Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Paulo Azevedo - Memórias, crônicas e contos quinta, 10 de dezembro de 2020

PAOLO ROSSI SE ENCANTOU: CRAQUE ITALIANO, CARRASCO DO BRASIL NA COPA DE 1982, FALECEU DIA 09.12.20, AOS 64 ANOS DE IDADE

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As lágrimas doloridas que me rolaram rosto abaixo aos dez anos de idade jamais serão esquecidas. Era o ano de 1982, minha primeira Copa do Mundo. Com o perfeito entendimento,  daa de 1978 não lembro quase nada.
 
Nossa seleção era um sonho de futebol bonito, cheia de craques: Zico, Socrates, Junior, Falcão, Éder um timaço. Todo jogo era uma festa, um tributo ao belo futebol, mas quis o destino que Paolo Rossi inspiradíssimo,  exterminasse o meu sonho.
 
Talvez esse jogo tenha sido o divisor de águas para um menino torcedor. Nunca mais fui o mesmo, acho que chorei todas as lágrimas que o futebol merecia, choramos eu, meu pai e meu irmão, os três abraçados à Bandeira do Brasil. Depois disso, nunca mais torci tanto ou chorei pelo esporte, passei até a cochilar em jogos do Brasil em copas do mundo.
 
Paolo Rossi agora irá tabelar com tantos inesquecíveis craques que já se foram. Mesmo tendo deixado uma cicatriz no meu peito juvenil,  espero que encontre a luz da grande vida e que seus próximos sejam confortados pelo tempo.
 
Por tantas vezes desejei que esse jogo não terminasse, mas provavelmente, o Bambino D'oro faria mais gols. Aquele longínquo dia de 1982 era dele, foi feito para ele...
 

Paulo Azevedo - Memórias, crônicas e contos quinta, 26 de novembro de 2020

MARADONA SE ENCANTOU: A MORTE DESCOLORIU A VIDA

 

MARADONA SE ENCANTOU

A MORTE DESCOLORIU A VIDA

 

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Quando um gênio vai embora, a gente é tocada. Não precisamos ser próximos, íntimos ou da família, mas uma lacuna se faz presente. Porque o gênio é o elo com Deus.  Ele, gênio, nos proporciona algo além, nos faz crer na realização dos impossíveis.

 

Foi assim com Sena, Elvis, Michael Jackson e, agora, com Maradona. Fica um vazio, a gente ficamos meio sem rumo, atônitos.

 

O gênio nos oferece o belo, que leva à contemplação, e daí ao sublime. Maradona era mais que futebol, era arte, beleza, e, como todo gênio, via o mundo cheio de obviedades, mundo cansativo e sem graça. Sendo assim, cabe ao gênio modificar o mundo que nós, meros mortais, construímos.

 

Foi embora mais um gênio, empobrecendo o mundo já tão cinza. A morte descoloriu a vida.


Paulo Azevedo - Memórias, crônicas e contos sábado, 24 de outubro de 2020

PELÉ, O DEUS DA BOLA

PELÉ, O DEUS DA BOLA

Paulo Azevedo

 

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Às vezes, entre os mortais, circulam alguns deuses. A mitologia mostrou muito bem isso. Zeus, Poseidon, Hades e outros tantos deuses ditavam as normas e comportamentos aos meros mortais.
 
Zeus, extremamente vaidoso, escolheu ser o deus do Olimpo; Hades, do submundo (mundo dos mortos), e Poseidon, dos mares e oceanos. Porém um humano de carne e osso tornou-se um deus quando seus pés tocaram na bola pela primeira vez. Todo o Olimpo se curvou à majestade dos mais de mil gols.  Por um átimo de tempo, Hades e Tânatos cancelaram todas as mortes para que pudessem ver o talento do deus da bola; Poseidon abriu os mares e oceanos para que o maior de todos os tempos desfilasse seu talento no fundo do mar, e o grande Zeus, é claro sucumbiu em inveja.
 
Pelé, mais que um nome, mais que um homem, uma lenda. Quem jogou ou joga futebol e pelada sabe o quão é dificil orquestrar mente, pés e bola. Pelé tornou isso uma coisa só, a maior sintonia vista e a menor distância entre pensamento e execução, nunca se soube quem era bola ou quem era Pelé, uma simbiose perfeita, sem hospedeiro.
 
Não foi rei, apenas um rei, foi deus da bola!
 
O futebol agradece aos 80 anos dele, simplesmente Pelé!

 


Paulo Azevedo - Memórias, crônicas e contos quinta, 22 de outubro de 2020

ESTUPRO: CONDENÁVEL SOB TODOS OS ASPECTOS

Crime de Estupro — Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

 

No caso de estupro, a vítima NUNCA é culpada, não há atenuantes para o estuprador, agressor.
 
Mulheres têm o direito de usar shortinho, decotes, biquinis, se quiser, andar até nua, ficar bêbada até cair,  mas, se ela falar "NÃO" o "NÃO", deverá ser respeitado.
 
Não há insinuações para alguém ser estuprada, não há provocações para tal, não há roupas sugestivas, não há lugares frequentados para tal consentimento, há o ESTUPRO e pronto. Não é o feminismo, não é a bebida, a droga, a fama, é o ESTUPRO. Com a filha dos outros, pode, com a nossa, não? É isso?
 
Nenhuma mulher seduz alguém para ser estuprada, nenhuma mulher dança sensualmente para ser estuprada, nenhuma mulher fica de porre para ser estuprada. NÃO existe justificativas para o ESTUPRO. Nossa cultura patriarcal e machista tenta impor às nossas mulheres a culpa e a vergonha. Não podemos ser coniventes e muito menos cúmplices com crime tão enraizado em uma cultura machista.
 
Pais ( pais e mães) de meninos, eduquem seus filhos para tal, pais de meninas fortaleçam a moral das suas filhas, elas são livres para fazer e usar o que quiserem e serem respeitadas, a culpa no caso de ESTUPRO nunca será delas, o culpado é sempre o estuprador.
 
Somos uma sociedade que atenua e relativiza os estupradores, agressores e espancadores de mulheres.
 

Paulo Azevedo - Memórias, crônicas e contos terça, 13 de outubro de 2020

DIA DO FISIOTERAPEUTA - 13 DE OUTUBRO

 

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Dia 13 de outubro: Nosso dia!
 
Por que ser Fisioterapeuta?
 
A gente tenta e estuda para oferecer o que há de mais importante para uma vida completa: a esperança funcional. Não é como ser mas por que ser fisioterapeuta. A gente não pode esquecer que o corpo que a gente toca é o arcabouço da alma, mente, espírito, nous, você escolhe o termo, e nossa responsabilidade é imensa, tocar no corpo daqueles que nos procuram demanda respeito e gratidão. Não é só o corpo é o todo: família, trabalho, atividades diárias, vicissitudes, projetos, os embutidos da vida.
 
Por mais que nos elogiem, nos achem mágicos, gurus, mestres, não podemos acreditar em tais adjetivos, somos estudiosos, curiosos, ávidoS por conhecimentos, aí sim, podemos acreditar em nosso esforço.
 
Sempre brinco com meus pacientes, colegas e alunos que "a Fisioterapia, de vez em quando, dá certo", eles olham assustados e riem. Mas digo isso para que a humildade se faça presente e que a cada dia busquemos nossas soluções através do estudo.
 
Fisioterapeutas, somos importantes, não somos insubstituíveis mas somos essenciais. Seremos sempre gratos a quem nos procura buscando a esperança funcional, e quem tem esperança realiza sonhos.
 
Feliz Dia do Fisioterapeuta!
 
 
E lembrando: "Gente que trabalha com gente tem que gostar de gente!"

Paulo Azevedo - Memórias, crônicas e contos quinta, 03 de setembro de 2020

VAR: O FIM DA EMOÇÃO

 

VAR: O FIM DA EMOÇÃO

Paulo Azevedo

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Fico pensando o que seria do título de 1989 do Botafogo, naquele gol em que o Mauricio empurrou o Leonardo do Flamengo, no título do Fluminense, de 1985, quando o Vica agarrou o Claudio Adão do Bangu, dentro da área, ou a falta do Bebeto no jogador do Atlético Mineiro, na semifinal do Brasileiro de 1987, que resultou no gol do Flamengo de cabeça do Zico, se existisse o chato do VAR.

 

 Raramente, vejo futebol ao vivo ou na TV. Agora, estava vendo Vasco e Santos, gol do Vasco... Levou uns cinco minutos para os vascaínos soltarem os gritos e compartilharem abraços felizes!

 

Estão acabando coma emoção do primeiro grito, aquela sensação que arrepia, causa taquicardia!

 

E o impedimento, então? A jogada continua e... broxada!  Sinceramente, desse jeito, é ejaculação precoce ou impotência emocional.

 

Futebol não é igual a vôlei, basquete, futebol americano... A paixão está justamente na polêmica, na irracionalidade cega, os estudiosos do futebol terão que escolher entre o fair play ou paixão. Esse futebol estoico é estranho, muito estranho. Esqueceram o princípio heraclitiano: "não se banha no mesmo rio duas vezes iguais".

 

 Segurar emoção do gol é quase uma esquizofrenia ao coração do torcedor!

 

Fui dormir! Nos meus sonhos não há VAR!


Paulo Azevedo - Memórias, crônicas e contos quinta, 02 de janeiro de 2020

GOLEIRO, PROFISSÃO INGRATA

 

GOLEIRO, PROFISSÃO INGRATA

Paulo Azevedo

 

 Goleiro, a posição mais ingrata do futebol, é igual àquela dona de casa dedicada, faz um trabalho árduo diariamente e ninguém reconhece o esforço, mas basta esquecer algo, que recebe as críticas de toda família.

 

Goleiro é assim, bastou uma falha, acabou. É uma posição para homens loucos e fortes de espirito. Vibra sozinho, sofre sozinho. Dono de uma autoavaliação incrível. Ele sabe quando foi bem ou quando foi mal. O tal do frango é uma ameaça constante; a bela defesa, obrigação, e os milagres, vez ou outra, possíveis.

 

Treinam muito, saltos, quedas, boladas, são perfeccionistas, geralmente foram ruins com a bola nos pés quando criança e, um belo dia, foram parar no gol, pronto, amor às balizas e às luvas, aquele cantinho proibido da bolar ultrapassar.

 

Conheci grandes goleiros, de time profissionais a peladeiros, e todos com uma essencial característica: não acreditavam no impossível.

 

Posição ingrata, cruel, linda e desafiadora. Ai dele se levar um frango! Conheci alguns que não comiam frango no dia de jogo! Malucos!

 

O goleiro é um cara solitário e egoísta na sua dor, não divide com ninguém.


Paulo Azevedo - Memórias, crônicas e contos quinta, 26 de setembro de 2019

LÍVIA KREISLER, ORGULHO BRASILEIRO

 

LÍVIA KREISLER, ORGULHO BRASILEIRO

Paulo Azevedo

 

Sempre vi homens treinando mulheres, vide os grandes Bernardinho e Zé Roberto Guimarães.

 

Convivo com o futsal desde dos oito anos de idade, primeiro como atleta, depois como fisioterapeuta, quarenta anos de quadra. Hoje, relembro uma noite de terça-feira, que parecia despretensiosa, fui tomado por tanta alegria e esperança.

 

Sentei no banco de reservas, garrafinhas de agua e todo o material de atendimento aos atletas, preparado, ao olhar para o banco do time adversário, vi uma moça, pensei: "deve ser a fisioterapeuta ou preparadora física", já que se tratava de um time de futsal sub 12 masculino do Grau 10. Nunca atinha visto. Uma mulher treinadora de time masculino?

 

Aí minha cabeça foi longe. Lembrei da minha mãe, esposa, filha, cunhada e todas as grandes mulheres que conheço e admiro. Lembrei das minhas grandes amigas e colegas fisioterapeutas. Mulheres guerreiras, lutadoras, desbravadoras, éticas, morais, nada de princesa em castelo, mulheres fortes.

 

Lívia Kreisler você é um orgulho, não sei se você sabe da sua importância nesse mundo de um esporte tão machista. Fiz questão de tietar, tirar uma foto.

 

Este texto é uma pequena tentativa de agradecimento por sua luta e exemplo. Espero que suas asas femininas voem além dos seus sonhos.


Paulo Azevedo - Memórias, crônicas e contos quinta, 05 de setembro de 2019

FELIPÃO X BARBOSA: DOIS PESOS, VÁRIAS MEDIDAS

 

FELIPÃO X BARBOSA: DOIS PESOS E MUITAS MEDIDAS

Paulo Azevedo

 

 

Até o mais furreca peladeiro não admitiria perder por sete a um. A pelada acabaria na hora, e quem perdeu sairia xingando o companheiro de time.

