São enormes as diferenças físicas, entretanto as coincidências anímicas são tão grandes, que encorajam supor que, nos seus treze anos à frente do Brasil, o ex-presidente Luiz Inácio da Silva haja lançado um modelo de governança. De Donald Trump, contudo, não se pode dizer, haja ele enganado alguém. Ele disse claramente a que viria e como faria.
Em comício de agosto de 2016, por exemplo, um homem se encontrava ao lado do então candidato. Era Nigel Faraje, o homem que – assim ele disse – teria estado por trás do Brexit. E vieram as palavras empolgadas e empolgantes, mesmo se vazias, embaladas nas promessas de independência, decência, enfrentamento dos bancos e da mídia liberal, além do establishment político. Apesar de todos os insultos, bramiu, a vitória lhe pertenceria. E pertenceu.
Isso lembra alguém? Não? Então, avivemos a sua memória.
O candidato era tão prodigioso, que descobriu a existência de pessoas irreais nos Estados Unidos, subtraindo da Inglaterra a condição de país com a mais numerosa população de fantasmas ou “mimando as minorias e desprezando as pessoas reais”.
Agora, era só o que faltava, uma nova manifestação do lulismo invade a vida norte-americana: o novo presidente assevera que a herança recebida do governo Barack Obama, é um caos. Para começar, ele rateou entre o governo anterior, a mídia e os órgãos de inteligência a responsabilidade pela crise que atinge seu gabinete, mas não ficou por aí. “Para ser honesto” – disse ele -, “eu herdei um caos. É um caos. Em casa e no exterior”.
Em casa, queixou-se dos baixos salários e da migração de empregos para o exterior.
Da Imprensa reclamou a distorção de suas palavras.
Quando abordou a política externa, descreveu um cenário de acentuada instabilidade, não importando para onde se olhasse.
Até os setores da inteligência tiveram o seu quinhão. Estariam evitando passar determinadas informações ao novo governo.
Chegado o momento dos autoelogios, claro, afirmou que, graças a ele, é o que se subtende, “empresas de primeira divisão, como Ford e General Motors, ensaiam o retorno ao país”. E concluiu, vaidoso, que nunca antes na … desculpe o equívoco: “Acho que nunca houve um presidente que tenha feito o que fizemos em um período tão curto”, garantiu Luiz… aliás, Donald Trump.
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