Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José Domingos Brito - Memorial quarta, 23 de junho de 2021

AS BRASILEIRAS : ELIZABETH TEIXEIRA (ARTIGO DE JOSÉ DOMINGOS BRITO, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

ELIZABETH TEIXEIRA

José Domingos Brito

Elizabeth Teixeira

 

 

 

 

Elizabeth Altino Teixeira nasceu em 13/2/1925, em Sapé, PB. Camponesa e ativista política como líder do movimento das “Ligas Camponesas”, em princípios da década de 1960. Viveu 17 anos na clandestinidade após o Golpe Militar de 1964 e foi “ressuscitada” pelo cineasta Eduardo Coutinho em 1984, com o filme “Cabra marcado para morrer”. Ficou conhecida como símbolo da resistência da mulher na luta pela reforma agrária e liberdade política.

 

O filme é um semidocumentário sobre a vida de seu marido, João Pedro Teixeira, líder das “Ligas Camponesas”, assassinado em 1962, cujas filmagens foram interrompidas em 1964 com o golpe militar. O filme foi retomado em 1981 com depoimentos dos camponeses que participaram da primeira filmagem e da viúva de João Pedro –Elizabeth Teixeira-, que assumiu a liderança do movimento até 1964, quando passou a viver escondida até 1981 e foi encontrada pelo cineasta. Assim, ela pode reencontrar alguns de seus 11 filhos dispersos desde 1964. Premiado no Festival de Berlim e no Festival Cine Realidade, de Paris em 1985, o filme recebeu outras premiações nacionais e internacionais, incluindo o prêmio Hours Concours do Festival de Gramado naquele ano. Foi considerado pela ABRACCINE-Associação Brasileira de Críticos de Cinema como um dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos.

 

Passou a infância numa família modesta, mas remediada com pai comerciante e estudou até o curso primário. Parou os estudos para ajudar a família trabalhando na mercearia do pai. Aí encontrou seu namorado João Pedro, que não foi aceito pela família pelo fato de ser negro e pobre. Aos 16 anos fugiu de casa para viver com ele no Recife. Envolvido no movimento sindical, ele participou da criação do Sindicato dos Trabalhadores da Construção e devido a isto teve dificuldades para encontrar emprego no Recife. A família teve que voltar a viver em Sapé, trabalhando na agricultura. Na década de 1960 participou do movimento “Ligas Camponesas”, institucionalizado em 1955 pelo advogado Francisco Julião, deputado estadual e defensor dos camponeses.

 

Em 1962, com o acirramento da luta sindical no campo, João Pedro foi assassinado numa emboscada de pistoleiros. Ela reuniu o pessoal das Ligas numa assembleia de mais de 2 mil camponeses e assumiu a liderança do movimento. Sofreu alguns atentados e algumas prisões afim de intimidá-la porém sem sucesso. Numa dessas voltas da cadeia para casa, encontrou a filha mais velha morta. Cometeu suicídio achando que a mãe havia sofrido o mesmo destino do pai. Após o golpe de 1964, tentaram incendia sua casa, mas não a encontraram. Ao saber do ocorrido fugiu pelo mato e conseguiu chegar ao Recife. Depois foi para João Pessoa procurar os filhos e foi presa por 4 meses.

 

Uma vez solta,  passou a viver na clandestinidade adotou outro nome e foi viver em São Rafael (RN) com um dos filhos. Os outros foram viver com os parentes. Para sobreviver passou a dar aulas às crianças pobres em troca de alimentação. Saiu da clandestinidade em 1981, quando Eduardo Coutinho encontrou-a com a ajuda de um dos filhos mais velho, jornalista vivendo em Patos (PB). Assim, o filme foi retomado e ela foi incorporada nas filmagens, assumindo o papel de protagonista no lugar do falecido marido. Auxiliada pelo cineasta, ela conseguiu reencontrar os filhos dispersos pelo Rio de Janeiro, Recife São Paulo e Cuba e foi beneficiada pela Lei da Anistia, em 1979.  

 

A partir daí pode-se dizer que nasceu de novo, agora no papel de uma senhora de fibra e convicta de sua atuação no movimento dos trabalhadores agrícolas 20 anos antes, uma sobrevivente do golpe de 1964. Devido a esta participação no filme o cineasta deu-lhe uma casa em João Pessoa (PB), onde passou a residir. Em seguida, com o sucesso do filme, passou a receber homenagens e convites para palestras em diversas instituições. Em 2006 foi agraciada com o “Diploma Bertha Lutz”, concedido pelo Senado Federal. No mesmo ano recebeu a “Medalha Epitácio Pessoa”, a maior comenda da Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba. Em 2011, a casa em que viveu com João Pedro foi tombada e destinada a sediar o Memorial das Ligas Camponesas criado em 2008.           

 

Em 2012, a EDEPB-Editora da Universidade Estadual da Paraíba publicou uma bela e completa biografia –Eu marcharei na tua luta!: a vida de Elizabeth Teixeira, obra organizada pelas pesquisadoras Lourdes Maria Bandeira, Neide Miele  e Rosa Maria Godoi Silveira. Em 2017, ao completar 92 anos, o Memorial das Ligas Camponesas junto com o Centro de Comunicação , Turismo e Artes da UFPb e a Secretaria de Cultura do Estado promoveram a “Semana Elizabeth Teixeira” nos dias 13-18 de fevereiro, no Campus da UFPb, na Usina Cultural Energisa e na Escola de Formação João Pedro e Elizabeth Teixeira/MST em Lagoa Secas com uma extensa programação de homenagens, filmes, debates e palestras sobre seu legado e luta em defesa da reforma agrária. Dona Elizabeth Teixeira ficou conhecida como uma “Mulher marcada para viver”. 


quinta, 24 de junho de 2021 as 07:12:43

d.Matt
disse:

Caro Brito. Parabéns por mostrar nestas páginas o seu grande talento como biógrafo. Fiquei muito feliz em vê-lo aqui como um colega,pois estou escrevendo também aqui às quintas feiras. Notei que os leitores destas páginas, que são realmente muito boas, com belos artigos, não comentam nada, o que me parece uma falta de comunicação. Também pode ser pela dificuldade de conseguir escrever qualquer texto como comentário, pois confesso que quase desisti, pois levei muito tempo, até que consegui ser aceito pelo Jornal como comentarista. Deve ter algum problema que precisa ser sanado e que os comentaristas façam seus comentários sem dificuldade. Assim como está, confesso, não voltarei mais. Grande abraço amigo e Mestre.


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quinta, 24 de junho de 2021 as 07:30:55

RAIMUNDO FLORIANO DE ALBUAUQUERQUE E SILVA
disse:

Prezado D.Matt, o celular criou uma nova geração, a do dedinho, preguiçosa, que abrevia tudo e bagunça nosso idioma. Por isso, para ela, escrever qualquer texto é um tormento. Continue a abrilhantar nosso Almanaque, trazendo seus valiosos conhecimentos sobre a Sétima Arte. Um abraço! Raimundo Floriano.


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