Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Coluna do Calixto - Onde Reminiscências, Viagens e Aventuras se Encontram domingo, 02 de setembro de 2018

ALERGIAS SAZONAIS EM CENÁRIO DE MUDANÇAS DO CLIMA: A FEBRE DO FENO

 

ALERGIAS SAZONAIS EM CENÁRIO DE MUDANÇA DO CLIMA: A FEBRE DO FENO (HAY FEVER)

Compilação por Robson José Calixto

 

 

 

I - Introdução

 

Olhos avermelhados e lacrimejados, rinite alérgica, coriza, espirros, tosse, são sintomas conhecidos e associados à estação da primavera. Milhões de pessoas sofrem alergias sazonais (polinoses) alavancadas por polens transportados em suspensão no ar. Não somente na primavera, mas também no verão e no outono, existindo evidências, mesmo preliminares, que o problema crescerá com a mudança do clima.

 

Essas evidências apontam para uma confluência de fatores que favorecerão estações mais longas para o crescimento de ervas daninhas nocivas e outras plantas que disparam as alergias sazonais e ataques de asma.

 

O Gás Carbônico é o principal gás associado ao efeito estufa e ao aquecimento global, sendo, por igual, alimento das plantas que processam o carbono para geração de açúcar, durante a fotossíntese. Quando expostas a altas temperaturas e altos níveis de CO2, as plantas crescem com mais vigor e produzem mais pólen.

 

A World Allergy Organization - WOA já opinou que a mudança do clima afetará o início, a duração e a intensidade da estação do pólen, devendo exacerbar os efeitos sinérgicos dos poluentes e as infecções respiratórias da asma. Assim, mais pessoas estarão expostas a alergias sazonais com efeitos subsequentes sobre a saúde pública.

 

II - Polinose

 

Doença polínica, polinose ou, ainda, febre do feno, se deve à sensibilidade aos componentes de polens, cujos alérgenos provocam sintomas clínicos quando em contato com a mucosa do aparelho respiratório e as conjuntivas dos indivíduos já sensíveis. A expressão "febre do feno" representa um simbolismo, uma vez que não existe feno e a febre é inexistente na maioria das vezes.

 

Plantas da família Poaceae são as principais fontes de alérgenos de polens de gramíneas, devido à sua ampla distribuição mundial e grande capacidade de produção de polens. No Brasil, apesar de dados ainda escassos, o Lolium multiflorum, conhecido como (capim-) azevém, é a principal gramínea causadora de polinose.

 

A polinose induzida por gramíneas é a alergia polínica também mais comum na Europa, com cerca de 95% dos pacientes possuindo IgE específico para o Grupo I de alérgenos e 80% para o Grupo 5, sendo que esses dois grupos constituem os principais alérgenos de gramíneas. A bétula é a árvore que produz a maior carga de alérgenos de pólen no norte da Europa, sendo que nos recentes cresceu sua popularidade como planta ornamental, amada por arquitetos, em particular no norte da Itália, causando aumento significativo na sensibilidade alérgica aos seus alérgenos. Na síndrome de Ficus-fruta foi identificada o látex do Ficus benjamina como o alérgeno de reação cruzada. Outros estudos já indicaram que o pólen das oleáceas (oliveiras) é uma das mais importantes causas de doenças alérgicas na Região do Mediterrâneo.

 

Outros fatores estão, também, associados ao aparecimento e ao aumento da polinose, tais como desmatamento, à exploração da terra e o aumento da população, em áreas com estações climáticas bem definidas.

 

Clinicamente, a polinose é caracterizada por rino-conjuntivite ou asma brônquica. Os pacientes manifestam prurido ocular com hiperemia conjuntival, coriza, espirros, prurido nasal ou faringo-palatal, ausência ou presença de obstrução nasal. A hiperemia conjuntival e o prurido ocular são quase constantes na polinose, diferenciando-a do resfriado comum. O exame das vias aéreas revela a presença de reação inflamatória, com edema da mucosa nasal e aumentos dos cornetos, com secreção mucosa transparente. O citograma da secreção nasal pode mostrar um aumento significativo de eosinófilos, em geral superior a 10%. Uma característica importante da polinose é a periodicidade anual, uma vez que os sintomas, geralmente, ocorrem na mesma época do ano, durante a polinização. A sensibilização a alérgenos de polens pode ocorrer de forma isolada ou associada à sensibilização a outros alérgenos perenes, como os alérgenos de ácaros da poeira domiciliar do gênero Dermatophagoides, fungos, epitélio de animais e baratas. Assim, a sintomatologia pode ocorrer exclusivamente durante a primavera, época da polinização, ou durante todo o ano, porém, nesse último caso, exacerbada na primavera.

 

III - Polens e seu Alérgenos

 

Consistem de uma parte do ciclo de vida das plantas com flores, o grão de pólen é uma estrutura especializada que alberga os gametas masculinos das plantas com flores. Sua função biológica é fecundar o gametófito feminino.

