Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo domingo, 26 de março de 2023

DIRVERSÃO: ÚLTIMA LOCADORA DE VÍDEO DO RIO RESISTE À ERA DO STREAMING

Por Geraldo Ribeiro

 

Acervo. Na Storm, José Carlos Menezes guarda 25 mil DVDs de filmes identificados por gêneros e diretores. Ele aposta em títulos difíceis de achar no streaming
Acervo. Na Storm, José Carlos Menezes guarda 25 mil DVDs de filmes identificados por gêneros e diretores. Ele aposta em títulos difíceis de achar no streaming Fabio Rossi
 
 
 

Quem entra na Galeria Castelinho, na Rua Gomes Carneiro, entre Ipanema e Copacabana, na Zona Sul do Rio, e atravessa a portinha de uma de suas pequeninas lojas acaba mergulhando em um verdadeiro túnel do tempo. As muitas estantes que formam corredores estreitos no interior do estabelecimento acomodam 25 mil DVDs de filmes identificados por gêneros e diretores.

  

A última das locadoras de filmes
 
 
Elas também mostram que, na contramão do avanço da tecnologia digital, ali funciona um tipo de comércio que muita gente já julgava extinto: a locação de vídeos. A Storm resiste bravamente como a última locadora da cidade de que se tem notícia. Pelo menos funcionando nos moldes tradicionais, com direito a clientes cadastrados que têm até sete dias para devolver títulos alugados por R$ 7, apesar das facilidades oferecidas pelas plataformas de streaming.

É um negócio movido a nostalgia, com muita dedicação e amor à Sétima Arte, por parte do proprietário José Carlos Alves Menezes, de 61 anos, que em 1992 abandonou o emprego na área de informática em uma empresa de engenharia para comandar o negócio aberto cinco anos antes por dois irmãos dele. Na época, vivia-se ainda a febre dos videocassetes, e alugar suas fitas era um programa familiar. A substituição pelos DVDs veio no começo dos anos 2000. Pouco mais de dez anos depois, a oferta de filmes pelo streaming fez a demanda pelas locadoras cair vertiginosamente, provocando o fechamento desses estabelecimentos.

 

Metade sebo

 

Hoje, a locadora explora um nicho, oferecendo a seus clientes títulos que não se encontra facilmente no streaming. São filmes de cineastas como Ingmar Bergman, Pier Paolo Pasolini e Luis Buñuel, ou então obras produzidas por diretores de países como Irã, Uruguai e Vietnã. A clientela é composta basicamente por idosos, estudantes de cinema e cinéfilos.

A locadora que, nos tempos de glória, alugava mais de quatro mil filmes por mês, atualmente vê deixar suas prateleiras no mesmo período pouco mais de 400. O cenário só não é mais desfavorável por causa da fidelidade de clientes como a figurinista Maria Lúcia Areal, a Lulu, de 72 anos, moradora de Ipanema. Ela contou que descobriu o estabelecimento de José Carlos há cerca de dez anos, quando a locadora que frequentava, na Praça General Osório, sucumbiu aos novos tempos e fechou as portas. Nunca mais abandonou a nova loja e se tornou amiga do dono.

— Ele tem um acervo deslumbrante. Muita coisa que você não encontra por aí, nem no streaming, onde só colocam os títulos mais importantes de determinados cineastas e atores. Na locadora do José Carlos, você tem a obra completa desses artistas, incluindo os títulos mais obscuros. Se um dia a loja fechar, vai ser uma perda irreparável — diz a cliente, que ainda tem em casa dois aparelhos para reprodução de DVDs, e cujo último filme alugado, na semana passada, foi “Retorno a Howard’s End”, dirigido em 1992 por James Ivory e estrelado por Anthony Hopkins.

Na contramão desse público está o estudante Samuel Valadares, de 21 anos. Frequentador da locadora dos 10 aos 15, quando o ramo já havia entrado em decadência, aos 16, com uma câmera na mão e uma ideia na cabeça — como nos tempos do Cinema Novo — , começou a filmar a saga de José Carlos, que resultou no filme “Storm Vídeo”, disponível na Globoplay desde dezembro de 2021.

— Minha ideia não era contar a história da locadora, mas mostrar a relação de José Carlos com a loja, os clientes e com um funcionário que foi demitido e voltava lá todos os dias, além de abordar a forma como ele lidava com esse comércio que estava morrendo — contou o rapaz, quehoje é estudante de direção teatral na UFRJ.

Para garantir a sobrevida do seu negócio, José Carlos resolveu diversificar as atividades e, hoje, metade da loja virou um sebo. Mas ele assegura que boa parte da renda ainda vem do aluguel e venda de DVDs. O faturamento, segundo garante, é (quase sempre) suficiente para bancar o negócio.

— Sei que o ramo está com os dias contados. Mas pode ser que tenha uma reviravolta, como aconteceu com os vinis — sonha.

Outro “herói da resistência” no ramo das locadoras foi a Cavideo, que sucumbiu durante a pandemia, quando fechou a loja na Cobal do Humaitá. Com o acervo de mais de 27 mil títulos de filmes e 20 mil livros de cinema acumulados ao longo de 30 anos, o dono, Cavi Borges, fechou parceria com a prefeitura do Rio, que cedeu gratuitamente um espaço nas Casas Casadas, em Laranjeiras, onde instalou o Espaço Cultural Cavídeo. Lá os filmes não são mais alugados e sim emprestados.


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