feira em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro.


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