Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Marcos Mairton - Contos, Crônicas e Cordéis sexta, 07 de julho de 2023

A GUERRA DOS MANIFESTOS (ou O APARENTE CONFRONTO DA DEMOCRACIA COM A LIBERDADE) - (CRÔNICA DE MARCOS MAIRTON, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

 

Eleição é um evento que sempre traz novidades. A criatividade das pessoas que se dedicam às campanhas é grande. Desde os políticos até os hoje chamados genericamente de apoiadores, passando por marqueteiros e cabos eleitorais, todo mundo participa da elaboração e execução de estratégias para atrair a atenção – e, se possível, o voto – dos eleitores.

Foi assim com os showmícios; as carreatas (um neologismo criado a partir da palavra passeata, com os participantes comparecendo, não a pé, mas de carro); e a alocação de militantes nas esquinas das avenidas, portanto bandeiras de partidos e candidatos, dentre outras manobras.

Mas essas iniciativas foram ficando para trás.

Os showmícios acabaram proibidos pela legislação eleitoral. Os agitadores de bandeiras foram perdendo a graça, à medida que militantes de verdade foram sendo substituídos por pessoas remuneradas para esse trabalho.

Somente as carreatas ainda têm alguma relevância, especialmente no interior, onde candidatos costumam encerrar a campanha com uma espécie de desfile que demonstraria sua popularidade. Estas, porém, têm sido superadas este ano pelas motociatas, até agora praticadas exclusivamente pelo Presidente da República que tenta a reeleição.

Hoje, o campo da batalha pelos votos deslocou-se quase totalmente para o universo virtual da internet, especialmente das redes sociais.

Basta ver a preocupação da Justiça Eleitoral com uma prática chamada “disparos em massa pelo WhatsApp”. Segundo se verifica em reportagens e comentários de jornalistas sobre o tema, o envio de mensagens com conteúdo eleitoral a uma grande quantidade de pessoas foi decisivo nas eleições mais recentes.

Há quem diga que o verdadeiro mal dessa massificação do envio de conteúdo político por meio de aplicativos de mensagens é a difusão de notícias falsas ou indutoras ao erro, no que tem sido chamado de fake news. Tenho minhas reservas quanto a essa afirmação, mas não quero fugir do tema que escolhi para hoje.

Nas redes sociais, candidatos tentam contar com maior número possível de seguidores, a ponto de existir gente especializada em arrebanhar esses seguidores, mediante pagamento, é claro. O que não significa que algumas lideranças tenham efetivamente muitos seguidores, o que é fundamental para a propagação de suas ideias.

Mas o que me motivou a tocar neste assunto hoje foi a constatação de algo que me parece novo, senão inédito: uma disputa de manifestos.

Qualquer pessoa que tenha acompanhado o noticiário brasileiro na última semana sabe que no dia 26 de julho foi lançado um documento intitulado “CARTA EM DEFESA DA DEMOCRACIA E DO PROCESSO ELEITORAL”. Por meio desse documento, juristas, professores e artistas, dentre outras figuras de destaque, manifestam sua preocupação com as instituições democráticas, em especial o processo eleitoral, do qual fazem parte as urnas eletrônicas, cuja credibilidade vem sendo motivo de acirrados debates ultimamente.

Com os recursos de difusão de informações que a internet proporciona, o documento logo passou a receber o apoio de milhares de pessoas, com os sites de notícias destacando sua grande repercussão.

Não tardou para aliados e apoiadores do movimento pela reeleição do Presidente da República identificarem o documento como uma ação político-eleitoral, cujo objetivo seria, de uma só vez, tachar o Presidente de antidemocrático e demonstrar o grande apoio popular dos que se posicionam contra ele.

De fato, o documento não cita nominalmente o Presidente da República, mas é fácil extrair do seu texto referências a condutas que lhe são atribuídas.

Veio então a resposta, dois dias depois, 28 de julho, por meio de um documento com o seguinte título: MANIFESTO EM DEFESA DAS LIBERDADES. Este, além de defender a premissa de que “sem liberdade não há democracia”, cita nominalmente o apoio ao Presidente da República.

Formou-se assim o embate entre os dois manifestos.

Obviamente que o embate não é entre a LIBERDADE e a DEMOCRACIA, pois se tratam de dois valores que tendem a conviver com imensa facilidade. Não seria absurdo afirmar que a LIBERDADE tem melhor possibilidade de florescer na DEMOCRACIA, e que a DEMOCRACIA somente se desenvolve onde prevalece a LIBERDADE.

O que se observa é que cada polo da nossa polarizada política (desculpem a redundância) escolheu, como símbolo para sua posição, um valor que seja caro ao cidadão comum, de modo a disputar seus corações e mentes não a partir de pessoas, mas desses valores (embora o grupo que apoia o Presidente mencione seu nome em seu manifesto).

Aparentemente, a escolha desses valores foi baseada – ou, no mínimo, inspirada – em questões ligadas à realidade dos cidadãos. Ou seja: a DEMOCRACIA, relacionada ao processo eleitoral e às urnas eletrônicas; a LIBERDADE, relacionada às medidas restritivas adotadas durante a pandemia da COVID19, em contrariedade à posição defendida pelo Presidente da República, e às restrições à liberdade de expressão recentemente impostas pelo Poder Judiciário, notadamente o STF e o TSE.

O fato é que agora, com a GUERRA DOS MANIFESTOS deflagrada, esses detalhes a respeito de como ela foi iniciada pouco importam.

Os lados do embate estão definidos. O que interessa agora é qual deles conseguirá reunir o maior número de adeptos. Não é uma antecipação da eleição presidencial, que ocorrerá em breve, mas imagino que o sentimento dos que compõem cada um dos lados seja parecido.

Uma verdadeira corrida por assinaturas digitais está acontecendo. Vejamos onde isso vai dar.

Na última consulta que fiz aos sites que recebem assinaturas, às 16 horas do dia 30 de julho, ontem, o placar estava assim:

DEMOCRACIA: 555.200
LIBERDADE: 524.200

Diferença: 31.000


Escreva seu comentário

Busca


Leitores on-line

Carregando

Arquivos


Colunistas e assuntos


Parceiros