Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo quarta, 15 de março de 2023

EVANDRO MESQUITA: ASTRO LEMBRA BASTIDOR COM BOB MARLEY, E MUITO MAIS

 

Por Thayná Rodrigues

 

Evandro Mesquita com Andreia Coutinho e, à direita, Chico Buarque e Bob Marley, com quem dividiu bastidor inusitado no futebol
Evandro Mesquita com Andreia Coutinho e, à direita, Chico Buarque e Bob Marley, com quem dividiu bastidor inusitado no futebol Fotos de divulgação e Instagram

Evandro Mesquita é um baú de histórias divertidas e emblemáticas, tenham elas nascido no cenário da música brasileira ou no da interpretação. Por essas e outras, documentários e séries de que o ator e cancionista participa volta e meia entram em plataformas de streaming e na TV fechada: "Blitz, o documentário" (no Curta!); "A grande família" (Viva e Globoplay); os filmes inspirados em Asdrúbal Trouxe o Trombone (grupo de teatro do qual também fizeram parte Regina Casé e Luiz Fernando Guimarães) e em festivais musicais daquela época (entre eles "Dunas do barato", na Netflix).

Blitz, a banda que o ator integra há décadas, também está sob holofotes. Além de batizar um filme de ficção em desenvolvimento, uma turnê do grupo de Evandro, Rogério Meanda (guitarra), Alana Alberg (baixo), Andréia Coutinho (backing vocal) e Nicole Cyrne (backing vocal) tem emocionado fãs antigos e as novas gerações. No Rio, eles se apresentarão no Qualistage, na Barra, dia 25 de março, semanas depois de tocarem para o público de Belo Horizonte.

Por conta da turnê, ele não pôde rodar um filme entre fevereiro e março, mas diz querer conciliar a interpretação com a carreira musical. Paulão da Regulagem, personagem que viveu em "A grande família", é lembrado por fãs saudosos e por ele nas redes sociais:

— Se as histórias forem boas, eu tenho vontade de fazer outras séries e filmes. Se não forem, eu não tenho. Paulão eu fiquei nove anos fazendo. O programa teve 15. E foi muito legal porque todo mundo era craque. Era um jazz. Tinha o tema, mas a gente improvisava em cima. Passava a bola, vinha a bola redonda. Sempre fiz teatro e tinha essa troca de sintonia que é tão sutil, difícil de achar. E quando acha fica muito prazeroso. Tenho isso com Andréa Beltrão, Fernanda Torres, com todos do Asdrúbal. É uma prazer quando tem um diretor que entende essa linguagem e nos dá essa liberdade. Foi muito legal, divertido pra caramba fazer.

Também escritor (ele é autor de "Xis-Tudo", da Editora Rocco, de 2007), Evandro tem uma série pronta e quer negociá-la com produtoras e/ou plataformas. Trata-se da história de dois homens que enfrentam confusões com os vizinhos de um prédio. Ele pensa ainda em escrever um novo livros de memórias.

— Fiquei muito envolvido com o livro do Luiz Fernando Guimarães. E me deu uma certa vontade e uma certa preguiça de levantar essa lebre toda. Tem passagens muito legais. Fico às vezes contando para algumas pessoas e tal. Tem fatos históricos muito bacanas (de que Evandro participou). Eu chegando com uma fitinha cassete na Odeon Records, mal gravada, pedindo para gravar, quando a Blitz já fazia sucesso com uma ou duas músicas. E tem a vez em que a gente foi receber Papai Noel no Maracanã. Aquilo era uma coisa que eu, como peladeiro (queria viver). Pisar naquela grama em que Pelé, Garrincha e tantos ídolos jogaram. Como amante do futebol, foi maravilhoso ver o Maracanã inteiro cantando — recorda-se.

— Bob Marley não dividia, não passava a bola (risos). Graças a Deus, tinha outra bola, e a gente teve essa honra de celebrar esse ritual com o mestre, né? Foi sensacional.

Leia na íntegra a entrevista com Evandro Mesquita.

Com a Blitz, além do Rio, você vai tocar em outras capitais?

Vamos ao Teatro Bradesco, em São Paulo, mas a gente está viajando muito. A formação da banda está superlegal agora. Dá para ver, pela estrada, e vamos relembrando coisas, mostrando coisas novas. Na pandemia, como tenho um estúdio aqui em casa, a gente produziu cinco discos. Uns 85% estão prontos. Tem o Blitz Hits, com regravação dos sucessos com a tecnologia de hoje; o Lado B, Lado Blitz, com músicas que a gente adora, mas não tiveram tanta exposição... Esse tem volumes 1 e 2 ; e tem o Supernovas, de inéditas. Tem também um apelidado de "Blitz no dos outros", com interpretações Blitz de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, Belchior, Paulo Diniz, Gilberto Gil. Tem umas coisas inusitadas e muito legais.

Você chegou a conversar com Erasmo sobre essas faixas?

Nos falamos. Eu disse: "Quero te mandar". Acabou que não conseguimos mandar a música masterizada como está agora. Mas é um parceirão. E tenho a honra de ter sido parceiro dele numa música. Foi uma grande perda mesmo. A gente gravou "Sentado à beira do caminho". Essa música vai estar no "Blitz no dos outros". É demais. Para esse disco, também convidamos o Ximbinha, aquele guitarrista. Tem uma pegada carimbó, um suingue diferente, bem legal. A gente foi fazendo com calma, vinha um, vinha outro...

Estou fissurado. Muito bem, graças a Deus. E louco para estar na estrada. A estrada me alimenta. O show autoral me alimenta muito. Tem uma coisa nossa, emocionando as pessoas, nos emocionando. É fantástico. É a vida mesmo.

