Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José Domingos Brito - Memorial quarta, 21 de julho de 2021

AS BRASILEIRAS : JOHANNA DÖBEREINER

 

 

AS BRASILEIRAS:  Johanna Döbereiner

José Rodrigues Brito

 

 

Johanna Liesbeth Kubelka Döbereiner nasceu em 28/11/1924, em Aussig, República Checa. Engenheira agrônoma, pioneira na área de biologia do solo. Trabalhou no Instituto de Ecologia e Experimentação Agrícola do Serviço Nacional de Pesquisas Agronômicas, o precursor da Embrapa Agrobiologia. Sua atuação possibilitou o avanço do programa Pró-Álcool, além de colocar o Brasil como o 2º maior produtor de soja do mundo. Seus  estudos e pesquisas foram decisivas na produção de alimentos mais baratos e saudáveis, garantindo-lhe a indicação ao Prêmio Nobel de Quimica,  em 1997.

 

Filha do cientista Paul Kubelka, professor de Química da Universidade de Praga e fabricante de produtos químicos de uso na agricultura. O pai foi preso por ajudar judeus na persguição nazista e a mãeParte superior do formulárioParte inferior do formulário -Margarete Kubelka-, morreu num campo de concentração. Após um periodo de perseguições, a familia se instalou na região de Munique, onde ela ingressou na Universidade de Munique, em 1947, no curso de agronomia. Lá conheceu o estudante de medicina veterinária Jürgen Döbereiner, com quem se casou em 1950. Em seguida o casal veio para o Brasil e ela foi trabalhar com o Dr. Álvaro Barcellos Fagundes no atual Centro Nacional de Pesquisa em Agrobiologia da Embrapa, em Seropédica (RJ), onde vivia.  

 

Em sua primeira publicação tratou da relação entre bactérias fixadoras do nitrogênio e plantas superiores e causou estranheza entre os colegas por não haver na literatura qualquer relação entre estes elementos. Naturalizou-se brasileira em 1956 e pouco depois foi fazer pós-graduação nos EUA, onde concluiu o mestrado em 1963, na Universidade de Universidade de Wisconsin-Madison. Em seguida foi à Paris fazer um curso de bacteriologia, no Instituto Pasteur. De volta ao Brasil, montou uma equipe e deu inicio as pesquisas sobre a fixação de nitrogênio atmosférico em gramíneas (milho, sorgo e cana-de-açucar. Ela e seus colegas descreveram mais de nove  espécies de bactérias diazotróficas, fato inédito para o Brasil na área agrícola

 

Sua contribuição científica consistiu em aproveitar as associações entre plantas e bactérias fixadoras de nitrogênio (FBN), contrária ao uso da adubação nitrogenada obrigratória e desenvolvendo uma tecnologia capaz de diminuir e até eliminar nossa dependência desse modo de cultivo. Ou seja, a FBN possibilita a substituição de adubos químicos nitrogenados oferecendo, assim, vantagens econômicas, sociais e ambientais. Isto fez com que o Brasil tivesse o menor custo de produção de soja do mundo. Em 1974 foi a primeira cientista a descrever a ocorrência de uma associação ente bactérias fixadoras de nitrogênio do gênero Azospirillum e a gramínea Paspalum notatum, em seguida tais bactérias foram descritas para o milho e plantas forrageiras. Em 1988 estas associações foram extendidas para a cana-de-açucar. Pode-se dizer que suas descobertas causarm uma revolução na agricultura brasileira e propiciaram uma poupança de 1 a 2 bilhões de dólares por ano.

 

Foi uma das cientistas estrangeiras que mais se apegou ao Brasil. Na década de 1980, um centro de pesquisas canadense convidou-a para trabalhar ganhando 5 vezes mais seu salário na Embrapa. “Sou extremamente grata ao País que me acolheu quando eu precisei. Por amor ao Brasil, continuo na Embrapa”. Certa vez uma repórter disse-lhe “Mas a senhora não é brasileira!”. A resposta veio rápida: “Minha filha, talvez, mais do que você. Porque sou brasileira por opção, e não porque nasci aqui”.

 

Em pesquisa realizada pela Folha de São Paulo, em 1995, foi  considerada a mulher brasileira mais citada pela comunidade científica mundial, e a 7ª considerando-se todos os cientistas do país. Ocupou a vice-presidência daa Academia Brasileira de Ciências, membro da Academia de Ciências do Vaticano e da Academia de Ciências do Terceiro Mundo. Foi agraciada com diversas premiações: prêmio Frederico Menezes Veiga (Embrapa, 1976), prêmio Bernardo Houssay da OEA  (1979); Prêmio de Ciências da UNESCO (1989), Ordem de Mérito de Primeira Classe da República Federal da Alemanha (1990); Prêmio México de Ciência e Tecnologia  (1992) e Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito (1994). Recebeu o título de doutora honoris causa da Universidade da Flórida (EUA) e da UFRJ.

 

Deixou mais de 500 artigos publicados nas principais revistas do mundo e teve participação destacada em mais de 60 seminários científicos internacionais. Exerceu a profissão até mesmo depois de ter sido diagnosticada com problemas neurológicos e veio a falecer em 5/10/2000. Seu colega e amigo, o geneticista Clodowaldo Pavan disse que “a contribuição de Johanna Döbereiner para a Ciência e o Brasil foi de um nível invulgar e por isso teve amplo reconhecimento internacional”. Disse bem: “amplo reconhecimento internacional”. Falta-lhe apenas o reconhecimento nacional, pois entre nós é uma ilustre desconhecida. Em reconhecimento ao seu trabalho, a Embrapa publicou o livro, uma fotobiogragia, Hanne - Johanna Döbereiner, uma vida dedicada à ciência, em 2018, produzida pela jornalista Kristina Michaelles, com ajuda do marido Jürgen Döbereiner.


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