Amsterdam (1655)
Após a rendição das tropas da Companhia das Índias Ocidentais, em 27 de janeiro de 1654, cerca de 400 judeus residentes no Recife e em Maurícia tiveram “o prazo de três meses para liquidar seus negócios e abandonar o país”. Os súditos holandeses, porém, que quisessem permanecer com os seus negócios e propriedades, no Brasil, teriam o mesmo tratamento dos estrangeiros residentes em Portugal.
Como o prazo dado era por demais diminuto, na população judia, particularmente entre os cristãos-novos convertidos ao judaísmo, cresceu o temor dos castigos do Tribunal da Inquisição. O governador português Francisco Barreto de Menezes, em sua proclamação de 7 de abril, somente admitia a prorrogação da permanência daqueles judeus que nunca haviam sido batizados, “os judeus que anteriormente haviam sido cristãos, estavam sujeitos a Santa Inquisição, um assunto que não podia interferir”. No dia seguinte à proclamação, “um grupo de judeus solicitou, com êxito, às autoridades holandesas uma provisão de alimentos suficiente para viajar a França no navio português São Francisco, tendo em conta que se tratava aproximadamente de 150 pessoas”.
Tomados de medo e de pavor cerca de 400 judeus ganharam novamente o oceano em busca dos Países Baixos. Por não encontraram meios de subsistência, outra vez retornaram ao Novo Mundo, estabelecendo novas comunidades no Caribe – Martinica, Barbados, Curaçau e Jamaica. No seu novo destino se dedicam à indústria do açúcar, fundando novos engenhos e cultivando as mudas de cana que haviam levado de Pernambuco, bem como a cultura do fumo, estabelecendo-se outros na América do Norte, que, na época, iniciava a colonização da Nova Amsterdã (Nova Iorque).
Judeus em Nova York
O forte da Nova Amsterdam na ilha de Manhathan (1651)
A saga de um desses grupos saídos do Recife é descrita pelo haham de Amsterdã Saul Levi Mortera, pouco antes do seu falecimento em 1660, no manuscrito a Providencia de Dios con Israel , que, passageiros do navio Valk tiveram o seu barco tomado por espanhóis que os ameaçavam de entregar à Inquisição. Na Jamaica, porém, foram os judeus libertados pelos franceses e, com eles, rumaram em direção à Nova Amsterdã a bordo do barco Sainte Catherine. Desse grupo, 23 judeus [quatro casais, duas viúvas e treze crianças], já se encontravam na Nova Amsterdã em setembro de 1654, fundando assim a primeira comunidade judaica daquela que veio a ser a cidade de Nova Iorque.
Em 1954, por ocasião do terceiro centenário da chegada dos primeiros judeus à Nova Iorque, o local do desembarque foi assinalado com marco afixado pelas autoridades estaduais.
• Erected by The State of New York to honor the memory of the twenty three men, women & children who landed in september 1654 & FOUNDED THE FIRST JEWISH COMMUNITY IN NORTH AMERICA.