Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Agenda Cultural quarta, 29 de março de 2023

ANIVERSÁRIO DA CEILÂNDIA - 27 DE MARÇO

 

NIVERSÁRIO DA CEILÂNDIA - 27 DE MARÇO

Raimundo Floriano

 

 

Fonte: Google

 

 

                         Começo aproveitando a oportunidade para dar-lhes pequena aula de Sintaxe Consuetudinária, por demais necessária para o prosseguimento daquilo a que me proponho.

 

                        Eu fico tiririca – no bom sentido –, abespinhado mesmo, quando órgãos governamentais teimam na mania de enfiar-nos goela adentro certos estrangeirismos e modismos que não nos soam bem, agridem nossas oiças. Recentemente, lançaram aqui o Projeto Limpa Brasília - Let’s Do It e, há algum tempo, teimam em impingir-nos as expressões de Ceilândia, em Ceilândia, ao referirem-se àquela simpática Cidade Satélite da Capital Federal.

 

                        Ora, nós, os que estamos aqui desde primórdios da colonização, chegamos a conhecer a Sapolândia – acampamento perto duma lagoa, que abrigava muitos sapos seresteiros –, a Sacolânia – acampamento cujos barracos de madeira eram cobertos por sacos de cimento –, e a Candangolândia, que hoje é também uma Satélite de Brasília. O sufixo lândia, com o significando terra de, complementando o substantivo que o antecede. A propósito, minha amada mulher, índia pretinha baiana, nasceu na Brejolândia.

 

                        Falemos um pouco da História do Distrito Federal.

 

                        Em 1967, foi iniciada a construção da Cidade Satélite do Guará, para absorver o contingente populacional oriundo de várias invasões e núcleos habitacionais provisórios. As primeiras residências foram construídas, através do sistema de mutirão, pelos funcionários da NOVACAP - Companhia Urbanizadora da Nova Capital, que nelas iriam morar. A inauguração se deu a 21 de abril de 1969, ano em que a NOVACAP e a SHIS - Secretaria de Habitação de Interesse Social prosseguiram com a urbanização, do segundo trecho, o Guará II, inaugurado a 2 de março de 1972, para abrigar funcionários do Governo Federal. Em pouco tempo, o Guará transformou-se num bairro preferido pela classe média alta.

 

                        Paralelamente ao Guará e perto dali, confrontando com a Candangolândia e com a Cidade Livre – atual Núcleo Bandeirante –, crescia em ritmo geométrico e desordenadamente a invasão denominada Morro do Urubu. Carente de qualquer tipo de saneamento básico, e sem luz elétrica, o Morro era preferido por traficantes e desordeiros, para ali se esconderem, perturbando a vida da maioria de seus moradores, pessoas pacatas e de boa índole. Nas madrugadas, era comum ouvirem-se tiroteios, e balas perdidas zuniam dali pra todo lado. Por isso, o Governo do Distrito resolveu urbanizar uma nova área para transferir toda aquela população, dando-lhe dignas condições de moradia e desarraigando, de vez, a sofrida invasão.

 

                        Para isso, foi criada, em 27 de março de 1971, a CEI - Campanha de Erradicação de Invasões. O local, para onde a população do Morro do Urubu foi trasladada, distante quase 30 quilômetros do Plano Piloto, foi logo denominada Ceilândia, ou seja, terra da CEI. Ao reportarem-se ao novo local de suas residências, seus habitantes diziam: moro na Ceilândia, vim da Ceilândia, vou para a Ceilândia, etc., etc. Não sei por que cargas-dágua, as autoridades adventícias vêm agora com essa novidade: em Ceilândia, de Ceilândia, para Ceilândia, e o escambau. Mas está virando moda! Em crônica publicada na Revista do Correio de 20.11.11, a atriz-escritora Maria Paula diz: “foi o lançamento do meu livro Liberdade Crônica, na Feira Literária Internacional de Pernambuco, em Recife.” É no Recife, Dona Paula, é no Recife!

 

                        Embora a Ceilândia fosse provida de todo o saneamento básico, luz elétrica, ruas asfaltadas e coisa e tal, os novos moradores, no início, reagiram negativamente à mudança, e isso por um motivo à vista de todos: enquanto a Ceilândia era muito distante, o Morro do Urubu, ao lado do Guará, ficava bem pertinho do Plano Piloto.  Tal sentimento foi muito bem exposto pelo Palhaço Cacareco, na marchinha Sei Lá – alusão a CEI-lá ou Ceilândia –, de Alfredo Ribeiro e Nestor Cavalcante, composta em 1972 e lançada no Carnaval de 1973:

 

Onde é que você mora, bem?

Sei lá!

Me disseram que ficou muito bem!

Sei lá?

Para ver onde é que eu moro,

É só indo lá, é só indo lá!

 

Eu fui levado pra morar lá fora!

Por Nossa Senhora,

Nem parece que é lugar!

Mas se eu ganhar

O bolão desta semana

E for a grana,

Vou de muda pro Guará!

Quá-quá-quá-quá!

 

Palhaço Cacareco

 

                        No engatinhar da TV Brasília, o Palhaço Cacareco comandava o Carrossel, programa infantil campeão de audiência, quando o gênero ainda não era dominado pelo batalhão de loiras que, depois dele, viriam a surgir. Além disso, com sua trupe, animava aniversários e se apresentava em circos e teatros. Embora tenha sido a alegria da criançada brasiliense até o início dos Anos 1990, quase nada ficou escrito sobre ele. Foi uma passagem completamente esquecida pela mídia.

 

                        Seus atores principais, além do Palhaço Cacareco, o protagonista, eram a Bruxa Danadinha, os Palhaços Linguiça, Folia, Purpurina, Carranquinha e Zé Gatão e as repórteres-mirins Renata e Tânia Cury.

 

                        Pesquisando na Internet, constatei que até as imagens abaixo foram postadas por admiradores seus daquele tempo, que também registraram alguns depoimentos, disponíeis no Gooogle.

 

 

Imagens postadas por fãs na Internet                       

                        José Alves Oliveira, o Cacareco, nascido a 25 de outubro de 1931, em Igarapava (SP), partiu desta vida no dia 15 de maio de 1993, no Hospital Geral Ortopédico de Brasília, pobre e esquecido pelos Poderes Públicos. Era casado com Jussineia Delevedove Oliveira, com quem tinha os filhos Diego e Douglas, que nos forneceram esses dados biográficos.

 

                        Para custear as despesas com os funerais, foi aberta uma conta bancária, na qual seus admiradores, dentre os quais me incluo, acorreram com generosas contribuições, na última homenagem a esse grande artista.

 

                        Além, da música já citada, tenho com ele em meu acervo o samba Engrena Agora, dos mesmos autores, também gravado para o Carnaval de 1973.

 

                        Com vocês, para conhecerem um pouco de seu trabalho fonográfico, a marchinha Sei lá.

 

                        E, também, o samba Engrena Agora:

 

 


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