 

Agora, vamos sem paixão, vamos pela razão. País dito o país do futebol, disputando uma Copa do Mundo em casa, leva uma lapada de sete na semifinal de uma seleção normal.

 

Agora, jogando uma final e perde por dois a um de uma grande seleção da época. Um treinador arrogante de difícil diálogo, amante do jogo desleal e defensor da vitória a qualquer custo; um goleiraço negro, multicampeão em sua equipe, simples, humilde... Quem dos dois foi julgado, condenado e punido pela opinião pública?

 

Por cinquenta anos, nosso Barbosa carregou o pesado fardo da derrota em 1950, até proibido de ir na Granja Comary ele foi. Tinha um olhar triste, algo como pedindo desculpas eternas, suas entrevistas eram doídas. Morreu assim.

 

Já o outro, aquele comandante do sete a um, é idolatrado, respeitado mesmo com sua contumaz empáfia. Mas ele ganhou a Copa de 2002, problema da copa. Cruyff, Eusébio, Zico, Platini, Messi, (até agora), Cristiano Ronaldo não ganharam, já Viola, Ronaldão, Paulo Sergio, Gilmar Rinaldi ganharam.

 

Ninguém deveria pagar por um erro que não cometeu, e mesmo aquele que errou deveria ser absolvido, afinal de contas, o sete a um foi um habeas corpus para o grande treinador.

 


Paulo Azevedo - Memórias, crônicas e contos quinta, 29 de agosto de 2019

E O PLANO B? NO FUTEBOL, OU NA VIDA, MUITOS NÃO O TÊM!

 

E O PLANO B? NO FUTEBOL, OU NA VIDA, MUITOS NÃO O TÊM!

Paulo Azevedo

 

FLUMINENSE NO TORNEIO SUL-AMERICANO - BOGOTÁ - 1990

Em pé: Bernardo (preparados físico), Marquinhos, Cláudio Brasília, William Mano, Ney, Guilherme, Farnese e Jerônimo (massagista).

Agachados: Paulo Azevedo, Paulinho Cantagalo, Wallace, Mário Alexandre e Magaldi

 

Fui atleta de futebol dos sete aos vinte e cinco anos, treinos diários, jogos, vitórias, derrotas, belas e péssimas atuações, assim como também é a vida.

 

Pisei em grandes estádios, gramados sagrados e mundanos, apenas pela a alegria em jogar futebol. Quando o sonho deu lugar à realidade, era hora de parar sem remorsos ou desgosto, tudo tem um fim, ou deveria ter.

 

Conheci muito craque de bola, joguei do sul ao norte do país, muito moleque bom de bola. Poucos chegaram ao estrelato, alguns se estabeleceram atletas, e a grande maioria ficou no meio do caminho.

 

Mas o que é o meio do caminho? Meio do caminho para uns foi o fim, era onde podia chegar. Não há frustração, há história para contar. Vi surgir, de pertinho, Rivaldos, Edmundos, Djalminhas, Cafus, Sávios, craques que não precisaram do plano B. Mas vi também Marcelos, Lucas, Letos, Lucianos, com os quais a bola terminou o romance, e não tinham o plano B.

 

E agora? O que fazer?

 

Parece existir um funil, a entrada é larga; a saída, estreita, mas, se o funil entupir, você faz o caminho inverso e procura outro funil. De repente, ali estará seu plano B.

 


Paulo Azevedo - Memórias, crônicas e contos quinta, 01 de agosto de 2019

TAÇA DAS FAVELAS - 2019

 

TAÇA DAS FAVELAS/2019

Paulo Azevedo

 

 

O futebol, às vezes, imita a vida; ou a vida imita o futebol?

 

Cheguei da querida pelada de todo sábado, minha esposa e filha já reclamando da demora para almoçar, liguei a televisão, eram quase duas horas da tarde: Final da Taça das Favelas do Rio de Janeiro 2019, Gogó da Ema e Patativas.

 

Parei em frente à televisão, fiquei emocionado ao escutar os comentários. Final de copa do mundo para esperança, não lembro de algum dia ter torcido tanto para que todos jogassem bem e que não houvesse vencedores.

 

Por um átimo de tempo, fiquei imaginando esses moleques para quem talvez a sorte tenha fechado os olhos desde do nascimento, e agora ali usufruindo quiçá do único momento de esperança que terão na vida.

 

Jogo de televisão, narrador e comentaristas de primeiro escalão, ex-jogadores nos papéis de repórteres de campo, mas as estrelas eram eles, moleques sonhadores.

 

Sabemos que daquele universo de duzentos e quarenta comunidades somente três ou quatro chegarão ao sonho de ser jogador de futebol profissional. Muitos serão trabalhadores da vida e de outros a vida lhes roubará a própria vida.

 

Como torci! Chorei ao final da disputa de pênaltis, não pela derrota do Patativas ou pela vitória do Gogó da Ema, chorei porque muitos dali poderão um dia contar aos seus netos:

 

– Fui jogador de futebol de verdade por um dia...

 

Desejo muito que a maioria daqueles que fizeram parte dessa linda história na tarde de hoje tenham sorte na vida.

 

Tarde de esperança!


Paulo Azevedo - Memórias, crônicas e contos quinta, 04 de julho de 2019

VAR: TREMENDO EMPATAPHODA, PIOR QUE COITO INTERROMPIDO

 

VAR: TEMENDO EMPATAPHODA, PIOR QUE COITO INTERROMPIDO

Paulo Azevedo

 

 

 

Imagine no meio siricutico, você quase lá, seu par delirando, orgasmos simultâneos próximos... É agora... Aí um espirito sem luz abre a porta do quarto... Aquela sensação ficou pela metade.

 

O VAR para gol anulado é isso. A emoção primeira foi embora, algo frio demais esperar para gritar de alegria.

 

Tudo bem que o jogo ficou mais limpo e talvez mais ético, mas a alegria de gritar gol foi embora.

 

Sinceramente. não sei. Gosto da poesia do gol. Futebol que já era chato ficou cartesiano, aquelas discussões de segunda-feira no boteco estão com os dias contados. Aquele gol do Mauricio em 1989, que deu o título de campeão carioca depois de vinte e um anos ao Botafogo, não existiria.

 

Mas no vôlei tem apelo tecnológico, perfeito. Porém, convenhamos que a paixão é cega e ignorante. Pergunte a um corinthiano se admitiria perder para o Palmeiras por um gol irregular, justamente anulado pelo VAR! Jamais!

 

Talvez devamos ter paciência, acostumar-nos. Mas o VAR parece aquele presente bacana que você ganha no amigo oculto, aí descobre que esse presente não era para você, troca o presente por um cinto do vovô. Aquele sorriso amarelo estampado no rosto. Foi quase...

 


Paulo Azevedo - Memórias, crônicas e contos quinta, 30 de maio de 2019

ZÉ ROBERTO - TREINADORES VISIONÁRIOS

 

ZÉ ROBERTO - TREINADORES VISIONÁRIOS

Paulo Azevedo

 Seleção Brasileira de Juniores - Torneio de Toulon

Zé Roberto é o assinalado em vermelho

 

Aos torcedores tricolores mais entusiasmados com o treinador visionário Diniz, é bom recordar um treinador que fez história como jogador e treinador da base, que, inexplicavelmente, não teve uma única oportunidade, mesmo que fosse interino, no time principal. Zé Roberto, esse foi visionário.

 

 Já na máquina tricolor comandada por Rivelino, Edinho, Gil e outras estrelas, o ponta esquerda Zé Roberto compunha o meio campo, atacava a ajudava na marcação, coisa rara naquela época. Era o jogador que todo treinador queria.

 

Muitas lesões e estudos, depois tornou-se treinador. O que o Barcelona fez por anos, encantando o mundo em passado recente, os times infantis, juvenis e juniores do Fluminense, nas décadas de 80 e 90, já faziam. Imagine você o campo dividido em quatro, onde, entre as linhas intermediárias e do meio campo, era obrigado dois toques e sempre com um grupinho de três perto da bola, nas linhas de ataque e defesa os toques liberados, os atacantes deitavam.

 

Posse bola total, preenchimento de espaços vazios, equipe compacta e jogando bonito. Não à toa, que os artilheiros eram das equipes tricolores, teve até um jogador, que ainda juvenil, encantou ao mestre Telê Santana. Um trabalho de cinco anos, campeão infantil e juvenil. Zé Roberto foi diferente, tão diferente, que os dirigentes de pensamentos curtos e imediatistas não quiseram abraçar ao visionário.

 

Tive grandes treinadores, visionários, José Roberto Padilha, Péricles Chamusca e Oswaldo Alvarez (Vadão, atual Seleção Brasileira Feminina), corajosos e diferentes, leitores de jogo e não simples distribuidores de coletes entre titulares e reservas.

 

Surge uma nova geração de treinadores pensantes, mas a torcida é cruel, vale títulos, para que jogar bonito e não ganhar?

 

Você acha que aquele 7 a 1 em plena semifinal de copa do mundo dentro do seu país foi azar?

Que venha a Copa América e o prolixo do Tite.

ZÉ ROBERTO - TREINADORES VISIONÁRIOS

Paulo Azevedo

 

Seleção Brasileira de Juniores - Torneio de Toulon

Zé Roberto é o assinalado em vermelho

 

Aos torcedores tricolores mais entusiasmados com o treinador visionário Diniz, é bom recordar um treinador que fez história como jogador e treinador da base, que, inexplicavelmente, não teve uma única oportunidade, mesmo que fosse interino, no time principal. Zé Roberto, esse foi visionário.

 

 Já na máquina tricolor comandada por Rivelino, Edinho, Gil e outras estrelas, o ponta esquerda Zé Roberto compunha o meio campo, atacava a ajudava na marcação, coisa rara naquela época. Era o jogador que todo treinador queria.

 

Muitas lesões e estudos, depois tornou-se treinador. O que o Barcelona fez por anos, encantando o mundo em passado recente, os times infantis, juvenis e juniores do Fluminense, nas décadas de 80 e 90, já faziam. Imagine você o campo dividido em quatro, onde, entre as linhas intermediárias e do meio campo, era obrigado dois toques e sempre com um grupinho de três perto da bola, nas linhas de ataque e defesa os toques liberados, os atacantes deitavam.

 

Posse bola total, preenchimento de espaços vazios, equipe compacta e jogando bonito. Não à toa, que os artilheiros eram das equipes tricolores, teve até um jogador, que ainda juvenil, encantou ao mestre Telê Santana. Um trabalho de cinco anos, campeão infantil e juvenil. Zé Roberto foi diferente, tão diferente, que os dirigentes de pensamentos curtos e imediatistas não quiseram abraçar ao visionário.

 

Tive grandes treinadores, visionários, José Roberto Padilha, Péricles Chamusca e Oswaldo Alvarez (Vadão, atual Seleção Brasileira Feminina), corajosos e diferentes, leitores de jogo e não simples distribuidores de coletes entre titulares e reservas.

 

Surge uma nova geração de treinadores pensantes, mas a torcida é cruel, vale títulos, para que jogar bonito e não ganhar?

 

Você acha que aquele 7 a 1 em plena semifinal de copa do mundo dentro do seu país foi azar?

Que venha a Copa América e o prolixo do Tite.


Paulo Azevedo - Memórias, crônicas e contos quinta, 23 de maio de 2019

CADÊ NOSSO FUTEBOL?

 

CADÊ NOSSO FUTEBOL?

Paulo Azevedo

 

 

Em 1979, vi o Sócrates, pela primeira vez, alto, magro, meio desengonçado. Encantado fiquei. Eu tinha sete anos.

 

Foi em um amistoso contra o Ajax. A nossa Seleção ganhou de 5 a 0, um time formado só por atletas atuantes no Brasil (no dia seguinte, no colégio, toda a molecada tentava o passe de calcanhar).

 

Já o poderoso Ajax holandês? Aí pensei, dia desses, e se esse amistoso fosse hoje? O poderoso Ajax contra uma seleção brasileira formada só por atletas que aqui atuam?

 

Nossos times, quando lá chegam, sofrem na final do título mundial interclubes, parecem times pequenos, não de pouca expressão, pequenos mesmo, jogando por uma bola. Isso quando passa pela fase eliminatória, contra um time africano, da América Central ou Oceania.

 

 Nosso futebol se perdeu em algum lugar. Semana passada, caí no desatino de ver um jogo da Champions League Europeia, futebol de verdade. Aí, à noite, não satisfeito, fui ver o Campeonato Brasileiro, acho que não era futebol não, talvez outro esporte. Quem criou esse abismo?

