Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Memorial Balsense quarta, 10 de maio de 2017

DOIS FILHOS DE ASCENDINO PINTO: PROFESSOR WILSON ARAGÃO E PADRE SOLON

DOIS FILHOS DE ASCENDINO PINTO:

PROFESSOR WILSON ARAGÃO E PADRE SOLON

Raimundo Floriano

 

 Ascendino Pinto de Aragão

 (Necessário introito para explicar-lhes meu parentesco com o ilustre clã Pinto de Aragão. No tempo a que agora me reporto, a ideia de família era muito abrangente, e mais valiam os laços afetivos que os sanguíneos. José da Silva Albuquerque, nascido em 1885, filho de Manoel Raimundo de Albuquerque e Izidora Leão da Silva, irmão de minha avó materna, Ana de Albuquerque Bezerra, casou-se, em Balsas (MA), a 7.12.1911, com Eulina Correia de Castro, nascida em 1896, filha de Joaquim Correia Sobrinho e de Maria Correia de Castro, com quem teve duas filhas: Aline Correia de Albuquerque, nascida a 15.05.1913, e Maria Albuquerque Barbosa – nome de casada –, a Donamaria, nascida a 12.08.1914. Eulina enviuvou a 5.07.1915 e, a 29.2.1916, casou-se, em Balsas, com Ascendino Pinto de Aragão, também viúvo e pai de três filhos, adiante nomeados, passando a assinar-se Eulina Correia Pinto. Tanto os filhos de Eulina quanto os de Ascendino, pelos laços afetivos com os quais foram criados e educados, são considerados como legítimos integrantes do clã Albuquerque, e vice-versa, o que muito nos orgulha.)

 

                        Ascendino Pinto de Aragão, filho de Franklin Pinto de Aragão e Constância Maria de Aragão, nasceu em Sousa (PB), a 3.10.1887, e faleceu em Goiânia (GO), a 1.7.1969.

 

                        Nesses quase 82 anos de vida, foi um pouco de tudo e muito mais. Arguto e de inteligência fértil, era detentor de vasta cultura e formação intelectual prática. Autodidata, teve na Escola da Vida a diplomação necessária para desempenhar várias atividades que exigiriam curso universitário: foi advogado provisionado, contador, jornalista, engenheiro prático e, em cidades que não dispunham de médico, como em Balsas, desempenhou esse papel com muita propriedade. Além disso, foi comerciante, Comandante de vapor na Bacia do Rio Parnaíba, Major da Guarda Nacional, Prefeito em Balsas e em São Raimundo Nonato (PI) e servidor público, tendo se aposentado como Diretor da Mesa de Rendas de Parnaíba (PI).

 

                        Era um homem de conversa fluente e agradável, que interessava a todos os circunstantes, como foi meu caso, um jovem estudante de 14 anos de idade, ao conhecê-lo em Teresina (PI). Desde então, passei a admirá-lo, até por ter sido ele grande amigo de Seu Rosa Ribeiro e de Dona Maria Bezerra, meus queridos e saudosos pais.

 

                        Hoje, Ascendino Pinto afigura-se-me como verdadeiro cavaleiro andante, cigano ou aventuroso marinheiro, que deixava um amor em cada porto!

 

                        Sua vida romântica é riquíssima e daria um livro, caso fossem acessíveis os dados biográficos pertinentes a todos os lugares por onde passou. Não dispondo eu de documentos verídicos, vou ater-me aqui aos que consegui mediante certidões fornecidas pelos diversos Cartórios que se dispuseram a comigo cooperar, além de informações fornecidas por descendentes seus, como o Guto, seu neto, amigos, como o Aroldo Braga, de São Paulo, e em outras colhidas em textos confiáveis de escribas diversos.

