Matuto iletrado, da mão calejada,
Do cabo da enxada, da luta do gado,
Jamais imagina o que é vaidade,
E a felicidade mora em seu roçado.
Sente-se feliz, vivendo na roça,
Na pobre palhoça, de barro e sapé,
Morando distante, da modernidade,
Que tem na cidade, nem sabe o que é.
Se o homem da rua, zomba do teu jeito,
Não chega ao teu peito, o ódio, o rancor,
Tua alma é pura, não guarda maldade,
Só tem na verdade, lugar para o amor.
Teu suor salgado, tem gosto de terra,
No teu Pé-de-Serra, tu és tão feliz,
A vida roceira, não troca por nada!
Pois lá está fincada, a tua raiz.
Pois, o que chasqueia, e até te destrata,
Despreza, maltrata, renega teu nome,
Não vê que é da roça, cheia de impureza,
Que leva pra mesa, de tudo que come?
Por isso te exalto! Oh nobre matuto!
Presto-te um tributo, te dou nota cem,
Por ser oriundo, das brenhas, do mato,
Assim sou de fato, matuto também!
Portanto, te orgulha, matuto brejeiro!
Do jeito matreiro, do teu linguajar,
Do lugar que vive, no aceiro da mata,
Ouvindo a cascata, e olhando o luar.
E não te aborreça, se te chamam “Jeca”,
“Caipira sapeca”, “Zé do interior”,
Quem sabe se tocam, e até compreendem,
Que em tudo dependem desse lavrador!