São Paulo é bem ali, logo depois da curva da esperança, bem ‘pertin’ da esquina da felicidade. E o povo acreditava. Juntava os picuás, se atrepava no lombo de um pau de arara ou, os menos desfavorecidos, numa cadeira dura da Itapemerim e, abraçando a saudade, dava adeus aos que que ficavam. No matulão, um cacho maduro carregado de sonhos ‘de vez’. Muitos iam, poucos vinham. Mais valia carregar tijolo numa obra ou ser garçom no Bexiga que perambular no sertão sem nada o que fazer, com pouco o que comer, sem chuva pra dizer benza Deus! Era quando se ouviam, entre lágrimas, vários bença-mãe, bença-pai. Num tempo em que não havia o ZAP as conversas demoravam 15, 30 dias para chegar, num envelope com as bordas verde e amarela, cartas repletas de choro e saudade, dos cheiros, das comidas, das pessoas e até do sol inclemente, mas melhor que o frio sem cobertor das noites amargas paulistanas. Nada como uma Itapemerim em sentido inverso, um pau de arara de lá pra cá. Esse caminho de volta é mais perto que o de ida. Assim como os bença-mãe, bença-pai da volta são bem mais felizes que os da ida. As alegrias ou tristezas fazem ficar mais perto ou mais longe todas as distâncias.
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