Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José Domingos Brito - Memorial quarta, 14 de setembro de 2022

AS BRASILEIRAS : CORA CORALINA (CRÔNICA DE JOSÉ DOMINGOS BRITO, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

AS BRASILEIRAS: Cora Coralina

José Domingos Brito

 


 

Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas nasceu na Cidade de Goiás (ou Goiás Velho), GO, antiga capital do estado, em 20/8/1889. Poeta, contista e doceira, com seu estilo simples e alheio a escolas literárias, é considerada uma das maiores poetas brasileiras. Publicou seu primeiro livro aos 75 anos, mesmo escrevendo desde a adolescência.  

 

Filha de Jacyntha Luiza do Couto Brandão e Francisco de Paula Lins dos Guimarães Peixoto, desembargador nomeado por D. Pedro II. Concluiu apenas o curso primário e passou a escrever os primeiros textos aos 14 anos, publicando-os mais tarde em jornais da cidade e outros locais. Seus primeiros textos foram publicados no jornal Tribuna Espírita, do Rio de Janeiro, em 1905. Publicou seu primeiro poema –“A tua volta”- no semanário Folha do Sul, da cidade de Bela Vista, em 1906, e no semanário A Rosa, em 1907, fundado por ela junto com as amigas Leodegária de Jesus, Rosa Godinho e Alice Santana.

 

Por essa época, frequentou o “Clube Literário Goiano” e escreveu o poema evocativo “Velho Sobrado”. O primeiro conto -Tragédia na roça”’- foi publicado em 1910, no Anuário Histórico e Geográfico do Estado de Goiás. Neste ano seu padrasto faleceu; a família passou por uns perrengues e ela adotou o pseudônimo “Cora Coralina”. Aos 22 anos conheceu o advogado Cantídio Tolentino de Figueiredo e fugiu com ele para Jaboticabal, SP, onde nasceram seus 6 filhos. Em 1922 ficou sabendo da Semana de Arte Moderna na capital e manifestou interesse em participar do evento, mas foi dissuadida pelo marido.

 

Dois anos depois, mudou-se para a capital em plena “Revolta Paulista”, comandada pelos tenentes contra o presidente Arthur Bernardes. Em 1926, casou-se de papel passado. Com o falecimento do marido, em 1934, vendeu a pensão que mantinham e passou trabalhar para o editor José Olympio na venda de livros. Pouco depois Mudou-se para Andradina; montou loja de retalhos de tecidos; comprou um sítio; candidatou-se a vereadora, mas não se elegeu. Retornou à Goiás em 1956, aos 67 anos, e voltou a viver em sua velha “Casa da Ponte”, no centro da cidade. Escreveu o panfleto “Cântico da volta”; retomou a escrita de poemas e passou por uma transformação que ela mesma definiu como a “perda do medo”.

 

Seu primeiro livro publicado -Poemas dos becos de Goiás e estórias mais (1965), aos 75 anos, pela Editora José Olympio, foi bem recebido pelo público e crítica. Porém foi com a 2ª edição, em 1978 pela Editora da UFGO, que passou a ser admirada em todo o País. A edição primorosa foi saudada por Carlos Drummond de Andrade numa crônica publicada no Jornal do Brasil, em 27/12/1980, após ler seu poema “Vintém de cobre”: "Minha querida amiga Cora Coralina: Seu Vintém de Cobre é, para mim, moeda de ouro, e de um ouro que não sofre as oscilações do mercado. É poesia das mais diretas e comunicativas que já tenho lido e amado. Que riqueza de experiência humana, que sensibilidade especial e que lirismo identificado com as fontes da vida! Aninha hoje não nos pertence. É patrimônio de nós todos, que nascemos no Brasil e amamos a poesia”.

 

A 3ª edição saiu em 1980 pela Editora da UFGO, incluída na “Coleção Documentos Goianos”. Pouco depois publicou Vintém de cobre: meias confissões de Aninha (1983) pela Editora Global. Por essa época, aos 95 anos, a saúde deu sinais de alerta e veio a falecer, lúcida, em 10/4/1985. A casa onde viveu, no centro da cidade, foi transformada em “Museu Casa de Cora Coralina”, em 20/8/1989, na comemoração do centenário de seu nascimento. 20 anos depois, O Museu da Língua Portuguesa prestou-lhe homenagem com a exposição “Cora Coralina – Coração do Brasil”, em 2000. Em Goiás, a Secretaria de Turismo inaugurou o “Caminho de Cora” (caminho dos antigos bandeirantes), um trecho de 300 km. ligando Vila Boa a Corumbá de Goiás.  

 

Em 2019, na comemoração do seu 130º ano de nascimento, o Governo de Goiás decretou o “Ano Cora Coralina”. Deixou mais de 15 livros publicados e bastante material inédito em seus cadernos escolares para alguns livros póstumos. Conta com dezenas de obras biográficas, críticas literárias, teses e dissertações publicadas: Cora coragem; Cora poesia, de Vicência Bretas Tahan (Ed. Global, 1989), Cora Coralina: celebração da volta, de Darcy França Denófrio e Goiandira Ortiz de Camargo (Cânone Editorial, 2006) e Cora Coralina: raízes de Aninha, de Clóvis Carvalho Britto (Ed. Ideias & Letras, 2011) entre outros.

 

Foi contemplada com diversos prêmios e títulos: Doutora Honoris Causa pela UFGO (1983); Intelectual do Ano, com o Prêmio Juca Pato, da UBE-União Brasileira dos Escritores (1983); condecoração póstuma com a Ordem do Mérito Cultural do Governo de Goiás (2006). Em seu túmulo no cemitério São Miguel, na Cidade de Goiás, está registrado:

“Não morre aquele
Que deixou na terra
A melodia de seu cântico
Na música de seus versos”

Cora Coralina -Todas as vidas dentro de mim

 


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