 

                        Lucíola Marques Pinto – parente sua –, professora e historiadora, paraibana de Sousa, escreveu num de seus livros, Roteiro de uma Cidade Perdida na História – Sousa, o texto que adiante transcrevo:

 

“Adele, uma das mais belas mulheres sousenses, era artista. Tocava muito bem órgão e violão, que aprendeu com o musicólogo Galdino Formiga, o Mestre que também ensinava Francês e Latim. Para a época, Adele era uma pessoa que se destacava pela cultura e sensibilidade artística, mas teve seu destino marcado pelas grandes desventuras amorosas. Seu primeiro amor, seu primo Ascendino Pinto de Aragão, emigrou para o Amazonas, depois de acabar o casamento com ela, quando corriam os proclamas, por ter sido descoberto que os noivos eram irmãos. Nesse tempo, os segredos de família eram guardados a sete chaves.”

 

                        Desiludido com esse pungente desfecho em seu primeiro caso de amor, Ascendino foi dar com os costados em Belém do Pará, onde se estabeleceu no comércio e se enveredou no exercício do jornalismo, inicialmente como repórter de A Província do Pará. Curado de seu recente desengano amoroso, ali conheceu a jovem Antônia Pimentel, com quem se casou e teve os três filhos: Jurandir Pinto, Antônio Pojucan Pinto de Aragão e Uacy de Aragão Macedo.

 

                        Em data que não consegui apurar, enviuvou, mudou-se para a cidade de Riachão (MA) e, posteriormente, para Balsas, onde, além da atividade jornalística e do cargo de Prefeito, criou, juntamente com amigos, a primeira associação futebolística, denominada Associação Esportiva Balsense, e fundou, ao lado de Thucydides Barbosa, o jornal A Evolução, do qual foi o primeiro Diretor. Como Prefeito, deu os primeiros passos de uma administração correta, e seu dinamismo muito contribuiu para o progresso balsense.

 

                        Em Balsas, casou-se, a 29.2.1916, com a viúva Eulina Correia Pinto – nome de casada –, com quem teve cinco filhos: Wilson Correia Pinto de Aragão, Solon Correia de Aragão, Antônio Pinto de Aragão, Washington Pinto de Aragão e Sílvio Pinto de Aragão.

 

                        Eulina, que já possuía as filhas Aline e Donamaria, recebeu Jurandir, Pojucan e Uacy, do casamento anterior de Ascendino, e os juntou aos que com ele teve, Wilson, Solon, Antônio, Washington e Sílvio, criando os 10 como filhos, sem distinção, conforme dito no introito.

 

                        O sobrenome Pinto trouxe para Ascendino verdadeiro estigma, pois, ao atingir ele a maioridade, transformou-se em irrequieto galinho namorador, a ciscar em tudo que era terreiro. Talvez – eu disse talvez – tenha sido esse o motivo que determinou o fim de seu casamento com Eulina que, mesmo assim, continuou tomando conta de sua prole, enquanto ele se ocupava por aí em incrementar a população brasileira.

 

                        Saindo de Balsas, indo morar em São Raimundo Nonato, de onde foi Prefeito, e estabelecendo-se como funcionário público em Parnaíba, Ascendino Pinto continuou a dar vazão a sua capacidade procriante, unindo-se extramatrimonialmente com Santilha Fialho, com quem teve duas filhas: Maria Felipéa de Aragão e Conceição Maria de Aragão.

 

                        Eulina faleceu a 6.4.1951, em São Raimundo Nonato, aos 54 anos de idade. Na condição de viúvo, agora pela segunda vez, Ascendino casou-se, a 16.1.1953, aos 65 anos, em Parnaíba, com Maria das Mercês Spindola Aragão – nome de casada –, com quem não teve filhos, 22 anos de idade, mais nova que Felipéa. Posteriormente, a família se mudou para Goiânia, onde Ascendino veio a falecer.

 

                        Mercês criou, além dessas duas, mais uma filha de Ascendino, Maria das Dores Aragão – a Dorinha –, já falecida, de cuja mãe só se sabe o primeiro nome: Silvera, também já falecida. Por mais que eu pesquisasse, não consegui saber seu sobrenome. Há dias, falei por telefone com Mercês, atualmente com 82 anos, residente em Goiânia, lúcida e com voz bem firme. Declarou desconhecer o sobrenome de Silvera, mas me indicou o número do telefone da filha da Dorinha, Cândida Tereza Pinto Aragão, que, igualmente, desconhece o sobrenome da avó.

