Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Violante Pimentel - Cenas do Caminho sexta, 18 de agosto de 2023

A DIFÍCIL CONVIVÊNCIA HUMANA (CRÔNICA DA MADRE SUPERIORA VIOLANTE PIMENTEL, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

A DIFÍCIL CONVIVÊNCIA HUMANA

Violante Pimentel

Nascida em 5 de maio de 1917, em uma família pobre da cidade de Rio Claro (SP) Dalva de Oliveira era filha de um carpinteiro mulato chamado Mário de Paula Oliveira, conhecido como Mário Carioca, e da portuguesa Alice do Espírito Santo Oliveira.

Em 1935, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, em busca de uma vida melhor. Passou a frequentar o Cine Pátria, onde conheceu seu grande amor Herivelto Martins e passou a cantar em dueto com ele. Iniciaram um namoro e, um ano depois, alugaram uma casa e foram morar juntos. Dalva era solteira e Herivelto Martins ainda estava casado no civil com outra mulher. A união dos dois só se consolidou oficialmente em 1937, quando saiu o desquite dele. Eles se casaram somente no civil, pois ainda não havia divórcio no Brasil. O casamento foi comemorado em um ritual de Umbanda, na praia, já que esta era a religião de Herivelto, embora Dalva fosse católica.

A união gerou dois filhos: Os cantores Peri Oliveira Martins, o Pery Ribeiro, e Ubiratan Oliveira Martins. Em 1947, as constantes brigas, traições e crises violentas de ciúme e humilhações por parte de Herivelto, fizeram com que o casamento fosse por água abaixo.

Muito ciumento, injúrias e difamações contra Dalva, foram publicadas por Herivelto, no “Diário da Noite.”

Por ser cantora, sempre era discriminada e apontada como dona de uma moral duvidosa. Estes escândalos forjados fizeram com que ela perdesse a guarda dos filhos, maldade postulada por Herivelto Martins. O Conselho Tutelar determinou que as crianças fossem internadas em uma instituição, sob a alegação de que a mãe não tinha condições morais de conviver com os filhos. Isso fez com que ela entrasse em desespero e depressão, aumentando as brigas entre o casal. Os meninos só poderiam visitar os pais nos finais de semana e datas festivas, e só poderiam sair do Internato, definitivamente, com dezoito anos. Dalva lutou muito pela guarda dos filhos, mas não conseguiu e sofreu bastante com isso.

Em 1949, o casal oficializou a separação, se desquitando, já que ainda não havia divórcio no Brasil.

Depois da separação oficial do casal e o fim da primeira formação do Trio de Ouro, Herivelto e Dalva iniciaram uma discussão, inclusive através das composições que gravavam, fato muito explorado pelos jornais e revistas da época. Depois de uma pequena turnê na Venezuela, Herivelto saiu de casa, e tirou de Dalva a guarda dos filhos, e os mandou para um internato. Passou a publicar em todos os jornais que Dalva era prostituta e que promovia orgias dentro de casa, o que resultou nas mencionadas agressões mútuas através de músicas que iam sendo gravadas.

Em 1946, Herivelto passou a namorar a aeromoça Lurdes Nura Torelly, uma mulher desquitada, que tinha um filho do primeiro casamento. Ela vinha de uma família rica, sendo prima do conhecido comediante de alcunha Barão de Itararé. Em 1952, o casal passou a viver junto, tendo oficializado a união em 1978. Herivelto e Lurdes geraram três filhos: Fernando José (já falecido), Yaçanã Martins e Herivelto Filho, além dele criar o filho de Lurdes como seu. O casamento durou 38 anos, até a morte de Lurdes, em 1990.

Em 1950, Dalva de Oliveira retomou a carreira solo, lançando os sambas Tudo acabado (J. Piedade / Osvaldo Martins) e Olhos verdes (Vicente Paiva), e o samba-canção Ave Maria (Vicente Paiva / Jaime Redondo), sendo os dois últimos, grandes sucessos da cantora.

Em 1952, depois de se consagrar mais uma vez na música mundial e ter sido eleita “Rainha do Rádio” de 1951, Dalva de Oliveira resolveu excursionar pela Argentina, para conhecer o país e cantar em Buenos Aires. Nessa ocasião, conheceu Tito Climent, que se tornou primeiro seu amigo, depois seu empresário e mais tarde, seu segundo marido. Então, Dalva se mudou para Buenos Aires, indo morar na casa de Tito, antes da união oficial. Dalva não queria mais ter filhos por conta de sua carreira, que tomava muito seu tempo, mas sempre quis ter uma menina. Por isto, adotou uma criança em um orfanato de Buenos Aires, a quem batizou de Dalva Lúcia Oliveira Climent. Dalva e Tito, após dois anos morando juntos, casaram-se oficialmente em um cartório na Argentina, e viveram juntos por alguns anos. No começo, a união era muito feliz, e criavam a filha com muito amor.

