ESCRITOR: QUEM ME DERA SER!
(Publicada no dia 04.05.2015)
Raimundo Floriano
A Revista do Correio publicou, mês passado, esta chamada, que muito me despertou a curiosidade:
Em seguida, o desdobramento da matéria:
Mais importante que ser escritor é ser lido. E ser lido em sua paróquia, em sua Quadra, no seio de sua família, no meio de seus colegas de trabalho é, simplesmente, a glória!
Coincidentemente, a Voz Ativa de março de 2015, trouxe este incitante tópico.
Isso balançou mais ainda meu coreto, e positivamente, pois sou um leitor compulsivo. Meu amor à leitura data de 1946, quando, aos 10 anos de idade, fui presenteado por um irmão com meu primeiro livro extraclasse, lúdico, o romance A Volta e Tarzan, de Edgar Rice Burroughs. Desde então, foram mais de 1.500 obras lidas e anotadas.
Com o prazer da leitura, veio o gosto de escrever. Mas, vejam bem, não sou um escritor! Quem dera! Apenas adoro manchar a brancura do papel – ou da tela do micro – com o que estou pensando, e disso resultou um acervo de seis livros lançados. Com esse rasteiro cabedal, posso até ser considerado um plumitivo, um escrevinhador, um escriba.
Os livros dum escriba de meu porte só acontecem no lançamento. Felizmente, aqui em Brasília, onde se dá o Lançamento Nacional, e em Balsas, com o Lançamento Umbilical, o comparecimento vem-se revelando consagrador. Quem tem amigo na praça, tem dinheiro no caixa!
No último, o do Memorial Balsense, no Restaurante Carpe Diem – o de Balsas acontecerá a 12 de junho –, vivi a alegria da presença de mais de 200 pessoas, em que pese a forte chuva que caía. Depois, é um pinga-pinga vagaroso, e o esquecimento chega com muita rapidez.
Com meus quatro últimos rebentos, não deixei que tal acontecesse. Acabada a festa, passei a remeter exemplares para minha lista de endereços, aí compreendidos familiares, amigos, conhecidos e, principalmente, colegas aposentados da Câmara dos Deputados, sem consulta prévia, e solicitando-lhes pequena ajuda para cobrir as despesas de produção.
O retorno era mínino. Particularmente, no universo de meus colegas aposentados, a “rejeição” era superior a 80%. Mas eu ignorava o fato, fechava os olhos, pois o que me interessava mesmo era que me soubessem atuante, terem em sua casa o produto de minha teimosia intelectual.
O que nuca avaliei era o constrangimento que essa minha atitude causava na outra ponta, no lar do destinatário. Jamais avaliei a saia-justa que lhe provocava com meu impensado procedimento.
Até que, no dia 15 deste mês de abril, recebi, de uma colega aposentada, o Memorial Balsense que eu lhe remetera, devidamente intocado, dentro de outro envelope, acompanhado deste sucinto, mas decisivo ultimato:
Verdadeiro “simancol”! Preciso dizer mais? Quem toma um desses e não se sente, tem a cara de demente!
Por isso, diletos amigos, familiares e colegas aposentados, assumo aqui o compromisso de não mais os perturbar.
Meu próximo livro, Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, com os ansiosamente esperados Versos Sacânicos, a ser lançado em julho de 2016, nas comemorações de meus 80, será remetido apenas àqueles que manifestarem, expressamente, seu desejo de recebê-lo.
E me perdoem por todo esse aborrecimento, fruto de minha leviana inconsequência!