Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Carlito Lima - Histórias do Velho Capita sábado, 10 de dezembro de 2022

BLOCO DA NÊGA FULÔ (CRÔNICA DE CARLITO LIMA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

BLOCO DA NÊGA FULÔ

Carlito Lima

Hoje, domingo de carnaval, 27 de fevereiro, completo 82 anos. Quando jovem pensava que um homem de 70 anos era um velho ocioso, esperando a morte chegar. Passei dessa idade, ainda me sinto frutuoso, trabalho como posso, mas o corpo já não é o mesmo, tem a artrose e o cansaço que impedem movimentos maiores. A cabeça quer, mas, o corpo não acompanha. Nem por isso fico aboletado numa poltrona apenas vendo televisão. Nessa época de pandemia, sem sair de casa, tenho um roteiro de trabalho e cuidado com a saúde. Cuido do meu corpo: duas vezes por semana vou à fisioterapia e não passo mais de quatro meses sem uma consulta à geriatra. Não vivo do passado, transformei as saudades em boas lembranças.

 

 

E nesse domingo relembro o carnaval durante a mocidade nas ruas de Maceió. A Maratona Carnavalesca na Rua do Comércio iniciava quinze dias antes do carnaval. Em cada esquina havia um palanque com uma banda de música tocando frevos e marchinhas e o povo embaixo dançando, pulando enquanto os carros, jipes e camionetes rodavam fazendo o corso, desfile de carros abertos. Toda noite, meninos da Avenida da Paz, subíamos ao Centro da cidade em busca de folia e aventuras.

O carnaval praticamente começava no início do ano com as festas pré-carnavalescas nos clubes: Baile de Máscaras, Festa do Havaí, Preto e Branco, entre outras, até chegar o carnaval.

O Carnaval é a maior manifestação cultural espontânea do povo brasileiro. No Carnaval o homem, o menino, o velho, a moça, o rico, o pobre, esquecem a tristeza pelo menos durante quatro dias. E tem mais, o Carnaval é um grande negócio, é a síntese da Economia Criativa. Durante o carnaval há uma enorme geração de emprego e renda. Quem mais ganha são os pequenos comerciantes e profissionais: ambulantes, músicos, taxistas, pousadas, hotéis, costureiras, montadoras, etc…

Em Maceió, há alguns anos um prefeito acabou o carnaval de rua para não perturbar os turistas. Jamais aceitei essa ideia esdrúxula e estapafúrdia. A cidade ficou por mais de dez anos sem carnaval de rua, só tinham as prévias carnavalescas. Um amigo, economista, fez o cálculo: Durante o carnaval saem de Maceió, viajam cerca de 200.000 (duzentos mil habitantes) habitantes em busca da folia em outras cidades e estados. Se cada folião gastar apenas R$ 500,00 durante o carnaval; serão mais de R$ 100.000.000,00 (cem milhões de reais) que deixam de circular em Maceió durante o carnaval, se ele gastasse aqui. Um pecado contra a cidade. Escrevi artigos, fui às rádios, às televisões reclamar dessa obscena resolução dos governantes: tirar do povo seus momentos de alegria.

Até que em 2016, criei o Bloco da Nêga Fulô com o objetivo de resgatar o carnaval nos dias de carnaval. Foi um sucesso, no desfile de estreia, domingo de carnaval mais de 500 foliões acompanharam o bloco com uma excelente banda de frevo. No segundo ano, em 2017 o Bloco Nêga Fulô teve a companhia de mais dois blocos: o Mamãe eu Quero e o Siri Mole, cada ano foi crescendo. Em 2020 fizemos um carnaval na Orla da Ponta Verde durante os quatro dias com 34 blocos. Pena que logo depois veio a pandemia. Hoje domingo de carnaval o Bloco da Nêga Fulô estaria desfilando homenageando uma grande personagem do povo: a Miss Paripueira. Infelizmente a pandemia não acabou. Resta esperar por dias melhores que certamente virão. Em 2023 irei desfilar no Bloco da Nêga Fulô na orla da Ponta Verde no domingo de carnaval com 83 anos no costado. Viva o Zé Pereira. Viva o carnaval.


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