 

Aí dizem os donos dos microfones que aqui é o campeonato mais difícil do mundo, concordo, difícil pela mediocridade e não pela qualidade, nivelamento por baixo.

 

Cruzeiro, Botafogo, Santos, Flamengo, São Paulo, Grêmio e outros tantos eram os nossos times dos jogos de botões, eu tive até da Ponte Preta, lá tinha o Dicá.

 

Hoje, a molecada tem a camisa e torce para Barça, Real Madri, Juventus, Ajax, Liverpool...Viramos o simpático Ameriquinha da rua Campos Sales.

 

Times queridos que morrem no final, agonizante o futebol brasileiro.


Paulo Azevedo - Memórias, crônicas e contos quinta, 16 de maio de 2019

SIDÃO: VÍTIMA DA COVARDE INSENSATEZ E IMPIEDADE DA MÍDIA

 

SIDÃO: VÍTIMA DA COVARDE INSENSATEZ E IMPIEDADE DA MÍDIA

Paulo Azevedo

 

 

 Até onde irá a maldade humana? O sarcasmo, ironia, escárnio e crueldade estão aqui dentro da gente. Vergonha, gostaria de escrever, vergonha alheia, mas, quando compactuo com isso, sou tão cruel quanto.

 

Sidão merece todas as desculpas dos infelizes algozes. Raramente vejo futebol, há muito perdi o encanto, hoje, infelizmente, pude ver situação tão cruel e constrangedora a um ser humano.

 

Em cadeia nacional, para milhões de telespectadores, Sidão teve a maldosa homenagem de ser escolhido o " craque" do jogo, tendo uma atuação infeliz na partida transmitida ao vivo, pura ironia.

 

Quem já não teve? Mesmo assim, os responsáveis por tal escolha comungaram da maldade. Triste, muito triste. Os formadores de opinião, com o microfone em punho, deveriam desculpas públicas ao Sidão, ao homem Sidão. Se não fizerem, serão tão cruéis.

 

Quem compactua com a maldade, é pior que o carrasco.

 

Desculpe, Sidão!


Paulo Azevedo - Crônicas, contos e outras delícias! quinta, 31 de janeiro de 2019

COPA DO BRASIL DE 1992

 

COPA DO BRASIL DE 1992

Paulo Alexandre

 

 

Começou em Teresina e acabou em Porto Alegre. Copa do Brasil, 1992, meu primeiro ano como profissional de futebol!

 

 O tricolor das Laranjeiras carecia de títulos, formava atletas, vide uma galera que fez sucesso no Bragantino, mas, desde 1985 não era campeão. Começamos a Copa do Brasil com uma vitória sobre o Picos, do Piauí, lá em Teresina.

 

Depois, vieram o Sergipe, o Criciúma, o Sport Recife e o Internacional. O que parecia uma participação despretensiosa, tornou se uma história para contar a minha filha. Alguns jogos foram no charmoso e intimista estádio Álvaro Chaves, nas Laranjeiras. Que delícia era ver jogos e jogar ali. Cresci como atleta no futsal e depois nesse gramado pertinho da minha casa.

 

Quantas vezes cheguei a ver no clube meus ídolos Romerito, Assis, Branco, Edinho? Seis anos depois, eu estava ali, jogando de verdade. No jogo contra o Criciúma, fiz gol e ganhei prêmio de melhor em campo. Laranjeiras lotada, cantando, aplaudindo.

 

Até hoje me emociono: "A bênção, João de Deus, nosso povo te abraça..." Mas quis o destino que, no último jogo, a decisão, faltando pouco menos de oito minutos, um pênalti inexistente acabaria com o sonho. Eu, no banco de reservas, junto com os companheiros, contava com o título, o empate era nosso, e o Internacional não passava do meio campo.

 

Mas o futebol e a vida são irmãos gêmeos, em segundos tudo muda, e mudou. Pênalti, chute no meio do gol, Internacional Campeão. No

 

No vestiário, uma tristeza só, luto! Nosso zagueiro, dava soco nos basculantes, o sangue parecia lágrimas. No avião, e prontos para voltarmos à cidade maravilhosa, o arbitro e seus auxiliares adentram a aeronave. Se fosse hoje em dia, meia equipe seria presa por ofensa racial e danos morais. Não precisa dizer que eles desceram do avião.

 

Poucas coisas no futebol me deixaram saudades, mas jogar nas Laranjeiras ficará sempre guardado. "A bênção, João de Deus..."

 


Paulo Azevedo - Crônicas, contos e outras delícias! quinta, 24 de janeiro de 2019

FLAMENGO, CAMPEÃO DA COPINHA 1990

 

 

FLAMENGO, CAMPEÃO DA COPINHA/1990

Paulo Azevedo

 

 

Sou torcedor do Fluminense, acho que mais por afeto. Cresci nas Laranjeiras, fui atleta do clube por sete anos, aprendi a gostar do tricolor.

 

Hoje em dia, torço onde estão meus amigos. Da época da Copinha, antiga Taça São Paulo de Juniores, tenho várias reminiscências, dentre elas o time do Flamengo de Juniores, campeão da Tacinha de 1990.

 

O lema "craque o Flamengo faz em casa" nunca foi tão verdadeiro. Foi o único time de base que vi, do todos os jogadores viraram figuras importantes no cenário futebolístico nacional.

 

Lembro que nas preliminares dos FlaxFlus no Maracanã. Os caras eram quase imbatíveis, sob o comando do Djalminha, talvez o melhor jogador da base que vi até hoje. O time era uma promessa. Eis a constelação: Junior Baiano, Marquinhos, Luís Antônio, Djalminha, Nélio, Paulo Nunes, Fabinho, Fábio Augusto, Marcelinho Carioca...

 

Ganharam tudo na base. Afirmo que se o Flamengo mantivesse essa base no profissional, certamente teria sido novamente campeão mundial e faturado muitas outras conquistas.

 

O que resta de acalanto é que fazíamos jogos de igual para igual, empates e, vez ou outra, até umas vitórias do Flu.

 

Nunca mais houve um time como esse, que, agora, é só memória.


Paulo Azevedo - Crônicas, contos e outras delícias! quinta, 02 de agosto de 2018

LAÇADA NOS PISANTES – AI, QUE SAUDADE ME DÁ!

 

LAÇADA NOS PISANTES – AI, QUE SAUDADE ME DÁ!

Paulo Azevedo

 

 Joguei futebol de forma competitiva dos sete aos vinte e cinco anos. Foram dezoito anos amarrando tênis e chuteiras.

 

Hoje, com quase cinquenta anos e muitas, milhares de peladas depois, toda vez que vou amarrar a chuteirazinha para uma pelada despretensiosa ainda lembro do meu pai, o tipo de laço, o local do laço, "mais para lateral para não incomodar o dorso do pé durante o chute", era assim que me ensinava meu saudoso pai.

 

Fui crescendo, e meu pai não amarrou mais as minhas chuteiras, tive que aprender a dar laços, desfazer laços, tive que aprender a me virar nos laços e nó cegos da vida. Parece algo condicionado, mas toda vez que vou a uma pelada, calço o tênis e vou dar o laço, lembro dele, meu pai.

 

Acho que é o momento que mais me aproximo, era o momento que a gente compactuava os meus sonhos. Aprendi, depois que ele se foi, que laços existem para serem feitos, frouxos ou apertados, o importante é correr e fazer seus gols na vida, golaços ou golzinhos, só cuidado para não escorregar se os laços soltarem.

 

Acho que saudade é isso...


Paulo Azevedo - Crônicas, contos e outras delícias! quinta, 14 de junho de 2018

VOU TORCER PELA SELEÇÃO DE TITE, MARCELO & CIA

 

 

VOU TORCER PELA SELEÇÃO DE TITE, MARCELO & CIA

Paulo Azevedo

  

Depois de muitas copas do mundo, voltei a querer torcer por nossa seleção. Claro que por dois motivos óbvios, Marcelo e Tite.

 

 

Sobre o Marcelo, já escrevi. É ele o virtuoso, aquele que faz bola e pé serem uma coisa só, diminui a distância entre o cérebro e a bola, a carícia para nossos olhos em campos verdejantes.

 

 

E o Tite? Simples, estudioso, tranquilo, vibrante, tem lastro. Torcerei muito. Tite é um exemplo de que a simplicidade é o melhor caminho para os sonhos; coerente, convicto em suas teorias e cercado de amigos competentes, isso é ser líder. Serve de lição de vida.

 

Muito diferente do treinador que o antecedeu, que pecou pela soberba e o mau trato com todos, do torcedor à imprensa, e respingando nos atletas, era chefe não era líder. O que será que ele deve pensar, vendo a trajetória do Tite frente a seleção? Não duvido que torcerá contra, mas deixe isso pra lá.

 

O Brasil será campeão. Apostei em todos meus bolões, diferente de 2014, em que coloquei quatro a um no jogo contra Alemanha, e minha esposa falou que eu era estraga- prazeres.

 

Desta vez, não! Grande treinador, vários craques conscientes em fazer uma bela história e dois fora-de-série, Marcelo e Neymar. Se tudo seguir a razão, o hexa é nosso. Problema que o futebol, de vez em quando, é irracional.

 

 


Paulo Azevedo - Crônicas, contos e outras delícias! quinta, 22 de fevereiro de 2018

UM TREMENDO ZÉ MANÉ, WITH SATISFACTION

 

UM TREMENDO ZÉ MANÉ, WITH SATISFACTION

Paulo Azevedo

 

 

Aos quarenta e quatro anos, nunca fiz uma loucura química, jamais tomei um porre, drogas de tipo, já era hora de inebriar as sensações e encher meu sistema límbico de neurotransmissores da felicidade sintética. Nada mais apropriado do que no último show no Brasil da maior banda rock de todos os tempos no Maracanã, onde tenho minhas melhores lembranças como ex-atleta.

 

Sou um cidadão em dia com todas minhas obrigações, bem-casado, pai, contador de história – escrevi até um livro.

 

Comentei com alguns amigos que fumaria um cigarrinho de maconha, tomaria uma balinha de ácido e, antes de sair de casa, três doses de whisky (assim um amigo doidão me sugeriu, o mesmo que apertou o cigarrinho e conseguiu o ácido). Tinha que encontrar essa felicidade louca e inconsequente.

 

Já nos preparativos para a saída, tive que abortar o scotch, maior alegria em casa, minha mãe fazendo as vezes de babá e minha filha saltitante e falante ajudando a minha esposa a customizar a camiseta para o show. Era muita sintonia para entrar bebida alcoólica.

 

Saímos para o show. Ao entrar no Maracanã! Meu Deus! Que multidão, que palco! Era hora de acender o cigarrinho de erva... Olhei para o lado direito e dei de cara com um ex-professor que respeito muito, à minha frente um ex-paciente querido, tive que abortar de novo, joguei o cigarrinho de erva no chão discretamente.

 

Tudo escuro, de repente, Start me up! Puta que pariu! Arrepiado da cabeça aos pés... Mick Jagger (73 anos), eletrizante, lagartixa dançante! Keith Richard (72), um sobrevivente! Ronnie Wood (69), sorridente feito um adolescente na sua banda de rock, e Charles Watts (75), na sua elegante timidez.

 

Estava eu ali, lúcido! Fui apresentado aos Rolling Stones através do meu irmão mais novo em 1990, tornei-me fã...

 

 Faltava ainda a balinha de ácido, meu amigo doidão orientou para tomar na hora da Sympathy for the devil “ você verá todos seus demônios”, assim disse ele. Rolou Gimme Shelter, Like a rolling stone, Angie, Brown Sugar... Os caras são espetaculares, cinquenta anos de sucesso não é à toa, que vitalidade que alegria, todos vibrantes, vivos, muito vivos!

 

Finalmente, Sympathy for the devil era o momento... Olhei para o lado, e ali estava meu amor, cantante, intensa, vibrante, dançando e muito, muito feliz. Pensei: para que balinha? Meu ópio está há dezesseis anos ao meu lado comungando de todas as loucuras de amor!

 

Dei um bico na balinha. Nesse momento, eu já estava doidão, inebriado, anestesiado, já havia exorcizado todos meus demônios. O show chegava ao final, era hora do bis, um lindo coral, mulheres lindas e elegantes: You can't get what you want (nem sempre você pode ter o que quer), fui as lágrimas literalmente.

 

Porra, sou humanista e dublê de poeta, "mas se você tentar algumas vezes, você pode encontrar o que precisa..." o show poderia terminar ali!

