Auta de Souza nasceu em Macaíba, RN, em 12/9/1876. Poeta, professora e figura destacada na religião espírita. Integrante da segunda geração romântica, com alguma influência simbolista, foi considerada por Luís da Câmara Cascudo, a “maior poetisa mística do Brasil”. Seu nome encontra-se estampado em diversas instituições espíritas em todo o País. Sua vida constitui-se numa bela história de superação ocorrida no País.
Filha de Elói Castriciano de Souza e Henriqueta Leopoldina Rodrigues, ficou órfã aos 3 anos, com a morte da mãe e aos 4 do pai, vitimados por uma epidemia de tuberculose que assolava o País. Foi criada pela avó materna Silvina Maria Paula Rodrigues, numa chácara no Recife, Aos 11 anos ingressou no Colégio São Vicente de Paula, dirigido por freiras francesas, e tornou-se ledora compulsiva de Victor Hugo, Lamartine, Chateaubrind e Fenélon no original, além de muita literatura religiosa. Em 1890 retornou com sua avó para Macaíba.
Aos 14 anos foi também atingida pela epidemia de tuberculose e interrompeu os estudos no Colégio, mas prosseguiu estudando como autodidata. Participou da “União Pia das Filhas de Maria” e ministrou aulas de catecismo, ao mesmo tempo em que escrevia poemas religiosos. Na opinião do crítico Jackson Figueiredo, era uma das mais altas expressões da poesia católica nas letras femininas do Pais. Começou a publicar seus poemas aos 16 anos, quando passou a frequentar o “Club do Biscoito”, associação de amigos que promovia reuniões dançantes e saraus, recitando Casimiro de Abreu, Castro Alves, Gonçalves Dias e autores potiguares.
Em 1894 passou a colaborar com a revista “Oásis” e 2 anos depois já colaborava com “A República”, jornal de maior circulação e que lhe deu visibilidade na imprensa nacional, incluindo O Paiz, do Rio de Janeiro. No ano seguinte, passou a escrever assiduamente para A Tribuna, de Natal.. Entre 1899 e 1900, assinou seus poemas com os pseudônimos de Ida Salúcio e Hilário das Neves, prática comum naquela época. Colaborava também nos jornais “A Gazetinha”, de Recife, no jornal religioso “Oito de Setembro”, de Natal, e na “Revista do Rio Grande do Norte”.
Em 1895 conheceu o promotor público de Macaíba, João Leopoldo da Silva, de quem ficou enamorada durante um ano. Mas ele veio a falecer devido a tuberculose, que acompanhava seus passos desde a infância. Tal frustração amorosa, junto à orfandade e à religiosidade ficaram marcadas em sua obra poética. Seu único livro – Horto -, publicado em 1900, foi prefaciado por Olavo Bilac e foi republicado diversas vezes, inclusive em Paris. O livro foi bem recebido pela crítica e pelo público, cuja edição esgotou-se em 2 meses. A edição de 1936 foi prefaciada por Alceu de Amoroso Lima e boa parte dos (14) poemas foram musicados.
Faleceu em 7/2/1901, vitimada pela tuberculose, e foi sepultada no cemitério do Alecrim, em Natal.. Em 1904 seus restos mortais foram transferidos para o jazigo da família, na parede da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Macaíba. Em 1936, a Academia Norte-Riograndense de Letras dedicou-lhe a cadeira nº 20, em reconhecimento à sua obra. Em 12/9/2008, na comemoração de seu nascimento, foi laçado o documentário “Noite Auta, Céu Risonho”, dirigido por Ana Laurentina Ferreira Gomes, produzido pela TV Universitária em parceria com o Núcleo Câmara Cascudo de Estudos Norte-Riograndenses.
Em 1953, foi criada em São Paulo, por Nympho de Paulo Corrêa, a Campanha de Fraternidade, que mais tarde passou a se chamar “Campanha de Fraternidade Auta de Souza’, realizada em centenas de centros espíritas em todo o País e no exterior. O espiritismo tem cultivado sua obra composta de poemas póstumos. Chico Xavier psicografou o livro Auta de Souza, com sonetos atribuídos ao seu espírito, além de outros poemas publicados no livro Parnasso de além-túmulo (1932). Em 2016 foram musicados, por Carlinhos Santa Rosa, 11 sonetos de sua autoria, psicografados por Chico Xavier e gravados no CD “Presença do Amor”. Sua vida e obra foi escrita em algumas biografias, das quais destacam-se A vida breve de Auta de Souza (1961), de Luís da Càmara Cascudo; Auta de Souza (1991), de Diniz Ferreira da Cruz e Auta de Souza (1924), de Jackson de Figueiredo.