 

                        Deduzo – apenas deduzo, não maldo – que Silvera foi uma aventura extraconjugal do galinho ciscador depois de casado com Mercês, razão pela qual esta faz questão de esquecê-la por completo, embora tenha criado sua filha, a Dorinha.

 

                        Conheci Dona Eulina em 1950, quando morei com ela na casa de sua filha Donamaria, em Teresina, onde vez em quando, Ascendino, então residente em Parnaíba, mesmo separado, a visitava. Assim fiquei sabendo muito de sua história e aprendi a deles gostar.

 

                        Dona Eulina teve uma existência digna de novela. Casou-se aos 15 anos, teve Aline aos 16 e Donamaria aos 17, enviuvou aos 18 e casou-se com Ascendino aos 19. Mesmo separada, criou, condignamente, seus filhos e os dele, como acima afirmado. Foi ela quem me contou a presepada a seguir, sorrateiramente armada por Ascendino, dando-me a exata noção do quanto ele foi gozador, arteiro e aprontador.

 

                        Certo dia, Ascendino, tomou o vermífugo Tiro Seguro, como era costume anual do sertanejo balsense, visando a depurar os intestinos. Na primeira aliviada, veio um bolo de lombrigas. Ascendino pegou uma delas, pô-la para secar ao sol e, quando a dita estava no ponto, saiu pela cidade a gozar da cara dos amigos que encontrava, perguntando-lhes de qual pé de pau era aquela raiz. Todos cheiravam, mastigavam um pedacinho e depois opinavam: raiz de aroeira, pau-d’arco, malva, cajueiro, ao que ele replicava, caindo na gargalhada:

 

                        – Não, compadre! Essa daí é raiz de cu!

 

                        De todos os 13 filhos de Ascendino, legítimos ou reconhecidos, apenas dois deixaram documentos e registros que me orientassem a continuar esta matéria, traçando-lhes resumida biografia: Wilson Correia Pinto de Aragão, o Aragão, e Solon Correia de Aragão, que chegou a Monsenhor, mas ficou para sempre conhecido como Padre Solon. E é o que passo a fazer neste episódio a que dei o nome de Dois Filhos de Ascendino.

 

WILSON CORREIA PINTO DE ARAGÃO

 

 Wilson Aragão no púlpito 

 

                        Wilson Correia Pinto de Aragão, filho de Ascendino Pinto de Aragão e Eulina Correia Pinto, nasceu em Balsas (MA), no dia 5.6.1917, e faleceu em Vitória (ES), no dia 18.10.2006, aos 89 anos de idade.

 

                        Seus estudos iniciais encaminhavam-no para o Sacerdócio na Igreja Católica Romana. Formou-se em Filosofia Pura na Pontifícia Faculdade Filosófica de Nova Friburgo (RJ), dirigida por Padres Jesuítas, em 1941; em Teologia, na Faculdade Teológica dos Padres Jesuítas, em São Leopoldo (RS); graduou-se em Letras Neolatinas pela Universidade do Rio de Janeiro (então DF), em 1950; e, finalmente, bacharelou-se em Direito, na Universidade Federal do Espírito Santo, em 1956.

 

                        Descobrindo não ter vocação para a vida celibatária, casou-se, a 16.7.1952, na cidade de Alegre (ES), com Yêdda Pedrosa de Aragão, com quem teve seis filhos: Maria de Fátima Pedrosa Aragão, a Irmã Carmelita, José Carlos Pedrosa de Aragão, Engenheiro Mecânico, Paulo Cézar Pedrosa de Aragão, Médico Psiquiatra, Wilson Correia de Aragão Filho, Engenheiro Elétrico e Professor, Luís Augusto Pedrosa de Aragão, o Guto, Engenheiro Agrônomo, e Eulina Maria Pedrosa de Aragão, Assistente Social.

