Ano passado, no interrogatório do ex-presidente Luiz Inácio da Silva, o inquiridor, juiz federal Sérgio Moro ― para alguns um inquisidor, um Torquemada tropical ― advertiu o interrogado quanto a procedimentos que poderiam ser tidos como tentativa de intimidação das autoridades envolvidas na Operação Lava Jato.
Fez-lhe, então, ver a inconveniência de tal conduta, o que de pouco valeu.
Basta dizer que em um dos seus momentos de maior irritação, como o ocorrido em Congonhas, aonde fora conduzido a contragosto, advertiu que voltaria a ser presidente da República e um dia poderia mandar prender (sic) os procuradores da República que o investigavam, e que não esqueceria os delegados que o haviam conduzido coercitivamente (sic).
E não ficou só nisso.
Afirmou ainda que somente ele poderia brigar (sic) com a Lava Jato, processando testemunhas, investigadores e até o próprio juiz Sérgio Moro. Curiosamente, o fato pouco repercutiu, mas agora, por conta de uma ameaça feita no passado, a notícia explodiu nos noticiários. Serão brigas de casais tema mais fascinante do que a ameaça de um ex-presidente da República?
A verdade é que Jair Bolsonaro ― em grande parte por conta do seu temperamento irritadiço, é alvo fácil para censuras e, para piorar as coisas, até hoje ele convalesce do esfaqueamento de que foi vítima, não podendo dar as explicações que deve.
Somente após 10 de outubro, ele poderá voltar às suas atividades normais, embora a essa altura o primeiro turno já seja passado.