Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

MPB da Velha Guarda terça, 22 de novembro de 2016

ASSIS VALENTE, O PREFERIDO DE CARMEN MIRANDA

ASSIS VALENTE, O PREFERIDO DE CARMEN MIRANDA

Raimundo Floriano

 

Assis Valente (19.03.1911 – 10.03.1958)

 

                        O dia 19 de março de 1911, foi uma data especial aqui em casa. Comemoramos o Dia de São José, Padroeiro da Chuva no Nordeste, o aniversário da boníssima Dona Etelvina, minha falecida sogra, e o Centenário do compositor Assis Valente, de quem passo a falar.

 

                        José de Assis Valente nasceu durante uma viagem de sua mãe a Salvador (BA), próximo a Bom Jardim – atual Catuiçara – distrito de Santo Amaro, e, ainda pequeno, foi tirado dos pais – dizia ele que foi roubado – por uma Família de Alagoinhas, que mais tarde se mudou para a Capital Baiana e depois para o Rio de Janeiro. Permaneceu ele, entretanto, em Salvador, trabalhando na farmácia do Hospital Santa Isabel e estudando, à noite, desenho e escultura, no Liceu de Artes e Ofícios.

 

                        Em seguida, foi para o interior do Estado, empregando-se noutra farmácia, que logo deixou para acompanhar um circo em suas andanças. De volta a Salvador, retomou os cursos no Liceu e passou a estudar também prótese dentária.

 

                        Em novembro de 1927, foi para o Rio de Janeiro, onde conseguiu vender alguns desenhos e ilustrações para revistas da cidade. Em 1932, trabalhando como protético, passou a compor sambas, incentivado pelo famoso músico e compositor Heitor dos Prazeres. Seu primeiro samba, Tem Francesa no Morro, que satirizava a moda “elegante” de falar Francês, foi lançado nesse ano, por Aracy Cortes. Entusiasmado pela interpretação de Carmen Miranda do samba Sorriso Falso, de Baiano – Cícero de Almeida –, conseguiu, depois de muitas tentativas, conhecê-la pessoalmente e lhe entregou duas músicas de sua autoria, o samba Etc. e a marchinha Good Bye, esta satirizando, agora, a moda de falar Inglês. A partir de sua gravação, no início de 1933, Carmen Miranda tornou-se uma de suas intérpretes mais constantes, tendo lançado a maioria de suas composições de sucesso.

 

                        Ainda em 1933, Carlos Galhardo gravou, além de outras, sua marcha natalina Boas Festas, com grande êxito. No mesmo ano, para as festas juninas, compôs a marcha Cai, Cai, Balão, gravada em dupla por Francisco Alves e Aurora Miranda. 

 

                        A partir de então, suas músicas começaram a ser lançadas por outros cantores em evidência, como Aracy de Almeida, Sônia Carvalho, Bando da Lua, Moreira da Silva, Jaime Vogeler, Orlando Silva, Trio Madrigal, Namorados da Lua, Marília Batista, Marlene, Hebe Camargo, Quatro Ases e Um Curinga, Anjos do Inferno, Dircinha Batista, Trigêmeos Vocalistas, Vocalistas Tropicais, Nuno Roland, Irmãs Pagãs, Luiz Gonzaga, Almirante, Ademilde Fonseca e muitos outros.

 

                        Em 1941, casou-se com Nadile, com quem teve uma filha e de quem se separou mais tarde. Com a ida de Carmen Miranda para os Estados Unidos e a entrada em cena de novos compositores e cantores, sua carreira começou a declinar.

 

                        A 13 de maio de 1941, a cidade se comoveu com sua tentativa de suicídio: depois de atirar-se do alto do Corcovado, ficou preso a uma árvore, de onde foi retirado pelo Corpo de Bombeiros. Recuperando-se, lançou, em junho de 1942, o samba Fez Bobagem, grande sucesso na voz de Aracy de Almeida, mas reduziu sua atividade de compositor, dedicando-se a seu laboratório de prótese dentária.

 

                        Na década de 1950, viu-se novamente deprimido por sua situação financeira e tentou outra vez o suicídio, cortando os pulsos, depois que a cantora Elvira Pagã lhe cobrou uma dívida.

 

                        A 10 de março de 1958, endividado e esquecido, consegui, afinal, dar cabo da existência: foi para a Praia do Russel, onde bebeu formicida misturada a uma garrafa de guaraná.

 

                        Aos depois, suas músicas passaram a ser relembradas. Em 1973, Chico Buarque Maria Bethânia e Nara Leão cantaram Minha Embaixada Chegou, no filme Quando o Carnaval Chegar, de Cacá Diegues. Uva de Caminhão, Brasil Pandeiro e E O Mundo Não se Acabou foram relançados, respectivamente, por Marlene, no espetáculo Te Pego Pela Palavra, pelos Novos Baianos e por Maria Bethânia.

 

(Dados biográficos extraídos da Enciclopédia da Música Brasileira – Erudita, Folclórica e Popular, da Art Editora Ltda., de São Paulo, editada em 1977.)

 

                        Dentre os 171 sucessos de Assis Valente que possuo aqui em meu acervo, é difícil selecionar um como representativo de seu trabalho. Escolhi estes, os mais cantados e tocados, quando a MPB da Velha Guarda ainda era curtida pelos brasileiros:

 

                        Tem Francesa no Morro, samba, com Aracy Cortes, de 1938:

 

                        Good Bye, marchinha, com Carmen Miranda, de 1933:

 

                        Boas Festas, marchinha natalina, com Carlos Galhardo, de 1933:

 

                        Cai, Cai, Balão, marchinha junina, com Francisco Alves e Aurora Miranda, de 1933:

 

                        Fez Bobagem, samba, com Aracy de Almeida, de 1942:

 

                        Uva de Caminhão, samba, com Carmen Miranda, de 1939:

 

                        Brasil Pandeiro, samba, com Anjos do Inferno, de 1941:

 

                        E o Mundo Não Se Acabou, com Carmen Miranda, de 1938:

 

                        Recenseamento, samba, com Carmen Miranda, de 1940:

 

                        Finalmente, este youtube com o samba Minha Embaixada Chegou, na voz de Carmen Miranda, gravação original para o Carnaval de 1935, porque me faz lembrar um falecido amigo e colega da Câmara dos Deputados, José Taumaturgo da Silva, que gostava de cantá-la em nossas farras, e também por ser um momento muito especial do filme Quando o Carnaval Chegar:

 

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