 

Escuto os primeiros acordes de Satisfaction ... Pronto, era o fim! Meu primeiro e último show dos Stones.  Último, porque tem situações que nunca podem ser repetidas, são únicas.

 

Continuei careta, acho que nunca tomarei meu primeiro porre ou farei uso de artifícios ilícitos e químicos. Já estou velho demais para isso.

 

Bom, a lucidez é a melhor droga para a felicidade! Obrigado aos Rolling Stones! Obrigado à vida!

 O colunista e Denise, sua mulher


Paulo Azevedo - Crônicas, contos e outras delícias! quinta, 15 de fevereiro de 2018

RELEMBRANDO A TRAGÉDIA DO SARRIÁ 82

 

RELEMBRANDO A TRAGÉDIA DO SARRIÁ/82

Paulo Azevedo

 

 

Não sou saudosista, mas toda vez que vejo algo relacionado a Seleção de 82, um nó vem na garganta. Acho que foi a última vez que torci realmente pela Seleção.

 

Aos dez anos, eu fiquei frio, ou melhor, anestesiado. Aos dez anos de idade, você tem todos os sonhos do mundo. Sonhava em ser jogador de futebol, jogar no Maracanã.  Nas peladas, fingíamos ser Zicos, Sócrates, Juniores, Eders, Cerezos, Falcões.

 

Pais, tios e amigos vivos – alguns já se foram –, as primeiras paixões e beijos na boca. Era uma energia boa, o país tentando uma democracia, tempo de esperança.

 
Foram quinze gols, quinze gritos soltos na voz de um garoto de dez anos, com todos os seus sonhos. Como já tentei voltar o tempo, voltar para aquela tarde de cinco de julho de 1982, no Sarriá, e reescrever outro final!

 

A vida foi ingrata com o futebol, talvez por inveja, talvez pela incapacidade de fazer tantos meninos sonharem. Lembro de que quando as aulas voltaram na Quarta Série Fundamental, eu e meu grande amigo Flavio ficamos olhando um para a cara do outro, e ninguém falou nada, era nosso luto.

 

Ficou a cicatriz no coração do menino e o nó na garganta. Nunca mais torci como em 1982.  A dor cristalizou e alguns sonhos se perderam no caminho. 1982 foi um ano diferente, meus ídolos se tornaram humanos, e a mim, um garoto de dez, quase onze anos, só restou chorar, abraçado na bandeira verde e amarela.

 

Parece que foi um sonho, valeu a pena sonhar, sempre vale a pena sonhar...

 


Paulo Azevedo - Crônicas, contos e outras delícias! quinta, 08 de fevereiro de 2018

VIVER (E JOGAR FUTEBOL) É MUITO PERIGOSO, COMO JÁ DIZIA RIOBALDO TATARANA

 

VIVER (E JOGAR FUTEBOL) É MUITO PERIGOSO, COMO JÁ DIZIA RIOBALDO TATARANA

Paulo Azevedo

 Renato e Paulo Azevedo

 

Todo mundo deveria praticar, na adolescência, algum esporte de competição, alto rendimento. Seria uma das formas de valorizar a vida quando adulto.

 

Fui atleta dos meus oito até os vinte e seis anos, era bom, sem falsa modéstia, não era fora de série, mas fui um atleta dedicado, daí não ter qualquer mágoa ou frustração. Dormia cedo, nunca bebi nada de álcool (algo que conservo até hoje), nunca fumei, nunca usei drogas.

 

Um dia, parei para contabilizar as lesões físicas, mais de trinta: inúmeras entorses de tornozelos, rupturas ligamentares e lesões meniscais nos dois joelhos, fratura de costelas, luxação do ombro direito, fratura do punho, fratura de tornozelo, duas herniações lombares, estiramentos musculares, trauma no pavilhão auditivo...

 

E a alma? Limpa, zerada. Meu corpo físico é um desafio biomecânico. Dia desses, uma amiguinha da minha filha perguntou: – Tio o que houve na sua perna? Ela é torta, ela dói? – Minha filha, carinhosamente, socorreu: – Nada, ele jogou muito futebol!

 

Acho tão piegas o chavão: precisa de muito sacrifício para vencer. Sacrifício? Que sacrifício? Primeiro, que você faz o que gosta, o funil da competência é cada vez mais difícil com o tempo, geralmente você se destaca logo cedo e tem um monte de benefícios. Sacrifício é acordar as três da manhã todos os dias e ir trabalhar naquilo que você não gosta e sem perspectiva de crescimento. Não há sacrifícios para sonhos. Foram catorze anos de vitórias, derrotas, lesões físicas, porém jamais dúvidas de sonhos, eles mudam, mas a essência não quebra.

 

A foto acima, aos dezessete anos, corpo inteiro, registra a realização do sonho de jogar no Maracanã ao lado do grande irmão que o esporte me presenteou, Renato Groisman, hoje Consultor Imobiliário.


Paulo Azevedo - Crônicas, contos e outras delícias! quinta, 01 de fevereiro de 2018

COPA SÃO PAULO JÚNIOR – ADO

 

COPA SÃO PAULO JÚNIOR – ADO

Paulo Azevedo

 Ado

 

Este ano de 2018 começou muito bem. Primeiro, que pude rever na TV o espetacular, genial e poético Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, e acompanhar a Taça São Paulo de Juniores. É o único campeonato que acompanho, por alguns motivos, primeiro, porque o disputei duas vezes, pelo Fluminense, em 1990 e 1992. Em 1989, o Flu foi campeão, mas eu não estava na relação da viagem. Segundo, porque gosto de ver novos talentos, e isso, de certa forma, dá um tom nostálgico.

 

Mas o que me marcou mesmo foi em 1990, em um jogo-treino contra os profissionais do Bangu, lá em Moça Bonita, como preparativo para a Copinha. Logo que entrei, no campo para o aquecimento, um jogador do Bangu me chamou a atenção. Era o Ado, aquele ponta-esquerda do Bangu, vice-campeão brasileiro em 1985.

 

Fiquei de longe, olhando. Ele, muito magro, tinha um sorriso infantil e discreto. Lembrei-me de que ele perdera o pênalti na final contra o Coritiba, em pleno Maracanã. Fiquei triste e pensativo.

 

O jogo treino-começou, o Ado foi cruzar uma bola e mandou-a longe. Um senhor gritou da arquibancada: "Oh Ado, vai aprender bater pênalti! “ O Ado olhou, abaixou a cabeça e, minutos depois, saiu do treino.

 

Aquilo acabou comigo. Pensei como deve ser difícil conviver com isso...  Mas Zico e Baggio perderam pênaltis em Copa do Mundo, tudo bem, mas Zico e Baggio foram Zico e Baggio. E o Ado?

 

Muito tempo depois, o Gomes, que era o capitão e o cobrador do último pênalti que deu o título ao Coritiba, foi meu treinador no Monte Azul Paulista.  Simpático, gente fina. Em resenha pós-treino, perguntei sobre essa final, e ele contou que foi o Coritiba contra o Brasil inteiro, afinal de contas o Bangu era o queridinho, com Marinho, Arturzinho, Cláudio Adão e Ado, timaço. Mas o que mais marcou o Gomes foi, ao descer o túnel, ver o Ado de cabeça baixa e chorando muito, compulsivamente, feito criança.

 

Todo ano, quando começa a Copinha, lembro do Ado e peço que tenha tido uma boa vida e que esse fardo não tenha pesado tanto. Espero que ele não tenha os olhos tristes do Barbosa, desde 1950 até o final da vida.

 

*****

 

Feliz com os juniores do Flamengo dos meus amigos Mauricio Souza e Fabiano Médici, e do grande fisioterapeuta Dudu Calçada. Espero que esses meninos campeões tenham a capacidade de superar os desafios e se tornarem homens.

Parabéns a todos do grupo!

" A vida é travessia", Riobaldo, Lagarta de Fogo, Grande Sertão: Veredas.

 

 


Paulo Azevedo - Crônicas, contos e outras delícias! quinta, 28 de dezembro de 2017

DEUS EXISTE?

 

DEUS EXISTE?

Paulo Azevedo

 

 

Deus existe? Talvez essa seja a questão mais profunda e séria da humanidade. Como filho, sempre questionei sua existência e discordo de muita coisa, li muita coisa, estudo diariamente...

 

Sempre busquei por milagres, algo que comprovasse fisicamente a existência de Deus. Incrédulo ainda mais depois de perdas e das derrotas da vida, considerei em alguns momentos Deus algo irracional.

 

E os milagres, cadê? Até o dia em que percebi que o nosso coração pulsa em ritmo perfeito (quem já viu ao vivo o coração ejetando sangue, é obrigado acreditar em algo maior), que os diferentes pássaros cantam, tem passarinho azul, vermelho, branco; e os insetos, para que servem os insetos, como pode um mísero mosquito matar o todo-poderoso homem?

 

Daí, nossa insignificância... Não satisfeito e achando pouco, queria ver um milagre, não bastava o alinhamento dos planetas, as ondas dos mares, o sol, o prateado na lua, a lágrima. Tem algo de mais misterioso que a lágrima? Os olhos conseguem transformam dor ou alegria em água?

 

Mas isso não é milagre, a gente acha. Aí, um dia, recebi a notícia que seria pai. Na primeira ultrassonografia, o coração de um ser menor que um grão de arroz pulsava a cento e quarenta batidas por minuto. Como poderia? Quem arquitetou isso? Metade de um ser que saiu de seus testículos, aliou-se com a outra metade que saiu do ovário e, juntos, irão deitar no útero e gerar uma vida.

 

Ossos, sangue, cartilagem, vísceras, unhas, cabelos, consciência, medo, vontade, dúvidas, amor, o pacote pronto. Taí o maior milagre. Não provar que existe não quer dizer que não exista.

 

Hoje, me contento em existir, isso é milagre. Deus existe! Se não existisse, o quanto seríamos solitários e tristes, o que seria a vida, pra quê a vida? Existe algo maior!

 

Feliz 2018!

 

 

 

 


Paulo Azevedo - Crônicas, contos e outras delícias! quinta, 21 de dezembro de 2017

A ONIPRESENÇA DE DEUS

 

A ONIPRESENÇA DE DEUS

Paulo Azevedo

 

 

– Pai, Deus existe? – Perguntou a Pequena antes de dormir, deitada, com a cabeça apoiada em meu braço.

– O que você acha? – Respondi, já perguntando, com os olhos em um livro.

– Existe!

– Então existe, filha.

– E por que algumas crianças dizem que Ele não existe, igual ao Papai Noel?

– Quais crianças?

– Algumas.

– Sei lá, de repente, os pais não gostam da poesia da vida. Filha, é questão de fé, questão de acreditar.

–Você acredita, pai?

– Acredito!

– Mas você já viu Deus?

– Sim!

– Sério? Quando? Onde?

– No dia em que você nasceu, nos olhos de sua mãe, nos abraços de sua vó, nas gargalhadas com seu tio, nas lembranças de seu avô, no rabinho da Panqueca, nossa cachorrinha, balançando, quando a gente chega em casa, na bagunça com suas amigas...

– Eu tenho muitas amigas, sou uma garotinha feliz, você não acha?

– Acho, Deus está aí, na amizade, no carinho, nas mãos dadas, nas festas de pijama. Para aqueles que disserem a você que Deus não existe, você falará tudo isso, pois também não provaram que Ele não existe, entendeu?

– Mais ou menos. Dizem que não existe, mas não provaram que não existe, só isso, né?

– Exatamente. O que você prefere?

– Que Deus existe.

– Por quê?

– Porque tenho muitas amigas e cada uma é de seu jeito.

– O que Deus tem a ver com isso? – Desafiei.

– Ele está um pouquinho em cada uma e, se juntar todas, Deus estará ali.

– Vamos rezar, filha. Amanhã, você acordará cedo.

– Acordar cedo? Só que não. Te amo, pai

– Te amo filha, jamais perca sua fé.

– Pode deixar, pai.

 

 


Paulo Azevedo - Crônicas, contos e outras delícias! quinta, 14 de dezembro de 2017

COME(MORA)ÇÕES DE FINAL DE ANO

COME(MORA)ÇÕES DE FINAL DE ANO

Paulo Azevedo

 

Relato de uma leitora que se assina Moteleira Gostosa:

 

“Essas confraternizações de fim de ano são perigosas, ainda mais para quem está carente e solteira. Depois do sexto chopinho e o chefe e a diretoria terem ido embora, tudo pode acontecer.

 

 E aconteceu comigo mais três colegas de empresa. A gente sempre conversou sobre sacanagem, vídeos, tudo com respeito e na brincadeirinha, mas calhou de os quatro estarem solteiros e carentes.

