Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)
Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 25 de dezembro de 2019
NATAL AGRESTE (CORDEL DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)
NATAL AGRESTE * O natal que vejo agora É um natal diferente É só troca de presente Jesus, o povo ignora. Saudades tenho d’outrora Do natal que antes tinha O presépio era lapinha, Montado lá na matriz, Na igreja o povo feliz Rezava sua ladainha. * Era simples o presente Porém sem reclamação, Era só animação Da criançada contente Animando o ambiente Que hoje não vejo igual. A árvore de natal De garrancho era feita E eu ficava satisfeita De ajudar no ritual. * Era mesmo devoção Ir para missa do galo, A ceia era um regalo, Nos natais do meu sertão Tinha comemoração Mas tinha o Deus menino Lá no templo nordestino Nos meus natais do agreste Onde a estrela celeste Guiava nosso destino.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 11 de dezembro de 2019
BORDANDO VERSOS (CORDEL DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)
BORDANDO VERSOS
Dalinha Catunda
BORDANDO VERSOS * Como quem faz um bordado Vou fiando meu cordel Procurando ser fiel Tramo com todo cuidado Cada ponto do traçado Faço com dedicação Trago a metrificação Pra cada verso compor FAÇO RIMA COM AMOR FAÇO CORDEL COM PAIXÃO
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 04 de dezembro de 2019
O QUE FAZ A CARESTIA DA CARNE? (CORDEL DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)
O QUE FAZ A CARESTIA DA CARNE?
* Fui com marido ao açougue Lá cheguei a me zangar Pois vendo o preço da carne Começou a resmungar Desse preço compro não Como é bife do “oião” E danou-se a reclamar. * Ele cheio de argumento Falava e dizia assim: A gente come feijão, E farofa de “toicim,” Deixe logo de ora pois Também tem baião de dois E isso tá bom pra mim. * Eu saí batendo pé Sem querer me conformar Zangada que nem o cão Esse cabra vai pagar Eu fiz como ele queria Contudo a minha alegria Ele conseguiu quebrar. * Quanto chegou a noitinha Que a gente foi se deitar Virei de costas pra ele E ele a me cutucar Querendo carne comer Eu disse: Tu vais morrer Mas carne não vou te dar. * Durante o dia eu sonhei Com costela e costeleta Ele querendo poupar Já deu uma de ranheta Quando apertou a vontade Deixei ele na saudade Dispensei sua baioneta.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 29 de novembro de 2019
SEM PODA (CORDEL DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)
SEM PODA * Não tente apagar o brilho, Que carrego em meu olhar. Não queira conter o riso, Que insisto em ostentar. Sou mulher independente, É boa minha semente, Escolhi onde brotar. No solo que eu germino, O meu canto feminino, Não deixo ninguém podar.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 06 de novembro de 2019
Vi a pomba bater asas Esvaziando o terreiro Era só um passarinho Buscando novo roteiro Pomba-de-arribação Bem comum lá no sertão No ir e vir corriqueiro.
Quando pousou na vivenda Já era tempo de estio Entretanto fez seu ninho Acabei com seu fastio Cuidada com bom xerém Ela sentia-se bem Arrulhava a cada cio.
Vi a rola satisfeita Sempre renovando o ninho E dava graças a Deus Por tê-la em meu caminho Mas tudo acabou em nada Pois a rola desalmada Sumiu em um torvelinho.
E foi-se a pomba vadia Foi-se a Burguesa também Por rolas eu não lamento Umas vão e outras vem E foi-se a pomba terceira Não será a derradeira Que meu alçapão detém.
Outro dia eu avistei A vadia em meu quintal. A Burguesa toda prosa Vi pousando em meu varal Mas quem hoje me fascina É uma pomba-divina Conhecida por trocal.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 15 de outubro de 2019
O ANJO BOM DA BAHIA HOJE É SANTA NO ALTAR
Santa Dulce dos Pobres
O ANJO BOM DA BAHIA HOJE É SANTA NO ALTAR * Foi fazendo caridade Acolhendo cada irmão Que seu nome correu chão Irmã Dulce era bondade Sua força de vontade Era firme ao abraçar Viveu para amenizar Do pobre sua agonia O ANJO BOM DA BAHIA HOJE É SANTA NO ALTAR
Mote e glossa de Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 14 de outubro de 2019
Você gritou: Ô de casa! Eu saí e dei bom dia Me pediu um copo d’água A desculpa eu conhecia Saí quase no pinote Fui pegar água no pote Lhe servi com alegria.
Você me olhava com gosto E eu olhava pra você Ali nascia um chamego E nós dois dele a mercê Eu no começo corava Quando você me chamava Minha flor de muçambê.
Quando o fole da sanfona Gemia nalgum lugar Você trocava de roupa Corria pra me pegar E naquela brincadeira No forró a noite inteira Eu via o suor pingar.
Teu copo grudado no meu Meu corpo no teu grudado O povo todo olhando O nosso rodopiado Não tinha naquele chão Pras bandas do meu sertão Um casal mais animado.
Eu me arrumava todinha Com meu vestido de chita Aquela flor encarnada Me deixava mais bonita Você na sua paixão Roubou pra recordação Meu laço feito de fita.
Era um xodó animado Era um chamego ladino Tinha cheiro no cangote Coisa só de nordestino Ao som de xote e baião Embalamos a paixão Era um chamego bem-vindo.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 11 de outubro de 2019
XODÓ NORDESTINO
XODÓ NORDESTINO
*
Você gritou: Ô de casa!
Eu saí e dei bom dia
Me pediu um copo d'água
A desculpa eu conhecia
Saí quase no pinote
Fui pegar água no pote
Lhe servi com alegria.
*
Você me olhava com gosto
E eu olhava pra você
Ali nascia um chamego
E nós dois dele a mercê
Eu no começo corava
Quando você me chamava
Minha flor de muçambê.
*
Quando o fole da sanfona
Gemia nalgum lugar
Você trocava de roupa
Corria pra me pegar
E naquela brincadeira
No forró a noite inteira
Eu via o suor pingar.
*
Teu copo grudado no meu
Meu corpo no teu grudado
O povo todo olhando
O nosso rodopiado
Não tinha naquele chão
Pras bandas do meu sertão
Um casal mais animado.
*
Eu me arrumava todinha
Com meu vestido de chita
Aquela flor encarnada
Me deixava mais bonita
Você na sua paixão
Roubou pra recordação
Meu laço feito de fita.
*
Era um xodó animado
Era um chamego ladino
Tinha cheiro no cangote
Coisa só de nordestino
Ao som de xote e baião
Embalamos a paixão
Era um chamego bem-vindo.
*
Versos de Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 09 de outubro de 2019
Você se diz cabra macho Valentão e coisa e tal Que me leva no bornal Só para apagar meu facho Eu querendo lhe despacho Porém não fujo da rinha Se souber levar Dalinha O duelo acaba em nada Pra sua faca afiada Tem couro minha bainha.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 05 de outubro de 2019
UM MOTE E UMA GLOSA - 05.10.19
PONHA GOTAS DE PRAZER
NESSA SUA TRAJETÓRIA.
*
Felicidade é visita
Que chega mas vai embora.
Quando some a gente chora,
Porque dela necessita.
É passageira, é restrita,
É um pingo em cada história,
E por ser tão transitória.
Desnude-se pra viver:
PONHA GOTAS DE PRAZER
NESSA SUA TRAJETÓRIA.
*
Glosa e mote de Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 02 de outubro de 2019
CUIDE DO SEU IDOSO – 1º DE OUTUBRO, DIA INTERNACIONAL DO IDOSO
Quem tem o seu idoso Consciência deve ter. Cuidar dele com carinho, É obrigação, é dever. Ter zelo, ter paciência, E também tomar ciência: Todos vão envelhecer.
Não maltrate um ancião Que já não sabe o que faz Mas que foi seu alicerce E já foi muito capaz Já lhe deu casa e comida Mas antes lhe deu a vida E merece enfim ter paz.
Cada vez que a paciência, Fugir do seu coração Reze, reflita e pense, Não faça judiação Pois quem não morre envelhece E quase sempre padece Sofrendo de mão em mão.
Não se esqueça de lembrar De quem de você lembrou. Nos verdes anos da vida De você sempre cuidou. Mesmo hoje sem memória Faz parte da sua história, Que o tempo não apagou.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 22 de setembro de 2019
Quem quer ser bem recebido Aprende a receber bem Jamais inventa porém E não se mete a sabido Quem só quer ser merecido Não tem vaga do meu lado Termina sendo enxotado Eu não ofereço ajudas Pois quem enche cu de judas É molambo bem socado.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 19 de setembro de 2019
Você se diz cabra macho Valentão e coisa e tal Que me leva no bornal Só para apagar meu facho Eu querendo lhe despacho Porém não fujo da rinha Se souber levar Dalinha O duelo acaba em nada Pra sua faca afiada Tem couro minha bainha.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 12 de setembro de 2019
Eu não conheço Dalinha Mas desejo conhecê-la Todo poeta precisa Conhecer uma estrela Não pra ser o dono dela Mas para aplaudi-la e vê-la.
Dalinha Catunda
Eu já conheço Daudeth E muito, de ouvir falar, Fama de cada Bandeira Faz o mastro tremular Seu clã é constelação Constantemente a brilhar.
Daudeth Bandeira
Dalinha pega mais fogo Do que capim no verão, É do tipo das caboclas Que pingam brasa no chão, São responsabilizadas Por quase todas queimadas Que existem no sertão.
Dalinha Catunda
Sou fogueira de paixão Lambendo o chão da campina Incendiando o agreste Tal ventania ladina Apesar de ser matreira Não sou de queimar Bandeira Meu fogo não desatina.
***
PRA SUA FACA AFIADA TEM COURO MINHA BAINHA. * Você se diz cabra macho Valentão e coisa e tal Que me leva no bornal Só para apagar meu facho Eu querendo lhe despacho Porém não fujo da rinha Se souber levar Dalinha O duelo acaba em nada PRA SUA FACA AFIADA TEM COURO MINHA BAINHA.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 10 de setembro de 2019
Alta, branca tão bonita, Mas quanta dor nela existe No dourado dos cabelos Sua nobreza persiste Caminha com elegância Deixando sua fragrância No caminho a moça triste.
Nos lábios um ar de riso No olhar tanta tristeza Compondo sempre o semblante Sem ofuscar a beleza Da rapariga tristonha Que não vive, apenas sonha, No seu mundo de incerteza.
