A CESARE O QUE É DE CESARE
Ensinam os evangelhos sinóticos que buscando induzir Jesus a errar, seus adversários o forçaram a ser explícito quanto aos impostos a serem pagos aos conquistadores romanos. Os doutores da lei e os sumo- -sacerdotes previam que Jesus certamente se oporia ao imposto, exatamente o que eles pretendiam. Começaram bajulando-o, elogiando-lhe a integridade, a imparcialidade e a devoção à verdade e, em seguida, perguntaram-lhe se era certo ou não um judeu pagar imposto a César.
Jesus, então, os chamou de hipócritas e em seguida pediu que um deles apresentasse uma moeda romana que pudesse ser usada para pagar o imposto de César. Ato contínuo, um deles mostrou-lhe uma moeda romana, ao que Jesus indagou qual era o nome e a inscrição que estava nela. Prontamente, eles responderam que era de César, ao que Jesus então proferiu a sua famosa frase “A César o que é de César, a Deus o que é de Deus”, que vai ligar dois assuntos. Falemos, pois, de Cesare.
Nunca um condenado fez tão pouco caso de um país que o abrigou, quanto ele fez e continua a fazer do Brasil, que o acolheu desde 2004, poupando-o da extradição em 2010.
Condenado em dois julgamentos a prisão perpétua na Itália por assassinar – com requintes de perversidade, como costuma dizer o noticiário especializado -, quatro pessoas, Cesare Battisti, como ex-membro do grupo Proletários Armados pelo Comunismo, insiste em fazer do crime um fato político, ocorrido em seu tempo de militância.
Será verossímil o que ele diz? É difícil acreditar, convenha-se.
Cesare (Battisti) está às margens do Rubicão, mas não o atravessará.
A Cesare (Battisti) resta a volta ao seu país que o espera de portas abertas e saídas fechadas.
A Cesare o que é de Cesare.