 

João e Lúcio estão na faixa dos quarenta anos, são simpáticos, inteligentes e discretos. O primeiro, recém-separado há quatro meses. Lúcio nunca se casou, foi noivo por oito anos, mas, ano passado, levou um pé na bunda. Jacira está encalhada, dois anos sem namorado e sem transar há três meses. Eu terminei um namoro de oito meses e desde então só siririca, já estava enlouquecendo.

 

Somos colegas de empresa há oito anos, somos amigos. Eu e Jacira estamos em sua página sacanóloga, mostramos os contos para os meninos. E, graças a eles, os contos, fomos parar no motel com a letra G, ali perto do elevado Paulo de Frontin.

 

 Perguntei aos meninos se eles sabiam fazer ”solo de guitarra” e “ancinho”, disseram que não. Falei que eles eram fracos, foi quando Lúcio falou que sabia fazer “língua de sogra” (alusão ao brinquedinho de festinha infantil. A gente caiu na gargalhada. Perguntamos o que era, e ele falou que era chupar a xotinha e enviar e tirar a língua de dentro e disse: –Se quiser posso mostrar.

 

Ficou aquele silêncio. Fui à toalete com Jacira e resolvemos chamar os garotos para brincar no motel, sem bi ou coisa parecida. Eles, claro, aceitaram. Os quatro meio bêbados, Jacira era a mais doidona.

 

Na suíte do motel tivemos que pagar mais cinquenta por cento, por sermos quatro no mesmo quarto, tudo bem, era brincadeira sacana. Quem começaria, teria coragem?

 

Ficamos os quatro sentados na cama, cada um em uma beirada, a gente só ria, Lúcio colocou um filme pornô na TV e se aproximou de mim, demos um beijo na boca. João e Jacira fizeram o mesmo, daí em diante começou a putaria, quatro amigos trepando no mesmo lugar, chupei dois paus juntos, sempre quis fazer isso. Jacira tocava siririca toda aberta.

 

Fiquei de quatro, Lucio me comia e eu chupava a pajaraca do João. Dos dois, Lúcio era mais gostoso, tinha uma pegada boa, João era meio sem jeito, acho que estava nervoso, tinha a mandureba maior e mais grossa. Ficamos os quatro deitados na cama, todo mundo se encostando. É diferente e esquisito várias mãos te tocando, bocas chupando você.

 

 

 

De repente, senti uma chupada deliciosa, era Jacira, a safada, que estava me chupando, deixei, acabei gozando assim. Trepamos as quatro horas do motel. Todo mundo com ressaca física e moral. Isso foi na sexta-feira passada.

 

Hoje, no escritório, falei que enviaria nosso relato, eles adoraram a ideia. Estamos pensando em marcar outra brincadeirinha. Ah, já ia esquecendo, a tal de língua de sogra é uma delícia, Jacira fez melhor que o Lúcio. ”

 

 


Paulo Azevedo - Crônicas, contos e outras delícias! quinta, 07 de dezembro de 2017

ÁGUA DE MORRO ABAIXO, FOGO DE MORRO ACIMA, E GALHEIRA, QUANDO QUER DAR, NINGUÉM SEGURA

 

ÁGUA DE MORRO ABAIXO, FOGO DE MORRO ACIMA, E GALHEIRA, QUANDO QUER DAR, NINGUÉM SEGURA

Paulo Azevedo

  

Depoimento de leitor muito do sacana:

 

“Paulinho meu amigo, mulher quando quer trair é infalível e perfeita, ninguém descobre, descobre se ela quiser. Mulher sem estar apaixonada é o ser mais dissimulado. Há um ditado russo que diz: ‘quando o diabo não consegue resolver um problema, ele envia a mulher’.

 

“A gente dá bandeira, troca mensagens, e-mails, elas, não:  trepam, tomam banho e tudo certo. Já fui amante de uma moça que o marido deixava ela na porta do meu prédio, ela dizia que ia ao psicólogo, a gente trepava quarenta minutos do sexo mais imundo que você possa imaginar. Cheguei a conhecer o cara, fui canalha, ela dizia para o marido que eu era gay.

 

“Lembrei daquela história que você contou sobre aquela sua amiga, baixinha, mãe, esposa, filha exemplar, calada, discreta e acima de qualquer suspeita. ”

 

– Foi mesmo, quando ela confidenciou, eu levei um susto. Trepava com o professor de violão do filho, transava todas as quintas-feiras à tarde, durante as aulas do filho. O professor pedia para uma colega dar aula no lugar dele, os dois trepavam na sala ao lado. Foram três meses de transa musical e dedilhada, o professor era exímio siririqueiro, ela ia sempre de vestidinho, era só colocar a calcinha de lado, cinquenta minutos de transa harmônica.  Para evitar provas no local do crime, o gozo era sempre na boca... O marido, arrogante nas reuniões escolares, contava todo faceiro que comia a melhor puta do puteiro e que sua mulher jamais desconfiaria ou seria capaz de traí-lo. Resumindo a história, ela descobriu, ele ficou quietinho e continuou corno, soube que ela agora está trepando com o arquiteto responsável pela reforma do apartamento no Leblon, transa entre latas de tintas e sacos cimento.

 

“ É Paulinho, mulher enganou o capeta, não irá enganar a gente, meros mortais? ”

 


Paulo Azevedo - Crônicas, contos e outras delícias! quinta, 30 de novembro de 2017

CASAL FELACIOSO

 

CASAL FELACIOSO

Paulo Azevedo

Suingue, no maior descaramento

 

Leitora muito da liberada, que se assina Felaciana, relata-me esta aventura:

 

“Sempre achei que meu marido tinha a fantasia de chupar outro homem junto comigo.

 

“Comecei a desconfiar, quando ele um dia chupou o Arnaldão, nosso consolo. Deu a desculpa de que Arnaldão estava com gosto e cheiro da minha xotinha. Tudo bem, também gosto de xoxota, gosto de brincar com meninas.

 

“Fazemos suingue há dois anos, só casais, curtimos sair com casais de vez em quando e, sempre o combinado era eu brincar com a menina, transar com o cara e ele comer a menina, até sábado passado, quando tudo mudou.

 

“Laís e Otavio, casal bonito e muito simpático, logo no início da conversa, disseram que ambos eram bi. Bebemos alguns drinks no Leblon e fomos para o motel em Botafogo, aquele motel perto da delegacia. Começamos a brincadeira, a menina era uma delícia, ficamos brincando, esfregando velcro com velcro, ela me chupou e logo gozei. Depois que gozo a primeira vez não paro mais: tocou na minha xoxota, gozo! Já cheguei a gozar oito vezes em uma noite.

 

“Trocamos os pares, e Julinho começou a comer a Laís. Que safadinha! Sentava na piroca do Julinho, adoro ver a piroca do meu marido entrando em outra xotinha.

 

“Eu chupava o Otavio, meu marido me olhava louco, com a boca na mandureba do amigo. Laís gozou e desabou na cama.  Julinho veio e ficou pertinho e olhando eu chupando aquela pajaraca, ele olhava sedento, ofereci-a para ele, que relutou, ofereci de novo e falei: - Vem, chupa junto comigo.

 

“Ele chupou e nós beijamos na boca com a pajaraca no meio. Uma delícia. Depois, o casal fez o mesmo com Julinho.

 

“Quando todo mundo gozou, reinou aquele silêncio, acho que os meninos ficaram sem graça. Homem é assim mesmo.

 

“Chegamos em casa e Julinho não comentou nada. Ontem transamos, lembrando do fato. Quando falei, ele gozou imediatamente. Disse-lhe que iria enviar o relato de nossa aventura. Ele ficou ansioso par saber em qual dia sairia publicado. ”


Paulo Azevedo - Crônicas, contos e outras delícias! sábado, 25 de novembro de 2017

TRANSANDO COM O MALDITO

TRANSANDO COM O MALDITO

Paulo Azevedo

 

Relato de uma leitora aflita:

 

– Xandi, anjos fazem sexo?

– Diabo era anjo rebelde – filosofei.

– Pois acho que transei com o capeta!

– Como assim? Conte-me esse lance?

 

– Transei uma vez com um rapaz, foi algo louco, surreal, inusitado, quente, prazeroso, jamais repetido. Foi na festa de trinta anos de uma amiga de infância. Festão, duzentos convidados, música ao vivo, muita bebida e comida, pessoas lindas e divertidas.

 

Era numa mansão, a festa foi na beira da piscina enfeitada com balões coloridos. Chegamos três amigas juntas, todos lindas no auge dos trinta anos, vestidos com decotes, saltos altos, realmente estávamos lindas, deslumbrantes. Eu tinha saído de um relacionamento frustrante, vinha sofrendo uma fossa terrível, tinha emagrecido seis quilos em duas semanas, insônia e muitas lágrimas

Ansiava por me livrar daquela dor, aquela paixão doentia que parecia querer me matar. De repente, começou a tocar aquela música da Rita Lee, Menino Bonito. Eu, nesse momento, estava sozinha, com meu espumante na mão, e uma lágrima no rosto, quando senti um toque no meu ombro, acompanhado de um sorriso quase infantil:

 

– Oi, vamos dançar? Essa lágrima está me incomodando!

 

Enxuguei a lagrima, sorri e fui dançar.  Nefisto – era esse seu nome – me acalentou em seus braços, me protegeu, falou no meu ouvido que meu cabelo estava lindo, adorou meu esmalte, disse que o decote das minhas costas traduzia meu caráter, forte e firme e, por fim, falou que adorou meu perfume.

 

Ficamos dançando, música atrás de música, eu já estava entregue. Depois de seis meses, estava viva, desejando outro corpo. Me pegou pelas mãos e entramos na casa de festa. Fomos à toalete, ele trancou a porta, colocou uma das minhas pernas em cima da pia, agachou-se, afastou minha calcinha para o lado e começou a chupar minha xoxota.  Minhas pernas tremiam. Levantou-se e beijou minha boca, beijo gostoso com gosto de vagina. Fez-me gozar com uma siririca. Levantou meu corpo e sentou-me na pia, abaixou as calças me enfiou lentamente aquela pajaraca dura xoxota adentro.  Me chamava de linda e gostosa, enquanto eu cantava baixinho no ouvido dele: "seu olhar é simplesmente lindo, mas também não diz mais nada menino bonito".

 

Quando vi, ele estava chorando. Enxuguei-lhe as lágrimas com um beijo. Transamos até ambos gozarmos ali no banheiro. Dançamos mais um pouco, ele se despediu, e eu aceitei.

 

 Comentei com minhas amigas, e ninguém viu o Nefisto, ou sabia quem era Nefisto. Escafedera-se! Sumira no ar , igual a peido de aviador!

 

No dia seguinte, acordei sem aquela paixão que me atormentava, estava livre! Quando liguei o rádio do carro tocava: "Lindo, eu meu sinto enfeitiçada, correndo perigo, seu olhar é simplesmente lindo, mas também não diz mais nada, menino bonito..."

 

Acho que Nefisto, o menino bonito, era um anjo rebelde, ou o capeta, se é que me entendem!

 

 

 

 


Paulo Azevedo - Crônicas, contos e outras delícias! sexta, 24 de novembro de 2017

TRANSANDO COM GAROTO DURO, MAS REQUINTADO

TRANSANDO COM GAROTO DURO, MAS REQUINTADO

Paulo Azevedo

  

 

Diálogo com socialite quarentona e desinibida:

 

– Xandi meu querido, vou entrar em uma furada, mas valerá a pena. Estava precisando de uma paixão. Estou cansada de sexo furtivo e fugaz. Sabe aquele rapaz que te apresentei no sábado, lá no supermercado?

– Sei. Bonitão e simpático.

– Pois é, aquele filho da puta transa pra cacete, carinhoso, educado, mas é furada, Bino.

– Por quê?

– Novinho demais, está começando a vida, trinta anos, duro igual a coco, tenho que ficar bancando tudo, aí não dá.

– Trinta anos, já é homem, ou deveria ser – afirmei.

– Que nada, essa geração ainda mora com a mãe, não tem emprego definido. Mas vou curtir, aos quarenta e nove anos, dois casamentos, uma filha de dezessete, que se foda, vou pensar em mim. Agora, deixa te contar a imundície. O cara me come com requinte. Tenho acordado todos os dias cantando. Voltei até pra academia, a gente tá transando todo dia, tinha esquecido o que era tomar pirocada todo dia. Estamos há um mês e meio nessa loucura, voltei até ter ciúmes, virei menina. Que delícia!

– Quê? Como é comer com requinte, come pedindo licença e de luvas brancas? “Gaivota, por favor, agora vou introduzir em você”...

