Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Carnaval Brasileiro sábado, 16 de julho de 2022

CARMEN MIRANDA E O CARNAVAL
CARMEN MIRANDA E O CARNAVAL

Raimundo Floriano

 

 

Carmen Miranda

(9.2.1909 – 5.8.1955)

 

                        Maria do Carmo Miranda da Cunha nasceu em Marco de Canavezes, Portugal, a 9.2.1909. Tinha apenas 10 meses quando veio para o Brasil com sua mãe, Maria Emília Miranda da Cunha e a irmã mais velha, Olinda, seguindo o pai, o barbeiro José Maria Pinto da Cunha, que aqui já se encontrava, o qual lhe dera o cognome Carmen devido à sua grande paixão pela ópera.

 

                         Nunca voltou à sua terra natal, o que não impediu que a Câmara do Conselho de Carmo de Canavezes, muitos anos mais tarde, desse seu nome ao Museu Municipal.

 

                        Fez os primeiros estudos no colégio de freiras Escola Santa Teresa, do Rio de Janeiro e, desde essa época, revelou jeito extraordinário para cantar. Apresentou-se no colégio declamando para o Núcleo Apostólico, chamando a atenção por sua peculiar gesticulação.

 

                        Dificuldades financeiras da família obrigaram-na a trabalhar. Aos 15 anos, conseguiu emprego de balconista e, mais tarde, de chapeleira, numa loja de artigos femininos. Costumava cantar com as irmãs Olinda e Cecília na pensão que a mãe instalara, sempre freqüentada por músicos.

 

                        Em 1929, o violonista Josué de Barros, seu descobridor e protetor artístico, levou-a para a Rádio Sociedade. Para sua primeira gravação, realizada na Brunswick, recém-inaugurada, Josué compôs os sambas Não Vá-se Embora e Se o Samba é Moda. Em seu segundo disco, já na RCA Victor, lançou as toadas Triste Jandaia e Dona Balbina, ambas também de Josué.

 

                        Para o Carnaval de 1930, gravou as marchinhas Iaiá, Ioiô, de Henrique Vogeler, Luiz Peixoto e Marques Porto, e Taí (Pra Você Gostar de Mim), escrita especialmente para ela por Joubert de Carvalho, a qual teve sucesso estrondoso é até hoje é tocada nos salões e nos blocos de sujo em que se cultuam os sucessos carnavalescos do passado. 

 

                        Daí pra frente, sua carreira teve ascensão meteórica. Trabalhou em teatros, revistas, clubes, participou de filmes e excursionou pelo Brasil e países da América do Sul. Sua discografia de quase 500 faixas consigna todos os grandes autores de sua época.

 

                        Em 1933, começou a gravar composições de Assis Valente, de quem se tornaria a principal intérprete, lançando entre as primeiras as marchinhas e Etc. e Good Bye. No ano seguinte, vieram novos êxitos: Alô, Alô, samba de André Filho, Isto É lá com Santo Antônio, marcha de Lamartine Babo, em dupla com Mário Reis, e nova excursão ao exterior, dessa vez à Argentina, com Aurora Miranda, sua irmã mais nova, e o Bando da Lua.

 

                        Em 1938, ao lado de Dircinha Batista, Linda Batista, Emilinha Borba, Carlos Galhardo, Orlando Silva e Aurora Miranda, atuou no filme Banana da Terra, de J. Ruy, no qual se apresentou pela primeira vez vestida de baiana para interpretar, acompanhada pelo Bando da Lua, o samba de Dorival Caymmi O Que É Que a Baiana Tem, também lançado em disco, em dueto com Caymmi, para o Carnaval de 1939.

 

                        Acompanhada pelo Bando da Lua, apresentava-se no Cassino da Urca, no Rio de janeiro, com roupa de baiana estilizada que, assim como sua característica gesticulação com os braços, marcou fundamentalmente sua imagem pública. 

 

                        Em 1939, quando era a cantora de maior prestígio da Música Popular Brasileira, seguiu para os Estados Unidos, contratada pelo empresário norte-americano Lee Schubert, estreando, com o Bando da Lua – que lá ficou conhecido como The Moon Gang – na revista musical Streets of Paris, na Broadway, onde cantava Mamãe, Eu Quero, de Jararaca e Vicente Paiva, Marchinha do Grande Galo, de Lamartine Babo e Paulo Barbosa), Touradas em Madrid, de João de Barro e Alberto Ribeiro, e South American Way, de Al Dubin e Jimmy Mc Hugh, um de seus grandes sucessos na Terra de Tio Sam. Nesse mesmo ano, exibiu-se com a Orquestra de Romeu Silva na Feira Mundial de Nova Iorque.

