Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José Domingos Brito - Memorial segunda, 14 de setembro de 2020

AS BRASILEIRAS: SANTA DULCE

 

AS BRASILEIRAS: Santa Dulce

Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes nasceu em Salvador, BA, em 26/5/1914. Religiosa, adotou o nome de Irmã Dulce ao se tornar freira, em 1933, em homenagem a sua mãe falecida quando tinha 7 anos. O pai, Dr. Augusto Lopes Pontes, era dentista e professor da UFBA-Universidade Federal da Bahia. Ainda criança manifestou vocação religiosa e pedia orientação a Santo Antônio para saber se deveria casar ou ser freira. Aos 13 anos, tendo ajudado mendigos, enfermos e desvalidos, decidiu pela vida religiosa e procurou o Convento de Santa Clara do Desterro, mas, não foi aceita devido a dade. Voltou a estudar e foi transformando a casa dos pais num centro de atendimento aos necessitados.

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A casa passou a ficar conhecida como “Portaria de São Francisco”. Em 1932 formou-se professora do curso primário e no ano seguinte entrou para a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição, em São Cristovão, Sergipe. Em 13/8/1933, fez profissão de fé e recebeu o hábito de freira. Voltou à Salvador, passou a lecionar no colégio da Congregação e dar assistência aos pobres. Suas atividades não se restringiam apenas a ajudar. Tinha como objetivo criar instituições de auxílio e cooperação. Junto com o frei Hildebrando Kruthaup, fundou a União Operária São Francisco, em 1936, que deu origem ao Círculo Operário da Bahia. A finalidade da União era difundir cooperativas, promover a cultura dos operários e defender seus direitos. Era mantido com o dinheiro arrecadado por três cinemas construídos a partir de doações.

A inciativa deu suporte à inauguração do Colégio Santo Antônio, em 1939, para atender os operários e seus filhos. Hoje o Centro Educacional Santo Antônio (CESA) abriga mais de 300 crianças de 3 a 17 anos, com acesso a cursos profissionalizantes. No mesmo ano invadiu umas casas na Ilha dos Ratos para abrigar os doentes recolhidos nas ruas. Mas logo foram despejados e ela passou a perambular por lugares mais distantes na busca de lugar para abrigá-los. Sem outro espaço, encontrou um local desocupado no Convento, em 1949. Era um galinheiro desativado, que ela transformou em albergue, no qual alojou 70 pessoas. Em apenas 10 anos, esse galinheiro deu origem a Associação Obras Sociais Irmã Dulce-OSID, inaugurada em 1959 e no ano seguinte foi inaugurado o Albergue Santo Antônio. Hoje a OSID é um dos maiores complexos hospitalar com atendimento gratuito do Brasil, com 3,5 milhões de atendimentos ambulatoriais por ano a usuários do SUS-Sistema Único de Saúde.

Em 1983 foi ampliado, contando com 400 leitos. O Hospital Santo Antônio atende mais de cinco mil pessoas por dia. Para conseguir mão-de-obra especializada no atendimento, fundou a Associação Filhas de Maria Serva dos Pobres. Em 1980, na visita do Papa João Paulo II, foi convidada a subir ao altar para receber uma bênção especial. O Papa retirou do bolso um rosário, ofereceu-lhe e impulsionou seu trabalho: “Continue, Irmã Dulce, continue!”. Em fins de 1990, passou a sofrer com problemas pulmonares e enfrentou 16 meses de agonia. Foi internada no Hospital Português; em seguida foi transferida para uma UTI do Hospital Aliança, quando ordenou: “Quero morrer ao lado dos pobres”. Assim, foi para o Hospital Santo Antônio, onde passou toda a vida. Em 20/10/1991, recebeu a segunda visita do Papa João Paulo II, que lhe deu a extrema unção. Em 13/3/1992 veio a falecer aos 77 anos e foi sepultada no alto do Santo Cristo, na Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia.

