Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 28 de abril de 2020

A MORTE CHEGA DE PARABELLUM-1906 NO CABARÉ DE MARIA BAGO MOLE

 

A MORTE CHEGA DE PARABELLUM-1906 NO CABARÉ DE MBM

Crônica dedica ao pesquisador e especialista em filmes de faroeste D.Matt

Casa de fazenda semelhante à do fazendeiro Bitônio Coelho em Carpina-PE

Cansado do trabalho diário na fazenda-sede e demais, e precisando relaxar, o fazendeiro Bitônio Coelho resolve ir até o cabaré para rever sua amada.

Dia e hora não marcados, chega ele acompanhado de dois capangas de sua confiança à “casa” – como ele chamava o cabaré. Armado de uma Pistola Parabellum-1906, “ordena” que os capangas “espiem” o ambiente para saber se não está “carregado”, vez que vai haver comemorações regadas a comes e bebes e muitas muchachas da vida dura, ainda cheirando a leite.

Pressentindo que o amado estava por vir ao cabaré naquele dia, Maria Bago Mole perfumou o ambiente todo com loção Violetas de Parma, mandou limpar todos os moveis do aposento dela, do salão e ordenou que as meninas se vestissem a caráter para aquela noite especial, pois nesse mesmo dia iam chegar ao cabaré muitos jogadores de pôquer, dados, baralhos, trapaceiros, trambiqueiros, aventureiros, vaqueiros, cortadores e carregadores de cana dos engenhos, prostitutas de outros puteiros pés de escada da redondeza, pois seu cabaré já era muito comentado nas imediações por causa da fama e sucesso da administradora, a arquitetura surreal do cabaré, sem contar que estava a todo vapor a construção de uma ferrovia estrangeira nas proximidades, sinal de que o progresso e a prosperidade iam abundar. E a desordem também!

Saloon de bangue-bangue, semelhante ao arquitetado por Maria Bago Mole para o Cabaré

Faz-se necessário lembrar que o cabaré fora projetado e construído no lugar da antiga Vila dos Vinténs pela visionária cafetina Maria Bago Mole, com arquitetura semelhante às dos saloons dos filmes do Velho Oeste americano, que ela mesma desenhou, mesmo sem conhecer nada de construção. Isso nos anos quarenta! Embaixo, ficavam na mesa as meninas e os cavaleiros para comer, beber e acertar o preço da noitada. E em cima, os quartos reservados aos “programas”. Do seu posto, à moda balcão de saloon de filme de faroeste, a cafetina MBM, estrategicamente, visualizava e marcava tudo mentalmente com a festa correndo solta. Aqui e acolá, havia uns empurrões entre os valentões bêbados, mas a cafetina, com a autoridade de sempre, estalava o relho e punha ordem no recinto. Nenhum homem a desobedecia!

No dia que o fazendeiro Bitônio Coelho chegou ao cabaré encontrou-o entupido de forasteiros, dentre eles dois desafetos conhecidos nas trilhas dos engenhos, que espalharam nas imediações que tinham a pretensão de “tomar” Maria Bago Mole a todo custo do homem dela, nem que para isso tivessem que duelar com o gostosão, o senhor de engenho mais afamado da Zona da Mata. Boato esse que chegou como uma bala aos ouvidos do fazendeiro.

Ignorando a todos que estavam dentro do cabaré, Bitônio Coelho, depois de descer do cavalo alazão branco e apiá-lo na frente do cabaré, se dirige até o aposento da amada, passando por dentro do salão entre mesas cheias de homens e mulheres se beijando, encontra-a sentada na cama organizando a contabilidade do cabaré. Beija-a com voracidade a boca, confessa-lhe o quanto a ama, o quanto ela lhe faz bem, o quanto a deseja, e naquele exato momento os dois fazem amor sem fechar a porta.

Horas depois de fazerem amor e relaxarem, ambos saem do quarto, Maria Bago Mole para se certificar se tudo estava correndo bem, uma vez que as meninas não bateram na porta dela para reclamarem de nada, e Bitônio Coelho senta-se na mesa vazia confeccionada para ele perto do aposento. Enquanto estava sentado esperando que a amada preparasse algo para comer e beber, dele se aproximam os dois desafetos que tinham espalhado nas redondezas que lhe iam tomar a cafetina e estavam ali para cumprir o prometido. Bêbados e afoitos, aproximaram-se do fazendeiro e, trincando os dentes, e com as foices nas mãos, desafiaram o homem à luta:

– Olhe aqui seu sacripanta, temos desafio pela frente. De hoje em diante se afaste daquela mulher porque senão o sangue vai dar na canela e alguém vai ter de lutar para saber quem é mais macho nessa parada para ficar com ela!

Foi nesse exato momento que Bitônio Coelho, percebendo que estava em desvantagem e que, se não reagisse logo iria morrer de foiçada ou ponta de punhal, arrastou da cintura a Pistola Parabellum-1906, deu um tiro certeiro na testa do primeiro desafeto e outro no peito do segundo, matando-os no meio do salão como um pistoleiro bangue-bangue elimina seu êmulo no Velho Oeste, sem ferir os fregueses que estavam se divertindo com suas muchachas antes de subirem aos quartos para completarem a farra dos comes e bebes.


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