Pobre princesa sofrida Que conseguiu ser rainha Porém vive acorrentada Mesmo se solta caminha Em cada canto do rosto É visível seu desgosto Ao transportá-lo definha.
E na sua ingenuidade. Príncipe era encantado! Palácio sem atração, Castelo desmoronado, É a causa do desgosto Tracejado no seu rosto No fracassado reinado.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 24 de julho de 2019
Sou cearense da gema Onde o sol nasce encarnado A minha cabeça chata Faz parte desse legado Nunca me vi coitadinha Faca, tirei da bainha Pra riscar o meu traçado.
No Rio sou Paraíba, Em São Paulo sou baiana Minha nordestinidade Não me deixa ser fulana Na Feira dos Paraíbas Revejo em minhas idas Que nossa gente se irmana.
Não nasci pra ser piolho Tenho meu discernimento Jamais segui a manada Pra isso tenho argumento Prefiro ter meu poder Sem empoderada ser Só sigo meu pensamento.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 05 de julho de 2019
Eu vi cão feroz babando Eu vi cadela latindo E o mundo inteiro assistindo A nossa degradação No canil tanto ladrão Com medo duma coleira Estavam sem focinheira E aumentou o meu temor Quase morde o domador A matilha brasileira.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 02 de julho de 2019
Eu bem sei que tudo passa Na vida que a gente tem Por isso é que vivo a vida Decidida e sem porém, Pois triste de quem nasceu Viveu e nem percebeu O prazer de ir além.
Montei no lombo da vida E na sela eu me aprumei As rédeas em minhas mãos Com firmeza segurei Aticei meu alazão Tirei poeira do chão A porteira escancarei.
Assim eu ganhei o mundo Na estrada não me perdi Provei dos sabores da vida Chorei pouco e mais sorri Dei aval ao coração Pra cada contravenção Das emoções que senti.
Em noite de lua cheia O luar foi companheiro Banhou-me com sua prata Seduzi meu companheiro Que vendo o brilho da lua Rajando a pele nua Operou como posseiro.
Criei asas e voei Até devorei zangão Provei geleia real Escapei por ter ferrão A vida não foi só mel Se por vezes fui cruel Faltou-me submissão.
Eu apeei em açude Em ribeirão e riacho Nos lugares mais bonitos Arrefeci o meu facho Pois a vida me sorria E a dona hipocrisia Deixei com cara de tacho.
Quem arriscou me laçar Ficou com corda na mão Eu derrubei muita estaca E até cerca de mourão Campeei como eu queria Hoje faço é poesia Dessa saga no sertão.
Dei corda ao meu instinto Feito Maria Bonita Meu fado eu canto em verso Pois não caí em desdita Entre o profano e o sagrado Meu norte foi consagrado Sou mulher e sou bendita.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 18 de junho de 2019
A SAGA DO SABUGO (CORDEL DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)
A SAGA DO SABUGO
Dalinha Catunda
. Meu caro amigo quem acha, Que o sabugo é o vilão. Nunca correu paro o mato, Bem cheio de precisão. Depois do serviço feito É que da fé o sujeito Que faltou papel a mão. . Um sabuguinho perdido, No meio do milharal, É a salvação da lavoura E até que não pega mal. Quem é que vai recusar, De com ele se limpar Sem outra escolha afinal? . Não fiquem de boca aberta. Nem pensem que é novidade. Pois ele era apreciado, Nos campos e na cidade. Passou na bunda de gente Que posava de decente, Da alta sociedade. . O sabugo, meu amigo Já foi de grande valia. Bunda de ricos e pobres, Muitas vezes acudia. Mas o povo é bem cruel Agora que tem papel, O sabugo repudia. . Nos velhos tempos foi tido Como a melhor solução. E limpa, coça e penteia, Dizia a população. Que nos tempos das refregas Já andou limpando as pregas, Sabugo era a salvação * Versos de Dalinha Catunda Foto da página Enquanto Isso em Goiás
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 09 de junho de 2019
Qualquer semelhança com a vida dos racionais é mera coincidência
Nesses tempos atuais Amigo vou lhe contar Tem coisa que não entendo Também não posso explicar Pois até a natureza Exibe sua aspereza Quando resolve brigar.
Um periquito vadio Que gostava de dinheiro Resolveu grana ganhar Não aqui, no estrangeiro, Começou a atuar E viu seu plano vingar Foi esperto e foi ligeiro.
Para uma pomba lesa O periquito ligou Mas a rola vaidosa Burra nem desconfiou Que o tal do periquito Todo sarado e bonito Um bom golpe planejou.
O periquito esperto Enviou fotografia Mostrou que era capaz De encarar uma porfia E a pomba encantada Logo caiu na cantada Sem saber o que fazia.
Periquito decidido Resolve a situação Levou a pomba abestada Direto para o colchão Foi pena pra todo lado Fizeram amor adoidado Até rolaram no chão.
O periquito contente Deu conta do seu recado A rola baixou a cabeça Quando viu o resultado É hoje ave acuada Porque vai ser depenada O golpe foi confirmado.
Após contar essa saga Pasmada eu aqui medito: Pois tem coisa que me assombra Eu vejo e não acredito Só sendo coisa do diabo É pomba tomar no rabo Por comer um periquito.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 05 de junho de 2019
EU LEVO MINHA VIDINHA, DO JEITO QUE GOSTO E QUERO (MOTE E GLOSA DE DALINHA CATUNDA)
EU LEVO MINHA VIDINHA
DO JEITO QUE GOSTO E QUERO
Dalinha Catunda
EU LEVO MINHA VIDINHA
DO JEITO QUE GOSTO E QUERO.
Mote e glosas de Dalinha Catunda
*
Não nasci pra ser padrão,
Tenho manha e sou teimosa,
Não sou fraca ou desditosa,
Piso com força no chão.
Eu sou mulher do sertão!
Sem queixa, sem lero-lero,
Ti ti ti eu não tolero,
Quem diz isso é Dalinha:
EU LEVO MINHA VIDINHA
DO JEITO QUE GOSTO E QUERO.
*
Resolvi ser diferente
Somente pra não ser santa
Eu sei que meu jeito espanta
Porém fico indiferente
Pra viver eu boto é quente
Tempo bom eu não espero
Levo na valsa ou bolero
A saga que é só minha
EU LEVO MINHA VIDINHA
DO JEITO QUE GOSTO E QUERO.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 15 de maio de 2019
Quando meu papai me fez Diz ele que caprichou Começou no escurecer E a noite inteira levou Não faltou material A gala era especial Mamãe também cooperou.
Capricharam nos olhinhos Na boca, queixo e nariz Minha mãe abriu as pernas E o velho passou o giz Assim foram desenhando E formato fui ganhando Naquele dia feliz.
Quando painho chegou Largou logo a lazarina E disse para mainha Hoje eu faço uma menina Os documentos lavou E com mamãe se deitou E apagou a lamparina.
Numa cama de pau duro Começou o rebolado Meu velho ia e voltava E mamãe fazendo agrado Para eu não nascer feia Fizeram na lua cheia E foi bom o resultado.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 05 de maio de 2019
AFLORA A LIBERDADE
AFLORA A LIBERDADE
Dalinha Catunda
Já fui árvore nativa
Crescendo bem natural
Mas o machado da vida
Em mim fez corte brutal
Com sua poda inclemente
Quis me fazer diferente
Mas teimei em ser igual.
*
Por ter raízes profundas
Presa a terra continuei
E nos troncos decepados
Ramagem nova espalhei
De cada poda aplicada
Saía revigorada
Por isso me propaguei.
*
Florida reflorescida
Dei fruto também semente
A parte que foi podada
Cresceu abundantemente
E na estação das flores
Dos sonhos ouço rumores
Perfumando meu presente.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 01 de maio de 2019
VENTO NA CARNAUBEIRA (POEMA DE DALINHA CATUNDA)
VENTO NA CARNAUBEIRA
Dalinha Catunda
*
Quem nunca escutou o vento
A farfalhar nas palmeiras
Não sabe o quanto é bonito
O som nas carnaubeiras
Precisa ver a beleza
Invenção da natureza
Que vejo nas Ipueiras.
*
Foto e versos de Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 21 de abril de 2019
NO REINO DA GATUNAGEM TUDO RIMA COM LADRÃO
NO REINO DA GATUNAGEM/ TUDO RIMA COM LADRÃO
NO REINO DA GATUNAGEM
TUDO RIMA COM LADRÃO
*
Nessa grande maratona
Onde só se vê ladrão
Cada um quer defender
Seu partido ou facção
Mas vejo o povo perdido
No meio da discussão.
O que realmente sei
É que houve o mensalão
Não demorou muito tempo
Estourou o petrolão
Desde os tempos mais remotos
Rouba-se nessa nação.
Os políticos discutem
De cada ator a ação
Quem desfalcou mais ou menos
Quem primeiro pôs a mão
Institucionalizando
Essa esculhambação.
Na câmara tem corrupto
Não venha dizer que não
E no senado se vê
A mesma situação.
E o povo besta brigando
Por político ladrão.
*
Versos de Dalinha Catunda
Charge de LILA
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 18 de abril de 2019
QUANDO PAPAI ME FEZ
QUANDO PAPAI ME FEZ
Dalinha Catunda
Quando meu papai me fez
Diz ele que caprichou
Começou no escurecer
E a noite inteira levou
Não faltou material
A gala era especial
Mamãe também cooperou.
*
Capricharam nos olhinhos
Na boca, queixo e nariz
Minha mãe abriu as pernas
E o velho passou o giz
Assim foram desenhando
E formato fui ganhando
Naquele dia feliz.
*
Quando painho chegou
Largou logo a lazarina
E disse para mainha
Hoje eu faço uma menina
Os documentos lavou
E com mamãe se deitou
E apagou a lamparina.
*
Numa cama de pau duro
Começou o rebolado
Meu velho ia e voltava
E mamãe fazendo agrado
Para eu não nascer feia
Fizeram na lua cheia
E foi bom o resultado.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 14 de abril de 2019
CHEGOU B-R-O-BRÓ
CHEGOU B-R-O-BRÓ
Dalinha Catunda
*
Já chegou B-R-O- BRÓ
Com eles a sequidão
O nordeste pega fogo
Fica mais quente o sertão
Pras bandas do meu lugar
Açudes chegam a rachar
A água some do chão.
*
Até que corre um ventinho
Mas quando bate é quente
Porém na boca da noite
Ele bate diferente
O Aracati afamado
Deixa mais refrigerado
O nosso sertão ardente.
