Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Raimundo Floriano - Perfis e Crônicas quarta, 16 de agosto de 2017

DUZINDA: O BRIO DO BRASILEIRO POBRE DE OUTRORA

DUZINDA: O BRIO DO BRASILEIRO POBRE DE OUTRORA

(Publicada no dia 22.09.2014)

Raimundo Floriano

 

 

                        Leitor compulsivo que sou, ultimamente tenho procurado conhecer trabalhos de autores contemporâneos, preferencialmente moradores no Distrito Federal e Entôrno – com acento, para não pensarem que estou derramando o Distrito –, pessoas facilmente encontráveis em shoppings, salas de espera, feiras, pontos de ônibus, restaurantes, enfim, aonde quer que se vá. Gente da gente!

 

                        Isso me é deveras facilitado pela Thesaurus, minha editora, cujas prateleiras concentram mais de noventa por cento da produção literária brasiliense e adjacente.

 

                        Quando o trabalho não me agrada, calo-me. Se gosto, dou um jeito de entrar em contado com o autor e expressar-lhe minha aprovação. No caso de embevecer-me por demais, não me contenho e faço tudo para apregoar isso aos os quatro cantos, como é o caso deste em evidência.

 

                        Vocês sabem qual é o melhor chá para o careca? É o chapéu! Para o veado? A chapada! Para a lavadeira? O chafariz! Para o fumante, charuto! Para o inglês, a chávena! Para o gaúcho? A chaleira! Para o caipira? A chácara! Para o ginecófago? A chavasca! Para o gatuno? A chave! Para o estudante? A chamada! Para o meliante? A chapuletada! Para a boazuda? O chanel! Para o fogueteiro? O chabu! Para o showman? A chacrete! Para o terrorista? A chacina! Para o gozador, a chacota! Para o barqueiro? A chalana! Para o hóspede? O chalé! Para a mulher? O chamego! Para o açougueiro? O charque! Para o enigmático? A charada! Para o antipático? A chatura! Para o escritor? O chá de cadeira na sala de espera das editoras!

 

                        E foi num desses chás que tive minha atenção voltada para a capa deste livro, exposto nas prateleiras da Thesaurus, pela fisionomia sofrida ostentada pela Duzinda, seu personagem-título. Imediatamente, dirigi-me ao setor competente e comprei um exemplar começando a leitura ali mesmo na espera. O que me foi muito gratificante, compensador.

 

                        Ele me fez relembrar o caráter da população pobre brasileira de um passado que vivi, quando os nordestinos desapercebidos, ao receberem donativos dos sulistas ou do governo, o faziam com acara no chão, morrendo de vexame, embora agradecidos pelo socorro. O brio de meus conterrâneos daquele tempo foi bem retratado por Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, ao declarar, em Vozes da Seca “Mas doutô uma esmola a um homem qui é são/Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”.

 

                        A população de Duzinda é toda constituída de pessoas carentes, sofridas, algumas famélicas, porém sem jamais pensar em entrar na mendicância ou se valer das benesses governamentais, que viciam, fazem o homem perder a vergonha, nessa compra de votos em que se transformaram as inúmeras bolsas ora distribuídas aos desvalidos deste país, sem que vislumbrem um mínimo de dignidade.

 

                        Duzinda, já na terceira edição, recebeu versões em Espanhol e Inglês, além de um lançamento em audiolivro, este contido em CD.

 

                        Suas contracapa e orelhas dizem muito de seu conteúdo e um tanto de sua autora:

 

 

                        A seguir, correspondência enviada à Clotilde Chaparro, com minha apreciação sobre seu livro, que recomendo a todos vocês.

 

                        Doutora Clotilde,

 

                        Peguei seu livro na Thesaurus. Sempre que dou as caras por lá, faço uma garimpada nos títulos de escritores de Brasília, eis que aspirante a plumitivo candango sou, além de viciado no mais gratificante prazer existente no Planeta Terra: a leitura.

 

                        Duzinda foi uma boa novidade. Chegando a seu final, ficou-me a vontade de conhecer outros textos da autora, motivo pelo qual a você me dirijo.

 

                        Eu gostara de, em algum dia no futuro, escrever assim, simples, sem circunlóquios, direto ao ponto, narrando o cotidiano de pessoas comuns, com tramas que fazem parte de nosso dia a dia, sem surpresas, tudo plausível, com final feliz para poucos, como na vida real.

 

                        Os personagens compõem que o universo de Duzinda, a maioria gente trabalhadora, seriam, hoje, fatalmente, clientela dependente do Bolsa-Família, acomodados com a esmola, jamais saindo dali um Vitório que, por seus méritos, progrediu na vida. Sucesso, na atualidade, é ofensa pessoal.

 

                        Em regimes onde a população se acostumou a depender das espórtulas dos governantes, como o de Cuba, só há duas espécies de indivíduos, tal qual bem ressaltou a revisa Veja, há duas semanas: os dirigentes e os indigentes.

 

                        É nisso que querem transformar o Brasil, desvirtuando o caráter da gente trabalhadora brasileira, como era, naqueles Anos 1930, a maioria do povo humilde do bairro do Tatuapé.

 

                        Iolanda era uma mulher instigante. Visualizei nela a figura da cantora Emilinha Borba, um de meus ídolos de MPB, que sempre usou uma pinta na bochecha, ora à esquerda, ora à direita, conforme lhe desse na veneta.

 

                        Não vou mais tomar seu tempo. Dou-lhe parabéns pelo excelente livro e digo-lhe que quero mais.

 

                        Atenciosamente,

 

                        Raimundo Floriano

                        Brasília - DF

 P. S. - Em meu último livro, tal qual farei nos próximos, fiz questão de apor este recorte na folha de rosto, num alerta àqueles que só veem em nosso trabalho motivos para a crítica negativa:

 

 

 

 


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