Não, o assunto não é o célebre romance de Rubem Fonseca. É o mês que começa amanhã, para muitos aziago. De péssima reputação, pois. Dizem-no até ser o mês em que as bruxas andam soltas. A sabedoria galega, porém, assegura não crer em bruxas, embora elas existam – Yo no creo em brujas, pero que las hay, las hay. Como cautela não faz mal a ninguém, se você examinar um calendário de efemérides vai encontrar em agosto acontecimentos nada a gosto. Quer ver? Passeemos aleatoriamente pelo tempo e pelo mundo.
Para começar, 6 de agosto foi o dia em que o mundo conheceu o pesadelo nuclear. Hiroshima foi reduzida a escombros. E se você pensar que aquela bomba que matou instantaneamente quase cem mil pessoas é, comparada às existentes nos arsenais das grandes potências, o equivalente a um prosaico fogo junino…
Em compensação, em agosto, de 1709, o padre brasileiro Bartolomeu de Gusmão criou o primeiro balão inflado a ar quente. Já em 1936, durante a Guerra Civil Espanhola, ocorreu o massacre de Badajoz, em que quatrocentas pessoas foram mortas em repressão aos republicanos. Em 1914 foi inaugurado o Canal do Panamá, ligando o Atlântico ao Pacífico, para promover o desenvolvimento do comércio internacional.
Agosto de 1572 marcou o início do massacre da Noite de São Bartolomeu, em que foram mortos cerca de cem mil protestantes. Agosto marcou também o enfarte fulminante de Agamenon Magalhães, a renúncia de Jânio Quadros, e o suicídio de Getúlio Vargas, momentos em que o clima político do país se tornou sombrio.
Nem tudo é imperfeito, no entanto. Foi em agosto de 1911 que a Mona Lisa foi roubada, mas em 1913 resgatada. Foi também em agosto, de 1592, que, como a provar que elas existem, aconteceu um dos julgamentos das Bruxas de Salem. E para terminar, foi em agosto de 1774 que o cientista britânico Joseph Priestley casualmente descobriu o oxigênio. Ao recolher o gás proveniente de uma reação química que ele provocara, notou que a respiração ficava mais fácil com o gás.
Por falar nisso, é imprescindível oxigenar o Brasil. O mau cheiro está sufocante.