*
Tange a boiada outra vez
O vaqueiro calejado
Que repete sua saga
No remanejar do gado
Recomeça o sofrimento
O aboio é um lamento
Parece um canto chorado.
*
Voa baixo o urubu
Tentando se refrescar
Passarinhos sapateiam
No açude a secar
No cantinho do terreiro
Vejo seco o cajueiro
Que chegou a me encantar.
*
Mesmo assim faço meu verso
Meu fado deu-me traquejo
Sou ave de arribação
Em voo de remanejo
Do meu sertão não desisto
Na minha sina persisto
Com meu canto sertanejo.
*
Fotos e versos de Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 11 de abril de 2019
AS FACES DA CHUVA
AS FACES DA CHUVA
Dalinha Catunda
Quando a chuva esperada Chega molhando o nordeste Uma alegria inconteste Não demora é espalhada O povo cai na risada Vendo a água em profusão Aflora na multidão Clima de felicidade Chuva na grande cidade Não é igual ao sertão.
Quando a chuva chega forte Inunda a cidade grande O aguaceiro se expande Causa dano, causa morte, O povo fica sem norte Com tanta destruição A chuva sem compaixão Exibe sua crueldade Chuva na grande cidade Não é igual ao sertão.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 03 de abril de 2019
O DELEITE DA ROSA
O DELEITE DA ROSA
*
Encantei-me com conversa
De bico de beija-flor
Minha ode hoje versa
Sobre esse sublime amor.
*
Sobre esse sublime amor
Pelo qual fui seduzida
Exalando meu olor
Era por ele sorvida
*
Era por ele sorvida
Ao despertar orvalhada
Libertina e atrevida
Incontida era sugada.
*
Incontida era sugada
E quase a desfalecer
Feliz mas despetalada
Desmanchei-me em prazer.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 31 de março de 2019
CIÚME DEMASIADO DESMANTELA UM CASAMENTO
CIÚME DEMASIADODESMANTELA UM CASAMENTO
Dalinha Catunda
*
Até tempera o amor
O ciúme sendo pouco,
Mas vira coisa de louco
Quando traz angustia e dor.
Transforma-se em temor,
Acarreta sofrimento,
A vida vira um tormento
Quando é exagerado:
CIÚME DEMASIADO
DESMANTELA UM CASAMENTO.
*
Mote, glosa e fotografia de Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 27 de março de 2019
O CIRCO CHEGOU!
O CIRCO CHEGOU
Dalinha Catunda
A cidade se alegrava, Era grande a agitação. Molecada se assanhava, Cheia de satisfação. E fazia estardalhaço Correndo atrás do palhaço Começava a animação. * Era o circo que chegava, Mudando toda rotina, Do meu pequeno lugar Minha terra nordestina Trazendo felicidade Pra minha amada cidade Nos meus tempos de menina. * No finalzinho da tarde, O Palhaço as ruas ia, Subia em pernas de pau, Nem sei como não caía. Atrás dele a criançada Ia toda alvoroçada Ao palhaço respondia: * “-Hoje tem espetáculo? -Tem, sim senhor! - Às sete horas da noite? -Tem, sim senhor! -Hoje tem marmelada? -Tem, sim senhor -As sete horas da noite? -”Tem, sim senhor” * Era assim de rua em rua Girarando pela cidade. Trazendo ao interior, Alegria de verdade. Chamando a população, Carente de animação Carente de novidade. * O coro da meninada, Ouvia-se ecoar E o palhaço caprichava, No seu jeito de cantar. “-Eu vou ali e volto já, - “Vou comer maracujá” Como é gostoso lembrar! * Entre uma cantiga e outra A turma escuta o que quer “-E o palhaço o que é? -É o ladrão de mulher!” Mas era tanta alegria Que o povo feliz sorria. Duma bobagem qualquer. * “-Olha a moça na Janela” Todos – “Olha a cara dela!” Se repetia o palhaço Em sua moda singela Pra buscar a simpatia Do povo que assistia, Seu canto na passarela * -E quem responder mais alto Ingresso pro circo tem! “-O que é que a velha tem?” “-Carrapato no sedém!” Vamos: “ arrocha negrada!” E gritava a molecada Fazendo graça também. * Não sei se minha saudade, Também bate com a sua. Não posso ver um palhaço No circo ou mesmo na rua. Que cantarolo baixinho Com saudade e com carinho Canto que se perpetua: * “Ô raio, o sol, suspende a lua. Olha o palhaço no meio da rua...” * Versos e fotos de Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 27 de março de 2019
A HORA DA AVE MARIA
A HORA DA AVE MARIA
*
Na hora da Ave Maria
Bate o sino na capela
Uma oração bem singela
Perpetro no fim do dia
E peço a Virgem da iria
Rogando com devoção:
Protegei o meu sertão
Ó Virgem mãe tão clemente
Resguardai a nossa gente
Eis a minha invocação.
*
Versos e fotos de Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 25 de março de 2019
DALINHA CATUNDA E REGIOPIDIO GONÇALVES - CANTORIA
Regiopidio e Dalinha
Dalinha Catunda e Regiopidio Gonçalves
REGIOPIDIO GONÇALVES
Desejo de coração
Pra senhora e para os seus
Que a luz do filho de Deus
Atravesse seu portão
Que a bondade e o perdão
Do Deus pai celestial
Traga uma paz sem igual
Cobrindo o lar de alegria
De amor e de harmonia
Nessa noite de Natal.
*
DALINHA CATUNDA
Querido amigo poeta
Amante da poesia
Recebo com alegria
Essa mensagem seleta
Com minha alma repleta
De natalina emoção
Anseio de coração
Que o filho de Deus Jesus
Seja seu guia sua luz
Sua eterna inspiração.
*
Foto do acervo de Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 17 de março de 2019
O PRESENTE PREFERIDO
O PRESENTE PREFERIDO
*
Sempre que chega o Natal
Recordo o tempo passado
E a minha lembrança vem
O que mais ficou marcado
Meu presente preferido
Com certeza o mais querido
Que sempre será lembrado.
*
Não era um presente caro
Porém achava perfeito
O meu olhar de criança
Não encontrava defeito
E replena de alegria
Brincava e me divertia,
Ele era o meu eleito.
*
Uma caixinha pequena
Pertinho do meu sapato
Uma agradável surpresa
Sem fita sem aparato
Mas num papel de presente
Eu abri toda contente
Inda me lembro do ato.
*
Qual não foi minha surpresa
Quando abri a tal caixinha
Pois nela tinham três ovos
E por cima uma galinha
Que de cara eu achei bela
Era de cor amarela
Com crista bem vermelhinha.
*
Ela tinha entre as asas
Uma pequena entrada
Para colocar os ovos
Com engenho arquitetada
Depois de uma apertadinha
Agachava-se a galinha
E cada ovinho botava.
*
Brinquei tanto com a galinha
Pois era uma novidade
Sentia-me das meninas
A mais feliz da cidade
E brinquei até quebrar
As molinhas de agachar
Em uma fatalidade.
*
Essa lembrança bonita
Guardei em minha memória
São nacos da minha infância
Pedaços da trajetória
Etapas da minha vida
Intensamente vivida
Mais um ponto na história.
*
Versos de Dalinha Catunda
Foto www.pinterest.com
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 13 de março de 2019
UM MOTE E UMA GLOSA - 13.03.19
QUEM UM DIA JÁ FOI CANA
AGORA É SÓ BAGAÇO.
*
Hoje você me procura
Mas não lhe dou atenção
Morreu a velha paixão
Virou pó na sepultura
Olhando sua figura
Mal reconheço seu traço
Escapo do seu abraço
Pois meu olhar não se engana
QUEM UM DIA JÁ FOI CANA
AGORA É SÓ BAGAÇO.
*
Mote e glosa de
Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 09 de março de 2019
Irineu da Silva Neto, Está noutra dimensão Mas deixou sua amizade Que guardo no coração Gentil e bem educado Assim será registrado Na minha recordação.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 07 de março de 2019
A minha amizade é De fato incondicional Tenho minhas preferências O que acho natural Cada um tem o seu jeito Mas ninguém tem o direito De querer que eu pense igual.
Quando adiciono alguém Eu não quero nem saber Se macumbeiro ou católico Ou se crente pode ser Não desabono a postura De nenhuma criatura Que escolhe em quem quer crer.
Digo e repito não importa Seu time e religião Orientação sexual Pois isso não conta, não, Seu partido sua cor Aceito seja quem for Respeito é a condição.
Sabemos que na política No passado e no presente A corja de desonesto Nasceu e deixou semente E não venham defender Estupido é querer dizer Que aqui tem inocente.
O pior de tudo isso Digo com sinceridade É o ranço da política Desfazendo amizade Enquanto cada ladrão Conforme a situação Juntam-se em cumplicidade.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 03 de março de 2019
ANO NOVO, VELHO BRASIL
ANO NOVO,VELHO BRASIL
ANO NOVO, VELHO BRASIL
*
Êita minha pátria amada
Ó saqueada nação
Entra ano e sai ano
Sem rumo sem solução
Lei aqui não se assevera
Por isso é que prolifera
No país tanto ladrão.
*
Somente louco acredita
Que tudo vai muito bem
A lama que corre agora
Correrá ano que vem
E o Brasil desgovernado
Podre e contaminado
Virou terra de ninguém.
*
Eu nem sei se Deus daria
Jeito na situação
Roubar é coisa antiga
Já é velha a profissão
E nem Jesus foi poupado
Pois na cruz foi colocado
Ladeado por ladrão.
*
O Brasil hoje é Jesus
Sendo crucificado
É um país promissor
Porém mal acompanhado
E caso não abra mão
De acoitar tanto ladrão
Acabará sepultado.
*
Versos de Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 01 de março de 2019
Eu só quero meus direitos Não queira me adestrar Eu não sou empoderada Nem quero me igualar Minha vida eu comando Não tenho bandeira e bando E gosto de me guiar.
Os mesmos direitos do homem Confesso não quero ter Não quero ter falo e saco E nem ter que endurecer Meu brinquedo é de montar O do homem é de armar Quando enguiça é um sofrer.
A mãe tem sempre certeza Que o filho que gera é dela Porém o pai muitas vezes Acaba numa esparrela Cria o filho sem ser seu Isso já aconteceu Vi na vida e na novela.