– Deixa de ser velho ridículo. Come com vontade, fode mesmo. Me sinto comida integralmente. Come meu corpo e minha alma. Faz de tudo e deixa fazer tudo. Adoro dar linguada na bunda, ele deixa; adoro que goze na minha boca, ele faz; peço que fale das mulheres que ele já comeu durante a foda, ele fala; chupa meu dedão do pé que é uma coisa; é carinhoso, não tem pressa; pirocudo, mãos grandes, chupa xoxota como poucos, dá até aquela lambida na virilha, até já fomos a um clubinho de swing só para olhar e para finalizar, só goza depois de mim, Ivan é uma paixão. Sem contar que faz uma massa e entende de vinhos. Só faltou gostar de literatura e cinema.

– Mas aí seria um deus. Ninguém é perfeito.


Paulo Azevedo - Crônicas, contos e outras delícias! quinta, 23 de novembro de 2017

ESFREGANDO OS VELCROS

ESFREGANDO OS VELCROS

Paulo Azevedo

 

 

 

Carta recebida de uma leitora muito da recatada:

 

 

“Sempre fui curiosa, sempre gostei de ir além, buscar o prazer que faltava. Sou casada com homem, tenho filho, mas, de dois anos pra cá, passei a transar com uma menina, meu marido não sabe, ninguém sabe.

 

“Desde os treze anos, sentia vontade de sair com meninas, mas minha educação familiar não permitiu. Gostava de ver cenas de mulheres transando, beijando, nunca tive tesão em amigas ou conhecidas, era algo platônico.

 

“Masturbava-me pensando em uma mulher, não tinha rosto, só corpo. Imaginava sexo oral, esfregando uma xoxota na outra, gozando muito. Muitas vezes, sonhava com isso, uma vez comentei com meu marido, ele renegou a ideia e ainda deu um sermão.

 

“Me senti mais culpada ainda. Há dois anos vi filme "A azul é a cor mais quente".  Morri de tesão na cena em que as duas meninas transam, perdi as contas quantas vezes já vi. Comentei com uma amiga, também casada, que adorou o filme, que aquela cena me deixava com vontade de trepar com mulher, para minha surpresa ela disse:

– Isso é um convite ou comentário?

 

“Fiquei muda, não soube o que responder. Ela se aproximou e beijou na boca, tremi e molhei na hora. Isso foi durante uma carona. No dia seguinte, ela convidou para um " lanchinho" na casa dela, seria o tempo de irmos buscar as crianças no colégio. Quando cheguei, uma mesa com queijos e vinhos. Desconfiei do vinho às quatro horas da tarde. Ela riu, quando percebeu minha timidez. Ligou a TV e apareceu a cena do filme, as duas meninas se pegando, ela se aproximou, riu, me beijou. Fomos para o quarto do casal, transamos ali, ela me chupou toda, me fez gozar várias vezes, chupei ela também, ela gemia alto e se contorcia, gozou na minha boca. Esfregamos um velcro no outro, até gozarmos juntas.

 

“Tomamos banho, bebemos duas taças de vinho e fomos buscar as crianças no colégio, como se nada tivesse acontecido. Vez ou outra, a gente faz uma loucura desse tipo.”


Paulo Azevedo - Crônicas, contos e outras delícias! quinta, 16 de novembro de 2017

CALCINHA, CALCANHAR E ESCOVA

 

CALCINHA, CALCANHAR E ESCOVA

Paulo Azevedo

 

 

Ontem, uma querida amiga desabafou:

 

– Xandi, posso quebrar seus dogmas?

 

– Claro!

 

– Uso calcinha vermelha, não como nada com as mãos, tipo caranguejo, galeto e afins, e, no verão, meu calcanhar fica rachado, por virtude de usar sandálias. Sou uma mulher bem resolvida, adoro imundícies, e seus paradigmas estão por fora. Tinha que lhe falar isso, estava engasgada, kkkkkk.

 

Realmente essa amiga é uma grande mulher, bonita, cabeça feita e muito bem resolvida.

 

Calcinha vermelha é trauma, já contado aqui; comer galeto com as mãos faz alusão a fúria, a volúpia de segurar no boneco; calcanhar rachado é perigoso, pode arranhar a perna do parceiro e causar tétano, e, convenhamos, você vai dar uns beijinhos nos pés e se defronta com aquela erosão, lembro logo do solo semiárido do sertão.

 

Ela afirmou que não existe mulher in natura, toda mulher tem algum segredinho, do silicone ao botox, mulheres montadas! Tudo bem, cada uma usa as armas que possui. Agora, o que não pode é cabelo no mamilo, definitivamente é obra do capeta...

 

Imaginem escova progressiva e cabelo no mamilo...


Paulo Azevedo - Crônicas, contos e outras delícias! quinta, 09 de novembro de 2017

TENHO EM MIM TODOS OS SONHOS DO MUNDO

 

TENHO EM MIM TODOS OS SONHOS DO MUNDO

Paulo Azevedo

  

" Sei que não sou nada e talvez nunca tenha tudo. À parte disso, tenho em mim todos os sonhos do mundo".

 

A gente limita tanto nosso sonhar, nosso voar. Cabeça tacanha, a gente se autocondiciona, autobloqueia, fazemos autossabotagem. Asas de papel? São melhores que pedras nas sandálias, que impedem o saltar. Façamos nossa reedição todos os dias, somos o que somos hoje, pelo que fizemos ontem, sempre dará tempo de mudar para melhor, sempre há o novo dia.

 

Fernando Pessoa, estava certo, " ... tenho em mim todos os sonhos do mundo..."


Paulo Azevedo - Crônicas, contos e outras delícias! quinta, 02 de novembro de 2017

FINADOS, UMA REFLEXÃO

 

FINADOS, UMA REFLEXÃO

Paulo Azevedo

 

 

 

Hoje li que a nossa maior atriz de todos os tempos, Fernanda Montenegro, aos oitenta e oito anos, pensa na morte todos os dias. Não penso todos os dias, mas, às vezes, me pego pensando no derradeiro fim.

 

 Nossa única certeza é ela, para qualquer um ela chegará. E, enquanto não chega, o que faremos? Que somos cadáveres adiados isso, alguém já disse, como também que tem gente que morre em vida. Resta-nos viver bem.

 

Acredito, por conta da minha mãe, que a cada mágoa, cada raiva, cada discussão vazia, cada mentira que machuca, cada cena de ciúme doentio, cada maldade, cada passarinho preso na gaiola, cada cachorro chutado, e a cada traição, a gente mata e morre aos pouquinhos, pequenas mortes.

 

Já parou para pensar quanto de falta fará quando se for? Somos insubstituíveis? Alguns sim, outros não. O que deixarei de relevante? Assusta? Muito.

 

Passar por esta vida em branco dá medo e aproxima da morte. Não precisamos fazer uma grande obra, tornar-se famoso, basta sermos nós mesmos. A morte se interessa por todos.

 

Viver bem, para morrer bem!


Paulo Azevedo - Histórias de Ex-Boleiros quinta, 26 de outubro de 2017

SIMPLICIDADE

 

SIMPLICIDADE

Paulo Azevedo

  

Simples, simplicidade, não interessa, queremos é o mais sofisticado, o erudito, o complexo. Queremos para mostrar.

 

O simples é sempre melhor. Quer coisa mais gostosa do que bolo de milho da avó, só um pedacinho, com café no fim de tarde?

 

A gente quer mais. Uma vez, li que a água que estava quente para beber é a mesma água que estaria fria para o banho. Somos assim, incoerentes e insaciáveis.

 

Procuramos fórmulas mágicas, teorias iluminadas e esquecemos de ver dentro, aqui no nosso peito. Às vezes, falamos demais, outra de menos, o importante é você reparar naquilo que não digo.

 

Simples, como abraços de irmão, beijo de mãe, orgasmo de amantes sinceros e gargalhadas de amigos. Vá na sua estrada e feche olhos, deixe o corpo ir com a mente simples.


Paulo Azevedo - Histórias de Ex-Boleiros quinta, 19 de outubro de 2017

RECORDANDO O VELHO MARACA

RECORDANDO O VELHO MARACA

Paulo Azevedo

 Renatinho e Paulo  Azevedo

 

Foi em março de 1989, a primeira vez que pisei e joguei no Maracanã. Era o Campeonato Carioca de Juniores, o adversário foi o Vasco, de Carlos Germano e Bismarck.

 

Ganhamos de 2x. Nossos gols foram marcados por dois grandes amigos que o Futebol me presenteou, Renatinho, esse à esquerda na foto, e Moresche. Sinceramente, o resultado pouco importou. Naquela tarde, realizei o sonho de moleque, de tantos moleques, jogar no maior do mundo, o lendário e mágico, Estádio Mário Filho ou só Maracanã.

 

Não era só Maracanã, era O Maracanã, onde tantos craques brilharam, onde o surreal aconteceu, onde o Pelé fez o milésimo gol, onde Garrincha criou seus Joãos, onde Zico, Júnior, Leandro e Adílio criaram uma geração de torcedores, uma nação; onde Rivelino desafiou as leis da Física no elástico no Alcir; onde o Casal Vinte comemorava os gols como crianças, e onde o Roberto explodiu como Dinamite, depois daquele lençol antológico...

 

Eu estava ali, no lado direito onde Garrincha – meu maior ídolo no Futebol– e Leandro jogaram e perfumaram aquele pedaço de grama. Estava ali uniformizado com as cores sagradas tricolores, Camisa 7, que um dia Rivelino vestiu. Pouquíssimas vezes tive insônia ao longo da vida. No sábado anterior a esse jogo, não preguei o olho, meu pai, também, acredito que não. Qual o pai que nunca sonhou ver o filho jogar no Maracanã? Até porque, para chegar ali, não basta ser bom de bola. Em meu caso, havia um lastro, que começou aos oito anos de idade.

 

Foram quatro anos de Juniores. Aí, houve duelos com Djalminha, Paulo Nunes, Júnior Baiano, Nélio, Valdir Bigode, Edmundo, Djair, craques que voaram longe e outros ficaram por ali mesmo. Muitos passaram ali, muitos pisaram ali, alguns brilharam, outros só passaram, mas até esses que só passaram guardam o sonho de menino.

 

Voltei lá muitos anos depois, não mais atleta, pelada de amigos de final de ano, achei grande demais, frio e sem emoção, parecia estar adormecido. Por um momento fechei os olhos e lembrei de algumas arrancadas que dei nas preliminares do Juniores, nada de tristeza ou remorso, apenas lembrança.

 

Muito tempo depois, encontrei um senhor aqui perto de casa que, não sei como, lembrou de mim, perguntou se eu tinha jogado no Fluminense, desconversei, ele insistiu, desconversei novamente. Já indo embora, ele gritou: – Era você sim, tinha apelido de cavalo!

 

Sorrir e agradeci a vida por ter realizado esse sonho de criança!

 

Só fui ao novo Maracanã ver o show do Rolling Stones. Acabaram com a essência mágica do velho e lendário estádio. Talvez um dia, leve minha filha, quem sabe?

 


Paulo Azevedo - Histórias de Ex-Boleiros quinta, 12 de outubro de 2017

FELIZ DIA DAS CRIANÇAS

FELIZ DIA DAS CRIANÇAS

Paulo Azevedo

  

 

A gente volta a ser criança quando se torna pai. Começa a entender as preocupações dos nossos pais... "Não faz isso, não faz aquilo... "

 

A gente corre, joga bola, grita, se atira, ri, irrita, mente, omite, volta a ser criança. Aprendendo todo dia o que é ser pai, e a difícil arte de dizer sim ou não.

 

Pai existe para dar asas, não para querer um anjinho ao lado, mas para que a filha voe os mais altos voos em busca de ser feliz, realizada.

 

Espero, filha, que não voe tão perto do sol, para que suas asas não se derretam com as de Ícaro, mas também não tão baixo, para que não respire o pó dos homens mortos em vida.

 

 Voe seu voo filha, para onde você quiser, mantendo viva essa menina que existe dentro de você.

 

Feliz Dia das Crianças.

"


Paulo Azevedo - Histórias de Ex-Boleiros quinta, 05 de outubro de 2017

MINHA MÃE É PEDRA 90

 

MINHA MÃE É PEDRA 90

Paulo Azevedo

 

  

A minha ideia de mãe é segurança emocional, paz, amor, força e esperança. Mãe é isso, aprendi desde cedo, bem cedo, que somos do tamanho de nossos sonhos.

 

Lembro muito bem quando criança, da minha mãe de joelhos conversando comigo com olhos nos olhos. Ali éramos do mesmo tamanho.