 

                        Durante 12 anos, foi Professor de Direito na Faculdade de Direito, em Colatina (ES). Também exerceu a docência na Universidade Federal do Espírito Santo, durante 17 anos, onde lecionou Língua Portuguesa, Latim, Sociologia Jurídica, Estudos de Problemas Brasileiros e Filosofia. Foi o primeiro Advogado da Cúria Metropolitana de Vitória, cuja especialidade eram as causas de declaratio nullitatis matrimonii – declaração de nulidade matrimonial. Além disso, foi pioneiro, no Estado do Espírito Santo, dos Estudos da Ciência da Parapsicologia, tendo ministrado mais de 100 cursos sobre o assunto, por todo o Brasil, desde 1956.

                         Era, ainda, inspiradíssimo orador sacro!

                         Em 2002, lançou no mercado editorial a Gramática Latina cuja capa acima se vê, acompanhada de um CD-ROM, este para auxiliar pessoas com deficiência visual.

 

 

                        Guardo comigo, como preciosa relíquia, esta carta que me escreveu a 24.2.2005, bem coloquial, bem íntima, bem família, bem sertaneja, agradecendo meu livro Do Jumento ao Parlamento, com o qual o presenteei:

 

                        “Meu Caro Raimundo Floriano,

                        Foi imensa alegria encontrar um notável expoente das letras, um balsense como eu. Não tenho melhores palavras para enaltecer seu maravilhoso e gostosíssimo livro, quanto as que escreveram seus amigos Goiano Braga Horta e Alvinho, compositor da ARUC. Com sua inteligência, mais que superior, você poderia concorrer a uma vaga na Academia Brasileira de Letras. Parabéns! Diz a Ciência da Frenologia que você, pelo formato de seu rosto, é tudo isso que reflete em seu brilhante livro. Leitura fácil, corrida, gostosa, que a gente fica com saudade depois que chega à última página. Está, pois, de parabéns! Olha, Raimundo, você me despertou um mundo de saudades, a começar pelo rio onde, aos meus doze anos, passava grande parte do dia, nadando, mergulhando, remando, rio acima e rio abaixo. Agora, fiquei sabendo que o rio está minguando, com os cortes das árvores nas cabeceiras. Que pena! Quantas vezes atravessei o rio a nado para apanhar cajus nas matas da Tresidela! Nós morávamos em frente à casa do Thucydides Barbosa. Com Braulino, seu filho, hoje general, muita farra fazíamos, sobretudo ali na Rua do Frito, nas noites de lua cheia, brilhantíssima. A lua era um espetáculo. Não sei se ainda brilha tanto como naquele tempo. Não esqueço as brincadeiras de garoto nos velhos depósitos de couros, onde ficávamos um tempão saltando loucamente, rolando até o chão! Não havia ainda as grandes partidas de futebol, como você descreve. Nossa diversão de garotos era apanhar mangas, inclusive nos quintais, como os de nossa prima Maria Bezerra, sua mãe. Volto a salientar que seu rosto frenológico bem diz que você reflete uma inteligência das mais destacadas, por isso a diversidade de funções que exerceu. Seu cartão de visita é uma prova de quão variada foi, tem sido e será sua inteligência. Se fosse comentar cada trecho de sua belíssima produção literária, não terminaria tão cedo.

                        Um grande abraço do velho primo Wilson Aragão.”

 

SOLON CORREIA DE ARAGÃO

 

Monsenhor Solon

 

                        Solon Correia de Aragão, filho de Ascendino Pinto de Aragão e Eulina Correia Pinto, nasceu em Balsas (MA), no dia 9.6.1921, e faleceu em Teresina (PI), no dia 19.1.2001, aos 79 anos de idade.

 

                        Ainda na infância, revelava inteligência brilhante e sede de conhecimentos, assim como, nas brincadeiras de criança, já demonstrava sua vocação sacerdotal. Estudou no Educandário Coelho Neto, do Professor Joca. Entre os 9 e os 10 anos, praticou jornalismo na gráfica da cidade.

