Há praticamente dez anos, no dia 15 de junho de 2012, foi ao ar pela primeira vez o Gloob, canal por assinatura voltado para o público infantil. No mesmo dia, na programação do canal, estreou a série “Detetives do Prédio Azul”, em que três amigos inseparáveis se uniam para brincar de detetive nos corredores do prédio onde moram.
De lá pra cá, foram 16 temporadas exibidas e três filmes lançados nos cinemas. O último deles é “Detetives do Prédio Azul 3 - Uma aventura no fim do mundo”, em cartaz nas salas de todo Brasil buscando repetir o sucesso dos anteriores. Lançado em 2017, “Detetives do Prédio Azul - O filme” levou 1,2 milhão de pessoas aos cinemas e arrecadou R$ 16 milhões nas bilheterias. No ano seguinte, “Detetives do prédio azul 2 - O mistério italiano” alcançou números parecidos, com público de 1,3 milhão e faturamento de aproximadamente R$ 18 milhões.
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“D.P.A.” foi criado pela escritora Flávia Lins e Silva, especializada no público infantil. Roteirista da série e dos filmes, a autora lembra que, há dez anos, trabalhavam em uma produção com pouca verba, em um espaço limitado e para episódios de aproximadamente 13 minutos. Neste sentido, comemora o sucesso da franquia e a possibilidade de poderem investir cada vez mais no desenvolvimento e no acabamento de cada obra. O novo longa foi orçado em R$ 9,8 milhões de reais, e investiu bastante em efeitos visuais e cenários, com parte da trama passada em Ushuaia, na Argentina.
Lançado em 740 salas, “D.P.A. 3” chega aos cinemas competindo com outro filme que se passa em um mundo de bruxos: “Animais fantásticos: Os segredos de Dumbledore”, que estreou em mais de 1.200 salas.
— Um animalzinho deles custa um filme nosso inteiro — brinca Flávia. — É dura a competição, mas confio na nossa criatividade e na fidelidade do público, que já demonstrou que gosta da série.
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Conhecido pelo trabalho em filmes mais sérios como “Meu nome não é Johnny” (2008) e “Tim Maia” (2014), Mauro Lima é o responsável por dirigir o terceiro filme, que marca a despedida da geração de detetives formada por Bento (Anderson Lima), Sol (Letícia Braga) e Pippo (Pedro Motta).
O diretor volta a trabalhar com o público infantil 18 anos após “Tainá 2 - A aventura continua” (2004), mas considera a experiência muito diferente uma vez que em “Tainá” trabalhava com uma protagonista que não era atriz profissional (Eunice Baía), enquanto que em “D.P.A.” assume um elenco com mais conhecimento da franquia do que ele. Sobre competir com Hollywood, o diretor lamenta que sempre haverá um filme hollywoodiano maior e aponta para um mercado “desequilibrado e desigual”.
Produtora associada dos filmes e envolvida com a franquia desde que chegou às telinhas, Juliana Capelini vê uma consolidação cada vez maior da marca “Detetives do Prédio Azul” e comemora o fato dos longas conseguirem resgatar uma parcela do público que, em razão da idade, já deixou de assistir a série na TV. Ela também destaca a força do cinema infantojuvenil brasileiro.
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— O mercado cinematográfico infantil sempre foi muito forte no Brasil. Tivemos os filmes da Xuxa, dos Trapalhões, que levavam muito público aos cinemas, mas depois houve um hiato de produções infantis. Considero que “Carrossel: O filme” foi a primeira retomada. Depois vieram “D.P.A.” e “Turma da Mônica”, sempre produções que têm grandes marcas por trás, o que facilita a disputa com os filmes de grandes estúdios — aponta a produtora.
No momento, além do terceiro filme, os envolvidos na saga estão trabalhando na produção da 18ª temporada. E Flávia Lins e Silva avisa que a ideia não é parar por aí.