 

Não lembro da minha mãe reclamando da vida, mesmo quando a vida escondia o sorriso. Ela sempre dizia: "o sol irá nascer amanhã de qualquer jeito".

 

Lembro do seu bom humor constante e mania de apelidar as pessoas, hábito que herdei.

 

Me ensinou a ser como o bambu e bailar ao vento e não a ser com um jacarandá, que ao vento forte tomba. Aprendi a facilitar a vida: " tem coisas que não têm jeito, a vida é cega e imprevisível".

 

Sempre dormi tranquilo e continuo dormindo, conto nos dedos o dia que tive insônia. Não há amor maior que o de mãe, claro, as grandes mães.

 

Não canso de escrever e falar que a saúde emocional dos filhos, futuros homens e mulheres, depende das mães, Freud sempre teve razão.

 

Hoje, tive esta bela lembrança. Minha felicidade é maior, porque a mãe da minha filha é uma grande mulher. Estou cercado por grandes mulheres.

 

Minha vó dizia: "quando for escolher a mãe dos seus filhos, observe a relação dela com a mãe ". Minha vó também tinha razão.

 

Pois é, mãe é tão bom, é merecimento, que até Jesus teve a sua.

 

Taí, Maria Do Socorro Lia.


Paulo Azevedo - Histórias de Ex-Boleiros quinta, 28 de setembro de 2017

GOSTO NÃO SE DISCUTE

 

GOSTO NÃO SE DISCUTE

Paulo Azevedo

 

 

Eu gosto da cor verde, eu gosto da azul; eu gosto de peixe, só como carne de boi. Escolhas...

 

Eu gosto de homem, eu gosto de mulher e eu gosto dos dois. Escolhas...

 

Onde está a doença nisso? Aquilo que precisa ser curado é por que está doente. Reversão gay? Custo acreditar que, em pleno século XXI, ainda se cogite essa ideia insana.

 

O que que tem de errado desejar a pessoa do mesmo sexo? O que a gente tem a ver com isso? Se meu vizinho, meu amigo, prima, tio, comadre, porteiro, professor, tem sua preferência sexual, qual a minha opinião sobre isso? Nenhuma. Definitivamente, o homem foi uma criação que não deu certo e nunca dará.

 

O que vale é o caráter, a ética e a moral. Esses donos da verdade hipócrita geralmente são todos dissimulados. Lembre-se de que aquilo que te incomoda tanto é aquilo que você quer esconder.


Paulo Azevedo - Histórias de Ex-Boleiros quinta, 21 de setembro de 2017

XAMPUS MUI SUSPEITOS

 

XAMPUS MUI XUSPEITOS

Paulo Azevedo

 

 

Quarta também é o "Dia da Derrota".

 

Esqueci na mochila da roupa da pelada, aqueles xampus e condicionadores de motel. Guardei-os, depois que saíra com uma "amiga", usaria os acessórios de perfumaria para depois da pelada, mas esqueci que o capeta está nos detalhes.

 

A porra da moça que trabalha lá em casa resolveu fuçar minha mochila, para ver se tinha roupa suja, e encontrou o shampoo e o condicionador.

 

Um dia, cheguei em casa, e estavam em cima da pia do banheiro da suíte os dois, ali, olhando para mim.

 

Minha esposa gritou da sala: – Amorzinho, onde você comprou esse shampoo? Gostei dele, é ótimo.

 

Falei que havia ganhado de um amigo. O assunto morreu, que alívio! Peguei os fracos e joguei fora, afim de matar a prova do crime, sem corpo não há assassinato.

 

Duas semanas depois, minha esposa enviou um zap dizendo que estava no dentista e iria atrasar um pouco para buscar nosso filho no judô e pediu que eu o buscasse.

 

Ela chegou em casa na hora do jantar, falante, sorridente, estava feliz. Já tarde da noite, fui tomar banho e levei um susto: em cima da pia do banheiro da suíte, estavam o mesmo shampoo e condicionador.

 

Ué, pensei, eu não tinha jogado fora?

 

– Sueli, que shampoo é esse? – Perguntei, com as pernas trêmulas

–Amorzinho, uma amiga me deu. Vi que ela tinha. Comentei que você tinha ganhado de um amigo e nós usamos e gostamos, aí ela me deu.

 

Fiquei calado, será isso mesmo?

 

– Na terça que vem, vou trazer mais, ok? Afirmou Sueli.

 


Paulo Azevedo - Histórias de Ex-Boleiros quinta, 14 de setembro de 2017

QUER O CUZINHO? SÓ SE ROLAR FIO TERRA!

QUER O CUZINHO? SÓ SE ROLAR FIO TERRA!

Paulo Azevedo

 

 

Recebo de leitora pra mais de liberada, esta missiva:

 

Quer o cuzinho? Só se rolar fio terra!

 

Sou uma mulher sacana, experiente e sem preconceito em relação ao sexo. Quando jovem, fui muito paquerada, baixinha, bunduda, bem bonitinha, todos os meus namorados, e foram muitos, queriam comer minha bunda.

 

Aprendi a gostar de ser sodomizada, até o dia em que Barcelos, um namorado mais velho, na época com trinta anos e eu com vinte e um, apresentou o fio terra, que ele chamava de massagem prostática.

 

Fiquei adepta da prática, gosto e tenho tesão em ver o cara aberto com meu dedinho no cu deles, aqueles caras fortes, machões, lá quietinho com o dedinho, se usar terno e gravata então? Fico imaginando...

 

Depois do Barcelos, a todo cara que dizia no meu ouvido:

– Quero comer sua bunda; quero enrabar você; tô louco para comer seu cuzinho, etc... – Eu respondia:

– Também tô louca para meter o dedo na sua bunda.

 

Alguns paravam de pedir minha bunda, outros concordavam. Eles gostam, afirmo no auge dos meus quase cinquenta anos, e falo mais, linguada e dedada são irmãs gêmeas. Deu linguada, o cara gostou, pode enfiar o dedinho.

 

– Você não acha Paulinho?

 

Minha resposta:

 

– Não acho nada...


Paulo Azevedo - Histórias de Ex-Boleiros quinta, 07 de setembro de 2017

PARMESÃO CACETAL

PARMESÃO CACETAL

(Paulo Azevedo)

  

Leitora muito da sacana me envia este relato um tanto ou quanto  gastronômico:

 

Jacenir dizia que fazia e acontecia, nos papos da empresa. Menos de duas seguidas para ele era raridade. Bonitão, estava sempre sozinho, ninguém entendia o porquê. Bonito, cheiroso, boa situação financeira, mas falava muito. Decidi trepar com ele, tinha que descobrir o mistério.

 

Pelado, tinha um corpão, malhado e lisinho. Gosto de homem depilado. Beijava bem.

 

Comecei a descer em direção à piroca, fui descendo lentamente e dando linguadas no peito, tórax, abdômen, umbigo, virilha, quando cheguei na piroca, já dura, senti um cheiro de queijo parmesão.

 

Voltei a cabeça para a virilha, ele empurrava minha cabeça para o pau, e eu voltava para a virilha. Foi um entrave, pau versus virilha, já não aguentando falei:

 

– Porra, para de empurrar minha cabeça, vai lavar esse pau!

 

Ele ficou puto e broxou. Fomos embora e nunca mais falou comigo e parou de contar vantagem nos bate-papos. Claro que ganhou alcunha de queijinho...

 

Que derrota!


Paulo Azevedo - Histórias de Ex-Boleiros quinta, 31 de agosto de 2017

VIREI UMA TIA VELHA

VIREI UMA “TIA VELHA”

Paulo Azevedo

 

Tenho ido a muitos casamentos, acho que sou querido. E todos eles têm algo em comum, o ataque das "Tias Velhas" à mesa de doce.

 

Fico de longe observando, antes do final da festa, elas começam a rondar a mesa, iguais a leoas preparando o ataque, ficam ali, com o saquinho de supermercado ou a echarpe preparados para o bote certeiro.

 

Não bebem e comem pouco salgados, mas os doces, esses são essenciais. Basta a primeira "Tia Velha" pegar discretamente (assim ela acha) um camafeu de nozes, que um cardume, esquadrilha, enxame de tias atacam.

 

Coitado dos noivos. Se nenhuma alma caridosa fizer um farnel, verão os docinhos só no vídeo do casamento, três meses depois. Os convidados educados que deixam para o final a mesa de doce, correm o risco de encontrar somente aquela noz amputada e a cor verde manchando a toalha da mesa, daquele docinho de pistache.

Minha esposa, de forma séria, sempre avisa antes dos casamentos, ultimato mesmo:

 

– Para de frescura, os docinhos são para isso mesmo, pegue todos e mais os bem-casados... Não tem coisa melhor com café no dia seguinte!

 

Virei uma "Tia velha".... Vergonha alheia!


Paulo Azevedo - Histórias de Ex-Boleiros quinta, 24 de agosto de 2017

XOXOTA DO SOL NASCENTE

XOXOTA DO SOL NASCENTE

(Paulo Azevedo)

 

 

Esse vem lá das bandas do pessoal da terra roxa.

 

Tsuru, mignon, gostosinha e com ar sapeca, resolveu cuidar do corpo e da alma. Iniciou um trabalho de mudança radical, corridas e liberdade de expressão, viver a vida intensamente.

 

Três meses de corridas, treinamentos, planilhas, a primeira lesão, um pequeno incômodo, ali na região adutora, a famosa virilha. Procurou o profissional da saúde responsável por ofertar aos pacientes função, reabilitação gestual e atlética. Foi indicado Ferreira, sério, calado e, segundo, as boas línguas, lindo de faltar o respeito.

Tsuru passava por momento de entressafra, momento sabático da xoxota. Quando chegou no consultório, quase desmaiou, Ferreira era um Deus mitológico que caiu do Olimpo. Ela, não sabia se olhava para o profissional sério ou se iria ao toalete verificar o penteado pubiano e o odor da fenda nipônica. No toalete, ligou para uma amiga mais sacana e disse:

 

- Você não irá acreditar. Vou trepar agora! Depois te ligo.

 

Colocou a bermuda, "esqueceu de vestir calcinha"(? ) . Iniciada avaliação física, ela apontou o lugar exato da dor, ali no ramo inferior do púbis, leia-se dois dedos da xoxota. Ele apertou no local da dor, e ela disse: é aí.

 

Olhou com cara de gueixa saliente, ele correspondeu, ela pegou a mão do sujeitinho, colocou na altura e direção da gruta receptiva e, já úmida, e disse: aqui também, ele nobilíssimo na arte de dedilhar, arte inerente aos profissionais desse tipo. Na décima segunda fricção clitoriana, Tsuru gozou, danada, mostrou sua arte de sedução e brincou como quis com o Deus Grego.

 

Duas semanas depois, ela completou os 6 km de Santo Reis da simpática Londrina em tempo recorde.


Paulo Azevedo - Histórias de Ex-Boleiros quinta, 17 de agosto de 2017

COBRADOR DE ÔNIBUS AFRODISÍACOS

COBRADOR DE ÔNIBUS AFRODISÍACO

Paulo Azevedo

 

 

(Carta recebida de uma querida amiga, leitora desta minha coluna semanal aqui no Almanaque Raimundo Floriano)

 

Adoro cobrador de ônibus. Aquela camisa azul com o botão aberto na altura do Peito, aquela toalhinha na mão... Fico doida.

 

Tem uns garotões, gatinhos... Sempre tive tesão em cobrador, acho que começou no dia que vi o filme: A Dama da Lotação.

 

Moro longe do trabalho, sou uma mulher fogosa, gosto de exibicionismo, correr risco de ser pega fudendo.

 

Um dia, criei coragem. Peguei o ônibus na Central do Brasil, seria uma hora e vinte até o ponto final, na baixada. O cobrador era uma delícia, negro, forte, peito e braços musculosos; o motorista, um moreno jovial e mais discreto. Gostei do cobrador.

 

 Sentei pertinho. Quando passei na roleta, fiz questão de segurar a mão dele quando devolveu o troco, ele riu... Ficamos trocando olhares. Vi que ele fez algum sinal para o motorista que, imediatamente, me olhou pelo retrovisor e riu.

 

Ficamos os três trocando olhares. Depois de uma hora e meia, chegamos no ponto final, só nós três no ônibus... Para, para, para! Hoje é quarta... Esse conto será para amanhã!