 

                        Em 1932, entrou para o Seminário D. Inocêncio Lopes Santamaria, em São Raimundo Nonato (PI), ingressando mais tarde no Seminário de Salvador (BA), onde se destacou como excelente aluno de Latim. Concluiu seus estudos no Seminário da Prainha, em Fortaleza (CE). Ordenou-se Padre a 01.01.1944, com apenas 22 anos e meio de idade, após licença concedida pelo Papa Pio IX, vez que a idade mínima estabelecida pelas Leis Canônicas da época era de 24 anos.

 

                        Já ordenado, Padre Solon foi destinado à Paróquia de Bom Jesus do Gurgueia (PI), como Vigário. No ano de 1952, foi designado Vigário da Paróquia de São João do Piauí, onde incrementou a atividade escolar, fundando o Instituto São João Batista, e, em 1958, o Ginásio Frei Henrique, considerado por todos o berço cultural são-joanense, e, por ele, como a casa de seus sonhos. Dotado de personalidade abrangente, sua obra atingiu vários setores da vida como sacerdote, educador e homem público, prestando relevantes serviços à população de todo aquele esquecido e pobre rincão sul-piauiense.

 

                        Em 1975, Padre Solon promoveu a reforma da Igreja Matriz de São João Batista, construída em 1875, para a Festa do Centenário, considerada a maior até hoje naquela cidade, à qual compareceram personalidades ilustres, dentre elas o Cardeal Dom Avelar Brandão Vilela, Arcebispo de Teresina, além de Padres, amigos, familiares e filhos de São João do Piauí que viviam em terras distantes. Na ocasião recebeu o título de Monsenhor.

 

                        Comemorou, com paroquianos, amigos e familiares, a 9.6.1991, seus 70 anos de vida, ocasião em que o ginásio que fundara, em 1958, recebeu a denominação de Ginásio Monsenhor Solon Aragão.

 

                        Em agosto de 1994, na Igreja da Prainha, em Fortaleza, concelebrou a Missa de Ação de Graças por seu cinquentenário de vida sacerdotal, juntamente com colegas de ordenação: Dom Eugênio de Araújo Sales, Arcebispo do Rio de Janeiro, Monsenhor Ivo Calliari, Vigário da Catedral do Rio de Janeiro, Monsenhor Expedito Silveira de Sousa, Vigário de Camocim (CE), Cônego João Cartaxo Rolim, Vigário de Sousa, Cônego Pedro de Alcântara Araújo, Vigário de Russas (CE), e Padre Ágio Augusto Moreira, Capelão do Sítio Belmonte, de Crato (CE).

 

                        No dia 1.10.2000, às 9h, celebrou, junto aos são-joanenses, na Igreja Matriz de São João Batista, o que seria sua última Missa, pois veio a falecer no dia 19.01.2001, em Teresina, no Hospital Prontocor.

 

                        Conheci de perto o Padre Solon no ano de 1950, quando residia em Teresina, na casa de Donamaria, sua irmã, onde também moravam Dona Eulina, sua mãe, a Ressu, irmã de Dona Eulina, e o José Bráulio Florentino, que viria, no futuro, a ser Juiz de Direito no Estado de Goiás. Vez por outra, o Padre passava por lá em visita a seus familiares.

 

                        Eu e o Zé Bráulio éramos estudantes, eu do Ateneu, que ele chamava de PP – pagou, passou –, e ele, do Liceu Piauiense, reconhecidamente o melhor colégio da Capital. Ambos, aos 14 anos de idade, vivíamos quase aos tapas, procurando demonstrar quem era o mais burro dos dois. Numa de suas visitas, o Padre resolveu decidir a contenda. Mandou que cada qual fizesse uma redação tendo como título A Bandeira.

 

                        Passamos alguns dias rabiscando os cadernos, escondidos um do outro, fazendo o maior segredo, até que chegou a data da entrega do trabalho. Zé Bráulio descrevera a Bandeira Brasileira, com as estrelas, a faixa Ordem e Progresso e suas cores, explicando o que elas representavam. Eu me fixara numa bandeira de qualquer país como símbolo de um povo, de uma nação, forjador de seus sentimentos cívicos.

 

                        De posse das redações, o Padre, depois de muito meditar, deu esta decisão:

 

                        – As duas merecem nota 10! – Zé Bráulio e eu ficamos no maior envaidecimento, burraldamente olhando pra cara um do outro.

