Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo segunda, 19 de junho de 2023

DIA DO CINEMA NACIONAL - 19 DE JUNHO: CONHEÇA A HISTÓRIA POR TRÁS DA DATA; PRIMEIRA FILMAGEM ACONTECEU A 19 DE JUNHO DE 1898

 

Por Lucas Salgado — Rio de Janeiro

 

Dia do Cinema Brasileiro é comemorado em 19 de junho
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Em 19 de junho de 1898, Afonso Segreto, um italiano radicado no Brasil, voltava ao Rio após um período em Nova York e Paris. Nessa viagem havia comprado filmes para exibir na então capital e equipamento para produzir seus próprios curtas, na época chamados de “vistas”. E começou antes mesmo de desembarcar: a bordo do navio que o trazia, Afonso registrou imagens da entrada da baía de Guanabara. A data ficou conhecida por marcar as primeiras filmagens no país, razão pela qual se comemora amanhã o Dia do Cinema Brasileiro — que faz, portanto, exatos 125 anos.

O jornal Gazeta de Notícias do dia 20 de junho de 1898 publicou aquela que é considerada a “certidão de nascimento” do cinema nacional, uma nota simples em que mencionava a filmagem, único relato oficial do ocorrido. “O sr. Afonso Segreto há sete meses que fora buscar o aparelho fotográfico para preparo de vistas destinadas ao cinematógrafo e agora volta habilitado a montar aqui uma verdadeira novidade, que é a exibição de vistas movimentadas do Brasil. Já ao entrar à barra, fotografou ele as fortalezas e navios de guerra. Teremos para dentro em pouco verdadeiras surpresas”, destacou a publicação em trecho citado no livro “A bela época do cinema brasileiro”, importante registro histórico de Vicente de Paula Araújo.

É justamente este registro na imprensa da época que consolida a data e o pioneirismo de Afonso. No mesmo dia em que foi publicada a matéria, seria realizada uma sessão com a vista no Salão de Novidades Paris, primeira sala de cinema fixa do Brasil, estabelecida em 1897 na rua do Ouvidor, no Rio, por Paschoal Segreto, irmão de Afonso e importante nome do entretenimento no Brasil no final do século XIX e início do XX. Para a exibição foram convidadas autoridades como o presidente da República Prudente de Morais e o jurista Rui Barbosa. Um convite para a sessão faz parte do acervo da Fundação Casa de Rui Barbosa.

— A data de 19 de junho é muito simbólica da dificuldade que se tem de fazer cinema no Brasil, porque ela é uma data que marca uma ausência, um filme que não existiu — destaca Hernani Heffner, gerente da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio (MAM). — E, além da dificuldade, retrata a perseverança e força de fazer cinema contra todas as expectativas. É o marco inicial de uma história que tem muitos percalços, mas que segue sempre em frente, com muita persistência até hoje.

Hernani lembra que apesar do fracasso na primeira tentativa, Afonso vai sim se tornar o primeiro realizador cinematográfico do país. As primeiras filmagens completas no país ocorreram menos de um mês após o desembarque de Afonso no país, no dia 5 de julho, quando ele registrou duas vistas: o desfile fúnebre do marechal Floriano Peixoto; e a visita de Prudente de Morais ao cruzador Benjamin Constant no Arsenal de Marinha. Entre 1898 e 1903, Afonso registrou mais de 100 filmes, e todos se perderam com o tempo, como todo cinema brasileiro antes de 1909. Por trás da Empresa Paschoal Segreto, Paschoal se manteve como principal exibidor e produtor do Brasil até 1907, mas aos poucos vai deixando o cinema de lado para investir em outros campos do entretenimento, como o teatro, sua grande paixão. Hoje, a única herança viva da família Segreto no Rio é o Teatro Carlos Gomes, no Centro.

Outras hipóteses

 

Alguns consideram que o primeiro filme brasileiro foi, na verdade, “Chegada do trem em Petrópolis”, em razão de um recorte do jornal Gazeta de Petrópolis que convidava para uma sessão de vistas organizada por Vittorio di Maio no dia 1º de maio de 1897, no Theatro Cassino de Petrópolis, que apresentaria uma obra com aquele nome. A falta de matérias reagindo à vista e de informações sobre quem seria o cinegrafista, e o fato de di Maio ter vendido posteriormente seu projetor e acervo para Paschoal, sem qualquer menção à obra, faz com que historiadores contestem sua existência. Lembrando que sessões de cinema já aconteciam no Brasil desde 8 de julho de 1896.

Também data de 1897 a vista “Ancoradouro de pescadores na baía da Guanabara”, de José Roberto Cunha Sales, registro guardado no Arquivo Nacional, mas que historiadores contestam a “brasilidade” e acreditam que o filme teria sido recortado de uma vista estrangeira pelo cinegrafista, que tinha ligações com o jogo do bicho.

 

Doc a caminho

 

No momento, está em fase de pré-produção o documentário “Irmãos Segreto”, dos cineastas italianos Federico Ferrone e Michele Manzolini. O longa é uma coprodução entre Brasil e Itália e contará um pouco da história dos irmãos Paschoal, Gaetano e Alfonso, que deixaram San Martino de Cilento para se tornarem importantes nomes da cena cultural da Belle Époque carioca. Gaetano, o irmão do meio, era sócio de Paschoal em suas empresas, mas dedicou-se à sua paixão pelo jornalismo, ajudando inclusive a divulgar os filmes realizados e exibidos pelos irmãos.

— Os Segreto foram os nossos irmãos Lumière. Mas mais do que pioneiros do cinema, foram pioneiros do entretenimento, dessa cultura carioca do divertimento — destaca Juliana de Carvalho, produtora brasileira do filme através da Bang Filmes. — No filme também falamos sobre a influência da imigração italiana no Rio, que é pouco valorizada. Sempre falamos das influências francesas, como se todos os italianos tivessem ido para o Sul, mas não foi bem assim. O filme vai mostrar que na nossa cultura, temos muito mais de italianos do que de franceses.

Programação dedicada

 

O Dia do Cinema Brasileiro renderá programações especiais em canais de TV e plataformas de streaming. O Telecine realizará maratonas a partir de meio dia de amanhã nos canais Premium e Cult, com a exibição de obras como “Medida provisória”, “O pagador de promessas” e “Cabra marcado para morrer”. Disponível no Globoplay, o catálogo do canal oferece várias outras alternativas.

Já o Canal Brasil exibirá 125 filmes nacionais entre os dias 19 e 27 de junho. O destaque vai para a exibição do clássico “Limite”, de Mário Peixoto, eleito o melhor filme brasileiro da história em votação da Associação Brasileira de Críticos de Cinema.

Na manhã desta segunda, a partir das 10h, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro realiza uma sessão solene em celebração do cinema brasileiro, com homenagens aos produtores Luiz Carlos e Lucy Barreto, ao distribuidor Bruno Weiner e à atriz Zezé Motta por suas contribuições ao desenvolvimento do cinema no Estado.


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