 

                        Em 1940, apresentou-se na Casa Branca para o presidente Franklin Delano Roosevelt, já sendo considerada a terceira personalidade mais popular de Nova Iorque. Era então conhecida como The Brazilian Bombshell. Nesse período, manteve casos amorosos com os atores John Wayne e Dana Andrews e também com o brasileiro Aloysio de Oliveira, integrante do Bando da Lua.

 

                        Em julho do mesmo ano, voltou ao Brasil e, apesar da calorosa recepção durante sua chegada, sua re-estréia no Cassino da Urca foi marcada pela frieza do público.

 

                        Acusada de voltar “americanizada”, reformulou então seu repertório – naquela fase com ritmo muito à base de rumbas – e apresentou-se novamente no Cassino, obtendo êxito esmagador. Gravou, pela Odeon, as músicas que cantava no show e que eram, de certa maneira, uma resposta às críticas: Disseram Que Voltei AmericanizadaDisso É Que eu GostoVoltei Pro Morro, as três de Vicente Paiva e Luiz Peixoto, e Diz Que Tem, de Vicente Paiva e Hannibal Cruz.

 

                        Em 1941, voltou para os Estados Unidos, contratada para atuar no cinema, em Hollywood, onde viveu até o fim da vida. Trabalhou em Uma Noite no Rio, de Irving Cummings, Aconteceu em Havana, de Walter Lang, Minha Secretária Brasileira, de Irving Cummings, Entre a Loura e a Morena, de Busby BerkeleySerenata Boêmia, de Walter Lang, e mais outros filmes. Em 1944, chegou a ser uma das artistas mais bem pagas naquele país, trabalhando em show, filmes e rádio. Anos mais tarde, estrelou o filme Copacabana, de Alfred Green, ao lado de Grouxo Marx, apresentou-se com grande sucesso no teatro Palladium, em Londres. Também atuou no Havaí. 

 

                        Em 1947, casou-se com o americano David Sebastian. Esse matrimônio é apontado por todos os biógrafos e estudiosos de Carmen Miranda como o começo de sua decadência física. O marido, antes um simples empregado de produtora de cinema, tornou-se seu “empresário” e conduzia mal os negócios contratados. Também era alcoólatra, e pode ter induzido Carmen a consumir bebidas alcoólicas, das quais se tornou dependente.

 

                         O casamento entrou em crise já nos primeiros meses, mas ela não aceitava o divórcio, pois era católica convicta. Engravidou em 1948, mas sofreu aborto espontâneo depois de uma apresentação.

 

                                                Em 1954, consagrada internacionalmente, voltou ao Brasil para rever a família e descansar de esgotamento nervoso, realizando alguns espetáculos.

 

                        Retornou para os Estados Unidos em 1955 e, quatro meses depois, a 5 de agosto, com apenas 46 anos de idade, vinha a falecer do coração em sua casa, em Beverly Hills, Hollywood. Suas últimas atuações foram em Havana, em Las Vegas e na TV americana, em shows de Jimmy Durante.

 

                        Seu enterro no Rio de Janeiro foi acompanhado por cerca de 500 mil pessoas, cantando Taí, seu primeiro sucesso.

 

                        A Pequena Notável, como era também conhecida, que marcava suas apresentações cantando e dançando com turbante na cabeça, tamancos altíssimos e muitos balangandãs, gesticulando com as mãos e revirando os olhos, deixou sua imagem registrada em 19 filmes e mais de 150 discos, norte-americanos e brasileiros. Além da aura que sempre cercou sua personalidade esfuziante, capaz de fascinar a juventude, tantos anos depois de sua morte.

 

                        Seu repertório carnavalesco é riquíssimo, com sucessos que ficaram gravados na memória dos brasileiros para todo o sempre. A seguir, quatro títulos, que ainda hoje são tocados e cantados pelos foliões onde ainda se preserva a Cultura Musical Brasileira.

 

                        Balancê, marchinha de João de Barro e Alberto Ribeiro, de 1937: 

 

                        Alô, Alô, samba de André Filho, em dupla com Mário Reis, de 1934: 

 

                        Como “Vaes” Você, marchinha de Ary Barroso, em dupla com Ary, de 1937: 

 

                        Minha Terra Tem Palmeiras, marchinha de João de Barro e Alberto Ribeiro, de 1937: 

 

                        Taí (Pra Você Gostar de Mim), marchinha de Joubert de Carvalho, de 1930: 

 

                        E, para terminar, este youtube, com Carmen interpretando Cai, Cai, samba de Roberto Martins, lançado no Carnaval de 1940, aqui o filme That Night in Rio – Uma Noite no Rio –, de 1941: 

 


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