Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Carnaval Brasileiro terça, 08 de novembro de 2016

CHICO ANYSIO E O CARNAVAL

CHICO ANYSIO E O CARNAVAL 

Raimundo Floriano

  

                        Vocês já ouviram falar em Louis Guglielmi? Não? Ele é o compositor do foxe La Vie en Rose. E de Stephen C. Foster? Também não? Pois foi ele quem compôs o country Oh! Susanna. Ambas as músicas são popularmente conhecidas em qualquer país deste planeta.

 

                        Sabem quem são os irmãos Glauco, Homero e Ivan Ferreira? Não? Vou apresentá-los. Em 1959, Glauco escrevia um dos do programa A Praça da Alegria, da TV Rio, no qual o cantor Moacyr Franco, caracterizado de mendigo, repetia sempre o mesmo bordão: “Me dá um dinheiro aí”. Inspirados no quadro, seus dois irmãos, Homero e Ivan, a ele se juntaram para comporem a marchinha Me Dá Um Dinheiro Aí, gravada pelo próprio Moacyr, sucesso absoluto no Carnaval de 1960 e seguintes, que até hoje rende polpudos direitos autorais para os três.

 

                        Chico Anysio também compôs, com parceiros, um sucesso que perdura até os dias atuais, aparecendo em qualquer antologia carnavalesca. Ninguém, ao ouvi-la, identifica-a com os autores. Mais adiante, falarei voltarei a ela.

 

                        Chico nasceu em Maranguape (CE), a 12.04.31, e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), a 23.03.12, aos 80 anos de idade, vítima de grave pneumonia e insuficiência cardíaca.

 

                        No dia seguinte a seu falecimento, e até uma semana depois, foi a maior cobertura da mídia dedicada a uma pessoa do meio artístico brasileiro que tive a oportunidade de presenciar. A edição do dia 24.03.12 do Correio Braziliense dedicou-lhe caderno de 8 páginas! A revista Veja, a seguir, mais 4! Sua biografia, com todos os tipos criados por ele nos diversos programas da Televisão que estrelou, foi estampada nos mínimos detalhes. Faltando apenas um: ninguém se lembrou de sua atuação no Carnaval Brasileiro. E é isso que faço agora, não para louvar, nem para malhar, apenas para preencher essa lacuna que a mídia deixou escancarada.

 

                        Aprendi a gostar de Chico Anysio desde o início dos Anos 1960, quando cheguei a Brasília, ao comprar meu primeiro televisor. Meu tempo ocioso era preenchido, à noite, pelos programas da TV, e, durante o dia, por duas curtições que de mim se apossaram: a Discografia e a Literatura. Querendo comprar tudo que é disco gravado no mundo e ler todos os autores nacionais e estrangeiros mais famosos, fui-me afastando da TV e de tal modo que, já no início dos Anos 1970, eu só assistia aos noticiários e aos jogos de futebol. Por isso, as 209 personagens que Chico Anysio criou para a TV são quase todas minhas ilustres desconhecidas. Até porque, vindo eu de um trabalho de 6 meses no meio circense, abominava, e abomino até hoje, piadas que sempre terminam com a mesma frase, o que caracterizava a maioria dos tipos que Chico personalizava.

 

                        No entanto, guardo dele, em minhas prateleiras, estas duas preciosidades literárias, O Batizado da Vaca, lançado em 1972, e O Enterro do Anão, lançado em 1973:

 

Duas obras geniais

 

                        São crônicas hilariantes, nas quais Chico Anysio nos presenteia com toda sua criatividade, além do mérito que faz a qualidade dos dois livros: em momento algum ele se repete, com soía na TV.

 

                        Em minha curtição de colecionador de sucessos carnavalescos, acompanhei, mui atentamente, como pesquisador e folião, a trajetória do Chico compositor e do Chico intérprete.

 

Chico, compositor e intérprete

 

                        Para fazer-se uma marchinha que caia no agrado do povo – esta é minha opinião, e Chico dela compartilhava – são necessários dois ingredientes: refrão chamativo e apenas uma curta estrofe. Caso contrário, ninguém aprende a cantá-la. Sua primeira composição, a marchinha Guarda-chuva de Pobre, em parceria com Raul Sampaio e Rubens Silva, gravada pelos Vocalistas Tropicais para o Carnaval de 1955, já se enquadrava perfeitamente no metro e no compasso.