Não quero ficar mais tempo No mercado a trabalhar Pra me comparar ao homem Na hora de aposentar Não estou de sacanagem Quero ter essa vantagem Enquanto ela vigorar.
Gosto de mijar sentada Não quero mijar em pé Gosto de usar calcinha Não me vejo de boné Não quero ficar careca Nem também usar cueca No meu tino tenho fé.
Mas uma coisa eu digo Expondo minha postura Eu gosto de ser mulher E sem previsão de cura Nisso não vejo entrave O HOMEM É MINHA CHAVE EU SOU SUA FECHADURA.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 26 de fevereiro de 2019
Sou trocista e faço graça Dos versos sou alquimista.
Mote desta colunista
Eu sei que o mundo não é Só graça, só alegria, Mas por nada eu perderia No bom Deus a minha fé E por isso estou de pé Não sou mulher pessimista Sou poeta cordelista Não dou aval a desgraça Sou trocista e faço graça Dos versos sou alquimista.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 20 de fevereiro de 2019
Tanta mulher dando sopa E eu sem colher pra tomar.
Mote de Abel Fraga
Quando tinha pouca idade Me achava um garanhão Não me faltava tesão Digo com sinceridade Provei da felicidade E mais queria provar Mais vi o pinto arriar Não vai mais de vento em popa Tanta mulher dando sopa E eu sem colher pra tomar.
Este mote está no livro A Prisão de São Benedito, de autoria de Luiz Berto.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 18 de fevereiro de 2019
EU SOU O SERTÃO! (POEMA DE DALINHA CATUNDA)
EU SOU O SERTÃO!
*
Nas terras alencarinas
Eu nasci e me criei
Não foi por causa da seca
Que de lá eu desertei
Parti pra me libertar
E aprender a voar
Migrante assim me tornei.
*
Mesmo desertificado
Eu não largo meu sertão
Viajo pra todo lado
Mas não esqueço meu chão
O mato pode secar
O meu açude rachar
Não mudo de opinião!
*
Sou ave de ribaçã
Não esqueci o roteiro
Vivo entre o Ceará
E o Rio de Janeiro
Tatuei no coração
O retrato do sertão
O meu reino verdadeiro.
*
E quem nunca tibungou
No rio de sua aldeia
Quem nunca namorou
Ao clarão da lua cheia
Quem ao som dum sanfoneiro
Não se enroscou num terreiro
Num chamego que enleia.
*
Só sabe o que é sertão
Quem bebeu água de pote
Já tomou banho de cuia
E sabe o que é um xote
E antes de ser beijada
Já ficou arrepiada
Com o cheiro no cangote.
*
O nordeste é terra quente
Por isso gosto de lá
Sou filha das Ipueiras
Que fica no Ceará
Pertinho do Piauí
Vou ficando por aqui
E jamais ao Deus dará.
*
Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 17 de fevereiro de 2019
A TERRA ESPERA CHORANDO AS LÁGRIMAS QUE VÊM DO CÉU (CORDEL DE DALINHA CATUNDA)
- A TERRA ESPERA CHORANDO AS LÁGRIMAS QUE VÊM DO CÉU.
*
PEDRO ERNESTO
O olho d’água não vê, a correnteza não corre, o morro geme e não morre e a previsão não prevê; o vento não diz porque o trovão se tornou réu, o silêncio do xexéu todo mundo está notando - A TERRA ESPERA CHORANDO AS LÁGRIMAS QUE VÊM DO CÉU.
*
DALINHA CATUNDA
O sertanejo faz prece
Reza para São José
Porém logo perde a fé
Na estiagem padece
De chuva ele carece
E sem fazer escarcéu
Tira e bota seu chapéu
Taciturno observando
- A TERRA ESPERA CHORANDO AS LÁGRIMAS QUE VÊM DO CÉU.
*
RAUL POETA
O sertanejo padece com a secura do açude, animal perde a saúde, o solo só endurece, a esperança falece, o tempo torna-se incréu, tudo vira um fogaréu furioso e calcinando - A TERRA ESPERA CHORANDO AS LÁGRIMAS QUE VÊM DO CÉU.
*
Mote de Pedro Ernesto
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 15 de fevereiro de 2019
Eu comprei sua passagem E guardei o seu lugar No trem da felicidade Imaginei viajar Arquitetei cada rito O sonho era bonito Mas não vi você chegar
Pra não perder a viagem Programei nova ilusão Sempre tem alguém querendo Um espaço num vagão E depois pensando bem Nunca fui de perder trem Dei-me bem na condução.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 10 de fevereiro de 2019
NA INVERNADA (POEMA DE DALINHA CATUNDA)
NA INVERNADA
*
Quando finda a estiagem
Quando chove no sertão
Tudo fica diferente
Brota logo a plantação
A chuva cai todo dia
Biqueira faz melodia
Quando o pingo cai no chão.
*
Relâmpago risca o céu
Vejo o corisco brilhar
O barulho do trovão
Não chega a me assustar
Por detrás do nevoeiro
A serra some ligeiro
Parecendo se encantar
*
A brisa que sopra mansa
Logo vira vento forte
Nos braços da ventania
Cai a chuva muda a sorte
Cheiro de terra molhada
Anuncia a invernada
Novo rumo, novo norte.
*
A caatinga se refaz
Faz mágica a natureza
A grota enche o açude
Na força da correnteza
O rio bota enchente
Meu olhar segue a corrente
Perde-se na boniteza.
*
Versos e foto de Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 30 de janeiro de 2019
UM MOTE E UMA GLOSA - 30.01.19
PORÉM PRÍNCIPE ENCANTADO
É COISA DE ANTIGAMENTE.
*
Peguei meu lápis de cor
Colori nosso universo
Ao lado de cada verso
Eu desenhei uma flor
No caderninho do amor
Eu brinquei de adolescente
Até cupido inocente
Inventei para recado
PORÉM PRÍNCIPE ENCANTADO
É COISA DE ANTIGAMENTE.
*
Botei um batom carmim
E beijei o bilhetinho
Dobrei com todo carinho
Mas não guardei só pra mim
Mandei pra você, enfim,
Toda feliz e contente
Pois não tirava da mente
Meu pretenso namorado
PORÉM PRÍNCIPE ENCANTADO
É COISA DE ANTIGAMENTE.
*
Mas enquanto eu desenhava
O mais bonito castelo
Meu sonho que era belo
Aos poucos desmoronava
Feito criança eu chorava
A dor no peito presente
E o travesseiro ciente
Solidário me alertava:
PORÉM PRÍNCIPE ENCANTADO
É COISA DE ANTIGAMENTE.
*
Versos de Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 29 de janeiro de 2019
UM MOTE E UMA GLOSA - 29.01.19
EU SINTO O CHEIRO DO GADO
ATÉ QUANDO ESTOU DORMINDO.
*
Quando recordo o sertão
A nostalgia me ataca
Lembro o mugido da vaca
Nas manhãs daquele chão
Os passos do meu peão
Parece que estou ouvindo
Suado mas se exibindo
Estava sempre ao meu lado
EU SINTO O CHEIRO DO GADO
ATÉ QUANDO ESTOU DORMINDO.
*
Glosa de Dalinha Catunda
Mote: Francisco Evangelista
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 27 de janeiro de 2019
GENTE BESTA
GENTE BESTA
GENTE BESTA
*
DALINHA CATUNDA
Tem muita gente no mundo
Que não tem nem um tostão
Porém só quer ser as pregas
Quase não pisa no chão
Com o nariz empinado
Não perde o rebolado
Mas morre de precisão.
*
RAINILTON DE SIVOCA
Eu detesto o pobre besta
Que é metido a ricão
Que não paga o que deve
Pra viver de ostentação
Usando perfume caro
E andando só em carrão.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 10 de janeiro de 2019
VOU DE VAGA-LUME
Vou de vaga-lume
Vou de vaga-lume
*
Pra brincar o carnaval
Consultei o meu guru
Sem dinheiro pro cocar
Botei pena de urubu
A roupa a gente resume
Vou tal qual o vaga-lume
Só com luz no mucumbu.
*
Versos e foto de Dalinha
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 06 de janeiro de 2019
EVITE A PICADURA
EVITE A PICADURA
*
Amigo isto é verdade
Eu falo porque convém
Fuja da picadura
Suprima os ovos também
E tenha todo cuidado
O mosquito é abusado
E não respeita ninguém.
*
Versos - Dalinha Catunda
Charge - Alex Ponciano
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 04 de janeiro de 2019
DESPIDA DE PRECONCEITO
DESPIDA DE PRECONCEITO
Rezo pra Nossa Senhora Com fé diante do altar Ladainhas e benditos Sempre gostei de cantar E cheia de devoção Acompanho procissão Nas novenas do lugar.
Ouvindo pontos de umbanda Junto começo a cantar Cheia de requebrados Faceira chego a dançar E você nem acredita Igual a moça bonita Eu faço a gira girar.
Cantarolo um canto gospel Apesar de não ser crente A beleza d’um louvor Não me deixa indiferente Despida de preconceito Respeito e também aceito Quem de mim é diferente.
Se seu time não é o meu Isso não me contrafaz. Se seu partido é outro Isso pra mim tanto faz Só cultiva a amizade Quando há diversidade Quem realmente é capaz.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 30 de dezembro de 2018
MINHA CANTIGA DE CEGO
MINHA CANTIGA DE CEGO
Nessa cantiga de cego Eu quero te desejar Saúde e felicidade No ano que vai chegar Desejo também fartura Para abastecer seu lar. Da praga do mau vizinho Rogo a Deus pra te livrar A santa Luzia eu peço Pra teus olhos conservar Para que a luz do dia Nunca venha te faltar. Que Deus pai te dê vergonha Pra não roubar nem matar Que te dê muito juízo Para não desatinar Que te cubra de fortuna Que é para o pobre ajudar Que Deus lhe dê gratidão Pra de pai e mãe cuidar Dobre sua paciência Pra deles não judiar Que Deus te compreensão Para apender perdoar Que a vida fique mais leve E menor o teu pesar. Da sina do mau amigo Que Deus possa te livrar Que o punhal da traição Não chegue a te alcançar Deus te cuide, Deus te guie, Deus te ajude a caminhar.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 29 de dezembro de 2018
TRÊS GLOSAS
TRÊS GLOSAS
Saudade é dor que martela Dói no peito e faz chorar.
Mote da colunista
É quando chega o Natal E aponta o Ano Novo Que a saudade do meu povo Bate forte sem igual A tristeza é vendaval Que sopra e não quer parar Difícil não soluçar Pois o pranto não protela: Saudade é dor que martela Dói no peito e faz chorar.
