O empate do Botafogo em 1 a 1 com o Goiás, ontem, no Nilton Santos, expôs ainda mais as recentes escolhas ruins que Bruno Lage tem feito no comando do alvinegro. Ao barrar Tiquinho Soares, artilheiro e craque do Brasileirão até o momento, o treinador deu ao jogo um clima totalmente negativo e adverso. De quebra, reverteu o efeito positivo criado pelo treino aberto no último sábado, quando o português teve seu nome gritado pelos torcedores.
Retrato disso é que, após a escalação inicial do alvinegro ter sido anunciada no sistema de som, Lage foi vaiado pelos botafoguenses. Em seguida, eles cantaram para seu camisa 9.
Mas, além do jogo abaixo tecnicamente que fez o Botafogo no primeiro tempo, a coragem de um Goiás que figurava na zona de rebaixamento contra o líder do campeonato também ajuda a explicar o que foi a primeira etapa.
Com um insinuoso Allano pela ponta direita, o time não se limitou a jogar no contra ataque e foi recompensado. Aos 26, Guilherme Marques cobrou escanteio, Lucas Halter ganhou de Gabriel Pires no primeiro pau e cabeceou para abrir 1 a 0.
O gol, além de aumentar a pressão sobre o Botafogo e Bruno Lage, expôs a partida ruim que Gabriel Pires vinha fazendo, sem conseguir dar a força necessária na marcação e no ataque. Além dele, Júnior Santos, escolhido para a ponta direita, não foi bem.
Não à toa, a dupla foi escolhida para deixar o campo no intervalo para as entradas de Tiquinho Soares e Luis Henrique. Ousado, Lage deixou o Botafogo numa espécie de 4-2-4, com Eduardo na função de segundo homem do meio-campo e Tiquinho como segundo atacante, atuando fora da área e servindo aos atacantes.
Tiquinho faz a diferença
Foi assim que o camisa 9 empatou a partida logo aos seis minutos. Pela esquerda, onde se sente confortável para atuar, o atacante recebeu de Luis Henrique, ajeitou e chapou no ângulo de Tadeu para marcar o gol do alvinegro, dando razão aos torcedores que pediram sua entrada desde a metade do primeiro tempo.
— Acho que a gente sai triste por estar jogando em casa, o torcedor compareceu, nos apoiou e infelizmente não ganhamos. É ressaltar esse pontinho. Acho que lá na frente vai nos ajudar bastante. O Botafogo vai lutar até o final por esse campeonato — afirmou Tiquinho. — Estou bem fisicamente, mas estou aqui para ajudar meus companheiros.
Empolgado com o gol do principal jogador, o Botafogo tentou empurrar o Goiás para trás e jogar no campo de ataque. No entanto, o que sobrou de ânimo faltou de organização. A única jogada de perigo do alvinegro foi aos 38, quando Tchê Tchê recebeu passe pela direita e, de canhota, acertou o travessão em linda finalização.
Na sequência, o time esmeraldino conseguiu mastigar a partida e, utilizando o desespero do Botafogo a seu favor, assegurou o empate no Nilton Santos.
Após o apito final, o time deixou o campo sob um misto de aplausos e vaias. Já Bruno Lage, que cumprimentou todos os atletas dentro do gramado, desceu para o vestiário sob os gritos de “burro”.
Com o resultado, o Botafogo chegou ao quinto jogo consecutivo sem vitória. Por outro lado, o empate manteve a distância do alvinegro para o segundo colocado em sete pontos. Com o cenário no Brasileirão praticamente igual ao do início da rodada, o que expõe o treinador, mais do que o 1 a 1, são as escolhas impopulares e que não têm funcionado. Elas vêm principalmente desde o clássico contra o Flamengo e podem ser exemplificadas com a escolha de Tiquinho Soares no banco de reservas, aliadas à postura muitas vezes insegura e carregada de chavões nas coletivas — após o jogo contra o Goiás, o treinador se apresentou de forma diferente.