Como está a pré-produção do filme de ficção da Blitz?

Fiquei afastado da produção. Teve uma hora que eu queria me envolver mais, dar palpites no roteiro... Depois eu deixei rolar e não sei como está isso, não. Sugeri uns nomes e tal, mas não estou sabendo, não. Tem o documentário da Blitz, que passa no Curta!, no Now, é muito legal. Umas pessoas comentam, falam que não viveram essa época e ficam espantadas com como foi forte, e não tinha rede social nem nada disso. Se tivesse... Foi um fenômeno.

Você tem um livro lançado, mas há histórias saborosas ainda pouco exploradas, né? A do futebol com Chico Buarque e Bob Marley, por exemplo... Os bastidores...

Tem uma resenha dessa no Museu da Pelada. O Paulo Cézar Lima (PC Caju, jogador de futebol) me convidou. O que aconteceu foi que eu estava na praia com a Regina Casé e com a Patricya Travassos. Sempre fui bom de futebol. Jogava com Paulo Cézar, Pintinho, Nei Conceição. Ele disse que estava indo à casa do Chico jogar bola com Bob Marley. E eu pensei: "Meu Deus do céu, olha o convite. Jogar bola com Bob Marley, com Paulo Cézar na casa do Chico". A gente tinha um ensaio importante (com a galera do teatro). E expliquei para as meninas como foi forte esse convite. Nesse meu livro eu conto essas passagens, dando umas dribladas nas coisas que posso falar.

Uma das coisas de que não pode falar é que ele era jamaicano e não dividia a bola?

No Instagram, você posta vídeos e montagens divertidas. É uma forma de levar leveza às pessoas?

É a única brincadeira digital que eu curto. Não gosto de Facebook nem de coisas assim. Faço uma curadoria de vídeos. Para refletir, para sorrir, para gargalhar, para discordar, para protestar. Porque é um instrumento.

Essa é uma rede em que celebridades e personalidades ostentam ali seus procedimentos, suas mansões... Esta não é sua onda, né?

Não é a minha onda mesmo. Eu sou de outra onda (risos). E ainda não estou na fase de "demonização facial". Eu acho que as rugas contam histórias de uma vida. Então, sigo nessa filosofia dos Rolling Stones. Quando me perguntam quantos anos eu tenho, eu falo que tenho menos do que tinha a Gloria Maria (risos). Idade dá um peso. Já vem um peso assim... Sem olhar no espelho, acho que estou com 48. Mas, quando olho, caio na realidade. Fico pensando. Sem dizer, fico mais tranquilo.

Você tem filhas de 16 e 33 anos (Alice e Manuela, filhas de Iris Bustamante e de Andréia Coutinho). Elas são de diferentes gerações. Como são as conversas?

A de 33 mora sozinha desde os 18 anos. E agora estou acompanhando de perto a de 16. É incrível a troca. Tento acompanhar... E mostrar coisas também. É muito interessante, mas o mundo vai numa velocidade incrível, né? Às vezes eu tento passar para elas umas coisas de que eu gostava, que eu gostaria que curtissem também. Elas têm a sensibilidade de pescar. Uma discute mais do que a outra. É aquele choque de gerações. Os filhos de cada um vão pegando as melhores conversas, para a personalidade. Isso alimenta as minhas filhas também.

Claro. Com as duas falamos sobre isso. Elas me alertam bastante. Eu caio em armadilhas. Prestar atenção nisso sempre é legal. Mas cresci no teatro, comecei a fazer peça com 19 anos, vivia de rock, com o pessoal do Teatro Ipanema. A gente foi descobrindo o teatro, a vida, digamos assim. Tem uma coisa de gerações harmônicas comigo. Minha mãe é muito presente. Perdi meu pai (Marcos Porciúncula de Mesquita) com 18 anos. E ele me ensinou bastante também. Era vegetariano, fazia ioga, falava em macrobiótica quando eu nunca tinha ouvido ninguém falar, de ligação com a natureza... Eu tive a sorte de ter pais muito presentes enquanto estiveram aqui. Minha mãe (Samira Nahid Mesquita) foi a primeira decana mulher da UFRJ. Foi muito atuante. Em feiras culturais, falava com cantadores de embolada, cordelistas, poetas... Sempre teve esse olhar atento à cultura, à literatura também. Venho de ambientes com pessoas sem preconceito. Minha mãe levava a esses eventos professoras homossexuais, professores também. Convivi naturalmente com isso, por conta dela e do teatro.

Vez ou outra saem matérias com fotos de sua família. Na sua rede, elas são pouco publicadas. Por quê?

Sou discreto. Mesmo com a Andréia (Coutinho, que faz parte da Blitz) fico meio assim... Penso em não botar (na web) porque internet é uma terra de ninguém. A gente sabe como é perigoso. Eu boto poque é aniversário, e como não colocar ali a família? Em outras datas, fico mais reservado.

Como você reage quando vê matérias ou usuários da internet chamando suas filhas de gatas?

Eu vejo pouco isso. Quando tem, procuro ver o perfil do cara que está elogiando. Mas acho que elas têm armas para se defender, têm personalidade. Claro que estou sempre presente, observando, mas conto com isso. Elas sabem se defender.

A gente sempre abre um espaço na agenda para coisas de que eu goste muito. Depois de um certo tempo, quero fazer coisas que me dão prazer. Com atores, diretores, texto... Isso é bem legal. Estar com a Blitz é um prazer tão grande, a turma está tão boa agora, que tem sido gostoso. Tem um lado emocional da Blitz que mexe comigo. Mas a gente abre vaga para o que for bacana.


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