A mesa que se fazia Celebrando nossa ceia Agora não é mais cheia Aos poucos se esvazia Falta papai e titia Tony foi sem avisar Cesar não posso abraçar E a verdade me revela: Saudade é dor que martela Dói no peito e faz chorar.
Se eu pudesse me meter Num buraco bem profundo Esquecer a dor do mundo Que chega e me faz sofrer Se eu pudesse me esconder Pra minha dor sufocar Jamais iria cantar Um canto que se rebela: Saudade é dor que martela Dói no peito e faz chorar.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 23 de dezembro de 2018
SERTÃO, BENDITA LEMBRANÇA
SERTÃO, BENDITA LEMBRANÇA
Relembro o tempo passado
Que na memória guardei
A casa onde eu morava
A vida que eu levei
Nem tinha televisão
Mas ali, naquele chão
O melhor tempo passei.
*
No velho fogão a lenha
A minha mãe cozinhava
O abano atiçava o fogo
A caça na brasa assava
Com preá e avoante
Naquele tempo distante
A família se fartava.
*
De chafariz ou cacimba,
Meu caro amigo anote
Era a água de beber
Que se botava no pote
Ou mesmo numa quartinha
Água ficava fresquinha
Caneco tinha um magote.
*
No caneco de alumínio
Tinha meu nome gravado
E cada irmão tinha o seu
Mamãe tinha este cuidado
E pra não entrar caçote
Uma boina tinha o pote
Com laço bem amarrado.
*
Naquele velho sertão
Que vivi quando menina
Por lá se dormia cedo
Luz era só lamparina
E ainda pro meu regalo
Lá se acordava com o galo
Linda aurora nordestina.
*
A lembrança quando bate
Desperta minha saudade
Recordo a vida singela
E a minha felicidade
Os costumes do sertão
Que jamais se apagarão
Da minha realidade
*
Rio de Janeiro, 09/02/2016
Versos e fotos Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 20 de dezembro de 2018
MARCAS INDELÉVEIS
MARCAS INDELÉVEIS
Relíquia preciosíssima! Eu tive tanto cuidado… Era meu vaso chinês Um presente inusitado. Lá se foi minha ilusão Quando vi cair ao chão, E ficar fragmentado.
Primeiro fiquei atônita, Sem poder acreditar. Depois do atordoamento Cheguei a me ajoelhar, Caco por caco peguei, Nem sei bem como juntei! Mas resolvi restaurar.
De posse dos fragmentos Em total concentração, Eu colei cada pedaço, Cheguei a ferir a mão, Mas nada me consolava Pois do vaso só restava A minha desilusão.
Me esmerei pra consertar Aquele meu mimo antigo. Botei no mesmo lugar, Mas quando olho maldigo. Profundamente marcado, Vejo o brinde do passado, Indo quase pro jazigo.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 13 de dezembro de 2018
DUAS GLOSAS
DUAS GLOSAS
Bastinha Job e Dalinha Catunda; foto do acervo da colunista
Mote de Heliodoro Morais:
Fechou a porta do peito E jogou a chave fora.
* * *
Há tempos estou vagando No meu caminho a esmo Já não encontro a mim mesmo Sou vontade, sem comando No mar da vida remando Meu navio não ancora É preciso sem demora Recuperar meu conceito: Fechou a porta do peito E jogou a chave fora.
Bastinha Job
Eu estava me trocando Quando meu amor chegou E de soslaio me olhou Aos poucos foi se engraçando Já estava se animando… Foi quando pedi na hora: Me ajude a fechar agora Meu soutien com respeito! Fechou a porta do peito E jogou a chave fora.
Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 06 de dezembro de 2018
VAI UMA MACAXEIRA AÍ?
VAI UMA MACAXEIRA AÍ?
Foto da colunista
No meu sítio tem fartura Eu não posso me queixar Contudo tem certas coisas Que chego a me admirar Olhando essa macaxeira Até peguei na peixeira Mas tive dó de cortar.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 03 de dezembro de 2018
O CORRUPIÃO
O CORRUPIÃO
Foto da colunista
No finalzinho do tarde Ou no amanhecer do dia Ouço um lindo passarinho Com sua bela melodia Cantando lá na palmeira A bela carnaubeira E me trazendo alegria.
Seu cantar é envolvente De fato chama atenção Tem a beleza na cor É pássaro do sertão Ele é mais uma riqueza Habitando a natureza Chamado corrupião.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 27 de novembro de 2018
NO DIA DE AÇÃO DE GRAÇAS - SERTANEJANDO
NO DIA DE AÇÃO DE GRAÇAS
Mote de Bastinha Job:
No dia de ação de graças Muita paz, muita união!
É dia de agradecer Por tudo que nós colhemos A colheita que tivemos Ao Próximo oferecer, Compartilhar é dever Do homem, do cidadão Abraçar a cada irmão Brindar em todas as taças No dia de ação de graças Muita paz, muita união!
Bastinha Job
Ao bom Deus eu agradeço Por sua misericórdia. Por me livrar da discórdia Nem sei se tanto mereço, Porém trago com apreço Jesus em meu coração. Anseio com devoção Em casas, ruas e praças, No dia de ação de graças Muita paz, muita união!
Dalinha Catunda
SERTANEJANDO
Fotos da colunista
Quando escancaro a porteira Para entrar em meu rincão A dona felicidade Faz festa em meu coração Uma brisa benfazeja Invade essa sertaneja Que não esquece o sertão.
Cada tarde é deslumbrante Ver o ocaso acontecer Por detrás da serra grande Assisto o sol se esconder Deixando um resto de luz Crepúsculo que seduz No dourado entardecer.
Tibungando em minhas águas Eu vejo o sol desmaiar Entre um mergulho e outro Consigo me refrescar E na boquinha da noite O Aracati é açoite Que chega com o luar.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 25 de novembro de 2018
CHICO PEDROSA E A BUCHADA DA PÉU
Chico Pedrosa
CHICO PEDROSA E A PÉU
*
Você esta vendo este Homem
Rezando compenetrado
Roga a Deus em oração
Perdão pra cada pecado
Nem sei se entrará no céu
Sujou o nome de Péu
Nome hoje emporcalhado.
*
Este homem minha gente
Não é um cabra qualquer
Mas difamou para o povo
A cozinha da mulher
Que fazia uma buchada
Bem limpinha, bem lavada
Como a limpeza requer.
*
A Péu caiu em desgraça
Ao contrariar Pedrosa
Que fez da sua buchada
A coisa mais horrorosa
Falou tanta porcaria
Que o povo não mais queria
A tal buchada sebosa.
*
Tudo isso aconteceu
Porque ela recusou
De mandar uma marmita
Que Chico solicitou
Porém no dito momento
Não falou em pagamento
E a quentinha não levou.
*
Pra Péu ficou feia a coisa
Foi a partir desse dia
Chico disse a todo mundo
Que sua comida fedia
Dona Péu desesperada
Não fez mais sua buchada
Pois perdeu a freguesia.
*
Meu caro Chico Pedrosa
Amigo do Coração
Além de rezar na igreja
A Péu peça seu perdão
Da buchada fale bem
Sei que poder você tem
Conserte a situação!
*
Versos e foto de Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 18 de novembro de 2018
FACES DO CORDEL
FACES DO CORDEL
Foto desta colunista
Dona de si bem segura A mulher segue o cordel, E faz bonito papel, Respeita a literatura. Preconceito não atura, Entra na roda com gosto Assume de vez seu posto! Demonstra capacidade E com criatividade Ao cordel dá novo rosto.
Eu hoje sem embaraço, Com muita dedicação, Trago minha tradição, E vou mostrando meu traço. Aqui no Ciberespaço, Digitando cada linha, Meu verso não desalinha! Pois sou mulher de vanguarda, Que a nova mídia resguarda, E ao progresso DA LINHA.
Cordel é reconhecido É bem imaterial Com certeza cultural No Brasil é bem regido Na escola faz sentido Agora ser adotado Em sala de aula aplicado Vai firmar a nossa arte Eu já faço a minha parte E tenho me dedicado.
Já é hora de aprender Que o cordel não é simplório Impõe-se em cada auditório Na peleja do saber Para melhor entender A literatura em verso Desvende esse universo Aprenda o regulamento Pois só o conhecimento Protege-nos do adverso.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 11 de novembro de 2018
JOAMES X DALINHA
“Somos animais políticos”, Disse um grande pensador; Mas a política do ódio Gera conflito e terror; A verdadeira política Prega a justiça e o amor!
Joaquim Mendes – Joames
E tudo que eu não queria Hoje vejo acontecer A confusão entre amigos Amizade perecer Diante dessa disputa Muitos mudam de conduta Nem chego a reconhecer.
Dalinha Catunda
Pois está acontecendo Minha querida Dalinha, Há conflito em toda parte, Confusão onde não tinha, E não é só em Brasília, Atinge a toda família, Inclusive até a minha!
Joaquim Mendes – Joames
Amigo, vou lhe dizer: Não adianta brigar, Pelo sujo e o mal lavado Discutir e se intrigar. O que acontece de fato, É que o povo paga o pato, Inda quer mico pagar.
Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 10 de novembro de 2018
VERSOS DE VAQUEJADA
VERSOS DE VAQUEJADA
Conheço cabra valente Conheço frouxo também O frouxo eu logo dispenso O valente me convém Se souber cuidar de gado E se for do meu agrado Lugar na fazenda tem.
Peão que pega no laço E o boi não sabe laçar É peão feito nas coxas Não serve pra campear Pras bandas do meu sertão Vaqueiro tem precisão O alvo não pode errar.
Quando o vaqueiro desponta Bem cedo naquela estrada Seu aboio puxa o gado E me deixa arrebatada Para ver cena tão bela Me debruço na janela Até sumir a boiada.
Peão quando é corajoso Digo sem medo de errar Nunca desiste do boi Com ele sabe lidar Valente enfrenta a caatinga Se benze depois da pinga E começa a aboiar.
Quando escuto um aboio Só me lembro do sertão Dos tempos das vaquejadas Das festas de apartação Distante do meu lugar Vivo sempre a recordar Costumes do meu torrão.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 04 de novembro de 2018
A LÁGRIMA DO SERTANEJO ENSOPA O CHÃO RESSECADO
A LÁGRIMA DO SERTANEJO
ENSOPA O CHÃO RESSECADO.