Depois de mais de quatro anos de casamento, o casal passou a viver brigando, também por conta da carreira de Dalva, que vivia viajando, e de seus filhos, a quem constantemente ela visitava no Brasil. Isso desagradava o marido, que queria que ela esquecesse sua carreira e seu passado no Brasil, e vivesse exclusivamente para ele e a filha, mas ela não acatou essa imposição.

Dalva era uma mulher simples e querida por todos. Fazia amizade com facilidade, e o marido não gostava dessa popularidade. Por ele, ela seria mais chique e requintada, sempre em cima dos saltos. Essa grande diferença de temperamentos, resultou em brigas e humilhações dele para ela, e o amor que os unia se diluiu no tempo e no espaço. O casal se separou e Dalva voltou para o Rio de Janeiro com a filha. Meses depois, Tito entrou na justiça, pedindo a guarda da menina, e ela voltou com a filha para Buenos Aires, onde entrou com um processo contra o marido. Para acompanhar o processo até o fim, Dalva de Oliveira deixou sua carreira no Brasil e passou a morar com a filha em Buenos Aires, até a decretação da sentença do Juiz.

Dalva e Tito passaram a brigar muito pela guarda da criança, com brigas verbais e mútuas acusações, mas Tito acabou usando as mesmas provas que Herivelto utilizou: As notícias mentirosas em jornais a respeito da moral duvidosa da cantora. Muito triste e infeliz, Dalva, perdeu a guarda de sua filha e voltou sozinha para o Brasil.

Ela retomou sua carreira, fazendo mais sucesso do que nunca. Em 1963, já há alguns anos separada, a separação oficial finalmente foi deferida pelo juiz, já que casamento entre estrangeiros, na época, demorava muito a ser transformado em divórcio.

Dalva de Oliveira voltou a Buenos Aires para assinar os papéis e se divorciou de Tito, voltando logo em seguida para o Brasil. Seus pequenos momentos de felicidade ocorriam quando seus três filhos a visitavam nas férias escolares de Janeiro. Iam visitar a mãe no Rio de Janeiro, e passavam um mês com Dalva, em sua mansão. A cantora cancelava todos os shows do mês para ficar com eles. Seu desejo era poder viver com os três, sempre juntos, um sonho que não pôde realizar. Os anos se passaram. Dalva vivia sozinha em sua mansão, e já havia se acostumado com a solidão.

Para compensar a tristeza, passou a ter relacionamentos sem compromisso, e namoros rápidos, sem pretensão de casar novamente. Também não tinha tempo de dedicar-se a um relacionamento, pois viajava o mundo em turnês musicais. Estava concentrada em sua carreira e fazendo mais sucesso ainda, quando, sem estar à procura, ela conheceu Manuel Nuno Carpinteiro, um homem vinte anos mais jovem, por quem se apaixonou perdidamente, e com quem redescobriu o amor. Com poucos meses de namoro, ele foi morar na sua casa. Com alguns anos juntos, se casaram oficialmente. Este foi o seu terceiro e último marido. Ao assumir o namoro, foi alvo de muitos preconceitos, mas preferiu fazer o que seu coração pedia.

Em 19 de agosto de 1965, Dalva e Manuel, na época ainda namorados, sofreram um grave acidente de carro. Ele dirigia o veículo embriagado, e acredita-se que haviam discutido por causa de ciúme. Manuel perdeu o controle, atropelando e matando quatro pessoas. Dalva ficou em coma durante alguns dias, teve afundamento no maxilar esquerdo, bacia fraturada e ficou com uma marca na bochecha que, apesar de vários procedimentos cirúrgicos, não foi possível a recuperação total. Ao saber que Dalva estava bem e fora de perigo, Manuel assumiu a culpa pelo acidente, pois na verdade era ele que estava dirigindo. Dalva se desesperou ao saber que haviam morrido quatro pessoas, e que ela teria que pagar as indenizações aos familiares das vítimas. Isso contribuiu para o seu prejuízo patrimonial.

Dalva de Oliveira morreu em 30 de agosto de 1972, na casa de saúde Arnaldo de Morais em Copacabana, na presença de seus filhos, Pery Ribeiro, Bily e Gigi, vítima de uma hemorragia interna, causada por um câncer de esôfago. Seu corpo está enterrado no Cemitério Jardim da Saudade, na Cidade do Rio de Janeiro.

 

Herivelto Martins & Pery Ribeiro – Ave Maria no Morro

 

 

Que Será – Dalva de oliveira

 


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