Paulo Azevedo - Histórias de Ex-Boleiros quinta, 10 de agosto de 2017

MEUS APELIDOS

MEUS APELIDOS

Paulo Azevedo

 

 

Não conheço ninguém com mais apelidos do que eu. Vai desde "Cabeça de laje" até "Arco do triunfo”, passando por "Anão que cresceu" até chegar a "Alicateeeeee", não esquecendo "Centauro" e "Bode Velho" (esse dado pela família em virtude da minha forma ranzinza).

 

Dizem que sou o primeiro cara que faz autobullying. Devo isso aos meus pais, que incutiram em mim a visão de que ninguém é melhor ou pior que ninguém, todo mundo tem um medo, uma vergonha, uma virtude.

 

Me preocupo muito que nossas crianças sejam criadas e educadas por uma geração de pais "Mimi", pais chatos e politicamente corretos, claro, quando interessa. Bullying existe? Claro, e é perigoso e cruel, há crianças cruéis.

 

E os pais? Somos inseguros e contaminamos nossas crianças com nossos medos, somos péssimos educadores, não criamos os filhos para o mundo, criamos para nossa redoma, e quando a redoma se abrir, eles não saberão voar por asas próprias. Acho que o maior e pior bullying começa em casa: Filha, você está gorda; Filho: você é idiota... E assim vai!

 

Tinha esquecido: também tenho alcunhas de filósofo, mestre e guru. Bom, esses apelidos me contagiam tanto quanto os outros, afinal de contas não sou nada disso nem daquilo. Sou apenas um agradecido à vida.

 

 

 


Paulo Azevedo - Histórias de Ex-Boleiros quinta, 03 de agosto de 2017

DÚVIDA CRUEL

DÚVIDA CRUEL

Paulo Azevedo

 

 

Faz cinco dias – disse-me o amigo Sarmento – que comecei uma obra lá em casa. Separei do primeiro casamento (26 anos casado) por causa da Joaninha, apaixonei.

 

Mudei de apartamento, e Joaninha fez questão de reforma. Sexta passada, quando cheguei em casa no meio da tarde, o pedreiro estava tomando banho na nossa suíte, e Joaninha vendo televisão na sala. Achei estranho, mas tudo bem.

 

Ontem, cheguei no final do dia de surpresa. O pedreiro não estava mais, Joaninha de cabelos molhados, o blindex do box embaçado, a tampa do vaso sanitário levantada e Joaninha reclamando do serviço do pedreiro. Fiquei com a pulga atrás da orelha.

 

Minha ex-esposa jogou uma praga dizendo que eu seria corno dentro da minha própria casa. Será que a profecia está se concretizando? Joaninha é uma esposa dedicada e delicada, responsável, mesmo sendo tão nova.

 

– Quantos anos tem a Joaninha? – Indiscreto, perguntei

– Trinta e um – respondeu Sarmento.

– E você?

– Sessenta e dois.

 

Fiquei calado.

 

– Paulinho, sabe por que estou perturbado? O pedreiro é bonito para cacete.

– Mas ela não reclamou do Pedreiro?

– É, mas quem desdenha quer comprar... Será o que o pessoal acha? Será que sou corno?


Paulo Azevedo - Histórias de Ex-Boleiros quinta, 27 de julho de 2017

A HORA DE PARAR

A HORA DE PARAR

Paulo Azevedo

 

 

Vou tentar até os vinte e cinco anos, era o prazo estipulado. Não tão jovem para o futebol, não tão velho para recomeçar a vida. Fui um ano a mais, fui até os vinte seis, parei com a história de inúmeras lesões físicas e poucas lesões na alma, não guardei rancor, digerir bem o fim.

 

No início são milhares de moleques, depois centenas, depois dezenas, depois dúzias, depois três e talvez um. Lembro das peneiras do Fluminense, uma multidão, raro alguém ser pescado, não tem tempo hábil, fui porque já era conhecido do futsal, meu teste foi mera formalidade.

 

Juvenil no tricolor das Laranjeiras, não era para qualquer um, muito menos ser titular. Depois nos Juniores, alguns queridos ficaram para trás, alguns até melhores que eu, mas eu fui, de repente, profissional. Possibilidade de sucesso, fama, riqueza, mas a realidade é outra quando aparecem as lesões, os empresários, treinadores inseguros, equipes fracas, o cara tem quer ser fora de série ou louco para não se deixar perturbar.

 

Como não era fora de série e muito menos louco, aquele meio sempre incomodou muito. Lembro de muitos moleques craques que pararam no meio do caminho, virtuosos com a bola que quis o destino brecar o horizonte. Não fui nenhum craque, era bom, estava no nível da maioria, mas futebol assim como na vida necessita sorte.

 

 Digo para os pais de atletas, não deixem seus filhos pararem de estudar, não façam dos seus filhos a galinha dos ovos de ouro, triste é lá na frente carregar o sentimento de frustração. E quando parar, recomeçar? Ter sabedoria para pendurar as chuteiras é o mais difícil, poucos conseguem, as vezes é o destino que se encarrega disso. Vai na dor. As vezes encontro colegas da época do futebol que depois de dois chopes dizem: Porra a gente não deu certo.

 

-Alto lá. A gente um dia sonhou. Pior seria nunca ter sonhado. Nego a carregar frustrações, até porque todo dia é dia para voar mais longe. Até os sonhos tem limite!


Paulo Azevedo - Histórias de Ex-Boleiros segunda, 24 de julho de 2017

ESTE CARA SOU EU

ESTE CARA SOU EU

(Texto do Mestre José Roberto Padilha)

 

Os cabelos, o bigode, as espinhas e os meniscos se foram. O olhar cansado, após 90 minutos defendendo uma nação, tinha na foto uma explicação: o Flamengo vencera o Vasco por 3x1 e conquistara, após correr os 90 minutos, pela avaliação do Jornal dos Sports, a melhor nota da minha carreira: 9,5. Portanto, acreditem porque já se passaram 41 anos: este cara sou eu.

 

Apenas Arthur Antunes Coimbra levara uma nota maior naquela tarde, um 10, porque já era o Zico. E marcara dois gols, um deles inesquecível na cobrança de uma falta. Tinha motivação de sobra para jogar o que joguei: o Maracanã recebia no dia 4 de abril de 1976, 174.770 pessoas. O quinto maior público da sua história. Três vezes a população da minha cidade, Três Rios. Pelo menos, ficara sabendo na véspera, que três kombis e dois ônibus da Viação Salutaris conduziriam para lá um pouco da minha gente. Meus pais, irmãos, primos e amigos acabaram também por lá acotovelados. Não poderia decepcioná-los. Não duvidem de quem não dormiu de tão ansioso a noite anterior ao clássico: este cara da foto sou eu.

 

Fui para o Flamengo duvidando de mim mesmo. Como tricolor de carteirinha, escudo pintado no caderno do Colégio Entre-Rios e lambrecado de pó de arroz toda vez que ia aos jogos, passei sete anos nas Laranjeiras torcendo e jogando pelo Fluminense. Ou jogando e torcendo, a recompensa era a mesma. De repente, a troca. Eu para a Gávea, Doval para as Laranjeiras. Da noite para o dia, atleta profissional de futebol. Fim do amor à camisa. Início de fato da profissão. Daí, corri feito um louco e devo ter jogado como gente grande. E afirmo, porque tinha que provar para mim mesmo que podia vencer com outra camisa, mesmo que fosse “a inimiga”: este cara sou eu.

 

Dia 11 de Agosto de 2017, sexta-feira, às 19h30, na Livraria Favorita, no Shopping Olga Sola, estarei autografando meu novo livro: “Memórias de um ponta à esquerda!” Para provar, levarei comigo os olhos do Bruno, os cabelos da Roberta, o rosto do Guilherme e a coração rubro-negro da Priscila Ou colocarei uma peruca. Pouco importa: estarei por lá esperando vocês. Porque este ponta esquerda aí da foto, um tricolor que se orgulha de ter defendido uma nação, jura para vocês: este cara sou eu.


Paulo Azevedo domingo, 13 de novembro de 2016

A MORTE

A MORTE

Paulo Azevedo

 

                        A morte, para alguns medo e mistério; para outros a eternidade. Certeza mesmo, é que todos morrerão. Uns irão cedo demais, outros, tarde demais e outros ainda morrerão em vida. Para esses, a morte física seria melhor.

 

                        Morrer fisicamente todo mundo irá, importante não é saber como, qual a doença ou de velhice, mas sim como investiu o seu tempo, o que terá feito de útil, qual sua grande obra? Não precisa ter esculpido o David de Michelangelo; pintado a Mona Lisa de Da Vinci; desenvolvido a Teoria da Relatividade de Einstein, composto a Quinta Sinfonia de Beethoven, dançado como Michael Jackson ou driblado como Garrincha; aos gênios a genialidade; nossa grande obra talvez seja um grande casamento, ter educado bons filhos, ter feito grandes amigos e ter aprendido a dormir e acordar bem todos os dias, nos tornamos imortais aos pequenos grandes detalhes. Nossos filhos e netos lembrarão da gente, os amigos na mesa do bar contarão aquele caso: “lembra fulano, que figura, que falta ele faz”.

 

                        Morrer em vida? Não se permita. “A morte só interessa aos mortos. Vivos, temos que nos preocupar com a vida” (Do livro No fio da vida).

 

 

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Paulo Azevedo quinta, 10 de novembro de 2016

ROUBARAM O SABOR DE NOSSA INFÂNCIA

ROUBARAM O SABOR DE NOSSA INFÂNCIA

PAULO AZEVEDO

 

                        O tempo já é não tão soberano quanto antes. Dia desses, fui à feira, onde todas as frutas estavam presentes nas barracas, de framboesas a jacas, passando por morangos, até nectarinas.

 

                        Sempre soube que manga era uma fruta de final de ano; caqui em abril e maio; goiaba em setembro; morango nos meses mais frios. Frutas sazonais eram esperadas e significavam algo, férias, no caso das mangas.

 

                        Hoje, quase todas são enxertadas, insípidas, maiores que o tamanho natural – tem morango que parece maçã. Roubaram nossa alegria infantil pelas frutas.

 

                        Antigamente, quem morava no Sudeste não tinha acesso tão facilmente às frutas do Norte/Nordeste do nosso Brasil. Lembro da primeira em vez que tomei um sorvete de mangaba, no Recife, que delícia! Levei anos com esse sabor inesquecível na minha memória, até que um dia, recentemente, aqui no Rio de Janeiro, pedi o sorvete da mesma fruta, mas a diferença no contexto foi enorme, o sabor era outro, o cheiro da maresia pernambucana não estava presente, e meus sonhos infantis tinham ficado para trás. Doeu o coração.

 

                         Boa é banana, que dá durante o ano todo, mas até a banana estão fazendo no laboratório. Além de o tempo roubar nossa infância, ele agora permitiu aos homens que falsifiquem o sabor infantil de roubar uma goiaba na casa daquela vizinha chata.

 

                         Só nos restaram as lembranças da mangueira na casa da vó, que foi derrubada, e beber suco de caixinha.

 

 N. E. - Paulo Azevedo é Fisioterapeuta, Especialista em Fisioterapia Esportiva e pós-graduado em Fisioterapia Neurofuncional, Mestre em Ciência da Motricidade Humana, com formação em Filosofia à Maneira Clássica. É detentor de bela história de vida. Nascido em Brasília, em 1971, desde a infância se destacou como craque no futebol. No início de 1986, aos catorze anos, artilheiro no Distrito Federal em sua fixa etária, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, no intuito de firmar-se profissionalmente naquele esporte. Após frequentar as categorias de base do Fluminense, chegou ao time principal, fazendo um gol no jogo de estreia. A partir de então, no tricolor, ou emprestado a outas equipes, conheceu quase todo o Brasil. Um dia, ainda no vigor da carreira, teve um estalo: resolveu dedicar-se aos estudos, para garantir o futuro quando seu futebol entrasse em declínio. Foi uma dádiva de Deus! Hoje, com os títulos supracitados, é um dos Fisioterapeutas mais destacados no âmbito carioca e paquerado por vários artistas globais. Ganhou fama, mas não se deitou na cama! Abraçou, também, a Literatura e, em 2015, lançou o romance No Fio da Vida, com retumbante sucesso, culminando, por ora, neste ano de 2016, com a colocação em 3º Lugar em concurso internacional, recebendo o troféu na Academia Brasileira de Letras.

 

Capa e contracapa do romance

 

Certificado da premiação

Agora, descendo de tão honroso pódio, Paulo Azevedo vem abrilhantar as páginas deste Almanaque, como um de seus colunistas, motivo de muita alegria para todos nós.

Last, but not least – por último, mas não menos importante: Paulo Azevedo é sobrinho de sangue de minha mulher, e meu, por afinidade. Somos, por conseguinte, farinha do mesmo saco!

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