Mote: Pedro Ernesto
*
DALINHA CATUNDA
O sertanejo faz prece
Reza pra chuva cair,
Se cai, começa a sorrir,
Pois sabe que o chão carece.
Ele que nunca esmorece,
Vê o nascente tomado,
Olha o céu emocionado,
E chora perdendo o pejo.
-A LÁGRIMA DO SERTANEJO
ENSOPA O CHÃO RESSECADO.
*
REGIOPIDIO GONÇALVES
Se renova a esperança
de cair chuva no chão,
quando o canto do carão
Ecoa pela ribança.
Até onde a vista alcança
se enxerga o céu nublado,
Com o campônio emocionado
com trovão e relampejo.
-A LÁGRIMA DO SERTANEJO
ENSOPA O CHÃO RESSECADO.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 28 de outubro de 2018
CURADA DE COBRA
CURADA DE COBRA
Dalinha Catunda
Você foi fogo de palha
Que a labareda lambeu
Foi nuvem que virou chuva
Caiu no chão e correu
Foi o canto da cigarra
Só pra cantar teve garra
Depois do esforço morreu
*
Você foi folha ao vento
Que a tempestade levou
Você foi caldo de cana
Que na cabaça azedou
Você foi cobra criada
Seu bote não valeu nada.
Curada de cobra sou.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 18 de outubro de 2018
O POVO É O PATRÃO
O POVO É O PATRÃO!
Quem pensa que o povo é bobo Está perdendo dinheiro Já não cai mais na falácia De politico embusteiro Nosso povo hoje é sabido Sabe bem quem é bandido Sabe quem é quadrilheiro.
Gostei no primeiro turno Da limpeza efetuada Quem se meteu em lambança Teve a sua derrocada O povo se dinamiza Engana até a pesquisa Passa a perna na cambada.
O povo tem a certeza Que está na sua mão O dedo que tecla a urna Que decide uma eleição Entra e sai pelo ouvido A companha sem sentido Vale é sua opinião.
Políticos descarados Assaltaram a nação Saquearam o país E o povo na precisão O que eu digo é garantido: É o nosso povo unido Dos políticos, patrão.
A votar em A ou B, Não aconselho ninguém. Na ficha dos candidatos A vida pregressa vem Veja o passado e o presente Dê seu voto consciente Tecle no que mais convém.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 16 de outubro de 2018
MESTRES, MEUS SENTIMENTOS
MESTRES, MEUS SENTIMENTOS!
Faço minha louvação Nesse dia ao professor, Que na mão de agressor Padece a dor da agressão. É chutado é atacado, E seu único pecado, É repassar instrução.
Educação vem de casa E não cabe ao professor. Com licença e obrigado, E a palavra, por favor, Não vejo em circulação Porque falta educação O aluno só faz terror.
Os direitos das crianças, Falta de pulso dos pais, Degradação da família São sintomas, são sinais, Que levam os professores A lidar com infratores Muitos deles marginais.
Eu até tentei louvar, Mas não saiu louvação. Aos mestres, meus sentimentos! A todos peço perdão! Desculpem pelos descasos Destes governantes rasos Que não honram a nação.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 14 de outubro de 2018
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 08 de outubro de 2018
POR UMA LUTA MAIOR, POEMA DE DALINHA CATUNDA
Por uma luta maior
Dalinha Catunda
*
Uma coisa vou dizer,
Prestem muita atenção,
Aqui em vez de partido
Nós temos é facção
O Brasil está fodido
Pois quase todo partido
Tem no antro seu ladrão.
*
O povo briga entre si
Só defendendo canalha
Nossa pátria enlameada,
O mundo inteiro avacalha
Nesse momento infeliz
Ninguém defende o país
Defende quem achincalha.
*
Eu não sou A nem sou B
O Brasil é meu partido
Eu queria ver o povo
De verdade bem unido
Honrando nossa bandeira
Numa luta verdadeira
Um povo mais aguerrido.
*
Versos: Dalinha Catunda
Charge Newton Silva
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 04 de outubro de 2018
O COISO SABE COISAR
O CABRA SABE COISAR…
Dalinha Catunda:
“Vai ver que o sujeito entende Da tal arte de agregar Se tratando de mulher Sabe até como tratar Não vou nem fazer perguntas Pois se as duas estão juntas O cabra sabe coisar.”
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 25 de setembro de 2018
SÃO TANTOS COISOS...
SÃO TANTOS “COISOS”…
Não vou sair pra coisar No dia dessa eleição Pois é tanto “coiso” ruim Que cheguei à conclusão Que na hora de “coisar” Para errado não votar Vou mesmo de anulação.
Se tem um “coiso” com arma, Tem um “coiso” cangaceiro, Temos o “coiso” laranja, No lugar do prisioneiro. Temos a coisa também, Sem tino pra ir além É só “coiso” o tempo inteiro!
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 22 de setembro de 2018
SEM AS TRAMELAS DA MENTE - DEIXA O MEU VERSO PASSAR
SEM AS TRAMELAS NA MENTE, DEIXEI O MEU VERSO PASSAR
*
Larguei de lado o temor,
E do jeito que eu queria
Entreguei-me a poesia
Sem receio e sem pudor.
Lasciva falei de amor
Para os versos temperar,
Meu humor não vou largar,
Sou poeta independente.
SEM AS TRAMELAS NA MENTE
DEIXEI MEU VERSO PASSAR.
Dalinha Catunda
*
Toda estância bem cuidada
Tem uma "bela porteira"
Pra quem chega na ribeira
Se alegrar já na entrada
Assim foi minha chegada
Neste bonito lugar
Liberto para rimar
Senti-me um vate contente
SEM AS TRAMELAS NA MENTE
DEIXEI MEU VERSO PASSAR.
Gregório Filomeno
*
A Musa não me censura
E nem me põe nenhum freio
Porque não tenho receio
Já enfrentei ditadura
Minha lira é armadura
Não deixa o mal me atacar
Me dá força pra lutar
Livre, leve, inteligente:
SEM AS TRAMELAS NA MENTE
DEIXEI MEU VERSO PASSAR
Bastinha Job
*
Eu fiz longa caminhada
Em uma estrada sem fim
E nela encontrei Caim
No sofrer d'alma penada
Passou numa disparada
Mas ouvi sua voz soar:
Rezem para eu alcançar
O perdão do Onipotente
SEM AS TRAMELAS NA MENTE
DEIXEI MEU VERSO PASSAR.
Guaipuan Vieira
*
Eu estou ressabiado
Pelos percalços da vida
E pra sarar a ferida
Muito tenho confessado
Porém, Deus tem me ajudado
Dando forças pra lutar
Em versos vou expressar
Tudo que o coração sente
SEM AS TRAMELAS NA MENTE
DEIXEI MEU VERSO PASSAR...
Luiz F. Liminha
*
Ninguém conseguiu prender,
nem sequer pôde impedir
meu verso solto sair
com o que teve de dizer.
Tal versejar foi querer
o prazer de revelar,
no mais simples poetar,
tudo que meu ser mais sente,
SEM AS TRAMELAS NA MENTE,
DEIXEI MEU VERSO PASSAR.
Marcos Medeiros
*
Mote e foto de Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 17 de setembro de 2018
A FLOR DO FEIJÃO
A FLOR DO FEIJÃO
*
Por entre o verde das folhas
Abrolha a flor do feijão
Anunciando a fartura
Que teremos no sertão
A chuva faz o milagre
Quando cai molhando chão.
*
Foto: Ribeira do Poti
Versos: Dalinha
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 16 de setembro de 2018
GLOSAS - 16.09.18
GLOSAS
Mote da colunista:
O Brasil está lascado Coitado do brasileiro.
Já é tempo de eleição E eu assisto no jornal O programa eleitoral Candidato e falação É uma esculhambação Ocupando o picadeiro Nunca vi maior salseiro Entre o sujo e o mal lavado O Brasil está lascado Coitado do brasileiro.
Ficha suja não podia Concorrer em eleição Gritaram seu nome em vão Porém o povo sabia Que o tal partido iludia O eleitor companheiro Nunca se viu prisioneiro Em urna sendo indicado O Brasil está lascado Coitado do brasileiro.
Uma faca apareceu No meio da multidão Não sei de quem foi a mão Que aquela mão má ergueu E o vitimado cresceu Comovendo o povo inteiro Chegando a ser o primeiro Mesmo sem ser preparado O Brasil está lascado Coitado do brasileiro.
Vi arrotando arrogância E sendo contraditório Em seu interrogatório Usava de discrepância Pela sua ignorância Pelo seu jeito coiceiro Não é mesmo um cirandeiro É jumento batizado O Brasil está lascado Coitado do brasileiro.
A mulher bate nos peitos E clama por igualdade Mas some na realidade E só volta em novos preitos Falando em nossos direitos Esnobando ex-companheiro Escondida no palheiro Não vem para o nosso lado O Brasil está lascado Coitado do brasileiro.
Contudo ao que me parece Embora eu goste da vice São Paulo é só mesmice E acusação aparece Tem gente fazendo prece E despachando em terreiro Pois dinheiro aventureiro Em caixa dois foi citado O Brasil está lascado Coitado do brasileiro.
Eu não caprichei na glosa E nem quis explicitar Pois nem sei em quem votar A disputa é desditosa Sem pátria vitoriosa Nada é alvissareiro Estamos sem paradeiro No mote dou meu recado: O Brasil está lascado Coitado do brasileiro.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 11 de setembro de 2018
LOBO EM PELE DE CORDEIRO
LOBO EM PELE DE CORDEIRO
Tem coisa que eu não me engano Pois consegui comprovar Eu vi o tempo passar Dia e noite ano a ano E assisti o ser humano Representando um roteiro Ao se despir por inteiro Não era santo e nem bobo No fundo era um feroz lobo Que se vestiu de cordeiro.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 09 de setembro de 2018
OITAVÃO REBATIDO
OITAVÃO REBATIDO
*
Amo o lado campesino
Que Deus tem me concedido
Como aqui sou peregrino
Nada tem me consumido
Deu de presente a natura
Frutos da agricultura
Dou vida a cada figura
No Oitavão Rebatido.
Silvano Lyra
*
Meu verso vem com fartura
Bem redondinho e medido
E dentro desta cultura
Eu deixo vate perdido
Mesmo não tendo viola
Tiro os versos da cachola
Minha cantoria rola
No oitavão rebatido.