 

                        – Mas calma lá – continuou o Padre –, 5 para o Zé Bráulio e 5 para o Raimundo. As duas, reunidas numa só, é que merecem a nota máxima!

 

                        Dessa forma, Padre Solon nos deu a primeira aula de tato diplomático em nossas vidas!

 

**********

 

                        Esta matéria foi publicada no Jornal da Besta Fubana no dia 30 de janeiro de 2012. Dentre os comentários recebidos, um, a 22.11.2012, enviado por Marta Regina de Aragão Canalli, mereceu especial atenção: “Olá, fiquei muito emocionada quando, por acaso, encontrei essa matéria na Rede. Sou filha da Maria Felipéa de Aragão Canalli. Foi gostoso relembrar algumas passagens, das quais muitas foram mencionadas por minha mãe”.

 

                        A 3.11.2012, João Carvalho Neto assim se expressou: “Fiquei muito feliz e emocionado ao ver a matéria que a Marta me enviou. Fui casado com Maria Felipéa durante 23 anos e sempre ouvia as histórias das viagens que ela fazia a cavalo junto com o pai, dormindo, às vezes, em cavernas e comendo carne seca com farinha. A Péa era apaixonada pelo pai. Acho que eles devem estar rindo com nossa admiração, lá no mundo espiritual. Saudades!”.

 

                        A 5.12.2012, Márcia Regina Bernardo disse: “Sou filha da Conceição Maria Fialho Muniz de Aragão, que teve quatro filhos e hoje vive na cidade de Petrópolis (RJ). Ela sempre relata que brincava com tatu-bandeira, tomava banho no Rio Parnaíba, dormia em rede, e que o pai dela, Ascendino, a levava para sua mãe à noite, pois não se casaram e nem moraram juntos. O Padre Solon celebrou a missa de 15 anos de minha irmã, Raquel Cristina Bernardo. Temos aqui uma foto de meu avô, já de idade avançada, num hospital, com alguns familiares. Vou escaneá-la para remeter-lhe uma cópia.”.

 

                        Cumprida a promessa, eis a foto, com a devida identificação:

 Ascendino Pinto, com familiares 

Em pé: Wilson, Antônio, Sílvio, Maria Felipéa, Padre Solon e Suzinha;

Sentados: Maria das Mercês e Ascendino;

Mais abaixo: Maria das Dores (Dorinha) e Conceição

 

                        Tão logo a recebi, fui dominado pelo impacto de grande surpresa e dúvida atroz: quem é Suzinha, que, até então, era desconhecida em todos os documentos pesquisados? E a explicação: trata-se da Yuaçu, fruto de aventura amorosa de Ascendino com uma índia!

 

                        O que justifica a fama desse galinho ciscador em qualquer terreiro, exemplo pronto e acabado do romantismo latino-sertanejo, que ele abraçou por toda sua produtiva existência.

"


domingo, 20 de outubro de 2019 as 18:08:03

Celson Chaves
disse:

Ascendino Pinto de Aragão também foi prefeito interino de Campo Maior (1943-1945).


Responder comentário - Cancelar
quarta, 09 de dezembro de 2020 as 07:27:59

Celson Chaves
disse:

Qual foi o período que governou São Raimundo Nonato?


Responder comentário - Cancelar
quinta, 20 de maio de 2021 as 07:30:18

José Wanderson Fortes de Oliveira
disse:

Sou neto de Dorinha.


Responder comentário - Cancelar
sábado, 14 de agosto de 2021 as 08:54:58

MARIA LUCIA DE ARAGAO CANALLI
disse:

Sou neta de Ascendino, filha de Maria felipea, já falecida. A convite de uma amiga estou passeando e conhecendo o Piauí.. terra linda e calorosamente acolhedora! Com certeza meu avô e minha mãe estão passeando comigo....


Responder comentário - Cancelar

Escreva seu comentário

Busca


Leitores on-line

Carregando

Arquivos


Colunistas e assuntos


Parceiros