Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José Domingos Brito - Memorial quarta, 28 de setembro de 2022

AS BRASILEIRAS: LUÍSA MAHIN (CRÔNICA DE JOSÉ DOMINGOS BRITO, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

AS BRASILEIRAS: Luísa Mahin

José Domingos Brito

 

 

Luísa Mahin nasceu em fins do século XVIII na Costa da Mina, África, ou  Salvador, BA. Sua existência histórica é controversa, porém existem documentos comprovando que foi uma ex-escrava alforriada em 1812 e que teve participação ativa na Revolta dos Malês (1835) e na Sabinada (1837). A história conta que sua banca de quitutes era um ponto de informações sigilosas dos revoltosos e sua casa foi transformada em quartel general destas revoltas.  

O único registro existente sobre sua vida é uma carta de 1880, escrita por Luís Gama e enviada ao jornalista Lúcio de Mendonça, onde o abolicionista afirma que Luísa Mahin foi sua mãe. No entanto, alguns historiadores não descartam a hipótese que ela tenha sido uma espécie de alter ego dele, também ex-escravo tornado escritor e poeta. O fato é que ela se tornou um mito na história da escravidão brasileira, estudado em diversas épocas e que adquiriu uma existência real ao ser inscrita no “Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria” através da Lei nº 13.816, de 24/4/2019. 

 

Já na década de 1930, Pedro Calmon publicou o romance histórico Malês: a insurreição das senzalas, onde surge pela primeira vez seu nome como líder da Rebelião dos Malês, uma revolta dos negros muçulmanos, ocorrida em 1835 em Salvador. No entanto, o pesquisador João José Reis ao publicar o livro Rebelião escrava no Brasil (1986) afirmou que embora tenha estudado exaustivamente os documentos sobre a rebelião Malê, não localizou uma única referência sobre Luísa Mahin, o que o leva a crer que se trate de "um misto de realidade possível, ficção abusiva e mito libertário".

 

Em 2006, a escritora Ana Maria Gonçalves publicou o romance histórico Um defeito de cor com mais de 900 páginas percorrendo sua trajetória de vida dos 5 anos até sua morte. Pouco depois surgiram estudos tentando desvendar o mito. Em 2010 Aline Najara da Silva Gonçalves publicou o estudo Luísa Mahin entre ficção e história e no ano seguinte, Dulcilei C. Lima lançou o estudo Desvendando Luísa Mahin: um mito libertário no cerne do feminismo negro. Trata-se de uma busca da compreensão sobre a enigmática figura de Luísa Mahin.

 

Há relatos que em 1837, após a Revolta Sabinada, ela conseguiu evadir-se para o Rio de Janeiro, onde foi detida e presa. Mas não existe nenhum documento que comprove esta informação. Alguns autores acreditam que ela tenha conseguido fugir para o Maranhão, onde desenvolveu  o tambor de crioula. Há também relatos que ela, junto com outros negros amotinados, tenha sido presos e deportados para Angola. Mas são relatos sem provas documentais.

 

Luís Gama conclui em sua carta afirmando que ela “Era dotada de atividade. Em 1837, depois da Revolução do doutor Sabino, na Bahia, veio ela ao Rio de Janeiro, e nunca mais voltou. Procurei-a em 1847, em 1856, em 1861, na corte, sem que a pudesse encontrar. Em 1862, soube, por uns pretos minas, que a conheciam e que me deram sinais certos que ela, acompanhada com malungos desordeiros, em uma “casa de dar fortuna”, em 1838, fora posta em prisão; e que tanto ela como os seus companheiros desapareceram. Era opinião dos meus informantes que esses ‘amotinados’ fossem mandados para fora pelo governo, que, nesse tempo, tratava rigorosamente os africanos livres, tidos como provocadores”. E encerra dizendo que “Nada mais pude alcançar a respeito dela”.

 

Em 2018 a Escola de Samba Alegria da Zona Sul desfilou com o enredo Bravos Malês! A Saga de Luísa Mahim. No ano seguinte apareceu de novo no Carnaval carioca, citada como heroína entre outras figuras históricas negras, no enredo História para ninar gente grande, com o qual a Escola de Samba Mangueira ganhou o primeiro lugar. A manchete do jornal O Globo anunciava: “Enredo da  Mangueira contará o lado B da história do Brasil na Sapucaí”.

 

Exibir, se possível, vídeo:  

Os Malês e a resistência negra na Bahia, por Lili Schwarcz

 


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