 

Em uma atmosfera seca, o pólen permanece estável por séculos. Polens anemófilos (aqueles cuja polinização ocorre por serem dispersos ou transportados pelo ar) são os de importância alergógena. Alérgenos de polens são proteínas ou glicoproteínas solúveis em água, o que os tornam biologicamente e prontamente disponíveis, uma vez que são capazes de evocar uma reação alérgica mediada por anticorpos IgE dentro de segundos. Partículas alergênicas são liberadas do citoplasma por expulsão, sendo que em um desses mecanismos o grão de pólen em contato direto com a mucosa em meio isotônico levaria à difusão rápida dos alérgenos, os quais induziriam sintomas alérgicos imediatos nas superfícies mucosas acessíveis, como conjuntiva e mucosa nasal.

 

A liberação de alérgenos dos grãos de pólen pode ainda ocorrer em dois diferentes compartimentos: na superfície da mucosa do trato respiratório superior após exposição ao pólen, e no ar ambiente, ou seja, no lado externo do organismo. Desta forma, diferentemente dos alérgenos dos ácaros da poeira domiciliar, o risco de sensibilização a alérgenos de polens não pode ainda ser adequadamente estimado pela sua simples contagem no ambiente.

 

Atualmente, partículas de poluentes no ambiente, especialmente oriundas da exaustão de motor a diesel, têm sido consideradas importantes indutores da liberação de alérgenos de pólen no ar ambiente. Essas partículas de poluentes apresentam na sua constituição minerais como sílica, ferro, alumínio, magnésio, manganês, enxofre, entre outros. Segundo Knox et al. (1997), alérgenos de polens associados a partículas de carbono oriundas da exaustão de motores a diesel (DECP), como descrito quanto ao alérgeno Lol p 1 de L. perenne, teriam o efeito de concentrar muitas moléculas alergênicas em uma única partícula.

 

Uma planta para ser considerada causadora de polinose deve ser anemófila, ou seja, ser capaz de distribuir seus polens através dos ventos, possuir pólen alergógeno, ser abundante e estar próxima do homem.

 

IV - Alergias Crescentes

 

Alergias e asma sazonais impõem carga sanitária significativa, com estimativa de 10 a 30% da população global atingida por rinite alérgica (ou Hay Fever) e cerca de 300 milhões de pessoas no mundo todo afetadas pela asma. As taxas de asma em crianças dobraram nos Estados Unidos no período de 1980 a 1995. Há evidência sugerindo que a prevalência da febre do feno está crescendo em muitas partes do mundo, particularmente nas áreas urbanas, sendo provável que outros fatores ambientais como mudança na dieta e melhorias na higiene, contribuam para a prevalência da asma e da febre do feno, limitando a exposição prévia a alérgenos e alterando o sistema imunológico de desenvolvimento normal.

 

Pesquisas foram realizadas nos anos de 1990, com o cultivo de ambrósia americana, em câmaras contendo até 600 ppm de CO2, valor previsto pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima - IPCC para o ano de 2050 - na atualidade a concentração atmosférica está acima de 400 ppm. Os resultados das pesquisas indicaram que o tamanho e a produção de pólen das ambrósias utilizadas no experimento aumentaram com o aumento do CO2. No que se refere a ambrósias plantadas em áreas urbanas e fora da cidade, os resultados das pesquisas apontaram que as plantadas no ambiente urbano cresceram mais rápido, floriram mais cedo e produziram mais pólen do que aquelas plantadas nos arredores da cidade.

 

Aquecimento global relacionado com a mudança do clima deve aumentar, em particular em direção às latitudes, com prolongamento das estações do pólen, em quase 30 dias, com acréscimos maiores na direção norte, e regiões mais secas e distantes da linha do Equador.

 

Outros estudos, no entanto, indicaram que embora os gases de efeito estufa permita avaliação controlada de como as condições atmosféricas afetam as plantas alergênicas, eles não replicam o mundo real, onde outros poluentes, umidade, chuvas e adição de nutrientes no solo, especialmente nitrogênio, também influenciam os padrões de crescimento e polinização das plantas.

 

  

V - Polinose Ataca Urso Polar Victor

 

A polinose não ataca somente seres humanos, mas também outros tipos de animais como foi, neste verão do hemisfério norte, o caso de dois ursos polares do Yorkshire Wildlife Park, em Doncaster, Reino Unido, sendo um deles o urso Victor, que pesa 620 kg e habita uma área de concreto estéril e foi movido para outra área, de ambiente mais natural.

 

 

 A equipe de quase dez pessoas, que inclui dermatologistas, veterinários, enfermeira, fotógrafo e pessoal de apoio, suspeitou que o abscesso na pata, que incomodava o urso, estava relacionado a uma reação alérgica a pólen, o que implicou na realização de cerca de 50 testes visando identificar que tipo de alergia o estava deixando tão desconfortável.

 

 

 Se está no aguardo dos resultados dos testes com Victor.

 

** *Esse texto é uma compilação/resumo da seguinte Bibliografia/Fonte:

 

  • G. D'Amato et alli. Allergenic pollen and pollen allergy in Europe. Journal compilation@2007 Blackwell Munksgaard.
  • Ernesto Akio Taketomi. Doença alérgica polínica: polens alergógenos e seus principais alérgenos. Rev Bras Otorrinolaringol 2006;72(4):562-7.
  • Focus. Seasonal Allergies in a Changing Climate. Environmental Health Perspectives.Volume 124 | number 4 | April 2016.

 


Escreva seu comentário

Busca


Leitores on-line

Carregando

Arquivos


Colunistas e assuntos


Parceiros