Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José Domingos Brito - Memorial quarta, 12 de janeiro de 2022

AS BRASILEIRAS : ADMA E VIOLETA JAFET

 

AS BRASILEIRAS: Adma e Violeta Jafet

José Domingo Brito

 


 

 

Adma Jafet nasceu em 1886, no Líbano; Violeta Jafet, sua filha, nasceu em 1908, em São Paulo, SP. São duas representantes de uma família de empreendedores libaneses que veio para o Brasil em fins do século XIX. Tornou-se um dos maiores grupos empresariais familiares do País, atuando nos ramos têxtil, mineração, finanças e navegação. Hoje não se pode falar em filantropia em São Paulo, sem citar a Família Jafet.  

 

Tudo começou em 1921, quando Adma, junto com colegas da comunidade árabe, fundou a Sociedade Beneficente de Senhoras do Hospital Sírio-Libanês. Violeta, com 13 anos, estava presente na reunião, ao lado de outras 27 mulheres. O sonho delas era criar um hospital à altura de São Paulo, como forma de retribuir o acolhimento propiciado pela colônia na cidade. Com ajuda financeira de um grupo de doadores, teve início as obras do hospital numa colina do bairro Bela Vista, em 1931. “Foi em boa hora que tomamos a nosso cargo erguer este edifício sob o céu límpido do Brasil. Deus nos ajude a realizar as nossas aspirações, a servir à nação, a fazer uma obra útil à humanidade”, discursou dona Adma no lançamento da pedra fundamental do hospital.

 

Em 1937, chegaram os primeiros equipamentos e no ano seguinte foi realizada a primeira reunião dentro do edifício. Em 1941, já se marcava a data da inauguração, quando o governo paulista requisitou o prédio para instalar uma escola de cadetes. Estávamos em plena II Guerra Mundial e, por meio de um decreto, o local foi transformado num centro militar por mais de 20 anos. Dona Adma faleceu em 1956 e não pode ver a instituição pronta. A tarefa ficou com a filha, que batalhou pela reconquista do prédio. Junto com o genro Lourenço Chohfi, percorreu quarteis e gabinetes de políticos com poucos resultados. Até que em meados da década de 1960 se utilizou da influência de Ricardo Jafet, seu ??????????? na época presidente do Banco do Brasil, e conseguiram com o governador Jânio Quadros resgatar o prédio em 1959.

 

Em 1960 assumiu a presidência da Sociedade, chamou as amigas de sua mãe, congregou novos aliados e convocou empresários e médicos para ajudá-la na empreitada. O Dr. Daher Elias Cutait ficou encarregado da direção clínica e em 15/8/1965 foi inaugurado oficialmente o Hospital Sírio-Libanês coexistindo com a Sociedade Beneficente. Segundo dona Violeta, “a ideia era formar um hospital que tivesse pobres e ricos, gratuitos e pagantes, para que os pagantes pudessem também pagar as despesas dos menos favorecidos”. Como resultado temos um hospital que foi o primeiro do País a implantar uma UTI-Unidade de Terapia Intensiva, em 1971, e o primeiro do hemisfério sul a realizar uma cirurgia remota por microcâmera, com o paciente em São Paulo e o cirurgião em Baltimore (EUA).

 

Dona Violeta costumava dizer que o hospital não é nem sírio nem libanês: é “universal” e procurou ampliar sua atuação dedicando-se à educação e investigação científica. Desde 2005 mantém o Instituto de Ensino e Pesquisas e recebeu aprovação do Ministério da Educação para ministrar cursos de pós-graduação lato sensu stricto sensu. Hoje o hospital conta com 3 unidades em São Paulo e 5 em Brasília, incluindo os centros de oncologia e diagnósticos. É uma referência mundial na área médica e serviços hospitalares. O compromisso assumido há 100 anos por suas fundadoras está fundado em 4 pilares: integração com a comunidade, ambulatórios de filantropia, Instituto Sírio-Libanês de Responsabilidade Social e projetos de apoio ao SUS-Sistema Único de Saúde.

 

O hospital é mantido com a receita oriunda dos convênios médicos (70%) e dos pacientes particulares (30%). As doações espontâneas são esporádicas e do que se arrecada, a maior parte é reinvestida no hospital, tendo uma parcela destinada a projetos filantrópicos nas redondezas. Em 2006, aos 98 anos, Dona Violeta se afastou da presidência executiva da Sociedade. A gestão foi profissionalizada, mas ela continuou a par de tudo e marcando presença nas reuniões até 26/12/2016, quando veio a falecer aos 108 anos. Pouco depois a administração do hospital instituiu o “Prêmio Violeta Jafet” de excelência no cuidado com os pacientes e dirigido aos funcionários do hospital. Uma comenda que bem poderia se entender à todos os cuidadores da saúde.   

 

Em 2017, na celebração dos 130 anos da imigração no Brasil, a família Jafet promoveu uma festa no Clube Atlético Monte Líbano, com a presença de mais de 500 de seus descendentes. O objetivo não era apenas festejar a data, mas também demonstrar o legado deixado para as gerações seguintes. A comissão organizadora do evento -integrada por primos descendentes dos seis irmãos que chegaram ao Brasil a partir de 1887: Benjamin, Basílio, Nami, João, Miguel e Hala- ofereceu um coquetel de boas-vindas e exibiu a árvore genealógica atualizada: 1.265 descendentes, sendo que 873 estão vivos, permitindo que os presentes marcassem todos os familiares do mesmo ramo genealógico. O evento culminou com uma série de atividades voltadas às crianças, um “pocket show” apresentado por cinco descendentes cantores e uma homenagem aos nove descendentes vivos, com idades acima de 90 anos.

 

Na comemoração do centenário do Hospital, em 2021, todas as diretorias da Sociedade Beneficente se manifestaram no sentido de manter e alargar as conquistas da entidade como forma de retribuição ao acolhimento da cidade de São Paulo e o Brasil propiciado aos imigrantes.

 

Família Jafet veio do Líbano há 125 anos - YouTube

 

 


Escreva seu comentário

Busca


Leitores on-line

Carregando

Arquivos


Colunistas e assuntos


Parceiros