Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Marcos Mairton - Contos, Crônicas e Cordéis terça, 16 de maio de 2023

ABSURDOS (CRÔNICA DE MARCOS MAIRTON, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

ABSURDOS

Marcos Mairton

 

Absurdo é uma ave grande e desajeitada, cuja principal característica é seu grito, alto e estridente, capaz de desnortear outros animais que estejam por perto, inclusive seres humanos.

Seu nome vem exatamente dessa característica. Do latim “absurdus”, unindo a partícula “ab” (desde; a partir de) a “surdus” (o que não escuta), adquirindo, pelo uso coloquial, o significado de dissonante, fora do tom, desafinado.

Não se pode dizer que seja um animal raro, porque os absurdos proliferam em todo o planeta, sendo comuns na América do Sul. No Brasil, parecem encontrar condições muito favoráveis à sua reprodução. Estudos comprovam que grandes absurdos, oriundos dos Estados Unidos, às vezes migram para o sul, tornando-se ainda maiores quando chegam a terras brasileiras.

Há registros de absurdos na Amazônia, na caatinga, no cerrado, na mata atlântica e nos pampas. Mas é uma ave misteriosa, que consegue se manter oculta onde deveria facilmente ser vista, aparecendo inesperadamente em ocasiões e lugares improváveis.

Um dos maiores mistérios dos absurdos é a diversidade de formas com que são descritos. Ao que tudo indica, ninguém tem certeza quanto a sua aparência, mas todo mundo nota quando um absurdo chega. Ou quase todo mundo, porque sempre há os distraídos, que não percebem a presença do absurdo, mesmo quando ele está diante de seus olhos.

E tem também aquela turma que finge só perceber os absurdos que prejudicam seus interesses. Quando o absurdo os favorece, parecem mais distraídos que os distraídos de verdade:

– Olha o tamanho desse absurdo, gente!

– Onde?

– Aí! Na sua frente!

– Aqui? Não vejo absurdo nenhum.

E a vida segue. No fundo, a presença de um absurdo sempre causa certa surpresa, perplexidade e até medo. Especialistas dizem que mesmo quem é responsável pela criação de um absurdo se abala com sua presença. Mas certamente há quem se divirta criando absurdos.

Como diz o poeta Jessier Quirino, nesse mundo existe gente pra tudo, e ainda sobra dois pra tocar gaita!

O certo é que às vezes o absurdo é fugaz: surge, mas logo desaparece. Outras vezes permanece por longos períodos junto a agrupamentos de seres humanos. Vai ficando por ali, fingindo normalidade, até que as pessoas acabam se adaptando à sua presença. Continua sendo um absurdo, mas não incomoda mais ninguém. Ou quem se incomoda não diz nada, com receio de ser tratado como intolerante.

Sim! Porque às vezes o absurdo ganha a proteção de defensores, ONGs e ativistas, de modo que quem o trata como tal, ou seja, como absurdo, passa a sofrer represálias de toda sorte.

E ainda tem os absurdos que fazem seus ninhos no alto dos prédios públicos, em palácios, ministérios e tribunais. Esses costumam ser grandes, apesar do esforço de algumas autoridades para os fazer parecer pequenos. O simples ato de expor publicamente a existência desses absurdos pode levar alguém a sofrer sanções jurídicas, com a perda de bens e até da liberdade.

Mas, o fato é que os absurdos seguem alheios a tudo isso, e não deixam de ser o que são: absurdos. Podemos fingir que os ignoramos, podemos simular indiferença quando os vemos, ou negar a sua presença. Ainda assim eles continuarão lá.

E quem conhece a sua natureza sempre sentirá a esperança pulsar em seu coração quando ouvir alguém dizer, em tom de alerta:

– Mas isso é um absurdo!

P.S.: Como não consegui a foto de nenhum absurdo, a imagem ilustrativa é de um urutau, ave também conhecida como mãe-da-lua.


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