Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José Domingos Brito - Memorial segunda, 03 de agosto de 2020

AS BRASILEIRAS: ANÁLIA FRANCO

 

AS BRASILERIAS: Anália Franco

Anália Franco Bastos nasceu em 1/2/1853, em Resende, RJ. Educadora, jornalista, escritora, dramaturga, poeta e filantropa destacada nas áreas da educação e assistência social. Dedicou toda a vida a criação de instituições assistenciais e de ensino: mais de 74 escolas. 23 orfanatos, 2 albergues, creches, orquestra, grupo teatral e diversas oficinas manufatureiras dedicadas às mulheres carentes.

Teve os primeiros estudos em casa, com a mãe professora. Em 1861, a família mudou-se para o interior de São Paulo. Aos 15 anos entrou no magistério como professora auxiliar de sua mãe e pouco depois recebeu permissão para lecionar como professora primária. Em 1872, aos 19 anos, foi aprovada pela Câmara Municipal de São Paulo, num concurso para professora, mas decidiu ficar no interior. Tal decisão selou seu destino de assistencialista pelo resto da vida. Devido a “Lei do Ventre Livre”, de 28/9/1871, que tornava livre os filhos de escravas nascidos a partir daquele ano, as crianças ficavam sob a custódia das famílias, onde nasciam até os 8 anos.

O Estado delegou aos senhores de escravos esta tarefa sem compensação alguma, ocasionando abusos, descaso e até expulsão dos escravos, com os filhos, de suas terras. Sem condições de se manterem, muitos deles se tronavam mendigos perambulando pelas ruas com suas crianças. Anália passou a redigir cartas para as senhoras fazendeiras, pedindo que amparassem essas crianças, ao mesmo tempo em que criou sua primeira instituição assistencial: a “Casa Maternal”, em Jacareí, uma escola pública. O local foi oferecido por uma das fazendeiras à quem ela pediu para amparar as crianças. A oferta trazia no bojo uma condição explicitada pouco depois: não misturar negros e brancos. Anália não aceitou a proposta, recusou a oferta e passou a pagar aluguel pela casa. A fazendeira não gostou da ousadia e providenciou sua expulsão do local.

Em seguida mudou-se para a capital, onde criou uma escola pública e abrigo para crianças. Depois, com o apoio dos abolicionistas e republicanos, conseguiu implantar mais algumas dessas instituições em São Paulo. Com a abolição da escravatura (1888) e proclamação da República (1889), seu trabalho avançou com a criação de dois colégios gratuitos para meninos e meninas. Em 1898 criou sua própria revista –“Álbum das Meninas”-, a partir das colaborações que já fazia para outras revistas: “A Família”, “A Mensageira” e “O Eco das Damas”. Era uma revista mensal literária e educativa voltada às jovens. Em 1901, junto com 20 senhoras, fundou a AFBI-Associação Feminina Beneficente e Instrutiva, destinada a apoiar mulheres e crianças em condições precárias. Com isso, conseguiu criar mais escolas públicas e o “Albergue Diurno para os Filhos de Mães Jornaleiras”, um dos braços da AFBI. Logo, pode se dizer que foi a pioneira na criação de creches públicas. Seu lema era “A verdadeira caridade não é acolher o desprotegido, mas promover-lhe a capacidade de se libertar”.

Com ajuda de alguns políticos paulistas, notadamente do Senador Paulo Egídio, conseguiu adquirir a Chácara Paraíso, 75 alqueires de terra na Zona Leste de São Paulo, ao lado do bairro Tatuapé, que pertenciam ao padre Diogo Antônio Feijó, regente do Império no período 1835-37. Neste espaço, instalou a AFBI e fundou a Colônia Regeneradora Dom Romualdo, afim de abrigar e regenerar centenas de mulheres consideradas “desviadas”, como prostitutas ou que engravidavam fora do casamento. 6 anos após fundada, a instituição mantinha 22 escolas maternais e 2 noturnas na capital e 5 no interior. Cerca de 2 mil crianças pobres estavam matriculadas em todas as unidades. Após seu falecimento, o local passou por alguns melhoramentos, foi encampado pela Prefeitura e foi sendo ocupado pela população que para lá se estendia, tornando-se numa das regiões mais habitadas da capital. Pouco depois, foi criado o Jardim Anália Franco, que a partir da década de 1980 recebeu grandes investimentos imobiliários e tornou-se uma “área nobre” residencial na Zona Leste.

Seu empreendimento educacional precisava de muitas professores. Em 1902, criou o “Liceu Feminino”, afim de instruir e preparar professoras para a direção e ensino nas escolas que iam sendo criadas. Nesse meio tempo, publicou diversos livros, folhetos e tratados sobre o processo pedagógico, como o “Novo Manual Educativo”, contendo capítulos especiais sobre a juventude e adolescência. No ano seguinte, passou a colaborar na revista mensal “A Voz Feminina”. Vale ressaltar que tais atividades não tinham cunho religioso. Diziam que ela professava a religião espírita, mas isto era questão de foro íntimo, não estava explícito em seus trabalhos assistenciais. Mesmo assim, foi combatida por jornais católicos da época, dizendo que seu trabalho era algo “perigoso para o sentimento religioso das crianças”.

Seu legado bibliográfico é composto de obras pedagógicas e 3 romances: “A Égide Materna”“A Filha do Artista” e “A Filha Adotiva”; peças teatrais; e várias poesias, como “Hino a Deus”, “Hino à Ana Nery”, “Hino a Jesus”, “Minha Terra” entre outras. Sua última obra assistencial foi o Asilo Anália Franco, no Rio de Janeiro, concluído pelo marido –Francisco Antônio Bastos- após seu falecimento, em 20/1/1919, vitimada pela gripe espanhola de 1918. “Não teve filhos, mas foi uma grande mãe”. Assim foi descrita por Adalzira Bittencourt no livro “A mulher paulista na história”, publicado em 1954. Dentre suas biografias, vale ressaltar o livro “Anália Franco: a grande dama da educação brasileira”, extenso trabalho de pesquisa realizado por Eduardo Carvalho Monteiro e publicado em 2004, na comemoração dos 450 anos de São Paulo.

 


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