Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Coluna do Calixto - Onde Reminiscências, Viagens e Aventuras se Encontram domingo, 15 de outubro de 2017

BLADE RUNNERS

BLADE RUNNERS

Robson José Calixto

 

            Escrevo esta crônica inspirado pela trilha original sonora do filme “Blade Runner” (Caçador de Androides), dirigido por Ridley Scott (o mesmo de Alien – o 8º Passageiro, Thelma e Louise – que me amarro também, a Lenda, Gladiador, Prometheus, entre tantos). Essa trilha é uma versão de 1994. No prefácio do CD, o músico e compositor grego Evangelos Papathanassiou, ou simplesmente Vangelis (1943 -), diz que não foi possível a apresentação dessas gravações quando do lançamento do filme em 1982. Para mim essa trilha sonora é uma das belas do cinema, em particular o tema de amor “Love Theme”, obra prima tocada em sax leve e sensual, por Dick Morrissey, onde a paixão escorre pelas notas amorosas, em conversa entre o sax e os sintetizadores.

 

            Outra composição de Vangelis que nos remete ao clima dos filmes de ficção científica é “Blade Runner Blues”, onde pode se evocar algumas memórias de músicas produzidas de sintetizadores pelo contemporâneo Rick Wakeman, em “Viagem ao Centro da Terra”, mas não semelhanças, principalmente às notas marciais.

 

            Lançado em outubro de 2017 no Brasil, passados exatamente 35 anos, o filme “Blade Runner 2049”, dessa vez dirigido por Denis Villeneuve, não pode ser chamado de exatamente de “Blade Runner 2”, apesar de estabelecer pontes de diálogo claras com o primeiro, obviamente, mas alguém pode mesmo achar que é uma continuidade atrasada no tempo.

 

            O mundo apresentado agora não está mais centrado em apenas uma localidade superpovoada, saturada e supertecnológica e midiática, como o era em uma Los Angeles de 2019 no primeiro filme, quer dizer daqui a dois anos e sabemos que não o será assim, apesar dessa cidade californiana ser estrangulada pelo tráfego e ter uma grande quantidade de carros em sua malha viária. Cidade cheia de problemas lançados na mídia, com protagonistas problemáticos da mídia e muita gente fazendo alguma coisa para aparecer na mídia.

 

            Nesse novo Blade Runner existem cidades periféricas caóticas, destruídas e um monte de ferro velho e escombros espalhados, pós um grande blackout (apagão) das comunicações e das informações contidas em bases dados e algo mais não muito bem explicado, implicando em hiato informacional e o surgimento de sociedades dominadoras, bem estabelecidas e hipertecnológicas contra sociedades primitivas, dominadas e rudes, além de dispensáveis. Esses cenários e panos de fundo também já foram vistos, por exemplo, em filmes mais recentes como em Divergentes e Maze Runner.

 

 

            Se no Blade Runner de 1982 vivia-se em uma Los Angeles dark, obscura, com chuva negra e cheia de letreiros luminosos a iluminar a noite, em 2049 vive-se com a normalidade de diálogos com computadores domésticos (como o Alexa, da Amazon, ou o Google Home), com capacidades artificiais cognitivas melhoradas e capazes de projetar hologramas com fenótipos e gêneros a escolher. Os letreiros podem se projetar em hologramas de conatação sexual em 3-D. Aliás, essa parte sexual é muita explorada no novo filme, inclusive em um ménage a trois virtual a participação de holograma protagonizado pela cubana Ana de Armas, de quem sou igualmente fã desde que a vi em “Bata Antes de Entrar” e a “Filha de Deus”, ambos com Keanu Reeves. Ana de Armas é para Ryan Gosling agora, relativamente, o que Sean Young era para Harrison Ford no filme de 1982.

 

            Se no primeiro filme temos replicantes Nexus 8 - na ocasião ainda não se inserira no mundo o termo científico, proveniente do setor de engenharia genética, “clone” - ativos e insurgentes e belicosos, em 2049 tem-se replicantes melhorados por bioengenharia, mais dóceis, mais disciplinados, mais fortes e com comportamentos associativos a outros equipamentos de informática.

 

            No antigo, os conflitos existenciais dos replicantes de não se ser humano e querer ser, expressando as mesmas emoções e sonhos de uma existência eterna em convivência ou superação. O que retoma a mesma saga explorada no antigo episódio “A Ira de Khan”, da Série de TV “Jornada nas Estrelas”, exibido em 1967, protagonizado por Ricardo Montálban, chefe de um grupo de seres humanos melhorados, mais fortes e inteligentes que se rebelam por se julgarem superiores e querem domina o mundo. Contudo, os seres humanos comuns ganham a guerra e Khan e seu grupo são exilados em um planeta coberto por neve e gelo, até serem reencontrados pelo Comandante Kirk. Do lado humano, a preocupação era a contenção dos replicantes Nexus 8.

 

            No novo, as inquietações da nova geração de replicantes se ampliam, entre éticas (obediência), físicas (capacidade de procriação), geracionais (gerar descendentes, transmitir memórias), metafísicas (ter-se alma, acreditar em milagre). Do lado humano a preocupação de contenção dos Nexus 8 continua, mas também a contenção do personagem vivido por Jared Leto, um tanto caricato, grande industrial “sujo” que produz replicantes e quer acelerar a povoação dos novos mundos da galáxia. Alias, filmes americanos e ingleses são recheados de personagens abastados que querem destruir o mundo ou o “modus vivendi” da sociedade dominante.

 

            Harrison Ford revive o personagem Deckard muito bem, completamente à vontade e inserido na trama, como se, de fato, vivesse escondido por 35 anos. Não há como negar que a cena em que Ryan Gosling (Oficial K) se deita em uma escadaria e cai a neve, se assemelha à cena (esta mais bonita) de Rutger Hauer, quando seu personagem (Roy Batty) “para de funcionar” se fechando em si, após verter lágrima com sua cabeça e cabelos molhados pela chuva. Só faltou a pomba branca a esvoaçar. Também faltou a realidade de vermos, pessoalmente, realidades e mundos externos, a não ser pelas lentes de aparatos como as sondas “Cassini” e “Galileo” e o telescópio espacial “Hubble”.

 

            E a trilha sonora? A nova trilha de Hans Zimmer e Benjamin Wallfisch não é tão grandiosa, originalmente criativa melodiosa e tantas variações como a de Vangelis. Todavia Zimmer “mantém a batuta” e “Flight to LAPD” e “Blade Runner” são boas, com seus tambores marcantes e sintetizadores imitando sons graves e cortantes como em reverberação, pena que curtas.

 

            Em regra, os atores e atrizes têm atuação bem boas, com exceção da moça que faz a replicante assassina “Luv”, mais uma que repete clichês, por exemplo, de filmes como “O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas”, para não ir muito longe.

 

            Após ver o filme, reafirmo que continua valendo a máxima do Chacrinha: “Nada se cria, tudo se copia”. Analistas dizem que um dos problemas de bilheteria do filme se devia ao seu tempo de duração. Assisti com minha e ela ficou incomodada pelo não filme não acabar depois de certo tempo, parece que os analistas têm razão. O “Blade Runner”, de 1982, não fez sucesso imediatamente, como não o fizeram filmes como “Alien – o 8º Passageiro” e “Top Gun – Ases Indomáveis”, muito comum na década de 1980, e que depois foram enorme sucesso. O fenômeno, talvez, possa se repetir com o “Blade Runner 2049”. A conferir.

 

Brasília, 14 de outubro de 2017.

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