Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José de Oliveira Ramos - Enxugando Gelo quinta, 26 de abril de 2018

A PREGUIÇA DA JAQUEIRA

 

 

Bicho preguiça no laborioso descanso

A Preguiça – “Folivora é uma subordem de mamíferos, da ordem Pilosa, cujas espécies são conhecidas popularmente por preguiça, bicho-preguiça, aí, aígue e cabeluda.

Todos os dedos têm garras longas pelas quais a preguiça se pendura aos galhos das árvores, com o dorso para baixo. Seu nome advém do metabolismo muito lento do seu organismo, responsável pelos seus movimentos extremamente lentos. É um animal de pelos longos, que vive na copa das árvores de florestas tropicais desde a América Central até o norte da Argentina. Na Mata Atlântica, o animal se alimenta dos frutos da Cecropia (a embaúba, conhecida, por isto, como árvore-da-preguiça).

De hábitos solitários, a preguiça tem, como defesa, sua camuflagem e suas garras. Para se alimentar, a preguiça utiliza-se de “dentes” que se apresentam em forma de uma pequena serra. Herbívoro, tem hábitos alimentares restritos, o que torna difícil sua manutenção em cativeiro. Dorme cerca de catorze horas por dia, também pendurada nas árvores. Na reprodução, dá apenas uma cria. Apenas a fêmea cuida do filhote. Reproduz-se, como tudo que faz, na copa das árvores. Raramente desce ao chão, apenas aproximadamente a cada sete dias para fazer as suas necessidades fisiológicas. O seu principal predador é a onça-pintada.” (Transcrito do Wikipédia)

O “causo” aconteceu anos atrás. A divisão imaginária dos povoados Queimadas e Guaiúba, ambos pertencentes ao município de Pacajus, era marcada por uma frondosa jaqueira, fonte de alimento dos passantes e moradores da localidade. Há quem coma a polpa da fruta, e utilize, também, a semente. Cozida, para comer “in natura” ou fazer bolo e acompanhamento para carnes cozidas.

Independentemente de chamar atenção pela quantidade de frutos, todos os anos, a jaqueira se tornou importante, por abrigar durante anos, uma inquilina até então estranha aos moradores. Era uma “preguiça”, logo apelidada de “Zabelinha”. Maria Isabel Nogueira, a “Zabelinha”, que parecia ter nascido idosa, com certeza era a pessoa mais “preguiçosa” que já viveu naquelas paragens. Como se dizia, “não dava um prego numa barra de sabão, e tinha preguiça até para comer.”

Zabelinha era a atração da “divisa”. Muitos afirmavam que, quando Zabelinha morresse, a jaqueira pararia de frutificar; que o caroço da jaca viraria ouro; e que fazia amor com um lobisomem em noites de lua cheia.

Como dito nas informações acima, Zabelinha só descia da jaqueira para fazer necessidades fisiológicas. E foi assim, por conta da descida de Zabelinha que, certo dia, se teve notícias que a jaqueira parou de frutificar, morreu, secou e virou lenha para forno de padaria.

Acontece que, por conta da boa sombra da larga copa da jaqueira, muitos a usavam para amarrar os animais. Burros e jumentos com cambitos e outros utensílios.

Certo dia, Zabelinha precisou “jogar o barro fora”. Começou a descer por volta das 9 horas e quando chegou ao tronco, já passava das 11. Cagou. Cagou muito, e até esqueceu que estava cagando, esquecendo também o caminho da volta. Em vez de subir novamente no tronco, preferiu se acomodar num surrão velho colocado num dos caçuás do burro que descansava na sombra. Sem perceber nada, o dono do burro retomou a montaria e foi embora. Levou Zabelinha consigo. Nunca mais Zabelinha teve disposição para voltar. Mas, na jaqueira, sempre aparecia alguém para afirmar que Zabelinha virou churrasco.

Anos depois, a frondosa jaqueira renasceu, novos galhos, mas nunca mais frutificou. Talvez, e muito provavelmente, por preguiça. Arre égua!

* * *

O jumento Brinquedo

Brinquedo o jumento maravilhoso da Vovó

“O Asno (nome científico: Equus africanus asinus) é uma subespécie doméstica do Asno-selvagem-africano. É um mamífero perissodáctilo da família Equidae, cujo nome popular é jumento, jegue, jerico, burro ou ainda asno-doméstico. De tamanho médio (conforme a raça), focinho e orelhas compridas, é utilizado desde a Pré-história como animal de carga. Os ancestrais selvagens dos asnos foram domesticados por volta de 5 000 a.C., praticamente ao mesmo tempo que os cavalos, e, desde então, têm sido utilizados pelos homens como animais de carga e montaria.

No Brasil, o termo “burro” pode designar não a espécie Equus africanus asinus, mas o cruzamento entre essa espécie e a Equus ferus caballus (cavalo) quando resulta num animal de gênero macho, aquilo que em Portugal se designa como “macho”; quando esse mesmo cruzamento resulta num espécime fêmea, é designado como “mula”. Os asnos classificam-se dentro da ordem dos Perissodáctilos, e à família Equidae, à qual também pertencem os cavalos, pertencendo ambos a um único gênero, os Equídeos (Equus).” (Transcrito do Wikipédia)

Lembro como se fosse ontem. Era dia 7 de setembro, feriado nacional no Brasil inteiro. A Guaiúba comemorava realizando alguns eventos que acabaram se tornando tradicionais.

Um desses eventos era uma “Corrida de Jegues”. Tradição na Guaiúba, a “Corrida dos Jegues” já estava atingindo a sua décima terceira edição. A corrida acontecia em duas etapas: manhã, com 50 jumentos escritos; tarde, com apenas os 10 primeiros classificados na competição matinal.

Brinquedo, famoso por ter conquistado duas vezes o primeiro lugar, era o preferido na bolsa de apostas (ninguém apostava dinheiro) e havia quem o considerasse favorito. Sempre.

Quem montava Brinquedo, era Zé Luciano, um dos netos favoritos da minha Avó. Zé Luciano tinha um segredo que, só quem sabia era Brinquedo – os dois eram confidentes. Viviam aos cochichos.

A tática usada por Zé Luciano era: amarrava Brinquedo, bem amarrado e com cabresto curto. Duas vezes por dia Zé Luciano passeava com jumentas no cio, para provocar Brinquedo. Zé Luciano cochichava no ouvido de Brinquedo: “ganhe aquela corrida e eu te deixo passar um dia inteiro com cada uma dessas jumentas.”
No dia da corrida, só dava Brinquedo. A bolsa de apostas recolhia cambitos, caçuás novos, sacas de milho e um bode de 30 kg para o vencedor. Zé Luciano, montado em Brinquedo, cochichava no ouvido do animal: “vamos, aquela jumentinha tá te esperando, vamos”.

Primeiro lugar: Brinquedo!

 


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