Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Eliane Cantanhêde domingo, 21 de maio de 2017

ESTOURO DA BOIADA

Estouro da boiada

O colapso das lideranças dificulta saídas, e pode vir o 'se não tem tu, vai tu mesmo'

Eliane Cantanhêde, O Estado de S.Paulo

21 Maio 2017 | 05h00

Com todo respeito, o grande Brasil está parecendo a pequena Bolívia, que teve 17 presidentes em 28 anos, três apenas em 1979 e quatro entre 2001 e 2005, até que Evo Morales assumiu em 2006 e de lá não arreda pé tão cedo. O problema brasileiro não é apenas tirar Michel Temer da Presidência, é nomear alguém que se sustente e toque as reformas até 2018. Aí, seja o que Deus quiser!

Dilma Rousseff caiu por crime de responsabilidade, inapetência política e incompetência administrativa. Temer está ‘balança-mas-não-cai’ por relações nada republicanas com bandidos milionários e agora delatores, por um partido que é ‘maria-vai-com-as-outras’ dependendo de quem paga mais e por um entorno que se dividiu em dois: uma parte tem o poder, a outra está na cadeia ou a caminho dela.

O que piora tudo é a falta de lideranças que conduzam uma saída institucional e de nomes com grandeza pessoal e política para assumir a transição, com pesadas nuvens de desconfiança sobre o colégio eleitoral – o Congresso. Sim, porque, pela Constituição, a sucessão de Temer é indireta. Gritar “diretas já” é bacana, mas não é, literalmente, legal.

 Odebrecht, JBS e as grandes companhias financiarem campanhas, vá lá. Afinal, era previsto na lei vigente. Mas o que surge das delações, aos borbotões, fetidamente, é que na maioria das vezes não se tratava de financiar campanhas, mas de roubar do público, privilegiar o privado e encher as burras de homens públicos.

As revelações de Joesley Batista, Emílio e Marcelo Odebrecht têm enredo parecido e choca também a forma: eles falam do nosso País, das nossas empresas, dos nossos representantes, como se fossem donos de tudo e de todos. É matar de vergonha. Ou raiva.

Há muitas partes de arrepiar os cabelos. Joesley barganhando com o deputado João Carlos Bacelar (PR-BA) a compra de deputados contra o impeachment de Dilma, que acabou em R$ 15 milhões, por cinco votos. A senha para a mesada da JBS para Eduardo Cunha, com aval de Temer: “Alpiste para o passarinho”. E a corridinha do deputado Rocha Loures, assessor de Temer, com sua mala de dinheiro até o táxi.

Ainda mais grave: US$ 150 milhões para Lula e Dilma usarem à vontade (além dos R$ 40 milhões para Lula na Odebrecht); os gerentes das contas eram justamente os ministros da Fazenda, Palocci e Mantega; R$ 1 milhão para consumo pessoal de Temer; Aécio mendigando R$ 2 milhões numa linguagem que o coloca no seu devido lugar. E são 1.829 políticos, de 28 partidos, na lista (ou no bolso, ou na mão...) da JBS. Com boa-fé, imaginemos que muitos receberam doação legal e nem tinham como dar contrapartidas. Mas a maioria não está nesses casos.

Quem sobra para uma eleição indireta? Excluída Cármen Lúcia, do STF, e preservado Nelson Jobim, que está hibernando, pode caminhar para “se não tem tu, vai de tu mesmo”, que favorece o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Listado na Odebrecht por R$ 300 mil de campanha (que podem ser legais, não propina), ele foi beneficiado com uma frase de Joesley: “Maia? Esse eu nem conheço”.

A história tem suas manhas e, nas encruzilhadas, pede perfis que não aumentem a confusão e as incertezas. Rodrigo Maia se encaixa aí, porque sinaliza a continuidade de Henrique Meirelles na Fazenda e das reformas no Congresso. No caso dele, o menos pode ser mais. Outra solução seria Meirelles na Presidência, mas ele não tem liderança, nem traquejo, para enfrentar o estouro da boiada no Congresso. A dobradinha Maia-Meirelles faz mais sentido.

Aliás, o que não faz nenhum sentido é Joesley Batista, depois de tudo, morando feliz num apartamento de R$ 30 milhões em Nova York. Nem em filmes baratos sobre repúblicas de banana.


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