Dalinha Catunda
*
A Dalinha nunca trola
Isso eu tenho difundido
Como ela é show de bola
Muitos gols ela tem tido
Por isso ela é campeã
Eu tanto hoje e amanhã
Pra ela ponho um divã
No oitavão rebatido.
Silvano Lyra
*
Dos versos sou artesã
A estrofe eu dou sentido
E seja noite ou manhã
O meu canto é aguerrido
Faço verso com paixão
Das regras não abro mão
Por isso preste atenção
No oitavão rebatido
Dalinha Catunda
*
Oitavão rebatido pegando a deixa pela sétima linha.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 02 de setembro de 2018
O CIRCO BRASILEIRO
O CIRCO BRASILEIRO
*
Entre comédia e tragédia
Seguimos com nosso drama
O circo já está armado
Cada ator com sua trama
O povo eterno palhaço
No meio deste embaraço
Assiste a corja que mama.
*
É falcatrua é roubo
Nas cenas do picadeiro.
E o leão desta arena
Engole nosso dinheiro
Só sendo malabarista
Atuando como artista
Neste circo brasileiro.
*
Versos de Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 26 de agosto de 2018
DESORDEM E RETROCESSO
DESORDEM E REROCESSO
Saudades da pátria amada
Saudades da mãe gentil
Do hino que eu cantava
Com veneração servil
Era com a mão no peito
Que eu cantava com respeito
O Hino do meu Brasil.
*
A bandeira hasteada
Chegava a me arrepiar
O verde era a esperança
Lá no alto a tremular
Já não vejo a paz no branco
E vendo meu país manco
Dá vontade de chorar.
*
Nossa pátria degradada
Padece nesse processo
Hoje já não acredito
Na frase: ORDEM E PROGRESSO
É triste ver a nação
Em plena degradação
Desordem e retrocesso.
*
Quando o sentimento pátrio
Bater na população
Quando o povo descobrir
Que tem voz vez e razão
Ajudará o Brasil
Sem por a mão no fuzil
Com coragem e união
*
Versos de Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 20 de agosto de 2018
MAS SOU MELHOR DO QUE TU, CANTORIA COM DALINHA CATUNDA E ZÉ LACERDA
DALINHA CATUNDA
Eu faço meu verso errado
Navego fora da linha
O meu verso é batatinha
É verso de pé quebrado
Nada entendo do riscado
Mas vou quebrando tabu
Debaixo do meu angu
Tem caroço pra danar
Eu posso até não prestar
MAS SOU MELHOR DO QUE TU
*
ZÉ LACERDA
Tu tá se achando a tal
Anda quebrando tabu
Tem caroço no angu
Até concordo, afinal
Sei que tu é genial
Escreve bem pra xuxu
Com angu ou sem angu
Com batata ou batatinha
Tu me desculpe, Dalinha,
MAS SOU MELHOR DO QUE TU
*
DALINHA CATUNDA
Queimo que nem cansanção,
Eu sou comichão de urtiga,
E no meio duma briga
Risco o que tiver na mão.
Com punhal, faca e facão,
Eu faço o maior rebu
Inda te mando um vodu
Pra confirmar cada gesto,
Pois eu sei bem que não presto
MAS SOU MELHOR DO QUE TU
*
ZÉ LACERDA
Tu pode vir de facão
De faca, punhal, adaga
De rasteira ou cabeçada
Com urtiga ou cansanção
Isso é coisa pra brigão
Que gosta de um sururu
Dalinha, eu sei que tu
Só briga bem no repente
Tem poucos à sua frente
MAS SOU MELHOR DO QUE TU
*
DALINHA CATUNDA
Vou mostrar meu lado mau
Sou rainha do salseiro
Não gosto de presepeiro
Mato a cobra e mostro o pau
Expulsei da minha nau
Sem precisar de urutu
Só chutando o mucumbu
Um cabra que repetia:
Tu vens e me desafia
MAS SOU MELHOR DO QUE TU.
*
ZÉ LACERDA
Dalinha, teu lado mau
É melhor do que pureza
Presépio em ti é beleza
Algazarra é carnaval
Pior que café com sal
É entrar em urtiga nu
Do Ceará ao Pajeú
Tu és a melhor entre todos
Mas eu digo sem engodos
QUE SOU MELHOR DO QUE TU.
*
OCIONE SOARES CORDELISTA
Já dei muleta ao saci
Lacei mula sem cabeça
Fiz conde virar condessa
Porta sem chave eu abri
E sem tinta eu colori
A cor negra do urubu
Quebrei casco de tatu
Fiz mulher grávida abortar
Eu posso até não prestar
MAS SOU MELHOR DO QUE TU
*
ZÉ LACERDA
Saci não usa muleta
Essa mula não se laça
Conde ou condessa é trapaça
Urubu já tem cor preta
Porta abre com maçaneta
Seu cabeça de angu
Não venha com sururu
Que aqui tu vira galinha
Tu é pior que Dalinha
E EU SOU MELHOR DO QUE TU
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 11 de agosto de 2018
Te desconjuro Brasil Ô terra escrota e sem lei É terra de povo frouxo Que não defende sua grei Somos um povo ofendido Vivendo em mãos de bandido É isso tudo que eu sei.
Pagamos altos impostos Mas não temos garantia Educação não se tem Vivemos em anarquia Se vamos buscar saúde Encontramos ataúde É balela a moradia.
Criança e mulher morrendo Pelas mãos de assassinos As leis não nos favorecem Por isso batem os sinos Os filhos matam os pais Ninguém aguenta mais Assistir os desatinos.
Aqui no Rio de Janeiro Jogaram pedra na cruz Pra você ser atendida Tem que amar outro Jesus Foi mancada a esparrela De votar para Crivella, É bem pior que eu supus.
Transporte é uma vergonha Emprego está faltando O povo esta desarmado E a bandidagem mandando Desarmar população Sem lhe ofertar condição É a lei, do povo mangando.
Ateiam fogo em ônibus, Toda hora é tiroteio Quem não tem corpo fechado Acho bom sair do meio Com toda sinceridade A governabilidade Pra essa terra não veio.
Onde é que já se viu A todos vou perguntar A cambada de políticos Hoje a se candidatar Tentando ser presidente Com passado deprimente Querendo nos governar.
E quantos “presos políticos” Temos nessa nação? Temos Eduardo Cunha, Sergio Cabral na prisão Embora o povo não engula Temos também o Lula Envergonhando a nação.
Como vamos nomear Ao falar em candidato, De rato, de Homofóbico, De réu, de investigado, Presidiário ou ladrão, Que saqueando a nação Nos deixa esse legado.
Herança de Lula e Dilma Projeto de presidente Fosse à chapa já cassada Pra coisa ser diferente Sem pulso pra governar Acabou de afundar A pátria de Nossa gente.
A polícia é perseguida Nesse caso, a federal, Sem crédito infelizmente O supremo tribunal A pátria está perdida E não vejo uma saída O túnel não tem final…
Não venham me pedir voto Nem também opinião Que eu mando ir pro caralho Sem ter vergonha da ação Pois chega de putaria Se o povo se cumplicia Eu não faço o mesmo não!
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 07 de agosto de 2018
Neste Brasil de “caboco”, De Mãe Preta e Pai João.
O que vejo atualmente Nessa minha terra amada É que ela foi assaltada No passado e no presente Não posso viver contente Em meio a tanto ladrão Que saqueando a nação Deixa todos no sufoco: Neste Brasil de “caboco”, De Mãe Preta e Pai João.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 31 de julho de 2018
DITADURA DA BELEZA
DITADURA DA BELEZA
Eu sei que chega a idade Mas não nos tira o juízo Não quero ter prejuízo Nem em nome da vaidade Cometer barbaridade Meu corpo violentar E só para aparentar Uma falsa juventude Acabar num ataúde Eu não posso imaginar.
A mulher acha defeito Em tudo quanto é lugar Cintura quer afinar Pro corpo ficar perfeito Põe silicone no peito Acha pouco e se aprofunda Manda reformar a bunda Fazendo preenchimento Mas chega um dado momento Que para na cova funda.
Tem mulheres que o rosto Parece caricatura Deformam a criatura Que olhando só dá desgosto Porém falo a contragosto Dessa loucura total Suponho não ser normal Pois em tudo tem a mão Do chamado charlatão Não de um profissional.
Quanto choro derramado E quantas vidas perdidas Operações descabidas Quanta falta de cuidado Propaganda no mercado Onde a beleza reluz Mas que nem sempre traduz O melhor para a mulher Que procurando o que quer Acaba achando uma cruz.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 29 de julho de 2018
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 22 de julho de 2018
ROUPA DE BONECA
ROUPA DE BONECA
Foto da colunista
Hoje sentei frente à máquina E resolvi costurar Pra vestir uma boneca Que eu acabei de ganhar Ela aqui chegou despida Mas já está bem vestida Em estilo popular.
Tem corpo de manequim Essa boneca elegante Pra ela cosi calcinha Na cabeça pus turbante E pra ficar mais bonita Fiz um vestido de chita Ficou bem interessante.
Assim trouxe meu passado Para brincar no presente Lembrei bonecas de pano Que me deixavam contente Roupinhas fazia à mão Recordo com emoção Os tempos de antigamente.
Por isso mesmo vesti Com vestido de São João Para homenagear As festas do meu sertão Pra lembrar as brincadeiras Na cidade de Ipueiras O meu saudoso rincão.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 19 de julho de 2018
MULHER, DIFUSÃO E CORDEL
MULHER, DIFUSÃO E CORDEL
Antigamente a mulher Apenas lia cordel. Depois passou a ser musa Nos versos do menestrel. Querendo contar história Tirou versos da memória, E passou para o papel.
Fim de tarde na calçada Nos mais diversos rincões, As tias, avós e mães, Difundiam tradições . Naquele entretenimento, Passavam conhecimento, Para as novas gerações.
E foi assim que aprendi A gostar de versejar Minha mãe é poetisa Tia Isa, de contar As histórias de princesa Eu achava uma beleza Hoje vivo a recontar.
Ser musa era muito pouco A mulher queria mais. Contar apenas histórias Feria seus ideais. Queria escrever também, Poderia ir além, Em tudo via sinais.
Disposta pegou a pena, Sem ter pena de escrever, Resgatou lá da gaveta, O que chegou a esconder. No presente está escrito, Que a mulher deu o seu grito E o que faz é com prazer.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 12 de julho de 2018
O GALO IOIÔ
O GALO IOIÔ
Vi um galo fanfarrão Que fez o maior salseiro Se achando dono da rinha Cagou no pau do poleiro Por isso foi condenado Mas agora encarcerado Protesta o arruaceiro.