Posteriormente, foi transferida para a Capela do Hospital Santo Antônio, em cumprimento ao seu desejo. Considerada uma das mais importantes e influentes ativistas humanitárias do século XX, foi indicada pelo presidente José Sarney e pela rainha Silvia da Suécia, para receber o Prêmio Nobel da Paz, em 1988. Em 2001, foi eleita a “Religiosa do Século XX” numa eleição promovida pela revista “Istoé”. Em 2012, ficou entre as 12 maiores personalidades brasileiras de todos os tempos, numa pesquisa feita pelo SBT-Sistema Brasileiro de Televisão. Em 2014, o Governo da Bahia instituiu a data de 13 de agosto como o Dia Estadual em Memória à Bem Aventurada Dulce dos Pobres. Em 2018 as “Obras Sociais Irmã Dulce-OSID” foi considerada a melhor organização não governamental da Região Nordeste e uma das melhores do Brasil.

No ano seguinte foi canonizada pelo Papa Francisco, mas para o povo de Salvador já era Santa Dulce desde o falecimento, em 1992. O processo de beatificação iniciou em 2000 e passou a tramitar na Congregação para as Causas dos Santos do Vaticano. A validação jurídica do virtual milagre presente no processo foi emitida pela Santa Sé em junho de 2003, quando ela recebeu o título de Serva de Deus, outorgado pelo Papa João Paulo II. Em 2009, a Congregação anunciou voto favorável reconhecendo-a como ”Venerável”. Tal votação obteve a unanimidade do colégio de cardeais, bispos e teólogos após a análise da “Positio”, um relato biográfico e resumos dos testemunhos dos milagres relatados no processo. Em seguida o Papa Bento XVI aprovou decreto de reconhecimento de suas virtudes. Em 2010 foi realizada a exumação e transferência das “relíquias” para sua capela definitiva, na Igreja da Imaculada Conceição, ao lado da OSID.

A beatificação se deu em maio de 2011, pelo mesmo Papa, por intermédio de Dom Geraldo Magella, em Salvador, último passo para a canonização. A partir daí passará a se chamar “Santa Dulce dos Pobres”, um adjetivo bem apropriado agregado ao seu nome. A canonização se deu em 13/10/2019, com base em 2 milagres certificados. O 1º ocorreu em 2001. Uma paciente, após o parto, apresentava um quadro de hemorragia não controlável e passou por 3 cirurgias num período de 18 horas sem que o sangramento estancasse. Só estancou ao término de uma corrente de orações, proposta por um sacerdote, pedindo a intercessão de Irmã Dulce. O 2º milagre foi a cura de um homem que passou 14 anos cego e passou a sentir fortes dores, devido a uma conjuntivite. Pouco antes de dormir, pediu a Irmã Dulce para que a dor fosse aliviada. Acordou no dia seguinte não apenas aliviado da dor, mas enxergando normalmente. O milagre intrigou os médicos, devido ao fato de mesmo após voltar a enxergar, os exames apontaram lesões que deveriam impedir o sentido da visão.

São quatro as exigências do Vaticano para reconhecimento do milagre e consequente canonização: (1) o fato tem que ser “preternatural”, ou seja, a ciência não consegue explicar; (2) instantâneo, ocorrer logo após a oração/pedido; (3) duradouro e (4) perfeito. A OSID, através de sua Assessoria de Memória e Cultura, contabilizou o recebimento de cerca de 10 mil relatos de graças alcançadas por intermédio da Irmâ Dulce. Sua canonização foi a terceira mais rápida da História (27 anos), atrás apenas de Madre Teresa de Calcutá (19 anos) e do Papa João Paulo II (9 anos). A celebração e festa da canonização em Salvador ocorreu num domingo ensolarado (20/10/2019) na Arena Fonte Nova. No ano seguinte e em todos os outros seu nome é festejado na Bahia todo dia 13 de agosto. Logo após a cerimônia, foram criados o Santuário Santa Dulce dos Pobres, no bairro Roma e a Paroquia de Santa Dulce dos Pobres, no bairro do Saboeiro, em Salvador.

 


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