Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Megaphone do Quincas terça, 19 de dezembro de 2017

BAILE PERFUMADO

 

Depois de um bom tempo sendo instado, quase coercitivamente, a ter em casa o NetFlix, acabei me rendendo ao tal canal múltiplo e infinito, segundo seus defensores e entusiastas.

Não sou daqueles que vai à primeira sessão de Star Wars – os últimos Jedi, à meia noite do primeiro dia.

Não substituo celulares com a ansiedade de quem está ganhando o primeiro presente de Papai Noel. Esta norma vale para quase tudo.

Gosto de ver os aficionados descobrirem que o n° 8 e XX não são tão avançados assim. E que perderam dinheiro com a ansiedade. Adquiro um tempo depois e após muito convencimento.

Bem, falo destas facetas do consumo para dizer que depois de alguns anos de – “Macedo, você tem que ter um”, – “tem tudo”, é “quase de graça”, resisti enquanto pude.

Instalado, treinado e quase todo pronto para usar (faltam algumas conexões) o danado do Netflix, que tem tudo.

Fui direto ao ponto: aprendiz de cinéfilo como sou, puxei da memória 3 filmes, que, sem buscar eventuais curtas desconhecidos da Coréia do Norte, imaginei seriam clássicos de home-page no tal canal sabe tudo.

Busquei “M”, o vampiro de Dusseldorf”, de Fritz Lang; “Blow-up”, de Michelângelo Antonioni; e Decamemon, de Pasolini. Para mim, o tal do canalzinho estaria reprovado no quesito filme clássico, cult e categoria óbvio.

Mas sou new Netflix e resolvi navegar pelas outras demandas que o dispositivo criou para nós preenchermos as horas vagas. É bonzinho, com ele e o Yoube, podemos ver filmes em ótima qualidade, músicas variadas, uma gama de opções de entreter…

Ainda xingando com minha mulher: “que é que esse Netflix” acrescenta em alguma coisa, ela uma das entusiastas e promotoras da aquisição da coisa.

Quando, na quarta tentativa, só para me desmentir, apareceu “O Sol É Para Todos” (To kill a Mokinbird), uma das obras-primas do cinema, com história de racismo, direitos das pessoas e costumes mediáveis, que teve seu livro, no qual baseou-se o filme, adotado em todas as escolas dos EUA. Hoje, já há uma grande discussão sob a permanência da obra nos colégios americanos.

Trata-se de um dos melhores, senão o melhor trabalho de Gregory Peck, como o advogado viúvo, dois filhos, referência de dignidade e coragem, numa cidadezinha cruel do Alabama.

Pois foi maravilhoso vê-lo pela terceira ou quarta vez. Para mim, uma película marcante, tanto quanto uma pintura de Rembrandt ou de Monet, uma escultura de Rodin ou Abelardo da Hora, o urbanismo e o paisagismo de Lucio Costa e Burle Marx e as letras dos grandes romancistas e pensadores.

Rever filme destes, a cada ciclo, é reapreciar uma obra de arte. Além de não fazer mal, é um exercício monumental de memória e emoção.

Faço uma introdução pouco alongada para despejar os ensinamentos revisados e incorporar a mudança que um fim de semana produz.

Netflix para lá, filme de TV para cá, um dvd/blue-ray no meio, contabilizei a assistência de três filmes muito bons: além de “O Sol é Para Todos”, “A Menina que Roubava Livros” e, o mais importante de todos para o momento: “A Hora e a Vez de Augusto Matraga”, de João Guimarães Rosa. Trata-se de um dos 12 contos/novelas tirados do livro Sagarana. Buscando histórias e conexões, li que Guimarães Rosa escreveu carta para João Condé, autor de Terra de Caruaru, para receber opiniões do pernambucano.

Luiz Carlos Vasconcelos e Zuleica Ferreira

Resolvi, a partir deste pacote, iniciar sequência de trilhas sonoras que ficam na cabeça, como grude, ou que se espaçam com o tempo. Não começarei com “A Hora e a Vez…”, mas com outra revisitação: o clássico “Baile Perfumado”, de Lírio Ferreira e Paulo Caldas.

Sangue de Bairro – Chico Science e Nação Zumbi

 

 

Lançado em 1996 é considerado um marco da retomada do Cinema Pernambucano. Em novembro de 2015, o filme entrou na lista feita pela Abracine – Associação Brasileira de Críticos, dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos. A aludida retomada é consequência do chamado “Ciclo do Cinema do Recife – 1923-1932”, assunto a que voltarei noutra hora.

Conta a saga real do libanês Benjamin Abrahão, mascate responsável pelas únicas imagens de Virgulino Ferreira, o Lampião, quando viveu no sertão brasileiro.

Amigo íntimo de padre Cícero, Benjamin mascateava pelo sertão e exercitou seu espírito mercantilista, convivendo de perto com o bando de Lampeão. Infiltrou-se no grupo para colher imagens e vender os registros do famoso criminoso pelo mundo afora.

Baile Perfumado – Stela Campos

 

 

No elenco, Duda Mamberti, Luiz Carlos Vasconcelos, Aramis Trindade, Chico Dias, Jofre Soares, Claudio Manberti, Germano Haiut, Zuleica Ferreira.

A história é pontuada pelas imagens originais do protagonista, e apenas onze minutos do filme exibem um Lampião bem diferente do herói dos pobres: aburguesado, maravilhado com modernidades como a máquina fotográfica e a garrafa térmica, tomando uísque e banhando-se em perfume francês, além do bando que também ia aos bailes no meio do sertão, daí a origem do título do filme.

Para quem gosta de saber como foi feito o filme, aí vai um bônus imperdível:

 

 

Semana que vem, tem mais…

 


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