Chamou os três mosqueteiros Pra lhe tirar da prisão Pegou outro galo amigo Que estava de plantão Mas vendo bater badalo Distante cantou de galo Quem tinha a chave na mão.
O galo velho ciscou, E fez roda e fez titica Um dizia solta o galo Já outro o galo fica O galo ia e voltava E desse jeito ficava Igual a couro de pica.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 10 de julho de 2018
BRASIL, CABARÉ DE QUINTA
BRASIL, CABARÉ DE QUINTA
Esse cabaré de quinta Que o povo chama Brasil É uma nação sem rumo De ladrão virou covil O q’um dia foi justiça Hoje já virou “mundiça” A se envolver em ardil.
À deriva o nosso povo Navega na insegurança O que é certo ou errado Já não traz mais na lembrança A classe politiqueira E a justiça brasileira Só sabem fazer lambança.
Uma luz no fim do túnel Eu não consigo enxergar Do jeito que a coisa anda A nação vai afundar Porque em cada partido Só vejo mesmo bandido Fica difícil votar.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 07 de julho de 2018
LUA ALCOVITEIRA
Foto da colunista
A lua apontou no céu O céu encheu-se de brilho Do brilho nasceu meu verso Do verso fiz estribilho.
Do verso fiz estribilho Para cantar ao luar A lua me enfeitiçava Luzia pra me encantar.
Luzia pra me encantar Do seu modo flamejante Acendendo meu desejo No beijo da boca amante.
No beijo da boca amante Viu a lua alcoviteira Em braços tão envolventes Uma mulher ser inteira.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 28 de junho de 2018
DOIS VERSOS
Quem foi que mexeu contigo Minha querida parceira? Certamente fez besteira E assim carece o castigo. Ouça bem o que te digo: Quem muito fala e não pensa Não merece recompensa Nem a metáfora mais pobre. Por isso, jamais se dobre A quem nutre desavença!
José Walter Pires
Amigo o que me aborrece É a carência de tutano Desdourando o ser humano Que de burrice padece Confesso que faço prece Rogo a Deus em oração Pra não perder a razão Diante de disparate É que a burrice me abate Me deixa até sem tesão.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 21 de junho de 2018
SONETILHO DE AMOR
Fotos da colunista
Às vezes sou lua Que nua vagueia A todos enleia Porém sou só sua.
Ás vezes sou sol Trazendo calor Derreto de amor Em nosso lençol.
Às vezes sou brisa Que ofega em seu rosto, Ladina lhe alisa.
E sempre sou nós Depois do sol posto Juntinhos e a sós…
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 19 de junho de 2018
UMA GLOSA - 19.06.18
Sofra com sua desgraça, E aguente minha alegria.
Mote desta colunista
Meu sorriso lhe incomoda Minha atitude também Não sou mulher de desdém Mas não vou sair da roda Cara feia não me poda Nem de noite, nem de dia, Nem venha com zombaria Que não vou perder a graça Sofra com sua desgraça, E aguente minha alegria.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 16 de junho de 2018
A REVOLTA DE SANTO ANTÔNIO
Foto desta colunista
Santo Antônio aperreou-se E sentiu-se até perdido Quando viu tanta mulher Todas querendo marido: – Uma coisa vou dizer Não sei o que vou fazer Em meio a tanto pedido.
Ficou logo revoltado E falou para Jesus Eu não aguento mais O peso da minha cruz Ser santo casamenteiro E com todo esse salseiro Vos digo: Não me seduz.
Jesus Cristo preocupado Com aquela situação Disse para Santo Antônio É só sua essa missão Mas pode no céu buscar Uns Santos pra lhe ajudar Eu não faço objeção.
Santo Antônio se alegrou Começou a organizar As virgens ele casaria Isso não ia mudar Delas ele tinha dó Deixá-las no caritó Não dava nem pra pensar.
Falou com o São Gonçalo, E Com São Judas Tadeu Achou por bem convidar São Jorge o amigo seu Nessa mesma ocasião Fez a distribuição Com o aval que Jesus deu.
As chamadas periguetes São Gonçalo vai casar Também as raparigueiras Que gostam de badalar Pois é santo violeiro Em cabaré ou terreiro Ele não paga pra entrar.
Já o São Judas Tadeu É com as tribufus que fica Santo das causas perdidas Já casou baranga rica E as donas sem embaraço Que já não tem mais cabaço E gostam mesmo é de pica.
Para São Jorge Guerreiro Com sua espada na mão Ele fica responsável Por todo e qualquer canhão Pelas mocreias da vida Que o pessoal apelida As coitadas de dragão.
Eu acho que Santo Antônio Abusou da rebeldia E mesmo estando irritado Com penas que recebia De tanto ser afogado Devia estar conformado E com a cabeça fria.
Não pedi licença a musa Mas a Deus peço perdão Por esses versos que fiz Com tanta profanação Não me queimem na fogueira Foi só uma brincadeira Sem reza e sem oração.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 10 de junho de 2018
NÃO AOS POLÍTICOS LADRÕES
Eu não sei se meus amigos
Notaram. Uns, talvez, não. Resolvi ficar calada Por ter consideração A cada amigo querido Que os meus versos tem lido A eles tenho atenção.
Porém o meu pensamento Que inda continua são Me diz e ainda repete Que não temos solução Ao ver na tela um político O meu senso analítico Me diz é mais um ladrão.
E quem quiser se rasgar Brigar por politiqueiro Vá brigar noutro lugar Aqui não é picadeiro Pegue boné e bandeira Vá junto com a bandalheira Gritar e fazer salseiro.
Uma dedada desta colunista para os políticos ladrões
Diante de tantos réus Eu não vejo um inocente Assaltaram nossa pátria Iludiram nossa gente Eu quero é ver na cadeia E até debaixo de peia Eu não vou ser complacente.
Quem tiver sua paixão Oferte cumplicidade Quem tiver seus interesses Distorça a realidade Em Bangu ou na papuda Minha gente não se iluda Só tem ladrão de verdade.
O Julgado e condenado Não é inocente não Pra tirar um da Cadeia Tira a lista de ladrão Pra voltar a pindaíba Soltem os de Curitiba E elejam nessa eleição.
Estou fora de política E vou ficar bem calada Pois aqui em minha página Eu não quero presepada Nesse Brasil de bandido Eu que não tenho partido Não quero ser arrolada.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 09 de junho de 2018
DOUTORA, INTÉ OUTRO DIA
Parodiando Zé Praxedes
Doutora inté outro dia Se quiser me visitar A choupana não é grande Mas posso lhe acomodar
Pros almoço tem baião E tem cuscuz pro jantar Agua só tem de cacimba Pra vosmecê se banhar,
Um cafezinho da serra Eu faço ao amanhecer Com tapioca e manteiga Pro seu desjejum fazer.
Foto da colunista
Caso aprecie uma pinga Tenho a branquinha serrana Pra sua égua mimosa Aqui tem um mói de cana.
Pra vosmecê merendar Rapadura tem um lote Água fresca e bem coada Pra vosmecê tem no pote.
Uma rede bem cheirosa Tem pra vosmecê deitar Só peço leve o marido Que o meu não vou emprestar.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 06 de junho de 2018
“...a redução do movimento representa de 20% a 30% do faturamento previsto para o mês de maio”, escrevemos na pág. 21. Nota mil. Por questão de clareza, repete-se o sinal de percentagem (%).
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 06 de junho de 2018
Contratei uma pessoa Pra cuidar do meu pintinho Nunca deixar ele à toa Pra dar comida e carinho Quando o dia amanhece O meu pintinho entristece Mas ela sabe ajeitar Por incrível que pareça Alisa sua cabeça Pro bichim se levantar
Dão de Jaime
Eu não posso acreditar Nesse pinto esmorecido E que só sendo acudido Consegue se levantar Eu aqui vou confessar E não falo com desdém Pra comer do meu xerém Pinto tem que ser raçudo Pois pinto fraco e miúdo Eu prefiro ficar sem.
Dalinha Catunda
Dão de Jaime, seu pintinho Tá um pouco moleirão Precisa passar a mão Pra ficar animadinho Apalpar, dá um jeitinho Para ele se alegrar Dê-lhe cuscuz no jantar, Logo que o dia amanheça “Alisa sua cabeça Pro bichim se levantar”!
Bastinha Job
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 04 de junho de 2018
SORTILÉGIO
Quando o dia se fez noite A lua com seu clarão Foi tingindo a escuridão Veio o vento feito açoite Para fazer seu pernoite Invadiu minha janela O desejo se revela A cada toque do vento Eu sem pejo me contento No alento que a mim se atrela.
Dalinha Catunda
Quando a noite se fez dia E o Sol raiou no horizonte Surgindo detrás do monte A sua luz irradia A mais completa alegria No canto da passarada Ao dar início à jornada Para a moça da janela Que, suspirando, revela A donzela apaixonada!
José Walter Pires
Esta colunista com José Walter Pires, ambos membros da Academia Brasileira de Literatura de Cordel;
José Walter é irmão do grande artista Morais Moreira
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 31 de maio de 2018
BULE-BULE BULIÇOSO
Bule-Bule com esta colunista
Encontrei com Bule-Bule Pras bandas do Cariri Bule-Bule é buliçoso Digo isso porque vi Comigo não bula não Sou abelha do sertão Não assanhe o enxuí.
Bule-Bule bem pimpão Com seu jeitinho brejeiro Cantando verso bonito Não tinha dó do pandeiro Ouvindo o bardo cantar Comecei a requebrar Para animar o terreiro.
Com viola ou com pandeiro Bule-Bule vai além Fazendo versos gaiatos Argumento sempre tem Bule-Bule não é mole Com todo mundo ele bole Não abre para ninguém.
* * *
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 29 de maio de 2018
BRASIL SEM FREIO E SEM DIREÇÃO
Saí do meu canto agreste Deixei longe meu sertão Quase não chego ao destino Presa em paralisação Cheguei ao Rio de Janeiro, E salve o caminhoneiro! Salve a civilização!
Tudo está se resolvendo Nas rodas do caminhão O governo abre as pernas Pra greve que é de patrão Vai surgir imposto novo Quem vai pagar é o povo Vem mais contribuição.
É nesse país sem rumo, Sem freio, sem direção, Que brevemente teremos Que votar em eleição, Porém não fico contente Meu medo é que novamente Se eleja mais um ladrão.