 

                        A segunda, Marcha do Sapo, em parceria com Dantas Ruas e Raul Sampaio, gravada pelos Vocalistas Tropicais para o Carnaval de 1956, segue e mesma batida.

 

                        Os anos se escorreram pelos buracos da peneira do tempo e, só em 1961, Chico Anysio voltou ao Carnaval, desta vez como intérprete, encarnando um de seus personagens da TV, com a marchinha Eu Sou Durão, de Mário Lago e Bruno Marnet.

 

                        O filão de seus personagens dá-lhe fôlego para voltar como intérprete em 1962, com a marchinha Não Sou de Nada, também de Mário Lago e Bruno Marnet.

 

                               A obra-prima carnavalescas de Chico Anysio viria em 1965, arrebentando a boca do balão. Trata-se da marcha-rancho Rancho da Praça Onze, em parceria com João Roberto Kelly, gravada por Dalva de Oliveira. Aqui, a letra e a melodia fogem dos padrões seguidos para as marchinhas anteriores, fazendo com que o Rancho permaneça para sempre na memória de todos e se faça presente em todos os locais em que se rememorem os sucessos carnavalescos de outrora, até em serestas, como várias vezes tive a oportunidade de testemunhar.

 

                        Em meados dos Anos 1970, o Carnaval Brasileiro, no que tange a marchinhas e sambas carnavalescos vivia seu estertor. Quase nada se produzia. Mas foi aí que a poderosa Rede Globo, com sua gravadora Som Livre, decidiu reativá-lo, criando o projeto Convocação Geral e trazendo para si considerável número de compositores novos, o que foi de grande alento para o setor. O primeiro lançamento, Convocação Geral 1975, com dois volumes, apresentou 33 excelentes composições.

 

                        No Convocação Geral 1976, Chico apresentou novo trabalho, a marchinha Fazendo Tudo, em parceria com Arnaud Rodrigues, que o grupo Trama gravou, mas sem a aceitação esperada.

 

                        No Convocação Geral 1977, até um veterano, campeoníssimo em toda a História do Carnaval Brasileiro, reapareceu com sua colaboração. Estou falando do eterno João de Barro, o Braguinha. Em parceria com Jota Júnior, e glosando a atuação do mágico israelense Uri Geller, que fazia furor na TV, pondo pra funcionar relógios quebrados e desentortando tudo que fosse de metal, lançou a marchinha Funciona, Cocota, que Chico Anysio gravou e se constituiu em tremendo sucesso, embora passageiro.

                       

                        O último Convocação Geral foi o de 1979, descaracterizado, a meu ver, em grande parte de suas faixas. O projeto lançou, nesses cinco anos, 116 composições, distribuídas em 8 LPs. Depois dele, os concursos de marchinhas não têm obtido o resultado que deles se espera.

 

                         A Fundição Progresso, que lançou, em 2006, o 1º Concurso de Marchinhas de Carnavalescas, também conhecido por Concurso de Marchinhas do Fantástico, até que se tem esforçado. Possuo as edições em CD até 2010, ano a partir do qual comecei a observar o desinteresse dos compositores.

 

                        Cumprida a tarefa a que me propus, compartilho com meus leitores as gravações originais dos sucessos maiores de Chico Anysio. 

COMO COMPOSITOR 

                        Fazendo Tudo, marchinha de Chico Anysio e Arnaud Rodrigues, gravação de Trama, para o Carnaval de 1976:

 

                        Guarda-chuva de Pobre, marchinha de Chico Anysio, Raul Sampaio e Rubens Silva, gravação dos Vocalistas Tropicais, para o Carnaval de 1955:

 

                        Marcha do Sapo, marchinha de Chico Anysio, Dantas Ruas e Raul Sampaio, gravação dos Vocalistas Tropicais, para o Carnaval de 1956:

 

                        Rancho da Praça Onze, marcha-rancho de João Roberto Kelly e Chico Anysio, gravação de Dalva de Oliveira, para o Carnaval de 1965:

 

COMO INTÉRPRETE 

                        Eu Sou Durão, marchinha de Bruno Marnet e Mário Lago, para o Carnaval de 1961:

 

                        Não Sou de Nada, marchinha de Mário Lago e Bruno Marnet, para o Carnaval de 1962:

 

                        Funciona, Cocota, marchinha de João de Barro e Jota Júnior, para o Carnaval de 1977:

 

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